TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

O SECERDOTE DA OBRA DE DEUS E O O USO DO VINHO

 


Lv 10.8 “E falou o SENHOR a Arão, dizendo: 9 Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10- para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11- e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.”

1ª Tm 3.1-3 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. 2- Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; 3- não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento.” 

Na lição anterior estudamos sobre o fogo estranho que os filhos do sumo sacerdote Arão apresentaram ao Senhor e foram fulminados ali mesmo, diante do altar do incenso. Nesta lição estudaremos sobre o vinho o qual pressupõe que Nadabe e Abiú, estavam embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente a glória divina. Portanto guardemo-nos, pois, do álcool, das drogas e de outros vícios igualmente nocivos e destruidores. O ministro cristão tem de ser um exemplo de temperança, sobriedade e domínio próprio. 

Neste tópico estudaremos “o uso do Vinho” e a Bebida forte (Lv 10. 8-11; Pv 20.1). Em Levítico, essa é a única ocasião em que Deus fala diretamente a Arão, portanto deve tratar-se de uma ordem importante. Não era permitido aos judeus beber vinho ou bebida forte, mas foram advertidos da bebedice e do pecado que, com frequência, a acompanha (Pv 20.1; 23.20,29-31; Is 5.11; Hc 2.15). Os que servem ao Senhor têm de ser um exemplo para os outros e estar cheios do Espírito, não de vinho (Ef 5.18). Eles devem evidenciar a diferença entre o santo e o profano por meio dos ensinamentos e do exemplo (veja Ez 22.26; 42.20; 44.23; 48.14-15). O Novo Testamento segue essa mesma abordagem (Rm 14.14-23). 

Nas Sagradas Escrituras, o vinho, juntamente com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). Aliás, o vinho era usado até mesmo como remédio (Lc 10.34). No entanto, o seu mau uso levou homens santos a cometerem escândalos, torpezas e até crimes, haja vista os casos de Noé, Ló e Davi. 

I. O VINHO NA HISTÓRIA SAGRADA 

1. O AT e o vinho fermentado. O vinho fermentado (alcoólico) no hebraico é chamado de “yayin”, palavra comum para vinho envelhecido e, portanto, intoxicante. O uso deste vinho sempre foi motivo para práticas ilícitas (Gn 9.20-29; 19.31-38). Por isso, o sacerdote deveria afastar-se da bebida alcoólica (Lv 10.9-11). O AT mostra oito casos de embriaguez com esta bebida que terminaram em desastre familiar: Noé (Gn 9.21); Ló (Gn 19.32-35); Nadabe e Abiú (Lv 10.1-11); Nabal (1ª Sm 25.36,37); Urias (2º Sm 11.13); Amnon (2º Sm 13.28); Belsazar (Dn 5.1-3); e Assuero (Et 1.1-10). Salomão descreve os efeitos físicos imediatos desta bebida como: brigas, ferimentos, ais e tristezas (Pv 23.29-35). Em outro lugar, se refere ao vinho como produzindo pobreza (Pv 21.17), violência (Pv 4.17), alvoroço (Pv 20.1), e falta de santidade (Dn 1.8). Isaías adiciona que ele engana a mente (Is 28.7), inflama uma pessoa, e conduz ao esquecimento de Deus (Is 5.11, 12), e ainda associa o vinho com a aceitação de suborno (Is 5.22,23). Amós combina-o com a profanação (Am 2.8) (STAMPS, 1995, p. 241). 

2. O AT e o vinho não fermentado. Outra palavra é “tirosh”, com o significado de “vinho novo”, refere-se à bebida exclusivamente não-fermentada ou suco novo da uva (Dt 11.14; Pv 3.10; Ec 9.7; Jl 2.24). Esta palavra aparece cerca de 38 vezes no AT sempre referindo-se ao vinho não-fermentado, onde “tem benção nele” (Is 65.8). Nas Sagradas Escrituras, este tipo de vinho, com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). A Bíblia faz uma referência quanto ao uso deste vinho pelos sacerdotes (Is 25.6; 27.2). Em sua oferta de manjares ao Senhor, os israelitas faziam-lhe também a libação de um quarto de him de vinho (Êx 29.40; Lv 23.13; Nm 15.10). Vários textos que se referem a “tirosh” como o produto da vide (Mq 6.15; Is 65.8; Pv 3.10; Jl 2.24; Mq 6.15; Os 9.2). Só um texto sugere que “tirosh” pode produzir fermentação (Os 4.11). (STAMPS, 1995, p. 241). 

3. A embriaguez de Noé. Após o Dilúvio, Noé voltou-se ao ofício de lavrador, e pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após ter preparado o seu vinho, bebeu-o até embriagar-se. Já fora de si, desnudou-se, expondo-se vergonhosamente em sua tenda (Gn 9.20-29). A intemperança do patriarca trouxe-lhe sérios problemas familiares.

O álcool foi capaz de transtornar até mesmo um dos três homens mais piedosos da História Sagrada (Ez 14,14). É por isso que devemos precaver-nos quanto aos seus efeitos (Pv 20.1; 23.31). 

4. A devassidão das filhas de Ló. Dizendo-se preocupadas com a descendência do pai, as filhas de Ló embebedaram-no em duas ocasiões (Gn 19.31,32). Em seguida, tiveram relações com o próprio pai, gerando dois povos iníquos (Gn 19.33-38). Quem se entrega ao vinho está sujeito a dissoluções como essa (Ef 5.18). Um servo de Cristo não pode cair nessa situação. 

5. O vinho como instrumento de corrupção. Para encobrir o seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou Urias, que estava na frente de batalha, embriagou-o, e induziu-o a deitar-se com a esposa adúltera e já grávida (2º Sm 11.13). Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança ficaria na conta de Urias, o heteu.

A que ponto chega um homem fora da orientação do Espírito Santo. O rei de Israel usou o vinho para corromper um de seus heróis mais notáveis. Nossas atitudes devem sempre ser dirigidas pelo Espírito Santo. 

II. O OBREIRO “NÃO DADO AO VINHO” (1ª Tm 3.3) 

Esta expressão (gr. me paroinon, formada de me, que significa “não”, e parainon, palavra composta que significa literalmente “ao lado do vinho”, “perto de vinho” ou “com vinho”).

Em 1ª Timóteo 3.3, a Bíblia requer que nenhum pastor ou presbítero fique “sentado ao lado do vinho” ou “esteja com vinho”. Noutras palavras, não deve beber vinho embriagante, nem ser tentado ou atraído por ele, nem comer e beber com os ébrios (Mt 24.49). 

