TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

OS TRÊS TIPOS DE DOUTRINAS



 É de grande relevância destacar os três tipos de doutrinas que a Bíblia relata. A partir deste conhecimento, estaremos aptos para discernir entre a verdadeira doutrina e a falsa doutrina.

I.        DEFINIÇÃO DO TERMO

A palavra doutrina vem do latim doctrina, que significa “ensino”. Pode ser qualquer tipo de ensino ou doutrina especifico. Segundo o dicionário Aurélio, “doutrina é o conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso”. No Antigo Testamento, a palavra doutrina ocorre como tradução do hebraico Ieqah, que significa “o que é recebido” (Dt 32.2; Jo 11.4; Pv 4.2; e Is 29.24). No Novo Testamento temos dois termos da língua grega representam a palavra doutrina. Um termo é Didaskalia e o outro, didachê. Ambos os termos refere-se ao ensino como instrução dada àqueles que recebiam de bom grado a mensagem do cristianismo (Mt 7.28; Jo 7.16-17).

Doutrina é um ensino da Bíblia normativo, terminante, final, derivado totalmente e exclusivamente das Sagradas Escrituras, como regra de fé em Deus e de prática de vida cristã e de ministério para a Igreja de Deus.

No Novo Testamento, alguém que ensina a respeito das coisas de Deus, e dos deveres do homem; como os mestres da religião judaica, que pelo seu imenso poder como mestres atraem multidões, como João Batista (1ª Tm 4.6; 1ª Tm 4.16; 1ª Tm 6.1; Tt 2.1; Tt 2.10).

Jesus, pela sua autoridade, refere-se a si mesmo como aquele que mostrou aos homens o caminho da salvação e como os apóstolos e Paulo, que, nas assembléias religiosas dos cristãos, encarregavam-se de ensinar, assistidos pelo Santo Espírito contra os falsos mestres entre os cristãos.

O sentido teológico. A palavra teologia deriva-se dois substantivos:
Teo = Deus e logia
Logia” = estudo ou tratado – significa estudo de Deus.

Embora não estudamos Deus por ser Ele o autor das Santas Escrituras, porém aprendemos através Dele as Escrituras Sagradas.

O sentido teológico é a mesma palavra usada pelos apóstolos em Atos 2.42, que parece ser uma indicação das crenças dos apóstolos. A segunda tem o mesmo sentido e aparece em Mateus 15.9 e Marcos 7.7. É, portanto, nas epístolas pastorais que elas aparecem com o sentido mais rígido de crença ou corpo doutrinal da igreja – a Teologia propriamente dita.

II.    DOUTRINA BÍBLICA

A doutrina bíblica são ensinamentos de Deus, portanto elas não mudam, mas permanecem para sempre, ou seja, elas são imutáveis.

Queremos identificar ao leitor da Bíblia as diferenças, que uma vez que muitos cristãos (inclusive líderes) confundem doutrina da Bíblia com doutrina dos homens.

Há pelo menos três formas de doutrinas. Uma é sublime e santa. Duas perniciosas e deletérias.

1. Doutrina de Deus (Pv 4.2; Mt 7.28; Lc 4.32; Jo 7.16; At 2.41-42; At 13.12; 1.42; Tt 2.1, 10).







2. Doutrina de homens (Jr 23.16; Mt 15.9, 16; 16.12; Cl 2.22; Tt 1.4).











3. Doutrina de demônios (1ª Co 12.13; 1ª Tm 4.1).









A primeira é boa, as duas últimas danosas. É preciso distinguir a primeira das duas últimas. Caso contrário, os prejuízos podem ser fatais. O contraste entre a verdade e a mentira é mais nítido do que o contraste entre a verdade e a falsidade.

Há, pois, demônios cuja atividade não é espalhar violência e outros males ostensivos, mas ocupar-se com o ensino maléfico, falso, errôneo e enganoso.

Religiões e seitas pagãs podem ser analisas facilmente. Contudo, uma religião ou uma seita que se apresenta como cristã, mas têm doutrinas contrárias às Escrituras, merecem toda a nossa atenção. Por isso devemos conhecer os meios adequados da adição subtração, divisão e multiplicação para se identificar uma seita e um falso ensinador.

A dificuldade para entender o que é doutrina é proveniente da imaturidade espiritual do cristão e de sua vivencia espiritual superficial. A muitos líderes que confundem doutrina bíblica com praticas, tradições e usos e costumes humanos.

Muitos líderes não conseguem se aprofundar no estudo e compreensão das doutrinas do Santo Livro de Deus porque o estudam sem organização, método, ordem, seqüência, propósito, interesse, ou muita atenção. A admoestação bíblica em 2ª Timóteo 2.15 é “que maneja bem a palavra da verdade”.

III.  A CLASSIFICAÇÃO DAS DOUTRINAS DA BÍBLIA

Há pelo menos três diferenças básicas entre doutrina bíblica e costume puramente humano. Há costumes bons e maus. A doutrina bíblica conduz a bons costumes.

à Quanto à origem.
·        A doutrina é divina
·        O costume é humano.

à Quanto ao alcance.
·         A doutrina é geral
·         O costume é local

à Quanto ao tempo.
·        A doutrina é imutável.
·        O costume é temporário.

“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno” (Hb 6.1-2).

Para fins de estudo, todas as doutrinas da Bíblia podem situar-se em três grandes grupos ou classes de assuntos doutrinários, a saber:

à Doutrinas da Salvação: A doutrina da graça de Deus, expiação pelo sangue, a propiciação pelo sangue, a justificação, pela fé e a regeneração pelo Espírito Santo; da justificação, da regeneração, do arrependimento e da confissão de pecados, do batismo em águas, santificação, da eleição e predestinação dos salvos, doutrina do evangelismo, missões e discipulado cristão.

