TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

A REBELIÃO DE ABSALÃO E A FUGA DE DAVI



TEXTO ÁUREO
“E desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens de Israel.” (2º Sm 15.6)

VERDADE PRÁTICA
A rebelião revela uma natureza depravada e apóstata contra Deus, visando apenas propósitos que contrariam a perfeita vontade divina.

LEITURA BÍBLICA
2º Samuel 15.1-18 “E aconteceu, depois disso, que Absalão fez aparelhar carros, e cavalos, e cinquenta homens que corressem adiante dele. 2 - Também Absalão se levantou pela manhã e parava a uma banda do caminho da porta. E sucedia que a todo o homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si e lhe dizia: De que cidade és tu? E dizendo ele: De uma das tribos de Israel é teu servo; 3 - então, Absalão lhe dizia: Olha, os teus negócios são bons e retos, porém não tens quem te ouça da parte do rei. 4 - Dizia mais Absalão: Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo o homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça! 5 - Sucedia também que, quando alguém se chegava a ele para se inclinar diante dele, ele estendia a sua mão, e pegava dele, e o beijava. 6 - Desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens de Israel. 7 - E aconteceu, pois, ao cabo de quarenta anos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o meu voto que votei ao SENHOR. 8 - Porque morando eu em Gesur, na Síria, votou o teu servo um voto, dizendo: Se o SENHOR outra vez me fizer tornar a Jerusalém, servirei ao SENHOR. 9 - Então, lhe disse o rei: Vai em paz. Levantou-se, pois, e foi para Hebrom. 10 - E enviou Absalão espias por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom. 11- E de Jerusalém foram com Absalão duzentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquele negócio. 12 - Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, à sua cidade de Gilo, estando ele sacrificando os seus sacrifícios; e a conjuração se fortificava, e vinha o povo e se aumentava com Absalão. 13 - Então, veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel segue a Absalão. 14 - Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não poderíamos escapar diante de Absalão. Dai-vos pressa a caminhar, para que porventura não se apresse ele, e nos alcance, e lance sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada.15 - Então, os servos do rei disseram ao rei: Eis aqui os teus servos, para tudo quanto determinar o rei, nosso senhor. 16 - E saiu o rei, com toda a sua casa, a pé; deixou, porém, o rei dez mulheres concubinas, para guardarem a casa. 17 - Tendo, pois, saído o rei com todo o povo a pé, pararam num lugar distante. 18 - E todos os seus servos iam a seu lado, como também todos os quereteus e todos os peleteus; e todos os geteus, seiscentos homens que vieram de Gate a pé, caminhavam diante do rei.”

INTRODUÇÃO.
- Nesta lição, discorreremos sobre a rebelião de Absalão; não se tratava apenas de uma oposição ou resistência à autoridade, mas da síndrome do poder. O assassinato de seu irmão, Amnom, não foi apenas um feito vingativo, mas a oportunidade de excluir um rival que estava na linha de sucessão ao trono (2º Sm 13.20-39). Absalão era oportunista, perspicaz. Valendo-se de sua beleza física e carisma incomum, procurou derrubar o próprio pai, na esteira das falhas governamentais, buscando apoio nos descontentes, para reinar, prometendo que julgaria a todos com equidade e rapidez.

I. O HOMEM ABSALÃO

1. Descrição. Absalão era o terceiro filho de Davi com Maacá, filha de Talmai, rei de Gesur, que nascera em Hebrom (2º Sm 3.2,3) – Davi teve seu primeiro filho com Ainoã, Amnon, o primogênito; o segundo com Abigail, Quileabe. Do hebraico, o nome Absalão significa “o pai é da paz” (2º Sm 3.3). Duas coisas o distinguem: seus longos cabelos e sua aparência física, que era sem defeito (2º Sm 14.25).

- Absalão era o filho predileto de Davi. Tinha uma vida de luxo, pois estavam a seu dispor um carro e 50 homens que corriam adiante dele. Tinha uma personalidade forte e capacidade para furtar o coração do povo (2º Sm 15.1.6). Biograficamente, há muitos detalhes sobre o homem Absalão, em especial quanto à beleza física, mas nenhum destaque para sua vida espiritual.

- Absalão era um homem de aparência “sem defeito”, dotado de personalidade forte e sagacidade para roubar o “coração do povo”.

2. Em que consistia a causa da revolta de Absalão? Podemos asseverar que Davi é o grande responsável pelo desastre que aconteceu no seio de sua família, devido às suas faltas. Sua queda enfraqueceu espiritual e moralmente sua família. Assim, primeiramente vem o estupro de Tamar por Amnom, depois a morte deste por Absalão, que teve de fugir e ficar distante do pai por três anos. O retorno de Absalão, por parte da estratégia de Joabe, não foi muito bom, pois, ao retornar, Davi fica sem falar com Absalão por aproximadamente dois anos. Isso resultou em grande ódio e amargura no seu coração para com o pai.

- Nada justifica o procedimento errado dos filhos, mas, por vezes, os pais contribuem para que eles tomem o caminho da rebeldia deliberada (cf. Ef 6.4).

- Ao introduzir alguns dados biográficos de Abasalão que descrevem um pouco de suas ações, pois ele nos permite conhecer um pouco da personalidade do filho de Davi: “Cinco anos se passaram [após Absalão matar Amnom, seu irmão] até que Davi o [Absalão] reintegrasse totalmente. Mas, Absalão movimentou-se rapidamente para conseguir o trono. Adotando costumes pagãos (que lhe foram ensinados por Talmai?) ele apareceu em público em uma carruagem escoltada por um cortejo de corredores. Ele assegurou a simpatia das dez tribos do norte fazendo-se passar por seu defensor. Dentro de quatro anos […], sob o pretexto de cumprir um voto, Absalão foi a Hebrom e reclamou o título de ‘rei’ (2º Sm 15.10); em seguida, apoderou-se de Jerusalém para ser sua capital” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.15).

II. A REVOLTA DE ABSALÃO

1. A fraqueza do reinado de Davi. O que se desenrola nesse capítulo ainda é resquício do pecado cometido por Davi; como falou Natã, sua vida seria marcada por inúmeros problemas (2º Sm 12.10,12). Davi, ao ocultar seu duplo pecado, pôs-se a levar uma vida relaxada tanto espiritual quanto publicamente; ele não estava mais julgando as causas como deveria; os problemas do reino acumulavam-se, aumentando grandemente a insatisfação do povo.

- O servo de Deus deve fazer de tudo para proceder corretamente perante Deus e o povo, pois a fragmentação de sua vida moral e espiritual pode abrir portas a uma tempestade incontrolável, levando-o a significativas perdas, daí a exigência de Paulo: “sejamos irrepreensíveis” (1ª Tm 3.2).

