TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

O OBREIRO E A MISSÃO

 



João 20.21 “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.” 

I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA MISSÃO 

A palavra “MISSÃO” vem do verbo latim mito, que significa enviar. No Novo Testamento, esta palavra vem do grego apostello, que tem o mesmo significado em sua essência. A palavra missão no hebraico שליחות, tem Ato de enviar ou de ser enviado.

Missão é um encargo, uma incumbência, um propósito, é uma função específica que se confere a alguém para fazer algo, é um compromisso, um dever, uma obrigação a executar.

Para os cristãos, missão significa propagar o Evangelho através da Igreja. O missionário é aquele que tem a missão de divulgar a fé, é o que se dedica a pregar e levar sua crença religiosa para diversos lugares, espalhando a palavra do Senhor. 

Entre os sinônimos da palavra missão estão: encargo, incumbência, tarefa, compromisso, obrigação, delegação e representação. 

Missão é a mão do Senhor te usando através do serviço. É consciência de ministério.

Dom é habilidade em treinamento. Até que chegarmos a estatura de Cristo. 

II. DIFERENÇA ENTRE MINISTÉRIO E MISSÃO 

Ministério é uma vocação divina que precisa ser desenvolvida, por meio de dons e com o propósito de aperfeiçoar os santos (Ef 4.11-12).

Missão. É a incumbência que alguém deve executar a pedido ou por ordem de outrem; encargo.

O propósito dos ministérios e sua missão. É o alvo preciso e fundamentado no Senhor Jesus. 

III. EXISTEM DOIS TIPOS DE MISSÕES 

Missões é um contexto muito mais amplo e significativo para nós na atualidade, porque a entendemos em um contexto muito maior, em que se inclui uma tarefa cooperativa de agências missionárias que treinam obreiros para desenvolver esta tarefa de pregação do Evangelho e das igrejas locais que enviam tais missionários.

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1.8). 

1. Urbanas. “...e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém...”

“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.” (At 5.42).

Cada Igreja tem a missão de evangelizar as pessoas ao seu redor, localizadas na sua própria cidade, bem como o desafio de inaugurar igrejas em seu próprio país e nas demais nações ao redor do mundo. A atividade missionária da Igreja deve iniciar-se sempre pelas ruas da sua proximidade; e isto é evangelização urbana.

A Igreja do Senhor Jesus através dos primeiros discípulos obedeceu à ordem dada, pois iniciou os seus trabalhos com este tipo de evangelização urbana... Afinal, começaram por Jerusalém como se lê em Atos 2.46 e 47: “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” 

A Igreja recebeu uma ordem que não pode ser esquecida... Afinal, o evangelismo não é uma opção. É uma ordem dada pelo Senhor da Igreja. O cristão é servo de Cristo. Ao servo não cabe alternativas senão a de obedecer à ordem do seu Senhor. Nós somos responsáveis pelas almas perdidas ao nosso redor, até que lhes falemos do Amor de Jesus Cristo. Um dia... Nós todos seremos chamados para prestar contas do que realizamos ou deixamos de realizar em relação às almas que ainda não conhecem ao Senhor Jesus. Nós é que teremos de nos justificar e teremos que nos apresentar por não termos falado de Cristo. A responsabilidade é de toda igreja, mas também é individual. É de cada membro! 

“Missões Urbanas” é a Igreja “enviando” seus membros ao evangelismo. “Missões Urbanas” é a Igreja “indo” em cumprimento à ordem deixada por Nosso Senhor Jesus Cristo. 

2. Missões transcultural. Não podemos falar sobre missão transcultural sem pelo menos tentar entender o que é cultura. Muitas vezes dizemos que fulano tem muita cultura porque ele ouve música clássica, gosta de teatro ou sabe usar todos os garfos e colheres que estão na mesa durante um jantar sofisticado. E dizemos que uma pessoa não tem cultura quando não se comporta de modo “civilizado”. Cultura, no entanto, envolve toda a criação humana. Ela é constituída do estilo de vida de toda uma sociedade, ou de um grupo especifico dentro da mesma. Portanto, quando falamos de missão transcultural, estamos falando do esforço da Igreja em cruzar qualquer fronteira que separe o missionário de seu público alvo. Para se engajar na missão transcultural, você não tem que, prioritariamente cruzar barreiras político-geográficas. Porém, em nosso caso teremos que necessariamente cruzar barreiras mais conhecidas como a da linguística, dos costumes, das etnias, das religiões, além das sociais, morais e etc. 

IV. DEVEMOS FAZER MISSÃO PARA AGRADAR AQUELE QUE NOS ALISTOU 

Isaías disse; sou homem de lábios impuros. 

1. Deus não chama homens preparados.

“Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.” Já ouvi varias vezes esta frase dentro de uma igreja e muitas pessoas perguntado que versículo é este e onde esta isso na Bíblia? 

E Deus capacita sim como fez com vários personagens Bíblicos veja o exemplo de Gideão: 

Juízes 6.14-17 “Então o Senhor olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu? 15- E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai. 16- E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem.17- E ele disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo.” 

Existem pessoas que usam esta frase como defesa porque não querem investir em seu sí com cursos, treinamentos, palestras, pregações, aulas, workshop, etc. Tenho comigo que estas pessoas pensam da seguinte maneira: “Para que buscar conhecimento sendo que Deus capacita”, escondem-se atrás desta frase por comodismo e dizem até em alta voz magoando aqueles que estão se dedicando com estudos para melhor servir os irmãos e a igreja. 

Outros exemplos:

- Moisés estava despreparados.

- Josafá estava com medo. 

Mateus 4.18-20 “Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; 19- E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20- Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21- E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; 22- E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.”

A chamada de quatro discípulos (talmidim) para O seguirem.

Jesus escolheu pescadores, cobrador de impostos.

Jesus não chama talentosos, mas capacita os obedientes. 

2. Todo discípulo precisa passar por duas escolas. Discipulado e o Getsêmani de Cristo. 

2.1. Discípulo. É um substantivo masculino e significa: “quem estuda”; “aluno”; “aprendiz”, “aluno receptivo a ensinamentos”. No dicionário português é quem recebe disciplina ou instrução de outra pessoa; aluno. A palavra discípulo no hebraico é tamid.

Na tradução judaica a relação entre um rabino e seus talmidim era intensa e pessoal.

Em Israel havia uma recomendação aos talmidim: “Cubra-se com a poeira dos pés do seu Rabi”. 

Isso significava que um talmid deveria observar tudo quanto seu rabino dizia, fazia e a maneira como vivia, pois, sua grande ambição não era meramente saber o que seu rabino sabia, mas principalmente se tornar semelhante ao seu rabino. 

A relação rabino-talmid era intensa e pessoal, e enquanto o rabino ensinava sua interpretação da Lei e vivia como modelo aos olhos de seus talmidim, cada talmid fazia todo o possível para em tudo imitar seu rabino de tal maneira a que se tornasse igual a ele. 

Mateus 9.35-38 “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 36- E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. 37- Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. 38- Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.” 

2.2. Getsêmani. A palavra getsêmani significa “prensa de azeite”, ou seja, local de esmagamento para conseguir o suco da fruta. Era um jardim situado no monte das Oliveiras em Jerusalém hoje conhecida como Israel. 

João 16.33 “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”

Mateus 24.9,10 “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos- ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. 10- Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão.”

