“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não  vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. 2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos  deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. 3 De novo, testifico a  todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. 4 De  Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça  decaístes. 5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que  provém da fé. 6 Porque, em Cristo Jesus , nem a circuncisão,  nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. 7 Vós corríeis  bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade? 8 Esta persuasão não  vem daquele que vos chama. 9 Um pouco de fermento leveda toda a massa. 10 Confio  de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que  vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação. 11 Eu, porém, irmãos, se  ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo perseguido? Logo, está  desfeito o escândalo da cruz. 12 Tomara até se mutilassem os que vos incitam à  rebeldia” (Gl 5.1-12).
I. O TEMA DA EPÍSTOLA
1. Cristo nos libertou. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.  Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão”  (v.1).
Este versículo é o tema da epístola aos Gálatas. Juntamente com o capítulo  2.16 e demais passagens estritamente paralelas são o fundamento bíblico  cristão.
O apóstolo Paulo escreve para várias igrejas na região da Galácia para  adverti-las de sua perda de Cristo.
Em virtude da tendência de os Gálatas retornarem à escravidão da lei, o  apóstolo dá muita ênfase à permanência nessa liberdade, pois até então eles  ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isso estavam à mercê  da escravidão. O sentido da passagem é que Cristo nos libertou para a liberdade,  portanto, não devemos retroceder à escravidão.
Se alguém lhe dá alguma coisa, ele quer que você a desfrute e aproveite. O  que foi que Cristo fez por nós? O que ele quer que desfrutemos? Ele nos  libertou. Quer que aproveitemos ao máximo esta liberdade.
São poucos os cristãos que têm uma vida cheia de alegria, de gozo e de paz.  Foram libertos, mas não querem sair do cativeiro das tradições da lei e  experimentar uma vida em liberdade em Cristo Jesus. 
2. O que seria o “jugo de escravidão”?
O apelo apostólico é que o cristão liberto não se torne a ser presa dos  homens ou de qualquer sistema religioso legalista. O apóstolo escreveu essa  exortação porque há sempre o risco de o cristão tornar ao legalismo, voltando-se  novamente à escravidão, e para que cada um tenha uma comunhão com o Cristo  ressuscitado (Gl 2.20).
A tentativa de seguir a lei de Moisés. Liberdade é libertação da escravidão  ou cativeiro. É a libertação do poder e da culpa do pecado, da condenação eterna  e a libertação da autoridade satânica e demoníaca.
Quando estávamos no mundo éramos escravos do pecado e de Satanás, mas  libertos em Cristo  Jesus , fomos despertados para a sua graça, ele proveu  libertação para este tipo de escravidão ao pecador.
Junto com isto Ele trouxe também uma gloriosa liberdade da maldição da lei do  medo da condenação diante de Deus, assim como de uma consciência acusadora. O  apóstolo Paulo dá muita ênfase à permanência nesta liberdade, pois até então  eles ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isto estavam à  mercê da escravidão.
Quando aceitamos a Cristo nascemos de novo (Jo 3.3.). O Espírito de Deus  recria seu homem interior e faz morada nele. Agora somos livres para caminhar  fora da nossa cela de prisão, ou somos livres para nela continuar, ou seja, a  liberdade está completamente em nossas mãos. “Porque vós, irmãos, fostes  chamados à liberdade...” (Gl 5.13).
Os crentes da Galácia haviam recebido a Cristo, porém os falsos mestres não  queriam sua liberdade.
Jesus disse que veio proclamar liberdade aos cativos. Mas os judeus  conheceram a verdade, mas rejeitaram o Seu Messias. Ao conhecermos a verdade as  portas da prisão se abrem para a liberdade, mas poucos os que saem da prisão. As  portas estão abertas, mas os prisioneiros estão sentados lá dentro. Não querem  gozar desta liberdade. Por quê? Porque prisões oferecem comida, suas roupas são  pagas para você. Você não tem nenhuma responsabilidade com a verdade do  evangelho.