2. O Absalão político. Há o registro do plano da insurreição de Absalão em 2º Samuel 15.1-12. Ele trabalhou incansavelmente durante quatro anos para pôr seu plano em prática – a revolta contra seu pai. De duas maneiras Absalão procura impressionar o povo: primeira, se exibindo com carros, cavalos e homens que corriam adiante dele; segunda, a lisonja.

- O Absalão político agia da seguinte maneira: demonstrava o espírito de grandeza. Era comum aos reis do Oriente terem servos que iam adiante de seus carros, que, por vezes, variavam de três a quatro homens. Mas Absalão apresentava-se com cinquenta (2º Sm 15.1). Ainda, exercia uma função que não era sua. Ele sentava-se à porta da cidade como juiz, mas não o era. Apresentava as falhas no setor administrativo do rei, dizendo que não havia pessoas capazes indicadas pelo rei para atender ao povo. Depois, fazia falsa bajulação. Ele dispensava algo que era digno a todo filho de rei: reverência, antes demonstrava falsa humildade; tudo não passava de dissimulação. Ainda, falsa devoção a Deus. Dizia que havia feito um voto a Deus, mas tudo era apenas uma ação mentirosa para enganar o rei. Finalmente, habilidade em ser sagaz. As pessoas se deixaram levar por toda essa ação sagaz sem que percebesse seu real significado.

3. Proclamando-se rei.
Absalão foi para Hebrom com permissão de seu pai, mas ele o fez com falso pretexto, para comandar, de lá, seus emissários. Ele preparou esses homens e, ao seu sinal, ao som de trombetas, deveria ser proclamado a todo o Israel: “Absalão reina em Hebrom!”.

- Por que Hebrom? Esse jovem sabia que, no seu histórico, Hebrom estava ligada com a monarquia de Israel; foi nela que seu pai fora coroado rei (2º Sm 2.4; 5.3) e que seu reinado durou ali sete anos e meio. Absalão tinha consciência de que havia da parte de Judá um sentimento muito especial por esse lugar; estrategicamente, buscava apoio naquela região. Ele fez um convite especial para duzentas pessoas escolhidas a dedo, que eram de influência, mas não sabiam de nada, e levou também um dos conselheiros do rei Davi, Aitofel. Desse modo, estava montado todo o projeto para a conspiração de Absalão.

4. A lealdade dos servos de Davi. Ao tomar conhecimento da ação de seu filho Absalão, Davi apronta para fugir. Sem dúvida isso era a consequência da espada que viria sobre sua casa, como fora profetizado.

- Ao sair Davi de Jerusalém com seus amigos, a primeira parada que faz é em frente ao Monte das Oliveiras, que tem ligação com a Via Dolorosa (Lc 22.39). Junto com Davi, vai muita gente, mas o texto faz um destaque à lealdade de um estrangeiro de Gate, cujo nome era Itai. Davi insistentemente solicita que ele volte a ter com o rei, Abasalão, o que não o faz, mas se coloca à sua inteira disposição com toda fidelidade, afirmando que ficaria ao seu lado, quer fosse para vida quer para a morte (2º Sm 15.21).
- Isso tocou profundamente o coração de Davi, pois tal posicionamento deveria partir, isto sim, do seu filho.
- A revolta de Absalão escondia um espírito de grandeza, bajulação, falsa devoção a Deus e sagacidade.

- “Após um apelo especial a Itai, que parece ser o comandante dos 600 homens, [Davi] liberou-o de qualquer obrigação e rogou a ele e as seus homens que retornassem ao palácio, Davi recebeu a promessa de lealdade de vida e morte de seus guardas. O uso do nome do Deus de Israel na aliança, Yaweh, o Senhor, indicaria que ele era um prosélito da religião hebraica, bem como um leal súdito da coroa. Com esta garantia, e em meio a um luto geral por parte do povo em Jerusalém e suas vizinhanças, Davi e sua companhia atravessaram o Cedrom, o vale que margeava Jerusalém a leste, e se encaminharam para o oriente através do deserto em direção ao Jordão” (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.252).

III. A MORTE DE ABSALÃO

1. Coração de pai. Davi teve de montar seu exército para lutar contra o próprio filho, dividindo-o em três companhias, uma sob a liderança de Joabe, outra, de Abisai, e a última de Itai. Ele se propõe a ir para o combate, mas o povo não permite. Duas coisas importantes devem ser entendidas aqui: a primeira é o valor que o povo via em Davi; sendo ele um grande guerreiro, uma pessoa capaz, ainda que estivesse pagando um alto preço, as pessoas sabiam do seu valor (2º Sm 18.3;1º Sm 18.7; 29.5), e que por causa disso ele era o alvo principal. A segunda é que o povo queria evitar que o próprio pai tivesse que confrontar o filho. Todos viam a dor que Davi sentia ao formar aquele exército, para lutar contra seu filho; por isso, pediu que se tratasse o jovem com brandura.

2. O preço da rebelião de Absalão. A batalha de Absalão pelo trono, ou seja, sua rebeldia em troca do poder, custar-lhe-ia a vida. Os homens de Davi entraram em combate. A vitória facilitou a vitória de Davi, pelo fato de a floresta, na qual os homens de Absalão embrenharam-se, ser traiçoeira.
- Em alguns relatos bíblicos, forças naturais contribuíram para que o povo do Senhor fosse vitorioso, como lama, insetos, doenças, o que prova que Deus age como Ele quer. Vinte mil homens de Absalão foram abatidos (2º Sm 18.7,8). Vendo que estava perdendo a batalha, fugiu sobre um mulo, mas acabou preso nos ramos de um grande carvalho, suspenso pelos cabelos entre o céu e a terra.

- Joabe tomou conhecimento da situação de Absalão, irando-se, porque o homem que lhe trouxe a notícia não o matara. O mensageiro lhe disse que não poderia ter feito isso, ainda que fosse para ganhar mil moedas de prata, pois tinha ouvido o pedido do rei. Joabe, então, foi até Absalão e traspassa-o com dardos. Depois disso, o combate termina. O fim de Absalão foi trágico, porque ele agira como usurpador, rebelde; pela lei, deveria morrer (Dt 21.18,21,23; 2 Sm 17.2,4).

- Toda rebeldia tem seu preço; por isso o melhor é sempre evitá-la.

- A rebelião de Absalão contra o seu pai custou-lhe a vida.

