“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. 2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. 3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. 4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes. 5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. 6 Porque, em Cristo Jesus , nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. 7 Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade? 8 Esta persuasão não vem daquele que vos chama. 9 Um pouco de fermento leveda toda a massa. 10 Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação. 11 Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz. 12 Tomara até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia” (Gl 5.1-12).
I. O TEMA DA EPÍSTOLA
1. Cristo nos libertou. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (v.1).
Este versículo é o tema da epístola aos Gálatas. Juntamente com o capítulo 2.16 e demais passagens estritamente paralelas são o fundamento bíblico cristão.
O apóstolo Paulo escreve para várias igrejas na região da Galácia para adverti-las de sua perda de Cristo.
Em virtude da tendência de os Gálatas retornarem à escravidão da lei, o apóstolo dá muita ênfase à permanência nessa liberdade, pois até então eles ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isso estavam à mercê da escravidão. O sentido da passagem é que Cristo nos libertou para a liberdade, portanto, não devemos retroceder à escravidão.
Se alguém lhe dá alguma coisa, ele quer que você a desfrute e aproveite. O que foi que Cristo fez por nós? O que ele quer que desfrutemos? Ele nos libertou. Quer que aproveitemos ao máximo esta liberdade.
São poucos os cristãos que têm uma vida cheia de alegria, de gozo e de paz. Foram libertos, mas não querem sair do cativeiro das tradições da lei e experimentar uma vida em liberdade em Cristo Jesus.
2. O que seria o “jugo de escravidão”?
O apelo apostólico é que o cristão liberto não se torne a ser presa dos homens ou de qualquer sistema religioso legalista. O apóstolo escreveu essa exortação porque há sempre o risco de o cristão tornar ao legalismo, voltando-se novamente à escravidão, e para que cada um tenha uma comunhão com o Cristo ressuscitado (Gl 2.20).
A tentativa de seguir a lei de Moisés. Liberdade é libertação da escravidão ou cativeiro. É a libertação do poder e da culpa do pecado, da condenação eterna e a libertação da autoridade satânica e demoníaca.
Quando estávamos no mundo éramos escravos do pecado e de Satanás, mas libertos em Cristo Jesus , fomos despertados para a sua graça, ele proveu libertação para este tipo de escravidão ao pecador.
Junto com isto Ele trouxe também uma gloriosa liberdade da maldição da lei do medo da condenação diante de Deus, assim como de uma consciência acusadora. O apóstolo Paulo dá muita ênfase à permanência nesta liberdade, pois até então eles ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isto estavam à mercê da escravidão.
Quando aceitamos a Cristo nascemos de novo (Jo 3.3.). O Espírito de Deus recria seu homem interior e faz morada nele. Agora somos livres para caminhar fora da nossa cela de prisão, ou somos livres para nela continuar, ou seja, a liberdade está completamente em nossas mãos. “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade...” (Gl 5.13).
Os crentes da Galácia haviam recebido a Cristo, porém os falsos mestres não queriam sua liberdade.
Jesus disse que veio proclamar liberdade aos cativos. Mas os judeus conheceram a verdade, mas rejeitaram o Seu Messias. Ao conhecermos a verdade as portas da prisão se abrem para a liberdade, mas poucos os que saem da prisão. As portas estão abertas, mas os prisioneiros estão sentados lá dentro. Não querem gozar desta liberdade. Por quê? Porque prisões oferecem comida, suas roupas são pagas para você. Você não tem nenhuma responsabilidade com a verdade do evangelho.
II. A LEI E ANALOGIA DO CASAMENTO
“Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida? (Rm 7.1).
1. Princípio. O princípio apresentado pelo apóstolo é que a lei tem domínio sobre o homem enquanto este viver. O pecado foi abolido na morte de Cristo e com ele morremos (2ª Co 5.14). Diante disto não há como servir a um tirano destronado nem obedecer a um sistema caído. Portanto a morte isenta o homem de suas obrigações. Esse princípio era bem conhecido tanto dos judeus quanto aos romanos, pois era também comum a legislação romana.
