TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 5 de junho de 2020

REDIMIDA PELO SANGUE DE CRISTO E SELADA COM O ESPÍRITO SANTO DA PROMESSA



Efésios 3.14-21. “Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 15 - do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, 16 - para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; 17 - para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, 18 - poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade 19 - e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. 20 - Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, 21 -  a essa glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!”

INTRODUÇÃO
Após revelar o mistério oculto e todas suas dádivas (3.1-13), apóstolo Paulo passa a orar em favor da Igreja de Cristo (3.16-19). Na intercessão paulina aprendemos que Deus pode fazer tudo além do que pedimos ou pensamos, sendo Ele o único que é digno em ser glorificado (3.20,21). Refletir sobre a oração intercessora do apóstolo é o tema desta lição.

I. CORROBORADOS COM O PODER DO ESPÍRITO

O apóstolo inicia sua oração ao Senhor com um pedido duplo: o poder do Espírito no homem interior e a presença de Cristo nos corações dos crentes (3.16-17).

1. As riquezas da sua glória. Paulo apresenta sua oração confiado “nas riquezas de sua glória [a de Deus]” (3.16). O apóstolo já havia declarado que Deus é “o Pai da glória” (1.17), cheio de “abundantes riquezas de sua graça” (2.7; 3.8). O que significa que Ele é possuidor de todas as glórias e despenseiro de ricas e ilimitadas bênçãos. Em razão disso, Paulo pede para que a Igreja seja fortalecida com poder, que seja habitada por Cristo, que compreenda o amor divino e tenha pleno desenvolvimento espiritual (3.16-19).

2. Fortalecidos com poder. O primeiro pedido do apóstolo é para que a Igreja seja corroborada “com poder pelo seu Espírito no homem interior” (3.16). Essa petição não quer dizer que a Igreja em Éfeso não tivesse o Espírito de Deus (1.14), mas que ela fosse continuamente revigorada com poder e, consequentemente, em seu fortalecimento diário (1ª Co 16.13). Ainda enfatiza que a única força que habilita o crente a se manter firme advém do Espírito Santo (Jo 14.16,17), que atua no homem interior e capacita o crente a perseverar, a manter-se afastado do pecado e a compreender as coisas espirituais (1ª Co 2.12-16).

3. Habitados por Cristo. O apóstolo também orou para que Cristo habitasse pela fé nos corações dos santos (3.17), o que também não significa dizer que Cristo não estivesse presente na Igreja em Éfeso. No versículo em questão, o verbo grego é katoikein, significa “habitação permanente” em oposição à “habitação temporária”. Isso indica que a oração apostólica era para que Cristo habitasse continuamente na vida da Igreja. Assim, o ensino apostólico ratifica que sem Cristo, a igreja não pode subsistir as forças do mal (Mt 16.18).

II. ARRAIGADOS E FUNDADOS EM AMOR
O amor é a mensagem central do Evangelho de Cristo. Um dos propósitos da oração de Paulo foi para que a Igreja entendesse e exercitasse o amor de Deus.

1. Amor: a virtude cristã. Nas Escrituras o amor é atributo divino: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1ª Jo 4.8). Foi por amor que Cristo se entregou para o resgate da humanidade (5.2). O amor é o resumo da lei e dos profetas (Mt 22.40), o sinal dos discípulos de Cristo (Jo 13.35), a prova de filiação com Deus (1ª Jo 4.7) e deve ser expresso por meio de atitudes concretas (1ª Jo 3.17). O amor é a maior de todas as virtudes e o princípio que norteia o fruto do Espírito (1ª Co 13.13). Ciente dessa relevância, o apóstolo implora a Deus para que o viver da Igreja seja arraigado e alicerçado no amor.

2. Arraigados e fundados em amor. Após rogar ao pai pelo poder do Espírito e a habitação de Cristo, o apóstolo clama para que a Igreja possa também compreender e praticar o amor (3.16-17). A expressão “arraigados e fundados em amor” (3.17) compara os santos como uma planta bem enraizada e uma casa bem alicerçada. Indica que sem o amor, a vida cristã não tem sustentação alguma (1ª Co 13.1-3). Por causa disso, o apóstolo insiste pela total compreensão de “qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” do amor divino (3.18). O uso dessas expressões aponta para a vastidão do amor de Cristo, “que excede todo o entendimento” (3.19) e indica que a lógica humana não pode mensurar o amor de Deus.

3. A intensidade do amor de Cristo. Consciente de que somente o Espírito pode fazer entender e experimentar a grandeza do amor de Deus, Paulo pede para que os crentes conheçam a intensidade do amor de Cristo (3.18,19). A ênfase recai em que Cristo nos amou e ainda nos ama e que, por isso, devemos amar uns aos outros (1ª Jo 4.10-11). O apóstolo sabe que o esforço humano não pode atingir essa meta; assim, ele acrescenta esse pedido à oração para que os crentes sejam “cheios de toda a plenitude de Deus” (3.19).

4. “‘… Nos vossos corações’. A palavra ‘coração’ aparece com dois sentidos na Bíblia. Primeiro, como os sentimentos à parte do entendimento. Segundo, como toda a alma, incluindo o intelecto e os sentimentos. Neste último sentido, a Bíblia fala de ‘coração entendido’ (1ª Rs 3.9,12; Pv 8.5), e também como ‘pensamentos, planos e conselhos do coração’ (Jz 5.15; Pv 19.21; 20.5). A palavra ‘coração’ tem significado figurativo na Bíblia e deve ser entendida assim. O coração é tratado como o centro da vida espiritual do crente. Caráter, personalidade, mente e vontade são termos modernos que refletem uma pessoa, e na Bíblia estes termos são conhecidos como ‘coração’.

[…] ‘A fim de, estando arraigados e fundados em amor’ sugerem duas ilustrações. Elas ilustram uma árvore e um edifício. O termo ‘arraigados’ pode figurar como a plantação de uma árvore; é a representação que melhor ilustra a Igreja e foi usada por Jesus — a videira (Jo 15.5). Já a palavra ‘fundados’ tem a ver com fundamento e sugere a figura de um edifício, a Igreja (Ef 2.20; Cl 1.23; 2.7). Conforme o texto nos dá a entender, nossas raízes e fundamentos são firmados no amor. O amor é a base do crescimento e do fortalecimento de nossas raízes em Cristo; a firmeza e a solidez do fundamento de nossa fé estão no amor de Cristo. Tanto uma árvore bem arraigada quanto o nosso fundamento, feito unicamente sobre a Palavra de Deus, indicam que a vida cristã não deve ser superficial nem basear-se em fundamentos rotos (Mt 7.24-27)”. (CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico Efésios. RJ: CPAD, 1999, pp. 65,66).

5. Comparações de Amor entre o AT e NT.
A comparação dos usos do AT (aheb-agapao) e do NT (agapao) mostra quão diversos são os objetos do amor; por exemplo:
1) marido-mulher (Gn 24.67; Ef 5.25)
2. O próximo (Lv 19.18; Mt 5.43; 19.19).
3. Dinheiro (Ec 5.9; 2ª Pe 2.15).
4. Um amigo (1ª Sm 20.17 - Davi e Jônatas; Jo 11.5 - Jesus e Marta).
5. Uma cidade (Sl 78.68; Ap 20.9).

III. A BÊNÇÃO DE DEUS EXCEDE O PENSAMENTO HUMANO

Em sua audaciosa intercessão em favor da Igreja, o apóstolo ensina que Deus é capaz de fazer muito além do que pedimos, e, que o Eterno deve ser glorificado para sempre.