João 15.18-21 “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. 19- Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. 20- “Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 21- Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.”

1ª Pd 2.21 “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos.”

1ª Jo 2.6 “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.”

1ª Co 11.1 “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” 

3. Toda a consciência de missão precisa passar pelo filtro. Mateus 26.38,39 “Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. 39- E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.

A palavra getsêmani significa “prensa de azeite”, ou seja, local de esmagamento para conseguir o suco da fruta. Era um jardim situado no monte das Oliveiras em Jerusalém hoje conhecida como Israel. ... Os discípulos preparam a Páscoa, a festejaram e saíram para o Monte das Oliveiras. 

No Getsêmani, Jesus mostrou seu lado humano e como podemos enfrentar as maiores dificuldades. Com o sofrimento de Jesus no Getsêmani, aprendemos: 

O valor da honestidade. Jesus não escondeu de Deus seu desespero nem fingiu que estava tudo bem; quando somos honestos com Deus, Ele nos ajuda. 

A importância da vontade de Deus. Mesmo não querendo sofrer, Jesus decidiu fazer a vontade de Deus; os planos de Deus são maiores que os nossos e devemos submeter nossa vontade à vontade dele. 

O poder da oração. Depois de orar no Getsêmani, Jesus ficou fortalecido e preparado para enfrentar tudo que veio a seguir; orar e ter comunhão com Deus nos dá força quando estamos fracos e enfrentamos situações difíceis.

No gestsêmane você pode expor tua alma ao Senhor onde abrimos nosso coração ao Pai. É um lugar onde adquirimos experiência e comunhão com o Pai celeste.

V. TRES FUNDAMENTO A VOZ DIVINA 

Ezequiel 38.7 “Prepara-te, e dispõe-te, tu e todas as multidões do teu povo que se reuniram a ti, e serve-lhes tu de guarda! 

Preparação. 2ª Timóteo 3.14-17 “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, 15- E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. 16- Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17- Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” 

2ª Timóteo 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” 

O Senhor nos chamou e nos chama ainda nos dias de hoje para fazer a sua obra e anunciar o Evangelho para todas as pessoas que ainda não foram alcançadas pelo Seu amor. Nesta carta a Timóteo, o apóstolo Paulo recomenda que o obreiro se apresente aprovado, sem motivo para se envergonhar, e que se dedique ao estudo da palavra. Manejar bem a palavra de Deus faz toda a diferença, é o plantar a semente certa, deixar o terreno arado para plantar a palavra da verdade no coração das pessoas. E assim com a convicção de que dará bons frutos. 

Que manejes bem a palavra de Deus.

Manejar no grego é o mesmo que ter habilidade, saber cortar, cortar em linha reta sem distorção, ter destreza (Paulo compara o obreiro com um soldado romano em uma luta). Paulo aqui fala do conhecimento que o obreiro precisa ter da Palavra de Deus. 

Disposição. Josué 1.1,6-9 “Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. 6- Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. 7- Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. 8- Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. 9- Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.” 

O Senhor falou com Josué e o animou a continuar, pois Moisés estava morto e não podia mais fazer nada, ele, porém, deveria organizar o povo e se preparar para atravessar o rio Jordão. 

Deus começa garantindo que onde os pés deles tocassem, lhes pertenceria, ou seja, uma grande promessa de prosperidade. Por mais extensa e desafiadora que fosse a terra, ela seria deles. Ninguém conseguiria impedi-los de tomá-las. 

Contudo, Josué precisaria se esforçar, ter bom ânimo, ser obediente à Lei e meditar em tudo o quanto está escrito, de dia e de noite, todos os dias. Ou seja, ele deveria ter o hábito de refletir sobre tudo o que foi dito através de Moisés.

Como consequência, o Senhor estaria com Ele e faria prosperar a obra de suas mãos. 

Proteção. Marcos 13.33 “Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.”

Na noite em que foi preso, Jesus foi para o jardim do Getsêmani com Seus discípulos para orar. Mas, enquanto ele orava sozinho, os discípulos adormeceram. Quando voltou, Jesus repreendeu os discípulos e os avisou que deveriam vigiar e orar, para não caírem em tentação (Mateus 26.40-41). No entanto, eles adormeceram outras duas vezes! 

Os discípulos não vigiaram e, quando chegou a hora de Jesus ser preso, todos fugiram e Pedro até negou Jesus três vezes. Eles não estavam prontos, por isso foram apanhados de surpresa. 

Vigiar significa ficar atento. Precisamos estar vigilantes porque o diabo está sempre procurando maneiras de nos destruir (1ª Pedro 5.8). Os ataques e as tentações podem surgir quando e onde menos esperamos. Quando baixamos a guarda, ficamos mais vulneráveis aos ataques. 

VI. JESUS NOSSO EXEMPLO 

Vou citar 3 versículos onde o apóstolo a Paulo escreve em suas cartas para nos ensinar. 1ª Coríntios 11.1 “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”.

1ª Co 11.1 “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.”

Ef 5.1 “Sede, pois imitadores de Deus, como filhos amados”. 

O Apóstolo Paulo não está se colocando igual ou querendo ser Jesus ao dizer “sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” e sim se mostrando através de sua própria vida um exemplo a ser seguido. Ou seja, assim como o Apóstolo Paulo imitou a Cristo ele quer que façamos a mesma coisa, não imitando a pessoa de Paulo e sim as suas atitudes. 

O Apóstolo Paulo não estava pedindo aos irmãos para imita-lo a ele próprio e sim o bom exemplo dado por ele, como discípulo de Cristo. 

Fp 3.17 “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, SEGUNDO O EXEMPLO que tendes em nós, pelos que assim andam.” 

O que Paulo faz que devemos imitar? Ser de Cristo, obviamente, e com a mesma determinação e entusiasmo que ele tinha. Isto afeta mais o ser do que o saber e o fazer. 

Imitador quer dizer parecidos ou semelhantes com alguém. E nós como cristão e filhos amados de Deus Pai devemos ser seus imitadores, ou seja, semelhante a Ele. Semelhantes no serviço (na Sua obra), na paciência, na humildade, na perfeição no amor etc. 

II. A CHAMADA DE MOISÉS 

Encontramos nestes dois capítulos o chamado de Deus a Moisés para tirar o povo do Egito. Moisés cuidava do rebanho do seu sogro, Jetro, o sacerdote de Midiã e chegou a Horebe. Ali avistou uma sarça em chamas e procurou saber o que era. Nesse momento Deus o chama e fala com ele.

Êxodo 3 é o capítulo da Bíblia que registra a convocação de Moisés para libertar o povo de Israel do Egito. O estudo bíblico de Êxodo 3 mostra como Deus se revelou a Moisés no Horebe, no meio de uma sarça ardente. 

Por isso Êxodo 3 é um capítulo essencial para a compreensão do restante da Escritura, pois não apenas introduz o início dos acontecimentos que culminaram na saída dos israelitas do Egito, mas também explica que todas as coisas estavam sendo governadas por Deus. Nesse sentido Êxodo 3 prova que Moisés de fato foi a pessoa que o próprio Deus escolheu para liderar o êxodo e ser o grande legislador de Israel. 

O esboço de Êxodo 3 pode ser organizado da seguinte forma: 

1. Deus fala com Moisés do meio da sarça ardente (Êxodo 3.1-6).

Êxodo 3 começa com Moisés apascentando o rebanho de seu sogro no deserto na região do Sinai. Apesar de árida, parece que aquela região mantinha algum tipo de pastagem que servia para o sustento dos rebanhos dos povos nômades. 

