Para entendermos o caminho das seitas e heresias, é de suma importância conhecer o autor de todas as confusões religiosas que atuam no mundo espiritual. No caminho das seitas, está o espírito de Satanás, que sutilmente engana os homens com sua astúcia e estratégica, desviando-os da verdade. Somente a Bíblia como Palavra do Deus Altíssimo, pode mostrar-nos o Caminho da Verdade.
I. OS ANJOS SÃO CRIATURAS
No princípio de todas as coisas, antes da criação do mundo físico, Deus criou os anjos. A expressão “exércitos do céu”, dependendo do contexto, pode ter duas interpretações. Em Gênesis 2.1; Salmos 33.6 e Neemias 9.6, refere-se aos astros físicos do espaço sideral; porém em outros textos (Sl 148.2, 5; Cl 1.16; 2º RS 22.19; Sl 103.20-21) refere-se aos anjos. É impossível fixar o tempo em que foram criados os anjos, mas a resposta de Deus ao patriarca Jó declara que eles foram criados antes de todas as coisas (Jó 38.4,7).
A Bíblia diz que os anjos são seres espirituais, por isso não possuem limitações físicas. São seres poderosos que executam as ordens de Deus e lhe obedecem (Sl 103.20). Os anjos são seres imortais. Os homens podem morrer fisicamente, mas os anjos são espíritos imortais (Lc 20.34-36). Os anjos são espíritos ministradores em favor dos homens sob a ordem de Deus (Hb 1.14). Eles exercem serviços especiais aos interesses do Reino de Deus. Na experiência com os homens, os anjos falam, orientam, ouvem e determinam. A Bíblia dá a entender que os anjos possuem uma inteligência superior à dos homens, mas não igual a Deus (2º Sl 14.20); 1ª Pe 1.12).
Todos os seres humanos reconhecem o fato real e lamentável do mal no Universo. Verdadeiramente, a presença do mal no mundo é um dos problemas mais desorientantes para a filosofia e para a teologia. Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado. Quando a Bíblia faz o relato da criação em Gênesis 1.1: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. E tudo que Deus havia feito era bom. Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade quando originalmente foram criados. É bom lembrar que a criatura era dotada de capacidade de pecar e a capacidade de não pecar. A criatura foi colocada na posição de poder fazer obedecer ou desobedecer. Em outras palavras, sua vontade era autônoma, isto é, vontade independente, livre-arbítrio.
II. SATANÁS, SUA ORIGEM E QUEDA
Existem pessoas que tem em si, uma pergunta, e buscam a resposta. Essa pergunta é: Como surgiu Satanás e os demônios? A Bíblia nos ensina que Deus é o Criador de todas as coisas, visível e invisível (Gn 1.1). Deus criou os anjos para louvor de sua glória. Porém, Ele não criou Satanás, mas sim o querubim Lúcifer.
Há indícios da obra de Satanás nos vários nomes dado a ele, pois cada nome expressa uma qualidade de caráter ou um método de operação, ou ambos.
O texto do profeta Ezequiel é uma profecia com sentido duplo. Inicialmente, os primeiros dez versículos falam do “príncipe de Tiro” para referir-se ao seu orgulho que o levou a exaltar-se qual divindade. Por isso, o seu julgamento foi inevitável. Em segundo plano, a profecia tem uma referência a Lúcifer.
1. Algumas características originais da queda.
O texto de Ezequiel 28.12 1 16, indica que Lúcifer era possuidor de elevada distinção e detentor de honrosos títulos e posições, conforme destacaremos a seguir:
O aferidor de medidas (v.12). A palavra “selo” (aferidor) é uma tradução fiel do original hebraico, porque significa que ele era a imagem perfeita da criação divina e uma imagem refletida em si mesmo que lhe conferia o privilégio de ser a masi bela e inteligente criatura de Deus (12). Nele se encontrava a medida perfeita da criação daquilo que Deus queria.
A Bíblia diz que Lúcifer era um querubim ungido (“querubim” do hb. kerub, que significa protetor, guardião e zelador), “Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci” (Ez 28.14).