à Doutrinas da fé cristã: Doutrina trindade; Pai, Filho e Espírito Santo; da fé, da criação de todas as coisas, dos anjos, bons e maus, do homem, doutrina da família, da consciência como faculdade humana, da lei e da graça, da igreja, oração e do jejum, do louvor e da adoração, dos ministérios dos dons espirituais, do fruto do Espírito, do perdão, da santa ceia do Senhor, do testemunho do crente (o cristão falando de cristo de sua vida); da contribuição financeira, das duas naturezas do cristão, do sofrimento do cristão nesta vida, do cristão como cidadão do céu, da ação social da igreja, da divindade de Cristo, etc...

à Doutrina do Porvir: Doutrina do estado intermediário dos mortos, da ressurreição dos justos e dos injustos, dos juízos (julgamento), da grande tribulação que há de vir sobre o mundo, do anticristo, da vida de cristo, do reino milenar de cristo neste mundo, do céu para os salvos e do inferno para os perdidos, do conhecimento dos salvos na outra vida, do perfeito estado eterno (eternidade), da dispensações e alianças da Bíblia.

IV. A VERDADEIRA IGREJA É AQUELA QUE PRIMA PELA ORTODOXIA DOUTRINÁRIA

1. A doutrina bíblica pode ser Ortodoxa ou Liberal.

A. Ortodoxa. Ortodoxia deriva do vocábulo “ortodoxo”, palavra grega que significa “opinião correta” ou “doutrina correta”, é a doutrina conservadora. É a qualidade de uma declaração doutrinária que se acha de acordo com a Palavra de Deus e com os cânones e concílios estabelecidos pela Igreja Apostólica. No nosso contexto ela diz respeito aos cristãos conservadores. Fugir à ortodoxia pode significar aberração doutrinária ou até mesmo heresias.

O Ensino das Escrituras deve ser antes de mais nada, ortodoxo. Todo ensino bíblico-doutrinário deve ser estritamente de acordo com a mensagem divina revelada na Sua Palavra. Tal ortodoxia cristã tem nas Escrituras a única fonte do verdadeiro conhecimento de Deus, de suas doutrinas e da maravilhosa salvação em Cristo Jesus.

Tendo a Bíblia como a sua única regra de fé e prática. Acha-se comprometida com a evangelização do mundo, conformando-se plenamente com as reivindicações da Grande Comissão.

B. Liberal. A ênfase do erudito liberal se focaliza na descoberta que o homem faz de Deus. Seu ponto de vista é razão humanista, isto é, centrado no homem.

O liberal se acha o representante legal de Deus aqui na terra. Usa de autoridade como se fosse delegada por Deus.

Aqueles que ensinam sem dogmatismo muitas vezes são taxados de liberais e mundanos. Porém pelas lentes da Palavra, podemos considerar liberais aqueles que estão fora da Palavra e servindo uma tradição arcaica e anti-bíblica.

Antes de conhecer a Cristo éramos escravo do mundo e de Satanás, agora libertos em Cristo somos livres; o servo de Cristo experimenta a liberdade real do Espírito nos propósitos de Deus. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.32, 36). Com base no ensino de Jesus eu posso afirmar que somos livres para servir o Senhor Deus, mas não ao pecado. Porém, não temos o direito de propagar idéias tradicionalistas, dizendo que é doutrina de Deus e usarmos como meio de salvação, pois seremos taxados de fariseus.

Não confundamos liberal com libertinagem, pois libertinagem é uma pessoa que se encontra na liberdade do mundo e do pecado, ou seja, nas concupiscências da carne, dos olhos e na soberba da vida conforme 1ª Jo 2.16.. É por isso que Paulo diz aos Gálatas “... não useis da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5.13). Todavia somos agora livres para servir ao nosso bendito Criador sem esquisitices.

As idéias, deduções e princípios teológicos liberais, humanistas e corrompidos, tiveram seu início na primeira parte do século XIX. Possuíam como objetivo a racionalização da fé sob influência do movimento filosófico e igualmente humanista denominado iluminismo. Foi uma tentativa de adaptar a fé cristã às corrente do pensamento moderno sobre Deus.

Mas a verdadeira teologia bíblica proveniente da doutrina do Senhor não perdeu o espaço. Ao contrário, ela continua firme e crescente através do empenho de homens comprometidos com Deus e com a defesa da fé mediante a exposição correta e ungida das Escrituras. Ainda há em nossos dias cristãos que, graças a Deus, procedem como mãe e avó de Timóteo, ensinando os mais jovens os verdadeiros fundamentos da fé cristã.

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste, e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2ª Tm 3.14-15; outra ref. 2ª Tm 1.3-5). [GEREMIAS DO COUTO. Lições Bíblicas 4ª Trimestre de 2005. Editora CPAD, Rio de Janeiro RJ].

