TEOLOGIA EM FOCO: maio 2024

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A DEPRAVAÇÃO DOS GENTIOS

 

Romanos 1.18-32 “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. 19 Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhe manifestou. 20 Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; 21 Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. 23 E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 24 Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. 26 Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. 28 E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; 29 Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; 30 Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; 31 Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; 32 Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.” 

INTRODUÇÃO. O texto acima, o apóstolo Paulo descreve sobre a condição dos gentios diante de Deus. Neste texto, eles representam a raça humana. O apóstolo discorre sobre o assunto, mostrando a pecaminosidade humana e realçando a justiça divina.

O tema da ira de Deus é desenvolvido nos próximos capítulos, onde o apóstolo volta a atenção primeiro para os gentios e depois para os judeus. O que o ocupa à medida que o argumento progride é a preocupação de que os judeus possam interpretar erroneamente seu status como povo escolhido de Deus, com o significado de que eles receberam isenção especial da ira de Deus, o que os gentios não gozam. 

I. A DIFÍCIL SITUAÇÃO DA HUMANIDADE SOB A IRA DE DEUS (1.18—3.20). 

V. 18 “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.” 

O tema da ira de Deus é desenvolvido nos próximos capítulos, onde o apóstolo volta a atenção primeiro para os gentios e depois para os judeus. O que o ocupa à medida que o argumento progride é a preocupação de que os judeus possam interpretar erroneamente seu status como povo escolhido de Deus, com o significado de que eles receberam isenção especial da ira de Deus, o que os gentios não gozam. 

1. A Ira de Deus. A palavra grega traduzido por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). Paulo está mostrando que o evangelho é necessário porque estamos diante da ira de Deus. Todos os seres humanos sem o evangelho estão debaixo da ira de Deus. Convém que se saiba que a ira de Deus é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão. Esse tipo de ira não é apropriado para a natureza divina.

“toda a impiedade: Ou: “todo o desrespeito”. A palavra grega traduzida aqui como “impiedade” é asébeia. As Escrituras usam asébeia e outras palavras relacionadas para se referir a uma atitude de desrespeito a Deus ou, até mesmo, de oposição a ele. 

2. A ira de Deus sobre o pecado. A ira divina é o meio de Deus freia o pecado. É a reação divina sobre o pecado. A ira de Deus que eternamente contra tudo que prejudica a vida espiritual da Sua Criação. 

3. A ira de Deus na história. A Escritura atesta sobre a ira de Deus já manifestada na vida dos homens ao longo de sua história no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39), Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1ª Ts 1.10), julgamento das nações (Mt 25.32) e Juízo Final (Ap 20.1-15). Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que Deus “os entregou” (vs. 24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”. 

4. A Ira de Deus sobre a humanidade.

“Homens que detém a verdade em injustiça.” “Deter” significa “impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira.

Os homens que detêm a verdade em injustiça já estão debaixo de condenação herdada de Adão, e se mantém inescusáveis quanto as suas ações, visto que souberam da existência de Deus por meio das coisas que foram criadas, mas não deram a devida importância a tal conhecimento e não buscando a Deus. Antes, as suas ações se diversificaram segundo os seus corações e pensamentos, e somente entesouram ira para si (Rm 2.5).

A fé é o elemento pelo qual o homem alcança a justiça de Deus, e a incredulidade é o elemento que detém a ação da verdade, permanecendo a injustiça. O evangelho de Cristo revela a justiça de Deus aos homens, e estes, quando não creem em Cristo, detêm a verdade em injustiça. Portanto, a impiedade, aqui, diz respeito ao descaso que o homem faz de Deus, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana, por rejeitar a Deus e viver na injustiça, detém a verdade.

O que atrai a ira de Deus é a impiedade e a injustiça. A ira de Deus é a retribuição pelas injustiças e impiedades praticadas pelos homens. O destino de cada indivíduo gira na aceitação ou na rejeição da revelação divina. Agora a natureza da revelação de Deus e as consequências de rejeitá-la serão retribuídas a cada um.

Somente aqueles que creem na mensagem do evangelho descobrem a justiça de Deus, pois é isto que o evangelho manifesta a todos quantos creem. Já aos incrédulos é dado conhecer a ira de Deus, pois mesmo eles não sabendo, a ira de Deus se manifesta neles. Deus manifestou a sua ira sobre os homens que detém a verdade de Deus em injustiça. 

II. A REVELAÇÃO DE DEUS E O SEU PODER ETERNO DA NATUREZA 

1. A criação declara a obra de Deus (v. 20). “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” 

“inescusáveis” - não têm desculpa: Ou: “são indesculpáveis”. Lit.: “são sem defesa”. A palavra grega anapológetos era um termo jurídico usado para se referir a uma pessoa que não conseguia apresentar nenhuma prova convincente em sua defesa.

Ninguém pode escusar sua responsabilidade a Deus baseada no fato que Deus é invisível. Temos uma revelação de como a natureza dá testemunho demasiado definido que comprova a Sua existência, por isso, os homens não têm desculpas para dizerem que não acreditam em um Criador. Aquele que é Senhor sobre tudo se revela por meio da natureza. Observando-a podemos saber quem é Deus (Sl 8.3,4), pois os céus proclamam a sua glória (Sl 19.1-4). Assim, homens de todos os tempos têm acesso à revelação sobre o poder e a divindade do Senhor. Todavia, entendemos que Deus se revelou de duas maneiras ao homem, através da Sua Palavra, registradas nas Escrituras Sagradas, e através de Sua criação, a natureza.

