TEXTO
ÁUREO
“E desta maneira fazia Absalão a todo o
Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens
de Israel.” (2º Sm 15.6)
VERDADE
PRÁTICA
A rebelião revela uma natureza depravada e
apóstata contra Deus, visando apenas propósitos que contrariam a perfeita
vontade divina.
LEITURA
BÍBLICA
2º
Samuel 15.1-18 “E
aconteceu, depois disso, que Absalão fez aparelhar carros, e cavalos, e
cinquenta homens que corressem adiante dele. 2 - Também Absalão se levantou
pela manhã e parava a uma banda do caminho da porta. E sucedia que a todo o
homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si
e lhe dizia: De que cidade és tu? E dizendo ele: De uma das tribos de Israel é
teu servo; 3 - então, Absalão lhe dizia: Olha, os teus negócios são bons e
retos, porém não tens quem te ouça da parte do rei. 4 - Dizia mais Absalão: Ah!
Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo o homem que tivesse
demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça! 5 - Sucedia também que,
quando alguém se chegava a ele para se inclinar diante dele, ele estendia a sua
mão, e pegava dele, e o beijava. 6 - Desta maneira fazia Absalão a todo o
Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens
de Israel. 7 - E aconteceu, pois, ao cabo de quarenta anos, que Absalão disse
ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o meu voto que votei ao SENHOR. 8 - Porque
morando eu em Gesur, na Síria, votou o teu servo um voto, dizendo: Se o SENHOR
outra vez me fizer tornar a Jerusalém, servirei ao SENHOR. 9 - Então, lhe disse
o rei: Vai em paz. Levantou-se, pois, e foi para Hebrom. 10 - E enviou Absalão espias por todas as
tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão
reina em Hebrom. 11- E de Jerusalém foram com Absalão duzentos homens
convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquele negócio. 12
- Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, à sua
cidade de Gilo, estando ele sacrificando os seus sacrifícios; e a conjuração se
fortificava, e vinha o povo e se aumentava com Absalão. 13 - Então, veio um
mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel segue a Absalão. 14 -
Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém:
Levantai-vos, e fujamos, porque não poderíamos escapar diante de Absalão.
Dai-vos pressa a caminhar, para que porventura não se apresse ele, e nos
alcance, e lance sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada.15 -
Então, os servos do rei disseram ao rei: Eis aqui os teus servos, para tudo
quanto determinar o rei, nosso senhor. 16 - E saiu o rei, com toda a sua casa,
a pé; deixou, porém, o rei dez mulheres concubinas, para guardarem a casa. 17 -
Tendo, pois, saído o rei com todo o povo a pé, pararam num lugar distante. 18 -
E todos os seus servos iam a seu lado, como também todos os quereteus e todos
os peleteus; e todos os geteus, seiscentos homens que vieram de Gate a pé,
caminhavam diante do rei.”
INTRODUÇÃO.
- Nesta lição, discorreremos sobre a
rebelião de Absalão; não se tratava apenas de uma oposição ou resistência à
autoridade, mas da síndrome do poder. O assassinato de seu irmão, Amnom, não
foi apenas um feito vingativo, mas a oportunidade de excluir um rival que
estava na linha de sucessão ao trono (2º Sm 13.20-39). Absalão era oportunista,
perspicaz. Valendo-se de sua beleza física e carisma incomum, procurou derrubar
o próprio pai, na esteira das falhas governamentais, buscando apoio nos
descontentes, para reinar, prometendo que julgaria a todos com equidade e
rapidez.
I. O
HOMEM ABSALÃO
1.
Descrição.
Absalão era o terceiro filho de Davi com Maacá, filha de Talmai, rei de Gesur,
que nascera em Hebrom (2º Sm 3.2,3) – Davi teve seu primeiro filho com Ainoã,
Amnon, o primogênito; o segundo com Abigail, Quileabe. Do hebraico, o nome
Absalão significa “o pai é da paz” (2º Sm 3.3). Duas coisas o distinguem: seus
longos cabelos e sua aparência física, que era sem defeito (2º Sm 14.25).