[...] Alguns líderes estão se equivocando e transformando certos costumes em doutrinas, como se a sã doutrina da Bíblia não fosse suficiente para um viver cristão digno. É claro que os bons costumes são necessários como: agradecer um favor, cumprimentar as pessoas, ter asseio pessoal etc. Essas ações e atitudes são os frutos produzidos pelos cristãos e devem ser incentivados  Mas aqui o caso é outro . Estão colocando paridade entre certos costumes e a doutrina bíblica. Será que existe alguma diferença do legalismo do passado para o de hoje? O espírito do farisaísmo é o mesmo. O que muda é o que se dita para ser seguido. [Disponbivel: http://www.conectadacomjesus.com.br/2010_04_25_archive.html acesso dia 23/12/2011]

IV.  A FINALIDADE DO ENSINO ORTODOXO É MANTER A PUREZA DO EVANGELHO

[...] A doutrina é de especial importância, porque a proclamação certa do Evangelho da salvação depende do entendimento exato do que é o Evangelho, do que é a salvação, e de como se recebe a salvação (Gl 1.6-9). O nosso futuro eterno depende da pregação ortodoxa do evangelho. A Igreja inteira deve ter o cuidado de proclamar fielmente o verdadeiro Evangelho, e todos os cristãos devem saber a verdade do evangelho e interessar--se pelo assunto [SOARES. P.23].

Aos discípulos, Jesus declarou que edificaria Sua igreja (Mt 16.18). O fundamento e as colunas (pilares) desse edifício são as doutrinas bíblicas fundamentais, as quais dão sustentação a esse edifício espiritual (1ª Co 3.9, 10, 16). A igreja é edificada sobre “o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus é a principal pedra de esquina” (Ef 2.20). A ordem da frase “apóstolos e profetas” deixam claro que a “doutrina dos apóstolos”, citada em Atos 2.42, refere-se ao ensino que receberam de Jesus e que foram comissionados a ensinar. Não se tratava de uma doutrina particular dos apóstolos Pedro, João, Tiago ou Paulo, mas a mesma ensinada por Jesus. A referência aos profetas trata-se dos profetas da igreja primitiva que confirmavam, pelo Espírito Santo, as doutrinas ensinadas. A ordem da frase apóstolos e profetas indicam tratar-se do dom profético naqueles dias outorgado pelo Espírito Santo (Ef 4.11).

Paulo declara em 1ª Co 3.10-11, que ninguém pode colocar outro fundamento além do que já está posto. No texto de Efésio 4.11, vemos os edificadores que Deus tem dado à igreja. “Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres”. Eles usam os materiais da doutrina cristã para construir este edifício espiritual.

A Igreja de Cristo é vista numa linguagem figurada como “casa” e “família” (1ª Tm 1.2, 18; 2.13-15). A Bíblia, em 1ª Timóteo 3.15, usa a expressão “coluna e firmeza” que fala de suporte, apoio, sustentáculo de uma construção. A lição que aqui podemos aprender é que devemos fielmente preservar aquilo que temos recebido da parte do Senhor. A verdadeira igreja é aquela que se mantém em tudo fiel à sã doutrina bíblica. 

“Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2ª João 1.9).

[...] Como ocorreu no passado, nos dias atuais o espírito maligno do engano continua agindo através dos que se auto-intitulam concessionários de novas verdades doutrinárias, como que o homem necessita para obter a sua salvação e viver uma vida plena em Cristo Jesus (Rm 5.20). Nestes últimos dias na terra, a igreja deve estar atenta a esta investida satânica de falsas doutrinas (1ª Tm 4.1-2; 2ª Co 11.13-15; 2ª Tm 3.1-5). Ela deve andar embasada somente na verdade que é a Palavra de Deus – as Sagradas Escrituras [ELIEZER DE LIRA E SILVA. Lições bíblicas - 3º trimestre 2009, p.8].

“Apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem. Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente os da circuncisão. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância” (Tt 1.9-11).

Este texto bíblico evidencia a preocupação do apóstolo Paulo, não com as perseguições das pessoas de fora, mas com determinados ensinos que poderiam ser facilmente aceitos no meio dos cristãos.
Por toda a Bíblia vemos que existe uma preocupação com deturpação dos ensinos verdadeiros, que formam heresias ou partidos com a capacidade de minar a força da Igreja e seu progresso.

“Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus” (2ª Tm 1.13).

Que padrão é este que Paulo fala a Timóteo? É o padrão do evangelho segundo a graça que o apóstolo recebeu de nosso Senhor Jesus Cristo: “Faço -vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11-12).

Ninguém pregou o evangelho para Paulo, mas foi o próprio Jesus que apareceu a ele no caminho de Damasco, seguida de muitas outras revelações como vemos aqui na carta aos Gálatas. Por isto, Paulo ensinou a Timóteo uma doutrina sadia pura segundo a verdade do evangelho da graça.

O papel da Igreja é sustentar, manter e defender a verdade contra todo o erro e oposição intelectual, religiosa e filosófica dos falsos mestres. A igreja tem a missão de viver e repreender essa verdade, mas também de mantê-la de toda oposição que lhe ataca. A primeira coisa que cuidaram na igreja primitiva foi à doutrina, que é essencial à fé cristão.

Em nossos dias, épocas em que as culturas e até religiões têm a tendência de homogeneizar-se, precisamos ainda de obreiros polemistas, homens que discutam o conteúdo de ensino supostamente bíblico.
Entendo que o dogmatismo, que consiste em ensinos que nem sempre são adquiridos por exegese bíblica, mas sim por tradições. Muitas vezes experiências espirituais são confundidas e homogeneizadas com doutrina bíblica.

Paulo recomendou muito cuidado com a doutrina de Deus, para não aceitarmos o ensino diabólico ou dos homens. O apóstolo acentua a importância da doutrina de Deus:

“Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina” (1ª Tm 1.3).

Paulo, instrui o jovem Timóteo, a permanecer em Éfeso, fortalecendo os cristãos perseverarem na fé e combatendo As falsas doutrinas. E não se dêem a fábulas, “que mais produzem questões do que edificação em Deus” (1ª Tm 1.4). Por ignorarem tal exortação muitos se entregam a “vãs contendas, querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam” (1ª Tm 1.6-7).