II. A LEI E ANALOGIA DO CASAMENTO
“Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei  tem domínio sobre o homem toda a sua vida? (Rm 7.1).
1. Princípio. O princípio apresentado pelo apóstolo é que a lei tem  domínio sobre o homem enquanto este viver. O pecado foi abolido na morte de  Cristo e com ele morremos (2ª Co 5.14). Diante disto não há como servir a um  tirano destronado nem obedecer a um sistema caído. Portanto a morte isenta o  homem de suas obrigações. Esse princípio era bem conhecido tanto dos judeus  quanto aos romanos, pois era também comum a legislação romana.
2. Ilustração. “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido,  enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal.  De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com  outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera  se contrair novas núpcias” (Rm 7.2-3).
O apóstolo Paulo, para ilustrar essa doutrina, usa a regra geral e absoluta  da indissolubilidade do casamento. Assim como a lei tem domínio sobre o homem,  da mesma forma a mulher está ligada à lei do marido.
Por essa razão, ela não poderá ser de outro homem enquanto o marido viver. Se  isso vier acontecer, ela tornar-se-á adúltera “...será considerada adúltera se,  vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem” (v.3). Morrendo o marido,  contudo ela estará livre para contrair novas núpcias.
3. Aplicação. “Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente  à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele  que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Porque,  quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela  lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora,  porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos,  de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm  7.4-6).
A ilustração mostra que os cristãos estão mortos para a lei. Ou seja: estão  livres dela, pois a lei só tem domínio sobre o homem enquanto este vive  (v.1).
Nós já morremos com Cristo, por isso estamos livres da lei (Gl 5.1), e  sepultados com ele na sua morte (Rm 6.4).
Paulo mostra-nos que, mortos para a lei somos servos voluntários de Jesus.  Isso evidencia que não estamos mais sobre o domínio da lei. Pois o Senhor Jesus  cumpriu a lei (Mt 5.17-18), e morreu por nossos pecados (1ª Co 15.3).
Como Cristo já fez todas as exigências da lei, não estamos mais sob a tutela  da lei, mas debaixo da graça (Rm 6.4).
III. A CIRCUNCISÃO
1. Circuncisão e a fé são coisas excludentes.
“Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos  aproveitará. De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está  obrigado a guardar toda a lei. De Cristo vos desligastes, vós que procurais  justificar-vos na lei; da graça decaístes. Porque nós, pelo Espírito, aguardamos  a esperança da justiça que provém da fé. Porque, em Cristo Jesus , nem a circuncisão,  nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl  5.2-6).
O ex-fariseus Paulo estava cônscio de que a circuncisão era o selo da fé de  seu povo (Rm 4.11). Ele circuncidou a Timóteo, para não escandalizar os judeus  (At 16.3), mas se recusou circuncidar Tito por duas razões:
1º Ele era judeu.
2º Era necessário não ceder às exigências legalistas dos judaizantes (Gl  2.3-5).
Uma pequena cirurgia numa parte do corpo era de somenos importância. Mas os  fariseus exigiam que os cristãos praticassem essa cerimônia da circuncisão como  condição para a salvação (At 15.1-5). Porém, a sentença para os que deixam  circuncidar a fim de salvar é: “Cristo de nada vos aproveitará (v.2); “está  obrigado a guardar toda lei” (v.3); “separado a guardar lei” (v. 3); “separados  estais de Cristo... da graça tendes caídos” (v. 7).
Os gálatas caíram da graça e aceitaram um evangelho anátema espúrio,  misturado com a lei.
O apóstolo refuta os judaizantes usando nomes pejorativos, e por fim,  desqualifica a circuncisão da carne, recomendando um novo tipo de circuncisão  feita no Espírito e não mais na carne.
“Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e  nos gloriamos em Cristo  Jesus , e não confiamos na carne. Bem que eu poderia confiar  também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda  mais” (Fl 3.3-4).
