TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

A VIGILÂNCIA CONSERVA PURA A IGREJA



LEITURA ÍBLICA

Mateus 25.1-13. “Então, o Reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 2 - E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. 3 - As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. 4 - Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. 5 - E, tardando o esposo, tosquenejaram todas e adormeceram. 6 - Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro! 7 - Então, todas aquelas virgens se levantaram e prepararam as suas lâmpadas. 8 - E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. 9 - Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. 10 - E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 11 - E, depois, chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta! 12 - E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. 13 - Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir.”

INTRODUÇÃO

Nestes últimos dias o Espírito Santo de Deus quer nos despertar dizendo que o tempo se abrevia (1ª Co 7.29). Meditemos hoje na parábola de Jesus, escrita em Mateus 25.1-11, onde encontramos 10 virgens que ouviram o clamor da meia-noite (v. 6)  mas apenas cinco delas estavam preparadas para ele. Deus nos abra os corações para compreendermos a sua Palavra, pois temos a necessidade de estar devidamente preparados! Amém.

Vigilância remonta a uma atenção objetiva para consigo mesmo diante de Deus, uma consciência de passar em revista o nosso coração diante do Pai. Esse exercício requer pureza interior, honestidade para consigo mesmo. Só consegue fazer isso quem compreendeu profundamente as implicações do Evangelho na vida presente e na do porvir. Assim, à luz da pessoa bendita de Jesus Cristo, somos estimulados a vigiar em todo tempo. O nosso Senhor nos disse que deveríamos ficar despertados para compreender os tempos em que vivemos e conservar a fé até que Ele venha buscar a sua noiva. Sejamos, pois, vigilantes!

I. MEIA-NOITE: O DIA QUE JÁ PASSOU

1. À meia-noite (exatamente às 24 horas), o dia terminou definitivamente. Tudo o que nele aconteceu pertence ao passado, ao dia de ontem. Este é o sentido da expressão à “meia-noite”. Ela nos fala de um dia, de um período de tempo que terminou. Do ponto de vista bíblico, o período de tempo (“o dia”) que está para terminar é a dispensação da Igreja (Rm 11.25; Lc 21.24), e no momento em que Jesus arrebatar a sua Igreja fiel, este período haverá terminado definitivamente. Vivemos, portanto, os últimos momentos da Igreja aqui na terra.

2. A Bíblia diz que somos o sustentáculo da verdade (1ª Tm 3.15). Que grande é a nossa responsabilidade! Por isso Jesus mandou que trabalhemos enquanto é dia (Jo 9.4), pois a NOITE há de vir, e então não será possível fazer mais nada!

À meia-noite o dia findou, tudo o que aconteceu pertence ao passado, ao ontem. Notamos que o Novo Testamento é mencionado ao lado da vigilância espiritual. A razão para isso é que a vigilância necessária não é uma questão meramente humana, mas espiritual. Necessitamos da graça de Deus, da orientação do Espírito Santo e de sua parceria para resistir a tudo o quanto pretende nos tirar do alvo, da meta do Reino de Deus. É preciso cultivar uma vida de oração e de vigilância.

II. MEIA-NOITE: INÍCIO DE UM NOVO DIA

Este fato diz respeito ao mundo inteiro. Aproxima-se o momento exato, à meia-noite, quando um novo dia vai raiar. Que dia será esse? O atalaia responde: - “Vem a manhã e vem também a noite” (Is 21.11,12).

1. A manhã começará. Um novo dia, o dia da eternidade, cujo início se dará quando Jesus chamar para si aqueles que lavaram suas vestiduras em seu precioso sangue. Esse é o dia de Jesus Cristo (1ª Co 1.8; 2ª Co 1.14; Fp 1.6,10; 2.16). Naquele momento, melhor do que nunca, Jesus verá o fruto do seu trabalho e de seu sofrimento (Is 53.11). Os que são do Senhor ressuscitarão e serão transformados, os vivos (1ª Co 15.23), e Jesus levará a sua Noiva para a sala das bodas, onde a Igreja e o Cordeiro se unirão para todo o sempre (2ª Co 11.2; Ap 19.9; 21.9). Desde já oremos e digamos: “Amém. Ora vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).

2. A noite vem. Quando Jesus levar a Noiva, começará também o “dia da ira do Cordeiro”, para o mundo que rejeitou a Jesus (Ap 6.16,17). O grande lagar da ira de Deus será pisado sem misericórdia (Ap 14.9; 15.7; 16.19; 19.15). As trevas dominarão a terra (Is 8.21,22). Para os homens que não houverem dado crédito às palavras de Deus começará o dia da vingança, e a ira de Deus será executada repentinamente, assim como foi nos dias de Noé (Gn 7.11,12; Mt 24.39).

À meia-noite é o anúncio de um novo dia, mas também a chegada da noite também.

“O cumprimento dessa profecia [Mt 24.15, ‘abominação da desolação de que falou o profeta Daniel’] ocorreu em dezembro 167 a.C., quando Antíoco Epifânio colocou um símbolo cultual pagão no altar dos holocaustos, e dedicou o templo de Jerusalém ao deus grego, Zeus. Mas tanto Daniel quanto Jesus viram um cumprimento mais importante. Daniel 12.1 dá um pulo para à frente, para o tempo da Grande Tribulação, e a identifica como ‘um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele tempo’. Jesus também identificou aquele tempo como a ‘grande aflição’ (Mt 24.21). No mundo presente, muitos crentes já estão sofrendo aflição, mas a Grande Tribulação será marcada pela ira de Deus mais do que qualquer coisa que o mundo já tem conhecido, conforme indica Apocalipse 6 - 18. Naquele período, também surgirá um ditador mundial, o Anticristo” [NORTON, Stanley (Ed.) Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, pp. 633,634].

II. MEIA-NOITE, A HORA DE TREVAS

Para o povo de Deus, familiarizado com as Escrituras, nada parece estranho nem admirável, quando vemos trevas, angústias e dificuldades, pois sabemos, pela Bíblia, que estas coisas anunciam a vinda iminente de Jesus. O “lugar escuro” em que vivemos (2ª Pe 1.19), parece iluminado pelas promessas gloriosas da Palavra de Deus. As nossas almas se consolam com as profecias, pois quanto mais escura a noite, mais perto estamos da vinda de Jesus.

1. A natureza sente as trevas. Quando Jesus morreu, o Sol deixou de brilhar e houve trevas na terra (Mt 27.45). Hoje, toda a natureza geme, pelas coisas que hão de sobrevir à terra (Rm 8.22,23). Por isso há terremotos, peste, fome, catástrofes de toda a ordem: A Bíblia já previu tudo isto (Lc 21.11,25).

2. Os homens sentem as trevas. A Bíblia fala de tempos difíceis, quando o homem, em particular, será atormentado por tentações de toda espécie (1ª Tm 4.18; 2ª Tm 3.1-4). As perseguições à Igreja, o ódio aos crentes e a corrupção moral, provam que já anoiteceu há muito tempo (Lc 17.28; 21.12,16,17).

3. As nações estão em trevas. Há guerras e rumores de guerras (Lc 21.9; Mt 24.6). O perigo de guerras nucleares, biológicas e químicas constituem uma sombra ameaçadora, que paira sobre todo o mundo (Lc 21.25,26). O mundo já se preparou para a maior catástrofe todos os tempos, a Grande Tribulação (Mt 24.21), e não há lugar para recuo. As trevas da meia-noite já chegaram.