Note que os falsos mestres em que Paulo menciona eram os fariseus de sua época; porque enfatizavam lendas e genealogia judaicas em seus ensinamentos. Eles acreditavam que a salvação dependia da guardas da lei e de suas tradições ao invés da fé em Jesus Cristo.

Paulo recomenda a Timóteo dizendo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres: porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1ª Tm 4.16).

Doutrina responde às perguntas sobre Deus, a Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a natureza humana, a vontade de Deus e o nosso destino. Conhecendo estas coisas, o cristão sabe o que Evangelho e como recebê-lo, e isto é de fundamental importância para a unidade da igreja.

“Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2ª Jo 19-11).

O verdadeiro cristão deve conservar as doutrinas do cristianismo e não ultrapassar os fundamentos da verdade e do ensino de Jesus e Seus apóstolos. João adverte contra o perigo de apoiar os falsos mestres bem como a seus erros. Não se trata aqui de simples indivíduos, mas de líderes espirituais com aparente autoridade.

“...não o recebais em casa...” (v.10), pode referir-se à igreja, uma vez que as igrejas se reuniam nas casas.

“Tu, porém tem seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança” (2ª Tm 3.10).

A sã doutrina trás edificação e firmeza espiritual. A sã doutrina é verdadeira, pura, sincera, é imutável e produz uma fé sadia e garante a salvação pela graça de Cristo.

Paulo enfatiza a Timóteo a cuidar de si, a vivência no amor na fé na longanimidade e na perseverança da verdadeira doutrina. Devemos tomar cuidado com os falsos mestres que estão surgindo em nossos dias. Atentemo-nos para a advertência do apostolo Paulo: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2ª Tm 4.3).

Eu acredito que já estamos vivendo a este tempo. Pouco se ouve ensinos sobre doutrinas bíblicas. Os púlpitos se tornaram palcos de propagar mentiras e ilusões. As pregações estão voltadas para as tradições, regras, arrecadações, e até pregações místicas (adivinhações). Podemos ver que pouco se prega doutrina bíblica, mas as regras sempre estão em destaque. É por isso que o apóstolo São Judas nos admoesta a batalhar diligentemente, isto é, lutar intensamente pela fé:

“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez foi entregue aos santos. Porque se introduziram alguns homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único Dominador e Senhor Nosso, Jesus Cristo” (Jd 3, 4).

 O apostolo são Judas, através do Espírito Santo, recebeu o mandamento quanto a preservação da fé e lutar por ela (v.3). A fé “entregue aos santos” é a soma da doutrina cristã contida na Palavra de Deus. Consistia dos ensinos dos apóstolos e o conteúdo dos quatro Evangelhos.

Para Judas a importância máxima da sã doutrina não era algo superficial e infantil. Tratava-se de assuntos vitais em jogo, tendo o caminho falso de um lado, e do outro o caminho da verdade. O escritor nos mostra que assim como a verdadeira sabedoria e a viva esperança caminham inseparavelmente, do mesmo modo estão a falsa doutrina e a destruição final. A igreja morrerá espiritualmente se as heresias prevalecerem em seu meio.

O Espírito Santo, ante tantas controvérsias, está procurando homens que, por amor do Evangelho, assumam a responsabilidade de lutarem em defesa da “nossa fé”. A Bíblia nos ensina a crer nas doutrinas: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15), mas os homens aumentam o evangelho com suas tradições.

Judas sabe que, conquanto a fé tenha sido uma vez por toda entregue aos santos é preciso lutar, batalhar e vigiar para que ela não seja solapada na sua base.

O inimigo, na pessoa de falsos pregadores, está atacando a fé, as verdades centrais que são a âncora da salvação, as quais não devem sofrer alterações. Judas adverte os cristãos contra os falsos ensinos, que estavam levando os cristãos para um evangelho com dissolução, com imoralidade e engano. Os tais que mudam as Verdades de Cristo em mentiras são impostores na igreja, que perverteram o Evangelho segundo o Novo Testamento; repudiando ou rejeitando algumas das suas verdades fundamentais; acrescentando-lhe regras, leis e idéias de homens. O falso evangelho leva o homem à pobreza e miséria, embora fale no nome de Cristo.

É assim que o maior perigo que enfrenta a igreja vem da infiltração dos “agentes secretos”, ou seja, quando na comunidade do povo de Deus penetram, se infiltraram certas pessoas cuja mente está inteiramente distorcida de qualquer profundo compromisso com Cristo. E pior, muitas vezes tais pessoas assumem posição de influência, tornam-se arcanjos da comunidade, vestem-se de ministros da verdade, falam como teólogos, ensinam como mestres insinuam-se profetas. Esses são os dissimuladores.

Judas não era periférico e tampouco diplomático no que estava tentando dizer. Ele realmente parte para identificar as teologias que estão sendo desenvolvidas pelos dissimuladores, infiltradores nas entranhas da igreja. Estas teologias são a graça barata e o senhorio oco.

A graça de Deus sempre foi o tema teológico mais atacado pelo diabo. No caso em questão estavam tentando “transformar em libertinagem a graça de nosso Deus” (Jd v.4). Dessa forma o pecado passava a ser um aliado da graça de Deus, na medida em que quanto mais se peca mais Deus tem ocasião de mostrar-se gracioso. Esse pretexto do liberalismo comportamental. Além disso, essa perspectiva de baratemanto da graça de Deus passa também pela idéia de que Deus é gracioso e sublime demais para ocupar-se com os banais deslizes humanos. Ou seja, usa-se a graça de Deus contra o próprio Deus. E mais, faz-se com que Deus seja escravo de sua graça e fique inflexível contido por ela. Desse modo, mais uma vez a graça de nosso Deus é “transformada em libertinagem”, na medida em que é usada pelos interesses morais dos seres humanos. É a graça conveniente, evocada para justificar o pecado, não o pecador.