O texto bíblico diz que em certo momento Moisés chegou ao “monte de Deus, a Horebe” (Êx 3.1). Essa designação obviamente antecipava o fato de que aquele monte seria o local onde Deus haveria de se manifestar de forma especial, como num santuário, na história que estava por vir. Aquele era o Monte Sinai, também chamado de Monte Horebe na Bíblia. 

As Sagradas Escrituras prescreve que, naquele monte o Anjo do Senhor apareceu numa chama de fogo, no meio de uma sarça. Então Moisés percebeu que a sarça ardia em chamas, mas não se consumia (Êx 3.2). 

2. Deus conhece a aflição do seu povo (Êx 3.7-10). Depois disso o Senhor falou a Moisés que havia visto a aflição de seu povo no Egito; Ele havia ouvido o clamor dos israelitas e estava atento ao sofrimento deles (Êx 3.7). Então havia chegado o momento de Deus livrar o seu povo escolhido da mão dos egípcios e fazê-lo subir à Terra Prometida, uma terra produtiva e farta, uma “terra que mana leite e mel” (Êx 3.8). 

3. A auto revelação de Deus (Êxodo 3.11-15). A princípio Moisés se sentiu incapaz de participar da tarefa para a qual estava sendo comissionado. Por isso ele disse: “Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?” (Êx 3.11). Mas tudo isso não era sobre Moisés, mas sobre Deus; a importância não estava sobre a pessoa de Moisés, mas sobre a pessoa d’Aquele que estava chamando Moisés. 

De fato, Moisés, em si mesmo, não era capaz de fazer nada daquilo. Ele era simplesmente um homem idoso, com cerca de oitenta anos de idade, que havia passado os últimos quarenta anos em Midiã após ter fugido do Egito. Porém, o que realmente contava era que Deus estaria com ele. Inclusive, Deus lhe garantiu que após os israelitas saírem do Egito, Moisés voltaria novamente àquela mesma montanha com eles para servir a Deus em adoração (Êx 3.12). 

Na sequência, Moisés antecipou uma pergunta que certamente seria feita pelos israelitas. Ele sabia que quando chegasse ao Egito dizendo aos israelitas ter sido enviado pelo Deus de seus pais, os filhos de Israel então desejariam saber qual era o nome de Deus (Êx 3.13). Na antiguidade o nome de alguém tinha um significado muito mais profundo do que em nossa cultura atual. Naquele tempo um nome não apenas era um designativo de uma pessoa, mas era uma expressão do seu caráter e personalidade. Então saber o nome pessoal de Deus significava conhecer o próprio Deus. 

Por isso a resposta que Moisés escutou do Senhor revelou de forma extraordinária o caráter inalcançável, a majestade inatingível e a eternidade inesgotável d’Aquele que falava com ele: “EU SOU O QUE SOU […] EU SOU me enviou a vós outros […] O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração” (Êx 3.14,15).

O SENHOR DEUS...”. YAHWEH é o nome próprio de Deus Pai no antigo Testamento, escrito pelas quatro consoantes YHWH - o tetragrama termo derivado do grego τετραγράμματον, tetragrammaton, “conjunto de quatro letras”), que na Bíblia hebraica indica o nome próprio de Deus. 

É provável que esse nome venha do verbo hebraico para “ser”, no sentido de “Ele é”, ou então “Ele será”. Sem dúvida esse nome expressa a eternidade e a soberania do Deus auto existente que só pode ser definido por Ele mesmo. Ao homem é impossível determiná-lo, mas graciosamente Deus haveria de se auto revelar através de seus atos redentores, de modo a ser lembrado de geração em geração. 

Entenda o nome de do Eterno e o verbo EU SOU.

Em êxodo 3.14 o tetragrama YHWH é relacionado ao verbo “EU SOU”

Primeiro vem o nome de Deus YHWH e depois o verbo: אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה (EU SOU O QUE SOU). Deus se comunica com o personagem por via de uma certeza interior ou pelos sinais que lhe são apresentados. Deus falou a Moisés e lhe disse: “Eu sou YHWH…” (Êx 6,2). 

Eu Sou. O nome do Eterno é YHWH. O verbo, EU SOU, numa forma que produz, passado, presente e futuro ao mesmo tempo (EU ERA, EU SOU e EU SEREI. Quando os nomes do “ADONAI” ou “ELOHIM”, se escrevem em letras maiúscula, é uma tradução da palavra hebraica (YAHWEH).

Identificar o Deus que se revela a Moisés com o Deus que antes já havia se revelado a Abraão, a Isaac e a Jacó, os Patriarcas. Aqui está uma proposta de crise — a escolha de um caminho ou de uma fórmula de Fé, expressa por um paradigma anterior, o Deus dos Pais. 

4. A missão a ser executada (Êx 3.16-22).

Por fim, Moisés recebeu do Senhor a ordem para juntar os anciãos de Israel e explicar a eles que o Senhor haveria de tirar os filhos de Israel do Egito para levá-los à Terra Prometida (Êx 3.16,17). Esses anciãos, que eram os líderes das famílias que representavam Israel, haveriam de ouvir Moisés. 

Depois eles deveriam se apresentar diante do rei do Egito e lhe informar que YAHWEH, o Deus dos hebreus, havia lhes encontrado. Então eles tinham de pedir que Faraó os deixa-se partir para o deserto durante um período de tempo para que ali eles pudessem cultuar ao Senhor. 

Mas Deus avisou de antemão a Moisés que Faraó não haveria de liberar os filhos de Israel, por isso Ele os tiraria dali com “mão forte” (Êx 3.19). Isso significava que Deus haveria de estender sua poderosa mão para ferir o Egito através de grandes prodígios. Somente depois disso é que Faraó deixaria o povo de Israel partir (Êx 3.20). Deus ainda garantiu a Moisés que os filhos de Israel não sairiam do Egito de mãos vazias depois de tantos anos de servidão (Êx 3.21,22).

Pr. Elias Ribas

Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

UM LIBERTADOR PARA ISRAEL

 

ESTUDO BÍBLICO

TEXTO BASE

Êxodo 3.1-9 “E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. 2- E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. 3- E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. 4- E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. 5- E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. 6- Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. 7- E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. 8- Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do a morreu, e do ferezeu, e do heveu, e do jebuseu. 9- E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. 

INTRODUÇÃO

Deus tinha um plano traçado para o seu povo através de Moisés. Este o conduziria até Canaã. Moisés foi dia a dia preparado e lapidado pelo Senhor para cumprir os propósitos divinos. A formação de um líder requer tempo, mas infelizmente muitos na atualidade não querem respeitar o momento de Deus. Vivemos em uma sociedade imediatista onde as pessoas não admitem mais esperar. 

O caminho que Moisés teve que percorrer de volta ao Egito. Ele andou aproximadamente 320 quilômetros. Enfatize que Deus chamou Moisés para uma importante Missão — libertar os israelitas do jugo da escravidão. Em obediência ao Senhor, Moisés voltou ao Egito. Muitas vezes Deus requer que voltemos de onde saímos. Porém, ao retornar, Moisés era um novo homem. Agora não agiria mais segundo as suas forças, mas em obediência restrita a Deus. 