2. Ilustração. “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias” (Rm 7.2-3).
O apóstolo Paulo, para ilustrar essa doutrina, usa a regra geral e absoluta da indissolubilidade do casamento. Assim como a lei tem domínio sobre o homem, da mesma forma a mulher está ligada à lei do marido.
Por essa razão, ela não poderá ser de outro homem enquanto o marido viver. Se isso vier acontecer, ela tornar-se-á adúltera “...será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem” (v.3). Morrendo o marido, contudo ela estará livre para contrair novas núpcias.
3. Aplicação. “Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7.4-6).
A ilustração mostra que os cristãos estão mortos para a lei. Ou seja: estão livres dela, pois a lei só tem domínio sobre o homem enquanto este vive (v.1).
Nós já morremos com Cristo, por isso estamos livres da lei (Gl 5.1), e sepultados com ele na sua morte (Rm 6.4).
Paulo mostra-nos que, mortos para a lei somos servos voluntários de Jesus. Isso evidencia que não estamos mais sobre o domínio da lei. Pois o Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17-18), e morreu por nossos pecados (1ª Co 15.3).
Como Cristo já fez todas as exigências da lei, não estamos mais sob a tutela da lei, mas debaixo da graça (Rm 6.4).
III. A CIRCUNCISÃO
1. Circuncisão e a fé são coisas excludentes.
“Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes. Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. Porque, em Cristo Jesus , nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5.2-6).
O ex-fariseus Paulo estava cônscio de que a circuncisão era o selo da fé de seu povo (Rm 4.11). Ele circuncidou a Timóteo, para não escandalizar os judeus (At 16.3), mas se recusou circuncidar Tito por duas razões:
1º Ele era judeu.
2º Era necessário não ceder às exigências legalistas dos judaizantes (Gl 2.3-5).
Uma pequena cirurgia numa parte do corpo era de somenos importância. Mas os fariseus exigiam que os cristãos praticassem essa cerimônia da circuncisão como condição para a salvação (At 15.1-5). Porém, a sentença para os que deixam circuncidar a fim de salvar é: “Cristo de nada vos aproveitará (v.2); “está obrigado a guardar toda lei” (v.3); “separado a guardar lei” (v. 3); “separados estais de Cristo... da graça tendes caídos” (v. 7).
Os gálatas caíram da graça e aceitaram um evangelho anátema espúrio, misturado com a lei.
O apóstolo refuta os judaizantes usando nomes pejorativos, e por fim, desqualifica a circuncisão da carne, recomendando um novo tipo de circuncisão feita no Espírito e não mais na carne.
“Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus , e não confiamos na carne. Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais” (Fl 3.3-4).
[...] Segundo Werner de Boor a palavra “carne” aqui representa toda a religião produzida pessoalmente nas profundezas do coração e do estado de espírito. Essa “carne” pode ser sempre reconhecida no fato de que o ser humano continua voltado sobre si mesmo, confia em si mesmo e se gloria em si mesmo. “Carne” é sua natureza centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião, o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e gloria-o, até mesmo quando cita o nome de Deus.
“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (Fl 3.6). Mas Paulo chegou à importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação, até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a justiça pela fé em Cristo Jesus (Fl 3.7).
Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas, depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode vir somente através de um relacionamento com Cristo (Fl 3.8).
Primeiro precisamos entender o termo empregado por Paulo. A palavra coração no Hebraico é leh. A raiz verbal significa “ganhar compreensão, criar juízo”. Quando Paulo fala de coração refere-se ao espírito onde está o controle do ser humano e a consciência. Paulo usa esta alegoria “coração” para mostrar que a salvação depende primeiramente da transformação do interior (espírito e mente) do homem.
O coração representa a força espiritual (Lm 3.41), como intimo da pessoa (Jr 17.10). Emprega a palavra para indicar a percepção (Jr 4.9); o pensamento (Ec 2.20); a memória (Sl 31.12) e a consciência (Jó 27.6).
O coração (consciência) é onde o homem toma todas as decisões da vida; o corpo é o invólucro da alma e do espírito, onde Paulo classifica como o “templo do Espírito Santo” (1ª Co 6.19; cf 1ª Co 3.16), e seremos julgados por meio do corpo, bem ou mal (2ª Co 5.10). Porém, nos dias de Jesus os fariseus se preocupavam mais com a exterioridade do que a pureza do coração (Mt 15.8-20). Portanto, exterioridade não é símbolo de salvação.