Quando os homens, porém, detém a verdade de Deus nos seus corações, mas ainda desviam d’Ele, a ideia que Deus não existe ou simplesmente não se importa se torna acreditável. Isto começa quando os homens não glorificam a Deus (v. 21); eles simplesmente ignoram a Sua presença e poder. Então, os homens ignoram seu cuidado e preocupação com eles; seus corações se tornam ingratos. Deus permite que seus corações estejam cobertos por escuridão, que suas mentes creiam coisas absurdas e que suas percepções da verdade sejam pervertidas.

A natureza tem um testemunho demasiado definido que comprova a Sua existência do Criador. 

2. Não glorificam a Deus. 1.21, 22, “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22- Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” 

Paulo enfoca que os homens “são indesculpáveis” se diante da glória da revelação divina pela natureza, não se voltarem para Ele. Nunca poderão dizer que não tiveram oportunidade de se relacionar com Deus. Ninguém pode escusar sua responsabilidade a Deus baseada no fato que Deus é invisível. Por isso, ninguém pode alegar ignorância. Paulo diz que os homens estão sem desculpas, todo o ser humano conhece a Deus, mas não glorifica a Deus e nem dá graças a Ele. Por isso, ninguém pode alegar ignorância. O mais tosco dentre os homens é capaz de reconhecer a existência de Deus, considerando as coisas que Ele criou.

Para muitos leitores da atualidade, o darwinismo lança uma sombra de dúvida num ponto apologético como este. Todavia, a assinatura do Criador no mundo físico tem sido testemunha da sua existência durante séculos, e até hoje o testemunho do que foi feito ainda exige uma resposta. 

3. Discursos “desvanecidos”. O desprezo pela revelação de Deus faz nascer discursos ímpios, teorias perversas, filosofias tolas, baseadas no próprio homem, como o humanismo. Os cristãos genuínos, porém, não são humanistas, pois sabem que só uma fé genuína em Deus, não em si mesmos, obtém a vitória sobre o mundo (1ª Jo 5.4,5).

Sem dúvida, a corrupção do gênero humano influenciou decisivamente na formação moral das pessoas. Ou seja, a inclinação carnal, decorrente da Queda, levou os homens a terem como que “escamas” nos olhos, dificultando-os de enxergarem as coisas de Deus (At 9.18; Ef 4.18). Suas mentes ficaram fechadas para entenderem os mistérios da espiritualidade cristã. 

III. O DEUS CONHECIDO E A IDOLATRIA (v. 21) 

V. 23 E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 

1. A idolatria. A palavra “idolatria” vem de duas palavras gregas: eidolon, que significa “ídolo”, e latreuo, que significa “adorar, servir, prestar serviço sagrado”. A idolatria, portanto, consiste em cultuar ao ídolo, e é consequência da apostasia geral do ser humano. A avareza é uma forma de idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a Deus, torna-se o seu deus (Fp 3.19).

Nas religiões primitivas muitas vezes o ídolo é talhado do tronco de uma árvore, uma imagem de homem corruptível, ou de aves, quadrúpedes e répteis (vs. 23,24; veja Is 44.9-20).

Parte da argumentação de Paulo em Romanos 1.18-24 vem de Jeremias 2.11: “Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito.”

Parte da construção textual de Paulo, está relacionada com Salmos 106.20, acerca de “trocar a glória de Deus” pelas imagens da criação. Assim falou o Senhor a Deus através do profeta Miquéias 5.13 “e arrancarei do meio de ti as tuas imagens de escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais diante da obra das tuas mãos.”

O Senhor foi contundente com o Seu povo quando os tirou do Egito: Levítico 19.4 “Não vos virareis para os ídolos, nem vos fareis deuses de fundição. Eu sou o Senhor, vosso Deus.”

O primeiro mandamento da lei de Deus, conforme descrito na Bíblia Sagrada em Deuteronômio 6.13, “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás”. Essa frase enfatiza a importância de adorar e servir somente ao Deus Criador, reconhecendo-o como o único Deus verdadeiro e digno de adoração.

Na tentação de Jesus no deserto Satanás usou de sua artimanha para levar Jesus a apostasia. Veja no evangelho de Mateus: 

Mateus 4.8,9 “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. 9- E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” 

Satanás na verdade queria que Jesus abandonasse a Deus. No mesmo instante, Jesus repreendeu Satanás e venceu aquela tentação no deserto: “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam. (Mateus 4.10,11).

Voltando ao texto em que Paulo expõe no v. 23, o extremo da degradação: Seres humanos, incumbidos de ser representantes de Deus na terra, ajoelham-se diante de imagens humanas, répteis, animais etc. Inculcando-se (orgulhosamente) por sábios, tornaram-se loucos (v. 22; cf v. 32).

E mudaram, ou seja, eles literalmente “transmutaram” o próprio Deus; eles o trocaram; ou eles o mudaram “como um objeto de adoração” para ídolos. Eles não produziram, é claro, nenhuma mudança real na glória do Deus infinito, mas a mudança foi neles mesmos. Eles abandonaram Aquele de quem tinham conhecimento e ofereceram a homenagem que lhe era devida aos ídolos.

