TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 10 de maio de 2025

A IGREJA DE TIATIRA

 


Ap 2.18-29 “E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente: 19 Eu conheço as tuas obras, e amor, e serviço, e fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras. 20 Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria. 21 E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua fornicação; e não se arrependeu. 22 Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. 2 E destruirei com morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda as entranhas e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras. 24 Mas eu vos digo a vós, e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei. 25 Mas o que tendes, retende-o até que eu venha. 26 E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações. 27 E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai. 28 E dar-lhe-ei a estrela da manhã. 29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” 

INTRODUÇÃO:

A mais longa das sete cartas é a que se dirige à menos importante das sete cidades. A carta á Igreja de Tiatira apresenta uma mensagem profunda e desafiadora. Localizadas em uma cidade comercial conhecida por suas guildas (grupamento de pessoas) e industrias de tinturaria, a Igreja enfrentava pressões externas e internas. Jesus Cisto aparece como o Juiz Justo, elogiando os avanços espirituais da Igreja, mas também denunciando sua tolerância ao pecado. 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

1. Localização. A Igreja de Tiatira estava localizada na província romana da Ásia. Tiatira estava localizada no longo vale que conecta entre si os vales dos rios Hermus e Caico. Ela estava situada a pouco mais de 80 quilômetros de Esmirna e no meio do caminho para Pérgamo, a capital da província. A cidade estava localizada num fértil vale no qual passavam rotas de comércio. Atualmente, chama-se Akhisar (significa “castelo branco”), na Turquia. A cidade foi localizada no rio Hermus(atual Gediz). 

A cidade de Tiatira é a menos importante mais desconhecida de todas as cidades da Asia. A cidade era regida sob a influência, tanto militar, quanto a política. 

Lídia, a primeira pessoa convertida por Paulo na Europa, era de Tiatira, mas não temos mais nenhuma informação sobre esta igreja. O que sabemos da igreja vem das referências no Apocalipse. 

Atos 16.14-15 “E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. 15 E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso.” 

2. Uma cidade industrial. A cidade de Tiatira era conhecida pela produção de púrpura, uma tinta usada em tecidos (cf. Atos 16.14), além de roupas, artigos de cerâmica, bronze, etc. Havia em Tiatira grupos organizados de artesãos e profissionais, semelhantes às associações profissionais de hoje, mas com elementos religiosos de influência pagã. 

3. Religião. Como as outras cidades da época, Tiatira teve seus templos e santuários religiosos, incluindo templos aos falsos deuses Apolo, Tirimânios e Artemis (uma deusa chamada Diana pelos romanos e um santuário a sibila (orácula) Sambate. A importância de figuras femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição.

II. CRISTO COMO JUSTO JUIZ 

V. 18“E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente.” 

Como todas as cartas, Cristo as introduz se apresentando a Igreja. 

1. O Filho de Deus. O Filho de Deus, ou seja, o Messias enviado para salvar a humanidade. É comum no Novo Testamento, especialmente nos livros de João, como descrição de Jesus Cristo. Os servos fiéis são descritos, também, como filhos de Deus (Ap 21.7; 1ª Jo 3.1,2, 10; 5.2; Jo 1.12; etc.) Aqui, a expressão obviamente se refere a Cristo. 

A referência “Filho de Deus” enfatiza Sua divindade e autoridade sobre a Igreja. 

2. Olhos como chama de fogo. Jesus tem olhos poderosos e penetrantes em saber todas as coisas.

Ap 1.14 “E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo.” 

Dn 10.6 “E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão.” 

Hb 4.13 “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” 

Lc 12.2 “Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido.” 

3. Pés semelhantes ao bronze polido. Esta palavra é usada apenas duas vezes nas escrituras em Apocalipse 1.15, 2.18. O significado parece ser uma liga preciosa, apontando para o brilho do metal ilustrando Cristo como santo juiz.  Ele tem força para castigar e até esmagar os seus inimigos. 

Dn 10.6 “E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão.” 

Ap 1.15 “E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas.”

III. ELOGIOS A IGREJA 

V. 19 “Eu conheço as tuas obras, e amor, e serviço, e fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras.” 

Juntamente com a Igreja de Éfeso, Tiatira tem uma lista de boas obras. Jesus reconhece que as obras da Igreja estavam em crescimento, indicando desenvolvimento espiritual e dedicação dos membros. 

A carta de Jesus à Igreja de Tiatira destaca as seguintes virtudes: 

1. Boas obras. A igreja não se limitava a ter fé e amor, mas as demonstrava através de ações concretas. 

Tiago 2.14-18 “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? 15 E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento cotidiano, 16 E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? 17 Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. 18 Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” 

Não somos salvos pelas obras. Ef 2.8,9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9 Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” 

As obras são frutos da nossa fé.. 