Um líder cristão não é feito da noite para o dia. É preciso que sua liderança seja amadurecida pelo tempo. Na lição de hoje, veremos que Moisés foi preparado lentamente pelo Senhor ao longo dos anos até que se tornasse o libertador do seu povo. Moisés era um homem manso e ao que parece não era muito eloquente, porém Deus viu que ele seria obediente e capaz de libertar o seu povo da escravidão egípcia. 

O preparo de Moisés para se tornar o libertador do povo de Deus. Quando assumiu a missão de conduzir os israelitas pelo deserto, Moisés já havia sido preparado pelas universidades egípcias e pelo próprio Todo-Poderoso. O Deus que levantou Moisés não mudou, Ele continua a levantar e preparar pessoas para serem usadas na sua obra. Você está disposto a servir mais a Deus? O Senhor deseja usá-lo em sua obra para que muitos sejam libertos da escravidão do pecado e da ignorância espiritual. 

I. MOISÉS, SUA CHAMADA E SEU PREPARO (Êx 3.1-17) 

1. Deus chama o seu escolhido. Quando o Senhor escolheu e chamou Moisés para libertar seu povo, ele estava pastoreando ovelhas — um excelente aprendizado para quem mais tarde iria ser o pastor do povo de Deus, Israel (Sl 77.20). É Deus que chama e separa aqueles que vão dirigir seu rebanho, e Ele continua vocacionando e capacitando para o santo ministério. O Senhor chama, mas cabe ao homem cuidar do seu preparo para ser útil a Deus. 

O que muito nos edifica no versículo seis é Deus identificar-se não somente como “o Deus de Abraão e o Deus de Isaque”, mas igualmente como “o Deus de Jacó”. Ele é, portanto, o Deus de toda graça, compaixão e paciência, uma vez que Jacó teve sérios incidentes negativos na sua vida em geral (1ª Pe 5.10; Jo 1.14,16). 

2. O preparo de Moisés (Êx 3.10-15). Moisés foi chamado e recebeu treinamento da parte de Deus para que cumprisse sua missão com êxito. Deus ainda chama e prepara seus servos. Talvez Ele o esteja chamando para a realização de uma obra. Qual será sua resposta? 

Moisés experimentou o silêncio e a solidão do deserto em Midiã (Êx 3.1). Em sua primeira etapa de 40 anos de vida viveu no palácio real e frequentou as mais renomadas universidades. O conhecimento adquirido por Moisés, e empregado com sabedoria, foi-lhe muito útil em sua missão de libertador, condutor, escritor e legislador na longa jornada conduzindo Israel no deserto. 

3. O objetivo da chamada divina (Êx 3.10). O propósito divino era a saída do povo de Israel do Egito liderada por Moisés. Deus pode, segundo o seu querer, agir diretamente. Contudo, o seu método é usar homens e mulheres junto aos seus semelhantes. Hoje, em relação a muitas igrejas, Deus está dizendo à seus dirigentes: “Tira o ‘Egito’ de dentro do meu povo”. É o mundanismo entre os crentes, na teoria e na prática; no viver e no agir, enfraquecendo e contaminando a igreja. É Israel querendo voltar para o Egito (Êx 16.3; 17.3). Deus com mão poderosa tirou Israel do Egito, mas não tirou o ‘Egito’ de dentro deles, porque isso é um ato voluntário de cada crente que, quebrantado e consagrado, recorre ao Espírito Santo. 

“Certamente eu serei contigo” (v. 12). Isso era tudo o que Moisés precisava como líder espiritual do povo de Deus. Hoje, muitos já perderam essa divina presença em sua vida e em seu ministério, por acharem que são alguma coisa em si mesmos, daí, a operação do Espírito Santo cessar em sua vida. Paulo exclamou: “Nada sou” (2Co 12.11). Tudo que temos ou somos na obra de Deus vem dEle (1Co 3.7). 

Moisés foi chamado e preparado por Deus para que cumprisse sua missão com excelência. 

II. AS DESCULPAS DE MOISÉS E A SUA VOLTA PARA O EGITO 

1. O receio de Moisés e suas desculpas. O Moisés impulsivo que matou o egípcio e o enterrou na areia já não existia mais. Ele havia sido mudado e moldado pelo Senhor, e agora precisava crer não no seu potencial, mas no Senhor que o chamara. Ao ser chamado pelo Senhor para ser o libertador dos hebreus, Moisés apresentou algumas desculpas — “eles não vão crer que o Senhor me enviou”; “não sou eloquente”. Quantas desculpas também não damos quando Deus nos chama para um trabalho específico? As escusas de Moisés, assim como as nossas, nunca são aceitas pelo Senhor, pois Ele conhece o mais profundo do nosso ser. Se o Senhor está chamando você para uma obra, não tema e não perca tempo com desculpas. Confie no Senhor e não queira acender a ira divina como fez Moisés, que tentou protelar sua chamada dando uma série de desculpas a Deus (Êx 4.14). 

2. Deus concede poderes a Moisés. A fim de encorajar Moisés e confirmar o seu chamado, o Senhor realiza alguns sinais (Êx 4.1-9). Da mesma forma Deus ainda demonstra sinais para nos mostrar o seu poder e a sua vontade. 

3. O retorno de Moisés. Moisés não revelou ao seu sogro Jetro o que ele faria no Egito. Ainda não era a hora certa para isso. O líder precisa saber o momento adequado para revelar seus projetos. Entretanto, Moisés não poderia partir sem o consentimento de sua família, assim ele disse a Jetro que iria ao Egito rever seus irmãos: “Eu irei agora e tornarei a meus irmãos que estão no Egito, para ver se ainda vivem” (Êx 4.18). Jetro prontamente liberou Moisés dizendo: “Vai em paz”. Moisés não saiu sem a bênção dos seus parentes. Para realizar a obra de Deus o líder precisa ter o apoio e cooperação da sua família. Se você ainda não o tem, ore a Deus nesse sentido. 

Deus não aceitou as escusas de Moisés. Ele também não aceitará as nossas, pois Ele conhece o mais profundo do nosso ser. 

III. MOISÉS SE APRESENTA A FARAÓ (Êx 5.1-5) 

1. Moisés diante de Faraó. Chegando ao Egito, Moisés e seu irmão Arão procuraram Faraó para comunicar-lhe a vontade de Deus para o povo de Israel. Quão difícil e arriscada era a tarefa de Moisés. Após o encontro que já tivera com Deus, ele estava preparado para apresentar-se ao rei do Egito. Faraó recusou de imediato o pedido de Moisés. Além de recusar deixar o povo ir embora, Faraó agora aumenta o volume de trabalho do povo (Êx 5.8,9). Moisés fez tudo como Deus lhe ordenara, porém, sua obediência não impediu que ele e seu povo sofressem. Talvez você esteja realizando alguma obra em obediência ao Senhor, mas isto não vai impedir que surjam dificuldades, problemas e aflições. Esteja preparado. Não podemos nos esquecer de que “por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus” (At 14.22). Enquanto estivermos neste mundo, estamos sujeitos às dificuldades (Jo 16.33). 

2. A queixa dos israelitas (Êx 5.20,21). O povo hebreu fica descontente com Moisés e Arão e logo começam a murmurar. Certamente todos esperavam que a saída do Egito fosse imediata. Mas este não era o plano de Deus. Moisés, aflito com a piora da situação, busca o Senhor e faz várias indagações. Quem de nós em semelhantes situações, estando em obediência a Deus, na vida cristã e no trabalho, já não indagou: “Por que Senhor?”. Moisés não conseguia entender tudo o que estava ocorrendo, mas Deus estava no controle. Às vezes não conseguimos entender o motivo de certas dificuldades, mas não podemos deixar de crer que Deus está no comando de tudo. 