Esta passagem é uma advertência solene contra os perigos da presunção (soberba), confiança na justiça própria, e contra o formalismo que confia no batismo ou a ceia, nos dízimos como garantia em si mesmo da salvação daqueles que o recebem.
Judeu é aquele que o é interiormente no original grego kruptos ou kruphaios; que significa: (oculto; escondido; secreto; ocultar aquilo que não deve tornar-se conhecido).
Note que a circuncisão na Velha Aliança era no prepúcio do homem, ou seja, era na carne, mas, ficava escondida – era um sinal entre Deus e o homem. Da mesma forma a circuncisão no coração é um sinal entre o servo e o Seu Senhor. Ninguém pode ver por que é no secreto do seu coração.
Os fariseus pensavam que um judeu circuncidado não podia ser condenado ao inferno. A salvação para eles era no exterior e no cumprimento de suas tradições, porém Paulo diz que não a circuncisão é no oculto do coração, ou seja, na mente do cristão. É algo divino é do Espírito e o crente.
“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28-29).
Existem pregações que a glórias é sempre para o homem. Os seus argumentos são infundados, e sem base bíblica ou pseudo revelação. Isto é perigoso, pois corremos o risco de voltarmos os rudimentos do mundo.
A circuncisão é um ato exterior e traz louvor dos homens e não de Deus. Os judeus que se convertiam a Cristo estavam colocando como meio de salvação a circuncisão e Paulo repreende severamente dizendo que a salvação não é o exterior, mas a circuncisão no coração. Judeu verdadeiro é o que é no interior, circuncisão válida é a que é feita no coração (Rm 2.25-29). Qualquer rito, sinal ou obra que fizemos se não for resultado da operação da graça de Deus em nossa vida, não tem nenhuma validade.
Os judaizantes ensinavam que a salvação era um processo longo e contínuo, dependente da realização de rituais específicos, e cada um deles trazia a pessoa mais perto de Deus. Paulo contradiz esta teoria enfatizando que a salvação é completa em Cristo; uma vez que em Cristo, nada mais é necessário. Paulo ainda usa o exemplo da circuncisão para explicar este ato. Mostrando que ela simboliza a circuncisão mais importante, que é no coração.
A salvação é mérito somente de Jesus: “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.24-25).
“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam” (Is 64.6).
Ninguém nunca alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer pela graça e não as justiças humanas. Por isto Davi pede a Deus um coração puro: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e remove dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51.10). Enquanto que os fariseus exigiam exterioridade Deus pede o coração. Davi preocupa-se em ter um coração limpo e puro diante de Deus.
O Senhor não se contenta apenas com nossos lábios, mas quer nosso coração e toda a nossa confiança. “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradam dos meus caminhos” (Pv 23.26).
O Dr. William Barclay (professor da Universidade de Glasgow, Escócia) nos oferece um bom exemplo para ilustrar o ensino sobre a circuncisão. Ele diz que: se alguém se submete a cumprir alguns requisitos para adquirir a cidadania de um país, significa estar ele disposto a aceitar a demais leis daquele país. O que Paulo está dizendo é, que se alguém se submete à circuncisão, ou algum requisito da lei como meio de salvação, obrigatoriamente está assumindo o compromisso de observar toda lei. Quem pratica tal coisa já tem caído da fé, e a morte de Jesus não significa nada para tal pessoa: “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes”.
IV. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO
“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).
O que seria importante para um cristão que deseja ter uma vida intima com Deus. Cumprir as regras humanas e secundárias? Não. A circuncisão nada é. O ato exterior não serve para santificar, pois é uma satisfação da carne. Mas guardar as ordenanças (ensinos e princípios) de Deus no coração, leva o homem ter uma comunhão intima com o Senhor.
[...] Alguns dos judeus crentes, havendo interpretado a lei para afirmar que a circuncisão era necessária para a salvação, começaram a dar demais importância a este ato simbólico. Da mesma maneira, hoje necessitamos ser cuidadoso para não permitir que rituais e cerimônias passem a ter valor como agente da salvação. Somente Cristo pode nos dar a salvação [GIBBS P. 74].