A idolatria é tão seria que Paulo usa as expressões “os que comem dos sacrifícios” se tornam “participantes do altar [idólatra]” (1ª Co 10.18) e ainda afirma dizendo que os que sacrificam têm “comunhão com os demônios” (1ª Co 10.20). Isso também se referem ao antecedente da idolatria do bezerro de ouro estando, assim, em paralelismo sinonímico, referindo-se à mesma coisa. Faz sentido Paulo entender que os idólatras gentios tivessem “comunhão com os demônios” (v. 20), uma vez que não só o contexto de Deuteronômio identifica demônios por trás dos ídolos, mas nós também observamos que a narrativa de Êxodo 32 do episódio do bezerro de ouro ela mesmo retrata os israelitas idólatras sendo identificados com o bezerro; isto é, tornaram-se semelhantes ao bezerro que reverenciaram, sacrificando a ele e comendo refeições sagradas na presença dele. Além disso, a obra mostrou que as reflexões veterotestamentárias posteriores sobre o bezerro de ouro também entendiam que os israelitas se identificaram espiritualmente com o bezerro que adoravam, particularmente em textos como Salmos 106.20, Jeremias 2.5-11 e Oseias 4.7, 16,17.

Os Dez Mandamentos são princípios do evangelho que são necessários para nossa exaltação. O Senhor os revelou a Moisés no Velho Testamento dizendo: 

Êxodo 20.1-5 “Então, falou Deus todas estas palavras: 2- Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 3- Não terás outros deuses diante de mim. 4- Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5- Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.” 

Os três primeiro mandamento está relacionado ao Criador, que nos ordena render culto a Deus por ser Ele o primeiro princípio e o Soberano Senhor de todas as coisas que existem. 

2. Substituiu a criatura pelo Criador são considerados loucos (vs. 22,23). Os gentios recusaram-se a reconhecer a fonte de sabedoria, que é Deus. Os materialistas orgulham-se de seus conhecimentos, fazendo-se sábios a seus próprios olhos, mas a Bíblia diz que eles se tornaram loucos, pois somente “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; 15.33).

O efeito do pecado sobre a mente humana é mudar a sua falsa inteligência em loucura (1ª Co 1.17-27). Essa loucura levou-os à idolatria. O v. 23 é uma citação do Salmo 106.20. Assim como os hebreus cultuaram a um bezerro em lugar de Deus, dando ao animal a glória que pertence exclusivamente a Deus, da mesma maneira fizeram os gentios. 

IV. CONSEQUÊNCIAS DA REJEIÇÃO A DEUS 

A rejeição da humanidade da revelação de Deus e suas consequências desastrosas são narradas com alguns detalhes (vs. 21-32): 

1. Deus entregou à própria sorte. 1.24,25 “Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” 

Entregues. Em Romanos 1.24 está escrito que “Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia...” No verso 26 está escrito que “Deus os abandonou às paixões infames...” no verso 28 está escrito que “Deus os entregou a um sentimento perverso...”.

Por que Deus entregou a humanidade corrompida à própria sorte? Isso se chama livre-arbítrio (Liberdade de escolha), a única maneira de garantira existência de um relacionamento genuíno! Deus queria ter um relacionamento de amor com os homens, mas eles preferiram voluntariamente desobedecer a sua voz, trazendo consciências, então o Senhor “os abandonou” para que vivessem como queriam (da mesma forma que o Pai entregou a herança ao filho pródigo (Lc 15.12)).

Eles sabem que existe um Deus soberano, mas adoram a criatura e a consequência da rejeição sobre si mesmo foi que Deus os abandonou. Ele os entregou às suas próprias loucuras para se destruírem pela imoralidade. O pecado na esfera religiosa é frequentemente punido pelo pecado na esfera moral. Os rejeitadores então caíram na imoralidade, fazendo suas próprias regras de moralidade e transgredindo as leis de Deus para a santidade de vida. O resultado foi perversão sexual de todo tipo, deixando a ordem de Deus para o sexo conforme declarado nas Escrituras. Em sua raiz, a imoralidade sexual é a rejeição de Deus. 

“...em mentira...”. Os Judeus em Roma, deliberadamente trocaram a verdade que tinham sobre Deus pela mentira. Isso pode se referir à idolatria em geral porque o Antigo Testamento chama os deuses dos gentios de mentiras (Jeremias 13.25).

Os ídolos, ou imagens, são uma mentira, uma falsidade. (Jr 10.14) As coisas que Deus criou provam que Deus existe. Mas algumas pessoas que ‘conheciam a Deus’ esconderam a verdade sobre ele. (Rm 1.18, 21, 25) Apesar de saberem a verdade sobre o poder eterno e a Divindade de Deus, essas pessoas fizeram imagens e as adoraram. O fato de elas terem escolhido acreditar na falsidade da idolatria as levou a praticar todo tipo de ato vergonhoso. (Rm 1.18-31). 

2. Perversão sexual. 1.25,28 “Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27- semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28- Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.” 

A tripla repetição “Deus os entregou” (vs. 24, 26 “Deus os abandonou”, v. 28) reforça o ponto desejado no versículo 18 de que a ira de Deus está sendo dispensada, e também especifica como é dispensada. Essa ira é dada em doses à medida que Ele libera a humanidade para os efeitos do pecado.