Outro caminho para se “transformar a graça do nosso Deus em libertinagem” é a via indireta do legalismo. O fim do legalismo é a sensualidade, a neurose ou a psicose. Isso porque o legalismo concebe a vida santa como dependendo do homem e de seus recursos de auto-santificação.

O legalismo começa independente da graça e termina em desgraça. O triste é que tudo isso é feito em nome da graça do nosso Deus. É por isso que o legalismo também “transforma em libertinagem a graça de nosso Deus”. O legalismo já é pecado desde o princípio, pela sua presunção arrogante, quando a conceber-se capaz de auto-financiar o sucesso moral.

A Igreja somente poderá lograr êxito em qualidade se mantivermos nos padrões da sã doutrina e revestido do poder do alto. Poder de baixo, humano, terreno, não temos falta; mas necessitamos sempre do poder do alto, que põe a igreja em marcha (Lc 24.49). Que o Senhor nos ajude a sermos sadios na fé, maduros no entendimento e zelosos na manutenção da chamada do autêntico avivamento espiritual.

É interessante observar que toda nova doutrina se desenvolve em um ambiente de pessoas que são supostamente iluminadas e com novas revelações, desfazendo completamente a base bíblica doutrinária existente. Esta é praticante a característica de todas as seitas que no decorrer dos anos vão se avolumando e se organizando. No comando das seitas está o espírito do erro e do engano. Por isso as Escrituras nos alertam, dizendo: “Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus...” (2ª Jo 9).

[...] Escreveu Russel Champlin: “Por certo que o pior vício dos sintomas religiosos é que transformam os preceitos humanos em leis divinas, e não reconhecem a diferença. Então passam a forçar sobre os outros os absurdos por eles mesmos inventados. Parece mais fácil e atraente, para alguns, observarem regras do que permanecer sob o controle de Cristo. Iludindo-se a si mesmo, simulam maturidade, medindo o grau de conhecimento, não pela força da vida que Jesus coloca em nosso interior, mas pela aparência que ostentam diante dos homens. Confundem “fermento” com desenvolvimento (1ª Co 5.6-8). O externalismo a ninguém faz crescer. Estes “procurando estabelecer a sua própria justiça” (Rm 10.3), dogmatizam esfarrapados jugos. O resultado é uma espiritualidade desfigurada” [JERRY BRIDGES. Exercita-te na Piedade – Ed Vida, p. 16].

Portanto, estejamos, atentos para o conteúdo de nossos cultos, de nosso aprendizado e de nossa fé, alicerçados na Palavra do Senhor, cientes de nossas responsabilidades como servos de Deus e fiéis a sã doutrina.

Muitos pregadores têm suas doutrinas identificadas com as doutrinas dos fariseus, e não com a doutrina de Cristo, sendo, portanto, uma mensagem anátema. O Apostolo Paulo é muito claro e direto ao demonstrar esta verdade, a sua ação é decisiva na promoção de informações que desmascaram esta classe de falsificadores da mensagem santa, deixando claro que são desrespeitadores da Palavra de Deus e do evangelho eterno. Na sua epístola aos romanos, Paulo assim se reportou: “E rogo-vos irmãos, que noteis os que promovem e escândalos dissensões contra a doutrina que aprendeste; desviai-vos deles. Por que os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo. Mas ao seu próprio ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples” (Rm 16.17-18) Esse texto é mais uma preciosidade do apóstolo Paulo a serviço da sã doutrina.

FONTE DE PESQUISA

1.        ANTÔNIO GILBERTO, Dificuldade e doutrina bíblica Mensageiro da Paz Janeiro, ano 73, nº 1.424, Janeiro de 2004, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
2.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
3.        JERRY BRIDGES. Exercita-te na Piedade – Editora Vida.
4.       GEREMIAS DO COUTO. Lições Bíblicas 4ª Trimestre de 2005. Editora CPAD, Rio de Janeiro RJ.
6.       EZEQUIAS SOARES, Mensageiro da Paz. Ano 77 Nº 1460. Janeiro de 2007. Editora - CPAD, Janeiro, RJ.
7.       ELIEZER DE LIRA E SILVA. Lições bíblicas - 3º trimestre 2009, editora: CPAD, Rio de Janeiro – RJ.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

LEGALISMO RELIGIOSO


Do lat. legale + ismo. Tendência a se reduzir à fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, práticas e obrigações eclesiásticas. A palavra traduzida Lei (gr. nomos; hb. torah) significa “ensino ou instrução”. O termo lei pode referir-se aos dez mandamentos e ao Pentateuco.

Relativo à lei, pessoa que pugna pela observância da lei, isto é, briga, combate, batalha, luta pelo cumprimento da Lei da tradição imposta pelos homens.

O legalismo é isto, prima por alguma “prioridade” em detrimento do que é realmente prioritário isto acarreta um grande perigo, pois ele falsifica o Evangelho de Cristo.

A palavra “legalismo” não é encontrada na Bíblia; esta palavra é um sinônimo de legalidade ou observância da Lei. No Novo Testamento, o legalismo foi introduzido na igreja cristã pelos crentes oriundos do Judaísmo que, interpretando erroneamente o Evangelho de Cristo, forçavam os gentios a guardarem a Lei de Moisés. A Lei do Velho Testamento era a sobra das coisas vindouras até que viesse o Messias o nosso salvador, por isso o Velho Testamento não se deve usar como doutrina para o tempo da graça, pois a salvação aos gentios não veio pela lei, mas pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Se fosse pela Lei então Cristo morreu em vão (Gl 3.18-19).