1. Paulo tinha todas as credenciais para se gloriar na lei:
a. Segundo a lei e seus direitos de nascimento: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl 3.4-6).
b. Segundo a graça ao escolher Cristo: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3.7-12).
Á primeira vista parece que Paulo está se gabando de suas realizações (vv. 4-6). Mas, na verdade, ele está fazendo o oposto quando mostra que as conquistas humanas, por mais surpreendentes que sejam não podem levar uma pessoa à salvação e à vida eterna com Deus. Paulo tinha credenciais impressionantes: origem, nacionalidade, formação familiar, herança, ortodoxia na religião, atividade e moralidade. Entretanto, sua conversão à fé em Cristo (At 9) não estava baseada no que havia feito, mas na graça de Jesus. Paulo não dependia de suas próprias obras para agradar a Deus, porque até as mais notáveis credenciais estão longe de se comparar aos santos padrões divinos. Será que você depende de pais cristãos, filiação à igreja, tutores para levar aos céus, ou apenas de ser bom para tornar-se agradável a Deus. Credenciais, realizações ou reputações, não trazem a salvação como um pagamento. A salvação vem pela fé genuína em Cristo.
Paulo alega em seu discurso, que poderia “confiar na carne”, pois gozava de títulos e privilégios. Paulo não fez. Com isso ele denuncia a fraqueza da lei. Para Paulo Cristo é o fim da lei. Desta oposição apresentada por Paulo, ele exorta a comunidade a ser seus imitadores como ele é de Cristo (Fl 3.17).
Quando Paulo fala de “o que para mim era ganho” (v. 7), está se referindo à suas credenciais, reputação e sucessos. Depois de mostrar que poderia vencer os judaizantes conforme as regras e padrões deles (pois demonstravam orgulho de sua identidade e realizações), Paulo mostrou que estavam errados. Tenha cuidado ao atribuir uma importância excessiva às realizações do passado, pois elas podem intervir em seu relacionamento com Deus.
Depois que Paulo avaliou o que havia conquistado em sua vida, disse que tudo aquilo era “perda” (v. 8) quando comparado à grandeza de conhecer a Cristo. Essa é uma profunda declaração a respeito de valores. Um relacionamento de uma pessoa com Cristo é mais importante do que qualquer outra coisa. Será que você está colocando algumas coisas acima de seu relacionamento com Cristo? Será que você está agradando a Cristo com tuas tradições?
Nenhuma medida de obediência à lei, aperfeiçoamento próprio, disciplina ou esforço religioso poderá nos tornar agradáveis a Deus. A justiça vem somente d’Ele.
Paulo está falando em uma renúncia de valores, renúncia dos odres velhos e dos remendos de panos novos em panos velhos, isto é uma renúncia passada (v. 13), um alvo para o presente (v. 14) A graça é o único valor para Paulo. O homem não deve mais confiar e por sua confiança no esforço humano, mas unicamente no sacrifício de Cristo.
Para herdarmos as promessas de Deus não devemos usar certos tipos de sacrifícios, quer sejas da lei mosaica ou humana. Paulo ao escrever aos Filipenses é claro neste ponto, pois não é a circuncisão literal, mas interior e espiritual.
O primeiro erro doutrinário que se infiltrou na igreja primitiva se chama “legalismo”, que é tentar agradar a Deus pela obediência a lei e as doutrinadas de homens, para deste modo obter a salvação.
“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (v. 6). Mas Paulo chegou à importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação, até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a justiça pela fé em Cristo Jesus (v.7).
Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas, depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode vir somente através de um relacionamento com Cristo (v.8).
[...] Alguns dos crentes de Filipos, embora salvos através da fé em Cristo, estavam tentando manter sua salvação pelo aperfeiçoamento de suas regras. Esta falta de entendimento resultou numa obediência a Deus baseado no medo, e isso tirou o gozo deles no Senhor. Paulo adiantou-se a explicar mais ainda que a verdadeira perfeição era impossível até para ele mesmo (v.12). Em Cristo o crente já é aceitável aos olhos de Deus; ele não tem que lutar para ser perfeito, de acordo com o padrão dos homens para ganhar o amor de Deus. É claro que Paulo não estava encorajando os crentes a viverem de maneira libertina. Ao contrário, ele os encorajava a serem crentes maduros, a viverem uma vida de obediência aos desejos de Deus, motivados por um profundo amor a Deus, não pelo medo de perder a salvação [CARL B. GIBBS P. 51].
