TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 15 de julho de 2021

A VIDA DE ABRAÃO

 


A chamada de Abrão dá início a um novo capítulo na revelação do AT sobre os propósitos divino de redimir e salvar a raça humana,

O chamado de Abrão marcou o início da história que revelou a origem do povo israelita através do qual o Messias veio para redimir e salvar a raça humana. conforme a narrativa de Gênesis capítulo 12. Começamos usando o nome Abrão, porque só a partir do capítulo 17 de Gênesis é que acontecerá a mudança do seu nome para Abraão.

Se olharmos a um tempo atrás para a história de Israel no livro de Gênesis, na Bíblia, que revela que há 4000 anos atrás um homem adentrou em uma jornada nesta mesma parte do mundo, [Israel], que agora é muito bem conhecida. Na Bíblia dizia que a história deste homem afetaria o nosso futuro.

Atualmente, historiadores, arqueólogos e estudiosos dos textos bíblicos admitem que provavelmente um homem chamado Abraão tenha vivido na chamada era dos patriarcas, período histórico que remete à Idade do Bronze, entre 2000 a.C. e 1500 a.C.30.

I. A NACIONALIDADE DE ABRAÃO

1. A origem de Abraão.

A história de Abrão começa em Gênesis 11, onde sua genealogia é lembrada (Gn 11.26-32).

Abraão (por volta de 1800 a. C.) foi um patriarca bíblico, que recebeu de YAHWEH a missão de chefiar os povos semitas (os hebreus, ou israelitas, ou judeus) e migrar para Canaã, terra dos cananeus, depois chamada de Palestina, onde hoje se localiza o Estado de Israel.

Recentemente os arqueólogos encontraram as aldeias com nomes dos familiares de Abraão (seu avô e seu bisavô, Naor e Serugue) numa área da atual Turquia, identificada como a região de Harã.

2. Terá, seu pai, recebeu o nome de um deus pagão adorado em Ur.

Abraão, segundo a Bíblia, é originário da cidade de Ur, dos Caldeus, no sul da Mesopotâmia. Era filho de Terá, descendente de Sem, filho de Noé. Terá teve três filhos: Abrão, Naor, Harã e Harã, o pai de Ló, morreu antes que a família saísse de Ur.

Terá tomou Ló, Abrão e a mulher deste, Sarai, e tirou-os de Ur para irem para Canaã, mas eles se estabeleceram em Harã (Gn 11.31).

O livro de Atos 7.2-4 afirma que Abrão ouviu o primeiro chamado de Deus enquanto ainda estava em Ur.

Abraão é um dos personagens bíblicos mais conhecidos, devido sua história de crer em Deus é considerado o pai da fé.

II. A CHAMADA DE ABRÃO

Gênesis 12.1-3 “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2- E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. 3- E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Esta é uma das maiores promessas das Escrituras; chamada de aliança abraâmica.

1. Ele égide duas coisas e Abraão.

1.1. Sai da tua terra.

1.2. Vai para terra que eu te mostrarei.

1.3. Não questione obedeça a voz do senhor.

2. Deus faz a Abraão cinco promessas.

2.1. Farei de ti uma grande nação.

2.2. Engrandecerei o seu nome.

2.3. Eu abençoarei os que te abençoarem.

2.4. Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem.

2.5. Em ti serão benditas todas as famílias da terra.

3. Abraão, uma das figuras mais importantes da Bíblia. É chamado “o amigo de Deus” (2º Cr 20.7; Tg 2.23).

Embora não tivesse filhos, Deus lhe prometeu, “todas as famílias da terra serão abençoadas através de ti” (Gn 12.3).

Essa aparente contradição possibilitou grandes testes de fé, promessa e realização para Abraão e sua esposa Sara.

Através da vida de Abraão, Deus revelou Seu plano de escolher e fazer aliança com o Seu povo.

Abraão confiou em Deus e então agora é conhecido como o pai do povo escolhido de Deus.

4. O nome de Abrão. O nome Abrão surgiu a partir de Ibrim, que significa “hebreus”, que por sua vez originou o nome Abram, que quer dizer “pai elevado”, “pai ilustre”, “grande pai” ou “pai excelso”.

Seus pais integravam um grupo que adorava a lua na cidade de Ur.

5. Deus mudou o nome de Abrão para Abraão (Gn 17.5). Abrão era o nome original de Abraão, que segundo o livro de Gênesis da Bíblia, teve seu nome mudado por Deus, adicionando à Abram a palavra hamon, que quer dizer “muitos, multidão”, passando a significar “pai das multidões” ou “pai de muitos”. Assim sendo, Abraão (Abrahim, em hebraico) significa “pai de muitos”.

Esta troca de nome foi também uma prova significativa de sua fé em Deus.

Abrão ou Abraão é visto como o patriarca de três das grandes religiões mundiais, o cristianismo, o islamismo e o judaísmo. Além disso, é considerado o fundador do monoteísmo pelos hebreus (culto à um único deus) e o primeiro patriarca da bíblia.

O significado do nome Abrão chega a ser irônico, visto que o personagem descrito na bíblia sagrada não podia ter filhos. Porém, Deus prometeu-lhe que Abrão ainda seria pai de uma grande nação, por isso deu-lhe o nome de Abraão.

Abrão (ou Abraão) é considerado uma das figuras mais importantes na história do cristianismo.

5. Rumo à Canaã. O Antigo Testamento, no capítulo 12 do livro de Gênesis, diz que Abraão, por volta de seus 75 anos de idade, recebeu um chamado de Deus para partir rumo aos recantos de Canaã.

Canaã era a antiga denominação da região correspondente à área do atual Estado de Israel. Lá, Abraão formaria sua prole que daria origem a uma grande nação.

III. UM NOVO LAR

1. Abraão e Sara.

Depois da morte de Terá, então Deus disse a Abrão, “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei”.

Esta ordem foi, portanto, a base para a “aliança” de Deus com Abrão.

Deus prometeu a Abrão fazê-lo fundador de uma nova nação naquela nova terra (12.1-3).

Então, Abrão, confiando na promessa de Deus, partiu de Harã aos 75 anos.

Entrando em Canaã, foi primeiro para Siquém, uma importante cidade de Canaã situada entre o Monte Gerizim e o Monte Eval.

Próximo ao carvalho de Moré, um santuário de Canaã, Deus lhe apareceu (Gn 12.7).

Abrão construiu um altar em Siquém, em seguida mudou-se para as vizinhanças de Betel onde novamente edificou um altar ao Senhor (12.8).

