TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 20 de junho de 2012

OS FARISEUS CORROMPEM O EVANGELHO







Quais são as artimanhas que os legalistas fariseus mais fazem numa vida, numa igreja, ou numa denominação? Como eles entram e quem são eles? Além disso, por que são eficazes?


Encontramos pelo menos três armas usadas pelos legalistas para conturbar a igreja de cristo – são elas: heresias doutrinárias, perseguição eclesiástica e hipocrisias pessoais. Vamos analisar aqueles que perturbam e distorcem o evangelho.

O período que Paulo esteve em Éfeso e a subseqüente viagem através da Macedônia até Corinto são marcados, entre outras coisas, pela “preocupação… por todas as igrejas” (2ª Co 11.28). Essas palavras não expressam, simplesmente, a constante preocupação do apóstolo pelas igrejas cristãs, mas também fazem referência aos grandes problemas que surgiram nas comunidades, como provam Gálatas, Colossenses, Filemon. Os escritos paulinos nos deixam bem claro, acerca de posições polêmicas no campo missionário. A controvérsia a respeito da lei e de sua validade trouxe um transtorno para Paulo.

Em primeiro lugar, Paulo defende a autenticidade do evangelho pregado aos gálatas, insistindo que sua missão a havia recebido de Deus por meio de Jesus Cristo e não de homens.

“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” (Gl 1.1).

Com isso, ele se defende de uma acusação (1.10). É necessário que Paulo utilize da autoridade do nome de Cristo e de Deus Pai, que são formulações de fé, para combater seus os inimigos do evangelho.

Deus “chamou” os gálatas, por meio do Evangelho de Cristo para o novo estado salvício (1.6 5.8), para o estado da “graça de Cristo” ou de “Deus” (1.6; 2.21; 5.4). Este estado fundamenta-se unicamente na “cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (6.14). Agora, contudo, existe o perigo de que os gálatas já tivessem caído dessa graça (1.6; 5.4), pelo fato de serem seduzidos pelos judaizantes (1.7; 3.1; 5.10), terem eliminado o escândalo da cruz (5.11), crendo que o evangelho ensinado por Paulo, precisasse de um complemento (5.3; 6.12).



“Admira-me de que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. O qual não é outro, senão há alguns que vos inquietam e querem transformar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo vindo do céu vos anuncie outro evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema, ou maldito. Assim, como já dissemos, e agora repetimos, alguém que vos prega Evangelho que vá além daquele que recebeste, seja anátema” (isto é, maldito). Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1.6-10).

Paulo estava decepcionado com o fato de muitos recém convertidos estarem seguindo falsos mestres que ensinavam um “outro” evangelho (gr. heteros), isto é, “outro de um tipo diferente”. O evangelho pregado pelos opositores de Paulo era um Evangelho “corrompido, distorcido ou pervertido”. Homens de mente pobre e vazia que queriam mudar o evangelho acrescentado às leis dos judaizantes. O apóstolo foi categórico ao chamar a falsa doutrina desses heréticos de “outro evangelho”, isto é, sem vínculo com Cristo ressuscitado, revelado no Novo Testamento. Este evangelho diferente consistia não somente em crer em Cristo, mas também ligar-se à fé judaica mediante a circuncisão (5.2), as obras da lei (3.5) e a guarda dos dias judaicos (4.10). Estes ensinos envolviam outros ensinos além da justificação pela fé. Falsos ensinos continuam sendo muito persuasivos. Paulo advertiu os gálatas que o evangelho que os pregadores estavam ensinando era “outro” (gr. allos) “um outro do mesmo tipo”. “Outro”, Paulo refere-se ao joio que o diabo semeou no meio do trigo (Mt 13.25-26). O verdadeiro evangelho, que vem de Deus, segundo Cristo, e não ligados com as obras da lei.

A palavra “anátema” (gr. anathema) significa alguém que está sob maldição divina, condenado à destruição e que será alvo da ira divina e da condenação eterna. Aqueles que corrompem o evangelho, Paulo chama-os de “Anátema”, ou “maldito”. O fato de o apóstolo amaldiçoar duas vezes esses hereges mostra a seriedade do assunto. Estavam propagando outro evangelho, privando os cristãos da liberdade com que Jesus nos libertou, transferindo para o homem a honra e a glória que pertence exclusivamente a Deus, oferecendo a salvação por meio de recursos humanos. Eis porque Paulo foi tão contundente com esses hereges.

Malditos (“anátema”) são todos que pregam um evangelho contrário à mensagem que Paulo pregava de acordo com a revelação que Cristo lhe dera (vv. 11-12). Quem acrescenta ou tira algo do evangelho original e fundamental de Cristo e dos apóstolos, ficam sujeitos à maldição divina: “Deus tirará a sua parte do livro da vida” (Ap 22.18-19).

O apóstolo Paulo, inspirada pelo Espírito Santo, revela a atitude, de julgamento e indignação para com aqueles que procuram perverter o evangelho original de Cristo (v. 7) e mudar a verdade do testemunho apostólico. Igual atitude evidenciava-se Jesus Cristo contra os falsos líderes religiosos que rejeitavam em parte a Palavra de Deus, substituindo a revelação divina por suas próprias idéias e interpretações (Mt 23; Mc 7.6-9).

Os Gálatas eram filhos na fé de Paulo e, além disso, o apóstolo amava de verdade. Paulo estava lidando com algo muito nocivo à igreja. Diante disso ele precisava realmente ser muito duro com eles. Aqui ele deixa claro que não tinha nada pessoal contra eles; o assunto tinha a ver com a verdade do evangelho.

Os fariseus estavam perturbando a outros e distorcendo a verdade enquanto espalhavam heresias doutrinárias. Sua mensagem herética era que os gálatas cristãos deviam permitir que Moisés terminasse o que Cristo havia começado. Em outras palavras, a salvação não vem pela fé apenas ela exige obras. O empreendimento humano deve acompanhar a fé sincera antes que você possa ter certeza da sua salvação. Continuamos a ouvir esse “evangelho diferente” até hoje e ele é uma mentira. A teologia que defende a salvação apoiada no desempenho humano não representa boas novas, e sim, um engano. É heresia. Atingiu o ponto crucial do problema: a situação de distanciamento do Evangelho em que se encontrava a Igreja.

Para os reformadores, somente a Escritura Sagrada tem a palavra final em matéria de fé e prática: Sola fide – fé somente.

A salvação que começa com amor de Deus estendendo-se à humanidade perdida e é em prática pela morte e ressurreição de Cristo resulta em todo o louvor sendo dado a Deus. Mas, a salvação que inclui ritos e práticas humanas, trabalho árduo, esforço pessoal e até mesmo rito religiosos distorce as boas novas porque o homem recebe a glória e não Deus. O problema é que ela apela para a carne.

Paulo está admirado com a susceptibilidade dos gálatas aos argumentos dos oponentes. Eles também foram chamados para o evangelho de Cristo, mas tão depressa mudaram para “outro evangelho”, isto é, um evangelho adulterado. A Bíblia afirma claramente que há um só Evangelho, “O Evangelho de Cristo”, e esse Evangelho nos veio pela revelação de Jesus, e pela inspiração do Espírito Santo. Mas alguns vos inquietam vos perturbam, e querem mudar o Evangelho. O Evangelho é definido e revelado na Bíblia, a Palavra de Deus. Evangelho quer dizer: “Boas Novas de Salvação”.