[...] Segundo Werner de Boor a palavra “carne” aqui representa toda a  religião produzida pessoalmente nas profundezas do coração e do estado de  espírito. Essa “carne” pode ser sempre reconhecida no fato de que o ser humano  continua voltado sobre si mesmo, confia em si mesmo e se gloria em si mesmo.  “Carne” é sua natureza centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a  religião, o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e gloria-o, até mesmo quando  cita o nome de Deus.
“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria  vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo  certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de  Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era  “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (Fl 3.6). Mas Paulo chegou  à importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação,  até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a  justiça pela fé em Cristo  Jesus  (Fl 3.7).
Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir  a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de  fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente  consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas,  depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através  de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode  vir somente através de um relacionamento com Cristo (Fl 3.8).
Primeiro precisamos entender o termo empregado por Paulo. A palavra coração  no Hebraico é leh. A raiz verbal significa “ganhar compreensão, criar  juízo”. Quando Paulo fala de coração refere-se ao espírito onde está o controle  do ser humano e a consciência. Paulo usa esta alegoria “coração” para mostrar  que a salvação depende primeiramente da transformação do interior (espírito e  mente) do homem.
O coração representa a força espiritual (Lm 3.41), como intimo da pessoa (Jr  17.10). Emprega a palavra para indicar a percepção (Jr 4.9); o pensamento (Ec  2.20); a memória (Sl 31.12) e a consciência (Jó 27.6).
O coração (consciência) é onde o homem toma todas as decisões da vida; o  corpo é o invólucro da alma e do espírito, onde Paulo classifica como o “templo  do Espírito Santo” (1ª Co 6.19; cf 1ª Co 3.16), e seremos julgados por meio do  corpo, bem ou mal (2ª Co 5.10). Porém, nos dias de Jesus os fariseus se  preocupavam mais com a exterioridade do que a pureza do coração (Mt 15.8-20).  Portanto, exterioridade não é símbolo de salvação.
Esta passagem é uma advertência solene contra os perigos da presunção  (soberba), confiança na justiça própria, e contra o formalismo que confia no  batismo ou a ceia, nos dízimos como garantia em si mesmo da salvação daqueles  que o recebem.
Judeu é aquele que o é interiormente no original grego kruptos ou  kruphaios; que significa: (oculto; escondido; secreto; ocultar aquilo que  não deve tornar-se conhecido).
Note que a circuncisão na Velha Aliança era no prepúcio do homem, ou seja,  era na carne, mas, ficava escondida – era um sinal entre Deus e o homem. Da  mesma forma a circuncisão no coração é um sinal entre o servo e o Seu Senhor.  Ninguém pode ver por que é no secreto do seu coração.
Os fariseus pensavam que um judeu circuncidado não podia ser condenado ao  inferno. A salvação para eles era no exterior e no cumprimento de suas  tradições, porém Paulo diz que não a circuncisão é no oculto do coração, ou  seja, na mente do cristão. É algo divino é do Espírito e o crente.
“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é  somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a  que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede  dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28-29).
Existem pregações que a glórias é sempre para o homem. Os seus argumentos são  infundados, e sem base bíblica ou pseudo revelação. Isto é perigoso, pois  corremos o risco de voltarmos os rudimentos do mundo.
A circuncisão é um ato exterior e traz louvor dos homens e não de Deus. Os  judeus que se convertiam a Cristo estavam colocando como meio de salvação a  circuncisão e Paulo repreende severamente dizendo que a salvação não é o  exterior, mas a circuncisão no coração. Judeu verdadeiro é o que é no interior,  circuncisão válida é a que é feita no coração (Rm 2.25-29). Qualquer rito, sinal  ou obra que fizemos se não for resultado da operação da graça de Deus em nossa  vida, não tem nenhuma validade.