2. Amor. O amor era uma característica marcante da igreja, demonstrado em suas interações e ações. 

A palavra hebraica básica para o amor, ahavah (אהבה), assim como no português, é usado para descrever sentimentos entre pessoas ou relacionamentos íntimos ou românticos, como o amor entre pais e filhos (Gênesis 22.2; 25.28; 37.3); o amor entre amigos íntimos em 1º Samuel 18.2, 20.17; ou o amor entre um jovem e jovem no Cântico dos Cânticos. 

A palavra caridade aparece na Bíblia como tradução e sinônimo de Ágape, que aparece como tradução e sinônimo de Ahava. Ágape é uma das três principais palavras gregas para definir Amor. Ahava é uma das três palavras hebraicas para definir Amor. 

Na cultura grega, o amor era visto sob quatro ângulos. 

2.1. Amor “eros”. Termo grego para o amor sensual. Daí a palavra “erótico”. Esse é o amor físico, da carícia, da relação sexual. Quando um rapaz diz para a namorada: “Estou apaixonado por você!”, ele quer expressar o amor “eros”. Por isso tal amor é também conhecido como paixão. Apesar de tudo isso, esse amor é passageiro. 

2.2. Amor “fileo”. É o amor-amizade, fraternal, social. Desse vocábulo grego (“fileo”) temos algumas palavras derivadas, como Filadélfia (“fileo”, amor-amizade, e “adelfos”, irmãos) que significa “amor entre irmãos” ou “amizade fraternal; Teófilo (“Teos”, Deus, e “fileo”, amizade ou amigo) que quer dizer “amigo de Deus”; Filantropia (“fileo”, amizade, e “antropos”, homem) significa “amor humano”. Em suma, se você possui boas amizades, logo o que está em evidência é o amor “fileo”. 

2.3. Amor “storge”. É o amor conjugal, familiar, doméstico. Longe de ser interesseiro, esse amor é humilde, objetivo e sacrificial. É o amor que une o marido à sua mulher bem como os pais aos filhos. Logo, em um lar onde reina a harmonia, está em ação o amor “storge”. 

2.4. Amor “ágape”. Dos quatro, este é o amor maior, pois tem origem no próprio Deus que é a revelação clara desse amor (Jo 3.16; 1ª Jo 4.8-18; 1ª Co 13.1-13; Ef 5.25). Esse amor é incondicional. Ou seja, não espera nada em troca. Não preciso esperar que alguém me ame para amá-lo. Aliás, com esse amor é possível amarmos até os nossos inimigos (Mt 5.44). Ele também é infalível e eterno, como se pode ver em 1ª Coríntios 13.8,13. 

É bom salientar que, todos os seres humanos possuem, por natureza, os três tipos de amor já mencionados (“eros”, “fileo” e “storge”), entretanto, o amor “ágape” só se adquire quando se nasce de novo, ou seja, ele passa a operar na vida do homem, quando este se torna templo do Espírito Santo (Gl 5.16-22). 

Rm 12.9,10 “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” 

3. Fé. A fé era a base da vida cristã dos membros da igreja, guiando suas decisões e ações. 

Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” 

Hb 11.1, 6 “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. 6 Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” 

1ª Jo 5.4 “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.” 

4. Serviço. A Igreja era dedicada ao serviço, tanto aos membros como aos que estavam fora da comunidade. 

Mt 20.26-28 “Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal. 27 E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” 

Tg 1.27 “A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se incontaminado do mundo.” 

Cl 3.23,24 “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens. 24 Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.” 

At 20.35 “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” 

5. Perseverança. A igreja demonstrava perseverança em face dos desafios, mantendo-se firme na fé.

Além disso, Jesus reconhece que a igreja estava progredindo, fazendo mais agora do que no princípio. Isso indica um crescimento espiritual e uma maior dedicação dos membros à causa de Cristo. 

Tg 1.2-4 “Meus irmãos, tende grande alegria quando enfrentardes várias tentações. 3 Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. 4 Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.” 

IV. REPREENSÕES A IGREJA DE TIATIRA 

Vs. 20-24 “Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria. 21 E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua fornicação; e não se arrependeu. 22 Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. 2 E destruirei com morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda as entranhas e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras. 24 Mas eu vos digo a vós, e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei.” 

O espírito de Jezabel. Para ilustrar o problema, nesta igreja, Cristo usa a personagem do Antigo Testamento de Jezabel. Jezabel era filha de Etbaal, rei dos sidônios a qual casou com o rei Acabe, rei de Israel. Ela tentou corromper Israel, a adorar Baal e Astarote, panteão de origem na Babilônia. 

Como a influência da religião grega começou a cair com a propagação do cristianismo, Satanás usou o método usado contra Israel em Jezebel, ele tentou entrar na igreja e incorporar os deuses e deusas da Grécia com um pacote judaico / cristão. 

Há duas características do espírito de Jezabel que atua na vida de certas pessoas. 

1º Apesar das virtudes, a Igreja de Tiatira foi repreendida por tolerar a profetisa Jezabel, que ensinava e enganava os servos de Cristo para participar nos ritos sexuais pagãos gregos e a comer dos sacrifícios idolátricos. Ela se auto intitulava profetisa, representando um outro Cristo para a Igreja. 