- “Davi, portanto, se pôs da banda porta (4) de Maanaim enquanto seu povo marchava, e fez seu exército ouvir a ordem que dava aos seus capitães: brandamente tratai por amor de mim ao jovem, a Absalão (5). Da descrição da batalha, somos levados a entender que esta não foi uma ação defensiva da parte de Davi, mas uma investida forte e provavelmente inesperada que fez recuar as forças de Absalão, as quais atravessaram o Jordão para dentro do bosque de Efraim (6), onde ocorreu o combate decisivo. A luta foi sangrenta, e 20.000 homens morreram – talvez de ambos os lados – mais gente perdeu a vida nas gargantas e desfiladeiros das montanhas repletas de bosques do que pela espada” (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.254).

CONCLUSÃO
- A história de Absalão é um alerta aos pais, para que amem e demonstrem seu amor aos filhos, incondicionalmente.

- Conquistar o coração do filho vale mais do que grandes conquistas materiais ou espirituais.

- A história de Absalão é uma ilustração das conseqüências drásticas do filho que não honra seu pai (Efésios 6.1-3 ''Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.'' ).

- O triste fim da história de Absalão não precisa ser repetido por nossas famílias. Você é um pai com o coração partido, por causa da rebeldia do filho? Ou você é um filho que não foi compreendido ou aceito pelo pai?

- Então faça a oração de Davi, que quando perseguido por Absalão, afirmou: (Salmos 3.3-4 “Porém tu, SENHOR, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça. Com a minha voz clamei ao SENHOR, e ouviu-me desde o seu santo monte.’ ).

- Com este episódio, aprendemos que a rebelião aborrece a Deus. Evitemos, pois, o pecado da rebeldia; busquemos a sabedoria e a prudência divinas, para que não experimentemos a ira do Deus justo e verdadeiro. Sejamos fiéis e santos.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI



TEXTO ÁUREO
“Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher.” (2º Sm 12.10).

VERDADE PRÁTICA
O pecado é destruidor. O seu alvo é sempre desviar o homem da comunhão com Deus, levando-o a um estado de depravação espiritual e moral.

LEITURA BÍBLICA
2º Samuel 12.1-15
1 - E o SENHOR enviou Natã a Davi; e, entrando ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. 2 - O rico tinha muitíssimas ovelhas e vacas; 3 - mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela havia crescido com ele e com seus filhos igualmente; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha. 4 - E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para guisar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre e a preparou para o homem que viera a ele. 5 - Então, o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem que fez isso. 6 - E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu. 7 - Então, disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul; 8 - e te dei a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teu seio e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas. 9 - Por que, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom. 10 - Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher. 11 - Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. 12 - Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol. 13 - Então, disse Davi a Natã: Pequei contra o SENHOR. E disse Natã a Davi: Também o SENHOR traspassou o teu pecado; não morrerás. 14 - Todavia, porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do SENHOR blasfemem, também o filho que te nasceu certamente morrerá. 15 - Então, Natã foi para sua casa. E o SENHOR feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi; e a criança adoeceu gravemente.

INTRODUÇÃO.
- A queda de nossos primeiros pais, trouxe consequências desastrosas não apenas para eles, mas também para toda a humanidade. Entender o que aconteceu com Adão e Eva após o primeiro pecado é chave para compreendermos a situação em que o homem se encontra hoje. Isto porque, Adão não agiu como uma pessoa particular, mas como representante de toda a humanidade.

- É muito comum vermos as pessoas fazerem suas escolhas sem pensar nas consequências que elas trarão. Para muitos, e talvez para nós mesmos, o que vale na hora da escolha é o prazer imediato e a vantagem que se obterá. A preocupação com as consequências e implicações é mínima ou, até mesmo, inexistente. Esse imediatismo, infelizmente, tem afetado muitas pessoas e não são poucos os crentes que seguem por esse caminho. O resultado são inúmeros conflitos e dramas familiares.

- A história de Davi e de seu adultério com Bate-Seba, serve para demonstrar que na vida não podemos fazer nossas escolhas de modo inconsequente. Todas as escolhas que fizermos trarão consequências, que podem ser boas ou ruins. Elas nos aproximarão ou nos afastarão de Deus.

- Hoje veremos como escolhas erradas resultam em consequências trágicas e como devemos reagir quando isso acontecer conosco, dado o nosso pecado.

I. O CONCEITO DE PECADO NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

1. No Antigo Testamento.
- No Antigo Testamento, a palavra pecado tem diversos significados:
a) Errar o alvo, prática de imoralidade e idolatria (Êx 20.20; Jz 16.20; Pv 19.2).
b) Malignidade, perversidade (Gn 3.5; Jz 11.27).
c) Revolta, rebelião (2º Rs 3.5; Sl 51.13).
d) Iniquidade e culpa (Nm 15.30; 1º Sm 3.13).
e) Transgressão consciente (Lv 4.2).
f) Culpabilidade diante de Deus (Lv 4.13; 1ª Jo 1.7).
g) Desviar-se do bom caminho (Nm 15.22; Sl 58.3).

2. No Novo Testamento.
- Quem lê o Novo Testamento depara-se com diversos vocábulos usados pelos escritores para definir a palavra pecado, que pode ser descrito da seguinte forma:
a) Mal moral (Mt 21.41; Rm 12.17; 1ª Tm 6.10).
b) Impiedade, incredulidade, herege ou apóstata (Rm 4.5; 1ºª Tm 1.9; 1ª Pe 4.18).
c) Culpa (Mt 5.21,22; Tg 2.10).
d) Pecado propriamente dito, derivado da palavra grega hamartia (Rm 5.12; At 2.38; Jo 1.29; 1ª Co 15.3).
e) Conduta comprometedora (Rm 1.18; Rm 6.13).
f) Vida sem lei, referindo-se aos transgressores (Mt 13.41; 1ª Tm 1.9).
g) Adoração falsa (At 17.23).
h) Engano (1ª Pe 2.25; Mt 24.5,6; Ap 12.9).
i) Pecado deliberado (Rm 5.15,20).
j) Induzir os outros errarem por meio de falsos ensinos (Gl 2.11,21; 1ª Tm 4.2).

- Assim, podemos perceber que o pecado é sempre maléfico. Suas ações são destruidoras em todos os aspectos, principalmente em relação ao bom relacionamento com Deus. Por isso, ao homem é melhor procurar, em Cristo, o perdão de todos os seus pecados, a fim de estar sempre em comunhão com Deus.

II. ETAPAS DO PECADO DE DAVI

- A palavra “pecado” significa: “desobediência a qualquer norma ou preceito” (HOUAISS, 2001, p. 2160). Pode ser definido como: “transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus” (ANDRADE, 2006, p. 295). A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAMPLIN, 2015, p. 128). De acordo com a Bíblia, o pecado é algo gradual (Tg 1.14,15). Notemos as etapas do pecado de Davi:

1. A traição. Davi estava no auge do seu reinado quando tragicamente caiu em pecado, vencido pela sua própria paixão desenfreada: “Então enviou Davi mensageiros, e mandou trazê-la; e ela veio, e ele se deitou com ela...” (2º Sm 11.4). Depois de ter consumado o seu ato pecaminoso (2º Sm 11.1-4), Davi, de várias maneiras e durante um bom tempo, tentou ocultá-lo (2º Sm 11.8,12). As tentativas foram cada vez mais pecaminosas. Isso sempre acontece com quem tenta esconder seu pecado. A Bíblia diz que “um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7; Nm 32.23).