Os judaizantes ensinavam que a salvação era um processo longo e contínuo,  dependente da realização de rituais específicos, e cada um deles trazia a pessoa  mais perto de Deus. Paulo contradiz esta teoria enfatizando que a salvação é  completa em Cristo; uma vez que em Cristo, nada mais é necessário. Paulo ainda  usa o exemplo da circuncisão para explicar este ato. Mostrando que ela simboliza  a circuncisão mais importante, que é no coração.
A salvação é mérito somente de Jesus: “Sendo justificados gratuitamente, por  sua graça, mediante a redenção que há em  Cristo Jesus.  A  quem Deus propôs, no seu  sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter  Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm  3.24-25).
“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da  imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um  vento, nos arrebatam” (Is 64.6).
Ninguém nunca alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será  digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer  pela graça e não as justiças humanas. Por isto Davi pede a Deus um coração puro:  “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e remove dentro de mim um espírito  inabalável” (Sl 51.10). Enquanto que os fariseus exigiam exterioridade Deus pede  o coração. Davi preocupa-se em ter um coração limpo e puro diante de Deus.
O Senhor não se contenta apenas com nossos lábios, mas quer nosso coração e  toda a nossa confiança. “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se  agradam dos meus caminhos” (Pv 23.26).
O Dr. William Barclay (professor da Universidade de Glasgow, Escócia) nos  oferece um bom exemplo para ilustrar o ensino sobre a circuncisão. Ele diz que:  se alguém se submete a cumprir alguns requisitos para adquirir a cidadania de um  país, significa estar ele disposto a aceitar a demais leis daquele país. O que  Paulo está dizendo é, que se alguém se submete à circuncisão, ou algum requisito  da lei como meio de salvação, obrigatoriamente está assumindo o compromisso de  observar toda lei. Quem pratica tal coisa já tem caído da fé, e a morte de Jesus  não significa nada para tal pessoa: “De Cristo vos desligastes, vós que  procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes”.
IV. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO
“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi  alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em  si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as  ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).
O que seria importante para um cristão que deseja ter uma vida intima com  Deus. Cumprir as regras humanas e secundárias? Não. A circuncisão nada é. O ato  exterior não serve para santificar, pois é uma satisfação da carne. Mas guardar  as ordenanças (ensinos e princípios) de Deus no coração, leva o homem ter uma  comunhão intima com o Senhor.
[...] Alguns dos judeus crentes, havendo interpretado a lei para afirmar que  a circuncisão era necessária para a salvação, começaram a dar demais importância  a este ato simbólico. Da mesma maneira, hoje necessitamos ser cuidadoso para não  permitir que rituais e cerimônias passem a ter valor como agente da salvação.  Somente Cristo pode nos dar a salvação [GIBBS P. 74].
1. Paulo tinha todas as credenciais para se gloriar na lei:
a. Segundo a lei e seus direitos de nascimento: “Bem que eu poderia  confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu  ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de  Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor  da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl 3.4-6).
b. Segundo a graça ao escolher Cristo: “Mas o que, para mim, era  lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo  como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu  Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para  ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de  lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus,  baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos  seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo,  alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou  tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que  também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3.7-12).
Á primeira vista parece que Paulo está se gabando de suas realizações (vv.  4-6). Mas, na verdade, ele está fazendo o oposto quando mostra que as conquistas  humanas, por mais surpreendentes que sejam não podem levar uma pessoa à salvação  e à vida eterna com Deus. Paulo tinha credenciais impressionantes: origem,  nacionalidade, formação familiar, herança, ortodoxia na religião, atividade e  moralidade. Entretanto, sua conversão à fé em Cristo (At 9) não estava baseada  no que havia feito, mas na graça de Jesus. Paulo não dependia de suas próprias  obras para agradar a Deus, porque até as mais notáveis credenciais estão longe  de se comparar aos santos padrões divinos. Será que você depende de pais  cristãos, filiação à igreja, tutores para levar aos céus, ou apenas de ser bom  para tornar-se agradável a Deus. Credenciais, realizações ou reputações, não  trazem a salvação como um pagamento. A salvação vem pela fé genuína em  Cristo.