O apóstolo Paulo está escrevendo para os Judeus em Roma que estavam se apostatando da fé. Eles conheciam a verdade sobre Deus e seus decretos justos, mas por séculos não agiram de acordo com esse conhecimento. Eles trocaram “a verdade de Deus pela mentira”. (Rm 1.16, 21, 25, 28, 32). Apesar de Deus ter dito especificamente ao Seu povo para não praticarem idolatria e imoralidade sexual (Lv 18.5-23; 19.29; Dt 4.15-19; 5.8, 9; 31.16-18), eles se envolveram vez após vez com a adoração de deuses e deusas pagãos, usando imagens de animais ou humanos (Nm 25.1-3; 1º Rs 11.5, 33; 12.26-28; 2º Rs 10.28, 29; Ap 2.14). Por isso, Deus os entregou à impureza”, ou seja, os abandonou, deixando-os seguir seus desejos e práticas impuros. As palavras de Paulo (Rm 1.24-32) também se aplicavam às pessoas das nações. Essas pessoas deveriam ter percebido que adorar animais, ou até mesmo humanos, não faz nenhum sentido e que isso traz a ira de Deus. (Rm 1.22). 

“às paixões infames”. Ou: “ao apetite sexual vergonhoso”. A Bíblia King James Atualizada vai dizer: “E, por essa razão, Deus os entregou a paixões vergonhosas.”

A palavra grega traduzida aqui como “paixão” é páthos e se refere a um forte desejo, uma paixão descontrolada. O contexto mostra claramente que neste versículo ela se refere a desejos de natureza sexual. Aqui, esse tipo de paixão descontrolada é chamado de ‘vergonhoso’ (em grego, atimía, “desonra; vergonha”), já que traz desonra ou vergonha para a pessoa.

O apóstolo Paulo declara que “Deus os entregou às paixões infames”, porque não reconheceram a Deus. Declara, ainda, tais práticas como “torpeza”, uso desnatural, “contrário à natureza”. Diz em outro lugar que os tais não herdarão o reino de Deus (1ª Co 6.9). 

3. A idolatria leva o homem à imoralidade. “...porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza...”. 

3.1. Deus os entregou a práticas antinaturais. O que o apóstolo introduz no v. 24, esclarece nos vs. 26 e 27. Inclui como consequência dessa apostasia o homossexualismo, tanto masculino como feminino. Há sete passagens bíblicas que fazem menção do homossexualismo, e todas condenando ou mostrando tal prática como algo degradante e abominável (Gn 19.1-11; Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-25; Rm 1.25-27; 1ª Co 6.9,10; 1ª Tm 1.9,10). 

3.2. O uso natural por outro. Ou seja, as relações sexuais naturais. A palavra grega traduzida aqui como “natural”, fysikós, se refere àquilo que está de acordo com a ordem estabelecida das coisas na natureza ou com a função básica que cada coisa tem.

Em vez de usar as palavras gregas mais comuns para “homem” e “mulher”, ele usou palavras gregas mais específicas, que poderiam ser traduzidas como “macho” e “fêmea”. Essas mesmas palavras gregas específicas foram usadas na tradução de Gn 1.27 na Septuaginta. Além disso, elas também aparecem em Mt 19.4 e Mc 10.6, que citam esse versículo de Gênesis. O relato de Gênesis mostra que Deus abençoou o primeiro casal humano e disse que eles deveriam se multiplicar e ‘encher a terra’. (Gn 1.28) As relações homossexuais são contrárias à natureza, já que esse tipo de atividade sexual não faz parte do propósito do Criador para os humanos e não é capaz de gerar filhos.

As Escrituras Hebraicas deixam claro o ponto de vista de Deus sobre as relações homossexuais. Entre as muitas leis de moral que Deus deu à nação de Israel havia uma lei proibindo esse tipo de relação. (Lv 18.22). As pessoas das nações ao redor, por outro lado, consideravam normal que alguém tivesse relações sexuais com uma pessoa do mesmo sexo ou com um animal, praticasse incesto ou fizesse outras coisas proibidas pela Lei mosaica. (Lv 18.23-25) As relações homossexuais também são condenadas no original grego Cristão. (1ª Co 6:9, 10) Isso mostra que Deus sempre desaprova esse tipo de conduta, não importa se quem o pratica é judeu ou não judeu. 

IV. DEUS OS ENTREGOU A UM SENTIMENTO DEPRAVADO 

Romanos 1.28-31 “E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; 29- estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; 30- sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; 31- néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia.” 

Paulo conclui este capítulo e apresenta a mais longa lista de pecados encontrada em todas as suas epístolas. A depravação dos gentios é a fotografia da humanidade corrupta, sem Deus. Esses pecados são inerentes à natureza pecaminosa do homem (Mc 7.21-23). Nenhum é menos digno de castigo que o outro. Paulo disse: “São dignos de morte os que tais coisas praticam” (v. 32). Até que ponto o homem passou de Deus então, que não somente comete estas obras, mas, como Paulo diz, “consentem aos que as fazem”? Nos versículos já citados (29-31) acha-se uma lista de 22 pecados, encabeçada pela palavra “iniquidade”, retratando a presente sociedade incrédula e distanciada de Deus. 

1. Existe uma consequência quando os homens rejeitam a Deus. Então o Senhor concede que estes homens continuem vivendo no estado de desonra total que é o resultado de não ter Deus em suas vidas. Isto é, as suas mentes reprováveis, apagadas de qualquer lembrança da verdade e da bondade de Deus, inventam toda forma de mal, o qual volta sobre eles e os amaldiçoa num ciclo interminável. Quando a criatura é posta acima do Criador, o único resultado possível é que os desejos “naturais da criatura” se tornam o impulso controlador da vida. 

