TEOLOGIA EM FOCO: fevereiro 2013

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AS FALSAS RELIGIÕES


Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (2ª Pedro 2.1-3).

Por causa do vazio que sentem em suas almas, as pessoas continuam à procura de Deus. Procuram-no nas religiões, nas igrejas, nas seitas e nas chamadas “ciências” ocultas.

As pessoas têm o direito de professar a religião de sua escolha. A tolerância religiosa é extensiva a todos. Isso não significa, porém que todas as religiões são boas. Nos dias de Jesus, dois grupos de religiosos se destacavam, entre outros: os saduceus (At 5.7) e os fariseus (At 15.5). Embora tivessem posições religiosas distintas (At 23.8), Jesus, porém, não os poupou, chamando-os de hipócritas, filhos do inferno, serpentes, raça de víboras (Mt 23.23-15, 33). O mestre deixou claro que não aceitava a idéia de que todos os caminhos levam a Deus e ensinou que apenas dois caminhos: o estreito, que conduz á vida eterna, e o largo espaçoso, que leva à destruição (Mt 7.13-14).

I. COMO IDENTIFICAR UMA SEITA?

Por aquilo que ela prega com respeito à:

- Bíblia Sagrada;
- A Pessoa de Deus;
- A queda do homem e o pecado;
- A pessoa e a obra de Cristo;
- A salvação e o porvir.

As razões de surgirem às seitas é ação diabólica contra a Palavra de Deus (Mt 13.19) e a falsa hermenêutica (2ª Pe 3.16).

A religião tem sido uma das organizações mais poderosas da História. Nunca houve um povo que não possuísse alguma forma de religião.

Atualmente, no mundo existem doze grandes grupos de religiões. Cada uma delas, inclusive vários grupos ou seitas, praticam sua fé, de diferentes maneiras. No entanto, todas têm suas crenças, tradições e filosofias básicas.

As maiores religiões do mundo, em número de doze são: Budismo, Confucionismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, Cristianismo, Shinyoísmo, Zoroastrianismo, Taoísmo, Judaísmo e Espiritismo.

II. O QUE É RELIGIÃO?

Religião é “o conjunto de crenças, práticas e princípios que regem as relações entre o homem e a divindade”.

O Novo Dicionário da Bíblia (Editora Vida Nova) afirma que “a palavra religião chegou à língua portuguesa, através da Vulgata, onde religio é usada para traduzir o vocábulo grego thrskeia. Um dos seus primeiros usosregistrados é uma paráfrase do século 13 d.C, a respeito de Tiago 1.26 e seguinte. À parte de seu uso nessa passagem, o vocábulo ocorre somente em At 26.5, onde tem em vista o judaísmo (Gl 1.13 e seguintes). Tanto aqui como nos apócrifos, thrskeia se refere a uma expressão externa de crença, e não significa (conforme nosso emprego da palavra “religião”, em frases tais como “a religião cristã contrastada com o budismo”) o conteúdo da crença. A hesitação de nossos dias no uso da palavra religião, quer a respeito do conteúdo da fé cristã quer a respeito de sua expressão em adoração e serviço, se deve à convicção que o cristianismo difere de todas as demais religiões e que seu conteúdo foi revelado por Deus, sendo uma expressão externa, por parte dos crentes, não na tentativa de obterem a salvação, mas antes, para através dela expressarem seu profundo agradeciemnto.

O cristianismo é a maior das religiões, com mais de um bilhão de adeptos. Baseia suas crenças na Bíblia Sagrada, moldados nos ensinos de Jesus Cristo, registrados no Novo Testamento.

As suas divisões principais são:
- Catolicismo Romano 650.000.000
- Protestantismo 350.000.000
- Ortodoxismo Grego 122.000.000

Dentro do protestantismo há mais de 300 diferentes grupos, denominações e seitas. As principais denominações protestantes são: Batista, Evangélica Livre, Presbiteriana, Igreja Cristã, Assembléia de Deus, Episcopal, Congregação, Igreja de Cristo, Irmãos Unidos, Exército da Salvação, Metodista, Luterana, Igreja de Deus, Unitário e Universalista, Mórmons, Adventistas e Nazarenos.

As principais denominações ortodoxas são: Grega, Russa, Albanesas, Ucraniana, Romana, Bulgária e Serbe.

Há muitas outras denominações em menor escala, não muito conhecida, porém todas as religiões se resumem em duas linhas paralelas, cristãs e não-cristãs.

As religiões NÃO CRISTÃS são assim chamadas, porque não identificam com Cristo e seus ensinamentos, várias delas foram fundadas antes de Cristo. Muitas possuem Livro-Guia próprio. Algumas passam de simples filosofias, ensinam mais sobre a vida social do homem do que o seu relacionamento espiritual com Deus.

Algumas religiões ensinam boas regras de conduta, mas há outras que colocam no coração dos seus seguidores o temor comum, não servem ao Deus vivo e não transformam vidas. Procuram apenas reformá-las! Muitas se denominam religiões, porém desconhecem o caminho certo que está em Cristo.

Os grupos religiosos NÃO CRISTÃOS em maior escala são:

1. Sikhismo 6.000.000
2. Judaísmo 13.000.000
3. Taoísmo 30.000.000
4. Shintoísmo 80.000.000
5. Budismo 400.000.000
6. Hinduísmo 530.000.000
7. Confucionismo 600.000.000
8. Muçulmanos (islamismo) 800.000.000

O Janaísmo tem mais ou menos um milhão de adeptos, enquanto o Zoroastrismo tem somente uns 100 mil. Todas as religiões têm suas crenças e regras que as governam, quer sejam elas escritas, ou seguidas por meras tradições e práticas daquela fé.

As religiões chamadas Cristãs devem ser cuidadosamente examinadas, para saber se realmente merecem essa confiança do título de Cristãs. Devemos comparar suas normas e métodos de trabalho, verificando se estão de conformidade com as normas originais do Cristianismo. Para que se possa fazer uma avaliação justa, é bom estabelecer-se um ponto de referência, evitando assim, um erro de julgamento precipitado.

O ponto de referência original é a Bíblia Sagrada. Além da natureza incomparável da Bíblia, possuí Ela os ensinamentos fixos e imutáveis.

De quando em quando as religiões mudam suas doutrinas acrescentam ou eliminam preceitos que tenham perdido o significado de validade social ou ambiental do homem. Ora, pois, o padrão do Cristianismo permanece íntegro durante mais de vinte séculos.

A Bíblia é o livro-guia do Cristianismo e nela está contido o modelo padrão para tudo o que for verdadeiro.

A Bíblia na necessidade de provar qualquer pessoa que se chama cristã (1ª Jo 4.1-6). Notemos que nem todos os que se dizem cristãos estão realmente qualificados como tal. Uma pessoa poderá ser muito boa e caritativa, contudo sua qualidade não significa que haja se tornado cristão verdadeiro.

III. SÍNDROME DA RELIGIÃO FALSA

Os que estão na carne, não podem agradar a Deus. São antagônicos para com Deus e identificados com o seu adversário (o diabo). “Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à Lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.7, 8).

Organizam religiões segundo o curso do mundo, dirigido no espírito do príncipe das trevas.

“Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.2).

Uma Igreja Pura se identifica com Cristo.

As Escrituras se referem a uma grande transformação operada em todos aqueles que se tornam crentes. Essa transformação é inseparável do arrependimento para com Deus e da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Organizar religiões com corpos debilitados pelo pecado é o mesmo que organizar com corpos condenados à morte.

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2ª Co 4.7).