Abrão não somente orava nesse altar, mas “invocava o nome do Senhor”.

Então, Abrão fez uma proclamação, declarando a realidade de Deus nos centros de falsa adoração em Canaã.

Mais tarde mudou-se para Hebrom, próximo aos carvalhos de Manre, onde novamente construiu um altar para adorar a Deus.

IV. ABRÃO SE DESANIMA

1. Abraão - o pai da fé.

Apesar de sua obediência, Abrão ainda não havia recebido o filho prometido por Deus.

Então Abrão providenciou que seu servo, Eliezer de Damasco, se tornasse seu herdeiro (Gn 15.2).

De acordo com os costumes da época, um casal rico e sem filhos poderia adotar um herdeiro para receber sua herança.

Quase sempre um escravo, o herdeiro seria responsável pelo sepultamento e luto de seus pais adotivos.

Se um filho nascesse após a adoção de um escravo-herdeiro, o filho natural poderia então tomar seu lugar.

Deus respondeu a Abrão: “Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti, será o teu herdeiro” (15.4).

Então Deus fez uma aliança com Abrão, prometendo-lhe um herdeiro cujos descendentes se multiplicariam numa grande nação por toda a terra de Canaã.

Novamente Abrão e Sarai tentaram trabalhar sua própria versão dos planos de Deus.

V. ABRAÃO E ISMAEL

Deus anunciou que Abraão teria uma grande descendência ainda no capítulo 15 de Gênesis. Mas Sara, vendo que não era capaz de conceber um filho de Abraão, ofereceu sua serva Agar a Abraão. Então de Abraão Agar concebeu a Ismael. Esse costume de uma serva conceber um filho do seu senhor era uma prática comum da época. Abraão tinha oitenta e seis anos quando Ismael nasceu.

Mais tarde, após o nascimento de Isaque, Agar e seu filho, Ismael, foram despedidos por Abraão. Eles saíram pelo deserto de Berseba. Em Gênesis 21.13, Deus avisa que também faria de Ismael uma grande nação, porque também era descendente de Abraão. É através de Ismael que os árabes estabelecem sua origem até Abraão.

Aos 86 anos ele teve um filho com Hagar, criada de Sarai. Essa criança, chamada Ismael, foi uma bênção, mas não era a que Deus prometera.

Quando tinha 99 anos, Deus apareceu ao idoso Abrão e reafirmou sua promessa de um filho (Gn 17).

Deus então o instruiu a circuncidar seus descendentes como sinal de que eram povo de Deus (Gn 17.9-14).

Ele também trocou os nomes de Abrão e Sarai para Abraão e Sara (Gn 17.5, 15).

Abraão riu à ideia de gerar um filho na sua idade: “Então se prostrou Abraão, rosto em terra, e se riu, e disse consigo: A um homem de cem anos há de nascer um filho?

Dará à luz Sara com seus noventa anos?” (Gn 17.17).

O tempo de Deus certamente não coincidia com o calendário de Abraão, mas este continuou a obedecer e aguardar pelos planos Dele.

VI. DEUS REAFIRMA SUA PROMESSA

Deus faz promessas para Abraão. A destruição de duas cidades, Sodoma e Gomorra, forneceu o cenário para o próximo passo do plano de Deus para Abraão (Gn 18-19).

O capítulo 18 começa com três indivíduos buscando se refugiar do calor do dia em seu caminho para essas duas cidades.

Abraão ofereceu água para se refrescarem e uma refeição a esses misteriosos convidados, que não pareciam ser viajantes comuns.

O Anjo do Senhor junto com outros dois anjos apareceram a Abraão (Gn 18.1-2; 19.1).

Alguns estudiosos acreditam que o Anjo do Senhor era o próprio Deus (Gn 18.17, 33).

Os anjos anunciaram que o filho prometido de Abraão estava próximo. Desta vez, foi Sara que riu ao ouvir a notícia.

VII. NASCE ISAQUE

Enfim, quando Abraão tinha 100 anos e sua mulher 90, “o Senhor fez exatamente o que havia prometido” (Gn 21.1).

O casal idoso não se podia conter de alegria pelo nascimento do filho prometido.

Abraão e Sara riram de incredulidade nos dias da promessa, mas agora riam e se alegravam na sua riqueza.

O bebê, nascido no tempo de Deus, foi chamado Isaque que significa “ele ri!”.

Então Sara disse “Deus me deu motivo de riso; e todo aquele que ouvir isso, vai rir-se juntamente comigo” (21.6).

VIII. A FÉ DE ABRAÃO É PROVADA

Abraão e Isaque.

O riso sobre o nascimento de Isaque cessou, porque em Gênesis 22 Deus ordenou a Abraão sacrificar seu filho Isaque.

Depois de 25 anos esperando a promessa de Deus, pode-se imaginar o trauma de tão sofrido teste.

Abraão pensou que esse teste significava que não haveria herdeiro e nem nação poderosa.

Mas também pensou o que isso significaria se não obedecesse a Deus.

Ele tomou seu filho e foram a um altar preparado para o sacrifício.

Quando estava preparado para desferir o golpe, o anjo de Deus o advertiu chamando “Abraão!”

A vida de Isaque foi poupada e Abraão de fato se tornaria “pai de uma grande nação”.

Deus imaginou que Abraão desejava renunciar a se filho e o quanto ele o amava e desejava obedecê-Lo.

O anjo de Deus disse “Sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho” (Gn 22.12).

Então Abraão viu um carneiro num arbusto próximo.

O anjo explicou que haveria um sacrifício naquele dia, mas não seria Isaque o sacrificado.

Deus providenciou o carneiro como substituto para Isaque.

Abraão deu àquele lugar o nome “o Senhor proverá”.

Esta história apontava para a provisão de Deus dando o seu único Filho, Jesus Cristo, como sacrifício pelos pecados da humanidade.

IX. OS OUTROS FILHOS DE ABRAÃO E SUA MORTE

Abraão tomou outra mulher para si chamada Quetura, talvez após a morte de Sara. Os estudiosos discutem se Quetura realmente foi uma segunda esposa ou apenas uma segunda concubina. O que podemos afirmar é que com Quetura ele teve mais seis filhos: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá (Gn 25.2). Através dos filhos que teve com Quetura, Abraão se tornou também o pai de outros povos, como os midianitas.