1. A abstinência do vinho.

1.1. Pela liderança do Antigo Testamento. A abstinência total de vinho fermentado era a regra para reis, príncipes e juízes, no Antigo Testamento (Pv 31.4-7). Era, também, a regra para todos que buscavam o mais alto nível de consagração a Deus (Lv 10.8-11; Nm 6.1-5; Jz 13.4-7; 1º Sm 01.14,15; Jr 35.2-6; Pv 23.31). 

1.2. No deserto, os israelitas não bebiam vinho (Dt 29.6). Não usavam vinho na Páscoa (Êx 12.8-10), pois o vinho fermentado contém fermento, e o fermento era proibido. Mais tarde, introduziram o vinho na cerimônia. Isso não foi ordenado por Deus.

Os sacerdotes não podiam beber quando estavam servindo no templo (Lv 10.8-10). Será que os cristãos de hoje, os sacerdotes do Novo Testamento (1ª Pe 2.5,9), deveriam ter um padrão tão baixo quando servimos ao Senhor todos os dias? 

Encontramos no Antigo Testamento alguns caso de embriaguez e as consequências dela. 

Vejamos esses exemplos de Embriaguez.

a. Noé – Gn 9.20,21;

b. Ló – Gn 19.30-38;

c. Nabal – 1º Sm 25.36;

d. Elá – 1º Rs 16.8-10;

e. Bem-Hadade – 1º Rs 20.16-21;

f. Efraim – Is 28.7;

g. Belsazar – Dn 5;

h. Nínive – Na 1.10. 

1.3. Os profetas do Antigo Testamento bradavam contra as bebidas fortes. Habacuque 2.15 amaldiçoa os que dão bebida para o companheiro. (veja Isaías 5.11-22).

1.5. Amós condena os judeus desocupados que bebem vinho em vasilhas porque os cálices são muito pequenos (6.3-6). 

1.4. Pela liderança e os liderados do Novo Testamento. Aqueles que dirigem a igreja de Jesus Cristo certamente não devem adotar um padrão aquém do que vai aqui. Além disso, todos os crentes da igreja são chamados sacerdotes e reis (1ª Pe 2.9; Ap 1.6) e, como tais, devem viver à altura do mais alto padrão de Deus (Jo 2.3; Ef 5.18; 1ª Ts 5.6; Tt 2.2). 

O pastor deve ensinar a abstinência total? O que a Bíblia ensina? Existem 626 versículos na Bíblia que falam contra a embriaguez e a ingestão de bebidas alcoólicas (Pv 29.1; 23.29-35; Is 5.11-14,22,23; 28.3,7; Os 3.1; 4.11; 7.5; Am 2.8; Ef 5.18; Gl 5.21; (Lv 10.8-11; Pv 31.4,5). 

O Novo Testamento, ensina claramente que nosso corpo é o templo do Espírito Santo, e não deve ser contaminado (1ª Co 6.12-20). O apóstolo Paulo também avisou que a pessoa não pode se expor ao perigo da tentação usando descuidadamente a liberdade; a evasão deliberada habitualmente é a melhor defesa (1ª Co 10.1-12). Beber moderadamente apresenta para alguns a tentação de beber excessivamente; portanto, “aquele que pensa que está firme, cuidado que não caia”. O crente deve fugir da tentação. Além do mais, o exemplo de um crente que bebe pode ser tropeço para um irmão fraco. “E assim, pela consciência perecerá o irmão fraco, por quem Cristo morreu” (1ª Co 8.11). 

Os japoneses têm um provérbio: “Primeiro o homem toma um drinque; depois o drinque toma um drinque; a seguir, o drinque toma o homem”. Qual é o rumo certo a adotar? Recuse o primeiro drinque e continue recusando-o pelo resto da vida. O indivíduo começa bebendo socialmente, depois diariamente e, por fim, se toma um alcoólatra. Embora se esforce para abandonar o vício, a bebida o prende como se ele estivesse algemado.

Paulo aconselha: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão não tropece, ou que se escandalize, ou que se enfraqueça” (Rm 14.21). Mais vale a preservação de uma alma imortal do que todo o prazer que os homens possam desfrutar bebendo. Convém que os crentes se abstenham completamente do álcool. 

1.5. A recomendação da abstinência total. “Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente (Pv 23.31)”. 

“Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho...”. Estas palavras não sugerem moderação, mas abstinência total de bebidas inebriantes. É impossível que alguém sofra as consequências da embriaguez e os tormentos do alcoolismo a não ser que beba. 

2. Cheio do Espírito Santo. “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

O apóstolo Paulo, escrevendo para um povo muito dado ao vinho e que venerava “Baco” (o “deus do vinho” para os gregos) ou “Dionísio” (o “deus do vinho” para os romanos), Paulo aconselha os crentes em Cristo, dizendo: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. O crente em Jesus Cristo substitui o vinho pelo gozo do Espírito (Gl 5.22). Em Eclesiastes 10.19, Salomão disse que “o vinho alegra a vida”. O crente, porém, substitui a alegria momentânea do vinho pela alegria permanente do Espírito Santo (At 13.52). 

2.1. Não vos embriagueis com vinho. A declaração de Paulo no versículo 18, demonstra que a plenitude do Espírito Santo depende do modo como o crente corresponde à graça que lhe é dada para viver em santificação. 

Isso quer dizer que a pessoa não pode estar “embriagada com vinho” e, ao mesmo tempo, “cheia do Espírito”. Paulo adverte todos os crentes a respeito das obras da carne; que os que cometem tais coisas “não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21; Ef 5.3-7). Além disso, “os que cometem tais coisas” (Gl 5.21) não terão a presença interior do Espírito Santo, nem a sua plenitude. Noutras palavras, não ter “o fruto do Espírito” (Gl 5.22,23) é perder a plenitude do Espírito (Ef 5.18; At 8.21). 

2.2. Enchei-vos do Espírito. “Enchei-vos” (imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de “ser enchido repetidas vezes”. A vida espiritual do filho de Deus deve experimentar a renovação constante (Ef 3.14-19; 4.22-24; Rm 12.2), mediante enchimentos repetidos do Espírito Santo. 

O cristão deve ser batizado no Espírito Santo após a conversão (ver At 1.5; 2.4), mas também deve renovar-se no Espírito repetidas vezes, para adoração a Deus, serviço e testemunho (At 4.31-33). 

Experimentamos enchimentos repetidos do Espírito Santo quando mantemos uma fé viva em Jesus Cristo (Gl 3.5), estamos repletos da Palavra de Deus (Cl 3.16), oramos, damos graças e cantamos ao Senhor (1 Co 14.15; Ef 5.19,20), servimos ao próximo (Ef 5.21) e fazemos aquilo que o Espírito Santo quer (Rm 8.1-14; Gl 5.16; Ef 4.30; 1ª Ts 5.19).