O legalismo ensina que o homem tem que obedecer a certas observâncias e regulamentações para que possa alcançar o favor divino.

O legalismo tem causado muitos transtornos aos cristãos, principalmente nas doutrinas da Bíblia, exemplo: (Soteriologia). O legalismo distorce os alicerces da doutrina da salvação. Paulo nos informa que “... pela graça sois salvo, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef. 2.8). Quando dizemos que determinado individuo, precisa observar regras e normas para ser salvo estão anulando o sacrifício de Cristo na Cruz no Calvário que é o único meio do pecador arrependido alcançar a salvação. È somente em Cristo que temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Cl 1.14).

[...] Jesus ao confrontar-se com os lideres religiosos de Israel, usou as palavras de (Isaias 29.13), e assim definiu o legalismo religioso. Ele Disse: “seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens” (Mt 15.9). O legalismo confunde doutrinas Bíblicas com Usos e costumes. Paulo nos informa no livro de Romanos 10.3 que: procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. [Pereira. Legalismo. http://www.advilasolange.com.br/Legalismo.html - acesso dia 15/09/2009].

O legalismo é uma forma de escravidão. A Bíblia diz em Gálatas 4.8-9 “Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses; agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?”

O legalismo é atrativo, mas destrutivo. A Bíblia diz em Colossenses 2.23 “As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.

O legalismo é uma atitude, uma mentalidade baseada no orgulho. É uma conformidade obsessiva a um padrão artificial com o propósito de exaltar a si mesmo. O legalista assume o lugar de autoridade e o leva a extremos injustificados. Daniel Taylor afirma muito bem que ele termina em controle ilegítimo, exigindo unanimidade e não unidade.

A grande arma do autoritarismo, secular ou religioso, é o legalismo: a fabricação e manipulação de regras com o propósito de obter controle ilegítimo. Talvez a mais prejudicial de todas as perversões da vontade de Deus e da obra de Cristo, o legalismo agarra-se à lei as expensas da graça, a letra em lugar do Espírito.

O legalismo prima pelas regras do Antigo Testamento. Pelas regras criadas pelo homem através das tradições herdadas pelos pais. Como já disse se pudermos reforçar vigorosamente as regras criadas pelos homens como meio de santidade e salvação, perderíamos o rumo para o céu.

O autoritarismo farisaico se manifesta na confusão do princípio cristão com insistência em comportamento humano invés de fé e graça. Colocam-se como super espirituais e usam suas experiências e regras similares, e citam frases isoladas para descreverem estas experiências.

O legalista diz na verdade: As coisas que pratico faço para ganhar o favor de Deus. Esquecendo do significado da graça divina “Favor imerecido”.

Devemos compreender que estas coisas não estão expressas nas Escrituras. Elas foram transmitidas ou ditas ao legalista e tornaram-se uma obsessão para ele ou ela. Torna-se um cristão papagaio, só diz o que os outros já disseram.

Você não pode permitir que o legalismo continue da mesma forma que não permitirá que uma cascavel entre sorrateiramente em sua casa. A igreja é a casa de Seu pai, por isso vamos combater o legalismo para que Deus volte a operar maravilhas como foi na igreja primitiva. Você deve saber que a Bíblia é nossa única regra de fé e, se usarmos corretamente, não irá ferir ninguém a não serem aqueles que não aceitam que ela é a inspiração divina, ou que ela não é completa.

Existem líderes que, desconhecendo as regras da hermenêutica, usam a lei mosaica sem conhecer o tempo que deve ser empregada, usam como se estivessem vivendo na época de Moisés. A lei mosaica foi dada por Deus por causa das transgressões do povo hebreu, embora o mandamento fosse santo, bom e justo (cf. Rm 7.12), era inadequado, porque não conseguiu transmitir vida espiritual nem força moral.

No tempo da graça o crente não deve usar como doutrina a lei do Velho Testamento, pois não houve morte do testador, portanto deixou-se de ser usado no sentido doutrinário. Todavia a lei moral que fazia parte da lei continua a ter vigência, pois ela faz parte da santidade do cristão.

O legalismo é isso, prima por alguma prioridade em detrimento do que é realmente prioritário isto acarreta um grande perigo, pois falsifica o Evangelho de Cristo.

Legalismo na história da teologia é a teoria de que um homem obtém e merece a sua salvação fazendo boas obras ou obedecendo a lei.

Paulo era zeloso das tradições judaicas, um fariseu e perseguidor dos cristãos, mas após sua conversão passou a combater os prosélitos da lei; usando suas estratégias e muitas vezes procediam como judeu para ganhar os judeus como se vivesse na lei. “Procedi para os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei” (1ª Co 9.20-21).

Sabemos que existem líderes que forçam a exegese bíblica para provar suas teses, sem saber o tempo e a época que foram escritas. Vejamos por exemplo quando Jesus diz: “Passará os céus e a terra, mas minhas Palavras não passarão” (Mt 24.35).

“... minhas palavras não passarão”. Analisando este texto dentro da exegese Jesus se refere ao Seu Evangelho e as Suas profecias; e, nunca a Bíblia num todo.

Todavia os legalistas de hoje interpretam e ensinam erroneamente a Palavra do Senhor dizendo que Jesus cumpriu a lei e que devemos cumpri-la com base em Mt 5.17-18, onde o Senhor diz: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”.

