TEXTO
ÁUREO
“Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e
chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o
teu servo ouve.” (1º Sm 3.10).
VERDADE
PRÁTICA
A verdadeira chamada divina capacita o
crente fiel a ser um porta-voz autêntico da Palavra de Deus.
LEITURA
BÍBLICA
1º
Samuel 3.1-10
“E o jovem Samuel servia ao SENHOR perante Eli. E a palavra do SENHOR era de
muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta. 2- E sucedeu, naquele
dia, que, estando Eli deitado no seu lugar (e os seus olhos se começavam já a
escurecer, que não podia ver) 3- e estando também Samuel já deitado, antes que
a lâmpada de Deus se apagasse no templo do SENHOR, em que estava a arca de
Deus, 4- o SENHOR chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui. 5- E correu a Eli
e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Não te chamei eu,
torna a deitar-te. E foi e se deitou. 6- E o SENHOR tornou a chamar outra vez a
Samuel. Samuel se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me
chamaste. Mas ele disse: Não te chamei eu, filho meu, torna a deitar-te. 7-
Porém Samuel ainda não conhecia o SENHOR, e ainda não lhe tinha sido
manifestada a palavra do SENHOR. 8- O SENHOR, pois, tornou a chamar a Samuel,
terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu
me chamaste. Então, entendeu Eli que o SENHOR chamava o jovem. 9- Pelo que Eli
disse a Samuel: Vai-te deitar, e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala,
SENHOR, porque o teu servo ouve. Então, Samuel foi e se deitou no seu lugar. 10-
Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel,
Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.
INTRODUÇÃO.
- Nesta lição, veremos que o ministério
profético do Antigo Testamento não se caracterizava pela adivinhação nem pela
mera predição do futuro, mas tinha como principal objetivo levar a todos a ter
um firme compromisso com Deus. Sua essência é anunciar a totalidade da mensagem
divina. Por isso, Jeremias foi bem categórico: “O profeta que tem sonho conte-o
como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra fale a minha palavra
com verdade … diz o SENHOR” (Jr 23.28).
- Na aula desta semana seus alunos serão
estimulados a pensarem com muita seriedade a respeito do chamado de Deus para a
vida deles. O Senhor requer responsabilidade no serviço da sua obra. Ele espera
que seus servos realizem a sua obra com comprometimento e sem superficialidade.
- Deus chamou Samuel quando não havia mais
pessoas dispostas a serem usadas por Deus para mostrarem ao povo o caminho certo
que deveriam seguir. “A palavra do Senhor era de muita valia” nos dias de
Samuel. Semelhantemente, nos dias atuais, ouvimos muitas pessoas utilizarem o
nome de Deus e afirmarem terminantemente que “Deus falou”. Infelizmente, muitos
pensam estar ouvindo a voz de Deus quando na verdade estão ouvindo a voz do
próprio coração. Isso não significa que Deus deixou de falar ou esteja em
silêncio, como esteve nos dias de Samuel. Mas é preciso discernir a voz do
Senhor para que tenhamos a intimidade e comunhão verdadeira com o seu santo
Espírito.
I.
DEFINIÇÃO DA PALAVRA PROFETA
1.
No Antigo Testamento.
A palavra hebraica para profeta é: “nabi”,
que vem da raiz verbal “naba”. Essa
palavra significa: “anunciador”, e por extensão, “aquele que anuncia as
mensagens de Deus, frequentemente recebidas por revelação ou discernimento
intuitivo”. Os termos hebraicos “roeh”
e “hozeh” também são usados e
significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”. Todas as três palavras aparecem
em 1º Cr 29.29. “Nabi” é termo usado
por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento, alguns poucos exemplos são
(Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1º Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1º Rs 1.8; 2º Rs
3.11; Ed 5.1; Sl 74.9; Jr 1.5; Ez 2.5; Mq 2.11) (CHAMPLIN, 2004, p. 423).
2.
No Novo Testamento. A
palavra comumente usada é: “prophétes”,
que aparece por cento e quarenta e nove vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22;
2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1º Co
12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1º Pe 1.10; 2ºPe 2.16; 3.2; Ap 10.7;
11.10). O substantivo “propheteía”,
“profecia”, é usado por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1º Co 12.10;
13.2,8; 14.6,22; 1º Ts 5.20; 1º Tm 1.18; 4.14; 2º Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6;
19.10; 22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes”, “em favor de”; e, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém que fala por outrem”, e por
extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p.
424).
3. A
menção de “profeta” no livro.