2. A mentira. Primeiro Davi ordenou que Urias viesse da guerra para dar-lhe notícias dela: “Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como passava Joabe, e como estava o povo, e como ia a guerra”, em seguida, ofereceu-lhe um presente e deu-lhe licença para ir a sua própria casa (2º Sm 11.6-8), mas, infelizmente, tudo era mentira, engano e logro. O mal não reconhece limites em suas ações, enquanto que o bem atua dentro de limites traçados pela ética e infelizmente Davi esqueceu desta verdade.

3. A maldade. Davi insistiu que Urias permanecesse em casa afim de forjar uma situação e livrar-se de seu pecado. Em noutras palavras reincidiu no mal: “… Não vens tu de uma jornada? Por que não descestes à tua casa?” (2º Sm 11.10). O pecado traz dois resultados: separa o homem de Deus e produz maus efeitos no mundo (Is 59.1; Rm 8.19-22). O primeiro pode ser cancelado pelo perdão, mas o segundo permanece. Alguém já disse que: “Deus não permite que seus filhos pequem com sucesso”. As consequências do pecado trazem consigo tristeza amarga e profunda (Rm 2.6-11).

4. A astúcia. Davi ofereceu um banquete a Urias com vinho embriagante com o intuito de enganá-lo: “E Davi, o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou...” (2º Sm 11.13). Davi só não contava com a lealdade e a sensatez de Urias (2º Sm 11.11). Quando o crente procede dessa forma, o julgamento divino o aguarda, pois: “O Senhor não tem o culpado por inocente” (Ne 1.3), e “Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7,8). Lembremo-nos da admoestação de Paulo: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1ª Co 10.12).

5. A covardia. Davi enviou uma carta real ao comandante Joabe, através de Urias, onde estava contida a sentença de morte do próprio portador (2º Sm 11.14,15; 12.9). Um assassinato covarde de um leal soldado, planejado pelo próprio rei da nação (2º Sm 11.16,17). Como Urias era um servo fiel, não violou a carta, pois, se o tivesse feito, veria que estava levando a própria sentença de morte. Davi quebrou o sexto mandamento: “Não matarás” (Êx 20.13); o sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Êx 20.14); e o décimo mandamento: “Não cobiçarás” (Êx 20.17).

6. A Insensibilidade. Mesmo sabendo da morte de Urias, seu fiel soldado, Davi friamente mandou dizer a Joabe: “Não te pareça mal aos teus olhos; pois a espada tanto consome este como aquele” (2º Sm 11.25). Davi tomou Bate-Seba como sua esposa e se portou tranquilamente como se nada houvera acontecido por cerca de quase um ano (2º Sm 12.14,15) com sua consciência cauterizada sem confessar seu pecado e se arrepender dele (2º Sm 12.27 ver ainda 1ª Tm 4.2).

7. A falsa “justiça”. Quando Davi achava que, morto o esposo da mulher com quem adulterara, o seu problema estava resolvido, Deus envia o profeta Natã para confrontá-lo (2º Sm 12.1-25). É comum alguém que pecou e não tratou de forma devida o seu pecado projetar um sentimento de “justiça” e uma falsa santidade perante os outros (2º Sm 12.5,6). Geralmente ele exige dos outros aquilo que ele mesmo não fez e cobra santidade, requer compromisso, exige dedicação, no entanto, nega com a sua prática a eficácia desses valores (Mt 7.3-5; 23.13-33). É comum desculparmos em nós mesmos aquilo que com veemência condenamos nos outros. Há situação em que o estado de cauterização da consciência é tão grande que somente um encontro com Deus é capaz de fazer cair as escamas dos olhos e expor as misérias humanas.

III. CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI

- Consequência é “algo produzido por uma causa ou conjunto de condições; efeito, resultado, ferimento, sequela, inferência, ilação” (HOUAISS, 2001, p. 807). O pecado, uma vez consumado, deixa suas consequências deletérias, ainda que seja perdoado por Deus (Lm 3.39). O pecado de Davi trouxe consequências, algumas imediatas, e outras, a longo prazo: “Agora, portanto, a espada jamais se apartará da tua casa ...” (2º Sm 12.10). Deus perdoou seu servo e lhe preservou a vida. Porém, ele pagou um alto preço pelo seu erro. Uma lição deste episódio é a imparcialidade da justiça divina, bem como as riquezas de sua misericórdia. Vejamos algumas consequências dos pecados de Davi:

1. Consequências emocionais. Os especialistas advertem que há muitas doenças psicossomáticas, isto é, doenças da alma ou de origem psicológica que afetam diretamente o corpo (Sl 32.2-5; 39.10,11; 51.8). Os resultados do pecado de Davi podem ser vistos primeiramente em sua vida sentimental e emocional: “Já estou cansado do meu gemido; toda noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas” (Sl 6.6). O pecado causou feridas profundas na alma de Davi e alguns de seus salmos retratam seus infortúnios (13.2; 22.11; 25.16-18,22; 38.2-3; 41.4,8). A idade em que morreu cerca de setenta anos (2º Sm 5.4; 1º Rs 2.10,11) debilitado como estava, talvez tenha muito a ver com as angústias e frustrações de sua alma (1º Rs 1.1).

2. Consequências espirituais. Não há dúvida de que os efeitos do pecado de Davi também estão na esfera espiritual: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da salvação...” (Sl 51.11,12). A Bíblia nos mostra que há também doenças de origem espiritual: “Depois Jesus encontro-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior” (Jo 5.14). Paulo adverte em sua primeira carta aos coríntios: “Por causa disso [do pecado], há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que morrem” (1ª Co 11.30). Tiago aconselha: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis...” (Tg 5.16). Davi pôs em prática isso e clamou ao Senhor: “… Tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti” (Sl 41.4).