Porque a lei só deixaria de ter vigência depois de cumprida. Pergunta-se: Qual foi o homem, além de Jesus Cristo, que cumpriu a lei? Não existiu e não existe ninguém que cumpriu a lei, senão Jesus. Note o que Jesus diz no verso 18: “Nem um jota ou um til jamais passará da lei, até que tudo seja cumprido”.

O Senhor Jesus prevê a cessação da validade da lei depois de preenchido o seu propósito. Ele disse: Porque em verdade vos digo “... até que tudo seja cumprido”. A permanência da lei permaneceu até o seu cumprimento por alguém, isto é, por Jesus Cristo, que cumpriu e aboliu a lei.

Sabemos também, através de Paulo, que Cristo nasceu de mulher; e viveu sob a lei, a fim de cumpri-la e, cumprindo-a (Mt 5.17-18), findou-se a lei para justiça, deste modo, pode cravá-la na cruz (cf. Ef 2.13-16), para possibilitar a justificação de todo àquele que crê; o que era impossível à lei (At 13.38-39; Rm 3.23-24) e é possível mediante a fé em Cristo (Rm 5.1).

A Igreja não está obrigada a cumprir as regras do Velho Testamento, pois o Senhor Jesus, através de Sua morte, libertou-nos da maldição da lei. O próprio Filho de Deus ensinou: o que realmente importa na lei são as reedificações de Deus quanto á justiça, á misericórdia e a fé (Mt 23.23; cf. Mq 6.8; Mt 5.17; Rm 10.4).

I.        EBIONISMO – UMA QUESTÃO LEGALISTA

 Os ebionitas (do hebraico אביונים, Ebyonim,, que significa “pobre”). O Ebionismo se desenvolveu na comunidade judaico-cristã em Jerusalém e arredores. Os ebionitas eram geralmente judeus recém-convertidos ao Cristianismo, que acreditavam ser a verdadeira igreja. Eram tão radicais que não aceitavam as epístolas de Paulo, por motivo de Paulo nestas epístolas reconhecer os gentios convertidos. Em seus esforços de misturar elementos do Judaísmo e Cristianismo, rejeitaram os preceitos de Paulo e a helenização do Cristianismo. Acreditavam que a suprema expressão da vontade de Deus era a lei judaica. A salvação da obediência à lei e a da fé em Jesus Cristo. Não contavam com a credibilidade dos cristãos gentios.

“A igreja primitiva lutou para se tornar um corpo unificado, em meio a conflitos de ordem externa (a perseguição) e interna (que surgiram envolvendo as doutrinas da igreja).

Os fariseus e judeus recém convertidos, mas que queriam viver sob a lei e tradições judaicas, foram chamados de judaizantes (Gl 2.14). O termo judaizante vem do verbo grego ioudaizo “viver como judeu”. Este vocábulo surgiu em decorrência de os cristãos de origem hebréia, mesmo após o concílio de Jerusalém (At 15), continuarem insistindo na necessidade de os convertidos gentios viverem como judeu. Infelizmente, os judaizantes ainda estão por aí defendendo a guarda do sábado, as leis judaicas (leis dietéticas prescrita por Moisés) e os ritos judaicos e outras tradições que surgiram no decorrer da história da Igreja.

A seguinte ferramenta ou arma que os fariseus usam é a perseguição eclesiástica; são eles que estreitam o caminho para o céu e escravizam as pessoas.

Além da lei judaica os fariseus acrescentavam a lei oral (tradições humanas). São assuntos de suma importância que iremos abordar, para que o leitor seja fiel as verdades bíblicas.

II.     OS PRIMEIRO JUDAIZANTES

1. O Cristianismo Não Judaizou O Mundo. [...] O cristianismo teve origem no contexto judaico e deste recebeu uma rica herança teológica e ética. Haja vista o próprio Cristo. Nascido “conforme a lei” (Gl 4.4), cresceu e viveu dentro da cultura judaica (Lc 2.40-43). Durante o seu ministério, reconheceu as Escrituras Hebraicas e a autoridade de Moisés (Mc 7.13; Lc 5.14). Todavia, não pregou costumes judaicos; Seus apóstolos não judaizaram o mundo. O apóstolo Paulo, discursando no Areópago, não deu uma aula sobre o tetragrama hebraico do Antigo Testamento [yhwh Yahweh]. Sua preocupação era pregar a principal mensagem do cristianismo: a ressurreição de Jesus (At 17.31). [ESEQUIAS SOARES. 2º Trimestre de 2006 Escola Bíblica CPAD. Rio de janeiro RJ.

 Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Blumenau - SC

FONTE DE PESQUISA

1.       BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.       BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.       BÍBLIA PENTECOSTAL, Trad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4.       BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida.
5.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRADE, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6.       ESEQUIAS SOARES. 2º Trimestre de 2006 Escola Bíblica CPAD. Rio de janeiro RJ.
7.       PEREIRA IVANILDO. Legalismo. http://www.advilasolange.com.br/Legalismo.html - acesso dia 15/09/2009STRONG, J. & Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil. 2002, 2005.



domingo, 9 de setembro de 2012

A NORMOSE DA RELIGIÃO


Segundo Pierre Weil, a normose pode ser definida como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos e pensar ou agir, que são aprovados por  consenso ou pela maioria em uma determinada sociedade e que provocam sofrimento,  doença e morte.

Sempre houve uma grande preocupação em se separar as variadas formas de comportamento humano. Uma destas é aquela que divide os comportamentos em “normais” e patológicos.

Normais seriam todos aqueles que se enquadrariam dentro da norma, ou seja, aquele seguido e demonstrado pela maioria, considerado natural. Na categoria de patológicos, estariam justamente, aqueles comportamentos, ou aqueles indivíduos que se comportariam fora das normas.