- A primeira menção feita a um “profeta”
no livro está registrada em 1º Samuel 2.27-36. Aqui, vemos que o profeta era
caracterizado como homem de Deus, título que lhe trazia grande
responsabilidade. O profeta não é um adivinhador, mas o porta-voz de Deus. Ali,
Samuel se dirigiu à casa de Eli, dizendo que este seria substituído por um
sacerdote fiel − Zadoque. Esse acontecimento antecipava como seria o ministério
de Samuel, o profeta do Senhor por excelência.
4. Samuel
e os demais profetas.
- Samuel foi o primeiro profeta depois de
Moises. Estes dois profetas se destacaram como grandes líderes espirituais do
povo de Deus na Tanakh.
- Num dia em especial, contrariando a
agenda monótona de Moisés, Deus lhe chama. O chamado de Deus para Moisés estava
casado com o propósito divino de libertar Moisés tanto da culpa quanto da
situação de escravo hebreu.
- Deus incumbiu Moisés de estender aos
israelitas o que ele mesmo recebera de Deus: a oportunidade de recomeçar sua
vida do modo como Deus se agrada.
- Samuel, a escutar a voz de Deus e de
Moisés que foi atraído por uma visão sobrenatural, Samuel não conseguiu
discernir a voz do Senhor da voz de uma pessoa comum, porque era menino e
precisou da ajuda do sacerdote Eli que discerniu que era o Senhor.
- Ao ouvir a Voz divina e diferente de
Moisés que encontrou diversas desculpas para não obedecer ao que ouviu, o
menino Samuel ouviu com atenção e obedeceu com destreza ao que Deus lhe
ordenara. Deus compartilhou com Samuel o que seu coração sentia com relação à
casa de Eli. Deus que não achou em Eli, Ofni ou Fineias espaço no coração para
falar, encontrou no garoto Samuel alguém disponível para ouvir e disposto para
obedecer.
- Em Samuel nós aprendemos que Deus chama
porque tem grande desejo de compartilhar conosco o que vai em seu coração. Em
Moisés aprendemos que Deus chama o homem porque quer libertá-lo (Sl 99.6; Jr
15.1; At 3.22-24; At 13.16-20).
- Com Samuel deu-se o início à prática de
os profetas ungirem reis. Segundo o texto bíblico, o próprio Samuel comunicou
as palavras de Deus a Saul, de que este seria rei.
- Segundo os estudiosos, foi com Samuel
que teve início o movimento profético formal em Israel. E com Elias, ele se
desenvolveria ainda mais. A partir do ministério de Samuel, surgiram os
profetas da corte – os que atuavam junto aos reis. Alguns desses profetas não
apenas aconselhavam os soberanos, mas também eram seus escrivães. Por exemplo,
Samuel, Natã e Gade fizeram alguns registros reais.
II.
DIFERENÇA ENTRE O PROFETA DO AT E DO NT
- Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento,
o profeta era um “porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o
conhecimento divino e manifestar a vontade do Único e Verdadeiro Deus”
(ANDRADE, 2006, p. 305).
Todavia,
eles eram diferentes um do outro, como veremos abaixo:
1. O
profeta no Antigo Testamento. Os profetas foram homens que Deus
suscitou durante os tempos sombrios da história de Israel (2º Rs 17.13). “No
Antigo Testamento, este ofício era de âmbito nacional. Quando Deus levantava um
profeta, conferia-lhe a missão de falar em seu Nome para toda a nação e até
para povos estranhos” (RENOVATO, 2014, p. 84). Na Teologia, o período do
surgimento dos profetas é nomeado de “profetismo” aludindo ao “movimento que,
surgido no Século VIII a.C., em Israel, tinha por objetivo restaurar o
monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar injustiças sociais,
proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já
não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi
encerrado por Malaquias. João Batista também é visto como o último representante
deste movimento (Mt 11.13)” (ANDRADE, 2006, p. 305). O profeta do AT era um homem
que, além de transmitir a mensagem de Deus tinha outras atribuições, tais como:
A. Ungir reis (1º Sm 9.16; 16.12- 13; 1º Rs
19.16).
B. Aconselhar reis (1º Sm 10.8; 21.18; 2º Sm
12; 2º Rs 6.9-12).
C. Ser consultado pelas pessoas (1º Sm
9.8- 10; 1º Rs 14.5; 22.7; 22.18; Jr 37.7). Os oráculos dos santos profetas que
estão no cânon sagrado não estão a mercê de julgamento humano (2Pe 1.21).