Em Tiatira, uma mulher, esposa de pastor da igreja era uma líder que ensinava e orientava os servos de Cristo para participar nos ritos sexuais pagãos gregos. Ela se auto intitulava profetisa, representando um outro Cristo para a Igreja.

Assim como Jezabel do A.T. levou o povo de Israel á idolatria (1º Rs 16.31-33), o espírito de Jezabel promovia imoralidade e heresia na Igreja. 

Naquele tempo, haviam muitas festas e adorações à deuses que, segundo eles, realizavam milagres. Nestas festas, aconteciam orgias e celebrações pagãs. E Jezabel dizia para sua Igreja que não havia problema nestas coisas. 

Ao que percebe, por se auto intitular “profetisa” e seus discípulos se colocavam como aptos e detentores de capacidade semelhantes ás sacerdotisas de Apolo, conhecidas como “pitonisas.” 

2º No contexto cristão, a ideia de “espírito de Jezabel” é frequentemente usada para identificar indivíduos ou grupos que exercem um controle obsessiva para dominar e controlar os outros, especialmente no âmbito espiritual. 

Ex. Acabe e a vinha de Nabote (1º Reis 21.3). Esta passagem relata a história de Nabote e sua vinha, uma narrativa que envolve o rei Acabe e sua esposa Jezabel. 

Nabote, se recusou a vender sua vinha ao rei Acabe, declarando que era herança e que seria contra a ordem do Senhor (1º Reis 21.3; Lv 25.23). Enquanto Acabe se amuava e reclamava em sua cama para Jezabel a qual mandou incriminar o inocente Nabote e apedrejá-lo até a morte juntamente com seus filhos de modo que não haveria herdeiros, e a terra voltaria para a posse do rei. Essa determinação obstinada de fazer o que quer, não importa quem seja destruído no processo, é uma característica do espírito de Jezabel. 

O segundo exemplo é quando João Batista denunciou publicamente o adultério de herodias com Herodes Antipas. (Mateus 14.4).

Mc 6.18-20 “Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. 19 E Herodias o espiava, e queria matá-lo, mas não podia. 20 Porque Herodes temia a João, sabendo que era homem justo e santo; e guardava-o com segurança, e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa mente o ouvia.” 

Durante a comemoração do aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou para o rei e seus convidados, agradando tanto a Herodes que ele prometeu à moça tudo o que ela pedisse (Mt 14.6-7). Depois de consultar a mãe, a moça pediu a cabeça de João Batista em uma bandeja (Mt 14.8).

V. AS PROMESSAS AOS VENCEDORES 

Vs. 26-28 “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações. 27 E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai. 28 E dar-lhe-ei a estrela da manhã. 29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” 

A carta conclui com promessas para aqueles que vencerem as tentações e permanecerem fieis a Cristo, Ele promete autoridade sobre as nações e inclui dar a estrela da manhã.

A estrela da manhã (28): Jesus é a estrela da manhã. Qual maior recompensa para o vencedor do que chegar ao eterno dia iluminado para sempre pela luz de Jesus? 

Ap 22.16 “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã.” 

2ª Pe 1.19 “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que ilumina em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.” 

Quem tem ouvidos, ouça (29): Como nas outras cartas, Jesus encerra esta com um apelo aos ouvintes. Prestem atenção! 

CONCLUSÃO: Jesus vê tudo e faz uma distinção absoluta entre os servos de Satanás e os servos fiéis do Senhor. Para os que insistem em servir ao diabo, ele promete tribulação e morte. Para os discípulos d’Ele, ele promete o dia de Sua presença e o privilégio de reinar com Ele sobre os inimigos. 

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

segunda-feira, 5 de maio de 2025

A IGREJA EM PÉRGAMO

 


Apocalipse 2.12-17 “E ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes. 13 Conheço as tuas obras, e onde habitas, mesmo onde o trono de Satanás é: e reténs o meu nome, e não mo negou minha fé, mesmo nos dias de Antipas foi minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. 14 Mas eu tenho algumas coisas contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para comerem coisas sacrificadas aos ídolos, e se prostituírem. 15 Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio. 16 Arrepende-te, ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca. 17 Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, que não conhece senão aquele que o recebe-lo.” 

INTRODUÇÃO:

A carta para a Igreja de Pérgamo foi a terceira carta escrita pelo apóstolo João. A Igreja em Pérgamo se encontrava em uma situação difícil. Estava sedo atacada por ventos contrários de doutrina, que geravam confusão, idolatria e imoralidade. A Igreja vivia uma luta para não perder a pureza da fé e acabar tolerando heresias para agradar ao império e á sociedade ao redor.

 

Pérgamo era uma cidade culta, eclética e de grande importância política por ser a capital do Império na Ásia Menor. 

1. A situação da Igreja de Pérgamo.

A Igreja de Pérgamo estava infestada de homens corruptos de entendimento, que fizeram o que puderam para corromper tanto a fé da Igreja de Cristo. 

A Igreja em Pérgamo estava vivendo uma situação difícil. Havia duas correntes de heresias:

1º Os que seguiam a doutrina de Balaão que, sob o manto de uma espiritualidade afetada e exótica, logo acharam guarida na Igreja em Pérgamo. 

2º Os seguidores dos nicolaítas se infiltrara na igreja de Pérgamo. Também não encontraram dificuldades para se acomodar entre as pobres e desprotegidas ovelhas. 

Os cristãos não abandonaram a verdade do Senhor, o único verdadeiro Soberano. Mas, tanta influência de falsas doutrinas teve um impacto negativo na Igreja, poluindo a congregação com doutrinas falsas que incentivavam os irmãos a praticaram idolatria e imoralidade. Jesus chama a igreja ao arrependimento para evitar o castigo divino. 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

O único livro do Novo Testamento que cita a cidade ou a Igreja em Pérgamo é o Apocalipse. 

1. Sua localização. Situada às margens do Caíco e distante trinta quilômetros do Mar Egeu, Pérgamo era a mais importante metrópole da Ásia. 

Pérgamo foi mais de 200 anos, a capital da província romana da Ásia. Com a ajuda dos romanos, Pérgamo ganhou independência dos selêucidas em 190 a.C., e passou a fazer parte do império romano a partir de 133 a.C. 

O Império Selêucida foi um Estado helenista que existiu após a morte de Alexandre, o Grande da Macedónia, cujos generais entraram em conflito pela divisão de seu império. Entre 323 e 64 a.C. existiram mais de 30 reis da dinastia selêucida que começou por Seleuco, um dos generais após a morte de Alexandre o Grande. 

2. Um centro político e religioso na Ásia Menor. A cidade de Pérgamo era uma cidade comercial muito importante, onde havia um centro político e religioso. Pérgamo foi a primeira cidade da Ásia que incentivou abertamente o culto ao imperador. Atualmente, a cidade que fica na Turquia, é conhecida como Bergama. 

No ano 29 a.C., Pérgamo foi dedicado um templo ao “Divino Augusto” o que tornou um centro para o culto imperial. Com o passar do tempo, essa adoração passou a ser uma prova de lealdade ao governo romano, pois o culto ao imperador era o ponto central da política do Império e quem se recusasse a adorá-lo era considerado um traidor. 

Muitos outros deuses eram adorados naquela cidade, onde havia muitos templos pagãos. Entre os deuses estavam: Zeus, Atenas e Asclépio — o deus-serpente que promovia “curas”. Com essas informações, vemos que ali era um local difícil para o crescimento de uma igreja cristã. 

Em suma, Pérgamo era um grande exemplo de ostentação da cultura e civilização modernas. 


3. Pérgamo, a cidade dos livros e da ignorância espiritual. Pérgamo era uma cidade antiga e rica. Foi dali que surgiu o pergaminho como material de escrita, e a cidade possuía uma das “melhores bibliotecas da antiguidade” cujo acervo chegou a ser estimado em duzentos mil volumes (pergaminho). Seus operários sabiam como industriar a pele animal como suporte à escrita. 

Teve a maior biblioteca fora de Alexandria, Egito. Foi o povo de Pérgamo que começou a usar peles de animais para fazer pergaminho, substituindo o papiro. 

4. A Igreja em Pérgamo. É bem provável que a Igreja de Cristo haja sido implantada em Pérgamo quando da estadia de Paulo em Éfeso (At 20.31). Apesar de a cidade ser a guardiã do trono do próprio demônio, o Reino de Deus prevaleceu em seus termos. Se o trono era do Diabo, o cetro estava nas mãos de Cristo (Is 9.6). 

5. Aos quais foi enviada. Ao anjo da igreja de Pérgamo. Pérgamo, em grego, significa casado. 

II. A ESPADA AFIADA DE DOIS GUMES 

1. Este grande personagem é Jesus. V. 12 “E ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes”. 

A uma Igreja casada com o mundo (DOUTRINAS DE BALAÃO E NICOLAÍTAS).

Jesus se apresenta como “aquele que tem a espada aguda de dois fios” (Ap 2.12).

Contra as apostasias, só existe uma arma realmente poderosa: a Bíblia Sagrada

á espada do Espírito Santo (Ef 6.17; Hb 4.12). 

Ap 1.16 “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. 

Ap 19.11 “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. 12 E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito que ninguém sabia, senão ele mesmo. 13 E estava vestido de uma veste salpicada de sangue, e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. 14 E seguiam-no os exércitos que há no céu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro. 15 E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso. 16 E na veste e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.” 

1.1. Jesus é a Palavra. Jo 1.1. “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” 

1.2. A Palavra de Deus é uma espada de dois gumes. Hb 4.12 “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” 

1.3. Dois gumes significam: Correção repreensão. 

1.4. A palavra de Deus é uma espada é uma arma tanto ofensiva quanto defensiva, é, na mão de Deus, capaz de matar tanto pecado e dos pecadores. 

1.5. É uma espada de dois gumes que se vira e corta todos os sentidos. 

2. Manejando bem a espada do Espírito.

2.1. Espada do Espírito. Ef 6.17 “Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.” 

2.2. O crente deve manejar bem. 2ª Tm 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” 

Jo 5.39 “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.”

Os 6.3 “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” 

III. AQUELA IGREJA CONSERVAVA O NOME DE CRISTO, POIS NÃO HAVIA RENEGADO A FÉ 

1. Jesus elogia a igreja. V. 13 “Conheço as tuas obras, e onde habitas, mesmo onde o trono de Satanás é: e reténs o meu nome, e não me negou minha fé, mesmo nos dias de Antipas foi minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.”

2. Pérgamo, o trono de Satanás.

Trono de Satanás. No ano 29 a.C, a cidade de Pérgamo erigiu um santuário para implantação ao culto ao imperador romano. 

Quanto ao primeiro aspecto, o Senhor afirma que ela se situava “onde está o trono de Satanás”.

 

Por trás da realidade cultural e social, estava “Satanás”.

Atrás das festas pagã e idolatra, está Satanás o pai da mentira. 

Apesar de a Igreja em Pérgamo, como um todo, ser fiel a Cristo e às verdades do Evangelho, alguns dentre eles faziam-se passíveis da repreensão do Senhor. 

3. Nada escapa do olhar de Jesus. Ap 19.11-13 “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. 12 E os seus olhos eram como chama de fogo...”. 

Jesus viu onde estava plantada a Igreja de Pérgamo. Era onde está o trono de Satanás. 

4. Três características da verdadeira Igreja.

·         Reténs o meu nome. Honra o nome de Jesus.

·         E não me negou minha fé. No meio das corrupções e heresias a Igreja era fiel a Jesus.

·         Foi minha fiel testemunha. “onde Satanás habita.” 

5. Antipas, a fiel testemunha. “...mesmo nos dias de Antipas foi minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.” 

O fiel Antipas, cujo nome em grego significa “contra todos”, levantara-se para combater os apóstatas que haviam entronizado o Diabo naquela Igreja. Por isso, ajuntaram-se todos para tirar-lhe a vida, conforme denúncia Jesus: “o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita” (Ap 2.13). 

Antipas é citado como exemplo de fé como uma “fiel testemunha” que foi morto em Pérgamo, onde Satanás tinha o seu trono. Esta passagem se refere a Antipas de Pérgamo, um mártir cristão que viveu no século I. 

IV. AS HERESIAS DE PÉRGAMO 

1. A repreensão. V. 14 “Mas eu tenho algumas coisas contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para comerem coisas sacrificadas aos ídolos, e se prostituírem.” 

1.1. A palavra de Cristo para Pérgamo é dura. “....os que seguem a doutrina de Balaão...”. 

1.2. A história de Balaão pode ser encontrada em Números 22-24. 

Judas 1.11 Ai deles! porque entraram pelo caminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão, e pereceram na contradição de Coré.

1.3. Balaão era um vidente e falso profeta, pseudoprofeta. 

1.4. Balaão era um profeta contratado por Balaque, rei de Moabe para amaldiçoar o povo de Israel (Nm 22). 

Ele passou a ser mencionado na Bíblia como exemplo de “falso profeta” porque ensinou o rei a fazer o povo de Deus tropeçar. 

1.5. Balaão mandou dizer a Balaque: Nm 23.8 “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? E como detestarei, quando o Senhor não detesta?” 

1.6. Balaão, movido por ganância, aconselhou Balaque a enfrentar Israel não com um exército de soldados, usou belas jovens de seu reino para seduzir os israelitas, e induzi-los a participarem de suas festas idólatras, nas quais a imoralidade era praticada em nome da religião Número 25.1-5; 31.15,16). 

Números 25.1-9 “E Israel deteve-se em Sitim e o povo começou a prostituir-se com as filhas dos moabitas. 2 Elas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses. 3 Juntando-se, pois, Israel a Baal-Peor, a ira do Senhor se acendeu contra Israel. 4 Disse o Senhor a Moisés: Toma todos os cabeças do povo, e enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira do Senhor se retirará de Israel. 5 Então Moisés disse aos juízes de Israel: Cada um mate os seus homens que se juntaram a Baal-Peor. 6 E eis que veio um homem dos filhos de Israel, e trouxe a seus irmãos uma midianita, à vista de Moisés, e à vista de toda a congregação dos filhos de Israel, chorando eles diante da tenda da congregação. 7 Vendo isso Fineias, filho de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, se levantou do meio da congregação, e tomou uma lança na sua mão.8 E foi após o homem israelita até à tenda, e os atravessou a ambos, ao homem israelita e à mulher, pelo ventre; então a praga cessou de sobre os filhos de Israel. 9 E os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil.” 

1.7. O que Balaão e Balaque não puderam fazer para destruir o povo israelita, o pecado fez.

Balaão sendo um “profeta” aceitava fazer o mal por dinheiro e armava ciladas contra os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual. 

1.8. Devido aos pecados cometidos, o Senhor se voltou com ira contra os israelitas e uma grande praga abalou o arraial e eles se tornaram fracos e vulneráveis. 

2ª Pe 2.15-16 “Tendo os olhos cheios de adultério e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; 15 Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça. 16 Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta.” 

1.9. Balaão é uma pessoa com grandes dons e poderia ter um fim diferente, assim como Saul, Judas, etc. Infelizmente, ele sucumbiu. Sua amizade com o mundo, sua insistência em querer fazer aquilo que Deus já havia proibido, mas só por causa do amor ao dinheiro, o levou a ruina. Que pena! Esse é o risco que se encontra diante de nós também (1ª Co 10.12).

2. Os discípulos de Balaão hoje. 1ª Pe 2.1-3 “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. 2 E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade; 3 e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.” 

Os discípulos de Balaão são aqueles que se dizem cristãos, no entanto, são mais motivados pela ganância mundana do que pelo amor a Cristo. 

Os discípulos de Balaão são aqueles que pisam os princípios da Palavra de Deus, fazendo uso distorcido da Bíblia para enganar com sua influência a outros. 

As falsas doutrinas hoje como doutrina da prosperidade tem sido símbolo da doutrina de Balaão. 

3. A doutrina dos nicolaítas. segue o nome de seu fundador. 

3.1 O significado do nome. O nome grego Nikolaos significa “ele conquista pessoas”. Pode significar algo como “conquista do povo”, no sentido de destruição. 

Os nicolaítas são mencionados apenas duas vezes no Novo Testamento no livro do Apocalipse. 

Este grupo aparece pela primeira vez em Apocalipse 2.6, quando Jesus elogia a Igreja de Éfeso por odiar as obras dos nicolaítas: “Entretanto, há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, as quais eu também odeio”. 

Não é muito fácil afirmar com exatidão quem eram os nicolaítas. Na verdade, ao longo da História da Igreja, diferentes teorias foram apresentadas para tentar explicar a origem dos nicolaítas. 

3.2. Quem eram os nicolaítas.

A. Alguns entendem que os nicolaítas eram seguidores de Nicolau. Nicolau era um prosélito de Antioquia que foi designado diácono na Igreja em Jerusalém (At 6.5). Esta interpretação foi defendida por Irineu e Hipólito (séculos 2 e 3 d.C.), mas não há qualquer evidência concreta a seu favor. Por este motivo é correto considerá-la com desconfiança. 

B. Outros entendem que os nicolaítas formavam uma seita gnóstica que procurava se infiltrar nas comunidades cristãs com o objetivo de semear seus ensinos heréticos. Por último, há quem entenda que os nicolaítas eram simplesmente aquelas pessoas que seguiam e divulgavam os ensinamentos dos falsos apóstolos e falsos profetas. Esta última alternativa talvez seja a mais provável, e se harmoniza melhor com a exegese do texto. 

C. Os nicolaítas aparecem na literatura cristã da época dos pais da Igreja como sendo pessoas amantes do prazer, caluniadoras, corruptoras de sua própria carne e que viviam uma vida devassa. Assim, certamente os nicolaítas eram pessoas comprometidas com o mundo pecaminoso. Eles participavam e incentivavam outras pessoas a se entregarem às festas, rituais, práticas e banquetes imorais e idolatras dos pagãos.

A imundície do espírito e da imundícia da carne, muitas vezes andam juntas. Doutrinas corruptos e um culto corrupto muitas vezes levam a uma conversa corrupta. 

V. A CONTAMINAÇÃO DOUTRINÁRIA 

A pesar de guardar o nome do Senhor Jesus, e não negar a fé, era negligente á infiltração de falsas doutrinas. 

O problema era que os cristãos em Pérgamo estavam participando ativamente das festas pagãs, prostituindo-se espiritualmente, além de cometer pecados sexuais. 

E sobre os ensinos dos nicolaítas, Jesus também estava se referindo ao liberalismo e às práticas pagãs — um “cristianismo mais moderno” — conforme compara o pastor e teólogo, Hernandes Dias Lopes. 

VI. A PROMESSA AO VENCEDOR 

V. 17 “Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, que não conhece senão aquele que o recebe-lo.” 

1. “Ao vencedor darei do maná escondido”. Ao vencedor: Todas as cartas, também, incluem a promessa sobre a vitória. Aqueles que persistem até o final receberão a recompensa. Nesta carta, a bênção para o vencedor é descrita em duas partes. 

O maná escondido: O maná é um símbolo de sustento e provisão de Deus. 

Aqueles que recusassem qualquer participação na mesa dos demônios seriam sustentados pelo maná de Deus. O maná foi o alimento que sustentou os Israelitas na caminhada do deserto. O maná é o próprio Jesus que se manifesta na Ceia do Senhor. Ele sustenta os fiéis e lhes dá vida.

Jo 6.48-51 “Eu sou o pão da vida. 49 Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. 50 Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. 51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” 

2. A pedrinha branca. No mundo antigo, as pedras tinham várias utilidades. Num júri, por exemplo, a pedra branca significava a absolvição e a pedra preta condenação. Pedras brancas também eram dadas como bônus aos pobres, para que recebessem alimentos de graça e serviam de reconhecimento a atletas e gladiadores. Usava-se também a pedra branca como bilhetes de entrada em festivais públicos.

Portanto, as pedras brancas eram usadas pelos imperadores Romanos em três finalidades:

·         Aos escravos que se tornavam livres.

·         Como ingresso em alguns eventos.

·         Aos vencedores em corridas e batalhas. 

Aqueles que forem fiéis receberão essa pedrinha branca: A libertação total do pecado, o ingresso para o banquete celestial, como recompensa aos vencedores na corrida pela salvação. Aleluia! 

3. O novo nome. Então, nesse contexto, receber uma pedra branca com seu nome gravado nela, pode simbolizar uma identidade espiritual e a entrada para a grande festa messiânica. “O que Cristo promete é que, ao entrarmos no céu, teremos um certificado de nascimento, confirmando que temos um Pai — o Pai celestial que cuida de cada um de nós”. 

De vez em quando, vemos Deus mudando o nome de alguém, simbolizando um novo status ou uma nova identidade – caso de Abraão, Sara e Jacó. Às vezes, o próprio portador do nome muda sua alcunha, representando uma nova situação. Noemi (“doce”) resolve chamar-se de Mara (“amarga”) após a morte de sua família (Rt 1.20), mas termina a história com um “nome afamado” (4.14). Aliás, note como a ideia do nome move todo o livro de Rute. 

Um nome novo, o nome no contexto Bíblico significa uma nova missão, identidade, quando Deus muda o nome de um escolhido revela um novo projeto para o mesmo (exemplos: Abrão > Abraão (Pai de multidões) ; Sarai > Sara (Princesa) ; Jacó > Israel (Povo que luta com Deus e homens e que vence). 

Pr. Elias Ribas – Dr. Em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quinta-feira, 24 de abril de 2025

A IGREJA DE ESMIRNA


Ap 2.8-11 “E ao anjo da igreja em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu: 9 Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás. 10 Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. 11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.” 

INTRODUÇÃ:

A segunda carta de Apocalipse é destinada para a Igreja em Esmirna. É uma Igreja onde Jesus não identifica nenhum pecado para correção, semelhante à Igreja de Filadélfia (Ap. 3.7-13). Essas duas Igrejas estão em contraste com a Igreja de Laodiceia, que não recebeu elogio algum, apenas repreensão (Ap 3.14-22). Se Laodiceia é a cara do mundo, Esmirna é o rosto do Cristo humilhado e ferido de Deus. 

Entre as 7 Igrejas que estão no livro do Apocalipse (capítulos 2 e 3), a igreja em Esmirna é a que recebeu a menor carta; e a Igreja em Tiatira, é a que recebeu a maior carta (Ap. 2.18-29). 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

1. O significado do nome. Esmirna tem o significado de “mirra”, que por sua vez, significa “perfume” ou “cheiro suave”. A mirra teve um vasto uso em todo o passado distante, sendo considerada uma das mais finas especiarias. 

A palavra Esmirna vem de mirra, uma erva amarga. Portanto, o nome da cidade é um nome bem apropriado para uma Igreja que estava enfrentando perseguição. 

2. Sua localização. Esmirna era uma bela cidade grega da Ásia Menor localizada num braço do mar Egeu, onde atualmente fica a cidade de Izmir, na Turquia. A Igreja estava situada aproximadamente 65 km ao norte de Éfeso. 

A antiga cidade foi destruída pelos lídios em 600 a.C. e reconstruída pelos gregos no final do 4º século a.C. A cidade ganhou nova vida, e pode ser descrita como uma cidade que morreu e tornou a viver. 

A cidade de Esmirna era uma cidade importante e populosa no primeiro século, e era conhecida, principalmente, por sua beleza. 

Na época do Novo Testamento, Esmirna provavelmente tinha uma população de aproximadamente 100.000 habitantes. Por ser um porto excelente, facilitando o comércio entre a Ásia e a Europa, era uma cidade próspera. 

3. Sua fundação. Informa Lucas que, durante o período em que Paulo ficou em Éfeso, na sua terceira viagem evangelística, “todos os habitantes da Ásia” ouviram o evangelho de Jesus (At 19.10). 

4. Religião. Esmirna era uma cidade mais próspera da Ásia Menor, reconhecida por sua riqueza, cultura e por ter uma forte ligação com o Império Romano.

Durante o domínio romano, Esmirna se tornou um centro de idolatria oficial, conhecida como Guardião do Templo (grego, neokoros). Foi a primeira cidade da Ásia a construir um templo para a adoração da cidade (deusa) de Roma (195 a.C.).