Alguns resultados de ser cheio do Espírito Santo são:

A. Falar com alegria a Deus, em salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef 5.19);

B. Dar graças (Ef 5.20);

C. Sujeitar-nos uns aos outros (Ef 5. 21). 

Paulo adverte os cristãos de não fazerem nada que leve seus irmãos tropeçarem (Rm 14.19-21; 1ª Co 8.13). Paulo contrasta o encher-se do Espírito e o embriagar-se (Ef 5.18) e, em Gálatas 5.21, enumera a embriaguez como uma obra da carne. 

Pedro ensina os cristãos a se “abster (em) das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1ª Pe 2.11), e, já que a embriaguez é uma concupiscência da carne (Gl 5.21), a abstinência total é a melhor maneira de obedecer a essa admoestação. Como a pessoa começa a vida de embriaguez? Ao tomar o primeiro drinque. 

3. Uso medicinal do vinho. Primeira a Timóteo 5.23 refere-se ao uso medicinal do vinho em uma época em que os médicos não tinham remédios modernos. Dizer que temos o direito de tomar álcool, porque é usado em alguns remédios, é tão razoável quanto dizer que podemos usar morfina, ou algum outro narcótico, porque o dentista ou o cirurgião a usa em seus pacientes. 

O vinho indicado por Paulo a Timóteo era curativo, ou seja, para purificação e tratamento da água. 

III. JESUS E O MILAGRE DO VINHO 

João 2.7-10 “Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. 8- E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. 9- E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. 10- E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.” 

1. O vinho de Jesus não era fermentado (Alcoólico). O que lemos em João 2.1-10, não dá a entender que o vinho que Cristo fez era embriagante. Era vinho novo, e vinho novo nunca embriaga. Não dá a entender que o Senhor fez álcool, o qual é produto de morte e de corrupção. Ele produziu um vinho novo, não contaminado por fermentação. Não fez uma bebida para alguém se embriagar, mas livrou a festa do desastre quando a supriu como um refresco sadio, puro e sem álcool. 

1.1. O vinho como metáfora de Jesus. Em outro lugar, Jesus usou o vinho como metáfora para indicar coisas novas. Por exemplo, em Mateus 9.17 Jesus usou o vinho novo e os odres novos para falar de uma coisa nova que Ele estava fazendo. 

2. O tipo de vinho do milagre de Jesus, o “Vinho Bom” (Jo 2.10). No relato do milagre do vinho, é mencionados dois tipos de vinho: o bom e o inferior. Notemos que o adjetivo grego traduzido “bom” (Jo 2. 10), é kalos, que significa “moralmente excelente ou apropriado”. 

O vinho “bom” era o vinho mais doce, vinho este que podia ser bebido livremente e em grandes quantidades sem causar danos (Isto é, vinho cujo conteúdo de açúcar não fora destruído através da fermentação). Já o vinho “inferior” era aquele que fora diluído com muita água. 

O escritor romano Plínio afirma expressamente que o “vinho bom”, chamado sapa, não era fermentado. Sapa era suco de uva fervido até diminuir um terço do seu volume a fim de aumentar seu sabor doce. 

IV. MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO 

Tendo em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho. 

1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho (1ª Tm 3.3,8; Tt 1.7). Não se pode confiar o rebanho de Jesus Cristo a alguém dominado pela embriaguez. Quem governa tem de abster-se das bebidas alcoólicas (Pv 31.4). 

2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja. Portanto, que o verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo sério que tem ocasionado graves transtornos à Igreja de Cristo. 

3. Ministros usados pelo Espírito Santo. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi generosamente derramado sobre os discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas, após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e operavam no poder de Deus (At 2.40,41). 

Na sequência de Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre no poder do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9,10). 

Quanto ao uso do vinho, sigamos o exemplo dos recabitas. Voluntariamente, abstinham-se de qualquer bebida forte para que a aliança de seus ancestrais permanecesse firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua fidelidade, foram honrados pelo Senhor. 

Portanto, fujamos das bebidas alcoólicas e de outros vícios igualmente graves, a fim de que possamos ministrar ao Senhor com todo zelo e cuidado. Deus não mudou. Lembremo-nos de Nadabe e Abiú.


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

AS ORAÇÕES DOS SANTOS NO ALTAR DE OURO

 


Lv 16.12-13 “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá dentro do véu. 13- E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra.” 

Ap 5.6 “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7- E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono. 8- E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. 9- E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; 10- e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.” 

Nesta lição falaremos de um dos móveis que estava no lugar santo do tabernáculo: o altar de incenso. Destacaremos detalhes a respeito deste utensílio e sua finalidade; trataremos ainda sobre o incenso e o seu devido uso; por fim, finalizaremos mostrando que há um altar de incenso no céu, para onde vão as orações dos santos.

No Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado exclusivamente àquela ocasião.

Hoje, o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações, súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13). 

I. O ALTAR DE OURO - UM IMPORTANTE UTENSÍLIO DO TABERNÁCULO 

Deus revelou como deveria ser o tabernáculo com os seus móveis a Moisés no monte (Êx 25.9,40; 26.30). No entanto, para fabricação destes móveis, Deus capacitou, pelo Espírito Santo, a Bezalel e a Aoliabe (Êx 31.1-6). Um destes móveis construídos foi o altar de incenso (Êx 30.1). Abaixo destacaremos especificamente algumas coisas a respeito do altar de ouro. Vejamos: 

1. O Lugar Santo. No Lugar Santo, ficavam três mobílias: o candelabro, à esquerda de quem entrava; a mesa dos pães da proposição, à direita; e, no limiar, entre o Lugar Santo e o Santíssimo, bem em frente ao véu que os separava, estava o altar do incenso (Êx 26.35).

Há algo muito importante que devemos considerar. Embora o altar de incenso estivesse no Lugar Santo, era considerado também parte da mobília do Santo dos Santos juntamente com a arca da aliança (Hb 9.1-10). 

2. O altar do incenso. Deus mostrou a Moisés que este altar deveria ser:

1.1. De madeira de acácia (Êx 30.1).

1.2. Com um formato “quadrado” ou “quadrangular” e precisas medidas que equivalem a “45 cm de largura e 90 cm de altura” (Êx 30.2).