Deus criou-o perfeito, cheio de sabedoria e em formosura (Ez 28.12, 15). Habitava no Éden jardim de Deus: “... ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras” (Ex 28.16b0. A Bíblia mostra a glória que o querubim Lúcifer usufruía antes de sua queda; guardava a presença de Deus, vivendo no brilho das pedras, ou seja, no meio do fulgor de relâmpagos que para Deus serve como pavimento. Habitou no paraíso até o dia de sua queda.
Se perguntarmos que motivo em particular pode ter estado por trás dessa rebelião, obtemos diversas respostas da Bíblia: Grande prosperidade, beleza, sabedoria e grandeza foram as causas apontadas para elevar seu coração (Ez 28.2 e 28.17). O poder, a riqueza e a sabedoria perdem seu valor quando se misturam com a soberba; é como tomada elétrica desligada da força. Até mesmo um arcanjo que se desliga do contado amoroso de Deus nada mais faz com seus poderes sobrenaturais senão arruinar os homens e decretar sua própria e eterna destruição.
Cobiçou o que não lhe pertencia (Is 14.13-14). O orgulho e a cobiça entraram no coração de Lúcifer, a ponto de igualar a um deus. Qualquer criatura quer seja visível ou invisível que se coloca no lugar de Deus, perde a comunhão com Ele e por fim recebe a condenação eterna.
A soberba de Lúcifer fez com que Deus expulsasse do Éden. Lúcifer querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado à destruição: (Is 14.12, 15). Não se deixará de perceber aqui uma aplicação a Satanás que, ao se exaltar contra Deus, foi rebaixado até o inferno. Estrela da manhã, no hb. hêlel, “glorioso”, “luzente”, que alguns interpretam como nome próprio. “Lúcifer”, o assim considerado nome original do diabo.
Não só Lúcifer, mas muitos homens têm caído pelo orgulho e a cobiça; Deus abomina o pretensioso, mas exalta o humilde.
A queda de Lúcifer foi inevitável e conseqüente. Sua avidez irrefreada de quere ser igual a Deus, aguçou o interesse de grande número se anjos que resolveu acompanhá-lo. Levou consigo a terça parte dos anjos: “Com a cauda ele arrastou do céu a terça parte das estrelas e a jogou sobre a terra. E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão e os seus anjos. Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap 12.4, 7-9).
Por esse ato pecaminoso contra o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções celestiais e condenado a execração eterna.
Lúcifer, ao exaltar seu trono nas mais altas nuvens, foi precipitado “na terra”, ou seja, foi lançado para baixo, perdendo o seu estado original de anjo de luz.
Satanás perdeu a glória e o paraíso que habitava. Agora Satanás ficou sem moradia e passou a viver no ar. (Ef 2.2), tornou-se o príncipe das trevas deste século nos lugares espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12).
Nestas passagens bíblicas, foram mostrados que os motivos da queda foi: a ambição, a vaidade, o egoísmo, o descontentamento com aquilo que tinha e o desejo de ter tudo o que os outros tinham. Sem nenhuma dúvida, a causa da queda de Satanás foi também à causa da queda dos outros anjos maus.
O pecado não foi uma criação, mas uma originação. Veio à existência pela ajuda daquilo que já existia, a saber, personalidade e poder de livre arbítrio. Deus criou esse ser, não como diabo, mas como um anjo santo; este, porém originou o pecado por meio da desobediência, transformando-se assim no perverso diabo de hoje.
Devemos, portanto, concluir que a causa da queda de Lúcifer e seus os anjos, foi a sua revolta deliberada e auto-determinada contra Deus. Foi a escolha de seus próprios interesses em vez de escolherem os interesses e a vontade de Deus.
2. A época da queda dos anjos.
A Bíblia faz silêncio quanto há este tempo, mas deixa claro que a queda dos anjos se deu antes da queda do homem, já que Satanás entrou no jardim do Éden sob a forma de serpente e persuadiu Eva a pecar. Ninguém sabe dizer acertadamente quanto tempo antes do acontecimento do Éden os anjos caíram. Por certo, a queda dos anjos, se deu em algum tempo entre os versículos 1 e 2 de Gênesis 1; após a criação dos céus e da terra. Talvez seja a causa principal da condição caótica da terra descrita em Gn 1.2.