É notório ver em nossos dias, igrejas que têm surgido por revelações trazidas por anjos, dizendo que são de Deus, mas totalmente fora da Sua Palavra. È por isso que Paulo diz em 2ª Co 11.14 que Satanás se transfigura em anjo de luz. Devemos ter certo cuidado com este tipo de revelação, trazida por “anjos” e, que se encontra fora da Palavra, todavia não é de Deus, senão do Diabo.

Deus ordena os crentes a defender a fé (Jd 3), a corrigir os errados com amor (2ª Tm 2.25-26) e a separarem-se dos falsos mestres, que na igreja negam as verdades bíblicas fundamentais ensinadas por Jesus e os apóstolos (Rm 16.17-18); 2ª Co 6.17). Essas verdades incluem: a salvação pela graça mediante a fé em Cristo como Senhor e Salvador efetuada pela expiação através de sua morte e do Seu sangue (Rm 3.24-25; 5.10).

O Evangelho que Paulo apresenta aos Gálatas (1.9), é o tema central apresentado na forma concreta do evangelho ensinado por Cristo Jesus: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. Faço -vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.10-12).

Os fariseus eram aproveitadores, que procuravam agradar os irmãos da galáxia, na tentativa de persuadi-los a adotar a religião judaica. Eles não estavam preocupados com o bem estar espiritual desses irmãos, antes queriam ser adulados pelos gálatas: “para que vós tenhais zelo por eles”.

Grande parte do clero religioso está sofrendo porque seus líderes não tomam uma posição com respeito às verdades bíblicas. Falta-lhes coragem, hombridade, temor com as coisas santas do Criador. Agem como se a obra de Deus fosse algo sem importância. Mas não sabem que serão condenados pelo pecado de timidez e da mentira (Ap 21.8).

Os legalistas não ensinam às suas congregações a agradar a Deus, porém, são elas ensinadas para agradar o líder e não o Senhor da Igreja que é Cristo. Talvez você pergunte, mas por quê? Experimente a descumprir uma das regras de suas cartilhas para ver o que acontece. Você será disciplinado publicamente. Mas, se você mentir, roubar, deixar de dar o dízimo, falar mal do irmão não enfrentará nenhuma disciplina. Bem o que fala Jesus para os fariseus: “Vocês engolem um camelo, mas escoam um mosquito. Infelizmente os fariseus procedem desta maneira. Isso é lamentável. As congregações precisam aprender a temer a Deus, as sãs doutrinas, uma verdadeira adoração a respeitar uns aos outros, não se corromper com o pecado. Os ministros têm esse dever de ensinar as coisas certas e têm esta responsabilidade, e não há qualquer dúvida sobre isso. Mas, a tragédia é que existem inúmeros “ministros” que procuram o favor e procura agradar a qualquer preço os homens através de suas regras nominativas e extra-bíblicas”.

A grande maioria dos líderes labuta para defender seus cargos, seus interesses, suas tradições. Os ministros foram chamados para uma vocação santa e digna, mas para ministrar as Verdades da Santa Palavra de Deus e defender a Noiva de Cristo contra os ataques do diabo e de seus ministros. Todavia, isto não é priorizado se as mensagens são apenas bajulações de comodismo, deixando de lado a pregação genuína do Evangelho.

Na falta de entendimento do sentido do evangelho, por outro lado, cria-se uma igreja imatura que dificilmente experimentará um crescimento normal não sendo capaz de transmitir o evangelho de forma que faça sentido ao restante do grupo. Um dos grandes desafios que temos perante nós hoje é aprender com o nosso passado e pregar um evangelho que faça sentido na sociedade.

A falta de critério sadio e benéfico no corpo de Cristo tem trazido sérios prejuízos á Igreja, pois estão deixando de lado a Palavra de Deus para seguir suas regras, conceitos pessoais e denominacionais.

Os acusadores do apóstolo diziam que Paulo procurava agradar aos gentios pregando-lhes uma mensagem e, da mesma forma, aos judeus, pregando outro evangelho. O apóstolo declara que seu compromisso era com Deus, e não com os homens (v. 10).

“Aquilo que anunciamos a vocês não se baseia em erros ou em má intenção; e também não tentamos enganar ninguém. Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções” (1ª Ts 2.3-4 - NTLH).

A mensagem de Paulo era fiel, verdadeira e sem engano. A sua doutrina era sã, pura e inalienável, pois seu compromisso era com Deus e não com os homens.

Uma grande falha da igreja nos dias de hoje, é a tendência de algum líder que procura acomodar o evangelho as doutrinas humanas (tradições) como meio de salvação. O apóstolo Paulo sabia que isto acabaria destruindo a mensagem de Cristo. Paulo esforça-se para mostrar aos crentes que o simples evangelho é suficiente para suprir as necessidades deste mundo. É tudo que o ex-fariseu Paulo tem usado em qualquer ocasião no estabelecimento do reino de Deus. Ele prega nada mais do que Jesus Cristo crucificado, morto, mas ao terceiro dia ressurreto.

Uma situação semelhante existe hoje. Há pregadores que aceitam as hipóteses e as especulações tradicionalistas ou filosóficas tais como humanismo, legalismo, liberalismo de doutrina, sem questioná-las, colocam o Evangelho dentro de suas idéias. A mistura deste todo não é Evangelho, mas sim, uma distorção da verdade, feita pelos homens. O Evangelho de Cristo não deve ser de modo algum, acomodado a qualquer sistema humano.

Todo e qualquer movimento religioso que põe a revelação particular e a experiência pessoal acima da revelação divina através da Bíblia Sagrada, cai em graves erros de interpretação da doutrina cristã. É o que está acontecendo com determinadas igrejas cristãs nos dias atuais. Vão além do que está escrito: Paulo estava percebendo que a exigência de guardar a lei na igreja dos gálatas estava além do Evangelho, isto é, adulterando o Evangelho genuíno de Jesus Cristo. Quaisquer ensinamentos, doutrinas ou idéias originados em pessoas, ou revelações, que não estejam expressos e mediante a Palavra de Deus, não podem ser incluídas no Evangelho. Misturá-los com o conteúdo original do Evangelho é transtornar ou adulterar o Evangelho, e esses não herdarão o reino de Deus. (1ª Co 6.9-10).

“Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a Palavra de Deus; antes recomendamos à consciência de todo o homem na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2ª Co 4.2).

Certas aberrações surgem por ministros sem formação básica da Palavra de Deus ou pseudo-revelação. O apóstolo Pedro ao escrever a sua segunda epístola diz:

“Ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, decaiais da vossa própria firmeza” (2ª Pe 3.16-17).

Para os líderes que recebem o ministério de ensino Deus se compromete em revelá-los, mas para aqueles que se intrometem naquilo que não são chamados se torna difícil de entender e por sua ignorância deturpam as Escrituras para sua própria condenação. Pedro o apóstolo que aprendeu com o Mestre dos mestres, traça-nos um caminho para não sermos enganados: “crescei na graça e no conhecimento”.

Muitos que estão em liderança pensam que estão agradando a Deus, mas na realidade estão perdidos dentro de sua própria religião. Por quê? Porque não têm o discernimento das Santas Escrituras para ensinar os outros. Para termos uma boa interpretação precisamos do auxilio do Espírito Santo e do auxílio externo que é a hermenêutica bíblica. Além disso, o líder precisa ter uma chamada, o conhecimento correto e a experiência com Deus para não ser reprovado e, por fim, condenado ao lago de fogo. Pedro admoesta a igreja para estar de sobreaviso e não cair nas heresias dos insubordinados e heréticos que terão um fim trágico.

A segunda carta de Pedro foi escrita para avisar do perigo de divisões na igreja, causado por falsos mestres, que nela viriam introduzir-se no futuro.
“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até a ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmo repentina destruição” (2ª Pe 2.1).

