TEOLOGIA EM FOCO: A DOUTRINA DO CORPO HUMANO

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A DOUTRINA DO CORPO HUMANO


1. Definição do termo.
No hebraico, a palavra corpo é basar, no grego a palavra corpo é somma. A palavra sarx traduz, também, a palavra hebraica basar. A tradução mais comum da palavra sarx é “carne.” A marca distintiva de sarx é a transitoriedade e denota o corpo de animais e seres humanos. Neste sentido, pode ser um sinônimo de soma. Na literatura paulina, a palavra é usada tanto para o aspecto físico do homem (Gl 4.12) como as suas inclinações carnais e pecaminosas. Para Paulo, nada de bom reside na sua carne que pode ser instrumento de pecado (Rm 7.18).

Quando falamos de corpo, biblicamente falando, estamos falando da parte visível para habitar no mundo físico; é a parte física do ser humano. O corpo é a parte que se separa na morte física.

Mas o corpo físico pode também ser considerado um “veículo”, que pode servir tanto para santidade quanto para o pecado. Como assim? Em gênesis 3: 1, Satanás utilizou não de um corpo humano, mas de um corpo animal, mais especificamente de uma serpente, para poder se comunicar com Eva para tentá-la. Em contrapartida, Deus precisou do corpo humano de Jesus (Filipenses 2:6 - 11) para se manifestar como Salvador. Jesus teve de nascer de um corpo físico (virgem, é claro) para assim se manifestar. A Bíblia, aliás, é bem enfática ao dizer que Jesus em tudo se fez homem, mas também era 100% espírito. Mas para Deus, o corpo é a sua morada, ou santuário, ou tabernáculo de carne.

O homem física do ser humano é diferente de todos os demais seres vivos, embora alguns cientistas tentam afirmar na semelhança com o macaco, mas também o homem não se parece com seu criador no aspecto físico, visto que Deus é espírito, e espírito não possui forma, a natureza física do homem foi criada única e especialmente para o homem, nem Deus, nem os anjos, nem os animas deste planeta possuem características parecidas.

O corpo: É como o átrio externo do homem, ocupando assim uma posição externa e visível a todos.

2. O corpo do homem segundo a Bíblia.
A Bíblia usa alguns nomes para figurar o corpo do homem enquanto ele viver nesta vida terrena.

2.1. O corpo é o instrumento, o tabernáculo, a oficina do espírito. O corpo é órgão dos sentidos e o laço que une o espírito ao universo material. Pelo corpo o homem pode ver, sentir e apalpar o que está ao seu redor.

As impressões vêm do exterior pelo corpo, porém elas só têm significado quando reconhecidas e atendidas pelo espírito. A consciência própria, a direção própria, o poder de pensar, querer e amar, pertencem exclusivamente ao espírito. Diante disto se entende que o espírito é o agente, enquanto o corpo é a agência.

2.2. O corpo é um vaso de barro. Paulo escreveu que nosso corpo é vaso de barro (2ª Co 4.7), evidentemente o corpo é terreno (1ª Co 15.47), e como tal, um corpo de humilhação (Fl 3.21), sujeito às enfermidades e à morte (1ª Co 15.53), de maneira que gememos por um corpo celestial (2ª Co 5.2). Mas, nunca devemos nos esquecer de que o nosso corpo é também “santuário do Espírito Santo” (1ª Co 6.19) e “membros do corpo de Cristo” (1ª Co 6.10; 12.27). E o Espírito Santo fortalecerá o nosso tabernáculo terrestre para que possamos corresponder às necessidades da obra de Deus e para que nem nossa vida, nem o reino de Deus sofram por causa das fraquezas do corpo.

2.3. Templo do Espírito Santo.
Mediante o corpo o homem é um ser social religioso e por meio do corpo é que ele será julgado. O corpo é o Templo do Espírito Santo (1ª Co 3.16), o homem também é Templo de Deus, e da mesma maneira tem três partes: CORPO, ALMA e ESPÍRITO.

Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá porque templo de Deus que sois vós é santo” (1ª Co 3.16-17).