1.3. Forrado de “ouro puro” completamente (Êx 30.3).

1.4. Deveria ter “quatro pontas”, uma em cada canto (Êx 30.2).

1.5. Duas argolas nos cantos, para receber os varais e ser transportado junto com o tabernáculo, quando necessário (Êx 30.4; 37.25-27).

1.6. Uma moldura (coroa) desenhada a volta do altar e abaixo desta (Êx 30.3-b). 

3. Localização (Êx 30.6). Diferente do altar do holocausto que ficava no pátio do tabernáculo, o altar de incenso ficava no interior deste, precisamente no “lugar santo”, em frente ao véu que dava acesso ao santíssimo lugar: “E o porás diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante do propiciatório…” (Êx 30.6). O altar do incenso relacionava-se mais estreitamente com o lugar santíssimo do que com os demais móveis do lugar santo. É descrito como o altar “que está perante a face do Senhor” (Lv 4.18). A localização deste utensílio era tão próxima do Lugar Santíssimo, que fez o escritor aos hebreus considerá-lo como pertencente a este (Hb 9.3,4). 

4. A cerimônia. O incenso só podia ser queimado com as brasas do altar de bronze (Lv 16.12). E, já de posse destas, o sacerdote aproximava-se do altar de ouro para queimar o incenso no altar de ouro. Dessa forma, a nuvem do incenso cobria o propiciatório, mostrando à Casa de Israel o favor divino (Lv 16.13).

Observemos que, antes de achegar-se ao altar de ouro, o sacerdote tinha de passar, necessariamente, pelo altar de bronze. Isso significa que, sem o sangue de Cristo, jamais teremos acesso ao trono da graça (Hb 9.12). 

5. Finalidade (Êx 30.7-10). O altar de ouro foi construído para que unicamente nele se queimasse incenso ao Senhor (Êx 30.7,8). Neste, não poderia ser oferecido incenso estranho nem ofertas de sangue, nem libações (Êx 30.9). Somente uma vez no ano, o altar do incenso era purificado com sangue de um sacrifício oferecido no altar do holocausto (Êx 30.10). Os sacerdotes tinham acesso ao altar de ouro para oferecer incenso no tempo aprazado (Êx 30.7,8). Era neste altar que Deus se encontrava particularmente com a pessoa que, dia a dia, oferecia o incenso (Êx 30.6-b). 

II. O INCENSO SAGRADO PARA SER QUEIMADO NO ALTAR DE OURO 

O incenso era feito de uma substância aromática que, quando era queimada, exalava um odor agradável. 

1. Quem podia oferecer o incenso (Lv 2.2). Somente os sacerdotes estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8). Com a multiplicação do número de sacerdotes, havia uma escala para a queima do incenso (Lc 1.9-a). Quando o rei Uzias intentou queimar incenso, assumindo a função sacerdotal, foi ferido com lepra pelo Senhor (2 Cr 26.19). Aqueles que tentaram usurpar a função sacerdotal da oferenda de incenso foram punidos com a morte, como o caso de Corá, Datã e Abirão (Nm 16.31-33), ou com doenças, como Uzias (2Cr 26.19), e até mesmo os sacerdotes que ofereceram incenso indevidamente foram mortos (Lv 10.1,2). Enquanto o sacerdote entrava no Lugar Santo para queimar o incenso, o povo ficava do lado de fora do tabernáculo ou do templo em oração (Lc 1.9-b). 

2. O tempo da queima do incenso (Êx 30.7,8). Haviam tarefas diárias no tabernáculo para o sacerdote, e uma delas era a queima do incenso, que deveria ocorrer pela manhã (Êx 30.7), e novamente à tarde (Êx 30.8). No Dia da Expiação, o sumo sacerdote oferecia o incenso composto em um incensário sobre a Arca (Lv 16.12,13). 

3. A composição do incenso (Êx 30.34-36). O incenso destinado ao altar de ouro não podia ser usado indistintamente; era de uso exclusivo do Senhor (Êx 30.38). O incenso que era oferecido ao Senhor era composto de ingredientes especiais, a saber: “estoraque, e onicha, e gálbano” (Êx 30.34). Estas especiarias aromáticas deviam ser moídas junto com incenso para ser queimado no altar de ouro, coisa santíssima era (Êx 30.36). A receita do perfume não constituía nenhum segredo. Todavia, se alguém o reproduzisse para uso profano seria punido severamente. 

4. Advertências acerca do incenso (Êx 30.37,38). O povo de Israel, foi orientado a não reproduzir o incenso do culto levítico, pois este era santo, ou seja, separado exclusivamente para o Senhor (Êx 30.37), e aquele que tentasse fabricar essa especiaria para cheirar, deveria receber como punição a morte: “o homem que fizer tal como este para cheirar, será extirpado do seu povo” (Êx 30.38). Outra forma condenável de queimar incenso também era quando o povo o fazia a outros deuses e não ao Senhor (Jr 44.5,8,15,17; Os 2.13). 

IV. O ALTAR DE OURO E O INCENSO E SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA 

Quando Deus ordenou a Moisés que construísse o tabernáculo conforme o modelo que lhe foi mostrado no monte (Êx 25.9,40; 26.30), o escritor aos hebreus disse que o tabernáculo terrestre é uma figura do tabernáculo celeste (Hb 8.5). O apóstolo João confirmou essa interpretação, no livro do Apocalipse, quando foi arrebatado ao céu viu um altar de incenso perante o Senhor: “E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono” (Ap 8.3). Tradicionalmente, o incenso é o símbolo da oração, do louvor (Lv 16.12,13; Sl 141.2; Lc 1.9,10). Como o incenso é colocado no altar pelo homem, e ao queimar, sobe até Deus. Da mesma forma, nossas orações começam em nosso coração e ascendem aos céus até Deus. Abaixo destacaremos algumas aplicações sobre o incenso na vida cristã: 

1. Quem pode oferecer o incenso. Na Antiga Aliança apenas os descendentes de Arão estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8; Lv 1.9). Na Nova Aliança a igreja é chamada de “o sacerdócio real…” (1ª Pd 2.9). E, cada crente foi feito sacerdote (Ap 1.6; 5.10). Portanto, podemos entrar na presença de Deus para lhe oferecer incenso que é o louvor e a oração que sobem a Sua presença como cheiro suave (Sl 141.2). 

2. O tempo da queima do incenso. O incenso deveria ser queimado pela manhã pela tarde (Êx 30.8). Isso nos ensina que a oração deve ser uma prática diária, sem cessar (Lc 18.1; Rm 12.12; Ef 6.18; Cl 4.2; 1ª Ts 5.17).