3. O resultado da queda dos anjos.
Encontramos na Bíblia vários resultados da queda dos anjos. Vejamos alguns: todos os anjos decaídos perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta (Mt 10.1; Ef 6.11-12; Ap 12.9). Muitos deles foram lançados no inferno e estão acorrentados até o dia do Juízo Final (2ª Pe 2.4). Alguns deles permaneceram em liberdade e trabalham em resoluta oposição à obra dos anjos bons (Dn 10.12-13, 20-21; Jd 9; Ap 12.7-9). Podem também ter havido um efeito sobre a criação original. Lemos na Bíblia que a terra foi amaldiçoada por causa do pecado de Adão (Gn 3.17-19) e que a criação está gemendo por causa da queda (Rm 8.19-22). Presume-se que a queda dos anjos tenha tido algo a ver com a ruína da criação original em Gn 1. Eles serão, em um tempo futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu julgamento (1ª Co 6.3), serão lançados no lago de fogo (Mt 25.41; Jd 6; Ap 20.10-15).
Para se conhecer a origem do pecado, devemos retomar a queda do homem descrita em Gn 3; e olhar atentamente algo que aconteceu no mundo dos anjos. O Senhor Deus criou um número enorme de anjos e todos estes eram bons (Gn 1.31). Porém, Lúcifer e legiões deles rebelaram contra Deus, pelo que caíram em condenação. A época exata dessa queda não é indicada na Bíblia, mas em Jo 8.44, o Senhor Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio. O apóstolo João, na sua primeira epístola diz que “o diabo peca desde o princípio” (1ª Jo 3.8). Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Mas, quando da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, “para que não se ensoberbeça e caia na condenação do diabo” (1ª Tm 3.6-AEC).
Atualmente há milhões de pessoas que ousam negar a existência do diabo. A Bíblia, porém, ensina que ele é real; é um ser pessoal e maligno (Ap 12.10; 1ª Pe 5.8; Is 27.1; Ap 20.2; 2ª Co 4.4).
Podemos concluir com toda convicção, que foi o pecado do orgulho (soberba), de desejar ser como Deus em poder e autoridade (Is 14.12-15).
III. A CRIAÇÃO DO HOMEM
Após Deus ter criado os céus e a Terra, Ele criou o homem do pó da terra, com sua imagem e semelhança, fazendo um boneco de barro e soprando em suas narinas o fôlego de vida.
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7).
“Imagem de Deus” significa ser dotado das faculdades de raciocinar, de expressar emoções e de agir voluntariamente. Particularmente, indica a capacidade que o homem tem de manter íntima comunhão com Seu Criador.
Deus criou o homem “reto” (Yaschar), que quer dizer: moralmente bom, e possuindo a capacidade de escolher e seguir o que é justo e reto.
Adão era um ser reto e possui vida espiritual reta, isto é, era nascido do alto. Deus soprou o fôlego de vida nele que envolveu com vida espiritual. A Bíblia diz que no dia em que ele pecou morreu espiritualmente (Gn 2.15-17). Ao desobedecer a Deus deixou de desfrutar de união espiritual com Deus. E para que ele morresse espiritualmente, era necessário que possuísse vida espiritual, que seu espírito fosse ligado a Deus.
Durante o período indeterminado no qual Adão viveu antes da queda, ele cumpriu a vontade de Deus. Por isso ele estava envolvido espiritualmente com Deus (Gn 2.15). Adão recebia conselho e direção de Deus (Gn 3.8). Mas uma proibição foi imposta a ele: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Na realidade isto foi numa proporção extremamente inferior a todas as graciosas instruções que vieram de Deus.
Os resultados seriam: ou o favor continuo de Deus, por motivo da sua obediência; ou a imposição da penalidade da morte por motivo de sua desobediência.
Adão estava no começo do caminho, e não possuía os privilégios mais altos que Deus tinha para ele. Eles nunca haviam confrontado uma situação ética onde estava clara a necessidade de escolher entre o bem e o mal. Ele ainda não estava acima da possibilidade de escolher entre o bem e o mal. Foi lhe dado um teste exterior e visível que podia determinar se estava disposto a obedecer a Deus em tudo. Ele podia crescer em santidade, maturidade e ter o gozo dessa vida.