Paulo enfatizou que primeiramente, Deus entregou o homem às concupiscências de seu coração e à imundícia; segundo, Deus o abandonou às paixões infames; e, agora, terceiro, o entregou a um sentimento perverso. 

“E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus”. (João Ferreira de Almeida Atualizada. Os gentios se recusaram a reter um conceito exato de Deus. Eles amavam seu pecado e queriam seu próprio tipo de deus. Eles queriam viver como se o Deus verdadeiro não existisse e como se não lhe prestassem contas. Os homens hoje falam em acreditar em um ser supremo, mas têm seu próprio conceito de Deus, conjeturando que ele tolerará sua imoralidade grosseira. Eles rejeitam a ideia de um Deus de santidade e justiça que julgará seus pecados. O quadro que Paulo pinta retrata perfeitamente a maioria dos brasileiros, que desejam religião o suficiente para serem respeitados por todos, mas pouco o suficiente para se sentirem confortáveis ​​em seus pecados. 

“...estando cheios”. Essas pessoas estavam cheias até a borda com todos os tipos de pecados. O que Paulo diz desses pagãos é verdade em todas as suas características essenciais para os homens de todas as gerações. Onde quer que os homens tenham existido, eles se mostraram pecadores, ímpios e injustos, e assim, com justiça, foram expostos à ira de Deus. A implicação é que esses gentios cometeram esses pecados sem se importar se eram pecados ou não. Quando os homens pecam e não sabem que pecam, são condenados diante de Deus. Mas quando os homens pecam e não se importam com isso, eles aguardam um juízo ainda mais terrível. 

2. Catálogo de pecados.

A rejeição de Deus começou com ingratidão, mas foi rapidamente para a idolatria e a imoralidade. Agora, o homem é completamente corrupto e culpado de várias iniquidades.

Nesta lista representativa, Paulo cita vinte e três pecados que eram comuns em seus dias, e que de forma alguma são incomuns hoje: 

1. Iniquidade. É deficiência moral de todo tipo. Também denota injustiça. É o desejo de oprimir os outros, de tratá-los de forma desumana. 

2. Prostituição. É qualquer tipo de atividade sexual promíscua, antes ou depois do casamento. Cícero disse que a fornicação era irrepreensível, algo universalmente permitido e praticado, e que ele nunca ouvira ser condenado, nem na antiguidade nem nos tempos modernos. Da mesma forma, raramente se levanta uma voz contra as relações sexuais pré-matrimoniais hoje. Esta é a era da liberdade sexual, da liberação de todas as restrições de Deus e dos "ensinamentos puritanos". O clamor por "nova moralidade" é simplesmente um pecado antigo, coberto de açúcar em termos filosóficos. Os cristãos não são contra o sexo - eles são a favor - mas sempre na união matrimonial. Nesta união, e somente nesta união, Deus ordenou que o sexo deveria acontecer. 

3. Malícia. É habilidade para enganar, despistar; astúcia, ardil, manha. É a pessoa que tem propensão ou tendência para praticar atos de maldade, isto é, objetivo de enganar ou causar danos em alguém. 

4. Avareza. Ganância; cobiça; querendo aquilo que não deve querer. É o desejo de ter mais, uma coceira por mais e mais. Este é o materialismo em seu auge! 

5. Maldade. É a qualidade do que é mau; perversidade, malignidade, crueldade. É aquele que prejudica ou ofende alguém com atitude má, perversa; crueldade e desumanidade. É o ato de fazer mal com pessoas e animais. 

6. Cheios de inveja. Inveja significa um descontentamento ou desejo profundo por aquilo que pertence a outros. É um sentimento egoísta por parte da pessoa. 

7. Homicídio. É tirar a vida de outra pessoa por um motivo maligno. Parece que hoje nossa sociedade protege o assassino e o criminoso para que os homens não tenham mais medo da lei da terra. 

8. Contenda. Descreve uma pessoa contenciosa, um criador de problemas, alguém que tem um problema. Há muita agitação social em nossa terra hoje. 

9. Engano. É um ato de engano ou uma tentativa deliberada de enganar. Em nossos dias, o engano é parte integrante da política, dos negócios e até da religião. Tornou-se, simplesmente, um modo de vida. 

10. Malignidade. É aquele que age de maneira perversa e má. É qualidade do que é maligno; mau caráter; depravação de coração e vida; sutileza maligna; astúcia maliciosa. 

11. Murmuradores. Murmurar significa sussurrar ou dizer algo em tom muito baixo.

São aqueles que secretamente contam informações que irão ferir o caráter de outras pessoas, ou seja, difamar, caluniar. Geralmente a murmuração está imbuída em descontentamento, insatisfação, queixa e lamentação. Com frequência a murmuração expressa um sentimento de desacordo, de oposição, de ira e rebelião. Contudo, o problema da murmuração é ainda pior porque geralmente Deus é o alvo da murmuração. 

12. Detratores. Difamadores; Caluniadores. São os que praticam a fofoca aberta e desenfreada que difama os outros. É aquele que desqualifica e desvaloriza a importância de algo ou alguém. 

13. Aborrecedores de Deus. São aqueles que têm mentes carnais que estão em “inimizade contra Deus" (Romanos 8.7). Eles “abominam e odeiam o verdadeiro Deus das Escrituras e frequentemente blasfemam contra Deus abertamente e com orgulho. 

14. Injuriadores. São fingidos e fanfarrões.

São aqueles que causa difamação, que calunia; insultador. 