3. Deus promete livrar seu povo (Êx 6.1). A saída de Israel do Egito seria algo sobrenatural e esta promessa foi totalmente cumprida quando Israel, finalmente, saiu do Egito. Deus, nos seus atributos e prerrogativas, ia agora redimir o povo de Israel (v.6), adotá-lo como seu povo (v.7), e introduzi-lo na Terra Prometida. Todo o Israel, assim como os egípcios, teria a oportunidade de ver o poder de Deus. 

Depois do encontro que Moisés tivera com Deus, ele estava finalmente preparado para apresentar-se ao rei do Egito. 

CONCLUSÃO

Na lição de hoje aprendemos como o grande “Eu Sou” escolheu e preparou Moisés para que ele libertasse seu povo da escravidão egípcia. Deus continua a levantar e preparar homens para a sua obra. Você está disposto a ser usado pelo Senhor? Moisés apresentou algumas desculpas, mas não foram aceitas. Não perca tempo com justificativas, mas diga “sim” ao chamado de Deus.

FONTE DE PESQUISA 

GILBERTO Antônio. Um Libertador para Israel. 1º Trimestre de 2014,

Lições Bíblicas CPAD

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS

ESTUDO BÍBLICO

TEXTO BASE

Levítico 1.1 “E chamou o SENHOR a Moisés e falou com ele da tenda da congregação, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao SENHOR, oferecereis as vossas ofertas de gado, de vacas e de ovelhas. 3- Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem mancha; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o SENHOR.” 

Levítico 2.1 “E, quando alguma pessoa oferecer oferta de manjares ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha; nela, deitará azeite e porá o incenso sobre ela. 2- E a trará aos filhos de Arão, os sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado da flor de farinha e do seu azeite com todo o seu incenso; e o sacerdote queimará este memorial sobre o altar; oferta queimada é, de cheiro suave ao SENHOR. 3- E o que sobejar da oferta de manjares será de Arão e de seus filhos; coisa santíssima é, de ofertas queimadas ao SENHOR. 

Levítico 3.1 “E, se a sua oferta for sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha diante do SENHOR. 2- E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta e a degolará diante da porta da tenda da congregação; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar, em roda.” 

Levítico 7.1- “E esta é a lei da expiação da culpa; coisa santíssima é. 2- No lugar onde degolam o holocausto, degolarão a oferta pela expiação da culpa, e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor. 

1ª João 2.1 “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. 2- E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” 

INTRODUÇÃO

Antes de ser uma resolução de Moisés, o sistema de sacrifícios estabelecido em Israel foi ordenado por Deus. Os livros de Êxodo e Levítico apresentam, com precisão, as instruções sobre como eles deveriam ser apresentados a Deus dentro do Tabernáculo. Nesta lição, veremos como esse sistema foi praticado e desenvolvido até que chegasse ao supremo e suficiente sacrifício de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: a expiação do Calvário. 

I. A OFERTA VOLUNTÁRIA: O HOLOCAUSTO (Lv 1.1-3) 

1. O conceito de holocausto. A palavra “holocausto”, no hebraico, olah, significa “levantar, fazer subir, que ascende”. Vimos esse conceito em lição anterior, mas em relação ao altar do holocausto. Aqui, estamos analisando a apresentação do próprio sacrifício de holocausto. Nesse sentido, essa oferta era apresentada pelo sacerdote no altar, de onde um “cheiro suave” subia “às narinas de Deus”. Era um modo antropomórfico; isto é, uma figura tipicamente humana para referir-se a Deus. 

2. O que era a oferta de holocausto? Basicamente, a oferta apresentada no altar do holocausto podia ser de animais como boi, ovelha, cabra, pombinhos ou rolinhas. Cada vítima era queimada no altar. Era um tipo de sacrifício que apontava para a vítima perfeita: o Cordeiro de Deus “que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29 cf. Is 52.13-15; Fp 2.5-8; Hb 12.2,3). 

3. Uma oferta voluntária. A oferta tinha um caráter voluntário (Lv 1.3). O objetivo do holocausto era que Deus aceitasse o ofertante. Essa aceitação dependia de a oferta apresentada pelo sacerdote ser aceita diante de Deus. Assim, o ofertante colocava a mão sobre a cabeça da vítima a ser sacrificada, transferindo, para si, os benefícios do sacrifício: a expiação dos pecados. O animal era imolado fora da tenda e, em seguida, conduzido ao altar dos holocaustos. 

4. Cristo tipificado no holocausto. O sacrifício de Cristo foi um “holocausto” agradável ao Pai. O animal inocente e fisicamente perfeito apontava para Cristo, o Justo (1ª Jo 2.1,2). O ato de colocar a mão sobre a cabeça do animal, demonstrando ao mesmo tempo uma identificação com a oferta como também a substituição que ela representaria diante de Deus, aponta para Cristo, nosso substituto na cruz, que cumpriu perfeitamente as exigências de Deus e recebeu a sentença de condenação em nosso lugar. 

Como a pele do animal ficava para o sacerdote, a fim de servir-lhe de vestimentas, assim também a justiça de Cristo revestiu-nos e nos livrou da nudez espiritual que era repugnante ao Senhor (Ap 3.18); assim como o holocausto era uma oferta voluntária, Cristo é o nosso sacrifício perfeito, que se entregou voluntariamente para pagar e apagar os nossos pecados (Mt 27.35-36; Ef 5.2; Hb 7.26; 9.14; 1Jo 2.6). 

Dois textos bíblicos expressam essa verdade. Efésios 5.2 diz: “Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. E também Hebreus 9.13,14: “porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”. Trata-se, pois, de uma imagem perfeita de como fomos reconciliados com o Pai mediante o sacrifício de seu amado Filho (2ª Co 5.19). 

II. A OFERTA DE MANJARES (Lv 2.1-3) 

1. O significado da oferta. Essa oferta representava a gratidão do hebreu pela fecundidade da terra. Ele tirava os cereais comestíveis e oferecia-os ao Senhor como “um sacrifício de manjares”. Essa imagem nos fala de como devemos apresentar o fruto do nosso trabalho diante de Deus. Não podemos nos apresentar perante Ele de mãos vazias (Mt 25.14-30). 

2. Como era a oferta de manjares? Essa oferta também era chamada de “Festa das Primícias” (2.12-16). Ela compunha-se de grãos novos e macios colhidos na primeira colheita. Essa oferta também era feita de farinha fina misturada com azeite. Sabemos, pela Bíblia, que o azeite é um dos símbolos do Espírito Santo (Zc 4.2-6; Êx 30.31). Essa oferta faz-nos lembrar da importância de vivermos uma vida dependente do Espírito Santo. Que possamos, na força do Espírito, fazer as mesmas obras que o nosso Senhor fez (At 10.38). 

3. Cristo tipificado na oferta de manjares.

3.1. A oferta aponta para um alimento espiritual. A Palavra de Deus diz que o nosso Senhor é o “pão vivo que desceu do céu”, o trigo que foi moído para se tornar o nosso alimento espiritual (Jo 6.33-35). Logo, da mesma forma que Israel obedeceu à ordenança divina de apresentar a oferta de manjares diante de Deus, nós somos instados, por Cristo, a alimentar-nos dEle. O testemunho do Senhor é verdadeiro (Jo 5.30; 8.28). 