3. A composição do incenso. Cada uma das especiarias que compunha o incenso sagrado (Êx 30.34-35) nos transmite verdades espirituais acerca da adoração e da oração. Vejamos: 

3.1. O estoraque. O estoraque era uma resina extraída sem precisar fazer incisão, ou seja, um corte. Ela brotava do arbusto espontaneamente.

Aplicação: A adoração, a oração e o louvor que prestamos a Deus deve ser voluntário e não forçado (Sl 54.6; 119.108). 

3.2. A onica ou onicha. Uma substância extraída de certos tipos de moluscos, e que emite um aroma forte e penetrante, quando queimado. O mar Vermelho exibe várias espécies desse molusco.

Aplicação: A adoração, a oração e o louvor não podem ser superficiais (Is 29.13; Jl 2.13), mas devem partir do mais profundo da nossa alma (Sl 42.1; 103.1,2; 130.1). 

3.3. O gálbano. O gálbano é um arbusto do deserto. Para ser extraído suas folhas deviam ser moídas e quebradas.

Aplicação: A adoração, a oração e o louvor deve brotar de um coração quebrantado e contrito (Sl 34.18; 51.17). 

4. Advertências acerca do incenso. As restrições quanto ao uso do incenso sagrado nos transmitem as seguintes lições: 

4.1. Não podemos adorar a nós mesmos. A palavra “autolatria” é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”. Logo, “autolatria” significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecido como “egolatria”. Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is 14.12-14), o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21) e Herodes (At 12.21-23). 

4.2. Não podemos adorar a ídolos. No Decálogo, os dois primeiros mandamentos são contrários diretamente à idolatria (Êx 20.3,4; Dt 5.6-8). Esta ordem foi repetida em outras ocasiões (Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2º Rs 17.35,37,38). O Senhor Deus ordenou também a destruição dos ídolos das nações que habitavam na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3). A Palavra de Deus nos revela que quem oferece sacrifícios aos ídolos, oferece aos demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 2º Cr 11.15; Sl 106.37; 1ª Co 10.20,21). 

4.3. O louvor e a adoração pertencem unicamente ao Senhor. O louvor como forma de adoração deve ser prestado unicamente a Deus (Lv 22.29; Dt 10.21; Sl 150.6; Is 42.8). A Bíblia aponta diversos motivos devemos louvar ao Senhor. Vejamos alguns: 

(a) Sua majestade (Sl 96.1,6).

(b) Sua glória (Sl 138.5).

(c) Sua excelência (Sl 148.13).

(d) Sua grandeza (Sl 145.3).

(e) Sua bondade e Suas maravilhas (Sl 107.8).

(f) Sua fidelidade (Sl 89.1).

(g) Sua longanimidade e veracidade (Sl 138.2).

(h) Sua salvação (Sl 18.46).

(i) Suas maravilhosas obras (Sl 89,5).

(j) Suas consolações (Sl 42.5).

(l) Seus juízos (Sl 101.1).

(m) Seus conselhos eternos (Sl 16.7).

(n) Sua proteção (Sl 71.6).

(o) Seu livramento (Sl 40.1-3).

(p) Porque Ele é digno (Sl 145.3).

(q) por sua resposta às orações (Sl 28.6).

(r) porque Ele perdoa pecados (Sl 103.1-3).

(s) Porque Ele é bom (Sl 106.1).

(t) porque é bom louvar ao Senhor (Sl 92.1). 

V. AS ORAÇÕES DOS SANTOS 

As orações dos santos, qual incenso precioso, são inimitáveis em seus efeitos. Eis por que não podemos relaxar quanto à nossa comunhão com Deus. 

1. A receita para uma oração perfeita: nosso incenso. O Senhor Jesus, no Sermão da Montanha, entregou a seus discípulos o modelo de uma oração perfeita (Mt 6.9-13). Ele exorta-nos também a não imitarmos os gentios e hipócritas, pois estes imaginam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos (Mt 6.7). 

Portanto, fechemo-nos em nosso quarto, e, ali, no lugar santíssimo, falemos com o Pai Celeste (Mt 6.5,6). E, dessa forma, entraremos com ousadia e confiança no trono da graça (Hb 4.16). Pode haver incenso mais excelente do que a oração dos santos? Além do mais, todas as nossas súplicas chegarão aos céus por intermédio do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). 

Nossas orações sobem a presença de Deus e são depositadas na presença de Deus como incenso. Tal verdade deve nos motivar a buscarmos intensamente ao Senhor, pois Ele está atento às orações dos santos. 

2. A oração como sacrifício ao Senhor. O salmista, conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado, assim orou ao Senhor: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). Quando nos dedicamos integralmente ao Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a Deus (Ef 5.2; Fp 2.17; 2ª Tm 4.6). 

3. A oração dos santos na Grande Tribulação. No período da Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento da Igreja, haverá um grande número de mártires (Ap 9.9-17). Todos estes, apesar da perseguição do Anticristo, atuarão como fiéis testemunhas de Jesus Cristo. As orações desses santos serão recebidas nos céus como incenso de grande valor (Ap 5.8; 8.3).

Ninguém pode deter o poder de um santo que, no oculto de seu quarto, roga a intervenção do Santo dos Santos (Tg 5.16). Irmãos, “Orai sem cessar” (1ª Ts 5.17). 

Zacarias, pai de João Batista, ao ser escolhido para queimar o incenso sagrado na Casa de Deus, teve uma experiência que retrata ricamente por que o incenso, na Bíblia, simboliza a oração dos santos. Foi ali, no lugar Santíssimo, se levarmos em consideração Hebreus 9.2, que teve a sua oração respondida (Lc 1.5-23). Sua experiência com o Senhor foi completa. Ele viu o anjo, ouviu deste o anúncio profético sobre a vinda do Messias, e, finalmente, sua velhice foi consolada com a promessa de um filho, que seria o precursor do Filho de Deus.

Lições Bíblicas Adultos – 3° Trimestre 2018;

TÍTULO: Adoração, Santidade e serviço;

Subtítulo: Os princípios de Deus para sua igreja em Levíticos;

Comentarista: Claudionor de Andrade.

domingo, 31 de outubro de 2021

O DIA DA EXPIAÇÃO

 


Levítico 16.16-18 “Assim, fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e, assim, fará para a tenda da congregação, que mora com eles no meio das suas imundícias. 17- E nenhum homem estará na tenda da congregação, quando ele entrar a fazer propiciação no santuário, até que ele saia; assim, fará expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel. 18- Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação por ele; e tomará do sangue do novilho e do sangue do bode e o porá sobre as pontas do altar ao redor.” 