O diabo falhou ao tentar a igreja primitiva por ataque externo através das injúrias, injustiças e abusos das autoridades pagãs do Império Romano. Agora, o apóstolo prediz uma tentativa de destruição interna, quando escreve: “haverá entre vós falsos mestres”.

O grande apóstolo, antes do seu martírio em 68 a.D., numa última tentativa, escreveu à igreja despertando-a ao dever de guardar a sã doutrina. Pedro não desejava pregar uma nova doutrina, mas simplesmente exortá-los a estarem vigilantes e bem armados para que ninguém viesse arrastá-los pelo erro destes insubordinados, levando-os a cair da alcançada graça em Cristo, (2ª Pe 3.17). Para evitar este perigo eles precisam “crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (3.18).

O crente deve ter um bom conhecimento da Palavra de Deus, para não ser vítima de heresias. Por isso, cada crente deverá estudá-la com amor e dedicação, de modo sistemático, com a ajuda do Espírito Santo.

[...] Nem sempre é fácil distinguir princípios salutares no legalismo carnal. Todavia, sejamos corajosos para reconhecer: considerável parte da tradição observada em muitas igrejas não passa de um cristianismo mal assimilado, que aflora em invencionices. Se o que está na Palavra é o bastante para tornar-nos idoneamente crescidos, então, para que dogmatizar um jugo espiritual incrustado de ordenanças meramente humanas? Mesmo admitindo isto, não dever-se-ia, porventura, dar ouvidos a imutável voz divina? “Tudo o que eu te ordeno, observarás, nada lhe acrescentarás nem diminuirás” (Dt 12.32). Se você já ouviu alguém dizer que fulano morreu amarrado e queimado em um acidente de carro sem poder sair, a dor no inferno para os falsos ensinadores será a mais terrível que se possa imaginar. Não existe comparação aqui neste mundo e, mesmo muitos sabendo que irão para lá, não aceitam a verdade da Palavra de Deus como ela é. Mudar o Evangelho é um dos piores pecados contra Deus é comparado ao pecado de feitiçaria.

A fé que muitos aceitam está direcionada a uma ortodoxia estéril; tão inútil quanto uma nuvem sem chuva. Talvez esta seja a explicação do angustiante caos em que vivem certos crentes. A graça de Deus é tanto a raiz quanto o alvo da experiência cristã. Se você deseja chegar ao porto seguro da maturidade, rejeite veementemente o sinuoso atalho dos rudimentos carnais. Trivialidades legalistas são incompatíveis com uma crescente vida com Deus” [DR. ISMAEL SANTOS].

Embora se passasse quase dois mil anos, as perturbações continuam. Quase todos os cultos que se podem nomear são um culto de salvação por obras. O apelo é para a carne. Você aprende que, se obedecer toda a cartilha e regras imposta pela igreja, se você se apresentar sempre nos cultos de paletó e gravata, então as suas obras e esforço árduo irão fazer com que Deus sorria para você. O resultado, repito, é a glória do homem, porque você acrescentou algo à sua salvação. Todavia, a doutrina herética das obras corre o mundo e sempre correrá, porque este é o trabalho do diabo usando os falsos mestres para desviar o salvo do caminho certo.

Este tipo de evangelho é legalista, farisaísmo, fanatismo. Desperte para o fato de que ele o colocará numa síndrome de escravidão sem fim. O verdadeiro evangelho da graça, porém, libertará a você. Ficará livre para sempre!

Geralmente é difícil reconhecer um falso mestre apenas pela sua aparência. Apresentando como crente sincero e fiel, não fala de uma religião diferente, mas alega que tem uma revelação mais profunda da verdade. O falso mestre é astucioso; ele infiltra-se no meio dos crentes sem ser notado como tal. É preciso, pois estar atento para não ser atingido pelo mesmo. O segundo indicio de falsidade dos enganadores, dado pelo apóstolo é sumário dos seus ensinos. A mensagem dos enganadores geralmente é uma perversão da verdade impregnada na linguagem da igreja.

O crente, especialmente o obreiro, tem o direito de examinar aquilo que procura entrar em sua casa e atingir sua família. Isso inclui não somente falsos ensinos, mas também a má literatura e visitantes que danificam o fundamento espiritual do lar. Qualquer coisa que afaste a família de Deus não deve ter acolhida em casa.
A Bíblia ensina a família para não permitir que os falsos mestres entrem em sua casa, pois eles introduzirão aí suas doutrinas errôneas. Paulo também lamenta que falsos mestres enganosamente se infiltraram em certas casas, pervertendo a fé de muitos.
A melhor maneira de proteger as nossas famílias de ensinos errôneos além de evitar os falsificadores da Palavra de Deus, é viver em comunhão com aqueles que vivem e ensinam a verdade bíblica.

Aqueles que são de Deus receberam d’Ele entendimento sobre a verdade. 
“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em Seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (João 5.20).

Aos Colossenses 2.6-7, Paulo insiste que devemos andar de acordo com o evangelho, a fim de ficarmos arraigados, edificados e firmados na Palavra de Deus. Entretanto, a mensagem dos agentes de Satanás é sempre contra tudo o que cremos, pregamos e praticamos. Às vezes há alguns pontos aparentemente comuns entre nós e eles, e nisso reside o perigo, visto que é por onde tais ensinos se introduzem.

Concluímos que repetidas advertências não serão suficientes para afastar a ameaça do tradicionalismo e legalismo. Precisamos ser vigilantes, devemos diariamente rogar a Deus por sua proteção. A história da igreja confirma nossa conclusão. Faltando perseguição e líderes consagrados e comprometidos com a Palavra, a igreja não tem força própria para se reformar. Jesus a comparou a uma figueira que, ainda que tivesse a aparência, idade e tamanho para produzir fruto, nada de valor tinha para oferecer a seu dono (Lc 13.6-9). O viticultor, perdendo a paciência, manda cortar a figueira. Só o fruto satisfará o Senhor da Igreja (v. 9). Por isso, Lutero sabiamente reconheceu que a Igreja necessita de reforma constante. A organização eclesiástica que combate todo o incentivo divino que a levaria a voltar à prática das primeiras obras (Ap 2.5), que Deus levante homens consagrados para combater os heréticos e ensinar a Palavra da Verdade corretamente. Amém!

Pr. Elias Ribas
Blumenau – SC.




quinta-feira, 14 de junho de 2012

O APÓSTOLO PAULO EM DEFESA DO EVANGELHO


Os fariseus foram os principais perseguidores do apóstolo Paulo; acusavam no pregar contra a lei (At 21.28; Gl 2.4-5). Eles perturbavam as igrejas em Antioquia da Síria e na Galácia, ensinando que os novos convertidos deviam viver como judeus para serem salvos (At 15.5). Parece que os tais apresentavam-se como enviados de Tiago (Gl 2.12). No entanto, apesar de haverem saído de Jerusalém, não se achavam autorizados a falar em nome de Tiago (At 15.24).
A Igreja aos Gálatas foi a mais atacada com respeito às tradições judaicas. Então Paulo esclarece o seguinte:

“Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito. Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o Evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou de ter corrido em vão. Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se. E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão. Aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do Evangelho permanecesse em vós. E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa, nada me acrescentaram” (Gl 2.1-6).

Conheço poucas passagens que exponham mais ousadamente a influência prejudicial do farisaísmo. Segundo os ensinos de Paulo, os fariseus não só perturbava o ensino genuíno do evangelho, mas também distorciam as verdades segundo o Novo Testamento. Estamos agora considerando aqueles que espreitam e escravizam os indivíduos que querem ser livres por Cristo.