3.2 O incenso aponta a perfeição de Jesus. O incenso presente nas ofertas de manjares fala da vida perfeita de Jesus, vida de santidade diante do Pai, e por isso o Pai podia dizer: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Além disso, destacamos que incenso foi um dos presentes que Jesus recebeu quando era ainda um menino na casa de Maria e José (Mt 2.11). 

3.3. A ausência de fermento e mel apontam para Jesus como a verdade (Jo 14.6). 

3.4. O azeite aponta para a unção do Espírito Santo na vida de Jesus desde a sua concepção no ventre de Maria e durante todo seu ministério (Mt 1.20,21; Lc 4.18,19). 

III. A OFERTA PACÍFICA, O SACRIFÍCIO PELO PECADO E O DIA DA EXPIAÇÃO (Lv 3.1,2; 7.1,2) 

1. O que era a oferta pacífica? Era um sacrifício em que o ofertante imolava o animal, tirando porções especiais e separando-as do sangue e da gordura do animal. Em seguida, o sacerdote espargia o sangue do animal imolado ao redor do altar, em sinal da propiciação pela vida do pecador. Depois, os miúdos do animal eram queimados no fogo do altar e, assim, tanto o sacerdote quanto o ofertante, e sua família, comiam a carne nobre do animal imolado (Lv 2.8,13,16,17). Essa oferta significava, literalmente, “um presente oferecido a Deus”, e denotava a comunhão e a felicidade do ofertante com o Pai. 

2. A simbologia da oferta pacífica. No Novo Testamento, Cristo é a grande oferta de paz que o próprio Deus oferece pela reconciliação com o mundo. Nas palavras de Paulo, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2ª Co 5.19). Jesus é o grande Príncipe da paz (Is 9.6), e por isso pode contundentemente dizer aos seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27). Além do mais, ainda que não literalmente, também nos banqueteamos com nosso Senhor, como os israelitas nas ofertas pacíficas: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3.20). 

O pecador, porém, que não recebe esta oferta da paz de Cristo em seu coração através da fé, ele é considerado inimigo de Deus (Tg 4.4), filho da ira (Ef 2.3; Jo 3.36), permanece em condenação (Jo 3.18) e a sentença contra ele é clara: “Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus” (Is 57.21) 

A oferta pacífica aponta para a nossa reconciliação com o Pai. A Palavra de Deus mostra que o nosso Senhor proveu a paz entre o homem e o Criador: “porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus” (Cl 1.19,20). Isso demonstra que o Senhor foi a oferta pacífica para reconciliar-nos com o Pai, tornando-se assim, a nossa Paz (Is 9.6). 

3. O que era a oferta pelo pecado? Diferentemente das outras oferendas, as ofertas pelo pecado e pela culpa eram obrigatórias. Elas identificavam a natureza pecaminosa do homem; alguém que necessitava apresentar a Deus algo por seus pecados. Esse sacrifício era feito fora do arraial. 

O animal teria de ser imolado fora do acampamento hebreu. A Bíblia mostra que Nosso Senhor Jesus foi morto fora de Jerusalém, fazendo-se pecado por nós (1ª Pe 2.24). 

4. O grande dia da expiação. Levítico 16 narra o mais importante dia para o povo judeu: o dia da Expiação. O dia em que todo judeu devia observar um jejum e não fazer qualquer trabalho. Esse dia é ainda hoje observado por eles como Yom Kippur, o “Dia do Perdão”. 

O dia da Expiação era a data em que o Sumo Sacerdote apresentava um novilho por si mesmo e por sua família (Lv 16.6) e um bode pelo povo (Lv 16.7-10) no Santo dos Santos, aspergindo o sangue das vítimas sobre o propiciatório (Lv 16.11-19). O rito representava a mais importante oferta pelo pecado de toda a nação. 

Esse rito aponta para o nosso grande dia da Expiação, no Calvário, quando Jesus Cristo, nosso Senhor, exclamou na cruz: “Está consumado” (Jo 19.30). 

CONCLUSÃO

Nesta lição, vimos o quanto era complexo o sistema de apresentação de ofertas para diversos pecados, e o dia anual de expiação, em que o Sumo Sacerdote apresentava a oferta pela nação inteira. O sistema sacrificial levítico tem seu prazo de validade cumprido na cruz de Cristo Jesus. A Palavra de Deus mostra-nos que o sacrifício único de Cristo, no Calvário, foi suficiente para apagar os nossos pecados (2ª Co 5.21; 1ª Pe 3.18).

Deus simplificou tudo no único e legítimo Cordeiro, cujo sacrifício é perfeito e invalida a continuidade dos sacrifícios de animais. O sacrifício de Cristo foi voluntário (ninguém o obrigou), espontâneo (de iniciativa própria) e eficaz para salvação de todo aquele que nele crê. Tamanha é a confiança daquele que crê em Jesus, que ele pode fazer coro com o apóstolo Paulo e perguntar: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo quem morreu” (Rm 8.33,34).

Valorize a graça de Deus e alegre-se no Espírito Santo por este presente: a salvação.

Comentarista: Elienai Cabral. O Sistema de Sacrifícios. 2º Trimestre de 2019. CPAD Rio de Janeiro – RJ.


sábado, 11 de dezembro de 2021

O SACRIFÍCIO DA EXPIAÇÃO

ESTUDO BÍBLICO

TEXTO BASE

Levítico 1.1-9 “E chamou o SENHOR a Moisés, e falou com ele da tenda da congregação, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecereis as vossas ofertas de gado, de vacas e de ovelhas. 3- Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem mancha; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor. 4- E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito por ele, para a sua expiação. 5- Depois degolará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. 6- Então, esfolará o holocausto e o partirá nos seus pedaços. 7- E os filhos de Arão, os sacerdotes, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo.
8- Também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo em cima do altar. 9- Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isto queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR.” 

INTRODUÇÃO. Apesar da glória e da simbologia do holocausto, os profetas não demoraram a revelar a transitoriedade desse ritual levítico. Eles sabiam que, embora a oferenda fosse eficiente como tipo de um sacrifício melhor e definitivo, não era eficaz, em si mesma, para redimir o pecador. Por isso, o holocausto tinha de ser oferecido, pela fé, com os olhos postos no Calvário. 

No Antigo Testamento, o sacrifício era a única maneira de aproximar-se de Deus e restaurar o relacionamento com Ele. Havia mais de um tipo de oferta ou sacrifício, e esta variedade tornava-os mais significativos porque cada um estava relacionado a uma situação especifica da vida. Os sacrifícios eram oferecidos em louvor, adoração e agradecimento, e também para perdão e comunhão. A primeira oferta que Deus descreve é o holocausto. A pessoa que cometia um pecado deveria trazer um animal sem defeito para o sacerdote. O animal inocente simbolizava a perfeição moral demandada pelo santo Deus bem como a natureza perfeita do real sacrifício futuro - Jesus Cristo. Jesus Cristo veio a este mundo para cumprir toda a vontade de Deus Pai e dar Sua vida como uma oferta agradável ao Senhor. Na oferta da expiação esse ato é tipificado. 