O dia da expiação era considerado o maior de todos os dias no calendário judaico. Neste dia o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo, levando sangue para fazer sacrifício por si mesmo e pelo povo. 

I. O QUE SIGNIFICA EXPIAÇÃO 

A palavra “expiação” (heb. kippurim, derivado de kaphar, que significa “cobrir”) comunica a ideia de cobrir o pecado mediante um “resgate”, de modo que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido (note o princípio do “resgate” em Êx 30.12; Nm 35.31; Sl 49.7; Is 43.3). 

O Dia da Expiação (Lv 23.27-28), também conhecido como Yom Kippur ou Dia do Perdão, era o mais solene dia sagrado de todas as festas e festivais israelitas, ocorrendo uma vez por ano no décimo dia de Tishrei, o sétimo mês do calendário hebraico. Naquele dia, o sumo sacerdote devia realizar rituais elaborados para expiar os pecados do povo. Descrito em Levítico 16.1-34, o ritual da expiação começava com Aarão, ou sumos sacerdotes subsequentes de Israel, entrando no Santo dos Santos. A solenidade do dia foi sublinhada por Deus dizendo a Moisés para advertir a Arão que não entrasse no Santo dos Santos sempre que quisesse, somente neste dia especial uma vez por ano para que não morresse (v. 2). Esta não era uma cerimônia a ser tomada de ânimo leve, e as pessoas deviam entender que a expiação pelo pecado deveria ser feita da forma que Deus instruíra. Nesse dia, o sumo sacerdote, vestia as vestes sagradas, e de início preparava-se mediante um banho cerimonial com água. Em seguida, antes do ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. A seguir, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: um tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode expiatório (16.8). Sacrificava o primeiro bode, levava seu sangue, entrava no Lugar Santíssimo, para além do véu, e aspergia aquele sangue sobre o propiciatório, o qual cobria a arca contendo a lei divina que fora violada pelos israelitas, mas que agora estava coberta pelo sangue, e assim se fazia expiação pelos pecados da nação inteira (16.15,16). Como etapa final, o sacerdote tomava o bode vivo, impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava sobre ele todos os pecados dos israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando isto que os pecados deles eram levados para fora do arraial para serem aniquilados no deserto (16.21, 22). 

(1) O Dia da Expiação era uma assembleia solene; um dia em que o povo jejuava e se humilhava diante do Senhor (16.31). Esta contrição de Israel salientava a gravidade do pecado e o fato de que a obra divina da expiação era eficaz somente para aqueles de coração arrependido e com fé perseverante (cf. 23.27; Nm 15.30; 29.7). 

(2) O Dia da Expiação levava a efeito a expiação por todos os pecados e transgressões não expiados durante o ano anterior (16.16, 21). Precisava ser repetido cada ano da mesma maneira. 

II. ENTRANDO NO LUGAR SANTÍSSIMO 

Deus em Sua perfeita sabedoria, e sabendo que nenhum dos Seus propósitos pode ser impedido, nos revela, através das figuras dos sacrifícios do Antigo Testamento, que se cumpriram na pessoa amada de Seu Filho Jesus Cristo, como tudo será alcançado na eternidade. No dia da expiação de seus sacrifícios, temos o passo a passo de como Deus alcança a Igreja, Israel e, por fim, as nações na eternidade (Ap 21.24). 

1. A ordem de Deus para Arão. Deus orienta Arão, através de Moisés, que ele não poderia entrar no santuário em todo o tempo, para que não morresse (Lv 16.2). Era necessário que Arão fizesse um sacrifício para entrar no santuário, pois Deus aparecia numa nuvem sobre o propiciatório. Se não observado o que Deus determinara, Arão morreria. A observância da liturgia deste dia deveria ser seguida fielmente e nenhuma novidade podia ser acrescentada, não era um dia para inovações. Neste capítulo, santuário é o Lugar Santíssimo, onde ficava a arca e o propiciatório, e o Lugar Santo é chamado de tenda da congregação (Lv 16.16). 

A presença de Deus é algo maravilhoso para o ser humano, mas as regras para que isto aconteça devem ser observados, para que a bênção não se transforme em maldição. Se alguma novidade fosse acrescentada ou alguma coisa fosse omitida, o dia da expiação seria um dia para se lamentar a morte do sacerdote e não agradecer pelo pecado ter sido expiado. Hoje a Igreja deve procurar observar o que Deus diz em Sua Palavra e rejeitar todas as inovações que são contrárias as Escrituras, que tem surgido com aparência de piedade, mas são uma verdadeira afronta aos mandamentos divinos e apenas atraem uma grande multidão; o seu objetivo não é glorificar a Deus, mas exaltar o homem. Temos o dever e a obrigação de honrar a Palavra de Deus. 

2. O sacerdote banhava a sua carne. Era necessário o sacerdote tomar um banho antes de vestir as roupas que oficiaria o ritual do dia da expiação. A higiene, que era feita pelo sacerdote em tomar o banho, a fala da pureza necessária para quem quer se aproximar do Senhor, e este banho é uma figura do que a Palavra de Deus faz na vida do salvo. Paulo fala dessa doutrina quando escreve a Tito, o que torna este ato no dia da expiação uma ilustração do que acontece na vida espiritual: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador.” (Tt 3.5-6). O Espírito Santo usa a Palavra para a pureza do crente. 

A Bíblia diz que as cerimônias e os sacrifícios estabelecidos na lei são “sombra dos bens futuros” (Hb 10.1). Jesus, no que concerne ao Seu ministério, Sua morte e Sua ressurreição, quando empreende a perfeita obra da expiação, é pessoalmente puro e imaculado, como nos afirma o apóstolo Pedro (1ª Pe 1.19). O próprio Senhor Jesus afirmou que se santificou pelos Seus (Jo 17.19). O salvo pode contemplar o seu Senhor em toda a Sua santidade, por Ele ser santificado pela verdade da palavra de Deus e se aproximar da Sua presença. 

3. As vestes para entrar no santuário. Arão tinha que vestir roupas de linho para entrar no santuário, a túnica, ceroulas, um cinto e uma mitra (Lv 16.4), que eram vestes santas. O sumo sacerdote tirava as suas vestes suntuosas e se vestia como os demais sacerdotes. As roupas dos demais sacerdotes lemos em Levítico 8.13. O linho representa a justiça de Cristo e retrata a pureza e o estado de limpeza cerimonial exigida por Deus para que o sumo sacerdote pudesse se aproximar da Sua presença, simbolizando na arca do concerto, no propiciatório sobre a arca e na sua glória ali presente. Tudo isso para hoje podermos entender, pela revelação do Espírito Santo, quão grande foi a obra que Jesus fez para nos conceder o privilégio de termos a glória de Deus em nossa vida. 