“Quatorze anos antes...”, o apóstolo Paulo recebera uma revelação direta de Deus, no sentido de que fora chamado para ministrar especialmente aos gentios. Pedro fora chamado para evangelizar especialmente os judeus. Uma grande dúvida surgiu do contado de Paulo com os gentios: O gentio deveria ser circuncidado para tornar-se cristão? Havia umas questões relacionadas com esse fato. Deveria ele manter certo tipo de alimentação? Deveria cumprir as tradições dos judaizantes? Deveria cumprir os preceitos da lei de Moisés? Dever-se-ia semelhante aos judeus? Em outras palavras, era necessário que Moisés completasse o que Cristo havia iniciado? Paulo nega isso enfaticamente. Assim sendo, ele apresentou o evangelho de Cristo baseado na mensagem da graça. Não é de admirar que os gentios respondessem aos milhares. Isso levou os crentes judeus a ficarem um tanto nervosos, especialmente os que mantinham uma posição mais legalista quanto à salvação.

Já ouvimos muitos dizerem que temos que seguir os pais da igreja, os pilares da igreja. Então vamos ouvir o que eles nos respondem quanto a isso. Precisamos da sabedoria amadurecida deles. Depois de 14 anos, Paulo volta a Jerusalém, onde estavam as colunas da Igreja, Paulo, Tiago e os demais apóstolos (At 2.8-9) e com eles se reúne para tratar daquele assunto de tanta seriedade, levando em sua companhia Barnabé (um judeu circuncidado) e Tito (um gentio incircunciso), sendo ambos crentes no Senhor Jesus Cristo como Salvador. Paulo nos conta o que fez ao chegar: “...lhes expus o evangelho que prego entre os gentios e particularmente aos que estavam em estima, para que de maneira alguma não corressem ou não tivessem corrido em vão” (Gl 2.2).

Os judeus queriam de toda forma que os gentios participassem da circuncisão, como demonstração de obediência à lei. Aqueles judeus não abriam mão do cumprimento da lei.
Paulo, então, vem com toda a sua disposição e coragem defender a verdade do evangelho. Dessa forma, Paulo estava isentando os gentios das pretensões dos legalistas. Paulo queria que os judeus entendessem que a graça salvadora de Jesus Cristo era suficiente, e não em códigos e leis, rituais ou costumes desse ou daquele grupo religioso.

Paulo defendeu o verdadeiro evangelho da graça diante dos líderes da igreja, em Jerusalém. Isto nos assegura que ele chegou com uma atitude aberta, dizendo, com efeito: “Homens, quero que saibam que tenho ensinado as boas novas de Cristo segundo a graça. Estou certo ou preciso ser corrigido? A resposta deles foi em suma: “Você está certo. Aprovamos essa mensagem”. Mas no terceiro versículo ele diz: “Mas nem Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se”.

Você acha que os fariseus aceitam isso calmamente? De forma alguma. Eles rejeitaram os ensinos de Paulo e induziram os crentes da galácia a seguirem os preceitos de Moisés.

“E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham, intrometido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão: aos quais, nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre nós” (Gl 2.4-5).

Os falsos irmãos que Paulo está se referindo, são os judaizantes (At 15.1), judeus que tinham aceitado o batismo cristão, mas permaneciam legalistas militantes, impondo as leis mosaicas. Para Barnabé, que era judeu (At 4.36), a circuncisão não seria problema. Porém, Tito sendo grego, foi um risco que Paulo correu, mas não foi uma provação introduzir um incircunciso entre os judeus. Os judaizastes queriam que Tito fosse circuncidado. Encontramos a compreensão e a tolerância de Paulo com os fracos na fé, a ponto de circuncidar Timóteo (At 16.3); mas nessa reunião em Jerusalém, onde expôs o Evangelho que pregava aos gentios, ele não cedeu nem um pouco, nem por uma hora. Isso por duas razões: Tito era grego (portanto, gentio), e porque estava em risco a Verdade do Evangelho e o futuro do próprio cristianismo. Os judeus estavam usando a circuncisão como meio de salvação (At 15.1).

Precisamos fazer uma pausa e analisar as palavras “espreitar a nossa liberdade” (Gl 2.5). (O termo grego kataskopos é traduzido “espiar”). A. T. Robertson diz que significa “reconhecer, fazer uma investigação traiçoeira”. Por quê? Isso não é difícil de entender: Para escravizar! Havia alguns que não só se aborreciam com a liberdade de Paulo, mas também queriam que outros vivessem na mesma escravidão que eles.
Eram homens desprovidos da graça de Deus, intrometidos, pois não tinham chamada ministerial, nem entendimento espiritual e usados pelo diabo para tirar a liberdade dos crentes e com isso levá-los a escravidão humana. Se não existir liderança comprometida com o evangelho e com a verdade, o diabo introduz solapadamente as regras humanas na igreja, tornando-se uma seita.

Paulo não se intimidou e manteve-se inflexível na sua determinação. Com confiança ele procurou a liberdade que cada um daqueles convertidos gentios tinham o direito de reclamar. Ele enfrentou o legalismo e nós também devemos fazer isso. Estejam certos, os legalistas não recebem a mensagem, se você mostrar-se inseguro e for brando com eles. Não há necessidade de ser mesquinho, mas, sim de ser firme na Palavra.
Na ação dos judaizantes, os apóstolos viam dois problemas sérios: a ameaça á liberdade cristã e o perigo de o cristianismo, o tornar-se mera seita judaica. Os judaizantes alteraram o cerne do Evangelho, colocando a lei e ritos tradicionais como complemento da obra de Jesus no Calvário; era, de fato, “outro evangelho”, razão pela qual o apóstolo Paulo os censurou gravemente (Gl 1.8-9).

Existem pessoas que não querem nossa liberdade. Elas não querem que sejamos livres diante de Deus, aceitos como somos pela Sua graça. Elas não querem nossa liberdade para expressar a nossa fé de modo original e criativo no mundo. Elas querem controlar-nos; querem usar-nos para os seus propósitos.

Elas se recusam a viver abertamente a fé, mas tentam obter um senso de aprovação, insistindo que todos se pareçam, falem e agem do mesmo modo, validando assim seu mérito mútuo. Os tais se infiltram nas comunidades de fé para “espiar e estreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus” e com freqüência encontram meios de controlar, restringir e reduzir a vida dos cristãos livres. Sem perceber, ficamos ansiosos sobre o que os outros dirão a nosso respeito, obsessivamente preocupados com o que os outros acham que devemos fazer. Não vivemos mais as boas novas, mas tentamos ansiosamente memorizar e recitar o roteiro que alguém nos designou. Em algumas circunstâncias podemos nos sentir seguros, mas não seremos livres. Podemos sobreviver como uma comunidade religiosa como os fariseus da época de Jesus viviam, mas não experimentaremos o que significa ser humanos, vivendo em fé e amor, expansivos em nossa esperança.

Paulo diz: “Aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do Evangelho permanecesse em vós” (v. 5).

Cada indivíduo livre, das tradições, que se beneficia da coragem de Paulo, irá continuar vigilante no movimento de resistência formado por ele.
É claro em At 21.20 que Paulo apoiava a continuação pelos judeus da cerimônia da circuncisão e do cumprimento da lei. Porém, para os gentios que tinham aceitado o evangelho, a obrigação de passar pela circuncisão, para garantir a salvação, era anular a graça de Deus e tornar vã a morte de Cristo (Gl 2.21). O rito em si, tanto da circuncisão como o batismo, não tem valor (cf 1ª Co 10.1-12). Mas a fé que atua pelo amor.