A expressão “meia-noite” denota que a natureza sente as trevas e que as nações estão em trevas.

IV. MEIA-NOITE A VINDA DO NOIVO

 Durante milênios, os salvos cantaram e falaram da segunda vinda de Jesus, muitos crentes, que esperavam aquele dia, dormiram no Senhor, guardando a fé; e os que hoje vivem, esperam ansiosos a segunda vinda de Jesus! Mas, a partir da “meia-noite”, ninguém mais dirá que “Jesus virá”. Pelo contrário: À meia-noite ouvir-se-á o clamor de júbilo incontido que encherá terra e o céu: será a Noiva exclamando: “CHEGOU O NOIVO”!!! Em Mateus 25.10 está escrito: “Chegou o esposo”. Naquele glorioso momento, o poder do Espírito Santo operará milagres (Rm 8.11; Fp 3.21), pois os que morreram em Cristo ressuscitarão com corpos gloriosos, e os que estiverem vivos serão transformados, e todos juntos serão arrebatados ao encontro com o Senhor nos ares (1ª Ts 4.11-18; 1ª Co 15.51-54).  Seremos arrebatados ao céu, para não sofrermos a dor e a desgraça que atingirá o mundo todo. Iremos entrar nas moradas que Jesus foi nos preparar, e para as quais fomos comprados com o seu precioso sangue (Ap 7.14).

A expressão “meia-noite” denota a vinda infalível do Noivo.

V. O CLAMOR DA MEIA-NOITE, UM BRADO DE ALERTA

“Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo!” (Mt 25.6). É este o clamor que ouvimos em nossos dias. Meu irmão, você está ouvindo já este clamor? Está escutando como o Espírito Santo diz ao mundo e aos salvos que Jesus vem breve? Está atento aos sinais dos tempos? Está atento ao cumprimento das profecias? (Lc 21.28,29; 1Pe 1.19). Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz à Igreja (Ap 2.7). Mas aqueles que já ouviram a voz do Espírito Santo devem divulgar as Palavras eternas do Evangelho, enquanto houver tempo! Fomos chamados por Deus para sermos atalaias, e nossa função é despertar o povo! (Ez 3.17-21; Hc 2.1-3). Temos que anunciar aos homens que Jesus vem breve. Obreiros e crentes em geral: não nos cansemos de anunciar a volta de Jesus! Não é bastante que uma vez tenhamos sido feitos filhos da luz, e vestidos de vestes nupciais. Precisamos vigiar e permanecer prontos para a vinda do Senhor. Por isso diz a Bíblia: “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11). Os membros da igreja de Filadélfia eram agradáveis a Deus, mas precisavam “guardar” o que haviam recebido do Senhor, para não serem roubados. É isso que a Palavra de Deus nos ensina, com a ordem “Vigiai” (Mc 13.36,37).

1. O sono espiritual é um sinal dos últimos tempos. O sono pode ser causado, primeiramente, pela desobediência como aconteceu a Jonas (Jn 1.6). Quando obedecemos a Deus, somos revestidos do poder do Espírito Santo (At 5.32), para não adormecermos. Também a preguiça causa sono (Pv 24.30-33). Quando Davi ficou em casa, desocupado, enquanto o seu exército combatia, caiu em tentação (2º Sm 11.1,2). Por isso é uma bênção para o crente estar muito ocupado na igreja do Senhor, servindo-o ali! Esgotamento espiritual, por falta de renovação, também pode causar sono. Está escrito que Abraão teve que lutar contra o sono ao pé do altar (Gn 15.12). Precisamos do poder de Deus, para ficarmos fortes e resistir a tudo, inclusive ao sono.

2. Seremos guardados vigilantes, se usarmos os meios que Deus põe à nossa disposição. Ele nos desperta pela sua Palavra. Jesus despertou seus discípulos, falando-lhes (Mt 26.45,46). Como é preciosa a Palavra de Deus! Quem a estuda com atenção, encontra sempre incentivo e despertamento. Aleluia! O Espírito Santo nos conserva vigilantes e acordados. Ele é como o óleo na lâmpada (Mt 25.1-8). Vive, pois, uma vida, onde há inteira liberdade para o Espírito de Deus operar (2ª Co 3.17), e isto o conservará preparado para o encontro com o Senhor. A oração é outro fator de importância, para o qual Jesus chama a nossa atenção. Disse Ele: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26.41; Mc 13.33). E acrescentou: “O espírito está pronto, mas a carne é fraca”, significando que, se os discípulos orassem, o Espírito prevaleceria sobre a carne. Por que a oração é um recurso tão importante para nos manter vigilantes? Sim, porque pela oração vivemos em comunhão com Deus. Então ficamos fortes e felizes! Sim, porque pela oração vivemos em comunhão com Deus. O rosto de Moisés resplandecia quando tinha estado com Deus, no monte (Êx 34.29). Semelhantemente, também, Estêvão (At 6.15). A oração é uma arma eficaz contra Satanás (Ef 6.18). Quando combatemos e prevalecemos contra o nosso inimigo, permanecemos vigilantes. A oração é, finalmente, o meio pelo qual recebemos as bênçãos de Deus. A oração nos enche de sua graça, e nos faz prontos para o grande culto nas nuvens. Que Deus nos guarde, a todos, vigilantes, a fim de podermos ver, um dia, a glória de Deus! Estejamos atentos à nossa conduta, sempre buscando a santificação e purificação, para que não apareça alguma mancha em nossos vestidos, porque “qualquer que n’Ele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1ª Jo 3.3). Assim estaremos sempre preparados, e um dia o veremos tal como Ele é (1ª Jo 3.2).

Se estivermos vigilantes seremos guardados do sono espiritual e discerniremos os dias.

3. “A Bíblia indica dois aspectos da Segunda Vinda de Cristo. Por um lado, Ele virá como o Preservador, Libertador ou Protetor ‘da ira vindoura’ (1ª Ts 1.10). ‘Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira’ (Rm 5.9). Devemos manter-nos espiritualmente vigilantes, viver a vida sóbria, equilibrada com dominio próprio, e usar a armadura do Evangelho: a fé, o amor e a esperança da salvação, ‘porque Deus não destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros’” [HORTON, Stanley (Ed.) Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, p. 632].

CONCLUSÃO. Quando o clamor da meia-noite for ouvido, diz a Bíblia que o seu sentido é o seguinte: SAÍ-LHE AO ENCONTRO! É precisamente isto que o Espírito Santo quer dizer atualmente: “Prepara-te para te encontrares com o teu Deus” (Am 4.12). E nós devemos estar prontos a responder: “Já a sua Noiva se aprontou” (Ap 19.7,8). Lemos em Mateus 25.7 que, ao ouvir o clamor da meia-noite, as virgens começaram a preparar as suas lâmpadas. Meu irmão, a tua lâmpada está preparada hoje? Que Deus permita que nas nossas lâmpadas, nas nossas vidas, se cumpram as palavras de Lucas 12.35,36: “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas, as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, LOGO possam abrir-lhe” (Grifo nosso). O Espírito Santo nos está despertando hoje para que estejamos nesta condição. Estejamos atentos e sensíveis à sua voz. Amém.