A Bíblia diz que Abraão viveu 175 anos, e foi sepultado por Isaque e Ismael no campo de Efrom. A Bíblia também afirma que tudo o que ele tinha deu a Isaque. Para os demais filhos, a Bíblia diz que Abraão deu presentes.

X. CARACTERÍSTICAS DE ABRAÃO

       ·         Abraão é o pai do povo hebreu.

·         Abraão é considerado o pai da fé porque o Novo Testamento ensina que todos que têm fé em Jesus são descendentes espirituais de Abraão.

·         A Bíblia não esclarece praticamente nada da vida de Abraão antes dos 75 anos de idade.

·         Abraão foi pai de Isaque com 100 anos de idade.

·         Abraão era quase um nômade, porém era um homem muito poderoso e rico.

·         Ele era um homem de paz, mas utilizava seus servos como um exército em conflitos ocasionais (Gn 14).

·         Abraão teve encontros pessoais com Deus (Teofanias), e em um deles Deus, em forma humana, visitou Abraão acompanhado por dois anjos (Gn 12.7-9; 18.1-33).

·         Abraão também recebeu a palavra de Deus em sonhos (Gn 15.12-17).

·         Foi chamado pelo próprio Deus de profeta (Gn 20.7).

·         Por duas vezes escondeu que Sara era sua esposa (Gn 12.11-13; 20.5).

·         Abraão é chamado de “amigo de Deus” (2º Cr 20.7; Tg 2.23).

·         Depois de Moisés, é o personagem do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento.

Pr. Elias Ribas

Dr. em teologia

quarta-feira, 14 de julho de 2021

O NOME DE DEUS

 


Salmos 68.4 “Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai montado sobre os céus, pois o seu nome é Senhor, e exultai diante dele.”

I. OS TERMOS USADOS PARA O TETRAGRAMA

O nome hebraico de DEUS no hebraico antigo aparece com as formas abreviadas de Yah (Êx 15.2) e Yahu ou Yeho. Estas duas últimas formas aparecem em inscrições hebraicas e assírias, e também nos papiros escritos em aramaico. Mas o nome abreviado original parece ter sido Yaw, que tem sido identificado com um dos nomes divinos pagãos encontrados nos documentos de Eras Shamra, provenientes do norte da Fenícia, do século XV A.C.

Uma nova ênfase e significado foram dados através de Moisés (Êx 3.15,16; 6.3,6; cp. Gn 12.8), além do que foi compreendido por Abraão quando ele construiu seu altar entre Betel e Ai (Gn 12.8). YAHWEH foi revelado como um nome intensamente pessoal. Foi indicado, ortograficamente, pelo tetragrama YHWH e as transliterações correntes fornecem vogais variadas. Assim, o nome YAHWEH estava inseparavelmente ligado à consciência de Israel e estava inevitavelmente envolvido no relacionamento único da Aliança de Israel com a Deidade. Fundamental para isso foi o fato de que YAHWEH havia tomado a iniciativa, e havia entrado visível e inconfundivelmente nos afazeres da nação de Israel.

Também é importante observar que o nome veio a ter tanta importância que os escribas evitavam pronunciá-lo. Pelo abuso de expressões usavam demasiadamente o uso de nomes alternativos. Isto testemunha não apenas da importância do nome como base para o sentimento de nacionalidade, mas também do respeito que as pessoas sentiam pela fonte sobrenatural de sua história.

“O discernimento do A.T. é que YAHWEH tomou a iniciativa de restaurar o vínculo do conhecimento que existia entre o Eterno e o homem caído, um vínculo que foi quebrado na queda. E foi através da sua revelação a Israel sob o nome de YAHWEH que a história da salvação se desdobrou e tomou-se visível. O desvendamento da natureza de Deus pela entrega deste nome a Israel foi de um significado supremo para todo o sistema bíblico.” [MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 124-125].

II. YHWH É O TETRAGRAMA


YAHWEH
é o nome próprio de Deus Pai no antigo Testamento, escrito pelas quatro consoantes YHWH - o tetragrama termo derivado do grego τετραγράμματον, tetragrammaton, “conjunto de quatro letras”), que na Bíblia hebraica indica o nome próprio de Deus. A escrita hebraica foi usada durante todo o período do Antigo Testamento sem as vogais. Elas nada mais são do que sinais gráficos diacríticos, criados pelos rabinos entre os séculos 5 e 9 a.C., e que são colocados sobre, sob e no meio de cada consoante. Até hoje, esses sinais ajudam muito na leitura de qualquer texto hebraico; todavia, quem já conhece a língua não precisa mais deles. Porém mais tarde por medo de pronuncia-lo em vão passaram a dizer a palavra Hebraica Adonai (Senhor), por isso os Judeus não pronunciam o nome de Deus que é YAHWEH.

Êxodo 3.14 revela que “Elohim” é o que tem existência própria, ou seja, existe por si mesmo. É o imutável, o que causa todas as coisas, é auto existente, aquele que é, que era e o que há de vir, o Eterno. Até hoje, os judeus religiosos preferem chamar Deus de “O Eterno ou “Elohim”, como se encontra na edição de 1988 da Bíblia na Linguagem de Hoje e na edição da Sêfer da Bíblia Hebraica em lugar do tetragrama. Aqui, Deus explicou a Moisés o significado do nome YAHWEH.

Na poesia hebraica, usa-se com frequência a forma reduzida Yah. “Já é o seu nome; exultai diante dele” (Sl 68.4, TB). Isso pode explicar a presença da letra “a” no nome Yahweh. Parece provável que a pronúncia original tenha sido YaHWeH, tanto por causa da forma verbal correspondente, o imperfeito de hãwãh, arcaicamente escrito YAHWEH, como de representações mais recentes desse nome em grego pelas palavras “iaoue e “iabe” (HAR- RIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 346).

A partir de 300 a.C. o nome Adonai passou gradualmente a ser mais usado que o tetragrama até que o nome YAHWEH tornou-se completamente impronunciável pelos judeus. Para evitar a vulgarização do nome e para que a forma não fosse tomada em vão, eles pronunciavam por reverência ’ãdhonãy cada vez que encontravam o tetragrama no texto sagrado, na leitura da sinagoga. Na Idade Média, os rabinos inseriram no tetragrama as vogais de adhonay (HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 347).