I. O CONCEITO DE HOLOCAUSTO 

1. Definindo o termo (Lv 1.3). O termo hebraico traduzido por holocausto (olah) significa, literalmente, “levantar”; “aquilo que vai para cima” ou “aquilo que sobe” para Deus. É importante que você conheça e compreenda o significado desse termo. A palavra holocausto vem do grego holokauston, (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e que denota: “oferta queimada por inteiro”, formado de “holos”, “inteiro”, e “kautos”, em lugar de “kaustos”, adjetivo verbal de “kaiõ”, que quer dizer: “queimar”. (O dicionário Vine 2002, p. 692).

Portanto também se chamava oferta queimada, porque o olah era totalmente queimado no altar (com exceção do couro que ia para o sacerdote). 

A expressão holocausto aparece pela primeira vez na Bíblia, atrelada a história de Noé: “E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar” (Gn 8.20). 

O holocausto era o sacrifício básico que expressava devoção e consagração ao Senhor. Quando nós entregamos ao Senhor, colocamos “tudo isso sobre o altar” (Lv 1.9) e não retemos nada. O equivalente do Novo Testamento encontra-se em Romanos 12.1, 2, em que o povo de Deus é desafiado a ser um sacrifício vivo, inteiramente consagrado ao Senhor. 

O holocausto é um tema frequente e relevante no Antigo Testamento, por isso o livro de Levítico inicia com as instruções divina conferidas a Moisés a respeito dos sacrifícios que seriam oferecidos no Tabernáculo. Levítico mostra o tipo de sacrifício e a forma como deveria ser apresentado ao Senhor. 

O Deus que tudo criou precisava do sangue de animais? Não! Tudo é d’Ele, contudo os holocaustos apontavam para o plano perfeito da salvação que o Pai já havia preparado antes da fundação do mundo. Eles expunham a verdade de que Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, morreria em nosso lugar. Seu sacrifício foi perfeito, único e superior a todos os holocaustos já oferecidos. Que você aproveite cada tópico da lição para juntamente com seus alunos refletir a respeito do sacrifico perfeito de Cristo que foi realizado em nosso favor. 

2. Descrição bíblica. A oferta do holocausto, também chamada de oferta queimada (Lv 1.9), era inteiramente consumida sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida (Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr 29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5) e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6-8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24; Jó 1.5). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, perpétuo, contínuo (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 – acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10; 22.19-21). 

II. UMA OFERTA VOLUNTÁRIA 

Toda pessoa que deseja servir ao Senhor com alegria deve saber e ter por princípio básico a voluntariedade. O que é feito por imposição não agrada a quem oferece e nem ao que recebe. É o que Jesus, o sacrifício perfeito, diz: “Por isso o Pai me ama, Porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” (Jo 10.17-18). 

Resultado de imagem para O sacrifício da expiação. 

1. Uma oferta de animal limpo. Toda oferta que fosse oferecida ao Senhor deveria ser de animais limpos e domésticos e as características dos animais limpos são: unhas fendidas e a ruminação de alimentos (Lv 11.3). A unha fendida dá firmeza para o caminhar e o ruminar exprime o processo natural de digerir interiormente. A vida do salvo neste mundo também assim está relacionada, pois o seu caminhar tem a ver com o seu alimento. O alimento digerido pelo salvo vai servir de formação do seu caráter espiritual e da sua maturidade espiritual. O cristão deve procurar alimento que o ajude a servir a Deus com dignidade, sendo verdadeira testemunha de Cristo, isto é, sendo sal e luz do mundo. 

A Igreja do Senhor está enfrentando uma grande dificuldade, que se caracteriza por divisões e mais divisões em seu seio justamente pela falta desse ato: “digerir interiormente”. Infelizmente, muitas denominações têm surgido porque alguns se acham líderes e não querem mais obedecer a uma autoridade eclesiástica. Isso tem promovido muitos escândalos na obra de Deus. Muitos também não aceitam a correção porque sabem que sempre tem uma porta aberta ao lado para recebê-los. Devemos atentar para a Palavra de Deus: “unhas fendidas e ruminar o alimento”. 

2. Uma oferta sem mancha. A oferta oferecida para o holocausto não podia ter mancha, isto é, nada que denotasse fraqueza ou imperfeição. A característica do animal a ser oferecido no sacrifício da expiação era a perfeição. Essa exigência de perfeição foi plenamente satisfeita em Jesus Cristo, o homem perfeito imaculado e incontaminado (1ª Pe 1.19). Ele andou neste mundo de pecado, porém sem pecar. Conviveu com os pecadores, mas não se contaminou. Perdoou pecadores, mas sempre confrontou o pecado. Assim, pode salvar perfeitamente (Hb 7.25). 

O pecado manchou o homem no seu entendimento e também no seu sentimento e, assim, a sua vontade tornou-se independente da vontade de Deus e homem caiu, tornando-se escravo de Satanás. No entanto, pela obra realizada por Jesus o homem pode hoje oferecer a Deus um culto agradável (Rm 12.1). Assim como Jesus andou neste mundo de forma perfeita, também devemos empreender todos os esforços para seguir os Seus passos. Não há defeito em Seu caráter. Ele é perfeito em todos os aspectos, logo é para Ele que devemos olhar e não para os defeitos do nosso irmão. 

3. A mão sobre a cabeça da oferta. A tradição judaica diz que a mão tinha que ser imposta sobre a cabeça do animal com uma certa pressão. Esse gesto simbolizava que o ofertante estava se identificando com a oferta e transferindo algo de si para o sacrifício. Nesse ato ele estava dizendo para Deus: “Assim como esse animal é entregue inteiramente a Ti, da mesma forma eu me entrego a Ti neste altar onde este animal é oferecido”. Era um reconhecimento de que o animal estava sendo oferecido em seu lugar. Ao colocar a mão sobre a cabeça do animal, o ofertante se tornava participante e não um mero assistente. Pois, afinal, o sangue do animal substituiria o seu. Assim, o ofertante confessava sua condição de pecador rogando por expiação. Hoje, a Igreja do Senhor também não é meramente assistente, mas participante do culto de adoração e da entrega total a Deus. 

O ato do ofertante, no momento do sacrifício, de impor as mãos era pessoal e intransferível. Os animais oferecidos representam as qualidades da perfeita oferta que é Cristo. O bezerro fala do Seu serviço e submissão, o cordeiro da Sua pureza, o cabrito da Sua voluntariedade e as rolas ou pombinhos da Sua simplicidade. A nossa segurança está em colocar a nossa fé na obra que Ele fez por nós e assim neutralizar todos os ataques que o adversário lança sobre a nossa mente para tentar impedir o culto racional que podemos oferecer a Deus. 

II. UMA OFERTA PARTIDA 

Todo o interior da oferta era exposto ao ser partida, para que tudo fosse mostrado sobre o altar. Foi o que aconteceu com Jesus em Seu desejo intenso de fazer a vontade de Deus e estabelecer os propósitos divinos. Ele nada procurou esconder dos Seus discípulos, mas, como uma oferta partida, nos trouxe a revelação do Pai (Jo 10.30). 

1. Uma oferta para ser aceita. O adorador buscava ganhar o favor divino: “para que seja aceito por ele” (Lv 1.4). A aceitação do salvo por Deus está fundamentada na obra perfeita do sacrifício de Cristo e na identificação com a oferta. A aplicação desta realidade a Cristo e ao cristão revela uma das mais valiosas verdades, que também é apresentada no Novo Testamento: o cristão se identifica eternamente com Cristo e a sua aceitação em Cristo (1ª Jo 4.17). Quando o homem não estava em Cristo, ele está em seus pecados e não pode agradar a Deus, mas, estando em Cristo, ele é aceito por Deus. 