Por preocupação, Paulo revê as noções básicas com estes crentes. A Bíblia é nossa salvaguarda, tanto moral como teologicamente falando. Quando a lemos individualmente ou em público, ela nos alerta para as correções que devem fazer em nossos pensamentos, atitudes e ações.
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3.17-18).
Paulo nos mostra que aqueles que confiam na salvação pelas suas obras, tornam-se inimigos da Cruz de Cristo.
Os justos são justificados somente através do sangue de Cristo; a lei é para os transgressores citados no versículo 9 e 10, e Paulo acrescenta: “tudo quanto se opõe à sã doutrina”.
A circuncisão na carne era um rito que tinha alto significado entre os judeus (Gn 17.10-12). A circuncisão física era um sinal do Antigo Testamento, concernente a uma aliança firmada entre Deus e o homem (Rm 4.11-12). Como já vimos em Atos dos Apóstolos, os convertidos ao cristianismo eram pressionados pelo legalismo judaico (At 15.10). Pedro teve de enfrentar a oposição (At 11.2). Paulo exortou-os dizendo: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo” (v. 11).
A circuncisão de Cristo era (e é) espiritual (Rm 2.28-29). A circuncisão de Cristo (v. 11) não é um sinal corpóreo no crente, mas uma mudança de coração (Rm 2.28-29; Gl 6.15). Uma nova vida em Cristo, ou seja, o novo nascimento.
V. CARACTERISTICA DA RELIGIÃO CRISTÃ
Nem a circuncisão nem a incircuncisão podem melhor a situação do cristão. A ênfase em Gálatas é o relacionamento pessoal com Cristo e não com a lei. A dinâmica da fé cristã se baseia no amor a Cristo e não na obediência à lei ou a qualquer sistema de regras. Quem se dirige cegamente ao sistema legalista faz a sua religião o seu Deus. Disse Thomas Erskine: “Aquele que fazem de sua religião o seu Deus não terão Deus para sua religião”.
A volta ao judaísmo é uma ruptura com Cristo e a sua obra (5.4), sai-se da graça, da misericórdia, da liberdade e da justificação mediante a fé para uma justificação adquirida mediante o cumprimento de rituais segundo suas própria justiças.
2. Vida cristã na direção do Espírito.
“Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé” (Gl 5.5).
Aqui o apóstolo muda o pronome de vós para vós. Dos que se deixam circuncidar (os judaizantes) para o cristão autêntico.
Os legalistas vivem por meio da carne, dependendo dela, mas nós vivemos por meio do Espírito Santo.
VI. CARACTERISTICA DOS FALSOS MESTRES
1. Corrida cristã.
“Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?” (Gl 5.7).
Paulo, então, cita o Espírito Santo, representante de Cristo e Fiel Testemunha de que Cristo morreu, ressuscitou e deixou um legado: esperança da justiça e fé (5.5). Fé e amor são dois sentimentos de âmbito espiritual. Para os cidadãos dos céus, circuncisão e incircuncisão são aspectos terrenos que Paulo não vai considerar (5.6). A volta ao judaísmo seria um grande impeditivo para o corredor da fé e o apóstolo diz não ter parte nisso (5.7). Sua fala era de total repúdio, apenas o assunto circuncisão era suficiente para levedar a massa do Pão Novo = Cristianismo (5.9). O prejuízo que esses galacionistas causaram ao ensino do apóstolo. Esses baderneiros estariam nas mãos de Deus que julgaria a todos (5.10). Se querem a circuncisão que para nada serve, Paulo recomenda que haja a mutilação (5.12).
“Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chama” (Gl 5.7-8).