Mas os judeus ainda hoje pronunciam “Adonai” ou Elohim para lembrar na leitura bíblica na sinagoga que esse nome é inefável. Esse enxerto no tetragrama resultou no nome híbrido YEHOWAH, que a partir de 1520 os reformadores difundiram como “Jeová”. A forma híbrida “Jeová” não é bíblica, mas foi assim que o nome passou para a cultura ocidental; aos poucos, contudo, esse nome vem sendo substituído pela forma Iavé ou Javé.

Os nomes Adonai e Javé são tão sagrados para os judeus que eles evitam pronunciá-los na rua ou no cotidiano. O segundo nem mesmo nas sinagogas é pronunciado, e no dia a dia eles chamam Elohim de há-shêm, “o Nome” (Lv 24.11, TB; 2ª Sm 6.2).

Nos manuscritos da Septuaginta, encontramos kyrios, “dono, senhor, o Senhor” (BALZ & SCHNEIDER, 2001, vol. I, p. 2437), no lugar de ’ãdõnãy e yhvh. Alguns fragmentos gregos de origem judaica apresentam o tetragrama, mas outros usam kyrios. Isso não é novidade. Jerônimo (347-420) “conhece a prática de, em manuscritos gregos, inserir o nome de DEUS (YAHWEH) com caracteres hebraicos” (WÜRTHWEIN, 2013, p. 262). A Septuaginta, como tradução, foi submetida a revisões e recensões e, por isso, até hoje ninguém sabe qual foi exatamente o texto original ou o que foi alterado no transcorrer dos séculos. Uns afirmam que o nome kyrios é original: “Assim, no contexto de uma revisão arcaizante e hebraizante, o tetragrama parece ter sido inserido na tradução antiga no lugar de Kyrios” (op. cit., p. 262). Mas, para outros, é de origem cristã ou teria vindo dos judeus. O certo é que ambos foram usados desde a origem da tradução. [Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 55-58.].

III. O SIGNIFICADO “EU SOU O QUE SOU


1. Escrita na Bíblia ACF.
Êxodos 3.14 “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

2. Escrita no original hebraico.

וַיֹּאמֶר

VAYOMER: E disse

אֱלֹהִים

ELOHYM: Deus

אֶל- מֹשֶׁה

EL-MOSHEH: a Moisés:

אֶהְיֶה

EHYEH: EU SOU

אֲשֶׁר

ASHER: O QUE

אֶהְיֶה

EHYEH: O QUE SOU

É uma tradução comum em inglês (ARA e outras) da resposta de Deus usada na Bíblia hebraica quando Moisés perguntou seu nome.

3. Entenda o nome de do Eterno e o verbo EU SOU.

Em êxodo 3.14 o tetragrama YHWH é relacionado ao verbo “EU SOU”

Primeiro vem o nome de Deus YHWH e depois o verbo: אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה (EU SOU O QUE SOU). Deus se comunica com o personagem por via de uma certeza interior ou pelos sinais que lhe são apresentados. Deus falou a Moisés e lhe disse: “Eu sou YHWH…” (Êx 6,2).

Eu Sou. O nome do Eterno é YHWH. O verbo, EU SOU, numa forma que produz, passado, presente e futuro ao mesmo tempo (EU ERA, EU SOU e EU SEREI. Quando os nomes do “ADONAI” ou “ELOHIM”, se escrevem em letras maiúscula, é uma tradução da palavra hebraica (YAHWEH).

Identificar o Deus que se revela a Moisés com o Deus que antes já havia se revelado a Abraão, a Isaac e a Jacó, os Patriarcas. Aqui está uma proposta de crise — a escolha de um caminho ou de uma fórmula de Fé, expressa por um paradigma anterior, o Deus dos Pais.

Desde o patriarca Abraão até ao período do reino dividido, era costume invocar a YAHWEH mediante o uso do seu nome (Gn 12.8; 13.4; 21.33; 1º Rs 18.24). Era necessário conhecer o nome para que se pudesse estabelecer um relacionamento de comunhão. Veja que Jacó perguntou ao anjo com quem lutava o Seu nome (Gn 32.29). Manoá, o pai de Sansão, fez a mesma pergunta com o propósito de estabelecer um relacionamento espiritual (Jz 13.11- 17). Com Moisés, não foi diferente: “Então, disse Moisés a Deus: Eis que quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse YHWH a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E YAHWEH disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o ELOHIM de vossos pais, o ELOHIM de Abraão, o ELOHIM de Isaque e o ELOHIM de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração (Êx 3.13-15).

YAHWEH estabeleceu um memorial ao seu nome, anunciado aqui, mas concretizado por ocasião da promulgação da Lei, quando foi oficializado o concerto do Sinai (Êx 20.24). Aqui está a base do tetragrama YHWH. No texto hebraico, encontramos a frase ’ehyeh asher 'ehyeh; “EU SOU O QUE SOU”. A substituição do “y” de ‘ehyeh pelo w do tetragrama vem de hãwãh, forma arcaica e sinônimo de HÃYÂH, “ser, estar, existir, tornar-se, acontecer”, cuja primeira pessoa do imperfeito é ‘EHWEH, e cuja terceira pessoa é YHWEH.

O nome de Deus é YAHWEH, como está registrado no Antigo Testamento: “Eu, eu sou YAHWEH, e fora de mim não há salvador” (Is 43.11). “YAHWEH é o meu nome eternamente, e este é o meu memorial de geração em geração” (Êx 3.15).

O verbo EU SOU após o nome que ELOHIM deu a si mesmo quando encarrego Moisés de libertar os israelitas do Egito (Êx 3.14). YAHWEH é o único Ser independente, inteiramente auto subsistente no Universo. Tudo o que existe depende dele (Gn 1.1; cf. Cl 1.17; Hb 1.3,10). Ele não precisa de ninguém ou de nada, visto que Ele possui em si mesmo todos os relacionamentos possíveis do Eterno Criador. Tudo o que existe foi criado por Ele para sua própria glória. CRISTO declarou ser Ele mesmo o grande “EU SOU”. Em João 8 Ele afirma que diz a verdade, e apoia isto declarando que está dizendo o que ouviu (v. 26), viu (v. 38), e foi ensinado pelo Pai (v. 28), e pode corroborar com Ele em qualquer momento (v. 29). Ele conclui seu argumento usando a expressão “Eu Sou” (v. 58). Quando Ele disse: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou”, os judeus perceberam que isto era uma reivindicação de Divindade, particularmente porque Ele estava retornando ao “Eu Sou” do v. 24. “Se não crerdes que eu sou [a palavra 'Ele' não consta no texto grego], morrereis nos vossos pecados”. Foi por isso que eles pegaram em pedras para o matar. Eles perceberam que Ele estava identificando-se com o “EU SOU O QUE SOU” de Êxodo 3.14. Encontrou expressões similares de “Eu Sou” em João 4.26; 9.9; 18.5; Mateus 14.27; Marcos 13.6; 14.62; Lucas 22.70; 24.39. No entanto, ao menos em Mateus 14.27, quando CRISTO veio até os discípulos andando sobre as águas agitadas pela tempestade, Ele se anunciou dizendo: “Sou eu” (Gr. ego eimi). [PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 708-709].