A penalidade infligida a ele se transgredisse o mandamento positivo de Deus mostra que ele podia experimentar a morte física, espiritual e eterna – separação da sua fonte de vida, Deus, e a resultante miséria e tristeza. Mas por outro lado, Adão só podia desfrutar da vida espiritual com Deus, se continuasse na obediência a Sua palavra.
1. A causa da queda de Adão.
Satanás viu Deus criar o homem e colocar em um jardim também chamado Éden sua antiga moradia: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do oriente, e pôs ali o homem que tinha formado” (Gn 2.8). Satanás não se conformou em ficar sem a sua antiga moradia, procurou tirar de lá os seus moradores (o homem), através da astúcia. O livro de Gênesis relata está história:
“Ora, a serpente era o mais astuto de todo os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: do fruto da árvore do jardim podemos comer Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes deste fruto, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. Vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, que estava com ela, ele comeu. E disse o senhor Deus à mulher: porque fizeste isso? E disse a mulher: a serpente me enganou, e eu comi. Disse, pois, o Senhor Deus a serpente: Porque fizeste isto, maldita és entre todos os animais domésticos, e entre todos os animais do campo; sobre teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida” (Gênesis 3.1-6, 13 e 14).
Satanás é quem seduz o homem ao pecado. Ele é o agente da tentação. Ele usou uma serpente para enganar Eva, levando a desobediência. A sua intenção é tirar a felicidade do homem. Deus criou o homem para viver eternamente, mas pela desobediência ele perdeu esse direito, e passou a ser um mortal. Mesmo assim Deus não desamparou o homem. E embora o homem tenha pecado, Deus não os abandou, porém proveu um meio de salvação através de Seu Filho Jesus Cristo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Deus enviou o Seu Filho Jesus para salvar, abençoar aqueles que se voltam para Ele.
Após a queda de Satanás, Deus já lhe deu a sentença; ele já está julgado, não resta outra saída se não o inferno, é o que a Bíblia diz: “... porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo 16.11). Todavia, homem que seguir caminho do pecado, também receberá a condenação eterna. “Então, dirá também aos que estiverem a sua esquerda; apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).
Jesus O justo juiz, que venceu todas as coisas, já tem julgado o inimigo do homem e de Deus. Não há nenhuma oportunidade de salvação para o diabo, pois ele não foi induzido a pecar, mas deliberadamente se rebelou contra Seu Criador. Porém, o homem não pecou deliberadamente, mas foi induzido pelo diabo a pecar. Por esta razão Deus preparou um meio de Salvação enviando o Seu Filho Jesus Cristo, para salvar a humanidade que se encontrava perdido. Para aqueles que se arrependem dos seus maus caminhos e recebem Jesus como seu único salvador, Deus promete vida eterna com Deus. Porém, o diabo não tem este privilegio e é por isso que ele engana a humanidade com sua astúcia principalmente criando as seitas e heresias para enganar os homens.
IV. QUE SATANÁS FAZ NO PRESENTE
Satanás no Hebraico “satan”, que significa adversário, alguém que se opõe. Satanás tornou-se um inimigo de Deus e do homem. Como adversário ele se opõe a Deus e engana os homens pela mentira através das seitas e heresias, desviando o homem da verdade e levando-os a desobedecer ao seu Criador.
Satanás trabalha para fazer o mal e destruir o ser humano. Foi isso que ele fez com Jó e ainda faz ainda com muitos. A Bíblia relata uma conversa entre Deus e Lúcifer:
“Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: de rodear a terra, e passear por ela” (Jó 1.7).
O trabalho de Satanás é rodear a terra, e passear por ela, ou seja, o seu trabalho é levar o homem ao sofrimento como fez com o patriarca Jó.
1. Satanás trabalha através do engano, a falsidade e a atúcia.
A Bíblia diz que o trabalho de Satanás é matar roubar e destruir (Jo 10.10). Ele incita o homem a pecar nem o Filho de Deus ficou imune da tentação do diabo.