Vemos que a excelência do “tesouro” pertence a Deus, não a nós. Quando pertence ao homem, logo todo o corpo da organização fica sujeito a conseqüência física do homem.

A execução da sentença da morte física teve início com o começo do pecado humano e terá prosseguimento enquanto não estiver completa a obra redentora de Cristo.

Líderes aviltados em seu caráter e conduta.

Organizam e criam escravos de toda a sorte de paixões e prazeres.

“Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, ESCRAVOS de toda a sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3).

Por meio do pecado, o homem tomou-se o recipiente de uma natureza depravada; e a expressão inevitável da depravação de caráter e conduta.

Parece que o pecado permeou todo o universo, incluindo cada reino na criação e afetando cada raça e espécie entre as criaturas, com resultados funestos.

IV. SEITAS POLÍTICO-RELIGIOSAS NO TEMPO DE JESUS

Escribas. Existiram no AT, porém no NT apareceram formando uma classe religiosa. Quando voltaram da Babilônia, Esdras e Neemias tornaram-se grandes escribas. Quando apareceram os fariseus e saduceus, os escribas ficaram com os primeiros. Nos dias de Jesus eram chamados "doutores da lei". Os que se ocupavam do ensino eram chamados Rabi ou Rabinos.

Fariseus. A palavra significa "separados". Observavam rigidamente os preceitos da Lei de Moisés, tanto a oral como a escrita. Nos dias de Jesus gozavam de grande prestígio entre o povo. Eram considerados grandes mestres e homens piedosos. No seu zelo fanático pela lei das purificações e as regras que a tradição lhes acrescentara, evitam todo contato com os "pecadores", pessoas que, segundo eles, violavam a Lei.
Jesus denunciou os pecados dessa seita e responsabilizou-a por tantos crimes e injustiças, bem como pela hipocrisia nos seus dias. Acreditavam na ressurreição e na imortalidade da alma.

Saduceus. A seita dos saduceus era pequena, porém muito conceituada, pois os membros que a integravam eram ricos e influentes. Eram mais políticos que religiosos e tinham bastante conceito entre os romanos. Eram os céticos, os materialistas, os livres pensadores dos dias de Jesus. Não acreditavam na ressurreição, na imortalidade da alma, nos anjos, na providência divina; rejeitavam a tradição oral e interpretava a lei e os profetas diferentemente dos outros. Fariseus e Saduceus, pela política e credo religioso, eram irreconciliáveis. O apóstolo Paulo tirou partido dessas divergências quando estava sendo julgado no Sinédrio (Atos 23.1-10).

Essênios. Depois dos Fariseus, os Essênios eram os mais numerosos entre os judeus. Eram separatistas e formavam uma verdadeira congregação distinta do judaísmo como de outras seitas existentes. Não é mencionado no Novo Testamento; habitavam a região ocidental do Mar Morto e eram ascetas e místicos. Em doutrinas eram parecidos com os fariseus e odiavam os saduceus. Viviam em comunidade separada.

Herodianos. Formavam um partido mais político do que religioso. Uma espécie de fraternidade em honra a Herodes, começada com a morte de Herodes, O Grande. Pregavam incondicional fidelidade a Herodes quanto ao pagamento dos tributos. Julgavam que a Lei de Moisés podia ser violada quando os imperadores desejassem porque os mesmos eram divinos. Aliaram-se aos fariseus contra Jesus que preveniu seus discípulos contra o "fermento de Herodes" e o fermento dos fariseus (Mc 8,15).

Zelotes. Descendem de Judas de Gâmala, que incitou os judeus a uma revolta contra Roma em 6 AD. Eram chamados Zelotes pelo zelo excessivo da Lei de Moisés, o que faziam à custa de espada. Tinham também o nome de Sicários, que deriva de sica, arma romana que usavam na defesa da lei. Não pagavam tributo aos romanos. Foram se degenerando até se tornarem, um grupo de bandidos e salteadores (At 5.37).

Publicanos. Era uma classe imposta pelos dominadores romanos com a missão de lhes coletarem os impostos. Como funcionários romanos eram odiados e escorraçados. Muitos judeus eram publicanos devido à rentabilidade da profissão. O chefe dos publicanos em Roma impunha uma taxa; os chefes dos publicanos dos países dobravam essa taxa e distribuía aos seus subordinados que por sua vez quadruplicavam as taxas e assim sucessivamente. Daí a razão de serem conhecidos como ladrões e exploradores (Lc 3.12,13). A atitude de Zaqueu está ligada a essa prática (Lc 19.8).

Samaritanos. Era a classe mais odiada pelos judeus. Sargão, rei da Assíria levou cativos os judeus do Norte e para Samaria levou povo estrangeiro (2º Rs 17.24,41). Esse povo era pagão e idólatra. Nos tempos de Jesus a rivalidade era maior em virtude da construção de um templo rival em Samaria, no monte Gerizim. Para ilustrar o amor ao próximo aos orgulhosos judeus, Jesus usou a figura do samaritano (Lc 10.25, 37 e Lc 17.16). O monte a que se referia a samaritana era o Gerizim (Jo 4.20).

Pr. Elias Ribas


FONTE DE PESQUISA

1. BÍBLIA PENTECOSTAL, Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Corrigida, Edição 1995, CPAD, Rio de Janeiro RJ.
2. BÍBLIA SHEDD, Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil – 2ª Edição, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, SP.
3. BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Corrigida, 1995, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, SP.
4. CLAUDIONOR CORRÊA DE ANDRADE, Dicionário Teológico, p. 286, 8ª Edição, Ed. CPAD, Rio de janeiro, RJ.
5. DELVACYR BASTOS, seitas e heresias, Escola Teológica Filadélfia, Cascavel PR. Email - prdelvacyr@hotmail.com.
6. ELIENAI CABRAL, Como indentificar seitas e heresias, Mensageiro da Paz, ano 73, nº 1.424, Janeiro de 2004, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
7. ELIENAI CABRAL. Como as igrejas se previnem das heresias, Mensageiro da Paz, ano 73, nº 1.425, fevereiro de 2004, Ed. CPAD, Rio de janeiro, RJ.
8. ELIENAI CABRAL, Lições Bíblicas, 1º trimestres de 1997, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
9. ELIENAI CABRAL. Como as igrejas se previnem de uma heresias. Mensageiro da Paz, ano 73, nº 1.425, fevereiro de 2004. Ed. CPAD, Rio de janeiro, RJ.
10. ELVIS BRASSAROTO ALEIXO, Cuidado, a serpente ainda fala: www.icp.com.br/40materia2.asp, acesso dia 05/01/2009.
11. ELVIS BRASSAROTO ALEIXO, cuidado com a bíblia na boca do diabo www.icp.com.br/54materia1.asp, - acesso dia 05/01/2009
12. ESCOLA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA ELOHIM, Seitas e Heresias, São Paulo, SP.
13. FRANCISCO DA SILVEIRA BUENO, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11 ª Edição, FAE, Rio de Janeiro RJ.
14. IBADEP, Religiões e seitas, 1ª Edição, 2003, Site, www.ibadep.com
15. ICP, Instituto Cristã de Pesquisa, Série Apologética, Volomes I ao VI, Site, www.icp.com.br
16. LAWRENCE OLSON – O Plano Divino Através dos Séculos - 23ª Edição 2000, CPAD, Rio de janeiro, RJ.
17. RAIMUNDO OLIVEIRA, Heresiologia – 2ª Edição – EETAD, São Paulo SP.
18. RAIMUNDO OLIVEIRA, Lições Bíblicas, 1º Trimestre de 1986, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
19. SEMINÁRIO TEOLÓGICO AMID, Religiões Mundiais, Cascavel, PR - e-mail: se.amid@hotmail.com
20. SEAMID, Seitas e Heresias, Cascavel – PR, e-mail - se.amid@hotmail.com
21. S.E. Mc NAIR, A Bíblia explicada, 4ª edição, 1985, CPAD, Rio de Janeiro RJ.
22. WAGNER TADEU GABI, Religiões e Seitas, Revista Obreiro, ano 22, nº 11, DPAD, Rio de Janeiro RJ.





segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

SATANÁS, AUTOR DAS HERESIAS



Para entendermos o caminho das seitas e heresias, é de suma importância conhecer o autor de todas as confusões religiosas que atuam no mundo espiritual. No caminho das seitas, está o espírito de Satanás, que sutilmente engana os homens com sua astúcia e estratégica, desviando-os da verdade. Somente a Bíblia como Palavra do Deus Altíssimo, pode mostrar-nos o Caminho da Verdade.

I. OS ANJOS SÃO CRIATURAS

No princípio de todas as coisas, antes da criação do mundo físico, Deus criou os anjos. A expressão “exércitos do céu”, dependendo do contexto, pode ter duas interpretações. Em Gênesis 2.1; Salmos 33.6 e Neemias 9.6, refere-se aos astros físicos do espaço sideral; porém em outros textos (Sl 148.2, 5; Cl 1.16; 2º RS 22.19; Sl 103.20-21) refere-se aos anjos. É impossível fixar o tempo em que foram criados os anjos, mas a resposta de Deus ao patriarca Jó declara que eles foram criados antes de todas as coisas (Jó 38.4,7).

A Bíblia diz que os anjos são seres espirituais, por isso não possuem limitações físicas. São seres poderosos que executam as ordens de Deus e lhe obedecem (Sl 103.20). Os anjos são seres imortais. Os homens podem morrer fisicamente, mas os anjos são espíritos imortais (Lc 20.34-36). Os anjos são espíritos ministradores em favor dos homens sob a ordem de Deus (Hb 1.14). Eles exercem serviços especiais aos interesses do Reino de Deus. Na experiência com os homens, os anjos falam, orientam, ouvem e determinam. A Bíblia dá a entender que os anjos possuem uma inteligência superior à dos homens, mas não igual a Deus (2º Sl 14.20); 1ª Pe 1.12).

Todos os seres humanos reconhecem o fato real e lamentável do mal no Universo. Verdadeiramente, a presença do mal no mundo é um dos problemas mais desorientantes para a filosofia e para a teologia. Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado. Quando a Bíblia faz o relato da criação em Gênesis 1.1: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. E tudo que Deus havia feito era bom. Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade quando originalmente foram criados. É bom lembrar que a criatura era dotada de capacidade de pecar e a capacidade de não pecar. A criatura foi colocada na posição de poder fazer obedecer ou desobedecer. Em outras palavras, sua vontade era autônoma, isto é, vontade independente, livre-arbítrio.

II. SATANÁS, SUA ORIGEM E QUEDA

Existem pessoas que tem em si, uma pergunta, e buscam a resposta. Essa pergunta é: Como surgiu Satanás e os demônios? A Bíblia nos ensina que Deus é o Criador de todas as coisas, visível e invisível (Gn 1.1). Deus criou os anjos para louvor de sua glória. Porém, Ele não criou Satanás, mas sim o querubim Lúcifer.

Há indícios da obra de Satanás nos vários nomes dado a ele, pois cada nome expressa uma qualidade de caráter ou um método de operação, ou ambos.

O texto do profeta Ezequiel é uma profecia com sentido duplo. Inicialmente, os primeiros dez versículos falam do “príncipe de Tiro” para referir-se ao seu orgulho que o levou a exaltar-se qual divindade. Por isso, o seu julgamento foi inevitável. Em segundo plano, a profecia tem uma referência a Lúcifer.

1. Algumas características originais da queda.
O texto de Ezequiel 28.12 1 16, indica que Lúcifer era possuidor de elevada distinção e detentor de honrosos títulos e posições, conforme destacaremos a seguir:

O aferidor de medidas (v.12). A palavra “selo” (aferidor) é uma tradução fiel do original hebraico, porque significa que ele era a imagem perfeita da criação divina e uma imagem refletida em si mesmo que lhe conferia o privilégio de ser a masi bela e inteligente criatura de Deus (12). Nele se encontrava a medida perfeita da criação daquilo que Deus queria.


A Bíblia diz que Lúcifer era um querubim ungido (“querubim” do hb. kerub, que significa protetor, guardião e zelador), “Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci” (Ez 28.14).


Deus criou-o perfeito, cheio de sabedoria e em formosura (Ez 28.12, 15). Habitava no Éden jardim de Deus: “... ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras” (Ex 28.16b0. A Bíblia mostra a glória que o querubim Lúcifer usufruía antes de sua queda; guardava a presença de Deus, vivendo no brilho das pedras, ou seja, no meio do fulgor de relâmpagos que para Deus serve como pavimento. Habitou no paraíso até o dia de sua queda.

Se perguntarmos que motivo em particular pode ter estado por trás dessa rebelião, obtemos diversas respostas da Bíblia: Grande prosperidade, beleza, sabedoria e grandeza foram as causas apontadas para elevar seu coração (Ez 28.2 e 28.17). O poder, a riqueza e a sabedoria perdem seu valor quando se misturam com a soberba; é como tomada elétrica desligada da força. Até mesmo um arcanjo que se desliga do contado amoroso de Deus nada mais faz com seus poderes sobrenaturais senão arruinar os homens e decretar sua própria e eterna destruição.

Cobiçou o que não lhe pertencia (Is 14.13-14). O orgulho e a cobiça entraram no coração de Lúcifer, a ponto de igualar a um deus. Qualquer criatura quer seja visível ou invisível que se coloca no lugar de Deus, perde a comunhão com Ele e por fim recebe a condenação eterna.

A soberba de Lúcifer fez com que Deus expulsasse do Éden. Lúcifer querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado à destruição: (Is 14.12, 15). Não se deixará de perceber aqui uma aplicação a Satanás que, ao se exaltar contra Deus, foi rebaixado até o inferno. Estrela da manhã, no hb. hêlel, “glorioso”, “luzente”, que alguns interpretam como nome próprio. “Lúcifer”, o assim considerado nome original do diabo.

Não só Lúcifer, mas muitos homens têm caído pelo orgulho e a cobiça; Deus abomina o pretensioso, mas exalta o humilde.

A queda de Lúcifer foi inevitável e conseqüente. Sua avidez irrefreada de quere ser igual a Deus, aguçou o interesse de grande número se anjos que resolveu acompanhá-lo. Levou consigo a terça parte dos anjos: “Com a cauda ele arrastou do céu a terça parte das estrelas e a jogou sobre a terra. E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão e os seus anjos. Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap 12.4, 7-9).

Por esse ato pecaminoso contra o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções celestiais e condenado a execração eterna.

Lúcifer, ao exaltar seu trono nas mais altas nuvens, foi precipitado “na terra”, ou seja, foi lançado para baixo, perdendo o seu estado original de anjo de luz.

Satanás perdeu a glória e o paraíso que habitava. Agora Satanás ficou sem moradia e passou a viver no ar. (Ef 2.2), tornou-se o príncipe das trevas deste século nos lugares espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12).

Nestas passagens bíblicas, foram mostrados que os motivos da queda foi: a ambição, a vaidade, o egoísmo, o descontentamento com aquilo que tinha e o desejo de ter tudo o que os outros tinham. Sem nenhuma dúvida, a causa da queda de Satanás foi também à causa da queda dos outros anjos maus.

O pecado não foi uma criação, mas uma originação. Veio à existência pela ajuda daquilo que já existia, a saber, personalidade e poder de livre arbítrio. Deus criou esse ser, não como diabo, mas como um anjo santo; este, porém originou o pecado por meio da desobediência, transformando-se assim no perverso diabo de hoje.

Devemos, portanto, concluir que a causa da queda de Lúcifer e seus os anjos, foi a sua revolta deliberada e auto-determinada contra Deus. Foi a escolha de seus próprios interesses em vez de escolherem os interesses e a vontade de Deus.


2. A época da queda dos anjos.
A Bíblia faz silêncio quanto há este tempo, mas deixa claro que a queda dos anjos se deu antes da queda do homem, já que Satanás entrou no jardim do Éden sob a forma de serpente e persuadiu Eva a pecar. Ninguém sabe dizer acertadamente quanto tempo antes do acontecimento do Éden os anjos caíram. Por certo, a queda dos anjos, se deu em algum tempo entre os versículos 1 e 2 de Gênesis 1; após a criação dos céus e da terra. Talvez seja a causa principal da condição caótica da terra descrita em Gn 1.2.

3. O resultado da queda dos anjos.
Encontramos na Bíblia vários resultados da queda dos anjos. Vejamos alguns: todos os anjos decaídos perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta (Mt 10.1; Ef 6.11-12; Ap 12.9). Muitos deles foram lançados no inferno e estão acorrentados até o dia do Juízo Final (2ª Pe 2.4). Alguns deles permaneceram em liberdade e trabalham em resoluta oposição à obra dos anjos bons (Dn 10.12-13, 20-21; Jd 9; Ap 12.7-9). Podem também ter havido um efeito sobre a criação original. Lemos na Bíblia que a terra foi amaldiçoada por causa do pecado de Adão (Gn 3.17-19) e que a criação está gemendo por causa da queda (Rm 8.19-22). Presume-se que a queda dos anjos tenha tido algo a ver com a ruína da criação original em Gn 1. Eles serão, em um tempo futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu julgamento (1ª Co 6.3), serão lançados no lago de fogo (Mt 25.41; Jd 6; Ap 20.10-15).

Para se conhecer a origem do pecado, devemos retomar a queda do homem descrita em Gn 3; e olhar atentamente algo que aconteceu no mundo dos anjos. O Senhor Deus criou um número enorme de anjos e todos estes eram bons (Gn 1.31). Porém, Lúcifer e legiões deles rebelaram contra Deus, pelo que caíram em condenação. A época exata dessa queda não é indicada na Bíblia, mas em Jo 8.44, o Senhor Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio. O apóstolo João, na sua primeira epístola diz que “o diabo peca desde o princípio” (1ª Jo 3.8). Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Mas, quando da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, “para que não se ensoberbeça e caia na condenação do diabo” (1ª Tm 3.6-AEC).

Atualmente há milhões de pessoas que ousam negar a existência do diabo. A Bíblia, porém, ensina que ele é real; é um ser pessoal e maligno (Ap 12.10; 1ª Pe 5.8; Is 27.1; Ap 20.2; 2ª Co 4.4).

Podemos concluir com toda convicção, que foi o pecado do orgulho (soberba), de desejar ser como Deus em poder e autoridade (Is 14.12-15).

III. A CRIAÇÃO DO HOMEM

Após Deus ter criado os céus e a Terra, Ele criou o homem do pó da terra, com sua imagem e semelhança, fazendo um boneco de barro e soprando em suas narinas o fôlego de vida.

“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7).

“Imagem de Deus” significa ser dotado das faculdades de raciocinar, de expressar emoções e de agir voluntariamente. Particularmente, indica a capacidade que o homem tem de manter íntima comunhão com Seu Criador.

Deus criou o homem “reto” (Yaschar), que quer dizer: moralmente bom, e possuindo a capacidade de escolher e seguir o que é justo e reto.

Adão era um ser reto e possui vida espiritual reta, isto é, era nascido do alto. Deus soprou o fôlego de vida nele que envolveu com vida espiritual. A Bíblia diz que no dia em que ele pecou morreu espiritualmente (Gn 2.15-17). Ao desobedecer a Deus deixou de desfrutar de união espiritual com Deus. E para que ele morresse espiritualmente, era necessário que possuísse vida espiritual, que seu espírito fosse ligado a Deus.

Durante o período indeterminado no qual Adão viveu antes da queda, ele cumpriu a vontade de Deus. Por isso ele estava envolvido espiritualmente com Deus (Gn 2.15). Adão recebia conselho e direção de Deus (Gn 3.8). Mas uma proibição foi imposta a ele: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Na realidade isto foi numa proporção extremamente inferior a todas as graciosas instruções que vieram de Deus.

Os resultados seriam: ou o favor continuo de Deus, por motivo da sua obediência; ou a imposição da penalidade da morte por motivo de sua desobediência.

Adão estava no começo do caminho, e não possuía os privilégios mais altos que Deus tinha para ele. Eles nunca haviam confrontado uma situação ética onde estava clara a necessidade de escolher entre o bem e o mal. Ele ainda não estava acima da possibilidade de escolher entre o bem e o mal. Foi lhe dado um teste exterior e visível que podia determinar se estava disposto a obedecer a Deus em tudo. Ele podia crescer em santidade, maturidade e ter o gozo dessa vida.

A penalidade infligida a ele se transgredisse o mandamento positivo de Deus mostra que ele podia experimentar a morte física, espiritual e eterna – separação da sua fonte de vida, Deus, e a resultante miséria e tristeza. Mas por outro lado, Adão só podia desfrutar da vida espiritual com Deus, se continuasse na obediência a Sua palavra.

1. A causa da queda de Adão.
Satanás viu Deus criar o homem e colocar em um jardim também chamado Éden sua antiga moradia: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do oriente, e pôs ali o homem que tinha formado” (Gn 2.8). Satanás não se conformou em ficar sem a sua antiga moradia, procurou tirar de lá os seus moradores (o homem), através da astúcia. O livro de Gênesis relata está história:

“Ora, a serpente era o mais astuto de todo os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: do fruto da árvore do jardim podemos comer Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes deste fruto, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. Vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, que estava com ela, ele comeu. E disse o senhor Deus à mulher: porque fizeste isso? E disse a mulher: a serpente me enganou, e eu comi. Disse, pois, o Senhor Deus a serpente: Porque fizeste isto, maldita és entre todos os animais domésticos, e entre todos os animais do campo; sobre teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida” (Gênesis 3.1-6, 13 e 14).

Satanás é quem seduz o homem ao pecado. Ele é o agente da tentação. Ele usou uma serpente para enganar Eva, levando a desobediência. A sua intenção é tirar a felicidade do homem. Deus criou o homem para viver eternamente, mas pela desobediência ele perdeu esse direito, e passou a ser um mortal. Mesmo assim Deus não desamparou o homem. E embora o homem tenha pecado, Deus não os abandou, porém proveu um meio de salvação através de Seu Filho Jesus Cristo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Deus enviou o Seu Filho Jesus para salvar, abençoar aqueles que se voltam para Ele.

Após a queda de Satanás, Deus já lhe deu a sentença; ele já está julgado, não resta outra saída se não o inferno, é o que a Bíblia diz: “... porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo 16.11). Todavia, homem que seguir caminho do pecado, também receberá a condenação eterna. “Então, dirá também aos que estiverem a sua esquerda; apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).

Jesus O justo juiz, que venceu todas as coisas, já tem julgado o inimigo do homem e de Deus. Não há nenhuma oportunidade de salvação para o diabo, pois ele não foi induzido a pecar, mas deliberadamente se rebelou contra Seu Criador. Porém, o homem não pecou deliberadamente, mas foi induzido pelo diabo a pecar. Por esta razão Deus preparou um meio de Salvação enviando o Seu Filho Jesus Cristo, para salvar a humanidade que se encontrava perdido. Para aqueles que se arrependem dos seus maus caminhos e recebem Jesus como seu único salvador, Deus promete vida eterna com Deus. Porém, o diabo não tem este privilegio e é por isso que ele engana a humanidade com sua astúcia principalmente criando as seitas e heresias para enganar os homens.

IV. QUE SATANÁS FAZ NO PRESENTE

Satanás no Hebraico “satan”, que significa adversário, alguém que se opõe. Satanás tornou-se um inimigo de Deus e do homem. Como adversário ele se opõe a Deus e engana os homens pela mentira através das seitas e heresias, desviando o homem da verdade e levando-os a desobedecer ao seu Criador.

Satanás trabalha para fazer o mal e destruir o ser humano. Foi isso que ele fez com Jó e ainda faz ainda com muitos. A Bíblia relata uma conversa entre Deus e Lúcifer:

“Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: de rodear a terra, e passear por ela” (Jó 1.7).

O trabalho de Satanás é rodear a terra, e passear por ela, ou seja, o seu trabalho é levar o homem ao sofrimento como fez com o patriarca Jó.

1. Satanás trabalha através do engano, a falsidade e a atúcia.
A Bíblia diz que o trabalho de Satanás é matar roubar e destruir (Jo 10.10). Ele incita o homem a pecar nem o Filho de Deus ficou imune da tentação do diabo.


“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado 40 dias e 40 noites, depois teve fome. E, chegando-se a Ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, mande que estas pedras se tornem em pães. Ele porém respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.1-4).

Todos os seres humanos também são tentados pelo diabo; Talvez você pergunte, por quê? Para prova da nossa fé.

Jesus foi tentado, venceu o diabo citando a Palavra (Mt 4.1-11). Venceu a morte e está a destra de Deus para socorrer os que são tentados (Rm 8.34).

Satanás trabalha para levar os homens ao engano através das falsas religiões, que ele mesmo cria nos corações dos homens que se desviam da verdade. Por isso, é importante conhecermos este inimigo que tão de perto nos rodeia, pois ele conduz o homem a desobediência da Santa Escritura, com isso ele põe o homem contra Deus para que ambos sejam condenados ao inferno.

Satanás arma laços para o homem: (2ª Tm 2.26), cega o entendimento dos incrédulos (2ª Co 4.4), coloca maus pensamentos nos homem (Jo 13.2), se apossa dos homens (Mateus 17.14, 15, 18). Foi ele que induziu Judas para trair Jesus (João 3.21-27).

Satanás trabalha de uma maneira sutil para roubar a Palavra de Deus dos corações daqueles que é plantada (Mc 4.15). Ele se transforma em anjo de luz para enganar (2ª Co 11.14). Assim como Satanás se transforma em um anjo de luz para desviar o homem, assim fazem seus “ministros” através das seitas e heresias. (2ª Co 11.11-15).

Satanás, molesta aos servos de Deus (2ª Co 12.7). Difícil imaginar que espinho seria este que Satanás colocou na vida de Paulo. Talvez uma enfermidade, ou perseguições? “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2ª Co 12.9-10).

O espinho que Satanás havia colocado no corpo de Paulo, não fez com que ele desistir de sua missão. Quando o espinho é posto, a graça se manifesta, o poder se aperfeiçoa, a fraqueza é substituído pelo poder de Cristo e o orgulho é substituído pela humildade.

Ele põe obstáculos aos servos de Deus (1ª Ts 2.18). Atrás dos obstáculos no caminho da divulgação do evangelho encontra-se Satanás (Rm 16.20). É necessário avançar no poder de Cristo que pode vencer “o valente”, tirar a sua “armadura e dividir seus despojos” (Lc 11.21-22 cf. 1ª Ts 3.11).

Ele domina o mundo (1ª Jo 5.19). “...mundo inteiro jaz no maligno”, no sentido que a humanidade sem Deus é controlada pelo diabo e seus anjos (Ef 2.2; 6.12).

Ele é o deus deste século (mundo, época, era) – (2ª Co 4.4). Como tal ele tem seus “ministros” 2ª Co 11.15); “doutrinas” (1ª Tm 4.1); “sacrifícios” (1ª Co 10.20) e “sinagogas” (Ap 2.9).

2. A natureza perversa de Satanás é evidenciada pelos seus nomes.
Satanás é o pai da mentira um enganador (Jo 8.44b). Ele não é amigo do homem, mas um inimigo sagas (Mt 13.25). A parábola do joio demonstra que um dos aspectos do Reino é o juízo, e que este juízo está reservado à autoridade divina, e não ao critério humano. O joio é uma planta que confunde com o trigo, crescendo juntamente com ele, somente pode se distinguir quando vem a época da ceifa; quando então o trigo revela seu verdadeiro valor, produzindo cereal comestível. Até então, o joio é poupado por causa do trigo.

“Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro” (Mt 13.20).

O trigo representa aqueles que seguem em conformidade a verdade da Palavra de Deus. O joio é uma erva daninha plantada pelo diabo, que representa aqueles que seguem o caminho das seitas e as heresias. Mas na colheita serão separados, e o trigo irá para o seleiro, mas o joio para o fogo eterno.

Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44). Serpente (Gn 3.1; 4.14; 2ª Co 11.3; Is 27.1). Por esse termo sua perversidade e falsidade (2ª Co 11.3), são indicadas. Implica em astúcia (cp. Ap 12.9; 20.8-10).

A Bíblia também o chama de: Antiga serpente (Ap 12.9), tentador (Mt 4.3; 1ª Ts 3.5), ladrão (Jo 10.10), acusador e sedutor (Ap 12.10). Indica seu propósito e esforço constante de incitar o homem a pecar. Ele apresenta as escusas mais aplausíveis e sugere as vantagens mais impressionantes para o homem pecar.

Ao conhecermos a história da origem e queda de Satanás, resta-nos como criaturas de Deus, tratar desse assunto com mais seriedade. Nos dias atuais, a Igreja tem cometido alguns erros no que tange a essa doutrina. Os que mistificam a crença em Satanás, o tratam como se o mesmo fosse “uma energia, uma mera figura espiritual, um bicho peludo”. Os que racionalizam, não desacreditam da Bíblia, mas preferem interpretar a realidade pessoal e espiritual de Satanás, como se fosse “uma força negativa da mente” ou coisa semelhante. Mas na verdade, Satanás está vivo, é real, é pessoal e procura influenciar o mundo contra Deus e contra todos os que servem a Deus.

V. DOIS REINOS OPOSTOS

No princípio de toda a criação divina, tudo era comum e perfeitamente harmoniosa até que Lúcifer rebelou-se contra o Criador e contra o seu governo (Is 14.13-14). Em sua rebelião contra Deus as estruturas criadas e estabelecidas foram afetadas. A Bíblia declara que Deus havia ficado satisfeito com tudo quanto havia criado (Gn 1.31), mas Lúcifer resolveu interferir na criação corrompendo-a. Por esse ato, ficou definido quem é quem: o Reino de Deus e o reino de Satanás.

1. Reinos opostos, mas não iguais.
Os dois reinos são opostos, mas não são iguais. É falsa a teoria que defende a idéia que coloca o diabo como igual a Deus. Essa teoria tem sido demonstrada ignorantemente por muitos. São dois poderes, um maior, outro menor. Deus é onipotente, mas o Diabo não tem todo o poder. Ele é limitado, por isso não pode ser comparado com o Senhor.

2. Dois reinos se opõem em batalha.
Na primeira batalha cósmica Lúcifer levou atrás de si uma multidão de anjos. A partir daí, ele formou seu próprio reino constituído de demônios e homens sem Cristo. Aos que servem ao Reino de Deus se identificam com as coisas desse reino. Entretanto, a diferença entre os dois reinos se nota em suas manifestações. Os que estão no da luz fazem suas obras distintamente das obras das trevas. A Bíblia declara que “o Senhor conhece os que são seus” (2ª Tm 2.19). A soberania de Deus é incomparável. Por isso, nenhum outro poder pode ser-lhe igualado. Ele está acima de Satanás, e não corre o risco de perder essa posição, porque se trata de uma posição e estado eternos. Sua Soberania é única, singular e inigualável. Não se pode imaginar um dualismo de forças entre o bem e o mal. O bem sempre vence o mal. Quando Lúcifer fez sua declaração unilateral de independência, Deus poderia tê-lo destruído completamente, mas não o fez para preservar o restante da criação. Por outro lado, a Bíblia nos faz entender que a oposição de Satanás está sob o controle todas do Criado, nada faz sem a sua vontade permissiva. Ao se oporem a Deus, Satanás e seus demônios, inevitavelmente, cumprem alguns propósitos divinos, incompreensíveis a limitada inteligência humana, porém, maravilhosamente possíveis à mente divina. Toda essa batalha se processará até o tempo em que Deus derrotará para sempre os seus inimigos, ou seja, até o juízo final (Ap 20.11-15). 

VI. CUIDADO COM A BÍBLIA NA BOCA DO DIABO

O salmista nos ensina a reter as sagradas letras em nossos corações para não pecarmos contra o Senhor (Sl 119.11). Um conselho simples de entender e, talvez, não tão simples de praticar, mas que, reconhecidamente, pode nos assegurar uma vida cristã aprazível diante de Deus. É por isso que todo cristão tributa reverência à Palavra de Deus, pois identifica sua divina inspiração e sabe que ela é “lâmpada para os seus pés” (Sl 119.105). Que outra “isca” poderia desfrutar de tamanha atratividade e autoridade entre os crentes? O diabo, conhecedor dessa primazia, utiliza-se com eficácia da Bíblia para ludibriar as pessoas. Ele se vale da “lâmpada” que deveria iluminar os caminhos da humanidade para escurecê-los, conduzindo a todos quanto pode às trevas do abismo (1ª Pe 5.8).

Na verdade, esta é uma estratégia tão lógica quanto antiga e foi pretensiosamente empregada pelo diabo ao próprio Filho de Deus: “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo [...] Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra [citação do Sl 91.10-12]. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus” [citação de Dt 6.16] (Mt 4.1,2,5-7).

“Está escrito”. Estas são palavras que abrem caminhos para o diálogo inter-religioso. Porventura não é isso que dizem aqueles que vêm às nossas portas todos os domingos matinais? Não é isso que prega a grande maioria das seitas? Aliás, não é isso que nós mesmos afirmamos ao apresentarmos o evangelho a alguém? Está escrito! Acertadamente ou erroneamente, o fato é que muitos utilizam a mesma moeda.

Perceba a forma sorrateira como as coisas ocorrem. Até mesmo os grupos que defendem crenças esotéricas orientais não resistem ao apelo dessa tática, pois, por mais rudimentar e óbvia que pareça, ela é funcional. É funcional porque muitos não conhecem a Palavra de Deus de forma satisfatória. É funcional porque muitas escolas bíblicas dominicais estão vazias. É funcional porque poucos líderes incentivam os membros de sua igreja ao desenvolvimento de um curso teológico. É funcional porque culto de ensino não dá quórum. Enquanto outros elementos (também importantes) do culto são supervalorizados, o ensino é menosprezado. Perseguimos a graça, abandonamos o conhecimento (2ª Pe 3.18), e, como consequência, nos tornamos crentes sem equilíbrio entre estes “pólos”. Mas nesse ínterim alguém poderia objetar entendendo que esta é uma colocação imprópria, pois, na verdade, não se trata de pólos, mas de elementos que se complementam. Mas, lamentavelmente, é assim que eles são verificados na prática, como pólos, como se fossem um a oposição do outro. Qual é a implicação dessa conduta?

Vulnerabilidade. Esta palavra resume a situação do crente que não conhece e não se importa em aprender as doutrinas bíblicas. É vulnerável. Está suscetível à persuasão por meio dos argumentos mais banais. Mas, considere, na maioria dos casos não o são, pois há muitos peritos na invenção de estranhas interpretações bíblicas capazes de fazer hesitar até mesmo os mais preparados. O caminho desses crentes é vacilante porque não possuem alicerces. E, por conta disso, crente assim é alguém que corre risco de morte, e morte eterna. Basta um prosélito dizer “está escrito” e suas convicções estremecem, a apostasia dá início ao seu processo e sua concepção torna-se uma questão de tempo, pouco tempo. Lembre-se, a distorção do texto bíblico por meio de acréscimos ou decréscimos sempre será evidente entre as seitas, embora alguns não enxerguem isso tão claramente.

Discernindo as coisas desta forma, podemos classificar a ignorância das doutrinas bíblicas como uma enfermidade, forte indício de imaturidade da fé. O escritor aos hebreus censura os crentes que deveriam possuir grande cabedal de conhecimentos, mas ainda permaneciam na condição de principiantes: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino” (Hb 5.12,13).

Como Jesus se comportou diante das palavras do diabo? Ele empregou a interpretação da Bíblia pela Bíblia: Scriture sacre sui ipsius interpres, ou seja, “a Sagrada Escritura se interpreta a si própria”. Respondeu “está escrito” do diabo com um “também está escrito”, igualmente contido nas Escrituras Sagradas. Será que temos tal habilidade? Talvez a resposta seja “não”. Mas o que estamos fazendo para mudar este estado? Se a resposta permanecer negativa, então a situação é grave e precisa ser remediada com emergência. O que faríamos se nos deparássemos com “a Bíblia na boca do diabo?” Uma citação bíblica distorcida só pode ser respondida com conhecimento integral das Escrituras. Até quando trocaremos “o sólido mantimento” pelo “leite da infância”? Cuidado, esta não é uma situação que pode ser sustentada por longo tempo!

Pr. Elias Ribas

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A LEI DA SEMEADURA



A preocupação de Paulo neste capítulo é a reação que os irmãos devem ter para com os que cometem pecado. Após os ensinamentos nos capítulos anteriores, espera-se que o Amor prevaleça sobre toda e qualquer atitude humana que queiramos praticar.

I. LEVAR AS CARGAS UNS DOS OUTRO

“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana. Mas prove cada um o seu labor e, então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo. Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui. Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.1-10).

Os ensinamentos falsos eram uma preocupação do apóstolo que a todos combateu com a autoridade dada por Cristo. Esses ensinamentos estavam causando divisões entre os gálatas. Havia ataques mútuos (5.15). Isso impedia os irmãos de trabalharem mutuamente pelo Evangelho e superar as batalhas espirituais. Se um irmão cair em pecado, o outro, que anda no Espírito, deve corrigi-lo (em Amor) (6.1). O pecado gera culpa, então precisamos levar o fardo de quem está assim (6.2) e cumprir a Lei de Cristo (Jo 13.24 e 14.12), que depende toda lei (Mt 22.36-40).

O carnal não ajuda seu irmão, pelo contrário, procura apresentar-se perante o caído com superioridade (6.3). Mas tal visão é errônea porque cada um será julgado individualmente de acordo com a sua conduta (6.4-5; 2ª Co 5.10). A responsabilidade daquele que recebe instrução é participar com boas notícias sobre o seu bom proceder àquele que lhe deu instrução (6.6). Não há lugar para superioridade entre os irmãos porque a mesma lei será usada para ambos pois “aquilo que o homem semear, aquilo também ceifará” (6.7). Paulo convoca os cristãos a produzir o Fruto do Espírito que são nove (5.22-23). Ele sabe que o que a carne semear, vai se tornar pecado ou fruto da carne (5-19-20), aqui designado de corrupção (6-8). O cristão que pratica o bem não se cansa (6.9) porque Deus renova as nossas forças (Is 40.31). Deus vai criar muitas oportunidades para o cristão fazer o bem e Ele não quer que qualquer oportunidade criada por Ele seja desperdiçada (6.10) principalmente para os que fazem parte do Corpo de Cristo.

II. GLORIAR-SE NA CRUZ DE CRISTO

“Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho.Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!” (Gl 6.11-18).

Paulo quer chamar a atenção para os assuntos abordados: “Vede com que letras grandes vos escrevi” (6.11). Esses assuntos são de extrema importância. Explica que os que estavam defendendo a circuncisão para a salvação e outras práticas do Velho Testamento, conhecidas por Galacionismo, não estavam interessados em ajudar as pessoas ensinadas por Paulo, mas apenas em causar divisão e confusão. Os “Falsos Irmãos” queriam evitar a perseguição por parte dos judeus (6.11-12). O próprio Cristo já havia alertado que o Cristianismo traria divisão e ódio: “Sereis odiados de todos por causa do Meu nome; aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 10.22).

Eles se gloriavam na carne, com um sinal que era visível e não na “cruz de Cristo” (6.13-14). Paulo continuava firme e confiante na Cruz de Cristo, que apesar da perseguição, era a descrição mais completa da alegria que o homem poderia almejar: vida eterna. Paulo vê a pobreza espiritual dos circuncisos, pois havia a segunda parte do ritual: Cumprir todos os mandamentos da Lei (6.13). A Cruz era completa, a Cruz enxergada pelos espirituais não era fardo algum, os conduzia, pelo Espírito Santo, a produzir os seus nove sabores. Paulo estava crucificado para o mundo (6.14) e não iria voltar a praticar tais absurdos em nome de uma religião fria e incompleta. Pedro diz aos que voltam ao mundo o seguinte: “O cão voltou ao seu próprio vômito e a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal” (2ª Pe 2.22).

O verdadeiro convertido vem, não por meios carnais, e sim pela circuncisão do coração, para se tornar uma nova criatura (6.15). Paulo demonstra estar habituado a ver irmãos que querem deturpar as suas epístolas (6.16). Seus ensinamentos, que foram outorgados por Cristo, não seriam interrompidos por um grupo que caminhava para a sua própria destruição (6.16). Não havia mais nada a falar. Todos estavam, de antemão, alertados sobre os “Falsos Irmãos”. Necessária seria muita atenção para que ninguém caísse como os tais insubordinados (6.17). Por fim, o apóstolo deixa evidente que há muito a andar e crescer na presença de Cristo, Graça e Conhecimento eram aspectos inesgotáveis (6.18). Aquilo que os judaizantes evitavam, para Paulo era uma glória: “gloriar-me, senão na cruz do nosso Senhor Jesus Cristo” (6.14). Glórias a Cristo eras esperadas dos que realmente viessem a compreender o conteúdo dessa epístola, e como ele, gloriarem-se na cruz de Cristo.

Tanto nos tempos de Paulo e como agora, um dos problemas mais sérios que afeta a igreja é o legalismo, que arrebata o gozo do Senhor da vida do crente e com o gozo se vai o verdadeiro poder para adorar a Deus “em espírito e em verdade”.

O legalismo é uma atitude carnal que se conforma a um código, com o propósito de exaltar a pessoa, ou seja, exaltar a si mesmo e ganhar méritos, ao invés de glorificar a Deus pelo que Ele tem feito; e o poder é a carne, não o espírito, que produz resultados externos somente similares à verdadeira santidade. Os resultados são, na melhor das hipóteses, falsificações e não podem jamais aproximar a santificação genuína, por motivo da atitude carnal e legalista.
Entre os fariseus convertidos na igreja de Jerusalém, houve os que insistiram na submissão da lei para se salvarem. Eram os “zelosos da lei mosaica” (cf. At 21.20) ou judaizastes. Mas Paulo que era comprometido com o evangelho de Jesus não podia aceitar a mistura no cristianismo.

A Bíblia, particularmente o Novo Testamento, não é a Verdade para os seguidores da lei, porque se dizem cristãos? Seria melhor e mais coerente declararem-se prosélitos do judaísmo e partidários da seita dos fariseus, porque seriam muito mais claramente entendidos pelos verdadeiros cristãos.

O crente salvo tem as marcas de Cristo (2ª Co 11.23-27), que são as marcas provenientes da perseguição em contraste com a marca da circuncisão imposta pelos judeus.

“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).

O que importa na vida cristã é a obediência porque comprova a existência do amor e fé. Existem crentes que se apegam nas coisas físicas e carnais e esquecem-se das espirituais. Paulo diz que não é a circuncisão, e nem incircuncisão, não é um rito exterior que vai garantir a nossa salvação, mas ser uma nova criatura em Deus. Não é pela aparência exterior que julgamos se somos salvos ou não, ou porque guardamos dias, meses ou ano (Gl 4.10). Jesus mesmo ensinou seus discípulos dizendo: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela Justiça”. (Jo 7.25). Os fariseus julgavam pelas aparências, mas Jesus nos ensinou que não é assim o verdadeiro julgamento. A justiça é as vestes do cristão salvo, o fruto do Espírito e bom caráter e separação das concupiscências carnais é que irão mostrar a diferença do cristão salvo, santo e regenerado.

Pr. Elias Ribas

sábado, 2 de fevereiro de 2013

AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei” (Gl 5.16-18).

Quem anda no Espírito, não necessita satisfazer a concupiscência da carne. Age como um cidadão dos céus e investe no céu, não necessitando da lei (5.16). Carne e espírito são dois extremos existentes em nós e satisfazer a carne significa egoísmo, satisfazer o espírito é altruísmo (5.17). Guiar-se pelo Espírito é desfrutar da plena liberdade, é esquecer-se que há lei (5.18).

A palavra grega sarx, “carne”, tem vário significado na Bíblia, principalmente nas epístolas. Pode significar fraqueza física (Gl 4.13), o corpo, o ser humano (Rm 1.3), o pecado (v. 24), os desejos pecaminosos (Rm 8.8).

O contexto quando corretamente interpretado determina o significado da palavra. Aqui significa o conjunto de impulsos pecaminosos que dominam o homem natural. Da mesma maneira a palavra grega pneuma, “espírito” que se aplica ao Espírito Santo, espírito humano, aos anjos e aos espíritos imundos. É preciso atentar bem para o contexto da referência em apreço para verificar o sentido do termo.

I. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRAS DA CARNE

1. Pecados de ordem moral.

“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl 5.19-21).

A. Prostituição – a palavra grega usada é pornéia, que abrange todo o tipo de impureza sexual. Aqui estão incluídos todo tipo de pornografia, como quadros filme, produções pornográficas. Verifique ainda outros textos que apresentam a mesma expressão: (Mateus 5.32, 19.9, Atos 15.20,29, 21.25, 1ª Coríntios 5.1).

B. Impureza – a palavra grega akatharsia se refere aos pecados sexuais, atos pecaminosos, vícios e também pensamentos e desejos impuros. Outros textos que usam a mesma expressão são: Efésios 5.3, Colossenses 3.5.

C. Lascívia – é a palavra grega aselgeia, que é a sensualidade. É seguir as próprias paixões a ponto de perder a vergonha. É a porta aberta para uma vida de dissolução completa, controlada totalmente pelas paixões carnais.

2. Pecados de ordem religiosa.

A. Idolatria – do grego, eidolatria, é a adoração a espíritos, pessoas ou ídolos, ou a confiança em pessoas, instituições ou pessoas, atribuindo-lhe força e poder.

B. Feitiçarias – o termo grego é pharmakeia, que envolve a dominação de espíritos, magia negra, adoração de demônios e o uso de drogas e outros materiais, na prática da feitiçaria. Você ainda pode examinar os textos de Êx 7.11,22; 8.18; Ap 9.21; 18.23.

3. Pecados de ordem social.

A. Inimizades – a palavra grega echthra envolve intenções e ações fortemente hostis; antipatia e inimizade extremas.

B. Porfias – do grego, eris, abrange as brigas, oposição, luta por superioridade e pode ser encontrado também em Rm 1.29; 1ª Co 1.11; 3.3.

C. Emulações – no grego, zelos fala de ressentimento, inveja amargurada do sucesso dos outros. Outros textos: Rm 13.13; 1ª Co 3.3.

D. Iras – do grego, thumos é a palavra grega que significa a ira ou fúria explosiva que irrompe através de palavras e ações extremamente violentas. Veja Cl 3.8.

E. Pelejas – do grego, eritheia é a ambição egoísta e a cobiça do poder, que pode ser encontrada também em 2ª Co 12.20 e Fp 1.16,17.

F. Dissensões – do grego dichostasia, diz respeito aos grupos divididos dentro da congregação, formando conluios egoístas que destroem a unidade da igreja Deus sempre se preocupou com a unidade do seu povo, veja 1ª Co 11.19.

G. Heresias – do grego  hairesis , significa introduzir ensinos cismáticos na congregação sem qualquer respaldo na Palavra de Deus, como em Rm 16.17.

H. Invejas – aqui encontramos o termo fthonos, significando a antipatia ressentida contra outra pessoa que possui algo que não temos e queremos. É a inconformidade pois “ele tem e eu não!”.

I. Homicídios – phonos é matar o próximo por perversidade. A tradução do termo phonos na Bíblia de Almeida está embutida na tradução de methe, a seguir, por tratar-se de práticas conexas.

J. Bebedices – continuando a idéia anterior, methe faz referência ao descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de bebida embriagante.

L. Glutonarias – do grego, komos diz respeito às diversões, festas com comida e bebida de modo extravagante e desenfreado, envolvendo drogas, sexo e coisas semelhantes.

As palavras finais de Paulo sobre as obras da carne são severas e enérgicas: quem se diz crente em Jesus e participa dessas atividades iníquas exclui-se do reino de Deus, não terá salvação pois apenas se preocupou em aparentar e não em viver. Veja ainda 1ª Co 6.9.

II. OBRAS DO ESPÍRITO

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.19-23).

Agora passamos a verificar as características do Fruto do Espírito, que, diferentemente das obras da carne passa a ser apresentado como uma unidade. É O único fruto que será produzido pelo Espírito de Deus. Não existe a possibilidade de ser diferente, pois não depende do indivíduo, mas sim da ação específica do Espírito de Deus.

O fruto do Espírito é o resultado de uma vida redimida pela fé em Jesus. Não é o resultado de uma imposição religiosa ou qualquer sistema religioso legalista.

É o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta maneira de viver se realiza no crente quando ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus. O Espírito Santo é quem faz essas coisas na vida do cristão. É por isso que o apóstolo diz que: “contra essas coisas não há lei (v.23). “...pelos frutos sois conhecidos” (Mateus 7.16).

O fruto do Espírito inclui:

1. Caridade (Amor) – A palavra grega ágape, nos fala de um amor que apresenta o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca. Os textos de Romanos 5.5; 1ª Coríntios 13; Efésios 5.2 e Colossenses 3.14 ainda podem ser observados adicionalmente.

2. Gozo – Aqui temos o termo grego chara, a sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas bênçãos, nas promessas e na presença de Deus, bênçãos estas que pertencem àqueles que crêem em Cristo. Leia ainda Salmo 119.16; 2ª Coríntios 6.10 e 12.9 e ainda 1ª Pedro 1.8.

3. Paz – No grego eirene, que é a quietude no coração e na mente, baseados na convicção de que tudo vai bem entre o crente e seu Pai celestial. Pode ser ainda observada em Romanos 15.33; Filipenses 4.7; 1ª Tessalonissenses 5.23 e também Hebreus 13.20.

4. Longanimidade – O termo grego é makrothumia, que fala de perseverança e paciência, a capacidade de ser tardio para irar-se ou para o desespero. Outros textos são Efésios 4.2; 2ª Timóteo 3.10 e também Hebreus 12.1.

5. Benignidade – No grego chrestotes significa não querer magoar a ninguém, nem mesmo lhe provocar qualquer tipo de dor. Leia ainda Efésios 4.32; Colossenses 3.12 e 1ª Pedro 2.3.

6. Bondade – A palavra grega agathosune é o zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de bondade (Lucas 7.37-50) ou na repreensão e na correção do mal (Mateus 21.12,13).

7. Fé – Aqui a palavra grega pistis é convicção da verdade de algo, fé; de uma convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas, geralmente com a idéia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela; a convicção de que Deus existe e é o criador e governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo; fé com a idéia predominante de confiança (ou confidência) seja em Deus ou em Cristo, surgindo da fé no mesmo; convicção ou fé forte e benvinda de que Jesus é o Messias, através do qual nós obtemos a salvação eterna no reino de Deus; é a lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade. Você pode ainda examinar Mateus 23.23; Romanos 3.3; 1ª Timóteo 6.12; 2ª Timóteo 2.2; 4.7; Tito 2.10.

8. Mansidão – No grego prautes, que é a moderação, associada à força e à coragem; descreve alguém que pode irar-se com eqüidade quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for preciso. Temos os exemplos de Jesus, de Paulo e de Moisés: 2ª Timóteo 2.25; 1ª Pedro 3.15; para a mansidão de Jesus, cf. Mateus 11.29 com 23; Marcos 3.5; a de Paulo, cf. 2ª Coríntios 10.1 com 10.4-6; Gálatas 1.9; a de Moisés, cf. Números 12.3 com Êxodo 32.19,20.

9. Temperança - A palavra grega egkrateia, apresenta o controle ou domínio sobre nossos próprios desejos e paixões, inclusive a fidelidade aos votos conjugais; também a pureza. Leia ainda 1ª Coríntios 7.9; Tito 1.8; 2.5.

Esse Fruto só é experimentado por quem vive LIVRE. Sujeitar-se novamente à lei é provar algo insosso, é não provar os sabores do fruto. Na verdade, esse fruto já foi explicado por Cristo em João 15.2. “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (5.25). PARODIANDO: “Se vivemos na Liberdade de Cristo, Frutifiquemos os 9 sabores do Espírito”. Por fim, Paulo nos chama a viver em humildade, respeitando e evitando invejas e facções (5.26) porque a carne já está crucificada (5.24).

“E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.24-25).

Pr. Elias Ribas