IV. A AUTO EXISTÊNCIA DE YAHWEH

Atributos ou condições de Yahweh, implícitos nesse nome: auto existência; eternidade; imutabilidade; constância; fidelidade. No templo de Apoio, em Delfos, foi encontrada uma inscrição que dizia: eimi (no grego, “eu sou”). O trecho de João 8.58 alude ao presente texto, e isso refere-se à eternidade do Logos e à Sua união com DEUS Pai. “Eu sou... e além de mim não há DEUS” (Is 44.6). Temos aí uma declaração contrária ao politeísmo, o que provavelmente também está entendido no Eu Sou do presente texto. Seja como for, o Novo Nome de ELOHIM indicava uma nova revelação. O projeto de ELOHIM estava por trás dessa nova revelação. [CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 315].

DEUS prontamente lhe dá instruções completas a esse respeito. DEUS agora seria conhecido por dois nomes:

Um nome que denota o que Ele é em si mesmo (v. 14): Eu sou o que sou. Isto explica o seu nome Yahweh, e significa:

1. Que Yahweh é auto existente. Ele tem a sua existência em si mesmo, e não depende de ninguém. O maior e melhor homem do mundo deve dizer: “Pela graça de DEUS, sou o que sou”. Mas DEUS diz de uma forma absoluta - pois Ele é mais do que qualquer criatura, homem ou anjo, e só Ele pode dizer - “Eu sou o que sou”. Sendo auto existente, só Ele pode ser autossuficiente, e, portanto, todo-suficiente, a fonte inesgotável de vida e alegria.

2. Que Yahweh é eterno e imutável, e sempre o mesmo, ontem, hoje e eternamente; Ele pode ser aquilo que quiser ser. Ele é, Ele era, e Ele há de vir. (Ap 1.8).

3. Que não podemos, investigando, descobri-lo. Este é um nome que censura todas as indagações ousadas e curiosas a respeito de ELOHIM, e na verdade diz: Não pergunte o meu nome, visto que é segredo, Juízes 13.18; Provérbios 30.4. Perguntamos o que DEUS é? E suficiente para nós sabermos que Ele é o que é, o que Ele sempre foi, e sempre será. Quão pouco é o que temos ouvido dele! Jó 26.14. Que Ele é fiel e verdadeiro em todas as suas promessas, imutável em sua palavra assim como em sua natureza, e não um homem que mente. Que Israel saiba disso: EU SOU me enviou a vós. [HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pg. 235].

 Pr. e Dr. Elias Ribas


terça-feira, 13 de julho de 2021

A ORIGEM DOS HEBREUS

 


I. COMO SURGIU A NAÇÃO DOS HEBREUS

1. O pai dos hebreus. Por volta de 2.000 a.C., em Ur dos caldeus, uma das mais prósperas cidades da Mesopotâmia, hoje sul do Iraque, teve início a intrigante e significativa história dos hebreus. Abraão, cujo nome significa pai de uma grande nação, foi chamado por Deus. Nesse chamado Deus disse: “Ora, o Senhor disse a Abrão: sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome e tu serás uma benção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.1-3).

Em Abraão se concentrará o plano glorioso da redenção da humanidade: “far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção”.

A história de Abraão, que faz parte da história da nação de Israel, foi significativa porque, dentro do plano elaborado por Deus para abençoar as outras nações, ela foi a principal ferramenta.

Pela disposição que Abraão teve em ouvir o Senhor e se envolver no projeto que lhe fora apresentado, Deus o teve na mais alta consideração, chamando-o de amigo (Tg 2.23). Essa amizade permitiu a Abraão falar com Deus, ser visitado por Ele, e ouvir, de primeira mão, planos especiais que o Senhor tinha consigo e com a sua descendência.

Do capítulo 12 ao 25 do livro de Gênesis, temos o relato dos principais fatos ligados à história do patriarca Abraão. Podemos ver como foi a sua chamada e suas primeiras peregrinações por Canaã (Gn 12); seu envolvimento solidário na defesa do território de Canaã e o seu encontro com o sacerdote e rei Melquisedeque (Gn 14); o recebimento dos anjos em sua casa e sua intercessão pelas cidades pecadoras, Sodoma e Gomorra (Gn 18); o cumprimento da promessa de recebimento de um filho, nascimento de Isaque (Gn 21) e sua resistência diante da prova de oferecer seu filho em sacrifício (Gn 22).

2. A origem do termo hebreu. A primeira vez nos livros de Moisés (Torá, para os judeus; Pentateuco, para os cristãos) em que o termo “hebreu” aparece é no livro de Gênesis 14:13, referindo-se, exatamente, ao pai deste povo, Abraão: Gênesis 14.13: “Então veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol, e irmão de Aner; eles eram confederados de Abrão.”

Embora a tradição judaica ofereça pelo menos duas correntes para explicar o nome, vamos considerar aquela que é mais aceita pela maioria dos teólogos. Ela se refere aos descendentes de Héber (עֵבֶר em hebraico). O livro de Gênesis, capítulo 10, a partir do versículo 21, fala dos descendentes de Noé e das nações que se formaram a partir deles. Noé teve três filhos: Sem, Cam e Jafé, além de outros mais que nasceram depois do dilúvio. Héber foi um dos trisnetos de Sem, filho de Noé.

O nome de Héber é importante porque, segundo a tradição judaica, foi graças a ele que a língua que eles falam foi preservada por Deus. Segundo a tradição judaica, Héber teria se recusado a participar da construção da Torre de Babel e, portanto, o idioma hebraico foi preservado e recebeu este nome em homenagem a Héber, e desta forma, deu também nome ao povo que falava Hebraico, o povo Hebreu.

Etimologicamente, a palavra “Hebreu” pode derivar do verbo “avar”, que em hebraico significa “ultrapassar”, “passar”, “ir além”. De “avar” vem “ivrì” (“passado além”). Muitos veem nessa raiz etimológica uma referência à viagem de Abraão, que, como nômade, deixou a Mesopotâmia para se estabelecer na região de Canaã.