Quando o sumo sacerdote Arão despede-se de suas maravilhosas vestes e se adorna com as roupas de linho, como os demais sacerdotes, é como sombra do que Jesus fez, como escreve Paulo aos filipenses: “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” (Fp 2.7). Jesus veio como homem para realizar a obra da expiação. Foi um ato de humilhação (Fp 2.8), pois se esvaziou de toda a Sua glória e como um de nós andou neste mundo para morrer na cruz. Como depois Arão voltava a vestir as suas pomposas vestes, também Jesus hoje está revestido de glória e de honra. Este ato de despir-se só era necessário durante a cerimônia do dia da expiação, e foi o que Jesus também realizou, quando se fez carne. 

III. A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO

1. Deus fez o homem à sua ima­gem e semelhança. Como Criador, tem o maior direito de estipular o procedimento correto para a sua criação, e isso ele fez na forma de leis destinadas para o nosso bem (Dt 10.13). O pior que podemos fazer é violar a lei de Deus. A isso chamamos pecado ou transgressão da lei (1ª Jo 3.4). 

2. A necessidade da expiação surgiu do fato que os pecados de Israel (16.30), caso não fossem expiados, sujeitariam os israelitas à ira de Deus (cf. Rm 1.18; Cl 3.6; 1ª Ts 2.16). Por conseguinte, o propósito do Dia da Expiação era prover um sacrifício de amplitude ilimitada, por todos os pecados que porventura não tivessem sido expiados pelos sacrifícios oferecidos no decurso do ano que findava. Dessa maneira, o povo seria purificado dos seus pecados do ano precedente, afastaria a ira de Deus contra ele e manteria a sua comunhão com Deus (16.30-34; Hb 9.7). 

2. Os pais da humanidade transgrediram a Palavra de Deus; e a culpa deles evidenciou-se pela ten­tativa de se esconderem de Deus. A justiça exigia uma pena pelo pecado. A pena era a morte, a separação de Deus, manifestada pelo afastamento deles do jardim do Éden (Gn 3.8, 24). O pecado é a transgressão da lei, e a justiça decreta que deve ser punido. 

3. O pecado contaminou toda raça humana, desde aquele primeiro momento até a última geração. Paulo resumiu a história e consequências do pecado em Romanos 5.12: “Assim como por um só homem entrou o pecado no mun­do, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. Se morremos em nossos pecados, não podemos ir para onde Cristo está (João 8:21, 24). Vemos, então, que a necessidade suprema de todo homem é ter os pecados expiados, para que receba o perdão dos peca­dos! 

4. Porque Deus desejava salvar os israelitas, perdoar os seus pecados e reconciliá-los consigo mesmo, Ele proveu um meio de salvação ao aceitar a morte de um animal inocente em lugar deles (o animal que era sacrificado); esse animal levava sobre si a culpa e a penalidade deles (17.11; cf. Is 53.4,6,11) e cobria seus pecados com seu sangue derramado.

IV. A EXPIAÇÃO DO SANTUÁRIO 

Arão entrava no santuário com um novilho para expiação do pecado e um carneiro para holocausto (Lv 16.3). Ele não tinha permissão de entrar no Lugar Santíssimo com frequência, por isso, havia a necessidade de ser purificado antes de oferecer sacrifício pelo povo (Lv 16.2). 

1. A expiação pela sua casa. Arão realizava o sacrifício por si e pela sua casa (Lv 16.11). Deus em Seu cuidado com o sumo sacerdote ordena que um novilho seja oferecido como sacrifício para expiação, e, como Arão tinha que entrar no Lugar Santíssimo, era também necessário encher o local com fumaça. Arão tomava o incensário, cheio de brasa do fogo do altar, com os punhos cheios de incenso aromático. Todo esse ritual era essencial que fosse realizado, pois, qualquer desvio, a morte viria sobre o oficiante. Deus provê toda a segurança para os que se achegam a Ele, porém, deve ser feito da maneira como Ele determina, e este princípio permanece em nossos dias. Não podemos ver a obra de Deus de modo diferente. O ensino bíblico exige que obedeçamos ao que diz a Palavra de Deus, para nossa segurança e bênção para a nossa família. 

O sangue do sacrifício era espargido sobre a face do propiciatório para a banda do oriente sete vezes (Lv 16.11). Todo esse belo ritual era perante o Senhor (Lv 16.13). O fogo que era trazido para dentro do santuário e aceito pelo Senhor era fogo do altar onde o sangue era derramado, pois, Deus não aceita outro fogo em Sua presença. Vivemos dias nos quais muitos estão trazendo fogo estranho à presença de Deus. O sangue sobre o propiciatório tornava o ofertante propício a Deus, isto é, permitia que o homem se aproximasse de Deus. Era necessário ser espargido sete vezes, que é o número da perfeição espiritual. Assim como Arão fazia expiação por si e pela sua casa, hoje, da mesma forma, Deus quer abençoar as famílias (Lv 16.11). 

2. A expiação pelo povo. Para expiação pelo povo um bode deveria ser degolado (Lv 16.15). Em todos esses detalhados rituais o sacerdote entrava sozinho na presença de Deus no Lugar Santíssimo, simbolizando o sacrifício da Nova Aliança que Jesus fez por nós, estando sozinho quando fez a expiação pelos pecados do mundo. A segurança do oficiante não estava em seus sentimentos, mas em cumprir o que Deus estabelecera e assim sempre será no nosso relacionamento com Deus. A nossa segurança não está no que achamos ou pensamos, mas em obedecer ao que o Senhor estabelece para ser feito através da Sua bendita Palavra. 

A expiação pelo povo era efetuada pelo sacrifício do bode da expiação (Lv 16.15), e também pelo bode vivo que era enviado ao deserto (Lv 16.21). Esses dois bodes representam dois aspectos das obras que Jesus fez pelo homem, em perdoar os seus pecados e levar sobre si os nossos pecados, como nos ensina a Palavra de Deus (1ª Pe 2.24). 

3. A expiação pelo santuário. Era também necessário fazer expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel (Lv 16.16). Os pecados ou atos involuntários do povo contaminavam o santuário que estava no meio deles, o que impedia a habitação do Senhor no acampamento de Israel. Em toda a liturgia realizada pelo sumo sacerdote há um grande ensino para a Igreja acerca de como o Senhor trabalha para a purificação de todas as coisas. 