2. O
profeta no Novo Testamento. Sobre a figura do profeta no NT, Donald Stamps (2012,
p. 1814) afirma: “Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do
Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e
pureza da Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e
revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu
povo”. Portanto, os profetas são ministros pregadores cuja prédica pode ser uma
mensagem de edificação, exortação e consolação dos crentes (1º Co 14.3). Na
Igreja Primitiva e em Antioquia havia homens que exerciam este ministério (At
13.1). “Em Atos 15.23, temos o profeta consolando, fortalecendo e aconselhando.
É certo também que o título de profeta poderia ser usado para designar o
ministério de alguns obreiros, em virtude da sua natureza sobrenatural, pela
abundância da inspiração com que proclamam os oráculos de Deus” (SOUZA, 2013,
pp. 33,34). Eis algumas características do ministério profético no NT:
2.1. Proclamava e interpretava, cheio do Espírito
Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina (At
2.14-36; 3.12-26; 1º Co 12.10;
14.3).
2.2. Exercia o dom de profecia (At
13.1-3).
2.3. Às vezes prediz o futuro (At 11.28;
21.10,11).
III.
DIFERENÇAS ENTRE O DOM DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA
1.
Dom de profeta (permanente). A palavra “ministro” (1ºCo 3.5; 4.2; 2ºCo
3.6; 6.4) significa um servo de Deus que ocupa um “ministério” (1ºCo 4.1,2; 2º Co
6.3), que é um encargo constituído por Deus, que, da parte de Cristo (2º Co
5.20), funciona na “Igreja do Deus vivo” (1º Tm 3.15). Segundo Atos 13.1 e
15.32, os profetas constituíam o ministério da Palavra de Deus, impulsionado
por inspiração profética. Por meio dessa inspiração, esse ministério é
acompanhado de “edificação, exortação e consolação”, que são evidências da
operação do verdadeiro espírito da profecia (1Co 14.3). Observamos, assim, que
o simples uso do dom de profecia não faz de ninguém um profeta, pois profeta é
um ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).
2.
Dom de profecia (esporádico). “Profecia é uma mensagem de Deus dada a
pessoa a quem o Espírito manifesta este dom. Tal pessoa deve transmiti-la
exatamente como a recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem profetiza deve ser “A
palavra que Deus puser na minha boca essa falarei” (Nm 22.38-b). A mensagem
recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas
fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento em que a profecia é transmitida,
não é Deus quem está falando, mas é o homem quem está transmitindo o que de
Deus recebeu (1º Co 14.29). Se fosse o próprio Deus falando, não haveria
necessidade de se julgar a mensagem como a Palavra nos orienta que faça” (1º Co
14.29; 1º Ts 5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113).
IV.
O CHAMADO PROFÉTICO DE SAMUEL
- O registro de Atos 3.24 está escrito: “E
todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram
estes dias”, indicando que Samuel foi o primeiro de uma nova ordem ou linhagem
de profetas.
1. O
tempo do chamado. Assim
como o profeta Jeremias foi chamado para exercer o ministério profético ainda
muito jovem (Jr 1.1-6), a convocação de Deus para a vida de Samuel se dá no
momento de sua tenra idade (1º Sm 3.4). Por essa época, provavelmente Samuel já
era um adolescente; mas o texto sagrado nada revela sobre a idade dele por
ocasião da visita divina. O termo hebraico “na’ar”
empregado aqui (1º Sm 3.1), pode falar de uma criança de qualquer idade, desde
um infante recém-nascido (1º Sm 4.21) até um homem de 40 anos (ver 2º Cr 13.7).
Fávio Josefo disse que Samuel, por essa época, tinha 12 anos de idade
(CHAMPLIN, 2001, p. 1136). Era aos 12 anos que um menino israelita se tornava
filho da lei, passando a ser considerado pessoalmente responsável por obedecer
e seguir aquele documento (Lc 2.39). Portanto, fica claro no chamado de Samuel,
que as escolhas de Deus para o serviço sagrado são baseadas em sua soberania, e
não estão restritas a status, capacidade ou mesmo idade (1º Sm 16.11-13; Am 7.14,15;
Mc 3.13).