15. Soberbos. Em praticamente todas as ocorrências que a Bíblia menciona a arrogância, orgulho ou altivez, é como um comportamento ou atitude detestada por Deus.

Existem duas formas gregas da palavra arrogância. 1. Uperogkos significa “inchaço” ou “extravagante” como usado em “palavras de vaidosa arrogância” (2ª Pe 2.18; Jd 1.16). 2. O outro é phusiosis, que significa “inchaço da alma” ou “orgulho e tumulto” (2ª Co 12.20). É semelhante a essa mentalidade egoísta que diz: “O mundo gira em torno de mim” (Pv 21.24) 

16. Presunçosos. Descreve uma pessoa arrogante, que se coloca acima dos outros. Aquele que se acha belo, perspicaz, com maior inteligência etc. adjetivo Característica de quem possui excesso de presunção, de vaidade e afetação. 

17. Inventores de males. São pessoas que ficam ativamente tramando e direcionando suas intenções com o objetivo de causar o mal. 

18. Desobedientes aos pais. Descreve o desrespeito pela unidade familiar. Nunca antes as crianças neste país alardearam sua desobediência à autoridade dos pais como fazem hoje. 

19. Néscios. Mostra uma incapacidade de apreender ou compreender os fatos. Pessoas sem compreensão podem racionalizar seu comportamento. Os alcoólatras são um bom exemplo disso. Existem mais alcoólatras em nosso país hoje do que nunca. 

20. Infiéis nos contratos. São aqueles que não têm fé e são desleais, aqueles que não cumprem sua palavra. Hoje a palavra de um homem não significa nada. Nem a palavra de uma nação - os tratados muitas vezes não passam de pedaços de papel. 

21. Sem afeições naturais. É falta a capacidade de amar "entes queridos", como os membros da família. Nos Estados Unidos, um em cada dois casamentos termina em divórcio. Uma grande porcentagem dos homicídios neste país ocorre em famílias ou com amantes. 

22. Irreconciliáveis Implacável. É a incapacidade de se relacionar com outras pessoas. Descreve alguém que não pode ser apaziguado. 

23. Sem misericórdia. Significa não ter piedade natural pelo sofrimento, ser implacável e duro. 

Esses versículos contêm uma das mais extensas listas de pecados de toda a Bíblia. Essa lista mostra a grande amplitude da depravação moral humana (observe o termo toda no versículo 29). Note que enquanto a sociedade exercita a tendência de justificar certos pecados, Deus julga todos os pecados sem distinção. Tais pecados revelam em particular a rebeldia existente em nosso coração. Todos, sem exceção, merecem o castigo de Deus. 

3. O Julgamento de Deus. 1.32 “Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.” 

- “... conhecendo bem o decreto de Deus”. Aqueles que cometem os pecados listados acima, “são dignos de morte os que tais coisas praticam”, ou seja, estão fazendo é errado e que no final serão julgados por um Deus justo.”

Os gentios, conhecendo o julgamento de Deus, percebem que essas coisas trarão punição e morte moral, física e espiritual. Mesmo assim, eles continuam a pecar porque “amam as trevas em vez da luz.” 

“não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam.” O ímpio não apenas comete seu próprio pecado, mas também se deleita, aplaude e aprova quando outros fazem a mesma coisa. Os homens racionalizam seus pecados porque “todos estão cometendo”. Isso salva a consciência, mas não afasta a ira de Deus que arde “contra toda a impiedade e injustiça dos homens.” (Rm 1.18). 

CONCLUSÃO A humanidade perdeu-se em seus caminhos, pois não desejou conhecer o Senhor. Preferiu o pecado.

Daí entrou em processo de corrosão moral, que culminou na mais terrível degradação. Paulo, vendo essa cena, disse que Deus permitiu a devassidão pecaminosa para a própria vergonha do homem. Este é o retrato atual da humanidade - dominada pelo humanismo - que se fez inimiga de Deus (Tg 4.4). Se não houver arrependimento, todos perecerão (Lc 13.3).

Os crimes e pecados dos gentios são os mesmos que atormentam a humanidade nos dias atuais. Porque? Porque os homens ainda rejeitam a luz que Deus lhes deu. Mesmo assim, a porta da graça está aberta, mas um será fechada (Mt 2510-11). Porém, os homens hoje precisam desesperadamente do perdão dos pecados e de um propósito de vida que somente Cristo pode dar. Somente Cristo pode salvar uma pessoa ou nação de se autodestruir por meio de um profundo envolvimento e prazer no pecado.

A igreja primitiva era composta de pecadores vis que foram salvos pela graça (1ª Coríntios 6.91-11). Quantas pessoas hoje dariam qualquer coisa por um novo começo na vida porque elas bagunçaram tanto suas próprias vidas? Se ao menos eles pudessem encontrar perdão pela culpa que assola suas almas! Para todos os que correm para ele para a salvação, Cristo diz: “Seus pecados estão perdoados. Vá e não peques mais.”

A EXPOSIÇÃO MAGNA DA FÉ CRISTÃ

 


Romanos 1.1-7,16,17 “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. 2- O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas Escrituras, 3- Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, 4- Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, 5- Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, 6- Entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. 7- A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 8 Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. 9 Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, 10 pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. 11 Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, 12 isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha. 13 Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. 14 Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. 15 E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.” 