“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado 40 dias e 40 noites, depois teve fome. E, chegando-se a Ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, mande que estas pedras se tornem em pães. Ele porém respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.1-4).
Todos os seres humanos também são tentados pelo diabo; Talvez você pergunte, por quê? Para prova da nossa fé.
Jesus foi tentado, venceu o diabo citando a Palavra (Mt 4.1-11). Venceu a morte e está a destra de Deus para socorrer os que são tentados (Rm 8.34).
Satanás trabalha para levar os homens ao engano através das falsas religiões, que ele mesmo cria nos corações dos homens que se desviam da verdade. Por isso, é importante conhecermos este inimigo que tão de perto nos rodeia, pois ele conduz o homem a desobediência da Santa Escritura, com isso ele põe o homem contra Deus para que ambos sejam condenados ao inferno.
Satanás arma laços para o homem: (2ª Tm 2.26), cega o entendimento dos incrédulos (2ª Co 4.4), coloca maus pensamentos nos homem (Jo 13.2), se apossa dos homens (Mateus 17.14, 15, 18). Foi ele que induziu Judas para trair Jesus (João 3.21-27).
Satanás trabalha de uma maneira sutil para roubar a Palavra de Deus dos corações daqueles que é plantada (Mc 4.15). Ele se transforma em anjo de luz para enganar (2ª Co 11.14). Assim como Satanás se transforma em um anjo de luz para desviar o homem, assim fazem seus “ministros” através das seitas e heresias. (2ª Co 11.11-15).
Satanás, molesta aos servos de Deus (2ª Co 12.7). Difícil imaginar que espinho seria este que Satanás colocou na vida de Paulo. Talvez uma enfermidade, ou perseguições? “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2ª Co 12.9-10).
O espinho que Satanás havia colocado no corpo de Paulo, não fez com que ele desistir de sua missão. Quando o espinho é posto, a graça se manifesta, o poder se aperfeiçoa, a fraqueza é substituído pelo poder de Cristo e o orgulho é substituído pela humildade.
Ele põe obstáculos aos servos de Deus (1ª Ts 2.18). Atrás dos obstáculos no caminho da divulgação do evangelho encontra-se Satanás (Rm 16.20). É necessário avançar no poder de Cristo que pode vencer “o valente”, tirar a sua “armadura e dividir seus despojos” (Lc 11.21-22 cf. 1ª Ts 3.11).
Ele domina o mundo (1ª Jo 5.19). “...mundo inteiro jaz no maligno”, no sentido que a humanidade sem Deus é controlada pelo diabo e seus anjos (Ef 2.2; 6.12).
Ele é o deus deste século (mundo, época, era) – (2ª Co 4.4). Como tal ele tem seus “ministros” 2ª Co 11.15); “doutrinas” (1ª Tm 4.1); “sacrifícios” (1ª Co 10.20) e “sinagogas” (Ap 2.9).
2. A natureza perversa de Satanás é evidenciada pelos seus nomes.
Satanás é o pai da mentira um enganador (Jo 8.44b). Ele não é amigo do homem, mas um inimigo sagas (Mt 13.25). A parábola do joio demonstra que um dos aspectos do Reino é o juízo, e que este juízo está reservado à autoridade divina, e não ao critério humano. O joio é uma planta que confunde com o trigo, crescendo juntamente com ele, somente pode se distinguir quando vem a época da ceifa; quando então o trigo revela seu verdadeiro valor, produzindo cereal comestível. Até então, o joio é poupado por causa do trigo.
“Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro” (Mt 13.20).
O trigo representa aqueles que seguem em conformidade a verdade da Palavra de Deus. O joio é uma erva daninha plantada pelo diabo, que representa aqueles que seguem o caminho das seitas e as heresias. Mas na colheita serão separados, e o trigo irá para o seleiro, mas o joio para o fogo eterno.
Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44). Serpente (Gn 3.1; 4.14; 2ª Co 11.3; Is 27.1). Por esse termo sua perversidade e falsidade (2ª Co 11.3), são indicadas. Implica em astúcia (cp. Ap 12.9; 20.8-10).