3. Consequências físicas. O pecado também traz consequências no corpo do pecador (Sl 38.3-9). Tanto Davi como Bate-Seba estavam cientes das implicações de seu erro (Lv 20.10). Após pecar Davi ouviu um dos mais duros julgamentos pronunciados pelo profeta Natã (2º Sm 12.10-14). O julgamento atingia não somente sua vida física, mas também incluiria seu reino e sua família (2º Sm 12.18). A sentença que Davi pronunciou tinha base na Lei (Êx 22.1), e isso mesmo ele experimentou na pele, pois ele sentenciou que o homem da parábola, que tomou a ovelha do outro deveria pagar quatro vezes mais: “… tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa...” (2º Sm 12.6). Davi tirou a vida de Urias, e pagou quatro vezes mais por isso:
2.1. O filho que nascera daquele adultério morreu (2º Sm 12.14).
2.2. Amnom foi assassinado por Absalão (2º Sm 13.28,29).
2.3. Absalão foi morto por ter-se rebelado contra o pai (2º Sm 18.9-17).
2.4. Adonias também foi morto à espada (1º Rs 2.24,25).

4. Consequências interpessoais. Os efeitos danosos do pecado levam sofrimentos tanto ao que pecou como a muitas outras pessoas inocentes, e as vezes termina desfazendo grandes amizades. Bate-Seba a mulher de Urias era filha de Eliã e neta de Aitofel, e ambos estes homens faziam parte dos “valentes de Davi”, os súditos leais do rei. No livro de 2 Samuel, capítulo 23, a partir do versículo 24, começa a listagem dos grandes guerreiros de Davi, e ali três nomes se destacam: Eliã, Aitofel e Urias (2º Sm 23.34,39). Aitofel, avô de Bate-Seba, era o grande conselheiro de Davi que, mais tarde, como num ato de vingança, aconselhou Absalão a possuir as mulheres do rei publicamente (2º Sm 16.20-23). Os laços de amizade e lealdade deveriam ter servido de freio ao desejo insano do rei, porém isso não aconteceu infelizmente.

IV. FASES PARA CONSUMAÇÃO DO PECADO

1. A atração. “…e viu do terraço a uma mulher que estava se banhando” (2º Sm 11.2).
- O primeiro passo para o pecado é a atração: “Mas cada um é tentado, quando atraído” (Tg 1.14-a). A palavra “atração” significa: “sedução, sentimento de interesse, curiosidade” (HOUAISS, 2001, p. 338). Isto significa dizer que jamais seremos tentados por aquilo que não nos sentimos atraídos (Gn 25.29,30,34; 39.7-9; Jz 14.1,3). A Bíblia nos exorta a resistir aos desejos carnais “deixando-os” (Hb 12.1); “negando-os” (Mt 16.24); “mortificando-os” (Cl 3.5); e, se preciso for, “fugindo” deles (2ª Tm 2.22).

2. O engodo. “E mandou Davi perguntar quem era aquela mulher ...” (2º Sm 11.3).
- A segunda coisa destacada pelo apóstolo Tiago é o engodo (Tg 1.14-b). A expressão “engodo” quer dizer: “isca usada para atrair animais; chamariz” (HOUAISS, 2001, p. 1149). O simbolismo, talvez seja o da pesca (CHAMPLIN, 2004, p. 23). Da mesma forma, o homem é atraído por algo que desperta a sua concupiscência. O diabo é especialista em colocar a isca (Gn 3.6; 9.20,21; 2º Sm 11.2; Mt 26.15; Jo 12.6; At 4.35-37; 5.1-10; 2ª Tm 4.10).

3. A concepção. “… e mandou trazê-la ...” (2º Sm 11.4-b).
- A terceira fase é a concepção (Tg 1.15-a). Esta fase é bastante perigosa, pois aproxima o homem da queda que é o próximo passo. O verbo “conceber” quer dizer: “ser fecundado por, engravidar, gerar, acalentar” (HOUAISS, 2001, p. 1149). Todos somos tentados diariamente por coisas que se colocam na nossa frente. Diante disto, podemos renunciar ou permitir que este desejo seja alimentado em nosso interior. Devemos com a ajuda da graça (2Tm 2.1) e do poder de Deus (Ef 6.10), resistir aos apelos dos nossos maiores inimigos: a carne (Rm 7.18), o mundo (1Jo 2.15) e o diabo (Tg 4.7).

4. A consumação. “Após ter-se deitado com Davi, Bate-Seba achou-se grávida” (2º Sm 11.4-5).
- O verbo “consumar” quer dizer: “levar a termo; concluir, rematar; cometer, praticar” (HOUAISS, 2001, p. 815). O resultado da consumação do pecado é a morte: “[…] o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15-b). Foi o que foi dito ao primeiro casal (Gn 2.17), e o que eles receberam pela desobediência (Rm 5.12; 6.23). Essa morte é essencialmente espiritual, mas pode também ser física (At 5.5,10; 1ª Co 11.30) e eterna (1ª Co 6.10; Gl 5.19-21; Ap 22.15), senão houver arrependimento sincero e abandono do pecado (Pv 28.13).

CONCLUSÃO.
A maneira correta de lidarmos com nosso pecado é nos arrependermos dele e, com toda a sinceridade, buscarmos em Deus o perdão, a graça e a misericórdia (Sl 51; Hb 4.16; 7.25), e nos dispormos a aceitar, sem amargura nem rebelião, a disciplina divina pelo nosso pecado. Davi tanto reconheceu quanto confessou seus pecados, voltou-se para o Senhor, e aceitou a repreensão com humildade (Sl 12.9-13,20; 16.5-12; 24.10-25; Sl 51).

FONTE DE PESQUISA

1.       BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.       BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.       BÍBLIA PENTECOSTAL, Trad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4.       BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida RA.
5.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6.       CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
7.       GOMES Osiel, Lição 11: As Consequências do Pecado de Davi, EBD 4 ° Trimestre De 2019, CPAD RJ.
8.        HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
9.        STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

PECADO DO HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS



TEXTO ÁUREO
“Porém essa coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR.”

VERDADE PRÁTICA
Somente o revestimento da graça divina, na força e no poder do Espírito Santo, pode livrar-nos do pecado – a ofensa premeditada contra Deus.