As marcas do corpo não têm valor algum para quem está em Jesus: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5.6). Paulo declara que aquilo que o levou a pôr toda sua confiança na fé para a salvação foi a revelação do Salvador que tão profundamente o amou (Rm 5.8; 8.32). Observe a relação inquebrável entre, fé amor e esperança.
Os fariseus queriam levar a igreja da Galácia para um ritual passado, não para glorificar a Deus, mas para se gloriarem na sua carne.

“Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!” (Gl 6.13-18).

Tanto nos tempos de Paulo e como agora, um dos problemas mais sérios que afeta a igreja é o legalismo, que arrebata o gozo do Senhor da vida do crente e com o gozo se vai o verdadeiro poder para adorar a Deus “em espírito e em verdade”.
O legalismo é uma atitude carnal que se conforma a um código, com o propósito de exaltar a pessoa, ou seja, exaltar a si mesmo e ganhar méritos, ao invés de glorificar a Deus pelo que Ele tem feito; e o poder é a carne, não o espírito, que produz resultados externos somente similares à verdadeira santidade. Os resultados são, na melhor das hipóteses, falsificações e não podem jamais aproximar a santificação genuína, por motivo da atitude carnal e legalista.

Entre os fariseus convertidos na igreja de Jerusalém, houve os que insistiram na submissão da lei para se salvarem. Eram os “zelosos da lei mosaica” (cf. At 21.20) ou judaizastes. Mas Paulo que era comprometido com o evangelho de Jesus não podia aceitar a mistura no cristianismo.

A Bíblia, particularmente o Novo Testamento, não é a Verdade para os seguidores do farisaísmo, porque se dizem cristãos? Seria melhor e mais coerente declararem-se prosélitos do judaísmo e partidários da seita dos fariseus, porque seriam muito mais claramente entendidos pelos verdadeiros cristãos.

O crente salvo tem as marcas de Cristo (2ª Co 11.23-27), que são as marcas provenientes da perseguição em contraste com a marca da circuncisão imposta pelos judeus.
“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).

O que importa na vida cristã é a obediência porque comprova a existência do amor e fé. Existem crentes que se apegam nas coisas físicas e carnais e esquecem-se das espirituais. Paulo diz que não é a circuncisão, e nem incircuncisão, não é um rito exterior que vai garantir a nossa salvação, mas ser uma nova criatura em Deus. Não é pela aparência exterior que julgamos se somos salvos ou não. Jesus mesmo ensinou seus discípulos dizendo: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela Justiça”. (Jo 7.25). Os fariseus julgavam pelas aparências, mas Jesus nos ensinou que não é assim o verdadeiro julgamento. A justiça é as vestes do cristão salvo, o fruto do Espírito e bom caráter e separação das concupiscências carnais é que irão mostrar a diferença do cristão salvo, santo e regenerado.

I.      TRÊS ADJETIVO QUE PAULO USA PARA OS FALSOS OBREIROS


“Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão!” (Fl 3.2-12).

O apóstolo Paulo difere aqui uma série de críticas aos adversários com o fim de alertar os filipenses.
Acautelai (no gr. blepo), ter o poder de entender, ver, discernir; prevenir; precaver; evitar; vigiar resguardar defender; usar de cautela. O apóstolo Paulo usa três vezes esse termo para frisar o cuidado que devemos ter com certos líderes espirituais.

1. Cães. Quando Paulo chama certas pessoas de “cães” e “maus obreiros” eram os fariseus cristãos que acreditavam, erroneamente, ser essencial aos gentios a obediência a todas as leis judaicas do AT, especialmente a submissão ao rito da circuncisão, a fim de receberem a salvação. Muitos judaizantes estavam motivados apenas pelo orgulho espiritual. Por terem investido tanto tempo e esforço para conservar suas leis, não podiam aceitar o fato de que todos esses esforços não os levariam a um passo mais próximo da salvação.

Paulo critica os judaizantes por interpretarem o cristianismo de modo errôneo; acreditavam que o que os tornava crente era seu ato (a circuncisão – isto é, cortar e mutilar a carne), e não a dádiva da graça recebida gratuitamente de Cristo. Aquilo que os crentes fazem é o resultado de sua fé, não um pré-requisito para a fé, que já tinha sido confirmado no concílio em Jerusalém onze anos antes. Cristo é único valor para Paulo, os rituais e regras ficaram para traz.

Paulo pede que tenhamos cuidado com este tipo de pessoa. Eles estão nas igrejas, achando que as edificam, quando, na verdade, as desmontam com seu legalismo rancoroso. A graça, para eles, ficou na cruz, não podendo hoje ser mais ministrada. São cães, negativamente falando, porque não ouvem mais a voz de Deus. Quando a ouvem, é pela metade. Cuidado com eles. Seu cristianismo, sem graça, não é o de Cristo. Como os cães do Primeiro Testamento, eles se alimentam, não da comida pura de Deus, mas de restos estragados de um Evangelho mutilado.

2. Os maus obreiros. Foi Cristo quem deu dons espirituais as pessoas, a fim de edificar o corpo de Cristo. Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir um corpo espiritual. É ele quem faz com que o corpo todo fique bem ajustado e todas as partes fiquem ligadas entre si por meio da união de todas elas. E, assim, cada parte funciona bem, e o corpo todo cresce e desenvolve-se por meio do amor. A edificação do Corpo espiritual de Cristo é tarefa de todo aquele que recebeu de Deus um dom e o exercita.

Todos os membros do Corpo de Cristo são obreiros de Cristo. Podemos escolher ser bons ou maus obreiros. Os maus obreiros são aqueles que, não importando a sua função, buscam seus próprios interesses, usando sua fé ou a dos outros para benefício próprio.

Os maus obreiros são aqueles que fazem os outros tropeçarem. Há muitos cristãos que nunca conduziram uma pessoa a Cristo, mas já levaram, por palavras e atitudes, muitos para bem longe do Salvador.
Os maus obreiros têm uma doutrina correta, mas uma motivação errada. Têm um ministério correto, mas uma motivação errada. Por isto, continua válido o critério apostólico para se discernir um falso obreiro era verificar para quem apontava a mensagem: se para o mensageiro, ele era falso; se para Cristo, ele era verdadeiro. Os maus obreiros são aqueles que, por displicência ou por preguiça, fazem de qualquer maneira o trabalho que o Senhor lhes confiou. Suas mensagens são legalistas e por isto são maus obreiros.

3. Os da falsa circuncisão. O apóstolo Paulo refere-se aqui aos judaizantes, que achavam que os não judeus tinham que se fazerem judeus para se tornarem cristãos.
Há ainda cristãos tão legalistas que temos de nos perguntar se suas crenças são realmente cristãs. Os da falsa circuncisão, falsa porque feita de aparência, são os que, em nome de Jesus, machucam e ferem e maltratam os outros.

Constatamos em cultos em que há pregadores legalistas e radicais, que suas mensagens são vazias, pobres e sem conteúdo, e as igrejas que a ouvem não sentem a unção e brisa do Espírito Santo, pouco se ouve o glorificar, pois o Espírito de Deus não pode operar quem está fora da Palavra. Para conseguir mover os incautos na fé apelam pelos sermões bombalísticos do que pode e o que não pode (regras e princípios tradicionais). Entretanto, podemos discernir que este mover não é espiritual, mas um frenesi emocional causado pelo pregador e falta de maturidade pelos que ouvem.
Entendo também que muitos dos que participam dessas denominações estão oferecendo fogo estranho ao Senhor como fez “Nadabe e Abiú” (Lv 10.1-2).

O Espírito Santo não é Deus de confusão e sim de paz, como em todas as igrejas dos santos (1ª Co 14.33). Com esta base, podemos afirmar que este tipo de “mover espiritual” causado por sermões legalistas contrariando os ensinos de Jesus e dos apóstolos (Mt 15.1-3, 9; Mc 1.1-10; At 15; Cl 2.8, 16-23), não são do Espírito Santo, mas pelos artistas que pela artimanha de Satanás enganam as igrejas sem base bíblica.
Legalismo na história da teologia é a teoria de que um homem obtém e merece sua salvação fazendo boas obras ou obedecendo a lei.
Legalismo poderia ser definido como qualquer tentativa de apoiar-se no esforço próprio para obter ou manter nossa justificação diante de Deus.

II.   A CIRCUNCISÃO EXALTA A MANEIRA E PRÁTICAS RELIGIOSAS


O apóstolo refuta os judaizantes usando nomes pejorativos, e por fim, desqualifica a circuncisão da carne, recomendando um novo tipo de circuncisão feita no Espírito e não mais na carne.

“Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: (Fl 3.3-4).

[...] Segundo Werner de Boor a palavra “carne” aqui representa toda a religião produzida pessoalmente nas profundezas do coração e do estado de espírito. Essa “carne” pode ser sempre reconhecida no fato de que o ser humano continua voltado sobre si mesmo, confia em si mesmo e se gloria em si mesmo. “Carne” é sua natureza centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião, o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e gloria-o, até mesmo quando cita o nome de Deus.

1. A circuncisão é um rito carnal. “Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa” (Gl 4.23). “Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora” (Gl 4.29).

O apóstolo Paulo faz uma comparação entre o filho da escrava (Agar) e o filho da livre Sara. Ismael, filho de Agar, nasceu da carne. Isaque, filho de Sara, nasceu da promessa (Gn 21)
Paulo explica alegoricamente que Agar representa a Lei, assim como o Monte Sinai, local em que a Lei foi entregue a Moisés (4.25). A Lei, que é transitória, foi um AIO (3.24). Agar e o Sinai representam a escravidão (4.25).
E Isaque representa a liberdade. Portanto, há uma diferença muito grande entre o “judaísmo e o cristianismo”. Cristo é o responsável por isso. O ex-fariseu Paulo entendeu que somos salvos pela graça de Cristo, mas os crentes da galácia não conseguem compreender como ele.
Pela adoção em Cristo, somos herdeiros da mesma promessa de Abraão e filhos da Promessa (4.28). O apóstolo volta a sua pontaria para os “falsos irmãos” que perseguem os que são de Cristo, como Paulo, que perseguia em nome do Judaísmo, ou seja, a história se repete.
Sara mandou embora a escrava e seu filho (Gn 21.8-21). Ainda que tenha sido abençoado por Deus, Ismael era filho da escrava. Nós, porém, somos filho da Livre em Cristo Jesus (4.31) e herdeiros de todas as promessas que se cumprirão pelos séculos dos séculos!

2. Paulo associa insensatez ao apego à lei. No capitulo 3.1-5 de Gálatas Paulo diz: “Quando eu estava aí, ensinando a vocês a verdade, apresentei um salvador que todo o castigo pelos seus pecados. A sua morte e, subseqüente, ressurreição já foi o pagamento final de Deus pelos nossos pecados. Pagamento total! Tudo o que tem a fazer é crer que ele morreu e ressuscitou dos mortos por você. Ele foi publicamente exibido para que todos vissem, e agora a verdade pode ser declarada para que todos creiam. Vocês creram nisso certa vez e foram gloriosamente libertados. Mas, não agora. Quem levou a mudar da lealdade à glória de Deus para as opiniões humanas, da obra do Espírito para os efeitos da carne?”.

Paulo se lembra dos tempos obscuros do legalismo (período de obras mortas (3.2)). “Começar no Espírito e aperfeiçoar na carne” (3.3), para o Apóstolo Paulo não é um aperfeiçoamento, mas retrocesso; voltar para as obras da lei.

Paulo finaliza esta passagem revelando que o Espírito Santo, que opera milagres, que dá entendimento e que foi concedido mediante a Fé, está isento do cumprimento da lei (3.5). Ainda hoje, há algumas igrejas que têm introduzido práticas legalistas.

Foi muito difícil para a Igreja primitiva, constituída a princípio de judeus, aceitarem também que a porta da fé foi aberta aos nós gentios. Todos os pactos, a adoção de filhos, as alianças, as promessas e etc..., foram dados ao povo judeu: “Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa” (Rm 9.8).

Deus trouxe uma revelação bem clara ao apóstolo Pedro, através daquele lençol que descia do céu, com todo tipo de animais, que para os judeus eram imundos (At 10.9-48), que nós gentios também fomos feitos um com eles (Ef 2.14).

“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4-5).

Paulo nos convida a entender essa intimidade que a filiação com Deus nos proporciona. Entendendo essa filiação e o teor dessa declaração; Não são os filhos da carne que são filhos de Deus (Rm 9.8), mas os da promessa, os eleitos, é que são contados como descendência: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Por quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Rm 11.6-7).

No tempo de Deus, Cristo veio ao mundo humano, nascido de mulher e sob a lei. A lei foi nos dada primeiramente para que pudéssemos entender o valor e a extensão da graça por intermédio da adoção. Portanto, não somos escravos, mas Filhos de Deus e herdeiros de todas as bênçãos celestiais (4.7 - Ef 1.3).

“E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus. Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? (Gl 4.6-9).

Paulo tem a compreensão que o Judaísmo, ainda que tenha vindo de Abraão, passando por Moisés e os Profetas, agora já não tem mais valor. Paulo descreve esse período como “rudimentos fracos e pobres”.
Guardar dias, meses, tempos e anos (4.10) revela a facilidade com que os judeus guardavam a lei e as tradições. Neste cenário saudosista, Paulo questiona se o seu trabalho evangelístico não foi em vão (4.11). O apóstolo, sabiamente percebeu que o judaísmo foi estabelecido para que a compreensão de Cristo fosse mais profunda.

3. Paulo tinha todas as credenciais para se gloriar na lei:

a. Segundo a lei e seus direitos de nascimento: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl 3.4-6).

b. Segundo a graça ao escolher Cristo: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3.7-12).

Á primeira vista parece que Paulo está se gabando de suas realizações (vv. 4-6). Mas, na verdade, ele está fazendo o oposto quando mostra que as conquistas humanas, por mais surpreendentes que sejam não podem levar uma pessoa à salvação e à vida eterna com Deus. Paulo tinha credenciais impressionantes: origem, nacionalidade, formação familiar, herança, ortodoxia na religião, atividade e moralidade. Entretanto, sua conversão à fé em Cristo (At 9) não estava baseada no que havia feito, mas na graça de Jesus. Paulo não dependia de suas próprias obras para agradar a Deus, porque até as mais notáveis credenciais estão longe de se comparar aos santos padrões divinos. Será que você depende de pais cristãos, filiação à igreja, tutores para levar aos céus, ou apenas de ser bom para tornar-se agradável a Deus. Credenciais, realizações ou reputações, não trazem a salvação como um pagamento. A salvação vem pela fé genuína em Cristo.

Paulo alega em seu discurso, que poderia “confiar na carne”, pois gozava de títulos e privilégios. Paulo não fez. Com isso ele denuncia a fraqueza da lei. Para Paulo Cristo é o fim da lei. Desta oposição apresentada por Paulo, ele exorta a comunidade a ser seus imitadores como ele é de Cristo (Fl 3.17).

Quando Paulo fala de “o que para mim era ganho” (v. 7), está se referindo à suas credenciais, reputação e sucessos. Depois de mostrar que poderia vencer os judaizantes conforme as regras e padrões deles (pois demonstravam orgulho de sua identidade e realizações), Paulo mostrou que estavam errados. Tenha cuidado ao atribuir uma importância excessiva às realizações do passado, pois elas podem intervir em seu relacionamento com Deus.

Depois que Paulo avaliou o que havia conquistado em sua vida, disse que tudo aquilo era “perda” (v. 8) quando comparado à grandeza de conhecer a Cristo. Essa é uma profunda declaração a respeito de valores. Um relacionamento de uma pessoa com Cristo é mais importante do que qualquer outra coisa. Será que você está colocando algumas coisas acima de seu relacionamento com Cristo? Será que você está agradando a Cristo com tuas tradições?

Nenhuma medida de obediência à lei, aperfeiçoamento próprio, disciplina ou esforço religioso poderá nos tornar agradáveis a Deus. A justiça vem somente d’Ele.

Paulo está falando em uma renúncia de valores, renúncia dos odres velhos e dos remendos de panos novos em panos velhos, isto é uma renúncia passada (v. 13), um alvo para o presente (v. 14) A graça é o único valor para Paulo. O homem não deve mais confiar e por sua confiança no esforço humano, mas unicamente no sacrifício de Cristo.

Para herdarmos as promessas de Deus não devemos usar certos tipos de sacrifícios, quer sejas da lei mosaica ou humana. Paulo ao escrever aos Filipenses é claro neste ponto, pois não é a circuncisão literal, mas interior e espiritual.

O primeiro erro doutrinário que se infiltrou na igreja primitiva se chama “legalismo”, que é tentar agradar a Deus pela obediência a lei e as doutrinadas de homens, para deste modo obter a salvação.

“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (v. 6). Mas Paulo chegou à importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação, até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a justiça pela fé em Cristo Jesus (v.7).

Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas, depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode vir somente através de um relacionamento com Cristo (v.8).

[...] Alguns dos crentes de Filipos, embora salvos através da fé em Cristo, estavam tentando manter sua salvação pelo aperfeiçoamento de suas regras. Esta falta de entendimento resultou numa obediência a Deus baseado no medo, e isso tirou o gozo deles no Senhor. Paulo adiantou-se a explicar mais ainda que a verdadeira perfeição era impossível até para ele mesmo (v.12). Em Cristo o crente já é aceitável aos olhos de Deus; ele não tem que lutar para ser perfeito, de acordo com o padrão dos homens para ganhar o amor de Deus. É claro que Paulo não estava encorajando os crentes a viverem de maneira libertina. Ao contrário, ele os encorajava a serem crentes maduros, a viverem uma vida de obediência aos desejos de Deus, motivados por um profundo amor a Deus, não pelo medo de perder a salvação [CARL B. GIBBS P. 51].

Por preocupação, Paulo revê as noções básicas com estes crentes. A Bíblia é nossa salvaguarda, tanto moral como teologicamente falando. Quando a lemos individualmente ou em público, ela nos alerta para as correções que devem fazer em nossos pensamentos, atitudes e ações.

“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3.17-18).

Paulo nos mostra que aqueles que confiam na salvação pelas suas obras, tornam-se inimigos da Cruz de Cristo.
Os justos são justificados somente através do sangue de Cristo; a lei é para os transgressores citados no versículo 9 e 10, e Paulo acrescenta: “tudo quanto se opõe à sã doutrina”.

III. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO


“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).

O que seria importante para um cristão que deseja ter uma vida intima com Deus. Cumprir as regras humanas e secundárias? Não. A circuncisão nada é. O ato exterior não serve para santificar, pois é uma satisfação da carne. Mas guardar as ordenanças (ensinos e princípios) de Deus no coração, leva o homem ter uma comunhão intima com o Senhor.

[...] Alguns dos judeus crentes, havendo interpretado a lei para afirmar que a circuncisão era necessária para a salvação, começaram a dar demais importância a este ato simbólico. Da mesma maneira, hoje necessitamos ser cuidadoso para não permitir que rituais e cerimônias passem a ter valor como agente da salvação. Somente Cristo pode nos dar a salvação [GIBBS P. 74].

1. A circuncisão de Cristo. 
“No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. E quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos as ofensas. Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. (Cl 2.11-15).

A circuncisão na carne era um rito que tinha alto significado entre os judeus (Gn 17.10-12). A circuncisão física era um sinal do Antigo Testamento, concernente a uma aliança firmada entre Deus e o homem (Rm 4.11-12). Como já vimos em Atos dos Apóstolos, os convertidos ao cristianismo eram pressionados pelo legalismo judaico (At 15.10). Pedro teve de enfrentar a oposição (At 11.2). Paulo exortou-os dizendo: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo” (v. 11).

A circuncisão de Cristo” era (e é) espiritual (Rm 2.28-29). A circuncisão de Cristo (v. 11) não é um sinal corpóreo no crente, mas uma mudança de coração (Rm 2.28-29; Gl 6.15). Uma nova vida em Cristo, ou seja, o novo nascimento.

2. O batismo em Cristo. 
A Bíblia fala aqui do batismo espiritual, através do qual somos imersos no corpo de Cristo que é a igreja (Rm 6.3-5). É um batismo mediante “a fé no poder de Deus (v.12), e não mediante a água. No pecado, o homem é considerado morto para Deus. Na conversão, ele é regenerado (2ª Co 5.17), passa pela “circuncisão de Cristo” e, ao mesmo tempo, é batizado em Cristo. Esse batismo espiritual é confirmado mediante a profissão de fé, quando da realização do batismo em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Esse batismo espiritual é uma representação do novo nascimento espiritual (Jo 3.3-5), em que Deus justifica pela fé o pecador arrependido anulando toda sentença de condenação (2.14) e dando-lhe vitória sobre as forças do mal (2.15).

3. A circuncisão deve ser no coração.
Primeiro precisamos entender o termo empregado por Paulo. A palavra coração no Hebraico é leh. A raiz verbal significa “ganhar compreensão, criar juízo”. Quando Paulo fala de coração refere-se ao espírito onde está o controle do ser humano e a consciência. Paulo usa esta alegoria “coração” para mostrar que a salvação depende primeiramente da transformação do interior (espírito e mente) do homem.
O coração representa a força espiritual (Lm 3.41), como intimo da pessoa (Jr 17.10). Emprega a palavra para indicar a percepção (Jr 4.9); o pensamento (Ec 2.20); a memória (Sl 31.12) e a consciência (Jó 27.6).
O coração (consciência) é onde o homem toma todas as decisões da vida; o corpo é o invólucro da alma e do espírito, onde Paulo classifica como o “templo do Espírito Santo” (1ª Co 6.19; cf 1ª Co 3.16), e seremos julgados por meio do corpo, bem ou mal (2ª Co 5.10). Porém, nos dias de Jesus os fariseus se preocupavam mais com a exterioridade do que a pureza do coração (Mt 15.8-20). Portanto, exterioridade não é símbolo de salvação.

Esta passagem é uma advertência solene contra os perigos da presunção (soberba), confiança na justiça própria, e contra o formalismo que confia no batismo ou a ceia, nos dízimos como garantia em si mesmo da salvação daqueles que o recebem.
Judeu é aquele que o é interiormente no original grego kruptos ou kruphaios; que significa: (oculto; escondido; secreto; ocultar aquilo que não deve tornar-se conhecido).