Paulo alega em seu discurso, que poderia “confiar na carne”, pois gozava de  títulos e privilégios. Paulo não fez. Com isso ele denuncia a fraqueza da lei.  Para Paulo Cristo é o fim da lei. Desta oposição apresentada por Paulo, ele  exorta a comunidade a ser seus imitadores como ele é de Cristo (Fl 3.17).
Quando Paulo fala de “o que para mim era ganho” (v. 7), está se referindo à  suas credenciais, reputação e sucessos. Depois de mostrar que poderia vencer os  judaizantes conforme as regras e padrões deles (pois demonstravam orgulho de sua  identidade e realizações), Paulo mostrou que estavam errados. Tenha cuidado ao  atribuir uma importância excessiva às realizações do passado, pois elas podem  intervir em seu relacionamento com Deus.
Depois que Paulo avaliou o que havia conquistado em sua vida, disse que tudo  aquilo era “perda” (v. 8) quando comparado à grandeza de conhecer a Cristo. Essa  é uma profunda declaração a respeito de valores. Um relacionamento de uma pessoa  com Cristo é mais importante do que qualquer outra coisa. Será que você está  colocando algumas coisas acima de seu relacionamento com Cristo? Será que você  está agradando a Cristo com tuas tradições?
Nenhuma medida de obediência à lei, aperfeiçoamento próprio, disciplina ou  esforço religioso poderá nos tornar agradáveis a Deus. A justiça vem somente  d’Ele.
Paulo está falando em uma renúncia de valores, renúncia dos odres velhos e  dos remendos de panos novos em panos velhos, isto é uma renúncia passada (v.  13), um alvo para o presente (v. 14) A graça é o único valor para Paulo. O homem  não deve mais confiar e por sua confiança no esforço humano, mas unicamente no  sacrifício de Cristo.
Para herdarmos as promessas de Deus não devemos usar certos tipos de  sacrifícios, quer sejas da lei mosaica ou humana. Paulo ao escrever aos  Filipenses é claro neste ponto, pois não é a circuncisão literal, mas interior e  espiritual.
O primeiro erro doutrinário que se infiltrou na igreja primitiva se chama  “legalismo”, que é tentar agradar a Deus pela obediência a lei e as doutrinadas  de homens, para deste modo obter a salvação.
“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria  vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo  certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de  Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era  “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (v. 6). Mas Paulo chegou à  importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação,  até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a  justiça pela fé em Cristo  Jesus  (v.7).
Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir  a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de  fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente  consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas,  depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através  de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode  vir somente através de um relacionamento com Cristo (v.8).
[...] Alguns dos crentes de Filipos, embora salvos através da fé em Cristo,  estavam tentando manter sua salvação pelo aperfeiçoamento de suas regras. Esta  falta de entendimento resultou numa obediência a Deus baseado no medo, e isso  tirou o gozo deles no Senhor. Paulo adiantou-se a explicar mais ainda que a  verdadeira perfeição era impossível até para ele mesmo (v.12). Em Cristo o  crente já é aceitável aos olhos de Deus; ele não tem que lutar para ser  perfeito, de acordo com o padrão dos homens para ganhar o amor de Deus. É claro  que Paulo não estava encorajando os crentes a viverem de maneira libertina. Ao  contrário, ele os encorajava a serem crentes maduros, a viverem uma vida de  obediência aos desejos de Deus, motivados por um profundo amor a Deus, não pelo  medo de perder a salvação [CARL B. GIBBS P. 51].
Por preocupação, Paulo revê as noções básicas com estes crentes. A Bíblia é  nossa salvaguarda, tanto moral como teologicamente falando. Quando a lemos  individualmente ou em público, ela nos alerta para as correções que devem fazer  em nossos pensamentos, atitudes e ações.
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que  tendes em nós. Pois   muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos  digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3.17-18).