FONTE DE PESQUISA

BERGSTÉN Eurico. A vigilância conserva pura a Igreja. 3º Trimestre de 2020 – CPAD Rio de Janeiro RJ.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A CRIAÇÃO DOS CÉUS, E DA TERRA

LEITURA BÍBLICA

Salmos 104.1-14. “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR, Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade. 2 - Ele cobre-se de luz como de uma veste, estende os céus como uma cortina. 3 - Põe nas águas os vigamentos das suas câmaras, faz das nuvens o seu carro e anda sobre as asas do vento. 4 - Faz dos ventos seus mensageiros, dos seus ministros, um fogo abrasador. 5 - Lançou os fundamentos da terra, para que não vacile em tempo algum. 6 - Tu a cobriste com o abismo, como com uma veste; as águas estavam sobre os montes; 7 - à tua repreensão, fugiram; à voz do teu trovão, se apressaram. 8 - Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste. 9 - Limite lhes traçaste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra. 10 - Tu, que nos vales fazes rebentar nascentes que correm entre os montes. 11 - Dão de beber a todos os animais do campo; os jumentos monteses matam com elas a sua sede. 12 - Junto delas habitam as aves do céu, cantando entre os ramos. 13 - Ele rega os montes desde as suas câmaras; a terra farta-se do fruto das suas obras. 14 - Ele faz crescer a erva para os animais e a verdura, para o serviço do homem, para que tire da terra o alimento.”

INTRODUÇÃO

O livro de Gênesis não é uma alegoria, por isso, é imprescindível que consideremos a narrativa da criação um fato histórico; algo que aconteceu exatamente como está escrito.

Tendo em vista este parâmetro, estudemos, agora, a Doutrina da Criação. Comecemos por definir o Criacionismo Bíblico.

I. O CRIACIONISMO BÍBLICO

1. Definição. O Criacionismo Bíblico é a doutrina segundo a qual Deus criou, a partir de sua palavra, tudo quanto existe: os Céus, a Terra, os reinos vegetal e animal, e finalmente o ser humano (Hb 11.3).

2. Fundamentos. O Criacionismo fundamenta-se na Bíblia Sagrada, na manifestação silenciosa da natureza e nas observações e estudos que dela fazemos (Rm 1.20; Sl 119.1-6).

3. Objetivos. Três são os objetivos do Criacionismo:

1) Mostrar que Deus é o Criador de todas as coisas.

2) Demonstrar que, por criar tudo quanto existe, tudo lhe pertence.

3) Levar-nos a adorá-lo como nosso Criador e Senhor.

O criacionismo bíblico é a teoria que nos ajuda a entender que Deus criou os céus e a Terra.

4. O significado da palavra dia. Em Gênesis 1, a palavra hebraica para dia é yom. A maior parte do uso dela no Antigo Testamento é com o sentido de dia, dia literal; e, nas passagens em que o sentido não é esse, o contexto deixa isso claro. Primeiro, yom é definido na primeira vez em que é usado na Bíblia (Gn 1.4,5) em seus dois sentidos literais: a porção clara do ciclo luz/trevas e todo o ciclo luz/trevas. Segundo, yom é usado com ‘noite’ e ‘manhã’. Em todas as passagens em que essas duas palavras são usadas no Antigo Testamento, juntas ou separadas, e no contexto de yom ou não, elas sempre têm o sentido literal de noite ou manhã de um dia literal. Terceiro, yom é modificado por um número: primeiro dia, segundo dia, terceiro dia, etc., o que em todas as passagens do Antigo Testamento indicam dias literais. Quarto, Gênesis 1.14 define literalmente yom em relação aos corpos celestiais” [HAM, Ken. Criacionismo: verdade ou mito? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011, p. 30].

II. A CRIAÇÃO DO TEMPO, DO ESPAÇO E DA LUZ

Entre os versículos um e três do primeiro capítulo de Gênesis há um intervalo indefinido, no qual Deus criou o tempo, o espaço, os Céus e os anjos e, finalmente, a Terra ainda informe.

1. O tempo. Embora a Bíblia não o diga, podemos afirmar que a primeira coisa que Deus criou foi o tempo. Isto porque a obra divina, embora concebida na eternidade, somente poderia ser consumada no âmbito temporal. Só o Criador é eterno. A criação acha-se sujeita ao tempo, requerendo as intervenções e cuidados divinos (Sl 104.5).

2. O espaço. O que é o espaço? Podemos defini-lo como o tecido cósmico que Deus criou para colocar os corpos celestes. Portanto, o espaço também é criação divina.

3. Os Céus e os anjos. Os Céus, a morada de Deus, também foram criados num contexto espaço-temporal, por uma razão bastante simples: embora não pertençam à nossa dimensão, são um lugar bem real. É para lá que as almas dos justos são encaminhadas.

Após a criação dos Céus, Deus chamou à existência os seus anjos através do sopro de sua boca (Sl 33.6). E assim, o Senhor neles infundiu, também, a Sua imagem e semelhança.

4. A Terra ainda informe. Deus formou a Terra antes dos seis dias da criação. A princípio, informe e vazia, seria modelada pelo Espírito de Deus até que viesse a adquirir a forma atual (Gn 1.2).

5. O significado da palavra luz. “A palavra hebraica para ‘luz’ é ‘or’, e refere-se às ondas iniciais de energia luminosa atuando sobre a terra. Posteriormente, Deus colocou ‘luminares’ (hb. ma'or, literalmente ‘luzeiros’, v.14 nos céus como geradores e refletores permanentes das ondas de luz. O propósito principal desses luzeiros é servir de sinais demarcadores das estações, dias e anos (vv. 5-14)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1991, p. 30].

III. A ORDENAÇÃO DA TERRA

1. O Espírito Santo na criação. O Espírito Santo pairou sobre as águas (Gn 1.2). Ele esteve presente e desempenhou um papel ativo na obra da criação. O que vemos pelo relato bíblico é que a cada dia, Deus fez uma tarefa diferente, mas ordenada, para que a vida fosse possível em nosso planeta.

2. Tarefas ordenadas. Em sua obra a cada dia, Deus agiu de forma bem específica, organizando o cenário em que seria colocada a vida em nosso planeta. Primeiro Ele preparou o mundo para receber os seres vivos, depois os criou. Ele primeiro criou o ambiente em que viveríamos, para depois nos criar.

O objetivo da lição é apresentar o Criacionismo. Infelizmente, muitos cristãos têm receio de declarar que creem que Deus é o criador de todas as coisas. Deus é real e o Criacionismo não é um mito, mas uma verdade. Quando se fala que Deus tudo criou, algumas pessoas perguntam: “E quem criou Deus?”. O Todo-Poderoso não teve um início, Ele é atemporal. A Bíblia também não tenta provar sua existência, ela simplesmente inicia afirmando: “No princípio, [...] Deus...”. As teorias que explicam a criação do homem e do universo, são apenas teorias, ou seja, conhecimento especulativo.

 

“Hoje, muitos cristãos afirmam que os milhões de anos de história da Terra se ajustam à Bíblia e que Deus usou o processo evolucionário para criar. Essa ideia não é uma invenção recente. Há mais de duzentos anos, muitos teólogos tentam essas harmonizações em resposta a trabalhos como o de Charles Darwin e de Charles Lyell, escocês que ajudou a popularizar a ideia de milhões de anos da história da Terra e de um moroso processo geológico.

Quando consideramos a possibilidade de que Deus usou o processo evolucionário para criar ao longo de milhões de anos, confrontamo-nos com sérias consequências: a Palavra de Deus não é mais competente e o caráter de nosso Deus amoroso é questionado.