LEITURA BÍBLICA
2 Samuel 11.1-18
1 - E aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem para a guerra, enviou Davi a Joabe, e a seus servos com ele, e a todo o Israel, para que destruíssem os filhos de Amom e cercassem Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém.2 - E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no t erraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista. 3 - E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu? 4 - Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou ela para sua casa. 5 - E a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e disse: Pejada estou. 6- Então, enviou Davi a Joabe, dizendo: Envia-me Urias, o heteu. E Joabe enviou Urias a Davi. 7 - Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como ficava Joabe, e como ficava o povo, e como ia a guerra. 8 - Depois, disse Davi a Urias: Desce à tua casa e lava os teus pés. E, saindo Urias da casa real, logo saiu atrás dele iguaria do rei. 9- Porém Urias se deitou à porta da casa real, com todos os servos do seu senhor, e não desceu à sua casa. 10 - E o fizeram saber a Davi, dizendo: Urias não desceu à sua casa. Então, disse Davi a Urias: Não vens tu de uma jornada? Por que não desceste à tua casa? 11 - E disse Urias a Davi: A arca, e Israel, e Judá ficam em tendas; e Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados no campo; e hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber e para me deitar com minha mulher? Pela tua vida e pela vida da tua alma, não farei tal coisa. 12 - Então, disse Davi a Urias: Fica cá ainda hoje, e amanhã te despedirei. Urias, pois, ficou em Jerusalém aquele dia e o seguinte. 13 - E Davi o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou; e, à tarde, saiu a deitar-se na sua cama, como os servos de seu senhor; porém não desceu à sua casa. 14 - E sucedeu que, pela manhã, Davi escreveu uma carta a Joabe e mandou-lha por mão de Urias. 15 - Escreveu na carta, dizendo: Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra. 16- Aconteceu, pois, que, tendo Joabe observado bem a cidade, pôs a Urias no lugar onde sabia que havia homens valentes. 17 - E, saindo os homens da cidade e pelejando com Joabe, caíram alguns do povo, dos servos de Davi; e morreu também Urias, o heteu. 18 - Então, enviou Joabe e fez saber a Davi todo o sucesso daquela peleja.

INTRODUÇÃO.
- Uma das coisas mais importantes da narrativa bíblica é sua imparcialidade ao contar a história dos personagens bíblicos, tanto destacando seus acertos e feitos heroicos quanto seus erros. Nesta lição, introduziremos o assunto definindo a palavra pecado; destacaremos alguns falhas cometidas por Davi, o homem segundo o coração de Deus; elencaremos quais os passos que deu e que o levaram a queda espiritual; pontuaremos as subsequentes atitudes erradas para tentar reparar o seu erro, e, por conseguinte quando confrontado pelo profeta quais as atitudes certas que tomou a fim de se reconciliar com Deus; e por fim, finalizaremos falando a respeito das atitudes de Saul e de Davi ante o seu pecado.

- A Bíblia não se limita a descrever as façanhas de seus heróis, mas revela igualmente seus pecados, erros e fragilidades. Homens como Noé, Abraão e Jacó cometeram graves faltas na caminhada espiritual (Gn 9.20,21; 20.1-6; 27.19), e a Bíblia não as esconde.  Davi, embora ungido do Senhor, deu lugar ao Diabo, e veio a cometer dois gravíssimos pecados. Por isso, Jesus nos alerta e orar e a vigiar constantemente (Mt 26.41).

I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PECADO

- A palavra “pecado” segundo o dicionário significa: “desobediência a qualquer norma ou preceito” (HOUAISS, 2001, p. 2160). Teologicamente pode ser definido como “transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus” (ANDRADE, 2006, p. 295). A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado e cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1º Jo 3.4). No grego o termo “hamartia” sugere a ideia de “fracassar”, “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente (CABRAL, 2008, p. 302).

II. SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1. O homem segundo o coração de Deus. A expressão um homem segundo o seu coração fala de alguém que procura agradar ao Senhor. A Bíblia declara que Davi era esse homem (1º Sm 13.14).

- Davi era rei que agradava a Deus, porque em tudo priorizava a Sua vontade. Davi sabia esperar; seu coração sentia segundo os sentimentos do Senhor. Ele não se apressava, não agia precipitadamente, não frustrava os planos divinos nem buscava sua própria vontade; mas agia consciente e moderadamente (Fp 4.5). O líder segundo o coração de Deus tem intimidade com o Pai. O Senhor quer nos dar pastores segundo o seu coração (Jr 3.15).

2. Davi era o escolhido de Deus, mas deu lugar ao Diabo. Davi era o escolhido de Deus, mas, infelizmente, cometeu pecados graves; não foi um exemplo de perfeição absoluta como líder espiritual nem como homem público. A grande diferença entre Davi e Saul foi o arrependimento. O Salmo 51 revela a confissão de Davi, sua súplica por perdão e seu rogo por renovação espiritual. Ele não escondeu as suas transgressões; confessou-as e buscou o perdão.

- Enquanto o nosso corpo não for plenamente redimido lutaremos contra a tentação e o pecado. Mas chegará o dia que o que é “mortal se revestirá de imortalidade e o que é corrupto, de incorruptibilidade” (1ª Co 15.54). Enquanto isso, trilhemos o caminho da santidade, da oração, da leitura da Bíblia e da fuga da aparência do mal (1ª Ts 5.22; 4.12). Deixo, porém, este alerta: é possível, sim, termos uma vida irrepreensível tanto diante de Deus quanto diante dos homens.

III. O AMBIENTE EM QUE DAVI PECOU

1. Criando um ambiente propício ao pecado. O texto inicia dizendo que Davi não partiu para guerra, quando deveria ter ido (1º Sm 11.1). A indolência do rei era o primeiro passo que lhe preparava para a queda, pois quanto mais tempo desocupado, mais chance de ser tentado. Davi não pecou apenas por ter visto Bate-Seba, mas porque seu olhar foi pecaminoso; ele não procedeu como Jó, que fez concerto com os seus olhos para não pecar (Jó 31.1). No lugar de andar ocioso pelo palácio, Davi deveria ter fugido da aparência do mal.

- Ser tentado não é pecado, mas ceder à tentação é. Jesus foi tentado, mas não cedeu à tentação; repreendeu o Diabo com as Escrituras (Mt 4.1; Hb 2.18). A tentação pode vir tanto de fora (do mundo e do Diabo) quanto de dentro de nós (Tg 1.14).

2. Os meios que contribuem para a prática do pecado. Em geral, quando uma pessoa começa a desejar o pecado, ela aprofunda esse desejo, fecha-se para as coisas de Deus, levando o Espírito Santo a retirar-se dela. Assim foi com Davi. Ele indaga sobre a mulher que se banhava e, por meio de seus poderes reais, ordenou que a buscassem (2º Sm 11.4). Ele mandou buscá-la, mesmo sabendo que se tratava de uma senhora casada.

- Nada mais podia detê-lo no caminho do pecado, mesmo a informação de que Bate-Seba era mulher de um dos seus oficiais mais fiéis. Nessas condições, Davi já estava longe de Deus. Todas as ações descritas no texto mostram que ele abriu a porta do coração para o pecado e não desviou os olhos da vaidade (Sl 119.37).

- Frente ao mau exemplo de Davi, e de acordo com as Escrituras, o cristão deve fugir do pecado e resguardar-se em Cristo, pois somente nEle é que se consegue vencer os ataques do Maligno.