Há na maioria dos nossos contemporâneos uma crença bastante enraizada. Segundo esta, tudo o que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado como normal e, por conseguinte servir de guia para o comportamento de todo mundo e mesmo de roteiro para a educação.

Está se descobrindo que muitas normas sociais atuais ou passadas que levam ao sofrimento moral ou físico ou mesmo de indivíduos, de grupos, de coletividades inteiras ou mesmo de espécies vivas.

A normose impõe a sociedade, uma cultura do sucesso, sendo que o fracasso e o ostracismo são uns dos maiores medos do normótico, que busca por segurança em estados temporários e ilusórios, nos objetos exteriores, em conquistas e sucessos efêmeros não sabendo que a verdadeira segurança é uma condição subjetiva, resultado de uma experiência transpessoal, que se revelará de forma espontânea e natural no momento do despertar da verdadeira consciência.

O desastre é eminente para o normótico que faz depender a sua segurança das parafernálias externas e não da paz da vida interna, a qual não depende das circunstâncias da vida externa. O normótico vive fazendo investimentos e seguros para sua vida, mas não investe na espiritualidade, sendo esperto por alguns momentos, mas um tolo a longo prazo, pois leva muito tempo para ele constatar que o acúmulo de riquezas, prestígio e poder é apenas uma troca, e não o fim, da sua falta de segurança. Em sua busca insana pela segurança financeira, o normótico perde sua saúde para depois pagar de bom gosto tudo o que conquistou para ter novamente sua saúde física, mental e emocional. Na tentativa de conquistar a “pseudo-segurança” para a sua vida, o normótico esquece vivê-la e como resultado vive num desespero silencioso, precisando às vezes chegar ao topo da escada do sucesso, para amargamente descobrir que a mesma estava encostada na parede errada. É justamente neste desespero silencioso que uma fração de sanidade pode romper as paredes da normose e levá-lo ao questionamento do tipo: Espelho, espelho meu, será que algum dia eu já vivi?

É a doença de normalidade, que cria em nós muitas vezes uma cumplicidade com fatos que, a princípio e por princípios aprendidos, não concordamos. A normose faz as pessoas acreditarem que o fim justifica os meios, sejam eles quais forem chegando-se muitas vezes a adotarem comportamentos que antes julgavam patológicos. A normose ignora a sensibilidade e o respeito ao outro.

É ela que faz tantos indivíduos preterirem o ser, pelo Ter. É justamente o aumento de pessoas acometidas pela normose, que nos faz tantas vezes sentirmos medo, indignação e preocupação no que diz respeito aos caminhos que têm tomado o nosso mundo! O doente da normalidade é egoísta e extremamente perigoso para o bem da humanidade. Fique atento e se por acaso perceber o aparecimento de alguns destes sintomas em você, elimine-os logo no início, pois, segundo Leloup, é uma doença cumulativa, fica cada vez mais resistente e difícil de ser curada!
[PIERRE WEIL, JEAN YVES LELOUP E ROBERTO CREMA. Trechos do livro: Normose – a patologia da normalidade, Pag. 153/164, Editora Verus- disponível: http://www.cuidardoser.com.br/normose-ou-anomalias-da-normalidade.htm - acesso dia 29/10/2009].

Existe uma normose comum à maioria das religiões que consiste em acreditar na sua própria superioridade sobre as demais o que leva a conflitos e mesmo a guerra. Outra normose religiosa que sustenta os fanatismos é a que consiste em se ater ao pé da letra dos textos sagrados esquecendo o espírito e a época em que forma redigidos assim como os seus aspectos de mensagens simbólicas.

A normose religiosa não é uma doença moderna. Ela foi combatida por Cristo e pelos apóstolos e ainda hoje está epidemia tem se alastrado em nossas igrejas. São pessoas normóticas que agridem o seu semelhante pelas tradições e regras humanas impostas obrigatoriamente pela religião.

[....] Cristo sabia perfeitamente que a complexa legislação farisaica (preceitos humanos) tornava o relacionamento com Deus extremamente laborioso e, paradoxalmente, inútil. De fato, não passava de uma muleta religiosa (e duvido que alguém possa chegar ao céu escorado numa muleta!). Conseqüentemente, os fariseus, graças as suas imposições, distanciavam as pessoas da genuína prática de uma vida interior com Deus [SANTOS ISMAEL . A caminho da Maturidade. Pg. 31].

A Bíblia ordena aos crentes a se acautelarem desses falsos dirigentes religiosos (Mt 7.15; 24.11); a considerá-los incrédulos e malditos (cf. Gl 1.9) e não dar apoio ao seu ministério e a não ter comunhão com eles (2ª Jo 9.11).

Cristão que, em nome do amor, da tolerância ou da união, não procedem nesses casos como Jesus, quanto aos que corrompem os ensinos de Cristo e das Escrituras (7.15; 2ª Jo 9; Gl 6.7), participam das más ações dos falsos profetas e mestres (2ª Jo 10.11), isto prova que são pessoas normóticas.



Pr. Elias Ribas
Igreja Assembléia de Deus
Blumenau - SC.


FONTE DE PESQUISA

1. ISMAEL DOS SANTOS. O Caminho Da Maturidade. CPAD, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
2. PIERRE WEIL, JEAN YVES LELOUP E ROBERTO CREMA. Trechos do livro: Normose – a patologia da normalidade, Pag. 153/164, Editora Verus- disponível: http://www.cuidardoser.com.br/normose-ou-anomalias-da-normalidade.htm - acesso dia 29/10/2009.