INTRODUÇÃO

Nesse primeiro capítulo de Romanos o apóstolo Paulo destaca especialmente a condição de todas as pessoas diante de Deus, ou seja, não há justo seque diante de Deus. Ele enfatiza que a justiça do próprio homem é imperfeita e incompleta para poder satisfazer a exigência da santidade e justiça de Deus.

A teologia Paulina, relata, de maneira profunda, a doutrina da justificação pela fé, mediante a graça divina. Paulo mostra que a graça de Deus e a salvação são para todos, judeus e gentios. Ele mostra que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação dos judeus e gentios. 

I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS 

1. Títulos. A carta aos Romanos os teólogos denominam com vários títulos: evangelho Paulo, evangelho da graça, evangelho do Cristo ressurreto, tratado teológico paulino, mais puro evangelho. Em relação ao Judaísmo, é uma é uma carta apologética; em relação ao Cristianismo, Paulo defende a salvação pela fé.

A carta aos Romanos é a mais longa de todas as epístolas de Paulo e é considerada por muitos como a melhor. 

2. Local e data de Romanos. Quando o apóstolo Paulo escreveu a epístola, ele se encontrava na cidade de Corinto (Rm 16.1), hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), entre 57 e 58 d.C. Foi nessa época que foram coletados os donativos na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Jerusalém. 

3. Destinatário de Romanos. “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” Com base nesse versículo, ele escreveu para os irmãos em Roma. Na verdade, a igreja era composta por pessoas de diferentes origens étnicas e sociais. Judeus e gentios, escravos e livres, ricos e pobres, todos se reuniam para adorar a Deus juntos (Rm 2.17; 4.1; 7.1). Essa diversidade trouxe desafios, mas também enriqueceu a comunidade cristã em Roma.

A origem da igreja, nessa cidade, é desconhecida. Embora não tenha o nome de um fundador específico podemos dizer que a igreja em Roma foi fundada por missionários anônimos. 

4. A cidade de Roma. Roma era a capital do Império Romano. Até o momento Paulo ainda não havia visitado a metrópole (1.13; 15.23). 

5. A influência de Romanos. Qualquer cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da epístola. 

5.1. João Wesley. Grande avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos. 

5.2. Agostinho. Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida. 

5.3. Martinho Lutero. “Fundador da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele citados. 

II. O AUTOR DA EPÍSTOLA 

1. Quem escreveu essa carta. O Apóstolo Paulo é o autor da Epístola (Rm 1.1). Paulo contou com ajuda de Tércio, que escreveu sua própria saudação aos irmãos em Roma, quase no final da epístola (Rm 16.22). A carta foi entregue à igreja em Roma por Febe, auxiliar da igreja de Cencreia, subúrbio de Corinto, que estava de saída para Roma. 

Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Ele mesmo afirma, no prefácio, ser o autor da epístola, sendo Tércio seu amanuense. O apóstolo, certamente, ditara e Tércio escreveu a epístola (Rm 16.22).

O nome Saulo tem uma origem hebraica Shaul, e significa desejado ou o que foi pedido a Deus. Seu nome romano era Paulus, que significa “pequeno”, esse nome possui uma rica história que remonta aos tempos bíblicos. 

2. O apóstolo a si mesmo se denomina “servo de Jesus Cristo” (v. 1.1). O apóstolo se auto denomina servo de Jesus Cristo. A palavra servo vem do grego doulos que ignifica escravo. Nós, os crentes, do Novo Testamento somos escravos de Jesus Cristo, isto é, fomos liberto da escravidão para servir voluntariamente no reino do mestre Jesus. 

2.1. “Chamado”. O Senhor Deus não chama vocacionados, mas vocaciona aqueles que recebem Jesus em seus corações. O termo chamado do grego kletos tem o sentido de vocacionado. Ele fora escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15). O mesmo aconteceu com o profeta Jeremias (Jr 1.5). Paulo, portanto, foi constituído apóstolo por Deus, e não pelo homem (Gl 1.1). 

2.2. “Apóstolo”. O termo apóstolo vem de duas palavras gregas: da preposição apo, que significa “da parte de”, e do verbo grego stello, que significa “enviar”. Portanto a palavra “apóstolo” significa enviado com uma mensagem confidencial. A vocação apostólica hoje, é denominamos de missionário. Ó missionário portanto, é aquele chamado por Deus, para levar a mensagem de boas novas em lugares diferentes, ou seja, em regiões desconhecidas O Novo Testamento afirma que Paulo é embaixador do céu, apóstolo e doutor dos gentios (At 22.21). 

III. A GRATIDÃO DE PAULO E A JUSTIÇA DE DEUS REVELADA 

Após as saudações (1.1-7), Paulo faz uma oração de agradecimento pelos cristãos romanos, demonstrando seu interesse pela comunidade (Rm 1.8-15). Por causa disso Paulo não cessa de interceder e dar graças a Deus em favor dos irmãos em Roma, porque as boas novas de salvação havia chegado ao Império Romano.

Paulo declara seu profundo desejo de conhece-los pessoalmente, algo que tinha durante a muito tempo de fazer uma visita aos romanos, pois queria lhes anunciar o evangelho (13-15).

Paulo considerou-se como devedor a todos, mostrando que o mesmo evangelho serve para os “sábios” e os “ignorantes”. (14-15). 