IV. A BÍBLIA REGISTRA AS FALHAS DE DAVI

- Embora a Bíblia destaque as muitas qualidades de Davi (1º Sm 16.18), e acrescente dizendo que ele foi chamado o “homem segundo o coração de Deus” (1º Sm 13.14; At 13.22); ela não oculta ou encobre as suas falhas, evidenciando assim sua imparcialidade e também um dos seus objetivos que é de ensinar as gerações futuras através dos erros cometidos pelos personagens bíblicos, até os mais célebres, a fim de que não caiamos na mesma situação (Rm 15.14; 1Co 10.11). Podemos notar algumas destas falhas cometida por Davi:
A. Tentou conduzir a arca com animais e não com os levitas (2º Sm 6.1-10);
B. Adulterou com a mulher de Urias (2º Sm 11.1-5);
C. Planejou a morte de Urias (2º Sm 11.6-17); e,D. numerou o povo (recenseamento) de maneira puramente orgulhosa (1º Cr 21.1 ver ainda 2º Sm 24.1).

V. O ADULTÉRIO E O HOMICÍDIO DE DAVI

1. Pecado gera pecado. No Salmo 42.7, é dito que um abismo chama outro abismo. A prática pecado gera mais pecado. Ao tomar ciência de que Bate-Seba estava grávida, Davi engendra um plano.

- Para esconder a gravidez adulterina de Bate-Seba, Davi força Urias a deitar-se com a esposa, a fim de se lhe atribuir o filho ali gerado. Ele fez isso por duas vezes, porém, sem sucesso (2º Sm 11.8,10). Em outra tentativa ele se dispõe a embriagá-lo, mas, mesmo assim, Urias não foi para casa (2º Sm 11.13). O oficial se revela um soldado fiel, honrado, leal, contrastando com as atitudes do próprio rei Davi.

- Por fim, Davi revela sua face mais cruel: escreve uma carta, e ordena que Urias a entregue a Joabe; na carta, o rei ordena ao general que coloque o valente soldado num front temerário, imprudente e belicamente infrutífero.

- Uma das faces do pecado é a dissimulação; leva-nos a situações inimagináveis. Atentemos, pois, para o que o apóstolo disse: “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

2. O homicídio de Davi. O pecado de Davi vai tomando grandes proporções. O rei entrega Urias nas mãos de Joabe que, por seu turno, coloca-o à frente de uma peleja suicida. Esse ato não matou apenas Urias, mas também outros soldados (2º Sm 11.17). Ao ser informado da morte de seu fiel oficial, Davi se manifestou de modo brando, impassível e calculista, afirmando que tais coisas ocorrem na guerra − a espada ora devora de um lado, ora do outro (2º Sm 11.25).

- Davi plantou uma grande injustiça e colherá uma grande amargura. Ele sentirá o peso da espada, enviada da parte de Deus, sobre sua casa. O pecado destrói, transtorna e desfigura espiritualmente uma pessoa. O homem segundo o coração de Deus agora fazia a vontade do Diabo.

3. Davi e seu comandante. Experiente em guerra, Joabe sabia que o pedido de Davi era uma trama maldosa. Ali, a máscara de Davi cai diante de Joabe. Este não o verá mais como um rei santo, mas como alguém de caráter duvidoso, que acabara de fazer um pedido sujo. Joabe era um assassino, pois havia tirado a vida de Abner (2º Sm 3.26,27). Davi acabara de se igualar ao seu comandante.

- O rei de Israel não era mais o rei-modelo, espiritual e excelente. Joabe, não somente poderia blasfemar de Davi, como não mais poderia ser repreendido pelo rei a respeito de Abner (2º Sm 3.28,29).

- A história de Davi e seu comandante, Joabe, nos mostra que os servos do Senhor devem proceder fielmente em tudo para que o nome de Cristo não seja blasfemado.

4. A tentativa de Davi para evitar as suspeitas do seu pecado. Em seu atoleiro pecaminoso, depois de sete dias de luto, imediatamente Davi tomou Bate-Seba como esposa. Ele pensava afastar quaisquer suspeitas de um relacionamento extraconjugal.

- É importante dizer que Bate-Seba teve grande participação no pecado de Davi. Ela não se resguardou; mostrou-se pecaminosamente. Era uma mulher ambiciosa, cheia de planos. Isso pode ser comprovado pelo texto de 1º Reis 1.11-31.

- Tudo poderia ter passado despercebido perante o povo e logo esquecido, mas o autor sagrado o contraria dizendo: “Porém essa coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR” (2º Sm 11.27).

- Deus é onisciente, Ele sabe de tudo. Os que pecam às ocultas, pensando que Ele não vê, enganam-se; as Escrituras declaram que “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hb 4.13; cf. Sl 33.13,14; 90.8; 139.11,12).

VI. OS PASSOS QUE LEVARAM DAVI AO MAIS HORRENDO PECADO

Davi estava vivendo um dos melhores momentos de sua vida e de seu reinado tais como:
A. Tinha um exército respeitado (2º Sm 8-10).
B. As fronteiras haviam sido ampliadas (2º Sm 5.6-12).
C. Tinha uma linda casa nova (2º Sm 5.11).
D. Planejava para construir o templo do Senhor (2º Sm 7).

- Porém, como acontece geralmente com todas as pessoas, a queda de Davi não foi repentina, mas gradual, pois algumas brechas começaram a se abrir em sua vida espiritual. Vejamos:

1. A ociosidade. A pessoa que estar ociosa é o mesmo que desocupada; inativa; preguiçosa; indolente; com ausência de disposição; falta de empenho; preguiça. Como o reinado estava consolidado, possivelmente Davi achou que não havia necessidade de ir à batalha com seu exército. Mas, o maior erro dele não foi ficar em Jerusalém. Além de ficar no palácio desocupadamente, o rei foi passear no terraço da casa real em plena guerra (2º Sm 11.1,2). As maiores tentações que o crente enfrenta, não são aquelas que lhe sobrevêm quando ele está à frente da peleja, e sim, quando está vivendo ociososamente e isto o torna vulnerável. A Bíblia exorta a fugir da aparência do mal (1ª Ts 5.22), e vigiar para não cairmos em tentação (1ª Co 10.12,13).

2. A cobiça. A cobiça é o mesmo que ganância; cupidez; avidez; ambição; inveja e desejo desmedido por aquilo que é do outro. Enquanto passeava, Davi viu Bate-Seba que estava se banhando (2º Sm 11.2). Ao vê-la, Davi a cobiçou, pois era uma mulher muito formosa (2º Sm 11.2,3). O pecado da cobiça leva o homem à perder o domínio próprio e ficar sob o domínio da carne (Tg 1.14,15 ver Jó 31.1). Foi isto que aconteceu com Davi. Ele procurou saber quem era aquela mulher e lhe informaram que era a mulher de Urias, ou seja, era uma mulher casada, e não era lícito possuí-la. Mas ele não se conteve e mandou trazê-la. O décimo mandamento: “não cobiçarás” (Êx 20.17), vai contra a própria raiz do pecado, o coração pecaminoso e o desejo perverso. Cristo aborda a responsabilidade sobre o pecado do pensamento, pois toda ação humana começa no seu coração, inclusive comparou o desejo de pecar ao próprio ato em si (Mt 5.28; Mc 7.21-23).