Só existe uma verdade, a verdade está na palavra que não está algemada. Você quer conhecer a verdade? Veja na Bíblia. Os mistérios que estiverem ocultos, são as insondáveis riquezas de Cristo. Mas é claro que se eu me ponho a viver nas obras dos sacrifícios eu vou anular toda graça de Deus.
Então ele continua: “Esta persuasão não vem daquele que vos chama”.
Paulo esta falando isto a quem? Aos Gálatas, quer dizer que havia uma persuasão. E Paulo começou a perceber: Mas, vocês estavam correndo bem, quem vos impediu? Esta persuasão não vem daquele que vos chama. Paulo diz vocês são selos do meu Apostolado, vocês são gentios, há uma verdade, há um evangelho, vocês têm que viver a graça de Deus, mas tem alguém persuadindo vocês para outra coisa.
Esta persuasão não vem daquele que vos chama! Deus lhe chamou para viver a verdade, você está aqui para viver a verdade, você não vai ser nunca mais enganado na vida! A graça de Deus está no seu coração! Um pouco de fermento leveda toda massa, então, isso se chama rebelião contra Deus e rebelião é pior que feitiçaria, a pessoa que se mete nas obras da lei que Cristo nos resgatou de lá, mas os altares jogam para a vida das pessoas. Fazer isto, é desprezar a obra de Cristo é anular o que Ele fez na cruz. “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (Gl 5.4).
2. Os falsos mestres.
Os Gálatas estavam indo muito bem na sua corrida espiritual, mas alguém persuadiu e impediu essa caminhada; foram os falsos mestres. Paulo está deixando claro que os ensinos destes judaizantes vinham de fontes estranhas, não de Deus: “a persuasão não vem daquele que vos chamou” (v.8). Está persuasão impediu os Gálatas de obedecerem à verdade (v.7).
Basta um pouco de fermento para levedar toda massa. A heresia se alastra de maneira assustadora. Eles estavam levando o povo ao desviou doutrinário. Por isso que o apóstolo amaldiçoou (Gl 1.8-9).
“Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação” (Gl 5.10).
3. O Fim da Lei é o Amor – 5.13-15.
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos” (Gl 5.13-15).
“No original grego eleuyeria eleutheria, a verdadeira liberdade consiste em viver como devemos, não como queremos.
A “chamada” está associada com eleutheria, a “liberdade” (Gl 5.13). Responder à chamada de Deus é achar, não a escravidão, mas a libertação. O homem que responde ao convite de Deus é liberto do próprio eu, do pecado, e de Satanás.
A discórdia que havia na igreja estava acirrada e as palavras MORDER e DEVORAR não foram usadas por acaso, representavam grande confusão (5.15). O amor é mencionado como o único meio de acabar com facções e findar a preocupação com o cumprimento da lei. Cristo excedeu a lei ao amar a humanidade. Com esse exemplo, quem ama está desobrigado de cumprir a lei (5.14). Lei significa prisão, Amor significa exceder a lei e ampliar o acesso à liberdade em Cristo Jesus (5.13).
[...] A questão da liberdade cristã é muito relevante para nós hoje. A religião cristã pode ser comparada a uma ponte estreita que atravessa um lago onde duas correntes poluídas deságuam. Uma é chamada “legalismo” e a outra, “libertinagem”. O crente não deve perder seu equilíbrio, caindo da ponte e mergulhar no erro das regras e regulamentos anti-bíblicos, ou, por outro lado, nos vícios grosseiros do paganismo. Deve trilhar o caminho seguro e estreito. Paulo sustenta que o cristão é chamado para a liberdade (Gl 5.13), porém sem abusar da liberdade que Cristo nos deu para dar ocasião a carne. Até mesmo hoje, quantas vezes acontecem que más práticas, tais como freqüência a lugares de diversão mundana, vícios de tabagismo, droga, bebedeira, literatura pornográfica, novelas indecentes, a sensualidade, programas e filmes imorais no cinema ou na Tv, são tidos como parte da liberdade cristã. E isto é abusar da liberdade que Cristo nos deu. (Epistolas Paulinas I – EETAD).
Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com
Graça e Paz pr. Elias!
ResponderExcluirExcelente blog!
Que o Senhor continue te usando grandiosamente!
Abraço,
Pr. Jessé.
Obs.: Já estou te seguindo.