2. O
contexto espiritual do chamado. Este era um período de declínio
espiritual na nação de Israel (Jz 21.25). Além do exemplo negativo dos filhos
do sacerdote Eli (1º Sm 2.17,22-24) naqueles dias a revelação de Deus era algo
raríssimo: “E a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia
visão manifesta” (1º Sm 3.1) de modo que, assim como suas reiteradas
manifestações eram consideradas um sinal de favor e aprovação (Os 12.10), pouca
frequência destas revelações era um sinal de desaprovação por parte do Senhor
(Sl 74.9; Lm 2.9; Ez 7.26; Am 8.11).
- Em outra tradução a vai dizer que a
Palavra de Deus era mui rara; as visões não eram frequentes...”. O Senhor
estava retendo Sua santa Palavra, pois Ele estava muito irado por causa da
maldade e imoralidade dos líderes espirituais. Naqueles dias, a Palavra de
Senhor era como se fosse uma lâmpada quase apagada, ou seja, as travas estavam
prevalecendo e o sumo sacerdote Eli não se importava com isso.
- Quando há omissão do ensino na casa de
Deus, cada um segue seu próprio caminho; isso não é muito diferente em nossos
dias onde os cultos estão sendo trocados por shows e espetáculos, entristecendo
o Espírito Santo. É em meio a esta realidade que:
2.1.
Samuel ouve a voz de Deus. “o SENHOR chamou a Samuel...” (1º Sm 3.4).
2.2.
A presença de Deus é revelada. “Então, veio o SENHOR e ali esteve...” (1ºSm
3.10).
2.3.
Samuel recebe a mensagem de Deus. “E disse o SENHOR a Samuel: Eis aqui vou
eu a fazer uma coisa em Israel” (1º Sm 3.11). O jovem profeta é levantado por
Deus em tempos de crises, para mudar aquele ambiente hostil (1º Sm 3.21).
3. O
reconhecimento do chamado. O crescente reconhecimento, entre o povo de Israel,
de que o Senhor estava com Samuel e fazia dele o Seu porta-voz, está indicado
no seguinte texto: “E crescia Samuel, e o SENHOR era com ele, e nenhuma de
todas as suas palavras deixou cair em terra”. “E todo o Israel, desde Dã até
Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por profeta do SENHOR” (1º Sm
3.19,20).
- Desde Dã até Berseba é a típica maneira
de descrever “a extensão e a amplitude da terra” (cf. Jz 20.1). Dã estava no
extremo norte, Berseba era o ponto mais ao sul.
- Tradicionalmente, Dã marcava a fronteira
do extremo norte de Israel, ao mesmo tempo que Berseba assinalava o extremo sul.
Isto posto, a expressão “desde Dã até Berseba” tornou-se proverbial, indicando
toda a extensão do território de Israel.
- Todos quantos são chamados por Deus, têm
o atesto da escolha Divina (Êx 3.12; 4.1-9; 15-17; 2º Rs 2.12-15; Js 1.5,17;
3.7; Jr 1.17-19; Ag 2.23; Mc 16.20; At 5.12; 14.3; Hb 2.4).
V. SAMUEL,
UM PROFETA OBEDIENTE À VOZ DE DEUS
1. A
desobediência de Eli. A desobediência do sacerdote Eli levou à destruição de
seu ministério e sua família. Seu exemplo nos mostra que a falta de
comprometimento com a Palavra de Deus e o exercício superficial do ministério
resultam em morte e decadência espiritual (1º Sm 2.27-36). O maior pecado de
Eli foi ter desprezado a Deus em seu ministério. Ele já não repreendia seus
filhos, mas permitia que pecassem descaradamente e ainda encobria o que faziam
(3.13,14). Esse comportamento de Eli trouxe graves consequências para sua vida
em vários sentidos (4.11-17).
2. O
chamado de Samuel.
Deus escolheu Samuel para anunciar a sua mensagem em tempos difíceis. O período
dos juízes foi um tempo conturbado para a nação de Israel, pois várias vezes o
povo se distanciava de Deus e se voltava para a idolatria (cf. Jz 2.16-19). Por
conta disso, Deus permitiu que o sofrimento e as guerras se levantassem a fim
de que os israelitas se arrependessem de seus pecados (2.20-23). Neste tempo,
Deus usou o jovem Samuel para anunciar tudo o que havia determinado que se
cumprisse à casa de Eli. Ali iniciava o ministério profético de Samuel. Depois
de um tempo, ele ainda foi juiz sobre a nação e usado por Deus para ungir dois
reis sobre a casa de Israel (cf. 1º Sm 10.1; 16.13). Samuel teve um ministério
excelente porque confiou no Senhor e fez a sua vontade.
3.