1. A dimensão das bênçãos divinas. Ao concluir a ousada oração, Paulo lembra de que a magnitude do poder de Deus é capaz de fazer “muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (3.20). Isso indica que o que Deus pode fazer ultrapassa em muito nossos melhores anseios e desejos. Quer dizer que a mente humana é incapaz de alcançar a dimensão das bênçãos divinas. Nesse sentido, Paulo declara que as coisas que sequer “subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam” (1ª Co 2.9). Essa instrução mostra que os pensamentos do Senhor são muito mais altos do que os nossos (Is 55.9). Desse modo, o poder divino que age na vida do crente e suas bênçãos disponíveis são impossíveis de dimensionar. A grandeza do poder de nosso Deus é capaz de responder para além das mais corajosas orações (1ª Rs 3.5-14).

2. O convite para adoração. Paulo encerra esse capítulo com o convite de adoração a Deus, cuja glória é devida “na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações” (3.21). A conclusão paulina não poderia ter sido diferente. Nos versículos anteriores ele discorreu acerca da boa nova do mistério revelado (3.3-5), das muitíssimas riquezas de Cristo conferidas a Igreja (3.8,9), da grandeza do poder de Deus (3.16), e da infinitude do amor e de todas as bênçãos divinas que excedem a compreensão humana (3.19,20). Além dessas e das demais bênçãos, a única coisa a ser acrescentada era o louvor ao Senhor Deus, detentor de tamanhas dádivas.

3. A glória devida a Deus. Finalmente, Paulo prossegue a ensinar que Deus deve ser glorificado “na Igreja e em Cristo”. Quer dizer que os atos de louvar e glorificar a Deus fazem parte dos propósitos da instituição da Igreja (1.6,12,14). A Igreja nunca terá glória em si mesma, pois toda a glória é exclusivamente tributada para Deus por intermédio da Obra de Cristo (Sl 115.1; Jo 13.31,32). Em sua oração, o apóstolo anela que essa postura de adoração e exaltação a Cristo perdure “por todas as gerações” e enfatiza seu pedido com a frase “para todo o sempre” (3. 21), o que significa que deve ser praticada por todos os crentes.

“Paulo, ao final de sua segunda oração, faz uma doxologia ao Deus Todo-Poderoso, que ouve e responde às orações. A oração do apóstolo parece ter alcançado um grau tão alto e sublime que nada poderia impedir a sua resposta.

Para Paulo, Deus responde não somente ao que nós pedimos, mas Ele pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos (v. 20). A total confiança no ilimitável amor divino move o coração de Deus, e a resposta divina chega com bênçãos excedentes, isto é, sempre acima do que pedimos ou pensamos. Para que isso aconteça, é necessário que nossos desejos, aspirações e vontades sejam canalizados para o centro da vontade de Deus, e Ele, como lhe convier, responderá às nossas orações.

Ele é poderoso não só para fazer tudo o que pedimos ou pensamos, mas para fazer tudo além do que pedimos ou pensamos, para fazer tudo muito mais abundantemente além do que pedimos ou pensamos” (CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico Efésios. RJ: CPAD, 1999, pp. 68, 69).

CONCLUSÃO
A ousada intercessão de Paulo anelava o fortalecimento da Igreja. O apóstolo tinha ciência de que o perseverar do cristão dependia de quatro princípios basilares, os quais ele pediu a Deus em oração: o fortalecimento de poder, a presença plena de Cristo, o intenso exercício do amor de Deus e o contínuo crescimento espiritual até encontrar a perfeição. Durante esse processo, o povo de Deus deve glorificá-Lo em todo o tempo.

BAPTISTA, Douglas. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020 – CPAD – RJ.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

O MISTÉRIO DA VOCAÇÃO DOS GENTIOS E O APOSTOLADO DE PAULO



LEITURA BÍBLICA
Efésios 3.1-13.
“Por esta causa, eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios, 2 - Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; 3 - Como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi, 4 - Pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, 5 - O qual noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, 6 - A saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; 7 - Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. 8 - A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo. 9 - E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou; 10 - Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, 11 - Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor, 12 - No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele. 13 - Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.”
Por meio das Sagradas Escrituras, temos o privilégio de termos acesso ao mistério que esteve oculto desde todos os séculos revelado aos profetas e aos apóstolos do Novo Testamento. Esse mistério se mostra em Jesus Cristo, a esperança da glória, edificando sua Igreja. É privilégio saber que Deus revelou isso aos simples, aos que se achegaram a Ele por meio da fé em Jesus. É uma dádiva ter acesso ao mistério pré-estabelecido por Deus na eternidade. Só Cristo pode proporcionar isso para a sua Igreja. Somente a Palavra de Deus desdobra em detalhes a profundidade e a grandiosidade desse santo mistério.

INTRODUÇÃO.
Nos dois primeiros caps. da Carta aos Efésios, a Bíblia revela a profundidade do pecado e, a sua libertação mediante a obra expiatória de Cristo, destacando a sua obra maravilhosa da formação de um novo povo, derrubando as diferenças entre judeus e gentios. A igreja formada dentre as nações, é o novo povo de Deus.
No cap. 3, o apostolo apresenta como despenseiro da graça de Deus na revelação do grande mistério que é a Igreja.

I. PAULO REVELA A SUA MISSÃO ESPECIAL

Em Ef 2. 22, Paulo declara dos crentes; “edificados para habitação de Deus”, por esta razão, Paulo foi levado a fazer uma segunda oração em favor dos destinatários dessa epístola, (3.14 -21). Antes, porém, ele se identificou de modo especial para que o crédito de sua mensagem não causasse dúvida entre os efésios. Paulo começa o capítulo dizendo: “por esta causa”. Para referir-se a tudo quanto havia escrito anteriormente.

1. Paulo, o “prisioneiro de Cristo” (v. 1). Na verdade, ao dizer-se prisioneiro, Paulo referia-se a dois lados dessa situação. Primeiro estava, de fato encarcerado numa prisão em Roma e, segundo essa prisão literal lhe dava oportunidade de servir a Cristo como seu “prisioneiro especial”. A expressão “prisioneiro de Cristo”, tinha o sentido de não poder fazer outra coisa, senão, pregar a Cristo Senhor e Salvador. Além disso, o fato de estar preso permitiu a Deus comunicar ao seu servo as poderosas verdades destinadas a ser a força e a inspiração de sua Igreja. Ele não lamenta a prisão, mas inverte a situação, e torna o seu cativeiro uma oportunidade para melhor servir ao Senhor.

2. Paulo, o mordomo da graça de Deus (vs. 2 e 3). Paulo assume o seu papel mais importante na missão que recebeu de Cristo que é o de ser mordomo da graça de Deus. É a tradução do termo original oikonomia que significa dispensação, administração dos bens de outrem, administrador de uma casa, mordomia no sentido bíblico. Paulo revela que seu ministério recebido da parte de Cristo era o de revela, dispensar, e mostrar o propósito da graça de Deus a todos os homens. Ele faz questão de afirmar que se tornou ministro do evangelho aos gentios, por isso era chamado “apóstolos dos gentios”, (2ª Tm 1.11; 2ª Co 10.1; Gl 5.2,3; Cl 1.23).

3. Paulo o possuidor da revelação da graça de Deus (vs. 3-5). Não era nenhuma presunção de Paulo frisar que o evangelho aos gentios lhe avia sido revelado especialmente para que fossem participantes dos privilégios do reino de Deus, tanto quanto aos judeus. A designação do seu ministério aos gentios foi revelada por profecia à um profeta chamado Ananias, quando o Senhor disse: “Vai porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15). No v. 9, a palavra demonstrar e mistério, estão intimamente ligadas. Paulo foi o revelador sob a direção do Espírito Santo, do mistério de Cristo, (1ª Tm 3.16; 1ª Co 12.27; Ef 5.32).

4. Paulo o revelador das bênçãos universais de Deus (vs. 5 e 6). A razão pela qual Paulo enfatizava o direito às bênçãos de Deus em Cristo é porque muitos judeus Cristãos tentavam diminuir esses direitos dos gentios. Paulo não aceita as razões sem bases desses judeus e declara que todos, independentemente, de serem judeus ou gentios, tem os mesmos direito e privilegio ante a graça de Deus. Paulo testifica de modo enfático, que os gentios são “coerdeiros e coparticipantes do mesmo corpo de Cristo. Ao ingressarem no reino de Deus, mediante a obra de Cristo no Calvário os gentios participam igualmente de todas as bênçãos. Eles não são cidadão de segunda categoria. Eles são participantes das promessas e formam um só corpo. Espirituais com os judeus, resultando na Igreja, ( 1ª Co 12.13; Ef 2.13). Os gentios em Cristo foram feitos “povo de Deus, geração eleita, nação santa, povo adquirido juntamente com os judeus”.

II. PAULO MINISTRO DA REVELAÇÃO DIVINA

No primeiro ponto desta lição, estudamos que Paulo declarou a sua missão especial como agente de revelação do mistério da graça de Deus. Agora ele se identifica não apenas como receptor dessa revelação, mas como ministro do evangelho.

1. Paulo, ministro da revelação divina (v. 7). As palavras iniciais do v. 7, são uma continuação da declaração que Paulo havia feito no v. 6, ao afirmar que os gentios eram coerdeiro e coparticipante das bênçãos do evangelho. Desse modo Paulo considerava seu ministério um grande privilégio, porque fora feito ministro, não por qualquer mérito ou dignidade, mas “segundo a operação do seu poder”. Paulo, desde o início do seu ministério sofreu da parte dos judeus e dos gentios, mas superou as dificuldades e manteve-se como aquele que recebeu de Deus a missão de ministrar a graça de Deus aos gentios e, também aos gentios.

2. A revelação que Paulo menciona (v. 8). Diante da magnitude das revelações recebidas de Deus, Paulo se diz “o menor de todo os santos”. A grandeza e alcance dos mistérios de Cristo eram maiores do que ele podia compreender. Quando fala de “riquezas incompreensíveis de Cristo”, ele sabia quão insondáveis eram essas riquezas espirituais. Era algo que superava qualquer conhecimento humano. Tudo que refere-se à gloria de Cristo, sua divindade, sua glória moral, e sua glória meritória na cruz do Calvário tem um valor incalculável. “O privilégio de Paulo era pregar aos gentios a Cristo como Salvador e declará-los incluídos como participantes das bênçãos de Cristo, (At 9.15; 22.21; 26.17; Rm 11.13; 15.16-2; Gl 2.7 -9).

3. O mistério da salvação “estava oculto em Deus”. Em sua presciência, Ele estabeleceu o tempo da revelação do mistério da salvação através de Jesus Cristo. O v. 10, declara que “Agora” a Igreja se constituiu na proclamadora da revelação, o que indica que, ela sempre fez parte do plano divino. A Igreja não foi uma obra acidental de Deus; ela foi criada antes de todos os tempos e manifestada através de Jesus. Outrossim, essa revelação não ficava restrita aos homens, pois diz o v. 10, que também, os anjos (“principados e potestades”) teriam conhecimento dessa revelação através da Igreja. O v. 11, afirma que o mistério foi revelado “segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus”. Esse eterno propósito divino, antes de todos os tempos, já tinha Jesus Cristo como a razão de tudo. Tudo quanto foi criado por Deus teve a sua elaboração na eternidade.

4. Três palavras especiais; ousadia, acesso e confiança (v. 12). Essas três palavras tornam possível nossa comunhão mais profunda com Deus. Não há como entrarmos na presença de Deus senão com “santa ousadia”. O acesso, diz respeito a nossa entrada na presença, (Ef 2.18; Rm 5.2). E, a palavra “confiança” envolve a nossa fé em Deus.

CONCLUINDO.
Podemos dizer que, valorizemos mais o privilégio de sermos participantes, a Igreja do Senhor. Desfrutemos das riquezas divinas ao nosso alcance, mas não somente isso. Proclamemos ao mundo a salvação que há em Cristo Jesus, a qual nos alcançou.

O MISTÉRIO DA UNIDADE REVELADO



LEITURA BÍBLICA
Efésios 3.1-13.
“Por esta causa, eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios, 2 - Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; 3 - Como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi, 4 - Pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, 5 - O qual noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, 6 - A saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; 7 - Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. 8 - A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo. 9 - E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou; 10 - Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, 11 - Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor, 12 - No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele. 13 - Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.”
Por meio das Sagradas Escrituras, temos o privilégio de termos acesso ao mistério que esteve oculto desde todos os séculos revelado aos profetas e aos apóstolos do Novo Testamento. Esse mistério se mostra em Jesus Cristo, a esperança da glória, edificando sua Igreja. É privilégio saber que Deus revelou isso aos simples, aos que se achegaram a Ele por meio da fé em Jesus. É uma dádiva ter acesso ao mistério pré-estabelecido por Deus na eternidade. Só Cristo pode proporcionar isso para a sua Igreja. Somente a Palavra de Deus desdobra em detalhes a profundidade e a grandiosidade desse santo mistério.

INTRODUÇÃO.
Paulo e os demais apóstolos, bem como os profetas do Novo Testamento, receberam por meio de Cristo a revelação do mistério oculto (3.1-4). Nesta lição estudaremos o conceito bíblico para “mistério” (3.4,6), como esse mistério esteve oculto nas eras passadas, como o mistério foi revelado na Nova Aliança (3.5,10) e como ele foi pré-estabelecido por Deus na eternidade (3.11).

I. O MISTÉRIO OCULTO NO ANTIGO TESTAMENTO

Os gentios ignoravam as promessas, e os judeus pensavam serem os únicos beneficiários delas, porém, ambos desconheciam o “mistério” que esteve oculto.

1. O conceito bíblico de mistério. Do grego mysterion, a palavra mistério significa “segredo” ou “doutrina secreta”. Indica alguma verdade divina que esteve oculta e passou a ser conhecida (3.3). Não se refere a algo misterioso que somente alguns poucos iniciados possam compreender, como ensinavam alguns adeptos do falso misticismo (Cl 2.18). Pelo contrário, no cristianismo significa uma verdade que esteve encoberta e agora foi desvendada em benefício de todos (1ª Tm 2.4).

2. O desconhecimento do mistério. Para compreender em que sentido o mistério esteve oculto desde outras gerações, é preciso pôr em foco o advérbio “como” que aparece no texto com valor circunstancial: “noutros séculos não foi manifestado, como, agora” (3.5). A expressão “como” indica que no Antigo Testamento esse mistério não foi dado a conhecer tão claramente como agora o foi desvendado pelo Espírito. Isso não quer dizer que antes da Nova Aliança ninguém tomara conhecimento acerca da desse mistério, ou seja, a bênção de que os gentios também participariam.

3. O mistério e os profetas da Antiga Aliança. Os escritores do Antigo Testamento não apenas conheciam a respeito das bênçãos prometidas aos gentios; eles fizeram menção delas (Gn 12.3; 22.18; Is 11.10; 49.6; 54.1-3; 60.1-3; Ml 1.11). O que esses profetas não sabiam era como isso aconteceria, como Deus faria algo totalmente novo. Que as barreiras raciais e religiosas seriam rompidas por meio de Cristo, que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo - a Igreja: o mistério oculto (3.6,10).

“Embora a palavra ‘mistério’ não apareça no AT, o conceito de segredo no AT é o de conselhos que Deus revela ao seu povo. O NT usa o termo para se referir ao Evangelho, às vezes no seu sentido mais amplo, incluindo o plano de Deus de redenção, existente desde tempos eternos (Rm 16.25,26; 1ª Co 2.7; 4.1; Ef 1.9,10; 6.19; Cl 1.26,27; 4.3; 1ª Tm 3.9; Ap 10.7). É também aplicável a aspectos específicos do evangelho: a encarnação (Cl 2.2,9; 1ª Tm 3.16); a igreja como o Corpo de Cristo incluindo os judeus e os gentios (Ef 3.3-6,9; 5.32); as características do reino espiritual atual (Mt 13.11; Mc 4.11; Lc 8.10); a cegueira temporária de Israel (Rm 11.25) e a transformação do crente na volta de Cristo (1ª Co 15.51). O termo também é usado para se referir a qualquer verdade oculta que tenha que ser entendida de forma sobrenatural (1Co 13.2; 14.2), e ao mistério da influência do Anticristo ainda não revelado (2ª Ts 2.7)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2010, p.1292).

II. O MISTÉRIO REVELADO NO NOVO TESTAMENTO

O plano divino oculto quanto à Igreja de Cristo é a ênfase paulina acerca do “mistério revelado” aos apóstolos e aos profetas.

1. Revelado aos apóstolos e profetas. Ao fazer abertura do capítulo três de Efésios, Paulo destaca a sua condição de prisioneiro, o processo de sua vocação e como lhe foi “este mistério manifestado pela revelação” (3.1-3). Em passagens correlatas, Paulo deixa claro que não recebeu seu apostolado de homem algum (Gl 1.1), que a doutrina que ensinava não aprendeu com nenhum homem (Gl 1.11) e que ao ser enviado aos gentios não consultou homem algum (Gl 1.16). Significa dizer que a chamada, a doutrina e a comissão lhe foram divinamente confiadas “pela revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.12).

O apóstolo assegura ainda que o mistério oculto foi revelado pelo Espírito de Deus a ele e aos demais apóstolos e profetas (At 11.4-17,27). Ele indica que o mistério divino não poderia ser desvendado por meio do raciocínio intelectual. Portanto, o apóstolo enfatiza que o mistério foi dado a conhecer por meio da “revelação divina” e não por sabedoria humana (1ª Co 2.4).

2. O mistério oculto revelado. Em termos gerais o “mistério revelado” é a Igreja. Essa revelação começa pela declaração de que o Pai idealizou tudo desde sempre (1.14; 3.11); e prossegue com a execução da Obra de Cristo (1.7; 2.15); e também com a criação de uma nova humanidade (2.1-10); como também a união de judeus e gentios como família de Deus e Corpo de Cristo (2.11-22; 3.6); e a comunicação dessas verdades aos santos apóstolos e profetas (3.3,5). Por fim, o anúncio dessas dádivas do mistério revelado recai sobre a responsabilidade da Igreja, para que “a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida” (3.10). Significa que a própria Igreja é a principal agência divina de divulgação desse “mistério” a fim de unir todos os homens em um só povo por meio de Cristo.

3. A magnitude do mistério. Outrora ninguém tinha ventilado a possibilidade da formação de um só povo, sem distinção de pessoas, etnia ou classe social; mas em Cristo e por Cristo, todos são um e participantes da mesma promessa (Gl 3.28; Ef 3.6; Cl 3.11). Até mesmo alguns líderes da primitiva igreja demoraram a entender esse mistério onde todos são aceitos em Cristo (At 11.4-17). Esse mistério, ora revelado, deve ser propagado aos homens conforme Deus planejara desde o princípio (3.7,8,10,11).

“O fato de Deus pretender que as bênçãos de Abraão e as promessas da salvação messiânica, através da teocracia judaica, incluíssem os gentios, não estavam anteriormente ocultas (v.5). Elas foram claramente reveladas nos livros do Antigo Testamento da Lei, dos Profetas e dos Escritos (por exemplo, em Gn 12.1-3; Dt 32.43; Sl 18.49; 117.1; Is 11.10). O que estava oculto nas antigas gerações e não havia sido previsto nem mesmo pelos profetas do Antigo Testamento era o seguinte: o plano de Deus para a redenção em Cristo (o Messias) envolvia a destruição da antiga linha de demarcação que separava judeus de gentios (2.14,15). O antigo pacto das promessas divinas, a teocracia nacional judaica, devia ser substituído por uma nova raça espiritual (os cristãos), e por uma nova comunidade internacional (a Igreja) nas quais, em Cristo, judeus e gentios seriam admitidos em bases iguais, sem nenhuma distinção” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. RJ: CPAD, 2017, p.423).

III. O MISTÉRIO PRÉ-ESTABELECIDO POR DEUS

Deus não foi surpreendido com o pecado no Éden. Desde a eternidade o Senhor pré-estabeleceu um plano para ser executado na “plenitude dos tempos”.

1. As riquezas insondáveis de Cristo. O mistério agora revelado e anunciado é considerado pelo apóstolo como “riquezas insondáveis” (3.8). A expressão se refere às maravilhas e a providência divina que estão além do entendimento humano (1.7). Para o apóstolo Paulo, compartilhar com os povos essas boas novas era algo imensurável (3.18,19). A mensagem da qual ele fora incumbido consistia em ministrar a todos a perfeição e a preciosidade do mistério que estivera oculto (3.8,9); proclamar que essas dádivas foram projetadas desde a eternidade, sendo livremente concedidas aos homens por meio de Cristo (1.4; 2.16). Tudo abrange o beneplácito da vontade divina, que articulou o plano (1.11), o conteúdo desse plano (Ef 2.1-6) e a pessoa de Cristo que executou o plano pré-estabelecido por Deus (Ef 1.19-22).

2. O eterno propósito em Cristo. Como vimos anteriormente, o mistério “desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (3.9). O que significa que, desde o princípio dos tempos, o Criador manteve o mistério encoberto para ser revelado em tempo oportuno (1ª Pe 1.20). E indica que Deus sempre esteve no controle de sua criação “para que agora seja manifestada […] segundo o eterno propósito que fez em Cristo” (3.10,11). Assim, o “plano da salvação”, que abrange o “mistério da igreja”, e a “revelação desse mistério”, sempre estiveram de acordo com o desígnio divino para serem executados por intermédio de Cristo.

3. O plano divinamente pré-estabelecido. O plano divino não surgiu pelo advento do pecado de Adão. Deus não foi apanhado de surpresa. Ao contrário, Ele sempre esteve no controle e já tinha um plano de salvação pré-estabelecido desde a eternidade. Essa verdade nos ensina que por trás de todo o evento da história existe um propósito eterno em andamento. Deus é soberano e controla todas as eras, tempos e circunstâncias. Nesse eterno propósito, no tempo previamente determinado, o mistério da Igreja foi executado em Cristo “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (3.12).

“Outro aspecto da doutrina de Deus que requer a nossa atenção é o das suas obras. Este aspecto pode ser dividido em: 1) seus decretos 2) sua providência e 3) conservação. Os decretos divinos são o seu plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano, que é imutável e eterno (Ef 3.11; Tg 1.17). São independentes e não podem ser condicionados de nenhuma maneira (Sl 135.6). Têm a ver com as ações de Deus, e não com a sua natureza (Rm 3.26). Dentro desses decretos, há as ações praticadas por Deus, pelas quais tem Ele responsabilidade soberana; e também as ações das quais Ele, embora permita que aconteçam, não é responsável. Baseado nessa distinção, torna-se possível concluir que Deus nem é o autor do mal (embora seja o criador de todas criaturas subalternas), nem é a causa derradeira do pecado” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2018, p.153).

CONCLUSÃO.
O mistério da Igreja esteve oculto nas gerações passadas. No tempo estipulado, Deus revelou o seu eterno propósito aos apóstolos e aos profetas. Judeus e gentios estavam inseridos nesse mistério idealizado por Deus. Tal mistério agora revelado deve ser anunciado pela própria igreja conforme os desígnios divinamente pré-estabelecidos desde a eternidade.

BAPTISTA, Douglas. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020. Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas. CPAD – RJ.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

O SIGNIFICADO DO TERMO "DEUS"



I. O SIGNIFICADO DO TERMO DEUS

Cada idioma possui suas regras gramaticais e particularidades. E para que sejamos capazes de entender o sentido, significado e aplicação da palavra Elohim, precisamos conhecer algumas dessas regras.

1. Significados de Elohim. Diferentemente do português o hebraico possui uma regra gramatical chamada “plural majestático”. Veja o que isso significa:

Elohim é plural, entretanto o plural em Hebraico Bíblico não apenas é usado para se referir a QUANTIDADE, mas é utilizado para passar a ideia de QUALIDADE.

Outro ponto que vale destacar, é que o Hebraico Bíblico não tem uma forma particular, e tão abrangente de formar o GRAU SUPERLATIVO, que “ocorre quando a qualidade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. (Fonte: A Cruz Hebraica).

Noutras palavras, quando a palavra Elohim aparece em referência ao Soberano Senhor (Gn 1.26), ela está indicando exatamente o que está escrito em Deuteronômio 6.4: “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus (Elohim – transliteração minha), é o único Senhor”.

Isto é, quando aplicada ao Pai de Jesus Cristo, a palavra está no sentido de Deus absoluto, indicando qualidade. “O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor”.

1.1. O uso e significado da palavra Deus conforme usada nas Escrituras Sagradas.
A. Elohim - Deuses. Elohim é uma palavra hebraica que normalmente significa “Deus”. No entanto, seu significado dependerá do contexto, especialmente por ser uma forma plural, que também pode indicar “deuses”, “anjos” ou “homens poderosos”. A palavra Elohim pode assumir diferentes significados dependendo do contexto em que é empregada no Antigo Testamento. Assim como Eloah, a origem exata da palavra Elohim é incerta. Seu sentido principal nas Escrituras significa o único e verdadeiro Deus de Israel (Gn 1.1; 3.5; Dt 4.35,39; Jr 10.10).

Além desse significado principal, essa mesma palavra também é utilizada para se referir as divindades das nações pagãs vizinhas de Israel. Nesse caso, seu significado deve ser entendido como sendo “deuses” ou “deusas”. Um exemplo desse tipo de uso da palavra Elohim, é quando ela é aplicada ao deus dos amonitas, Quemos (Jz 11.24) e a deusa dos sidônios, Astorote (1º Rs 11.5).

A palavra Elohim também pode ser aplicada para designar homens poderosos, por exemplo, “juízes” (Êx 21.6; 22.8). Em algumas passagens seu significado exato é bem difícil de ser determinado, como em Gênesis 6.1.

A palavra Deus no hebraico Elohim não é como muitos dizem. A palavra Elohim equivalente a palavra Deus ou deus, em português. E não se refere apenas ao Ser Supremo, ou seja, não é especifica mas assume um caráter de um substantivo comum na Bíblia.

A palavra Elohim em hebraico é o equivalente de Theós em grego. Tenha em mente que o V.T foi escrito em hebraico e o N.T foi escrito em grego).

B. EI (Deus). É um termo hebraico que tem estes sentidos: Altíssimo, Ser primeiro, Ser dominador, Ser forte, Ser poderoso. Este nome revela Deus como o Senhor forte e poderoso (Gn 14.18-22; S1 24.8). Geralmente este termo é usado em certas combinações como: El-Elyon, o Deus Altíssimo, vem de um verbo que significa subir, ser elevado. Este nome revela Deus como o Altíssimo; o Deus que é exaltado sobre tudo o que se chama deus ou deuses (Gn 14.18-20; Sl 18.13; Dn 4.17), El-Olam, o Deus Eterno (Gn 21.33).

C) Adonai. Significa literalmente “Senhor”, vem de um verbo hebraico que tem o sentido de julgar e governar. Portanto, este nome mostra Deus como o Senhor que julga e governa, a quem tudo está sujeito e com quem o homem se relaciona como servo. Ele exige o serviço e a lealdade do seu povo; este nome no Novo Testamento aplica-se ao Cristo glorificado (Êx 23.17; Sl 110.1).

D) Yahweh. Significa Yavé, Javé ou Jeová (traduzido na versão de Almeida como Senhor). Este nome revela Deus como o Deus da graça, e tem sua origem no verbo Ser e inclui os três tempos desse verbo: passado, presente e futuro. Portanto, este nome significa que Deus era, que é e que há de ser. Em outras palavras, o Imutável. Deus. O nome Jeová ou Javé combinado com algumas formas verbais ou substantivos, forma vários nomes compostos, como:

Yahweh Jiré, o Senhor proverá (Gn 22.14).
Yahweh Nissi, o Senhor é minha bandeira (Êx 17.15).
Yahweh Ra'ah, o Senhor é meu pastor (Sl 23.1).
Jeová-Rafá, o Senhor que te sara (Êx 15.26).
Yahweh Samá, o Senhor está ali (Ez 48.35; Ap 21.3, 22).
Yahweh Elion, o Senhor Altíssimo (Sl 97.9).
Yahweh Shalom, o Senhor nossa paz (Jz 6.24).
Yahweh Mikadiskim, o Senhor que vos santifica (Êx 31.13).
Yahweh Tsidkenu, o Senhor nossa justiça (Jr 23.6).
Yahweh Sabaot, o Senhor dos Exércitos (Is 37.16; 1º Sm 1.3).

O Senhor dos Exércitos é Deus como o Rei da glória, cercado de hostes angelicais, governa o céu e a terra no interesse do Seu povo e recebe glória de todas as criaturas.

E) Theos. O Novo Testamento tem os equivalentes gregos dos nomes do Velho Testamento. Para El, Elohim e Elyom temos no Novo Testamento Theos, que é dos nomes aplicados a Deus o mais comum (Lc 1.32-35; At 7.48; 16.17).

F) Kurios. O nome Yahweh algumas vezes é substituído por “O Alfa e o Ômega” (Ap 1.8); “que é, que era, e que há de vir” (Ap 1.4); “o princípio e o fim” (Ap 1.8); “o primeiro e o último” (Ap 1.17). Este nome designa Deus como o Poderoso, Senhor, o Possuidor, o Governador que tem poder e autoridade. É usado não somente com referência a Deus, mas também a Cristo.

G) Pater (Pai). Usa -se tanto no Velho como no Novo Testamento para designar a relação especial da primeira pessoa da Trindade com todos os crentes como Seus filhos no sentido íntimo da salvação (Dt 32.6; Is 64.8; Jr 31.9; 1ª Co 8.6; Hb 12.9).

2. O único Deus. Há muitas declarações nas Escrituras da posição de Deus como o único Criador. O homem pode manipular coisas e inventar e fabricar itens, mas Deus, e só Deus, criou o Universo do nada. “Só tu és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora” (Ne 9.6). “A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? - Diz o Santo. Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? ... Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (Is 40.25-26ª e 28).

A Bíblia nos ensina que só há um Deus, fora ele existe os falsos deuses que se dizem ser deuses mas que não são e não possuem o Poder, a Grandeza e a Majestade que o verdadeiro Deus possui, As características para uma pessoa ser considerada divina são: Onisciência (ter todo o conhecimento, do passado, presente e futuro), Onipresença (estar presente em todo lugar ao mesmo tempo) e Onipotência (possuir todo o poder) e ainda a Eternidade (nunca ter tido princípio nem terá fim. Portanto a minha bíblia não diz que existe vários tipos de Deuses, um fraco, um mediano e um forte, só existe um Deus e nada mais. Infinidade e perfeição absolutas são possíveis a um só. Dois seres semelhantes não podiam existir, pois um limitaria o outro.

Dt 4.35, 39 “A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão ele. 39 - “Por isso hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus, em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há.”

Dt 6.4 “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Out. referências: Dt 32.39; 2ª 7.22; Is 44.6-8, 24; Is 45.5-6, 14, 18, 21-22; 46.9; Os 13.14; Mc 10.18; Mc 12.32; Jo 17.3; Rm 3.30; Rm 16.27; 1ª Co 8.6; Gl 3.20; Ef 4.4.; 1ª Tm 1.17; 1ª Tm 2.5; Tg 2.19; Jd 1.25;).

3. Os Judeus acreditavam que existiam vários deuses legítimos. Os Judeus ou Israelitas foram o povo pactuado de Jeová (YHVH) e como tal reconheciam que o termo “Deus/ deus” não era uma palavra específica para designar o Deus Todo Poderoso. Por exemplo, Moises foi chamado de “Deus/deus” em Êxodo 7.1.

4. Quem chamou Moisés de “Elohim” (Deus)? Como podemos ver no texto, foi o próprio Jeová Deus que considerou Moisés um deus. Não foi do ponto de vista de Faraó ou outros, mas o próprio Deus Todo Poderoso o tornou “poderoso” em ações e palavras, o que fez dele “um deus”.

Devido a posição e poderes a ele delegados pelo Deus Todo Poderoso, Moisés foi considerado um “deus”. É bom relembrar que este detalhe de mencionarmos a palavra “Deus” com letras maiúsculas ou minúsculas é irrelevante para a nossa avaliação do ponto de vista filológico visto que em hebraico antigo e grego coiné não se fazia diferenciação entre letras maiúsculas ou minúsculas. Portanto, se Moisés foi chamado de “deus” em hebraico em Êxodo 7.1, isso implicava que ele possuía poderes ao seu dispor que o colocava em posição elevada em relação a seus contemporâneos.
Êxodos 7.1 “Então disse o SENHOR a Moisés: Eis que te tenho posto por deus (Elohim: אֱלֹהִים) sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será o teu profeta.”

Por receber poder Divino e autoridade de Yahweh, Moisés foi chamado de “deus” (hebraico: Elohim).”

Em harmonia com isso o Salmo 8.5 chama os anjos poderosos de “deuses” ao usar a palavra hebraica Elohim. (Obs. muitas versões usam a Palavra “Deus” ou “deuses”, no hebraico ocorre a palavra Elohim, se alguma versão optou por verter “anjos” ela está parafraseando igual fez a LXX citada por Paulo).

A palavra Elohim segundo a definição do respeitado Brown Driver Briggs Léxico Hebraico – Inglês podem ser usados para: 1. Aos homens; governantes, juízes, e autoridades eclesiástica como representantes divinos em lugares sagrados como por ex. Moises. 2. Deuses estranhos – ídolos. 3. Anjos. 4. E ao Eterno o Único Deus verdadeiro.

O Salmo 82.1 se refere a Juízes humanos e os chama de “deuses”. Lemos que: “Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses.” O Salmo 82.6 prossegue na mesma linha… “Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo.”

Estes e outros inúmeros textos evidenciam que a palavra hebraica “Elohim” “Deus” ou “deuses” é aplicada pelos Judeus primitivos tanto em escritos da Bíblia Sagrada como também em escritos extra bíblicos como se referindo a homens ídolos e a anjos.

“Ao lermos o Salmo 8.5 na LXX (Septuaginta, uma versão do V.T traduzida para o Grego), veremos que esta verteu a palavra hebraica Elohim (deuses) por angelos ou anjos.

Poderá consultar a Concordância Exaustiva de Strong e ver por si mesmo que a palavra Elohim que aparece neste versículo é aplicada a magistrados, anjos, e outros além do Deus Todo Poderoso Jeová. De fato, o nome Yahweh identifica o ser Supremo e Aquele que é chamado de “O Único Deus Verdadeiro” em João 17.3. [Concordância Exaustiva de Strong - https://biblehub.com/hebrew/430.htm - Acesso dia 27/05/2020].

“O Único Deus Verdadeiro” em João 17.3. Na discussão do mestre Jesus com os fariseus registrada em João 8.39, Jesus ouviu os líderes religiosos dizerem: “Nosso pai é Abraão.” Poucos versículos depois (v. 41) os mesmos fariseus disseram:  “Não nascemos de fornicação; temos um só Pai, que é Deus.” Portanto eles disseram que tinham somente um pai. Isso excluía Abraão de ser chamado de “Pai” por estes? Não! De modo similar, Jesus chama Seu Pai de “O Único Deus Verdadeiro”, contudo isso não exclui outros de serem chamados de “deuses” sem que estes sejam deuses falsos.

Muitos teólogos e apologistas modernos negam a existência de outros chamados “deuses”. Ou dizem que tais “deuses” só podem ser “deuses falsos” uma vez que a Bíblia diz que existe apenas um “Único Deus Verdadeiro”. Contudo, os primitivos judeus usavam a palavra “Deus” (Hebraico: Elohim; Grego: Theós) para se referirem a tudo o que possui poder ou exerce poder sobre outros ou alguma criatura com poderes concedidos por Yahweh e, o Ser Supremo, identificado nas Escrituras pelo tetragrama (YHVH). Os Judeus não viam nisso uma contradição. As passagens que cito aqui neste artigo possuem declarações explícitas, onde certos deuses são considerados deuses legítimos devido ao poder concedido pelo Deus Todo Poderoso.

Jesus ao chamar Seu Pai de “o Único Deus verdadeiro” não estava excluindo que existem outros “deuses”. Temos que tomar cuidado e evitar formar teologia a partir de uma declaração que não seja globalmente bíblica. Ou seja, que não seja baseada em “Toda a Escritura”. Por exemplo, os fariseus disseram, numa discussão com Cristo, que “temos um só pai, Deus” (Jo 8.41). Pouco antes haviam falado que “Nosso pai é Abraão” (Jo 8.39). Significa que declarações exclusivas nem sempre são literalmente assim. Se considerarmos as palavras ao pé da letra chegaremos a conclusão de que Abraão era Deus e que Deus era Abraão, visto que os fariseus chamaram a ambos de “pai”. E pior ainda, disseram que não tinham nenhum outro pai a não ser Deus.

5. O único Deus, em oposição a todos os deuses falsos. Jo 17.3-5 “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”

O que é dito aqui está em oposição aos ídolos, não ao próprio Jesus, que, em 1ª João 5.20, é chamado de “o verdadeiro Deus e a vida eterna”.

Conheçam a Ti. O conhecimento vivo e experimental de Deus conduz à vida eterna e é essencial para o desenvolvimento do caráter cristão (ver Jo 17.17). [CBASD, vol. 5, p. 1170].

Glorificação é manifestação. Jesus nos diz que já nos deu a Glória que recebeu do Pai. Ele veio para revelar o Pai a nós e Ele o fez. O alvo de Deus era essa revelação, manifestação, glorificação.

Teu nome (v. 6). Isto é, o caráter. Jesus é a revelação pessoal do caráter do Pai. (Ver Jo 1.14, 18). CBASD, vol. 5, p. 1170].

Eles reconhecem (v. 7). Isto é, de acordo com o grego, “eles vieram a conhecer e estão atentos”. Os judeus O acusaram de ser blasfemo e impostor, por afirmar que Deus era Seu Pai, mas os discípulos foram convencidos de Sua verdadeira origem e identidade. [CBASD, vol. 5, p. 1170].

6. A diferença entre o Verdadeiro Deus e falsos deuses. Já vimos que a palavra Elohim, pode ser usada ao Eterno e Criador, como a deuses que recebem o poder do Supremo Deus, mas também existem os falsos deuses criados pela mente humana para serem adorados como diz o apóstolo Paulo em sua carta: “Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.” (1ª Co 8.5-6).

Os gentios adoravam muitos deuses; o cristão adora um – o Deus vivo e verdadeiro; os judeus, os deístas, os muçulmanos, os budistas ETC., professam reconhecer um Deus, sem nenhum sacrifício expiatório e mediador; o verdadeiro cristão se aproxima dele através do grande mediador (Jesus Cristo), igual ao Pai, que por nós se encarnou e morreu para nos reconciliar com Deus.

A Bíblia às vezes se refere a deuses com “d” minúsculo, geralmente se trata de ídolos, as vezes demônios (que não são deuses e sim anjos caídos) por trás de imagens, satanás é chamado de deus desse século, certa religião aproveita essa passagem pra dizer que satanás é um deus, isso não quer dizer que ele tenha uma natureza dívida, afinal se contradiria com as passagens acima, deus desse século que dizer que ele tem domínio sobre as pessoas que praticam iniquidade e consequentemente o adoram com práticas pecaminosas, fora que se satanás fosse de fato um deus porque ele seria apenas o deus desse século? Porque não do outro? Agora vamos ver alguns versículos que explicam a questão dos deuses com “d” minúsculo que a bíblia menciona inclusive satanás.

Sl 115.2-9 “Porque dirão os gentios: Onde está o seu Deus? 3 Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou. 4 - Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. 5 - Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não veem. 6 - Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. 7 - Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. 8 - A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam. 9 - Israel, confia em Jeová; ele é o seu auxílio e o seu escudo.

Is 37.19 “E lançaram no fogo os seus deuses; porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram.”

Is 42.8 “Eu sou Jeová; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.

Is 42.17 “Tornarão atrás e confundir-se-ão de vergonha os que confiam em imagens de escultura, e dizem às imagens de fundição: Vós sois nossos deuses.”

Jr 16.20 “Porventura fará um homem deuses para si, que contudo não são deuses?”
Concluo que a palavra hebraica Elohim, possui diversos significados na Bíblia. Pode ser usada para descrever divindades pagãs, anjos, pessoas ou cargos importantes e até mesmo o Senhor Deus, Soberano de toda a Terra.

Não devemos estranhar isso, pois é algo que está diretamente ligado as características e regras gramaticais hebraicas, que são diferentes do português.

Sobretudo, o que devemos guardar é o fato de que quando aplicada ao nosso Deus, o sentido da palavra é qualitativo. Significando que não há Deus como o nosso Deus.

II. OS TERMOS USADOS PARA O TETRAGRAMA

Yahweh é o nome próprio de Deus Pai no antigo Testamento, escrito pelas quatro consoantes YHWH - o tetragrama. A escrita hebraica foi usada durante todo o período do Antigo Testamento sem as vogais. Elas nada mais são do que sinais gráficos diacríticos, criados pelos rabinos entre os séculos 5 e 9 a.C., e que são colocados sobre, sob e no meio de cada consoante. Até hoje, esses sinais ajudam muito na leitura de qualquer texto hebraico; todavia, quem já conhece a língua não precisa mais deles.

Segundo a Bíblia Deus disse que seu nome é Yahweh, adaptado em português: A Bíblia Almeida Corrigida traduziu para “'Eu sou aquele que sou”. Porém mais tarde por medo de pronuncia-lo em vão passaram a dizer a palavra Hebraica Adonai (Senhor), por isso os Judeus não pronunciam o nome de Deus que é Yahweh.

Êxodo 3.14 revela que “Elohim” é o que tem existência própria, ou seja, existe por si mesmo. É o imutável, o que causa todas as coisas, é auto existente, aquele que é, que era e o que há de vir, o Eterno. Até hoje, os judeus religiosos preferem chamar Deus de “O Eterno ou “Elohim”, como se encontra na edição de 1988 da Bíblia na Linguagem de Hoje e na edição da Sêfer da Bíblia Hebraica em lugar do tetragrama. Aqui, DEUS explicou a Moisés o significado do nome Yahweh.

Desde o patriarca Abraão até ao período do reino dividido, era costume invocar a Iavé mediante o uso do seu nome (Gn 12.8; 13.4; 21.33; 1 Rs 18.24). Era necessário conhecer o nome para que se pudesse estabelecer um relacionamento de comunhão. Veja que Jacó perguntou ao anjo com quem lutava o seu nome (Gn 32.29). Manoá, o pai de Sansão, fez a mesma pergunta com o propósito de estabelecer um relacionamento espiritual (Jz 13.11- 17). Com Moisés, não foi diferente: “Então, disse Moisés a DEUS: Eis que quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O DEUS de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse DEUS a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E DEUS disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o DEUS de vossos pais, o DEUS de Abraão, o DEUS de Isaque e o DEUS de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração (Êx 3.13-15).

Yahweh estabeleceu um memorial ao seu nome, anunciado aqui, mas concretizado por ocasião da promulgação da lei, quando foi oficializado o concerto do Sinai (Êx 20.24). Aqui está a base do tetragrama YHWH. No texto hebraico, encontramos a frase ’ehyeh asher 'ehyeh; “EU SOU O QUE SOU”. A substituição do “y” de ‘ehyeh pelo w do tetragrama vem de hãwãh, forma arcaica e sinônimo de hãyâh, “ser, estar, existir, tornar-se, acontecer”, cuja primeira pessoa do imperfeito é ‘ehweh, e cuja terceira pessoa é YHWEH.

Na poesia hebraica, usa-se com frequência a forma reduzida Yah. “Já é o seu nome; exultai diante dele” (Sl 68.4, TB). Isso pode explicar a presença da letra “a” no nome Yahweh. Parece provável que a pronúncia original tenha sido YaHWeH, tanto por causa da forma verbal correspondente, o imperfeito de hãwãh, arcaicamente escrito Yahweh, como de representações mais recentes desse nome em grego pelas palavras iaoue e iabe" (HAR- RIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 346).

A partir de 300 a.C. o nome Adonai passou gradualmente a ser mais usado que o tetragrama até que o nome Iavé tornou-se completamente impronunciável pelos judeus. Para evitar a vulgarização do nome e para que a forma não fosse tomada em vão, eles pronunciavam por reverência ’ãdhonãy cada vez que encontravam o tetragrama no texto sagrado, na leitura da sinagoga. Na Idade Média, os rabinos inseriram no tetragrama as vogais de adhonay (HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 347).

Mas os judeus ainda hoje pronunciam “Adonai” para lembrar na leitura bíblica na sinagoga que esse nome é inefável. Esse enxerto no tetragrama resultou no nome híbrido YEHOWAH, que a partir de 1520 os reformadores difundiram como “Jeová”. A forma híbrida “Jeová” não é bíblica, mas foi assim que o nome passou para a cultura ocidental; aos poucos, contudo, esse nome vem sendo substituído pela forma Iavé ou Javé.

Os nomes Adonai e Javé são tão sagrados para os judeus que eles evitam pronunciá-los na rua ou no cotidiano. O segundo nem mesmo nas sinagogas é pronunciado, e no dia a dia eles chamam DEUS de há-shêm, “o Nome” (Lv 24.11, TB; 2ª Sm 6.2).

Nos manuscritos da Septuaginta, encontramos kyrios, “dono, senhor, o Senhor” (BALZ & SCHNEIDER, 2001, vol. I, p. 2437), no lugar de ’ãdõnãy e yhvh. Alguns fragmentos gregos de origem judaica apresentam o tetragrama, mas outros usam kyrios. Isso não é novidade. Jerônimo (347-420) “conhece a prática de, em manuscritos gregos, inserir o nome de DEUS (Yahweh) com caracteres hebraicos” (WÜRTHWEIN, 2013, p. 262). A Septuaginta, como tradução, foi submetida a revisões e recensões e, por isso, até hoje ninguém sabe qual foi exatamente o texto original ou o que foi alterado no transcorrer dos séculos. Uns afirmam que o nome kyrios é original: “Assim, no contexto de uma revisão arcaizante e hebraizante, o tetragrama parece ter sido inserido na tradução antiga no lugar de Kyrios” (op. cit., p. 262). Mas, para outros, é de origem cristã ou teria vindo dos judeus. O certo é que ambos foram usados desde a origem da tradução. [Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pg. 55-58.].

O nome hebraico de DEUS também aparece com as formas abreviadas de Yah (Êx 15:2, etc; em português, «Já») e Yahu ou Yeho. Estas duas últimas formas aparecem em inscrições hebraicas e assírias, e também nos papiros escritos em aramaico. Mas o nome abreviado original parece ter sido Yaw, que tem sido identificado com um dos nomes divinos pagãos encontrados nos documentos de Eras Shamra (vide), provenientes do norte da Fenícia, do século XV A.C.

Uma nova ênfase e significado foram dados através de Moisés (Êx 3.15,16; 6.3,6; cp. Gn 12.8), além do que foi compreendido por Abraão quando ele construiu seu altar entre Betel e Ai (Gn 12.8). Yahweh foi revelado como um nome intensamente pessoal. Foi indicado, ortograficamente, pelo tetragrama YHWH e as transliterações correntes fornecem vogais variadas. Assim, o nome Yahweh estava inseparavelmente ligado à consciência de Israel e estava inevitavelmente envolvido no relacionamento único da Aliança de Israel com a Deidade. Vital para isso foi o fato de que Yahweh havia tomado a iniciativa, e havia entrado visível e inconfundivelmente nos afazeres da nação de Israel.
Também é importante observar que o nome veio a ter tanta importância que os escribas evitavam pronunciá-lo. O uso escriba envolvia circunlóquios e também o uso de nomes alternativos. Isto testemunha não apenas da importância do nome como base para o sentimento de nacionalidade, mas também do respeito que as pessoas sentiam pela fonte sobrenatural de sua história.

O discernimento do AT é que Yahweh tomou a iniciativa de restaurar o vínculo do conhecimento que existia entre DEUS e o homem caído, um vínculo que foi quebrado na queda. E foi através da sua revelação a Israel sob o nome de Yahweh ou Jeová que a história da salvação se desdobrou e tomou-se visível. O desvendamento da natureza de DEUS pela entrega deste nome a Israel foi de um significado supremo para todo o sistema bíblico. [MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pg. 124-125].

III. O SIGNIFICADO “EU SOU O QUE SOU

EU SOU O nome que DEUS deu a si mesmo quando encarrego Moisés de libertar os israelitas do Egito (Êx 3.14). DEUS é o único Ser independente, inteiramente auto subsistente no Universo. Tudo o que existe depende dele (Gn 1.1; cf. Cl 1.17; Hb 1.3,10). Ele não precisa de ninguém ou de nada, visto que Ele possui em si mesmo todos os relacionamentos possíveis - o Eu-ele ou o sujeito-objeto, o Eu-vocês ou o encontro pessoal, e o nós-você ou o relacionamento social. Tudo o que existe foi criado por Ele para sua própria glória. CRISTO declarou ser Ele mesmo o grande “EU SOU”. Em João 8 Ele afirma que diz a verdade, e apoia isto declarando que está dizendo o que ouviu (v. 26), viu (v. 38), e foi ensinado pelo Pai (v. 28), e pode corroborar com Ele em qualquer momento (v. 29). Ele conclui seu argumento usando a expressão “Eu Sou” (v. 58). Quando Ele disse: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou”, os judeus perceberam que isto era uma reivindicação de divindade, particularmente porque Ele estava retornando ao “Eu Sou” do v. 24. “Se não crerdes que eu sou [a palavra 'Ele' não consta no texto grego], morrereis nos vossos pecados”. Foi por isso que eles pegaram em pedras para o matar. Eles perceberam que Ele estava identificando-se com o “EU SOU O QUE SOU” de Êxodo 3.14. Theodor Zahn encontrou expressões similares de “Eu Sou” em João 4.26; 9.9; 18.5; Mateus 14.27; Marcos 13.6; 14.62; Lucas 22.70; 24.39. Greijdanus objetou que nestas outras passagens um atributo é dado ou sugerido. No entanto, ao menos em Mateus 14.27, quando CRISTO veio até os discípulos andando sobre as águas agitadas pela tempestade, Ele se anunciou dizendo: “Sou eu” (Gr. ego eimi). [PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pg. 708-709].

Êxodo 3.14 “Eu sou o que sou”. O Targum de Jonathan interpreta aqui: “Eu sou Aquele que é e que será”. O que é indiscutível é que esse nome está alicerçado sobre o verbo ser (no hebraico, hayah). Mas o texto hebraico comporta mais de uma interpretação. Alguns dizem: “Eu sou porque sou”, dando a entender a vida independente ou necessária de DEUS, em contraste com a vida de todos os seres criados, que é derivada e dependente. Ou então DEUS é exatamente o que Ele é, o Poder Supremo, Imutável. Naturalmente, o tetragrama dos hebreus, YHWH (Yahweh), vem da mesma raiz. Assim, o nome deste versículo seria uma espécie de manipulação dessa raiz. Esse nome indicaria o Ser Eterno e pessoal de DEUS, além de Sua atuação e presença no mundo. Talvez a manipulação daquela raiz tivesse tido o propósito de ficar ambígua, visto que o nome Yahweh, por si mesmo, inspira admiração e espanto. Cf. Apo. 1.4,8; 4.8; 11.17.

Atributos ou condições de DEUS, implícitos nesse nome: auto existência; eternidade; imutabilidade; constância; fidelidade. No templo de Apoio, em Delfos, foi encontrada uma inscrição que dizia: eimi (no grego, “eu sou”). O trecho de João 8.58 alude ao presente texto, e isso refere-se à eternidade do Logo e à Sua união com DEUS Pai. “Eu sou... e além de mim não há DEUS” (Isa 44.6). Temos aí uma declaração contrária ao politeísmo, o que provavelmente também está entendido no Eu Sou do presente texto. Seja como for, o Novo Nome de DEUS indicava uma nova revelação. O projeto de DEUS estava por trás dessa nova revelação. [CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 315].

DEUS prontamente lhe dá instruções completas a esse respeito. DEUS agora seria conhecido por dois nomes:
Um nome que denota o que Ele é em si mesmo (v. 14): Eu sou o que sou. Isto explica o seu nome Yahweh, e significa:

1. Que DEUS é auto existente. Ele tem a sua existência em si mesmo, e não depende de ninguém. O maior e melhor homem do mundo deve dizer: “Pela graça de DEUS, sou o que sou”. Mas DEUS diz de uma forma absoluta - pois Ele é mais do que qualquer criatura, homem ou anjo, e só Ele pode dizer - “Eu sou o que sou”. Sendo auto existente, só Ele pode ser autossuficiente, e, portanto, todo-suficiente, a fonte inesgotável de vida e alegria.

2. Que DEUS é eterno e imutável, e sempre o mesmo, ontem, hoje e eternamente; Ele pode ser aquilo que quiser ser. Ele é, Ele era, e Ele há de vir. (Ap 1.8).

3. Que não podemos, investigando, descobri-lo. Este é um nome que censura todas as indagações ousadas e curiosas a respeito de DEUS, e na verdade diz: Não pergunte o meu nome, visto que é segredo, Juízes 13.18; Provérbios 30.4. Perguntamos o que DEUS é? E suficiente para nós sabermos que Ele é o que é, o que Ele sempre foi, e sempre será. Quão pouco é o que temos ouvido dele! Jó 26.14. (4) Que Ele é fiel e verdadeiro em todas as suas promessas, imutável em sua palavra assim como em sua natureza, e não um homem que mente. Que Israel saiba disso: EU SOU me enviou a vós. [HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pg. 235].

Pr. Elias Ribas