A Diana dos romanos (Ártemis, dos gregos), era a deusa-virgem da lua, irmã gêmea de Apolo, poderosa caçadora e protetora das cidades, dos animais e das mulheres.

Em 26 d.C., foi escolhida como local do templo ao imperador Tibério. Foram descobertas imagens, na praça principal da cidade, de Posêidon (deus grego do mar) e de Deméter (deusa grega). 

II. ESMIRNA, UMA IGREJA MÁRTIR 

1. Aquele que morreu e ressuscitou sabe o que é ser mártir. Ap 2.8 “E ao anjo da igreja em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu.” 

Estas coisas diz o primeiro e o último (8): Jesus começa esta carta com as palavras de 1.17, frisando a Sua eternidade. 

2.  A Igreja em Esmirna. Esmirna representa a Igreja Perseguida: entre 100 a 312 d.C. Este tempo foi conhecido como a ‘Era dos Mártires’, em que muitos cristãos morreram por sua fé. 

2. Uma Igreja sofredora. A Igreja de Esmirna, é caracterizada pelo seu sofrimento, mas também pela sua riqueza espiritual. Jesus, na sua carta, reconhece a sua aflição e as difamações dos que se dizem judeus, mas também enfatiza a sua riqueza interior. A Igreja é chamada a permanecer fiel até a morte, recebendo como recompensa a vida eterna. 

2.1. Tribulação. A marca do sofrimento. A primeira marca de uma Igreja, ou de um cristão, que Deus aprecia é o amor (Éfeso), a segunda é o sofrimento (Esmirna). Uma é naturalmente consequência da outra.

A Igreja estava passando por um momento muito difícil, visto que a pressão era muito grande, estava forçando-a a abandonar a fé cristã.

Os cristãos estavam sendo perseguidos, pois eles estavam sendo obrigados a adorar o imperador como Deus. Muitos cristãos estavam sendo mortos por causa de sua fé em Cristo. 

2.2. Designados para a perseguição. 1ª Ts 3.3 “para que ninguém seja abalado por estas tribulações; porque vós mesmo sabeis que para isto fomos destinados.” 

Tribulação, perseguição e aflição são fatos que fazem parte da vida cristã. Deus não nos chamou para uma vida de mar de rosas, mas para sofrermos o restante das aflições de Cristo. 

At 5.40-42 “E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. 41 Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo seu nome. 42 E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.” 

2.3. A disposição de sofrer prova a autenticidade do amor. Quando lemos o texto bíblico referente a esta Igreja, logo percebemos que sim é possível ser fiel até a morte, mesmo passando por provações e perseguições. Aqui vemos uma Igreja sofredora, perseguida, caluniada, aprisionada, enfrentando a própria morte, mas uma Igreja fiel que só recebe elogios de Cristo. 

2.4. Estamos dispostos a sofrer apenas por aqueles que amamos. A prova de que os crentes de Esmirna não tinham perdido o primeiro amor, como haviam perdido os crentes de Éfeso, estava no fato de eles estarem preparados e dispostos a sofrerem pelo Senhor, seja em um contexto familiar, amoroso, de amizade ou de compromisso. 

2.5. Os bem-aventurados. Mateus 5.1-12 “Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, 2 e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:  3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. 4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. 5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. 8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. 12 Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.” 

No verso 10, Jesus promete o Reino dos céus àqueles que forem perseguidos por causa da justiça. Mt 6.33 “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” 

Nessa palavra está implícita a glória do cristão que é a sua coroa.

Tg 1.12 “Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.” 

Ap 2.10 “Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” 

Ap 3.11 “Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” 

2ª Tm 4.8 “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” 

2.5. O preço de uma vida piedosa. 2ª Tm 3.12 “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições.” 

Quanto mais o cristão procura santificar-se, pregar a Palavra, orar, jejuar, contribuir com a obra Senhor, parece que as lutas mais aumentam. Uma vida piedosa e consagrada a Deus tem como preço as perseguições, problemas e dissabores. 

2. Pobreza. A pobreza dos cristãos em Esmirna era por causa da tribulação que eles estavam passando, visto que muitos deles eram escravos, de classe baixa e os bens materiais foram tomados pelos perseguidores. 

3. Difamação. A igreja de Esmirna sofreu calúnias, difamações e acusações pelos judeus, que espalharam mentiras a respeito da Igreja e contaminando outras pessoas com acusações essas graves.

A Igreja Perseguida hoje: cerca de 20 cristãos são mortos por dia, num total de 7.300 mártires por ano.

O diabo estava influenciando os judeus a perseguir a Igreja e a ficar atacando, pois ele é o pai mentiroso e o acusador.

João 8.44 “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” 

CONCLUSÃO:

Ainda hoje existe a Igreja Perseguida. Cristãos são proibidos de pregar o evangelho em muitas nações. Mas até mesmo dentro das igrejas existe a perseguição. Jesus disse que seria para nós uma honra ser perseguidos como Ele foi (Mateus 5.11,12). 

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau -SC