A Bíblia também o chama de: Antiga serpente (Ap 12.9), tentador (Mt 4.3; 1ª Ts 3.5), ladrão (Jo 10.10), acusador e sedutor (Ap 12.10). Indica seu propósito e esforço constante de incitar o homem a pecar. Ele apresenta as escusas mais aplausíveis e sugere as vantagens mais impressionantes para o homem pecar.
Ao conhecermos a história da origem e queda de Satanás, resta-nos como criaturas de Deus, tratar desse assunto com mais seriedade. Nos dias atuais, a Igreja tem cometido alguns erros no que tange a essa doutrina. Os que mistificam a crença em Satanás, o tratam como se o mesmo fosse “uma energia, uma mera figura espiritual, um bicho peludo”. Os que racionalizam, não desacreditam da Bíblia, mas preferem interpretar a realidade pessoal e espiritual de Satanás, como se fosse “uma força negativa da mente” ou coisa semelhante. Mas na verdade, Satanás está vivo, é real, é pessoal e procura influenciar o mundo contra Deus e contra todos os que servem a Deus.
V. DOIS REINOS OPOSTOS
No princípio de toda a criação divina, tudo era comum e perfeitamente harmoniosa até que Lúcifer rebelou-se contra o Criador e contra o seu governo (Is 14.13-14). Em sua rebelião contra Deus as estruturas criadas e estabelecidas foram afetadas. A Bíblia declara que Deus havia ficado satisfeito com tudo quanto havia criado (Gn 1.31), mas Lúcifer resolveu interferir na criação corrompendo-a. Por esse ato, ficou definido quem é quem: o Reino de Deus e o reino de Satanás.
1. Reinos opostos, mas não iguais.
Os dois reinos são opostos, mas não são iguais. É falsa a teoria que defende a idéia que coloca o diabo como igual a Deus. Essa teoria tem sido demonstrada ignorantemente por muitos. São dois poderes, um maior, outro menor. Deus é onipotente, mas o Diabo não tem todo o poder. Ele é limitado, por isso não pode ser comparado com o Senhor.
2. Dois reinos se opõem em batalha.
Na primeira batalha cósmica Lúcifer levou atrás de si uma multidão de anjos. A partir daí, ele formou seu próprio reino constituído de demônios e homens sem Cristo. Aos que servem ao Reino de Deus se identificam com as coisas desse reino. Entretanto, a diferença entre os dois reinos se nota em suas manifestações. Os que estão no da luz fazem suas obras distintamente das obras das trevas. A Bíblia declara que “o Senhor conhece os que são seus” (2ª Tm 2.19). A soberania de Deus é incomparável. Por isso, nenhum outro poder pode ser-lhe igualado. Ele está acima de Satanás, e não corre o risco de perder essa posição, porque se trata de uma posição e estado eternos. Sua Soberania é única, singular e inigualável. Não se pode imaginar um dualismo de forças entre o bem e o mal. O bem sempre vence o mal. Quando Lúcifer fez sua declaração unilateral de independência, Deus poderia tê-lo destruído completamente, mas não o fez para preservar o restante da criação. Por outro lado, a Bíblia nos faz entender que a oposição de Satanás está sob o controle todas do Criado, nada faz sem a sua vontade permissiva. Ao se oporem a Deus, Satanás e seus demônios, inevitavelmente, cumprem alguns propósitos divinos, incompreensíveis a limitada inteligência humana, porém, maravilhosamente possíveis à mente divina. Toda essa batalha se processará até o tempo em que Deus derrotará para sempre os seus inimigos, ou seja, até o juízo final (Ap 20.11-15).
VI. CUIDADO COM A BÍBLIA NA BOCA DO DIABO
O salmista nos ensina a reter as sagradas letras em nossos corações para não pecarmos contra o Senhor (Sl 119.11). Um conselho simples de entender e, talvez, não tão simples de praticar, mas que, reconhecidamente, pode nos assegurar uma vida cristã aprazível diante de Deus. É por isso que todo cristão tributa reverência à Palavra de Deus, pois identifica sua divina inspiração e sabe que ela é “lâmpada para os seus pés” (Sl 119.105). Que outra “isca” poderia desfrutar de tamanha atratividade e autoridade entre os crentes? O diabo, conhecedor dessa primazia, utiliza-se com eficácia da Bíblia para ludibriar as pessoas. Ele se vale da “lâmpada” que deveria iluminar os caminhos da humanidade para escurecê-los, conduzindo a todos quanto pode às trevas do abismo (1ª Pe 5.8).