IV. O TEMA DA CARTA AOS ROMANOS 

1. Poder de Deus. V. 16 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”.

Paulo afirma de não ter vergonha do evangelho porque “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem pregada por Paulo não foi invenção do homem, mas veio de Deus para a salvação de “todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

2. A fé dos romanos. Paulo anela vê-los. V. 17 “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”

Paulo ensina que a salvação é de quem crê, não de um determinado povo ou de quem faz determinadas obras. O apóstolo nos ensina que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios. 

O justo viverá pela fé. Paulo recorre ao profeta Habacuque 2.4, para mostrar a Igreja de Roma que a fé é o início, meio e fim do crente. Por isso nós o encontramos três citações do apóstolo no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

A teologia paulina nada tem a ver com os estágios progressivos da fé, mas somente com a fé em si como a maneira indicada de receber a “justiça” de Deus. Nós preferimos, portanto, entendê-la assim: A justiça de Deus está na mensagem do evangelho, revelada (ser por fé; para fé; mediante a fé, isto é, “a fim de ser pela fé recebida.

Iniciar a carreira com fé, no meio da caminha você vai batalhar pela fé, e acabar a carreira com fé. Jesus diz que “o ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir.” (Jo 10.10). Mas o que ele quer te roubar? Jesus responde esta pergunta: “guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11b). O que é que você tem? Agora Paulo te responde: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2ª Tm 4.7). A fé é a essência da tua vida, por isso diabo luta contra você para roubar tua fé. Portanto, o cristão deve batalha pela fé Jd 1.3, “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Você deve também usar a fé como arma de defesa: Ef 6.16 “Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Como ter fé? Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” 

3. A revelação da justiça de Deus (v. 17). “Paulo afirma que a Justiça de Deus se revela através do Evangelho, da mensagem de salvação em Jesus Cristo. Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco ‘de obras em obras’” [Esequias Soares da Silva. O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas CPAD, 2º Trimestre de 1998]. 

4. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.

A declaração de Paulo nos versos 16 e 17 deixa uma questão: por que os justos devem viver pela fé? Por que apenas recebendo a justiça é o único modo de ficarmos retos diante de Deus? Paulo vai usar os versos 18 a 32 para responder o porquê nós precisamos que Deus nos dê sua justiça e por que não podemos merecê-la, conquistá-la por nós mesmos. Ele vai nos apresentar um retrato escuro da humanidade. 

CONCLUSÃO. A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc.

Comentarista: Esequias Soares da Silva

Título: Romanos — O Evangelho da justiça de Deus

Lições Bíblicas CPAD 2º Trimestre de 1998

https://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/1998/1998-02-01.htm

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



CARATA DO APÓSTOLO PAULO AOS ROMANOS

 


A Carta do Apóstolo São Paulo aos Romanos foi escrita quando ele estava em Corinto, no inverno de 57/58 D.C., na casa de seu amigo Gaio, programando sua partida para Jerusalém, de onde planejara viajar a Roma e de lá à Espanha. Por isso, escreve a mais longa e mais profunda de suas cartas, e encarregou a diaconisa Febe de levá-la aos Romanos.

Devemos ler a carta como um texto uníssono, isto é, sem divisões, fazer uma interpretação deste texto e compreender do ponto de vista a mensagem que o escritor da carta é acostumado a desenvolver. Depois é preciso aplicá-la à ideia geral que a carta procura transmitir.

Qualquer interpretação que destoe das proposições acima deve ser desconsiderada. Caso alguém interprete um texto e conclua que a salvação é por obras, deve rever a sua análise, pois esta não foi a ideia que o escritor procurou transmitir.

Os judaizantes, os legalistas, os moralistas e os formalistas sempre se empenharam em demonstrar o quanto a humanidade está perdida apontando as depravações dos pagãos. Paulo, por sua vez demonstra que a humanidade está perdida, não por questões comportamentais e morais, e sim, por todos estarem debaixo do pecado (Rm 3.9-19). 

I. VERDADES INTRODUTÓRIAS (Rm 1.1-7). 

1. O autor da epístola é o apóstolo Paulo (v. 1).

2. O apóstolo a si mesmo se denomina servo de Jesus Cristo (v. 1).

Cristo é o Senhor e o Dono, o apóstolo lhe deve lealdade e obediência total.

3. Paulo foi separado por Deus para o apostolado no evangelho (v. 1).

4. Jesus é a pessoa central do evangelho.

4.1. Foi prometido por Deus por intermédio dos profetas (v. 2).

4.2. Nasceu da descendência de Davi (v. 3).

4.3. É Deus (v. 4).

4.4. Ressuscitou dos mortos (v. 4).

4.5. Foi declarado Filho de Deus com poder (v. 4).

4.6. Mediante ele recebemos graça para a obediência por fé (v. 5). 

II. O SERVIÇO DO EVANGELHO DE PAULO (Rm 1.8-16). 

1. Paulo servia a Deus no espírito (v. 9).

O verdadeiro serviço prestado a Deus é espiritual e realizado através do Espírito Santo.

2. O apóstolo se considerava DEVEDOR ante os fatos de conhecer o evangelho e o de proclamá-lo a todas as nações e classes sociais (v. 14).

3. Estava PRONTO para anunciar o evangelho também em Roma (v. 15).

4. Não se ENVERGONHAVA do evangelho, pois este é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (v. 16). 

III. O EVANGELHO DE JESUS CRISTO (Rm 1.16,17). 

1. É o poder de Deus.

2. Seu objetivo é salvação.

3. Qualquer um pode crer.

4. É para todo o mundo.

5. Sua natureza é divina.

6. Opera pela fé.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC