TEOLOGIA EM FOCO: A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO

sábado, 2 de novembro de 2013

A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO


I.        O SIGNIFICADO DO TERMO

A palavra igreja no original grego é ekklesia quer dizer “uma reunião de pessoas chamadas para fora”, ou seja, um grupo de pessoas que saíram de dentro do mundo (espiritual e não fisicamente), para seguirem a Cristo.

Os que formam a Igreja são chamados, pela Bíblia, de crentes, irmãos, cristãos, santos, eleitos e os do caminho que creem em Cristo Jesus como único Salvador.


Os escritores sagrados empregam esta palavra para designar uma comunidade que reconhece o Senhor Jesus Cristo como supremo legislador, e que congregam para adoração religiosa, Mt 16: 18; 18: 17; At 2: 47; 5: 11; Ef 5: 23, 25.

Todos os crentes espalhados pelo mundo formam a Igreja. Ela não está restrita a uma área geográfica e nem a um único povo da Terra. É o seu lado invisível e universal. Embora a palavra “igreja" seja empregada, em primeiro lugar, para descrever a totalidade de crentes que vivem em todo o mundo, você pode usá-la também para se referir aos cristãos de um determinado lugar, isto é, a “igreja local”.

II.     JESUS, CABEÇA DA IGREJA


Cristo e a Igreja formam o Cristo total, corpo e cabeça unidos pelo Espírito Santo. Jesus não está mais presente entre os homens, de forma física, mas em cada pessoa que o recebe, em qualquer parte do mundo, Ele introduz a sua vida, para formar um corpo.

Por ter a vida em Cristo, a Igreja não é um simples ajuntamento de pessoas, uma associação ou clube. É um organismo, algo que tem existência tal como o corpo humano que é composto de muitos membros e órgãos que funcionam em prol de uma vida comum. Da mesma forma que o ser humano é um, mas, tem milhões de células vivas, assim também é a Igreja. Um só corpo, mas constituído por milhões de pessoas nascidas de novo, por intermédio do Evangelho de Jesus.

O Senhor Jesus é o Cabeça da Igreja (Ef. 5:23), que é o Seu Corpo. Esta doutrina precisa tornar-se uma realidade. Não é uma doutrina para ser apenas crida; deve também ser vivida pela Igreja. Para que isso possa ocorrer é preciso que a Igreja se disponha a ouvir o Senhor falar, não apenas quando o Senhor toma a iniciativa de dar uma orientação. A Igreja precisa também tomar a iniciativa de buscar o conselho do Senhor, pedir suas orientações, consultando o Senhor em tudo o que for importante para a realização da Obra de Deus.

Para ter hoje experiências semelhantes, a Igreja precisa entender que o Senhor Jesus deve tornar-se na prática – e não apenas em teoria - o Cabeça da Igreja. Por meio da Sua Palavra escrita temos a doutrina e as orientações gerais para a edificação da Igreja. Mas aplicações específicas da doutrina, orientações que se aplicam a uma igreja em particular com conselhos práticos para os pastores e para o cotidiano da Igreja, o Senhor nos transmite por meio dos dons ministeriais. Dessa forma, o Senhor Jesus revela Seu projeto para a edificação da Igreja.

A Palavra de Deus mostra que os membros do Corpo de Cristo devem estar unidos entre si, pois “há somente um Corpo e um Espírito” (Ef 4.4). Em sua oração sacerdotal o Senhor Jesus intercedeu junto ao Pai para que seus discípulos fossem um assim como Ele e o Pai são um (Jo 17.11). Em João capítulo 10, versículo 16, o Senhor Jesus mostra como chegaria um tempo em que haveria um só rebanho e um pastor.
Freqüentemente, as descrições da igreja no Novo Testamento mostram a relação que existe entre o Senhor e sua igreja. A igreja pertence a Deus, e é, muitas vezes, chamada “a Igreja de Deus” (veja At 20.28; 1ª Co 1.2; 10.32; Gl 1.13; 1ª Tm 3.5,15). Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja. Portanto, Paulo falou de “Igrejas de Cristo” (RM 16.16) e Jesus falou de sua própria igreja (Mt 16.18). O povo de Deus pode ser corretamente descrito como a “igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12.23).

III.  IGREJA COMO CORPO É INDIVISÍVEL

Corpo que ultrapassa as duas barreiras: tempo e espaço. Em qualquer tempo ou espaço em que a pessoa se converte, ela passa a pertencer ao Corpo de Cristo. Ninguém pode colocá-la nem tampouco tirá-la, pois é obra unicamente de Deus. Nada pode afetar esta unidade do Corpo de Cristo. O problema do ecumenismo é tentar trazer esta união para a terra.

Nada pode afetar o Corpo de Cristo no sentido universal (1ª Co 12.12-13; Rm 6.3-5). O Senhor conhece os que Lhe pertencem.

A crítica de que as denominações dividem o Corpo de Cristo é inverídica, pois, na esfera universal, mesmo que queiram, as denominações não podem dividir o Corpo de Cristo.

O excluir no tratamento, crentes de outros grupos evangélicos, é atitude condenável
(1ª Co 11.20-26). Mas, mesmo o não reconhecimento do outro como irmão em Cristo não causa divisão na Igreja universal.

IV.  EM CARÁTER DETERMINANTE NADA PODE JUSTIFICAR DIVISÃO NA IGREJA LOCAL (1ª Co 1.10-13; 3.3-9).

Aqui, quando Paulo fala em divisão, está falando de uma igreja local (Corinto). Uma igreja local pressupõe união. Na igreja local não pode haver divisão, mas mesmo neste sentido as denominações não dividem o Corpo de Cristo. Na Igreja universal cristã não deve e nem pode haver divisão. Basicamente, as denominações não causam mal ao Corpo de Cristo, tanto no aspecto espiritual como no material. A crítica às denominações vem de pessoas que não querem compromisso com ninguém. As denominações não foram originadas para brigar entre si, ou serem contra outros que pensam de outra maneira. Mesmo no caso de exclusão, não afeta a Igreja universal; simplesmente o que se faz é separar aquele que não é parte do Corpo de Cristo (“considerar gentio e publicano”).

V.     A LIVRE ESCOLHA PARA SERVIR A DEUS

Só podemos justificar nossa retirada dum determinado grupo de crentes (local ou denominacional) quando o mesmo impede a enunciação e/ou prática de nossas convicções, ficando evidente que não podemos mais contribuir para a edificação deles.

Partindo do princípio bíblico de comunhão, temos que chegar ao critério de separação. O que une: a salvação e o senhorio de Cristo. Isto nos dá comunhão. Separação: 1) disciplina (temporário); 2) serviço - trabalhar juntos - o critério de serviço é não tanto de aproveitar da denominação, mas de servi-la. Não em buscar, mas me dar. Como é que posso servir à minha Igreja? Procure todas as maneiras possíveis de cooperar com a denominação, sem ferir suas convicções. Ex: Jesus foi rabino, mas isso não quer dizer que Ele concordava com eles. Ele ficou ali até eles O expulsarem. Lutero não saiu da Igreja Católica, e ele ficou ali até a igreja o expulsar.

Se a nossa denominação estiver errada, vamos contribuir para ajudá-la. O critério não é onde eu recebo mais, mas, onde eu posso contribuir mais.

VI.  AS DENOMINAÇÕES EXISTEM PARA CONCENTRAR FORÇAS

1. A preservação de doutrinas características - Ex: os valdenses: o ajuntamento deles era simplesmente para preservar as doutrinas, e até hoje estas doutrinas foram preservadas.

2. O agrupamento dos que concordam com pontos básicos e secundários - eu não sou juiz de ninguém. Há lugar para diferentes opiniões, mas é inevitável uma separação. Não estão se separando por discordarem em pontos básicos. Há, portanto, a possibilidade de diferenças de opiniões, porém a mesma doutrina.

3. A identificação com grupos étnicos, sociais e psicológicos de tendências semelhantes - cada denominação tem um acesso diferente a grupos diferentes socialmente.

4. A história das denominações por si mesma justifica a sua existência.

- Processo cíclico pelo qual toda obra de Deus passa uma ou mais vezes:

Deus chama um homem para ser fiel à Ele e começar um movimento. Temos que tomar cuidado para que este movimento não torne-se uma máquina  (uma organização, apenas), pois, sendo assim, com o  passar do tempo, sem a visão atual, fazendo só porque sempre se fez,  torna-se então, um monumento.

Homens trabalhando sem ter a mesma visão de quem iniciou. Isso não passa de um monumento com muita atividade, não com aquela visão inicial que a Igreja primitiva começou. Sua ideia foi totalmente deturpada.

As denominações clássicas começaram por homens que deram a sua vida. É inevitável que hajam as denominações. O cuidado é para que a coisa não deturpe. Devemos preservar o que é certo, reformar o que é errado e dar algo novo.

A Igreja deve funcionar na base da unanimidade. Geralmente é a maioria absoluta (metade mais um), mas não deveria ser assim, e sim, unânimes. A disciplina se refere a pecados, a uma conduta reprovável, indigna a filhos de Deus. Não se refere a conselhos, regras humanistas e tradições, etc... A Igreja não tem autoridade quanto a isso. Este tipo de caso só trás constrangimento para Igreja.

O pastor deve zelar para que na Igreja haja um espírito que não suporte o pecado. O pecador não deveria sentir-se bem na Igreja estando em pecado. O ambiente na Igreja deve constrangê-lo a se arrepender.

VII.        A IGREJA DEVE RECONHECER OS MINISTÉRIOS QUE DEUS INSTITUIU, NOMEANDO-OS COMO TAIS

“...Ele mesmo concedeu, instituiu...” (Ef 4.11).
At 20.28; 14.23 - Deus dá os líderes, mas a Igreja tem que identificá-los. Em todas as Igrejas existem homens que Deus escolheu. Basicamente a liderança que Deus providenciou está na Igreja, mas ela ainda não descobriu. Ex: a péssima tradição de que, quem trabalha na Igreja é só o pastor. Isto mata a liderança da Igreja. Ninguém pode e deve trabalhar sozinho na Igreja. Deus tem um ministério na Igreja para você, mas não somente para você. Temos que procurar descobrir os homens que Deus já escolheu para trabalhar conosco. Em todas as Igrejas existem esses homens líderes, mas talvez estejam “abafados”.

E talvez, os que estão na liderança não são aqueles que Deus escolheu. A Igreja tem líderes e não um líder.

VIII.     A IGREJA DEVE SUBMETER-SE AOS ENSINAMENTOS DOS PRESBÍTEROS COMO LÍDERES ESPIRITUAIS

O que a Igreja deve fazer para com os presbíteros:

1. Julgá-los: 1ª Co 14.29; 1ª Ts 5.21; 1ª Pe 4.11 - quando nós ouvimos um sermão, por exemplo, não devemos aceitar só porque foi dito, mas devemos questionar ver se de fato é bíblico aquele ensinamento. Não devemos “engolir” tudo passivamente. Não deve ser uma atitude crítica, mas “julgar todas as coisas e reter o que bom”.

2. Imitá-los: 1ª Co 4.16-17; 11.1; Fp 3.17; 1ª Ts 1.6; 2.14; 2ª Ts 3.7; Hb 13.7; 2ª Tm 3.10-11,14; Fp 4.9 - muitas vezes ouvimos: “Não olhe para mim, mas para Jesus”. É muito bonito, mas não é certo. Devemos ser exemplos para sermos seguidos. A nossa vida deve refletir aquilo que falamos. “Faça o que eu faço além do que eu digo”. Temos que levar o povo a fazer o que nós fazemos e não só o que falamos.

3. Acatá-los: 1ª Ts 5.12-13; 1ª Pe 1.12; Hb 13.17 - acatar o que é bom como sendo de Deus. Devemos ir à Igreja com humildade esperando ouvir a Deus através do pastor.


Os crentes não devem “engolir” tudo o que o pastor diz. mas devem fazer como os bereanos (At 17.11) fizeram. Devemos julgá-los segundo a Palavra de Deus. Temos que julgar e acatar o que é bom. Você tem a responsabilidade de conferir tudo que ouve com a Palavra. Só o que conferir for verdade deve acatar.

Pr. Elias Ribas

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