Já na época de Darwin, um dos principais evolucionistas entendia o problema de fazer concessão ao afirmar que Deus usou a evolução. Uma vez que você aceite a evolução e suas implicações para a história, então o homem está livre para escolher as partes da Bíblia que quer aceitar” [HAM, Ken. Criacionismo: verdade ou mito? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011, pp. 35-6].

IV. A CRIAÇÃO DA LUZ

1. E houve luz. A criação da luz, no primeiro dia do Universo, é carregada de significados (Gn 1.3). Embora o Criador dela não precisasse, a criação a reclamava (Sl 139.12). Sem luz, a vida seria impossível.

2. A luz inicial. A luz de Gênesis 1.3 não era proveniente do Sol, pois este só viria a ser criado no quarto dia. Ela provinha do próprio Deus. Luz semelhante, porém, mais gloriosa, haverá na Jerusalém Celeste (Ap 22.5). 

3. Qual a razão de Deus ter criado o mundo. Deus criou os céus e a terra como manifestação da sua glória, majestade e poder. Ao olharmos a totalidade do cosmo criado - desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da natureza - ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do Senhor Deus, nosso Criador. Deus criou os céus e a Terra para receber a glória e a honra que lhe são devidas. Todos os elementos da natureza rendem louvores ao Deus que nos criou. Quanto mais Deus deseja e espera receber glória e louvor dos seres humanos. Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu propósito e alvos para a humanidade fossem cumpridos [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1991, p. 31].

V. A SEPARAÇÃO DAS ÁGUAS

1. Separando as águas. Deus não criou a Terra para ser um caos, mas para servir-nos de habitação (Is 45.18). Por isso, no terceiro dia da Criação, separou as águas que se achavam abaixo e acima do firmamento (Gn 1.6-10).

2. A criação da atmosfera. Foi ainda no terceiro dia que Deus criou o firmamento; e, com este, a atmosfera terrestre, para que a vida se tornasse possível.

Deus criou e fez separação das águas que se achavam abaixo e acima do firmamento.

VI. A CRIAÇÃO DO REINO VEGETAL

1. O reino vegetal. Para que os animais, que só seriam criados no quinto e no sexto dias, pudessem se alimentar, o Senhor, já no terceiro dia da criação, fez brotar as relvas, as ervas e as árvores (Gn 1.11-13). Em sua obra, Deus mostrou-se em tudo perfeito e metódico. Seu cronograma foi rigorosamente cumprido (Sl 86.8).

2. As possibilidades do reino vegetal. Deus ordenou que o reino vegetal produzisse ervas, plantas e árvores frutíferas, para que pudessem se multiplicar segundo a sua espécie (Gn 1.11,12).

VII. A CRIAÇÃO DO SISTEMA SOLAR

1. A criação do Sol, da Lua e das estrelas. No quarto dia, Deus criou o Sol, a Lua e as estrelas (Gn 1.14-19). Dessa forma, o tempo será dividido não apenas em dia e noite, como acontecia até ao terceiro dia, mas também em semanas, meses, estações e anos (Gn 1.14).

2. A perfeição do sistema solar. Deus criou o sistema solar para funcionar perfeitamente, conforme declarou o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre” (Jr 31.35,36 - ARA). Não há máquina tão perfeita quanto o sistema solar (Is 40.26).

VIII. A CRIAÇÃO DO REINO ANIMAL

Somente depois de o ambiente natural estar devidamente aparelhado é que Deus criou, no quinto e sexto dias, os animais aquáticos, alados e terrestres. O Criador agiu de forma sábia em seus intentos.

1. Quinto dia. No quinto dia, Deus criou os grandes animais marinhos e os peixes; em seguida, as aves (Gn 1.20,21). Ato contínuo, ordenou-lhes: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra” (Gn 1.22).

2. Sexto dia. No sexto dia, Deus criou os animais selvagens e os domésticos (Gn 1.24,25). No que tange aos animais, há uma espantosa variedade de espécies entre eles e, ao mesmo tempo, uma cadeia maravilhosa que os identifica (Sl 104.24). Observemos, por exemplo, a família dos felinos. Vai desde o gatinho até ao leão, rei dos animais. No sexto dia, Deus criou também o homem, e assim deu início à humanidade.

CONCLUSÃO

Deus não se limitou a criar os Céus, a Terra, os animais e o ser humano. Fazendo-se presente em sua obra, mas sem confundir-se com esta, Ele se mostra presente e soberano em todas as coisas. Não estamos sozinhos neste mundo. O Pai Celeste zela por nós.

Andrade Claudionor de. A criação dos Céus, e da Terra. Lições Bíblicas 4º Trimestre de 2015 – CPAD. Rio de Janeiro – RJ.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

ESDRAS E NEEMIAS COMBATEM O CASAMENTO MISTO

 


LEITURA BÍBLICA

Esdras 91-4 “Acabadas, pois, essas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus, 2 - porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa com os povos destas terras, e até a mão dos príncipes e magistrados foi a primeira nesta transgressão. 3 - E, ouvindo eu tal coisa, rasguei a minha veste e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei atônito. 4 - Então, se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras do Deus de Israel, por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu me fiquei assentado atônito até ao sacrifício da tarde.”

Neemias 13.23-26 “Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas. 24 - E seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo. 25 - E contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos. 26 - Porventura, não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E, contudo, as mulheres estranhas o fizeram pecar.

Neemias 9.38 “E, com tudo isso, fizemos um firme concerto e o escrevemos; e selaram-no os nossos príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes.”

Neemias 10.1-30 “E os que selaram foram Neemias, o tirsata, filho de Hacalias, e Zedequias, 29 - firmemente aderiram a seus irmãos, os mais nobres de entre eles, e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do SENHOR, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos; 30 - e que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos.”

INTRODUÇÃO

Nesta lição iremos estudar o grave problema do casamento entre judeus e mulheres pagãs. Veremos a enérgica ação de Esdras e de Neemias para solucionar este problema, e também o que a Palavra de Deus diz sobre o assunto.

Na lei de Deus, aparece a ordem: “Não faças concerto com os moradores da terra, nem tomes das suas filhas para os teus filhos…” (Êx 34.11-16; Dt 7.3,4). Foi por este motivo que o sacerdote Esdras, conforme a leitura da nossa lição, ficou perplexo, quando tomou conhecimento de que o povo, depois de haver voltado do exílio, tomava mulheres dos povos gentílicos em redor, misturando a semente santa. O povo começou a seguir as abominações dos povos. Ele, então, chorou, rasgou os seus vestidos, e buscou com profunda dor a ajuda de Deus, reconhecendo que eles, com isto, haviam deixado os mandamentos, violando-os, aparentando-se com os povos destas abominações (Ed 9.1-14). O resultado deste movimento foi uma purificação e tomada de atitude firme em obediência à Palavra de Deus (Ed 10.1-13).

O casamento constitui o elemento de unidade do povo de Deus. Por isso, o Antigo Testamento proibia a união mista. Esta trazia uma cultura alheia a do povo de Deus e o consequente pecado de idolatria. A Bíblia menciona a idolatria do rei Salomão como influência clara da religião de suas esposas estrangeiras. Contra esse perigo que Esdras e Neemias se levantam, pois, a prática de casamento mistos era comum no meio do povo. Israel não poderia ser reconstruído com o perigo de cair novamente na idolatria e violar sua identidade como povo de Deus. Por isso os líderes da reconstrução exortam ao povo a manter a pureza de seus princípios espirituais outorgados pela Lei de Deus.

I. ESDRAS E NEEMIAS COMBATEM O PERIGO DO CASAMENTO MISTO

1. A ira e a reação de Esdras. Quando Esdras foi informado que muitos judeus, morando em Judá, haviam se casado com mulheres pagãs, ele ficou muito angustiado. Manifestando sua profunda tristeza, rasgou seu vestido, sua capa, e arrancou os cabelos, tanto de sua barba como de sua cabeça, e assentou-se atônito na praça. A notícia da reação de Esdras espalhou-se pela cidade, e muitos reuniram-se a ele. Na hora do sacrifício da tarde, Esdras dobrou seus joelhos diante do povo, e orou a Deus (Ed 9.6-15). E todo povo chorou com grande choro (Ed 10.1).

2. O efeito da atitude de Esdras foi imediato. Secanias, um judeu bem conhecido, e que se havia casado com uma mulher estranha, disse a Esdras diante de todo o povo: “Agora, pois, façamos concerto com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e tudo o que é nascido delas, conforme o conselho do Senhor e dos que tremem no mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a Lei” (Ed 10.3). Disseram a Esdras: “Levanta-te, pois, porque te pertence este negócio, e nós seremos contigo; esforça-te” (Ed 10.4).

3. O arrependimento do povo. Esdras levantou-se e ajuramentou a todos que fariam conforme as palavras de Secanias. E o povo jurou! (Ed 10.5). Todos os que haviam retornado do cativeiro foram convocados, e Esdras falou-lhes: “Vós tendes transgredido e casastes com mulheres estranhas […] fazei confissão ao SENHOR […] apartai-vos […] das mulheres estranhas”. E responderam todos: “Assim seja; conforme as tuas palavras, nos convém fazer” (Ed 10.10-12). Sobre este negócio foram postos que Jônatas e Jazeías, auxiliados por dois levitas. Eles receberam a incumbência de supervisionar o encerramento definitivo destas uniões proibidas pela lei de Deus (Ed 10.15,16). Antes mesmo da chegada de Esdras a Jerusalém, Neemias já havia enfrentado o problema do casamento misto. Vários judeus, inclusive alguns sacerdotes, haviam se casado com mulheres estranhas. Neemias os fez jurar que não mais fariam isto (Ne 13.25). Neemias afastou de entre os sacerdotes e de entre os levitas aqueles que eram estranhos, e contratou novos sacerdotes e levitas para preencherem os cargos vagos. Um dos netos do sumo sacerdote Eliasibe era genro de Sambalate, e foi afastado por Neemias (Ne 13.25-30).

Esdras combateu o perigo da união mista com contundência.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A exclusividade implícita nesta resposta ecoou repetidamente nas advertências de Esdras e Neemias ao povo remanescente para separar-se das populações circunvizinhas, sobretudo na prática matrimonial. Esdras ouviu a reclamação que o povo, os sacerdotes e os levitas tinham se casado com indivíduos das nações vizinhas descrentes, uma abominação que resultou na mistura da raça santa com os que os cercavam (Ed 9.2). Como fizeram os antepassados dessas nações séculos antes, eles entraram na terra da promessa para levar as práticas más dos habitantes cananeus (vv.11,12).

Esdras ficou tão indignado com este desarranjo das linhas demarcatórias que ordenou o divórcio peremptório sempre que houvesse casamentos mistos (Ed 10). Anos mais tarde, Neemias retomou a causa. Ordenou que os israelitas que tinham se separado das nações vizinhas pagãs renovassem os votos do concerto ao Senhor (Ne 9.2) e se contivessem, daí em diante, de casarem-se entre nacionalidades diferentes (10.28). De interesse especial para Neemias, foi o problema do casamento entre judeus com as mulheres de Asdode, Amom e Moabe. Comparou essas alianças com as de Salomão, que resultaram no fim da monarquia (Ne 13.13-27)” [ZUCK, Roy (Ed.). Teologia do Antigo Testamento. RJ: CPAD, 2018, p. 215].

II. POR QUE UM JUDEU NÃO DEVIA CASAR COM UMA PAGÃ?

1. Deus havia proibido o casamento misto (Dt 7.2-4; Êx 34.16; Js 23.12,13). A desobediência a esta ordem de Deus era um ato de rebelião. A finalidade desta proibição era evitar que o judeu viesse a seguir a religião de sua mulher pagã.

2. A história de Israel registra vários exemplos das consequências nefastas do casamento misto. Vejamos:

2.1. Salomão, filho de Davi, rei de Israel, o que construiu o grande Templo em Jerusalém, contaminou-se por causa dos casamentos com mulheres pagãs. Elas perverteram seu coração, e ele passou a seguir os seus deuses estranhos (1º Rs 11.19). Como consequência do seu pecado no reino de seu filho Reoboão as dez tribos do Norte separaram-se, e constituíram-se em um reino independente sob a liderança de Jeroboão (1º Rs 12.16-19).

2.2. Acabe, rei de Israel, casou-se com Jezabel, princesa sidônia (1º Rs 16.31). Jezabel fortaleceu o culto a Baal em Israel, e perseguiu os profetas de Deus (1º Rs 18.4).

Deus proibiu a união mista entre os judeus porque a consequência dessa prática é nefasta conforme a história de Israel mostra.

III. A SOBREVIVÊNCIA DO POVO JUDEU

Existem judeus até os dias de hoje, porque, embora espalhados por quase todos os países do mundo (Lc 21.24), não se misturaram com os povos, no meio dos quais passaram a viver, conservando-se sempre separados. Este é o resultado da obediência à orientação dada na lei divina, que inspirou outras Leis que regem os judeus em todo o do mundo, as quais proíbem que uma pessoa judia se case com uma não judia.

A preservação do povo judeu é considerada um milagre, quando se aliam as tremendas perseguições que sofreram durante séculos em muitos países, como por exemplo Espanha, Polônia, Inglaterra, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o nazismo na Alemanha.

A preservação do povo judeu é considerada um milagre.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“‘[Prometemos] que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos’ (10.30), preceituava o ‘firme concerto’. Na ocasião em que ele fora firmado, a pureza racial fora tema de preocupação comum, e eles ‘apartaram de Israel toda mistura’ (13.3), indo além do que mandava a lei, que excluía apenas amonitas e moabitas. Não obstante, o zelo pela natureza do sangue israelita, e em fazer tudo para agradar a Deus, que presumivelmente instigara tal exclusivismo, evaporara-se. Quando Neemias retornou a Jerusalém, encontrou lá ‘judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas’ (13.23). O motivo pode ter sido a paixão, é claro, porém é mais provável que haja sido prudência (se é que se pode chamar assim), que tinha os olhos na oportunidade e nos casamentos por dinheiro, prestígio ou alguma outra forma de lucro mundano. E, em alguns casos, Neemias descobriu que a língua falada em casa, por decisão dos pais, era estrangeira. […] (13.24). Isso enfureceu Neemias, não apenas pela quebra do voto, mas porque as crianças seriam incapazes de partilhar da adoração em Israel, ou aprender eficazmente a Lei; consequentemente, não estariam aptas a transmitir a fé aos filhos que viriam a ter, e assim estaria em risco a futura unidade espiritual da nação israelita da nação de Israel” [PACKER, J. I. Paixão Pela Fidelidade: Sabedoria extraída do livro de Neemias. RJ: CPAD, 2010, p. 212].

IV. UMA PALAVRA FINAL SOBRE O CASAMENTO DOS CRENTES

A maior bênção que Deus deu à humanidade foi o envio de Jesus Cristo para ser o Salvador do mundo. Mas no sentido material, a maior bênção que Deus dá ao ser humano é o casamento.

A orientação que a Bíblia dá ao crente quanto ao casamento é: “E fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor” (1ª Co 7.39). A Bíblia explica em 2ª Co 6.14-17 as implicações da expressão NO SENHOR, e cada crente que estiver pensando em casar-se deve meditar profundamente sobre este texto. Que Deus guarde cada crente de algum dia aceitar um jugo desigual com um infiel. Porque assim como o casamento na direção do Senhor enseja a possibilidade de uma felicidade sem limites, o casamento de um crente com um descrente com muita probabilidade será uma infelicidade. Casamento é uma união total entre homem e mulher. Jesus disse: “Não são mais dois, mas uma só carne” (Mt 19.6).

Isto fala de uma perfeita união entre os cônjuges, envolvendo o corpo, a alma e o espírito de ambos. Casando-se o crente com um que não é crente, pode naturalmente obter união de corpo e em parte de alma, mas é impossível que haja união de espírito, pois enquanto um pertence ao reino de Deus o outro é do reino das trevas (2ª Co 6.14). Que diferença tremenda, que abre uma brecha muito triste na união. Ainda que o crente tenha pedido perdão a Jesus por esta falta cometida, vive agora preso a um outro com quem não tem nenhuma união no espírito. É impossível calcular o sofrimento que uma união desta natureza tem causado. Também a parte não crente, não respeita a parte crente, pois sabe que ele errou contra a Bíblia, amando mais o casamento do que a Deus. Em lugar de ter-se estabelecido um lar cristão, uma plataforma do evangelho, aumentando, assim, a influência espiritual da Igreja, houve um triste recuo. Um soldado de Cristo passou para o lado oposto. Em lugar de um lar cristão, com uma viva influência sobre os filhos (2ª Tm 1.4,5; At 7.20,21), forma-se um lar sem definição espiritual. Os filhos estão desprovidos de ajuda espiritual (Ne 13.23,24).

SÍNTESE DO TÓPICO (IV)

O casamento é a união total entre um homem e uma mulher.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Conclua a lição esclarecendo aos alunos o princípio de unidade que o nosso Senhor Jesus ensinou na oração sacerdotal de João 17.18-24. É importante ressaltar que os princípios eternos do Reino de Deus devem ser aplicados à vida inteira. Então, por que não aplicaríamos essa coerência no casamento, uma das decisões mais importantes do futuro de uma pessoa?

Tome exemplos bíblicos como o de Sansão, no livro de Juízes, e o de Salomão, no livro de 1º Reis, destacando as dificuldades espirituais que esses dois líderes passaram. As consequências de suas escolhas foram catastróficas, não só para eles mesmos, mas, sobretudo, para o povo que eles representavam. Finalize dizendo que em relação ao casamento, a decisão sempre afeta mais de uma pessoa. Ela traz consequência para toda a família.

V. ESPERA EM DEUS

Findamos este estudo sobre o casamento misto, onde a Palavra de Deus é muito clara neste apelo: “Espera em Deus” (Sl 27.14; 37.7). Jovem! O seu desejo de ter um lar, e experimentar a riqueza do amor de um companheiro ou de uma companheira é natural. Lembra-te de que Deus ouve a oração. Quando Eliezer orou, pedindo que Deus mostrasse quem seria a noiva de Isaque, recebeu uma gloriosa resposta (Gn 24.12-27). Glória a Deus! Uma escolha precipitada, olhando somente para o que está diante de seus olhos (1º Sm 16.7), pode impedir que recebas aquele ou aquela que Deus tem preparado para ti. Entrega, pois a tua vida e o teu futuro a “Deus, faz que o solitário viva em família” (Sl 68.6). Deus, que trouxe a companheira para Adão (Gn 2.22), poderá fazer isto por ti. Espera, pois no Senhor!

Ouça este bom conselho: “Espera em Deus”.

BERGSTÉN Eurico. Esdras vai a Jerusalém ensinar a Palavra. Lições bíblicas 3° trimestre 2020. CPAD – Rio de Janeiro RJ.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

ESDRAS VAI A JERUSALÉM ENSINAR A PALAVRA

 


LEITURA BÍBLICA

LEITURA BÍBLICA

Esdras 8.1-12. “Estes, pois, são os chefes de seus pais, com as suas genealogias, os que subiram comigo de Babilônia no reinado do rei Artaxerxes: 2 - dos filhos de Fineias, Gérson; dos filhos de Itamar, Daniel; dos filhos de Davi, Hatus; 3 - dos filhos de Secanias e dos filhos de Parós, Zacarias, e com ele por genealogias se contaram até cento e cinquenta homens; 4 - dos filhos de Paate-Moabe, Elioenai, filho de Zeraías, e, com ele, duzentos homens; 5 - Dos filhos de Secanias, o filho de Jaaziel, e com ele trezentos homens; 6 - e dos filhos de Adim, Ebede, filho de Jônatas, e, com ele, cinquenta homens; 7 - e dos filhos de Elão, Jesaías, filho de Atalias, e, com ele, setenta homens; 8 - e dos filhos de Sefatias, Zebadias, filho de Micael, e, com ele, oitenta homens; 9 - dos filhos de Joabe, Obadias, filho de Jeiel, e, com ele, duzentos e dezoito homens; 10 - e dos filhos de Selomite, o filho de Josifias, e, com ele, cento e sessenta homens; 11 - e dos filhos de Bebai, Zacarias, o filho de Bebai, e, com ele, vinte e oito homens; 12 - e dos filhos de Azgade, Joanã, o filho de Hacatã, e, com ele, cento e dez homens; Filho de Hacatã, e com ele cento e dez homens.”

Neemias 8.3-5 “E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei. 4 Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram para esse fim e estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Ananías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. 5 E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé”.

INTRODUÇÃO

O grande valor do ensino da Palavra de Deus é o assunto desta lição. Veremos como o governo da Pérsia enviou Esdras a Jerusalém, a fim de verificar se a vida eclesiástica dos judeus estava conforme a lei de Deus.

O Antigo Testamento mostra que a Lei do Senhor estava intrinsicamente ligada à vida de todo o povo e, por isso, ela também era o elemento aglutinador que formava a identidade dos judeus. Assim, Esdras estava ciente de que para iniciar a reconstrução religiosa do povo era necessário começar pelo ensino da Lei do Senhor, pois sem ela não há identidade espiritual nem moral. Atualmente, podemos afirmar que a Palavra de Deus é o elemento central para gerar avivamento, crescimento e desenvolvimento do caráter do cristão. Amemos a Palavra de Deus, busquemos conhecê-la!

I. ARTAXERXES ENVIA ESDRAS

1. Os judeus sob o domínio dos persas. Quando o reino da Pérsia derrotou Babilônia, os judeus que viviam naquele lugar passaram automaticamente ao domínio do governo persa. Os judeus puderam logo constatar que os persas eram mais brandos do que os babilônicos.