3. A origem da língua hebraica. Enquanto o termo “hebreu”, refere-se a uma nacionalidade, ou seja, especificamente aos antigos israelitas, a língua hebraica clássica, uma das mais antigas do mundo, pode ser considerada como abrangendo também os idiomas falados por povos vizinhos, como os fenícios e os cananeus. De facto, o hebraico e o moabita são considerados por muitos, dialetos da mesma língua.

O hebraico assemelha-se fortemente ao aramaico e, embora menos, ao árabe e seus diversos dialetos, partilhando muitas características linguísticas com eles.

O hebraico bíblico (também chamado de hebraico clássico) é a forma antiga do hebraico, na qual a Bíblia hebraica e diversas inscrições israelitas foram escritas.

Nos dias de hoje, não é falado em sua forma “pura”, embora seja estudado com bastante frequência por judeus, teólogos cristãos, linguistas e arqueólogos israelenses como forma de adquirir uma maior compreensão da Bíblia hebraica e da filologia dos idiomas semitas. Atualmente o hebraico clássico costuma ser ensinado nas escolas públicas de Israel.

O hebraico bíblico e o hebraico moderno são diferentes em sua gramática, vocabulário e fonologia. Embora as regras gramaticais das duas variantes tenham muitas divergências, o hebraico bíblico costuma ser empregado na literatura hebraica atual, de maneira paralela ao uso de construções clássicas e bíblicas que costuma ser feito na literatura moderna de língua inglesa.

O hebraico antigo (linguística) língua extinta falada pelos judeus entre os séculos X a.C. e IV d.C., em que acredita-se ter sido usada para escrever a Torá no 3.300 a. C, por Moisés.

II. A DIFERENÇA ENTRE ISRAELITA, HEBREU E JUDEU

Como já vimos, o termo hebreu designa a língua que o povo semita fala.

1. Israel. O termo Israel (ישׁראל, em hebraico), é a versão em português do termo “filhos de Israel” (Bnei Yisrael), que aparece várias vezes na Bíblia (são 608 vezes em traduções como a Almeida). O nome “Israel”, que no hebraico significa “lutar com Deus”, foi atribuído a Jacó quando atravessava o vale de Jaboque:

Gênesis 35.10 “E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel.”

Jacó é filho mais novo de Isaque. Seu nome, em hebraico, é Yakoov e significa “Deus protege”. Ele integra a lista dos três patriarcas hebreus, que marcaram a história de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Sua história foi pontilhada de episódios dramáticos desde o seu nascimento. Deus ouviu as orações de Isaque, pois Rebeca era estéril (Gn 25.21). O texto diz que, no ventre, havia uma luta entre os bebês (Gn 25.22). Jacó nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão. Diante disso, o seu nome passou a ter o significado de “aquele que segura pelo calcanhar” ou “suplantador”.

“Era o terceiro no plano de DEUS para iniciar uma nação descendente de Abraão para daí nascer Jesus (Gl 3.16). O sucesso deste plano se deu mais 'apesar de' do que 'em razão da vida de Jacó. Antes de Jacó nascer, DEUS prometera que seu plano se desenvolveria através dele, e não de seu irmão gêmeo, Esaú. Embora os métodos de Jacó nem sempre fossem respeitáveis, suas habilidades, determinação e paciência tinham de ser reconhecidas. Ao acompanharmos sua vida desde o nascimento até à morte, vemos a mão de DEUS trabalhando.” [Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 46].

O nome de “Jacó” teve origem na maneira em que se deu o seu nascimento. (cap. 25.26). “Jacó, o suplantador”, pelo fato de nascer segurando o calcanhar de seu irmão. Teve em Rebeca, uma mãe parcial, isto é, que o favorecia. Então Rebeca concentrou seu amor, seus cuidados ao seu filho Jacó.

Assim a benção da primogenitura, que por direito pertencia a Esaú, foi passada para Jacó. Sua mãe tudo planejou e executou rapidamente.

Eis o perigo do favoritismo dos pais em relação aos filhos. A destruição da unidade da família. O texto revela na mãe parcial, àquela que ensina o predileto a mentir, mais do que isto, mentir ao próprio pai. Nota-se ainda o filho desrespeitoso para com o pai já velho e cego.

Por aquele ato a mesma mãe desperta no filho ofendido o ódio e o desejo de vingança. Quadro desolador esse, se bem que os acontecimentos posteriores em torno da família de Isaque, demonstram que no controle superior de Deus, até mesmo esse acontecimento foi convertido para o desenvolvimento do seu propósito.

1.2. Jacó no vale Jaboque. Jacó deixa sua família, os servos e os animais. “Jacó, porém, ficou só” (Gn 32.24) no vale Jaboque, que é um ribeiro que corre numa profunda fenda das montanhas de Gileade, em direção ao Jordão. Ali, sozinho, durante toda a noite ele lutou com um varão. “… Não te deixarei ir, se não me abençoares.” (Gn 32.26). Ele não queria perder aquela oportunidade, precisava de benção de Deus.

A. O desesperado Jacó clamou: “… Não te deixarei ir, se não me abençoares.” (v. 26) e o grito do desesperado pela benção transformou Jacó num novo homem, com um novo nome. (v. 28). Ele de fato tinha “prevalecido,” pois essa é a maneira de agir do Deus infinito em misericórdia: ele não pode ser derrotado pela nossa força, mas sempre é vencido pelo nosso clamor. E, assim o Jacó sem esperança saiu mancando, agora como Israel, pois “tinha visto a face de Deus.”

B. Deus muda seu nome. Jacó alcançou a sua benção: “… Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel…” (v. 28). Agora, não mais seria chamado como enganador ou suplantador, mas como “Campeão com Deus,” “Príncipe com Deus.” (2ª Co 5.17).

2. O termo “judeu”. A Bíblia hebraica, o termo israelitas é usado de forma intercambiável com o termo Doze Tribos de Israel. Embora relacionados, os termos hebreus, israelitas e judeus não são intercambiáveis em todas as instâncias.

O termo Judeu (יְהוּדִי em hebraico), está ligado ao nome Judá a um dos filhos de Jacó, mas não quer dizer que ele se refira apenas ao povo desta tribo. Judeus foi o nome dado as duas tribos, uma sendo de Judá e outra de Benjamin. Esse termo era, inicialmente, usado para designar os habitantes da Judeia, que era uma antiga região do Oriente Médio. Portanto, o termo “judeu” se refere ao povo de todas as 12 tribos. Vamos ver o porquê disso.