Esse ato era repetido anualmente, pois o sangue de bodes e bezerros não pode purificar a consciência do homem das obras mortas (Hb 9.11-14). Em todo o ritual do dia da expiação, o incenso era oferecido ao Senhor dentro do Lugar Santíssimo, simbolizando o bom odor do sacrifício que é oferecido a Deus, tipificando o sacrifício de Jesus Cristo aceito por Deus. Agora não há mais a necessidade de repetir o sacrifício anualmente porque Jesus realizou uma obra perfeita e eterna (Hb 9.11). 

V. O HOLOCAUSTO APÓS A EXPIAÇÃO 

O holocausto é um sacrifício de adoração e Deus deve ser adorado em todas as circunstâncias e em todos os momentos de nossa vida. Após a liturgia, era preparado o holocausto pelo sumo sacerdote e pelo povo (Lv 16.24), para fazer expiação por si e pelo povo. 

1. As vestes depois do sacrifício. Para realizar todo o ritual do dia da expiação Arão despia das suas vestes e vestia as vestes santas de linho, mas, após a realização de toda a liturgia necessária do dia da expiação, ele se banhava e tornava a vestir os seus vestidos magnificentes (Lv 16.23-24). Com os seus vestidos chegava perante o Senhor com o holocausto por si e pelo povo. Uma perfeita figura do que Jesus fez e faz diante do Senhor Deus. Ele se apresenta ao Pai após a obra da redenção por Ele efetuada (Jo 20.16-17).

Segundo o comentarista M. Ryerson Turnbull, o sacerdote se vestia, não nas roupagens brilhantes e multicores do seu ofício, mas numa simples vestimenta do mais puro linho branco. O branco simboliza pureza absoluta. A ausência de adornos na vestimenta de linho significava humilhação pelo pecado (Êx 33.5-6). Em Sua oração, Jesus disse que se santificaria para que Seus discípulos fossem santificados (Jo 17.19). Após consumada a obra, Ele recebe a glória que tinha antes (Jo 17.5). 

2. O homem que levou o bode emissário. Aquele que levava o bode emissário (bode expiatório), para poder voltar a entrar no arraial, precisava lavar os seus vestidos e banhar a sua carne, pois estivera em contato com o animal que simbolicamente levava o pecado do povo. Ele se tornava cerimonialmente impuro por levar o animal para o deserto (Lv 16.26). 

Segundo Russell Norman Champlin: “Nos dias do segundo templo, tal homem precisava ficar na última cabana, a pouco mais de um quilômetro e meio de Jerusalém, até o pôr-do-sol, quando então podia voltar ao convívio social”. O pecado é um mal que o mais simples contato contamina o homem e o torna impossibilitado de permanecer no acampamento do Senhor: Este homem que leva o bode para o deserto é um exemplo da malignidade do pecado e o quanto o mesmo aborrece a Deus. Na sua purificação, necessária para a sua entrada no arraial, podemos agradecer a Deus por ter realizado tudo para que pudéssemos retornar para o acampamento, e desfrutar da Sua grandiosa presença em nossa vida pelo Seu Espírito que Ele nos concedeu. 

3. Um estatuto perpétuo. No dia da expiação, em que eram feitos sacrifícios pela classe sacerdotal e também pelos leigos, vemos a universalidade do pecado. Os sacrifícios do dia da expiação tornavam abundantemente claros como Deus detesta o pecado, que traz consigo o desespero e a morte para o homem. Deus estabelece esta cerimônia como um estatuto perpétuo: o sacrifício da expiação para que o israelita tivesse sempre a consciência do pecado e como este afeta o relacionamento entre Deus e o homem. A obra de Cristo tem para o cristão este caráter de ser uma obra perpétua. 

Agora, com o sacrifício do dia da expiação e estabelecendo-o como um estatuto perpétuo, Deus está providenciando para o Seu povo uma condição para que o pecado seja expiado e, consequentemente, ele fala sobre um sábado de descanso (Lv 16.31). Deus descansou no sétimo dia, pois o pecado não havia ainda entrado no mundo e este “sábado de descanso” é uma profecia que Deus um dia estabelecerá um sistema onde o pecado não mais existirá.

VI. CRISTO E O DIA DA EXPIAÇÃO 

1. Jesus o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Dia da Expiação está repleto de simbolismo que prenuncia a obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. No NT, o autor de Hebreus realça o cumprimento, no novo concerto, da tipologia do Dia da Expiação (ver Hb 9.6; 10.18)

1.1. O fato de que os sacrifícios do AT tinham de ser repetidos anualmente indica que eles eram provisórios. Apontavam para um tempo futuro quando, então, Cristo viria para remover de modo permanente todo o pecado confessado (cf. Hb 9.28; 10.10-18). 

1.2. Os dois bodes representam a expiação, o perdão, a reconciliação e a purificação consumados por Cristo. O bode que era sacrificado representa a morte vicária e sacrificial de Cristo pelos pecadores, como remissão pelos seus pecados (Rm 3.24-26; Hb 9.11, 12, 24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando os pecados da nação, tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a culpa de todos quantos se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb 9.26). 

1.3. Os sacrifícios no Dia da Expiação proviam uma “cobertura” pelo pecado, e não a remoção do pecado. O sangue de Cristo derramado na cruz, no entanto, é a expiação plena e definitiva que Deus oferece à raça humana; expiação esta que remove o pecado de modo permanente (cf. Hb 10.4, 10, 11). Cristo como sacrifício perfeito (Hb 9.26; 10.5-10) pagou a inteira penalidade dos nossos pecados (Rm 3.25,26; 6.23; Gl 3.13; 2ª Co 5.21) e levou a efeito o sacrifício expiador que afasta a ira de Deus, que nos reconcilia com Ele e que restaura nossa comunhão com Ele (Rm 5.6-11; 2ª Co 5.18,19; 1ª Pe 1.18,19; 1ª Jo 2.2). 

1.4. O Lugar Santíssimo onde o sumo sacerdote entrava com sangue, para fazer expiação, representa o trono de Deus no céu. Cristo entrou nesse “Lugar Santíssimo” após sua morte e, com seu próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono de Deus (Êx 30.10; Hb 9.7,8,11,12,24-28). 

1.5. Visto que os sacrifícios de animais tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo pelo pecado e que se cumpriram no sacrifício de Cristo, não há mais necessidade de sacrifícios de animais depois da morte de Cristo na cruz (Hb 9.12-18). 

Permaneçamos nos mandamentos do Senhor para o nosso próprio bem e para que o nome do nosso Deus seja glorificado. Temos essa responsabilidade sobre os nossos ombros, pois somente a Igreja do Senhor é o povo cujo pecado foi expiado e encontrou salvação na pessoa de Jesus Cristo.