Na verdade, esta é uma estratégia tão lógica quanto antiga e foi pretensiosamente empregada pelo diabo ao próprio Filho de Deus: “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo [...] Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra [citação do Sl 91.10-12]. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus” [citação de Dt 6.16] (Mt 4.1,2,5-7).
“Está escrito”. Estas são palavras que abrem caminhos para o diálogo inter-religioso. Porventura não é isso que dizem aqueles que vêm às nossas portas todos os domingos matinais? Não é isso que prega a grande maioria das seitas? Aliás, não é isso que nós mesmos afirmamos ao apresentarmos o evangelho a alguém? Está escrito! Acertadamente ou erroneamente, o fato é que muitos utilizam a mesma moeda.
Perceba a forma sorrateira como as coisas ocorrem. Até mesmo os grupos que defendem crenças esotéricas orientais não resistem ao apelo dessa tática, pois, por mais rudimentar e óbvia que pareça, ela é funcional. É funcional porque muitos não conhecem a Palavra de Deus de forma satisfatória. É funcional porque muitas escolas bíblicas dominicais estão vazias. É funcional porque poucos líderes incentivam os membros de sua igreja ao desenvolvimento de um curso teológico. É funcional porque culto de ensino não dá quórum. Enquanto outros elementos (também importantes) do culto são supervalorizados, o ensino é menosprezado. Perseguimos a graça, abandonamos o conhecimento (2ª Pe 3.18), e, como consequência, nos tornamos crentes sem equilíbrio entre estes “pólos”. Mas nesse ínterim alguém poderia objetar entendendo que esta é uma colocação imprópria, pois, na verdade, não se trata de pólos, mas de elementos que se complementam. Mas, lamentavelmente, é assim que eles são verificados na prática, como pólos, como se fossem um a oposição do outro. Qual é a implicação dessa conduta?
Vulnerabilidade. Esta palavra resume a situação do crente que não conhece e não se importa em aprender as doutrinas bíblicas. É vulnerável. Está suscetível à persuasão por meio dos argumentos mais banais. Mas, considere, na maioria dos casos não o são, pois há muitos peritos na invenção de estranhas interpretações bíblicas capazes de fazer hesitar até mesmo os mais preparados. O caminho desses crentes é vacilante porque não possuem alicerces. E, por conta disso, crente assim é alguém que corre risco de morte, e morte eterna. Basta um prosélito dizer “está escrito” e suas convicções estremecem, a apostasia dá início ao seu processo e sua concepção torna-se uma questão de tempo, pouco tempo. Lembre-se, a distorção do texto bíblico por meio de acréscimos ou decréscimos sempre será evidente entre as seitas, embora alguns não enxerguem isso tão claramente.
Discernindo as coisas desta forma, podemos classificar a ignorância das doutrinas bíblicas como uma enfermidade, forte indício de imaturidade da fé. O escritor aos hebreus censura os crentes que deveriam possuir grande cabedal de conhecimentos, mas ainda permaneciam na condição de principiantes: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino” (Hb 5.12,13).
Como Jesus se comportou diante das palavras do diabo? Ele empregou a interpretação da Bíblia pela Bíblia: Scriture sacre sui ipsius interpres, ou seja, “a Sagrada Escritura se interpreta a si própria”. Respondeu “está escrito” do diabo com um “também está escrito”, igualmente contido nas Escrituras Sagradas. Será que temos tal habilidade? Talvez a resposta seja “não”. Mas o que estamos fazendo para mudar este estado? Se a resposta permanecer negativa, então a situação é grave e precisa ser remediada com emergência. O que faríamos se nos deparássemos com “a Bíblia na boca do diabo?” Uma citação bíblica distorcida só pode ser respondida com conhecimento integral das Escrituras. Até quando trocaremos “o sólido mantimento” pelo “leite da infância”? Cuidado, esta não é uma situação que pode ser sustentada por longo tempo!
Pr. Elias Ribas