2.1. A divisão dos reinos. Com o descontentamento constante das tribos, sob o domínio de Salomão, o reino se divide em duas partes sob o governo do filho de Salomão, Roboão. Dez tribos se rebelam contra impostos cobrados por Salomão e reivindicam a Roboão negociá-las. Diante da negativa do jovem rei Roboão, dez tribos se rebelam formando um reino à parte. Assim, duas tribos ficam com Roboão, continuando Jerusalém como sede do reino de Judá (1º Reis 12) e o reino de Israel, tendo Samaria como sede e Jeroboão, como rei. Jeroboão era filho de Nebate, efrateu de Zereda, servo de Salomão (1º Reis 11.26; 12.19-20). Diversas crises políticas e religiosas acabam levando à decadência dos dois reinos: o reino de Israel é destruído pelos assírios, enquanto o reino de Judá é levado para o cativeiro babilônico que durou 70 anos.

No exílio, o povo israelita começa a tomar consciência do seu papel no “Plano de Deus”. Após alguns anos, retornam para sua terra e reconstroem o Templo, reorganizando suas Escrituras. Com estes fatos, encerra-se a história do período das Escrituras Hebraicas.

Com o retorno de algumas comunidades judaicas para a Judeia, uma renovação religiosa levou a diversos eventos que seriam fundamentais para o surgimento do Judaísmo como uma religião mundial. Entre estes eventos, podemos mencionar a unificação das doutrinas mosaicas, o estabelecimento de um cânon, a reconstrução do Templo de Jerusalém e a adoção da noção do “povo judeu” como povo escolhido, através do qual seria redimida toda a humanidade.

Nos tempos de Jesus os descendentes de Abraão eram chamados de judeus. Por sua origem e hábitos culturais Jesus era um judeu, a religião praticada pelos judeus posteriormente passou a ser chamada de judaísmo, por conta de Jesus ser visto por seus seguidores como o Cristo, seus discípulos foram denominados de cristãos. Embora Moisés seja conhecido como hebreu e Jesus tenha sido um judeu, eles são a continuidade de uma mesma aliança feita por Deus com Abraão, e ambos foram incumbidos da mesma missão conduzir as pessoas a Deus e a Terra prometida.

Com o passar do tempo as palavras “hebreu” e “judeu” passaram a ser tomadas como sinônimos, mas na verdade não o são. Em português (também em inglês, francês, alemão...) normalmente usamos o termo “hebreu” para indicar a língua e o povo da antiguidade, antes do exílio em Babilônia e a palavra correspondente a “judeu” para definir a cultura, a religião e o povo depois do exílio.

III. A ORIGEM DA LÍNGUA HEBRAICA

O Hebraico (escrito em caracteres hebraicos עברית, “ivrit”, ou também chamada de לשון הקודש Lĕshôn Ha-Qôdesh Língua Sagrada, devido ao fato de ser a língua em que foi escrita a Torá) é uma língua que pertence ao ramo das línguas semíticas, ao qual pertencem o árabe , o aramaico e o síriaco, sendo que os estudiosos creem que sejam todas originadas de um mesmo idioma-raiz conhecido como paleo-semítico, que teria existido cerca de quatro mil anos atrás. O hebraico seria uma ramificação desta raiz, desenvolvido entre o povo hebreu, e cuja história pode ser dividida em dois estágios principais:

1. Ivrit ou Hebraico Antigo, língua falada pelo antigo povo de Israel desde a época dos patriarcas, tendo uma forte influência canaanita-egípcia. Sua escrita era efetuada no antigo alfabeto hebraico, ainda utilizado atualmente pelos samaritanos. Esta língua perduraria até o Cativeiro em Babilônia.

2. Ashuri, ou hebraico moderno. Essa língua adotada pelos judeus após o retorno de Babilônia, derivada do aramaico, possuindo um alfabeto quadrado. Com a adoção da língua aramaica também o antigo hebraico passou a ser escrito com este alfabeto (o mesmo que se utiliza desde então, até nossos dias no hebraico moderno). A adoção da escrita hebraica com caracteres aramaicos é atribuída a Ezra, o escriba. Esta língua continuará sofrendo influências de outros idiomas através da história judaica, e serve de base para o que conhecemos como o Hebraico Moderno. De acordo com os religiosos judeus o Hebraico é a língua original do ser humano, a única que teria se mantida não-corrompida após a dispersão de línguas ocorridas durante os eventos relacionados à Torre de Babel, e que teria sido transmitida pelo patriarca Abraão aos seus descendentes.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

sábado, 10 de julho de 2021

OS 5 ENCONTROS COM DEUS QUE MARCARAM A VIDA DE JACÓ



Avida de Jacó foi marcada por cinco encontros com Deus. Cada um desses encontros transformou Jacó e foi importante para o aproximar mais de Deus. Assim como Deus mudou Jacó, Ele também muda a vida de cada crente ao longo do tempo.

Esses foram os cinco encontros de Jacó com Deus:

I. EM BETEL

A primeira vez que Deus falou com Jacó foi quando ele fugiu de casa, depois de ter enganado seu pai e roubado a bênção de seu irmão. Jacó adormeceu em Betel e viu anjos subindo e descendo uma escada que chegava aos céus. Deus lhe apareceu e prometeu cuidar dele e o trazer de volta à sua terra natal (Gn 28.13-15).

Jacó era traiçoeiro e estava fugindo das consequências de suas ações, mas Deus o abençoou. O amor de Deus é incondicional. Jacó não mudou logo seu comportamento mas ele prometeu adorar a Deus se Ele cuidasse dele nas suas viagens.

Veja aqui a história de Jacó.

II. A ORDEM PARA VOLTAR

Deus realmente cuidou de Jacó, lhe dando uma família e muitas riquezas. Vinte anos depois, Deus falou novamente com Jacó e o mandou voltar para casa. Labão, o sogro de Jacó, se sentia ameaçado com a riqueza de Jacó. Por isso, Jacó obedeceu a Deus (Gn 31.2-3).

Jacó fugiu de Labão, levando sua família e tudo que tinha. Labão ficou zangado com essa atitude covarde, mas Deus protegeu Jacó. Jacó reconheceu a proteção de Deus em sua vida (Gênesis 31:42).