O apóstolo está assim doutrinando os crentes da igreja de Corinto para que eles soubessem analisar o que eram eles em relação a Deus. Os Coríntios antes de serem cristãos tinham sido da religião pagã. No paganismo os deuses eram adorados através de imagens que não tem espírito nem vida; mas Jesus disse: “Deus é Espírito”, portanto o apóstolo estava dizendo aos Coríntios que eles podiam ser morada de Deus em Espírito. Esta morada fazia referência à existência da presença contínua de Deus na vida dos membros da igreja.

O Senhor, pelo Seu Espírito, habita em nosso corpo. O nosso corpo não é simples invólucro orgânico de notável composição: é templo do Espírito Santo. Paulo lembra aos cristãos que o corpo dos salvos é também consagrado templo do Espírito Santo, que de Deus já havia recebido. Isso implica dizer que onde quer que estejamos, somos portadores do Espírito Santo, templos em que apraz a Deus habitar. Em função disso, toda a forma de conduta que não seja apropriada para o templo de Deus deve ser eliminada, pois nada que seja inconveniente no templo de Deus é decente no corpo do filho de Deus.

Corpo consagrado, ou seja, nosso corpo só será totalmente santificado depois de transformado (Rm 8.23 – Fl 2.21 – 1ª Co 15.50-53). Até que isto aconteça, a santificação do corpo é o processo contínuo de sujeitar a carne (1ª Co 9.27), guardar-se da imoralidade (1ª Co 6.13-20; 1ª Ts 4.1-8) e usar adequadamente os membros do corpo. A santificação do corpo abrange ainda a nossa forma de falar e de vestir (Ef 4.25,29; 1ª Tm 2.9-10).

3. Os cinco sentidos do corpo.
3.1. Audição. Através da audição percebemos os sons, a orelha humana possui mecanorreceptores[1] que captam as ondas sonoras. Na orelha interna fica a cóclea que é uma estrutura em forma de cone, nesse tubo cônico ficam localizados os receptores.

3.2. Visão. Os olhos tem a presença de fotorreceptores, eles respondem aos estímulos luminosos. A retina do olho é o lugar onde os receptores estão localizados, eles são classificados em bastonetes e cones.  Os bastonetes tem sensibilidade a luz, mas não percebem cores. A visão em cores é possibilitada pelos cones que não são muito sensíveis a luz.

3.3. Olfato. Através dele temos a capacidade de perceber odores, a estimulação do epitélio olfatório que fica no teto da cavidade nasal e é rico em células nervosas que garante essa percepção dos odores.
3.4. Paladar. Este unido ao olfato é responsável pela percepção dos sabores e da textura dos alimentos. A boca tem as papilas gustatórias, essas papilas percebem sensações táteis além dos sabores, doce, amargo. etc..
3.5. Tato. Através do tato percebemos vibrações, somos capazes de captar a pressão, de perceber a dor e a mudança de temperatura. Esse sentido é diferente de todos os outros, pois os receptores estão localizados na pele.
Concluímos que o espírito é o canal de comunhão com Deus e comunhão com ele; a alma é a sede da personalidade e tem conhecimento de si próprio e o corpo é o tabernáculo, a casa da alma onde ela se comunica com o mundo físico através do corpo.
[1]. Mecanorreceptores é um receptor sensorial que responde a pressão ou outro estímulo mecânico. Incluem-se neste grupo os sensores que nos ouvidos são capazes de captar as ondas sonoras, os sensores táteis e os que são responsáveis pelo equilíbrio postural, ou propriocepção.


Portanto, a alma está dentro do corpo no lugar Santo, relacionada aos sentimentos, desejos, ansiedades, consciência, é a vida interior do homem. Tal é o lugar Santo de uma pessoa regenerada, pois seu amor, pensamentos, desejos estão iluminados, para que possam servir a Deus como os sacerdotes no passado. E o espírito No mais interior, além do véu, já o Santo dos Santos no qual nenhuma luz humana jamais penetrou, ele é o esconderijo do Altíssimo, a habitação de Deus. O homem não pode ter acesso a ele a menos que Deus queira rasgar o véu como fez por ocasião da morte de Jesus (Mt 27.51). Ele é o espírito do homem, este espírito jaz além da consciência própria do homem e acima de suas sensibilidades. Aqui o homem une-se a Deus e tem comunhão com ele sempre através do corpo (1ª Rs 8.12; Sl 104.2; 1ª Tm 6.16).

Pr, Elias Ribas

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