- Absalão era o filho predileto de Davi.
Tinha uma vida de luxo, pois estavam a seu dispor um carro e 50 homens que
corriam adiante dele. Tinha uma personalidade forte e capacidade para furtar o
coração do povo (2º Sm 15.1.6). Biograficamente, há muitos detalhes sobre o
homem Absalão, em especial quanto à beleza física, mas nenhum destaque para sua
vida espiritual.
- Absalão era um homem de aparência “sem
defeito”, dotado de personalidade forte e sagacidade para roubar o “coração do
povo”.
2.
Em que consistia a causa da revolta de Absalão? Podemos asseverar
que Davi é o grande responsável pelo desastre que aconteceu no seio de sua
família, devido às suas faltas. Sua queda enfraqueceu espiritual e moralmente
sua família. Assim, primeiramente vem o estupro de Tamar por Amnom, depois a
morte deste por Absalão, que teve de fugir e ficar distante do pai por três
anos. O retorno de Absalão, por parte da estratégia de Joabe, não foi muito
bom, pois, ao retornar, Davi fica sem falar com Absalão por aproximadamente
dois anos. Isso resultou em grande ódio e amargura no seu coração para com o
pai.
- Nada justifica o procedimento errado dos
filhos, mas, por vezes, os pais contribuem para que eles tomem o caminho da
rebeldia deliberada (cf. Ef 6.4).
- Ao introduzir alguns dados biográficos de Abasalão que descrevem um pouco de suas
ações, pois ele nos permite conhecer um pouco da personalidade do filho de
Davi: “Cinco anos se passaram [após Absalão matar Amnom, seu irmão] até que
Davi o [Absalão] reintegrasse totalmente. Mas, Absalão movimentou-se
rapidamente para conseguir o trono. Adotando costumes pagãos (que lhe foram
ensinados por Talmai?) ele apareceu em público em uma carruagem escoltada por
um cortejo de corredores. Ele assegurou a simpatia das dez tribos do norte
fazendo-se passar por seu defensor. Dentro de quatro anos […], sob o pretexto
de cumprir um voto, Absalão foi a Hebrom e reclamou o título de ‘rei’ (2º Sm
15.10); em seguida, apoderou-se de Jerusalém para ser sua capital” (Dicionário
Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.15).
II.
A REVOLTA DE ABSALÃO
1. A
fraqueza do reinado de Davi. O que se desenrola nesse capítulo ainda é
resquício do pecado cometido por Davi; como falou Natã, sua vida seria marcada
por inúmeros problemas (2º Sm 12.10,12). Davi, ao ocultar seu duplo pecado,
pôs-se a levar uma vida relaxada tanto espiritual quanto publicamente; ele não
estava mais julgando as causas como deveria; os problemas do reino
acumulavam-se, aumentando grandemente a insatisfação do povo.
- O servo de Deus deve fazer de tudo para
proceder corretamente perante Deus e o povo, pois a fragmentação de sua vida
moral e espiritual pode abrir portas a uma tempestade incontrolável, levando-o
a significativas perdas, daí a exigência de Paulo: “sejamos irrepreensíveis” (1ª
Tm 3.2).
2. O
Absalão político.
Há o registro do plano da insurreição de Absalão em 2º Samuel 15.1-12. Ele
trabalhou incansavelmente durante quatro anos para pôr seu plano em prática – a
revolta contra seu pai. De duas maneiras Absalão procura impressionar o povo:
primeira, se exibindo com carros, cavalos e homens que corriam adiante dele;
segunda, a lisonja.
- O Absalão político agia da seguinte
maneira: demonstrava o espírito de grandeza. Era comum aos reis do Oriente
terem servos que iam adiante de seus carros, que, por vezes, variavam de três a
quatro homens. Mas Absalão apresentava-se com cinquenta (2º Sm 15.1). Ainda,
exercia uma função que não era sua. Ele sentava-se à porta da cidade como juiz,
mas não o era. Apresentava as falhas no setor administrativo do rei, dizendo
que não havia pessoas capazes indicadas pelo rei para atender ao povo. Depois,
fazia falsa bajulação. Ele dispensava algo que era digno a todo filho de rei:
reverência, antes demonstrava falsa humildade; tudo não passava de
dissimulação. Ainda, falsa devoção a Deus. Dizia que havia feito um voto a
Deus, mas tudo era apenas uma ação mentirosa para enganar o rei. Finalmente,
habilidade em ser sagaz. As pessoas se deixaram levar por toda essa ação sagaz
sem que percebesse seu real significado.
3.
Proclamando-se rei.
Absalão foi para Hebrom com permissão de seu pai, mas ele o fez com falso
pretexto, para comandar, de lá, seus emissários. Ele preparou esses homens e,
ao seu sinal, ao som de trombetas, deveria ser proclamado a todo o Israel:
“Absalão reina em Hebrom!”.
- Por que Hebrom? Esse jovem sabia que, no
seu histórico, Hebrom estava ligada com a monarquia de Israel; foi nela que seu
pai fora coroado rei (2º Sm 2.4; 5.3) e que seu reinado durou ali sete anos e
meio. Absalão tinha consciência de que havia da parte de Judá um sentimento
muito especial por esse lugar; estrategicamente, buscava apoio naquela região.
Ele fez um convite especial para duzentas pessoas escolhidas a dedo, que eram
de influência, mas não sabiam de nada, e levou também um dos conselheiros do rei
Davi, Aitofel. Desse modo, estava montado todo o projeto para a conspiração de
Absalão.
4. A
lealdade dos servos de Davi. Ao tomar conhecimento da ação de seu
filho Absalão, Davi apronta para fugir. Sem dúvida isso era a consequência da
espada que viria sobre sua casa, como fora profetizado.
- Ao sair Davi de Jerusalém com seus
amigos, a primeira parada que faz é em frente ao Monte das Oliveiras, que tem
ligação com a Via Dolorosa (Lc 22.39). Junto com Davi, vai muita gente, mas o
texto faz um destaque à lealdade de um estrangeiro de Gate, cujo nome era Itai.
Davi insistentemente solicita que ele volte a ter com o rei, Abasalão, o que
não o faz, mas se coloca à sua inteira disposição com toda fidelidade,
afirmando que ficaria ao seu lado, quer fosse para vida quer para a morte (2º
Sm 15.21).
- Isso tocou profundamente o coração de
Davi, pois tal posicionamento deveria partir, isto sim, do seu filho.
- A revolta de Absalão escondia um
espírito de grandeza, bajulação, falsa devoção a Deus e sagacidade.
- “Após um apelo especial a Itai, que
parece ser o comandante dos 600 homens, [Davi] liberou-o de qualquer obrigação
e rogou a ele e as seus homens que retornassem ao palácio, Davi recebeu a
promessa de lealdade de vida e morte de seus guardas. O uso do nome do Deus de
Israel na aliança, Yaweh, o Senhor, indicaria que ele era um prosélito da
religião hebraica, bem como um leal súdito da coroa. Com esta garantia, e em
meio a um luto geral por parte do povo em Jerusalém e suas vizinhanças, Davi e
sua companhia atravessaram o Cedrom, o vale que margeava Jerusalém a leste, e
se encaminharam para o oriente através do deserto em direção ao Jordão”
(Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005,
p.252).
III.
A MORTE DE ABSALÃO
1.
Coração de pai.
Davi teve de montar seu exército para lutar contra o próprio filho, dividindo-o
em três companhias, uma sob a liderança de Joabe, outra, de Abisai, e a última
de Itai. Ele se propõe a ir para o combate, mas o povo não permite. Duas coisas
importantes devem ser entendidas aqui: a primeira é o valor que o povo via em
Davi; sendo ele um grande guerreiro, uma pessoa capaz, ainda que estivesse
pagando um alto preço, as pessoas sabiam do seu valor (2º Sm 18.3;1º Sm 18.7;
29.5), e que por causa disso ele era o alvo principal. A segunda é que o povo
queria evitar que o próprio pai tivesse que confrontar o filho. Todos viam a
dor que Davi sentia ao formar aquele exército, para lutar contra seu filho; por
isso, pediu que se tratasse o jovem com brandura.
2. O
preço da rebelião de Absalão. A batalha de Absalão pelo trono, ou seja,
sua rebeldia em troca do poder, custar-lhe-ia a vida. Os homens de Davi
entraram em combate. A vitória facilitou a vitória de Davi, pelo fato de a
floresta, na qual os homens de Absalão embrenharam-se, ser traiçoeira.
- Em alguns relatos bíblicos, forças
naturais contribuíram para que o povo do Senhor fosse vitorioso, como lama,
insetos, doenças, o que prova que Deus age como Ele quer. Vinte mil homens de
Absalão foram abatidos (2º Sm 18.7,8). Vendo que estava perdendo a batalha,
fugiu sobre um mulo, mas acabou preso nos ramos de um grande carvalho, suspenso
pelos cabelos entre o céu e a terra.
- Joabe tomou conhecimento da situação de
Absalão, irando-se, porque o homem que lhe trouxe a notícia não o matara. O
mensageiro lhe disse que não poderia ter feito isso, ainda que fosse para
ganhar mil moedas de prata, pois tinha ouvido o pedido do rei. Joabe, então,
foi até Absalão e traspassa-o com dardos. Depois disso, o combate termina. O
fim de Absalão foi trágico, porque ele agira como usurpador, rebelde; pela lei,
deveria morrer (Dt 21.18,21,23; 2 Sm 17.2,4).
- Toda rebeldia tem seu preço; por isso o
melhor é sempre evitá-la.
- A rebelião de Absalão contra o seu pai
custou-lhe a vida.
- “Davi, portanto, se pôs da banda porta
(4) de Maanaim enquanto seu povo marchava, e fez seu exército ouvir a ordem que
dava aos seus capitães: brandamente tratai por amor de mim ao jovem, a Absalão
(5). Da descrição da batalha, somos levados a entender que esta não foi uma
ação defensiva da parte de Davi, mas uma investida forte e provavelmente
inesperada que fez recuar as forças de Absalão, as quais atravessaram o Jordão
para dentro do bosque de Efraim (6), onde ocorreu o combate decisivo. A luta
foi sangrenta, e 20.000 homens morreram – talvez de ambos os lados – mais gente
perdeu a vida nas gargantas e desfiladeiros das montanhas repletas de bosques do
que pela espada” (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro:
CPAD, 2005, p.254).
CONCLUSÃO
- A história de Absalão é um alerta aos
pais, para que amem e demonstrem seu amor aos filhos, incondicionalmente.
- Conquistar o coração do filho vale mais
do que grandes conquistas materiais ou espirituais.
- A história de Absalão é uma ilustração
das conseqüências drásticas do filho que não honra seu pai (Efésios 6.1-3
''Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.
Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; Para que
te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.'' ).
- O triste fim da história de Absalão não
precisa ser repetido por nossas famílias. Você é um pai com o coração partido,
por causa da rebeldia do filho? Ou você é um filho que não foi compreendido ou
aceito pelo pai?
- Então faça a oração de Davi, que quando
perseguido por Absalão, afirmou: (Salmos 3.3-4 “Porém tu, SENHOR, és um escudo
para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça. Com a minha voz clamei
ao SENHOR, e ouviu-me desde o seu santo monte.’ ).
- Com este episódio, aprendemos que a
rebelião aborrece a Deus. Evitemos, pois, o pecado da rebeldia; busquemos a
sabedoria e a prudência divinas, para que não experimentemos a ira do Deus
justo e verdadeiro. Sejamos fiéis e santos.