2. Esdras é enviado a Jerusalém, para ensinar a lei de Deus. No seu contato com Esdras, escriba e sacerdote, o rei ficou impressionado com o elevado grau de conhecimento que Esdras possuía da lei do Deus de Israel, e quis, junto com seus sete conselheiros, enviá-lo a Jerusalém a fim de inquirir acerca da situação espiritual dos residentes ali (Ed 7.14).

3. A importante carta que o rei enviou com Esdras. O rei enviou com Esdras uma carta escrita em aramaico, que está registrada em Esdras 7.12-26. Através desta carta o rei decretou:

3.1. Qualquer judeu, que assim desejasse, poderia acompanhar Esdras a Jerusalém (v. 12).

3.2. Os que fossem a Jerusalém poderiam levar consigo ouro e prata, voluntariamente dados pelo rei e seus conselheiros, ou dados como ofertas voluntárias do povo (v. 15).

3.3. Os vasos sagrados, que ainda estavam na Babilônia, seriam restituídos (v. 19).

3.4. Qualquer despesa seria paga pelo tesouro do rei.

3.5. Não seriam impostos aos servidores do templo: direitos, tributos, rendas (v. 24).

3.6. Esdras poderia nomear regentes e juízes, para que a vida eclesiástica viesse a funcionar conforme a lei de Deus (v. 25).

Esdras louvou a Deus, que tinha inspirado o rei a fazer tudo isto, estendendo-lhe a beneficência perante o rei (vv. 27,28).

II. O ANSEIO DO POVO PELA PALAVRA DE DEUS

Artaxerxes envia Esdras a Jerusalém, onde o líder escriba e sacerdotal tem o objetivo de ensinar a Lei de Deus ao povo. Por isso, os líderes que atuaram para propagar o ensino da Lei aos rincões de Israel devem aprender o exemplo de Esdras. Vejamos os exemplos:

A história de Moisés, o homem que Deus entregou o Decálogo. Também o juiz, sacerdote e profeta Samuel. Mas o exemplo mais vivo foi o Senhor Jesus como a Palavra encarnada de Deus na história. O Pai leva tão a sério a sua Palavra que enviou Seu Filho para encarná-la no mundo.

1. Esdras sai da Babilônia e vai a Jerusalém. Conforme a ordem do rei Artaxerxes, Esdras viajou para Jerusalém acompanhado de um grupo de judeus, alguns eminentes líderes do povo (Ed 8.2). Recusando a escolta militar oferecida pelo rei, para garantir-lhes a segurança durante a viagem, Esdras e seus companheiros preferiram confiar na segurança de Deus. Assim sendo, jejuaram e oraram para que tivessem uma boa viagem (Ed 8.21), e Deus os ouviu e os guardou durante todo o trajeto. Assim chegaram em paz a Jerusalém, onde ofereceram holocaustos a Deus (Ed 8.35).

2. O encontro de Esdras com Neemias. Quando Esdras chegou a Jerusalém encontrou Neemias, o qual vinha sendo o líder espiritual dos judeus em Judá. Posto a par da situação, Neemias uniu-se a Esdras na tarefa para a qual este havia sido enviado.

3. Desde o Sinai, Israel passou a dar importância à Lei do Senhor.E te será por sinal sobre tua mão e por memorial entre teus olhos, para que a lei do Senhor esteja em tua boca; porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egito. Portanto guardarás este estatuto a seu tempo, de ano em ano” (Êx 13.9-10).

3.1. A meditação diária na Lei de Deus é o segredo da vitória. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem-sucedido” (Js 1.8).

3.2. Houve uma época que o livro fora perdido, mas ao ser encontrado e lido, trouxe mudanças espirituais. “Disse Hilquias a Safã, o escrivão: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E entregou o livro a Safã” (2ª Cr 34.15).

3.3. A Palavra de Deus deve estar, sempre, perto de nós. “Oh! Quanto amo a tua lei! Ela é a minha meditação o dia todo.” (Sl 119.97).

4. O desejo pela Palavra.

4.1. Após o Senhor dar descanso ao povo, houve um grande ajuntamento na praça para receberem o livro da Lei. “Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel” (Ne 8.1).

4.2. Após 70 anos no cativeiro, o povo demonstrou desejo pela Palavra de Deus. (Sl 119.17-40).

5. A Lei é trazida ao povo.

5.1. Esdras foi o portador da Lei perante todos em Jerusalém. “E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês” (Ne 8.2).

5.2. Foi o momento esperado por todos após 70 anos longe de sua pátria e sem ouvir a vós de Deus.Junto aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos a chorar, recordando-nos de Sião. Nos salgueiros que há no meio dela penduramos as nossas harpas, pois ali aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções; e os que nos atormentavam, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estrangeira”? (Sl 137.1-4).

5.3. O prazer do crente deve estar na Lei do Senhor. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite” (Sl 1.1-2).

6. O povo estava atento a Lei.

6.1. Neemias relata o desejo do povo pela Palavra. “E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei” (Ne 8.3).

6.2. A Palavra de Deus operou gloriosamente no coração do povo. “Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos exércitos” (Jr 15.16).

6.3. A Palavra de Deus é um alimento para nossas almas. “Depois me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel. Então abri a minha boca, e ele me deu a comer o rolo. E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel” (Ez 3.1-3).

III. ESDRAS ENSINA A PALAVRA AO POVO

1. Esdras ensina a Palavra ao povo. Na festa dos tabernáculos, no dia primeiro do mês sétimo houve santa convocação (Lv 23.34,35). O povo se ajuntou como um só homem diante da porta das águas (Ne 8.1), e Esdras trouxe o livro da lei. A lei de Deus foi lida ao povo desde a alva até ao meio-dia. Havia sido construído um púlpito de madeira para aquele fim, e em pé, ao lado de Esdras, havia um grupo de 13 auxiliares (Ne 8.4). Ainda cooperava um grupo de levitas, e o objetivo era fazer todo o povo entender o que estava sendo lido no livro da lei de Deus (Ne 8.8).

2. O ensino foi maravilhoso. O povo ao ouvir a leitura, começou a chorar e a lamentar-se. Neemias e Esdras tiveram que intervir, exortando-os a que se alegrassem no Senhor, porque a alegria do Senhor é nossa força (Ne 8.10). O povo então foi comer, beber e festejar, porque todos entenderam as palavras que lhes fizeram saber (Ne 8.12).

Esdras ensina a Palavra ao povo e há um grande despertamento espiritual.

3. A Lei Mosaica. Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deus através de seu Líder, Moisés. A Lei Mosaica (hb. torah, que significa ‘ensino’) Lei era composta por 613 mandamentos, e nelaca continha:

3.1. A lei moral, que trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (20.1-17).

3.2. A lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (21.1; 23.33).

3.3. A lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12; 31.18).

[…] A lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1 — 24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com Deus (20.2). Antes, pela lei Deus ensinou ao seu povo como andar em retidão diante d’Ele como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de Deus a fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, p. 146].

IV. A PALAVRA DE DEUS DEVE SER ENSINADA

1. Deus ordenou que a Sua Palavra fosse ensinada a todo o povo de sete em sete anos (Dt 31.9-12). Além da leitura da Lei de Moisés, que se fazia a cada sábado (At 15.21), os Escritos e os Profetas deveriam ser lidos e explicados ao povo, em convocação solene, a cada sete anos.

2. Jesus ordenou o ensino da Sua Palavra. Na GRANDE COMISSÃO Jesus ordenou que seus discípulos ensinassem todas as nações a guardarem tudo o que lhes tinha mandado (Mt 28.19,20).