Paulo nos mostra que aqueles que confiam na salvação pelas suas obras,  tornam-se inimigos da Cruz de Cristo.
Os justos são justificados somente através do sangue de Cristo; a lei é para  os transgressores citados no versículo 9 e 10, e Paulo acrescenta: “tudo quanto  se opõe à sã doutrina”.
A circuncisão na carne era um rito que tinha alto significado entre os judeus  (Gn 17.10-12). A circuncisão física era um sinal do Antigo Testamento,  concernente a uma aliança firmada entre Deus e o homem (Rm 4.11-12). Como já  vimos em Atos dos Apóstolos, os convertidos ao cristianismo eram pressionados  pelo legalismo judaico (At 15.10). Pedro teve de enfrentar a oposição (At 11.2).  Paulo exortou-os dizendo: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão  não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo” (v.  11).
A circuncisão de Cristo era (e é) espiritual (Rm 2.28-29). A circuncisão de  Cristo (v. 11) não é um sinal corpóreo no crente, mas uma mudança de coração (Rm  2.28-29; Gl 6.15). Uma nova vida em Cristo, ou seja, o novo nascimento.
V. CARACTERISTICA DA RELIGIÃO CRISTÃ
Nem a circuncisão nem a incircuncisão podem melhor a situação do cristão. A  ênfase em Gálatas é o relacionamento pessoal com Cristo e não com a lei. A  dinâmica da fé cristã se baseia no amor a Cristo e não na obediência à lei ou a  qualquer sistema de regras. Quem se dirige cegamente ao sistema legalista faz a  sua religião o seu Deus. Disse Thomas Erskine: “Aquele que fazem de sua religião  o seu Deus não terão Deus para sua religião”.
A volta ao judaísmo é uma ruptura com Cristo e a sua obra (5.4), sai-se da  graça, da misericórdia, da liberdade e da justificação mediante a fé para uma  justificação adquirida mediante o cumprimento de rituais segundo suas própria  justiças.
2. Vida cristã na direção do Espírito.
“Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da  fé” (Gl 5.5).
Aqui o apóstolo muda o pronome de vós para vós. Dos que se deixam circuncidar  (os judaizantes) para o cristão autêntico.
Os legalistas vivem por meio da carne, dependendo dela, mas nós vivemos por  meio do Espírito Santo.
VI. CARACTERISTICA DOS FALSOS MESTRES
1. Corrida cristã.
“Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?”  (Gl 5.7).
Paulo, então, cita o Espírito Santo, representante de Cristo e Fiel  Testemunha de que Cristo morreu, ressuscitou e deixou um legado: esperança da  justiça e fé (5.5). Fé e amor são dois sentimentos de âmbito espiritual. Para os  cidadãos dos céus, circuncisão e incircuncisão são aspectos terrenos que Paulo  não vai considerar (5.6). A volta ao judaísmo seria um grande impeditivo para o  corredor da fé e o apóstolo diz não ter parte nisso (5.7). Sua fala era de total  repúdio, apenas o assunto circuncisão era suficiente para levedar a massa do Pão  Novo = Cristianismo (5.9). O prejuízo que esses galacionistas causaram ao ensino  do apóstolo. Esses baderneiros estariam nas mãos de Deus que julgaria a todos  (5.10). Se querem a circuncisão que para nada serve, Paulo recomenda que haja a  mutilação (5.12).
“Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?  Esta persuasão não vem daquele que vos chama” (Gl 5.7-8).
Só existe uma verdade, a verdade está na palavra que não está algemada. Você  quer conhecer a verdade? Veja na Bíblia. Os mistérios que estiverem ocultos, são  as insondáveis riquezas de Cristo. Mas é claro que se eu me ponho a viver nas  obras dos sacrifícios eu vou anular toda graça de Deus.
Então ele continua: “Esta persuasão não vem daquele que vos chama”.