3. O adultério. Mesmo sabendo que aquela mulher era casada, Davi a possuiu e adulterou com ela, sem pensar nas consequências do seu erro (2º Sm 11.4). Davi ficou “cego” e transgrediu o mandamento de Deus ao tomar a mulher de outro homem (Êx 20.14,17). A palavra adultério vem do latim, adulterium, que tem o sentido de “dormir na cama alheia”. É a relação sexual entre pessoa casada, com outra que não é o seu cônjuge” (RENOVATO, 2013, p. 69). O sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Êx 20.7), tem como objetivo a abstenção de toda impureza da carne e ainda exorta para conservação do leito sem mácula, isto é, o amor conjugal e a coabitação. Ele visa proteger o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Esta prática nociva se constitui num pecado contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo (Gn 39.9; 1Co 6.18; Rm 13.9).

IV. TENTATIVAS ERRADAS DE RESOLVER O PECADO

1. Ocultando o pecado. Ocultar é o mesmo que esconder; encobrir; disfarçar; dissimular. Assim que Davi pecou, procurou encobrir o seu erro. No entanto, sua atitude pecaminosa embora feita as ocultas foi vista pelo Senhor: “esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR” (2º Sm 11.27) e no devido tempo viria à luz: “Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante” (2º Sm 12.12). O pecado é mal, e ocultá-lo é mais mal ainda (Sl 32.1-5; Pv 28.13).

2. Enganando seu leal escudeiro. Enganar é iludir; induzir ao erro; lograr; calotear; engrolar. A primeira tentativa de Davi foi mandar buscar Urias. Após saber como estava a guerra e o exército, mandou que Urias fosse para sua casa e coabitasse com a sua mulher. Seu intento era que ele deitasse com Bate-Seba, para que ele não descobrisse que foi traído. Porém, Urias era tão leal ao rei e aos seus companheiros que não quis se dar ao luxo de estar em casa com sua esposa, enquanto os homens estavam à frente da peleja. Por isso, ele se deitou à porta da casa real com os servos do rei, e não foi para sua casa (2º Sm 11.6-11). Dessa forma, o primeiro plano de Davi foi frustrado e ele partiu para o segundo plano cumprindo o que a Bíblia nos diz que um pecado gera outro (Sl 42.7). Quando soube que Urias não havia ido para sua casa, Davi o convidou para o palácio e juntos comeram e beberam; e Davi, propositalmente o embebedou, para que ele se esquecesse de suas responsabilidades militares, pelo menos por uma noite. A estratégia de Davi falhou mais uma vez, pois, mesmo embriagado, Urias não foi para sua casa, mas permaneceu na corte dormindo com os servos do rei (2º Sm 11.12,13).

3. Planejando a morte do marido traído. Planejar é esboçar; projetar; desenhar; preconceber algo; traçar; arquitetar. Como Davi não conseguiu consumar seu intento, fazendo com que Urias fosse para casa para dormir com Bate-Seba, para encobrir o pecado de adultério, Davi tomou uma medida ainda mais drástica. Escreveu uma carta para Joabe chefe do seu exército pelas mãos do próprio Urias, para que Joabe colocasse Urias à frente da peleja, para que morresse (2º Sm 11.14,15). Joabe, então cumpriu o mandado do rei, colocou Urias à frente da peleja e ele morreu. Este plano funcionou! Ao saber da morte de Urias, Davi trouxe Bate-Seba para o palácio e a tomou por mulher. A Palavra de Deus nos diz que: “... esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor” (2º Sm 11.27).

V. TOMANDO A DECISÃO CORRETA ANTE O PECADO

- Deus enviou o profeta Natã para repreender a Davi. O profeta contou uma história que fez com que o rei reconhecesse o seu erro (2º Sm 12.1,4). Ao ouvir a parábola, Davi lhe interrompeu dizendo: “Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso” (2Sm 12.5). Nessa ocasião, o profeta lhe diz: “Tu és este homem” (2º Sm 12.7). Aquelas palavras fizeram com que a ira de Davi se transformasse em pesar. Notemos suas reações:

1. Confissão (2º Sm 12.13). Quando confrontado pelo profeta Natã por causa do seu pecado, Davi com sinceridade confessou: “Pequei contra o SENHOR” (2º Sm 12.13). No salmo 51 encontramos a oração de Davi diante do Senhor confessando o seu pecado: “Contra ti, contra ti somente pequei...” (Sl 51.3).

2. Quebrantamento. Quando reconheceu o seu pecado, Davi se quebrantou diante do Senhor: “e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra” (2º Sm 12.16). No salmo 51 vemos ele quebrantado dizendo: “os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).

3. Arrependimento. Davi arrependeu-se amargamente da sua iniquidade e pediu a Deus que lavasse os seus pecados, e o purificasse (Sl 51.2), que lhe desse um coração puro e um espírito reto: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10).

VI. DIFERENÇAS ENTRE SAUL E DAVI ANTE O PECADO

- Alguém pode perguntar porque Deus não perdoou o pecado de Saul e perdoou o de Davi. A resposta para este questionamento encontra-se na forma como cada um dos personagens reagiu quando confrontado pela palavra de Deus. Notemos:

SAUL
- Pecou e tentou justificar o seu erro (1º Sm 13.11,12).
- Tentou aplacar a ira de Deus com sacrifícios (1º Sm 15.20-22).
- Entristeceu o Espírito Santo e não procurou se consertar, antes se apostatou (1º Sm 16.23).

DAVI
- Pecou e confessou o seu erro (Sl 51.1-4).
- Reconheceu que o quebrantamento e não os sacrifícios agradavam a Deus (Sl 51.16,17).
- Entristeceu o Espírito Santo e buscou a renovação e pediu misericórdia (Sl 51.10,11).

CONCLUSÃO.
- O registro do pecado de Davi revela a perfeita justiça de Deus e de sua Palavra. As Escrituras mostram que a prática do pecado é sempre desastrosa. Portanto, evitemos a ociosidade, desenvolvamos os dons úteis à obra de Deus. Confessemos o nosso pecado, pois quem o oculta, torna-o mais grave ainda. Se este for o seu caso, procure o seu pastor; peça-lhe a ajuda. Quem confessa a sua transgressão e a deixa, alcançará a misericórdia.