3. O apóstolo Paulo conhecia a importância do ensino da Palavra. Vejamos: “Conjuro-te pois diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo… que pregues a palavra…” (2ª Tm 4.1,2). “O que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2ª Tm 2.2). “Se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7).

A Palavra de Deus deve ser ensinada porque é ordenança de Deus, ratificada por Jesus e confirmada pelos apóstolos.

V. RESULTADOS DO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS

1. O ensino da Palavra gera temor a Deus.

1.1. Deus falou. “Ajunta-me o povo e os farei ouvir a minha palavra, para que me temam todos os dias que na terra viverem” (Dt 4.10). “Guarda os mandamentos do Senhor para o temer” (Dt 8.6).

1.2. Pelo temor a Deus o crente se aparta do mal (Pv 3.7), se desvia do mal (Pv 16.6), e aborrece o mau caminho (Pv 8.13).

1.3. Como resultado do ensino da lei nos dias de Esdras, o povo confessou os seus pecados, apartou-se de deuses estranhos, adorou ao Senhor seu Deus, e com Ele fez firme concerto (Ne 9.13,38). A Palavra de Deus é o PODER de Deus (Rm 1.16).

2. O ensino da Palavra implanta normas espirituais nos crentes. Essas normas dão forma às manifestações da Nova Vida naquele que se converte, naquele que, pela operação do Espírito de Deus, passa a andar nos estatutos de Deus (Ez 36.27). Vejamos algumas destas manifestações da nova vida:

2.1. O crente é honesto a toda prova (Rm 12.17; 2ª Co 8.21; Fp 4.8; 1ª Pe 1.12; Hb 13.18).

2.2. O crente jamais mente (Is 63.8; Ef 4.25; 1ª Jo 2.28). O crente tem o testemunho de sua consciência, no Espírito Santo, de que não mentiu (Rm 9.1). Jesus disse: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.37).

2.3. O crente jamais se apodera de alguma coisa que não seja dele. “Aquele que furtava não furte mais” (Ef 4.28). Zaqueu depois de salvo queria restituir aquilo que havia defraudado (Lc 19.8).

2.4. O crente vive uma vida moral que é exemplo de pureza. “A prostituição e toda a impureza nem ainda se nomeie entre vós” (Ef 5.3).

2.5. O crente jamais dá falso testemunho de alguém (Êx 20.16; Pv 10.18; Tg 4.11).

3. O ensino da Palavra dá conhecimento. A igreja de Corinto foi enriquecida porque, pelo ensino da Palavra de Deus, havia recebido conhecimento (1ª Co 1.5). Consideremos:

3.1. O conhecimento consolida a força (Pv 24.3), porque pelo conhecimento podemos saber o que nos é dado gratuitamente por Deus (1ª Co 2.12). Pelo conhecimento da verdade podemos alcançar plena libertação (Jo 8.32). Pelo conhecimento podemos saber que Deus quer que todos os homens venham ao conhecimento da verdade (1ª Tm 2.4).

3.2. Pelo conhecimento podemos saber como agradar a Deus (2ª Co 5.9). Agradar a Deus não é resultado da nossa própria força, mas o próprio Deus nos dá graça para agradá-lo.

O ensino da Palavra de Deus gera temor, estabelece normas espirituais nos crentes e dá conhecimento.

4. A Palavra traz o conhecimento do pecado. “Quando o povo ouviu e entendeu a Palavra de Deus, todos experimentaram uma profunda convicção de pecado e da culpa.

4.1. Os trechos da lei que continham uma clara revelação da condição espiritual do povo podem ter sidos Lv 26 e Dt 28; trechos estes que falam da bênção ou juízo divino, conforme a obediência ou desobediência do povo à Palavra de Deus.

4.2. Nos avivamentos, o choro, quando acompanhado de profundo arrependimento (cf. cap.9), é um sinal da operação do Espírito Santo (ver João 16.8 nota). Sentir tristeza pelo pecado e abandoná-lo resulta em perdão divino e alegria da salvação (ver v.10 nota; Mt 5.4)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, p. 743].

5. O ensino produz mudança no ouvinte.

5.1. O ensino produz quebrantamento. “E Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei” (Ne 8.9).

O Senhor sempre estará junto de um crente quebrantado. “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito” (Sl 34.18).

5.2. O ensino nos torna benignos.

A. A benignidade é a disposição para a prática do bem. “Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). “Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois, a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10). 

B. O mandamento bíblico é que devemos socorrer os necessitados. “Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber” (At 20.35). “Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso”? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma” (Tg 2.15-17). “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? (1ª Jo 3.17). 

C. É a verdadeira religião. “A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo” (Tg 1.17).

VI. A PALAVRA DE DEUS

 1. É uma espada de dois gumes – Hb 4.12. Acontece que a Bíblia não fala apenas na Palavra de Deus como espada, vai além e diz que ela é também uma espada bigúmea, de dois gumes. Gume é como se chama a lâmina da faca, da espada e outros instrumentos cortantes e, por dedução, uma espada bigúmea é uma espada de dois gumes, ou seja, de duas lâminas, portanto, que corta dos dois lados, ou seja, ela corrige e ensina a verdade.

A Palavra de Deus corta o pecado, porque ensina claramente qual a vontade de Deus para nossas vidas e nos liberta da servidão dos vícios e de todos os males que se originam no pecado. A Palavra de Deus corta o coração de fora a fora e transforma um coração de pedra, que não se comovia com o sofrimento alheio, que não sentia remorsos ao prejudicar alguém, em um coração de carne, sensível, generoso e cheio do Amado Espírito Santo.

2. É a espada do Espírito. Não é segredo para ninguém que a Bíblia, ou Palavra de Deus é comparada a uma espada e isso fica bastante claro quando lemos o texto que fala da armadura de Deus, veja: “Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.” (Ef 6.17).

3. É luz para o meu caminho – Sl 119. O salmista reconhecia o valor e a importância do ministério da Palavra. Ele entendia que o uso prático da Palavra de Deus durante sua caminhada na fé era essencial para uma vida de acordo com a vontade do Senhor. Por isso ele declara: “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra”.

Nesse versículo o salmista aplica uma ilustração muito frequente em toda a Bíblia. Ele retrata a vida como um caminho a ser percorrido dia após dia, um passo de cada vez. Ao mesmo tempo, ele também fala da Palavra de Deus como sendo a luz que ilumina nossa vida e nos conduz pelo caminho correto.

Quando o salmista diz “lâmpada para os meus pés”, ele está falando da situação comum de seu tempo. Como não havia iluminação como temos na atualidade, as pessoas dependiam de pequenas lamparinas para poderem andar durante a noite. A escuridão era tão densa que a luz das lamparinas clareava apenas a porção do caminho em torno dos pés. Elas forneciam luz apenas para o próximo passo.

CONCLUSÃO. A Bíblia inteira, do Gênesis ao Apocalipse, registra os mandamentos, os estatutos e os juízos promulgados por Deus. Deste» modo a Bíblia se constitui na carta magna da família temente a Deus, que deseja atravessar incólume as borrascas morais e espirituais que se abatem sobre a ímpia sociedade.

BERGSTÉN Eurico. Esdras vai a Jerusalém ensinar a Palavra. Lições bíblicas 3° trimestre 2020. CPAD – Rio de Janeiro RJ.