III. A LUTA COM DEUS

Jacó ainda estava com medo de encontrar seu irmão. Ele enviou sua família à sua frente e passou uma noite sozinho. Nessa noite ele lutou com um homem que na verdade era um anjo de Deus. O homem deslocou sua coxa, mas Jacó não o largou e exigiu uma bênção! (Gn 32.26-28).

O homem mudou o nome de Jacó. A Bíblia conta que Jacó nasceu agarrado ao calcanhar (hebraico aqeb) de seu irmão gêmeo mais velho, Esaú. Daí, o nome “Jacó” vem do hebraico ya’aqob e significa “ele agarrava” ou “ele agarra”. Devido a esse episódio e uma variação do substantivo hebraico que significa calcanhar, o nome Jacó é geralmente traduzido por “apanhador de calcanhar” ou “suplantador”, que é derivado de “dominar” ou “segurar pelo calcanhar”. Para Israel (“ele luta com Deus”). De manhã, Jacó era um homem diferente. Ele ganhou coragem, foi na frente de sua família e consertou tudo com seu irmão, que ficou muito feliz de o ver.

Jacó recebeu o Toque Divino da Mudança e recebeu transformações importantes. Jacó passou a ser chamado de Israel que significa “o que luta com Deus”. O fraco Jacó torna-se o poderoso Israel, pois o seu nome também pode ser traduzido como “aquele que luta com Deus e prevalece”. Até aquele momento, ele era Jacó o agarrador de calcanhar, e podia ter até alguma espiritualidade, mas era apenas Jacó, mas Deus veio para torná-lo Israel, o que tem as promessas eternas de Deus.

IV. JACÓ SE DEDICA A DEUS

Algum tempo depois de voltar para casa, Deus falou outra vez com Jacó. Estava na hora de cumprir sua promessa (Gn 35.1). Jacó chamou sua família e mandou que todos se purificassem. Ele enterrou todos os ídolos que tinha e voltou para Betel, onde construiu um altar a Deus. A partir desse momento, Jacó se dedicou totalmente a Deus.

V. A BÊNÇÃO PARA IR PARA O EGITO

Quando Jacó já era muito idoso e descobriu que seu filho José estava no Egito, ele decidiu se mudar para lá. Mas, antes de ir, ele consultou a Deus. Jacó tinha passado de um homem traiçoeiro, que fazia tudo que queria, para um homem que procurava fazer a vontade de Deus.

Deus abençoou Jacó mais uma vez e lhe disse para ir para o Egito sem medo (Gn 46.2-4). Jacó foi e viveu o resto de seus dias em paz, com sua família. Como prometido, Deus abençoou os descendentes de Jacó, que se tornaram a nação de Israel.

O crescimento espiritual dura a vida toda. A transformação de Jacó foi um processo demorado e ele cometeu muitos erros pelo caminho. Mas, no fim, ele se tornou um homem dedicado a Deus. Abra seu coração e Deus também trabalhará na sua vida!

AS QUATRO ORDENS DE DEUS A JACÓ

Genesis 35.1 “DEPOIS disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu, quando fugiste da face de Esaú teu irmão.”

INTRODUÇÃO. Talvez esse foi um dos momentos mais difíceis da vida de Jacó, e foi justo nesse momento que Deus encontrou a oportunidade para mudar a vida de Jacó para sempre.

É nos momentos mais difíceis da nossa vida que Deus sempre se revela para nos confortar e nos dar uma experiência com Ele.

Significado do nome de Jacó - Aquele que agarra.

Mas para que a benção de Deus se manifestasse na vida de Jacó ele teve que obedecer quatro ordens.

I. LEVANTA-TE: DEUS QUER UMA NOVA POSTURA

Jacó não estava prostrado fisicamente, mas sim espiritualmente, aquele momento era de dificuldade para ele, e Deus não queria ver Jacó prostrado diante das dificuldades e sim de pé.

Deus não quer que nos prostremos diante das dificuldades, Deus nos quer como um valente soldado na guerra pronto para pelejar contra as intempéries desta vida.

Levante-se, Esforça-te e tem bom animo, porque o Senhor é Contigo.

Não deixe as circunstâncias da vida baixar a sua cabeça.

II. VAI ATÉ BETEL: DEUS QUER NOS DAR UMA DIREÇÃO

1. Para que a bênção Deus se manifeste temos que estar atentos a direção que Deus está nos dando. Quando estamos na direção de Deus, por mais espinhoso que seja o caminho, podemos ter a certeza que a vitória é certa.

2. Betel significa “Casa de Deus”, ou seja, o lugar aonde Deus escolheu para nos encontrarmos com Ele.

Betel é o lugar da intimidade, da adoração, Betel é o lugar aonde podemos derramar a nossa alma diante de Deus.

Dois exemplos bíblicos.

Ana, mãe de Samuel. 1º Sm 1.7-20E assim fazia ele de ano em ano. Sempre que Ana subia à casa do SENHOR, a outra a irritava; por isso chorava, e não comia. 8 Então Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos? 9 Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli, sacerdote, estava assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do SENHOR. 10 Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente. 11 E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao SENHOR o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha. 12 E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o SENHOR, Eli observou a sua boca. 13 Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada. 14 E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. 15 Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR. 16 Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora. 17 Então respondeu Eli: Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste. 18 E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste. 19 E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana conheceu a Ana sua mulher, e o SENHOR se lembrou dela. 20 E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao SENHOR.”

Asafe no Salmo 73 “Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor DEUS, para anunciar todas as tuas obras.”

III. HABITA ALI: DEUS QUER PERSEVERANÇA

Não adiantaria nada Jacó chegar a Betel e no mesmo dia voltar embora, Deus queria que Jacó permanecesse naquele lugar.

Deus quer que permanecemos no lugar que ele preparou pra nós.

Temos que ser firmes e constantes muitas pessoas deixam de desfrutar das bênçãos e da graça de Deus por não permanecerem na Betel de Deus.

IV. EDIFICA UM ALTAR: DEUS QUER COMUNHÃO

O altar é lugar máximo da nossa intimidade com Deus, altar significa sacrifício, renúncia e adoração.

Todos nós temos que edificar altares, pois o altar é a marca da nossa comunhão com Deus.

CONCLUSÃO. Havia um propósito de Deus na vida de Jacó, mas para que esse propósito se realizasse Jacó teve que obedecer a essas quatro ordens que Deus lhe deu.

Façamos como Jacó para que a bênção de Deus seja manifesta nas nossas vidas.