A aceitação do salvo por Deus não acontece gradativamente e nem existe grau de aceitação de um crente em relação a outro crente, mas acontece no momento em que o homem entrega a sua vida para Deus. Se estamos em Cristo, somos “qual ele é” (1ª Jo 4.17). Cristo é a Cabeça e a Igreja é o Corpo. Assim como Deus vê a Cabeça, do mesmo modo e visto o Corpo. E o Corpo de Cristo, sendo um só, Também os membros têm a mesma aceitação. Não há, portanto, privilégios de um membro em relação a outro, mas todos são aceitos sobre o mesmo fundamento, que é a perfeita entrega que Cristo fez na cruz. 

2. Uma oferta esfolada e partida. O ritual dado por Deus a Moisés para os sacerdotes deveria ser observado rigidamente. O animal era degolado, o sangue aspergido à roda do altar diante da porta da congregação e a seguir o animal era esfolado. Esses detalhes são importantes de serem observados, pois nenhum ritual estranho poderia ser acrescentado ao sacrifício. Sempre deveria ser feito o mesmo ritual, sem nenhuma inovação com o passar dos anos. A cerimônia realiza, assim, a intenção do adorador e exclui o uso de rituais e ensinos estranhos e errôneos que anulariam o relacionamento entre Deus e o homem. A oferta era sem mancha e também era mostrado o seu interior, ensinando-nos que Deus vê o exterior e também o interior. 

Na oferta da expiação, o ensino principal na doutrina é: a razão do holocausto é apresentar a Deus uma oferta agradável. Cristo é prefigurado no holocausto, e apresentar a Deus uma oferta agradável. Cristo é prefigurado no holocausto, não para a consciência do pecador, mas para o coração de Deus. Portanto, nosso mais importante serviço a Deus não é o quanto podemos fazer por Ele, nem o quanto podemos cumprir por Ele, mas o quanto podemos cumprir por Ele, mas o quanto podemos nos entregar. Jesus fez muitos milagres, nos trouxe a doutrina de Deus, mas veio para morrer. O homem mede todas as coisas por seu próprio trabalho, pensando que se puder ter frutos, ajudar os outros a se arrependerem e crerem no Senhor, ele pode então trazer todas essas coisas para oferecer a Deus. Mas deveríamos entender uma coisa: não podemos colocar no altar de Deus o nosso trabalho. A oferta que Deus quer do homem é que ele esteja no altar, e o que vai para o altar é para morrer (Lc 14.26; Gl 6.14). 

3. Uma oferta em ordem. A oferta era partida e colocada em ordem, para que houvesse uma queima mais rápida sobre o altar. Podemos aprender com isso que a ordem será um fundamento na obra de Deus, pois a Palavra nos diz: “faça-se tudo descentemente e com ordem.” (1ª Co 14.40). A oferta era partida para queimar mais rápido, tipificando o que aconteceria com Jesus na cruz com a Sua morte (Mc 15.44; 1ª Co 11.24).

Deus descortina a Sua sabedoria àqueles que, com um coração sincero e quebrantado, se prostram aos Seus pés e, através da Sua Palavra tomam conhecimento dos Seus propósitos eternos e assim O exaltam e glorificam pela grandiosa obra que Jesus realizou com a Sua morte e ressurreição, nos dando acesso à presença de Deus. agora podemos chegar diante de Deus como adoradores purificados, olhar para a cruz e compreender o propósito de Cristo de cumprir a vontade do Pai. 

III. UMA OFERTA PARA APRECIAÇÃO DE DEUS 

Nessa oferta tudo era oferecido a Deus, assim como Jesus se ofereceu em oferta de cheiro agradável ao Pai com a Sua morte na cruz. Todo o perfume da oferta que Jesus ofereceu foi do agrado do Pai e encheu o Seu coração de gozo. Na cruz, o Filho deu a Sua vida a Deus, a quem, durante o Seu ministério, agradou, por sempre fazer a Sua vontade. Ali, no Calvário, consumou a obra que veio realizar (Jo 19.30). 

1. Fressura e pernas lavadas. A oferta estava lavada por dentro e por fora (Lc 1.9) e simbolicamente representa Cristo, que é essencialmente puro tanto no interior como exterior. Isso ficou claramente demonstrado durante o Seu ministério terreno para os que com Ele conviveram e tiveram o prazer de ouvi-lo. Os servidores que foram enviados pelos fariseus para prendê-Lo, por exemplo, voltaram admirados após ouvirem o Seu ensino (Jo 7.45-46). 

A fressura era lavada com água, símbolo da Palavra de Deus, como também as pernas (Lv 1.9), ensinando-nos que o exterior “as pernas” (uma representação da conduta) é conforme a “fressura” (uma representação do caráter). Os membros do corpo obedecem e executam os desígnios do coração. Um coração cheio da Palavra de Deus conduzirá a um testemunho que sempre terá o propósito da glória de Deus. 

2. Uma oferta que todos podiam oferecer. Havia a opção de se oferecer um bezerro como também de se oferecer rolas ou pombinhos. Quem tivesse uma condição melhor oferecia um bezerro, mas para o de menor poder aquisitivo poderia oferecer um animal de custo menor. Quando Maria e José foram apresentar o menino Jesus no templo, cumprindo a lei de Moisés, levaram a sua oferta (Lc 2.23-24). Eles não tinham condições de oferecer um bezerro, mas nem assim ficaram impedidos de cumprir o que a lei estabelecia. Deus sempre provê meios para que todos possam d’Ele se aproximar. 

Por meio dessa oferta o indivíduo expressava completa submissão e dedicação ao Senhor. Deus concede a todos os homens, independentemente da situação social, cultural ou financeira, a oportunidade de oferecer culto a Ele. A Bíblia nos ensina no Salmo 51.17 sobre os sacrifícios que agradam a Deus. São qualidades e condições que todos os homens podem buscar para oferecer a Deus os seus sacrifícios. 

3. Uma oferta totalmente queimada. A oferta totalmente queimada representava o sacrifício imaculado de Cristo a Deus. Sobre o altar do Calvário, o Cordeiro de Deus foi totalmente consumido pelo fogo da justiça do Senhor. Os sacerdotes podiam preparar tudo para o sacrifício, mas dele não podiam comer, porque era totalmente oferecido ao Senhor, pois Deus era o único e principal objetivo nesse sacrifício (Lv 1.9). 

Resultado de imagem para O sacrifício da expiação. As cinzas do sacrifício da expiação declaravam que a oferta fora aceita por Deus. Os sacerdotes tinham o privilégio de aprontar todo o ritual, mas somente Deus cheirava como cheiro suave. Somente Deus pode apreciar em toda a Sua plenitude a perfeita e total entrega de Jesus na Sua morte (Sl 40.8). 

CONCLUSÃO. Como é prazeroso para o salvo ter o entendimento da obra que o Senhor veio fazer e a consumou para o agrado do Pai, e como nos dá também o poder para nos apresentarmos a Deus como uma oferta sobre o Seu altar a cada dia para que esse sacrifício chegue às Suas narinas como cheiro suave.