Paulo esta falando isto a quem? Aos Gálatas, quer dizer que havia uma  persuasão. E Paulo começou a perceber: Mas, vocês estavam correndo bem, quem vos  impediu? Esta persuasão não vem daquele que vos chama. Paulo diz vocês são selos  do meu Apostolado, vocês são gentios, há uma verdade, há um evangelho, vocês têm  que viver a graça de Deus, mas tem alguém persuadindo vocês para outra  coisa.
Esta persuasão não vem daquele que vos chama! Deus lhe chamou para viver a  verdade, você está aqui para viver a verdade, você não vai ser nunca mais  enganado na vida! A graça de Deus está no seu coração! Um pouco de fermento  leveda toda massa, então, isso se chama rebelião contra Deus e rebelião é pior  que feitiçaria, a pessoa que se mete nas obras da lei que Cristo nos resgatou de  lá, mas os altares jogam para a vida das pessoas. Fazer isto, é desprezar a obra  de Cristo é anular o que Ele fez na cruz. “De Cristo vos desligastes, vós que  procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (Gl 5.4).
2. Os falsos mestres.
Os Gálatas estavam indo muito bem na sua corrida espiritual, mas alguém  persuadiu e impediu essa caminhada; foram os falsos mestres. Paulo está deixando  claro que os ensinos destes judaizantes vinham de fontes estranhas, não de Deus:  “a persuasão não vem daquele que vos chamou” (v.8). Está persuasão impediu os  Gálatas de obedecerem à verdade (v.7).
Basta um pouco de fermento para levedar toda massa. A heresia se alastra de  maneira assustadora. Eles estavam levando o povo ao desviou doutrinário. Por  isso que o apóstolo amaldiçoou (Gl 1.8-9).
“Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas  aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação” (Gl 5.10).
3. O Fim da Lei é o Amor – 5.13-15.
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da  liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo  amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu  próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros,  vede que não sejais mutuamente destruídos” (Gl 5.13-15).
“No original grego eleuyeria eleutheria, a verdadeira liberdade consiste em  viver como devemos, não como queremos.
A “chamada” está associada com eleutheria, a “liberdade” (Gl 5.13).  Responder à chamada de Deus é achar, não a escravidão, mas a libertação. O homem  que responde ao convite de Deus é liberto do próprio eu, do pecado, e de  Satanás.
A discórdia que havia na igreja estava acirrada e as palavras MORDER e  DEVORAR não foram usadas por acaso, representavam grande confusão (5.15). O amor  é mencionado como o único meio de acabar com facções e findar a preocupação com  o cumprimento da lei. Cristo excedeu a lei ao amar a humanidade. Com esse  exemplo, quem ama está desobrigado de cumprir a lei (5.14). Lei significa  prisão, Amor significa exceder a lei e ampliar o acesso à liberdade  em Cristo Jesus   (5.13).
[...] A questão da liberdade cristã é muito relevante para nós hoje. A  religião cristã pode ser comparada a uma ponte estreita que atravessa um lago  onde duas correntes poluídas deságuam. Uma é chamada “legalismo” e a outra,  “libertinagem”. O crente não deve perder seu equilíbrio, caindo da ponte e  mergulhar no erro das regras e regulamentos anti-bíblicos, ou, por outro lado,  nos vícios grosseiros do paganismo. Deve trilhar o caminho seguro e estreito.  Paulo sustenta que o cristão é chamado para a liberdade (Gl 5.13), porém sem  abusar da liberdade que Cristo nos deu para dar ocasião a carne. Até mesmo hoje,  quantas vezes acontecem que más práticas, tais como freqüência a lugares de  diversão mundana, vícios de tabagismo, droga, bebedeira, literatura  pornográfica, novelas indecentes, a sensualidade, programas e filmes imorais no  cinema ou na Tv, são tidos como parte da liberdade cristã. E isto é abusar da  liberdade que Cristo nos deu. (Epistolas Paulinas I – EETAD).
Pr. Elias Ribas
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