Note que a circuncisão na Velha Aliança era no prepúcio do homem, ou seja, era na carne, mas, ficava escondida – era um sinal entre Deus e o homem. Da mesma forma a circuncisão no coração é um sinal entre o servo e o Seu Senhor. Ninguém pode ver por que é no secreto do seu coração.

Os fariseus pensavam que um judeu circuncidado não podia ser condenado ao inferno. A salvação para eles era no exterior e no cumprimento de suas tradições, porém Paulo diz que não a circuncisão é no oculto do coração, ou seja, na mente do cristão. É algo divino é do Espírito e o crente.

“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28-29).

Existem pregações que a glórias é sempre para o homem. Os seus argumentos são infundados, e sem base bíblica. Isto é perigoso, pois corremos o risco de voltarmos os rudimentos do mundo.

A circuncisão é um ato exterior e traz louvor dos homens e não de Deus. Os judeus que se convertiam a Cristo estavam colocando como meio de salvação a circuncisão e Paulo repreende severamente dizendo que a salvação não é o exterior, mas a circuncisão no coração. Judeu verdadeiro é o que é no interior, circuncisão válida é a que é feita no coração (Rm 2.25-29). Qualquer rito, sinal ou obra que fizemos se não for resultado da operação da graça de Deus em nossa vida, não tem nenhuma validade.

Os judaizantes ensinavam que a salvação era um processo longo e contínuo, dependente da realização de rituais específicos, e cada um deles trazia a pessoa mais perto de Deus. Paulo contradiz esta teoria enfatizando que a salvação é completa em Cristo; uma vez que em Cristo, nada mais é necessário. Paulo ainda usa o exemplo da circuncisão para explicar este ato. Mostrando que ela simboliza a circuncisão mais importante, que é no coração.

A salvação é mérito somente de Jesus: “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.24-25).
Isaías 64.6 “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam”.

Ninguém nunca alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer pela graça e não as justiças humanas. Por isto Davi pede a Deus um coração puro: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e remove dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51.10). Enquanto que os fariseus exigiam exterioridade Deus pede o coração. Davi preocupa-se em ter um coração limpo e puro diante de Deus.

O Senhor não se contenta apenas com nossos lábios, mas quer nosso coração e toda a nossa confiança. “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradam dos meus caminhos” (Pv 23.26).

Pr. Elias Ribas
Blumenau – SC.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

OS FARISEUS NA ERA APOSTÓLICA




A primeira geração cristã considerava-se posteridade espiritual de Abraão (Gl 3.8; 4.21-31). Sem distinção de judeus, samaritanos, gregos ou qualquer outra etnia (Jo 10.16; 12.20-32). Civilizados e bárbaros, senhores e escravos, homens e mulheres (1º Co 12.13; Cl 3.3-11; Gl 3.28), ninguém poderá ser discriminado no projeto fundado por Jesus, a Igreja (Mt 16.18), de quem Ele é também o fundamento (Hb 13.8). Por um lado, a Igreja dá continuidade ao povo da Antiga Aliança ao tornar-se receptora das promessas de Deus no Messias (At 2.25); por outro, rompe com o judaísmo ao declarar que Jesus crucificado é o Senhor (At 2.36).


I.   O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA CRISTÃ

A igreja primitiva do primeiro século enfrentou problemas com os fariseus. Alguns cristãos de tradição judaica insistiam que todos os cristãos obedecessem a lei judaica. Os gentios deveriam ser todos circuncidados. As igrejas orientadas por Paulo e Barnabé, porém, ensinavam que o caminho da salvação era um só para todos os homens. Eles salientavam que a fé em Jesus Cristo, e não a lei judaica era o caminho para a vida eterna. Como conseqüência disso, houve dissensão na igreja.

No ano 49 d.C os apóstolos reuniram-se em Jerusalém para resolver um problema doutrinário, a saber: a salvação ocorre pela fé, não por obras ou pela observância da lei.

Os apóstolos tiveram muita preocupação de não permitir que as heresias, os falsos ensinos, penetrassem na Igreja. O primeiro ataque doutrinário lançado contra a igreja foi o legalismo. Alguns judeus convertidos ao cristianismo estavam instigando os novos convertidos á prática das leis judaicas, principalmente a circuncisão.

Em Antioquia havia uma igreja constituída de pessoas bem preparadas no estudo das Escrituras (At 13.1). Esses crentes perceberam a gravidade do ensino de alguns que haviam descido da Judéia e estavam ensinando certas heresias.

Os ensinamentos daquelas pessoas eram uma ameaça á Igreja. Então foi necessário constituir-se um Concílio para apreciar tais questões e tomar uma posição diante delas.

“Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés” (Atos 15.1, 5, 19).

Os judeus nunca se julgaram capazes de julgar a lei perfeitamente, mas queriam colocar um jugo sobre os discípulos, um jugo segundo Pedro que nem seus pais puderam levar, anulando a graça de Cristo.
“Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos- um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também” (At 15.10-11).

Os fariseus convertidos ao cristianismo estavam perturbando os apóstolos e os gentios novos convertidos: At 15.19, 24 “Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento”.
Devemos saber que:
·        Que nenhum rito em si tem valor espiritual; o valor está no seu significado.
·        Que é muito freqüente as pessoas entusiasmarem-se por rito (prática religiosa) e serem exigentes para esse rito seja observado do mesmo modo que eles mesmos o praticam.
·        Que procurem estudar a Bíblia para obter base escriturística para combater os ritos legados do passado.
·        Que o amor de Deus reine em nossos corações, para que as divergências internas desapareçam.

II. O PARECER DE TIAGO NESTE CONCÍLIO FOI O SEGUINTE

“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardar” (At 15.28-29).

Mesmo que alguns desses movimentos tenham surgido com objetivos nobres, buscando a restauração espiritual da Igreja, quase sempre finda por trilhar o caminho dos desvios doutrinários. Neste ponto, cabe uma rápida apreciação de um dos textos clássicos no Novo Testamento relativo ás fontes e aos perigos dos desvios da fé, explicitado pelo apóstolo Pedro (2ª Pe 2.1-3).

Os fariseus da era apostólica estavam acrescentando algo mais no evangelho de Cristo, mas neste concílio o Espírito Santo estava presente e orientava os apóstolos para que eles pudessem entender o verdadeiro sentido da graça de Cristo e não impor nem um encargo (leis) além do que já haviam aprendido com Cristo.

A independência da igreja é respeitada. As conclusões do concílio apostólico são escritas e enviadas como mandamentos de uma hierarquia, mas como conselhos importantes. O selo do Espírito Santo adiciona peso e harmonizaria possíveis divergências.

Encontramos neste contexto a narrativa que demonstra a importância para aqueles que têm o ministério do ensino ficar atentos a certos ensinos que contrariam a fé cristã. São muitas as fontes que ameaçam a Igreja.
Em muitas epístolas do apostolo Paulo, expressa abertamente o terrível combate contra o ferrenho farisaísmo, que ainda hoje, continua sendo, talvez, o maior problema das igrejas cristãs.

Os judaizantes tentavam arrastar os novos crentes para as práticas cerimoniais judaicas como prerrogativa para uma vida justa. Se pudéssemos ser salvos e levados a uma relação correta e legitima com Deus através do cumprimento de determinadas normas e regras, por melhor que sejam então Jesus nem precisaria ter morrido por nós.


Qualquer pessoa ou religião que ignora ou nega o sacrifício de Jesus como elemento único e suficiente para a salvação não pode ser considerado cristã.

Pr. Elias Ribas
Teólogo