Um chamado para tempos difíceis. Deus chamou Samuel em tempos difíceis
quando a palavra do Senhor era de muita ralia (1º Sm 3.1). A realidade de
Samuel não é diferente da nossa, pois assim como nos dias de Samuel os que
exerciam o ministério na Casa de Deus não o faziam com seriedade, há muitos
ainda hoje que não fazem a obra de Deus com comprometimento e responsabilidade.
Deus espera de seus “despenseiros”, isto é, daqueles que Ele instituiu como
administradores da sua obra, que exerçam o serviço de maneira honesta e sem
interesse (cf. 1º Co 4.2). Não foi fácil para o jovem Samuel, naquela ocasião,
ter que anunciar a morte e decadência do principal sacerdote de Israel. Mas
Deus o capacitou para que Ele exercesse o seu chamado com afinco e obtivesse o
êxito esperado.
VI.
O DESENVOLVIMENTO DO MINISTÉRIO DE SAMUEL
1. O
crescimento profético de Samuel.
- Se os filhos do sacerdote Eli praticavam
pecados abomináveis, o jovem Samuel crescia com integridade diante de Deus e do
povo. Sempre houve em Ana, sua mãe, um cuidado especial para que seu filho
estivesse envolvido com a obra de Deus. Ela orou por ele e o entregou aos
cuidados de Eli. Este, observando a dedicação de Ana e seu comprometimento,
orou por ela, rogando a Deus a bênção para a sua casa (1º Sm 2.20,21). É
maravilhoso dedicarmos a Deus o que temos de mais precioso, pois suas
recompensas são certas.
2. A
formação profética de Samuel.
- Samuel
aprendeu com Eli.
Ele foi formado pelo velho sacerdote, assim como Paulo aprendeu aos pés de
Gamaliel (At 22.3) e Timóteo com Paulo (2ª Tm 3.10). Deus chamou Samuel quando
ele tinha cerca de 12 anos (1º Sm 3.1-4), ou seja, a mesma faixa-etária de
Jesus quando foi levado a Jerusalém por seus pais (Lc 2.42). Assim, sob os
cuidados de Eli, Samuel era forjado por Deus para o ministério profético.
- Muitos hoje não querem mais aprender com
os mais experientes, pois julgam-se importantes e desprezam o aprendizado aos
“pés de alguém”. Paulo e Timóteo, por exemplo, orgulhavam-se de ter aprendido
com seus mestres. Mas, além de disposição para aprender, precisamos de
disposição para ouvir a voz de Deus. Isso só é possível por meio de uma vida de
oração e busca fervorosa pelo Senhor (Is 55.6). Deus quer falar conosco!
3. A
disciplina de Samuel.
- Ainda
jovem, Samuel já se mostrava disciplinado. Ao ouvir uma voz que o chamava
pelo nome, pensando que fosse a de Eli, por três vezes dirigiu-se a ele com
todo respeito e temor (1º Sm 3.4,5). Essa postura apontava que ele era o homem
certo para ouvir a Palavra do Senhor. Por não ter uma experiência pessoal com
Deus, ainda não sabia como responder ao chamado divino; por isso, Eli o
orientou. Desde então Samuel passou a receber visões de Deus e orientações
sobre sua Palavra.
- Se os nossos filhos servirem a Deus com
a disposição de Samuel, educados pela sua família na presença do Pai, eles
influenciarão de maneira impactante a sua geração (cf. Mt 5.13-16).
VII.
O MINISTÉRIO PROFÉTICO NA ATUALIDADE
1. O
dom da profecia.
- O dom de profecia, disponível a todos os
crentes, manifesta-se de forma sobrenatural e momentânea; encoraja, exorta e
consola a Igreja; edifica de forma coletiva e individual o povo de Deus (1ª Co
12.7-11; 1ª Tm 4.14).
- O dom de profecia é uma dádiva de Deus à
sua Igreja. É maravilhoso saber que o Pai ainda fala diretamente com o seu
povo.
2. O
ministério de profeta no Novo Testamento.
- O emprego do termo “profeta”, no Novo
Testamento, refere-se a determinados indivíduos chamados por Deus, a fim de
entregar revelações específicas à Igreja; suas mensagens eram proclamadas com
autoridade sobrenatural e reconhecidamente divina.
- Veja-se, por exemplo, o caso de Ágabo
(At 11.28; 21.10).
- Segundo Atos 13.1 e 15.32, os profetas
eram impulsionados extraordinariamente pelo Espírito Santo, para o exercício
desse ministério. Não podemos confundir o ministério profético com o dom de
profecia.
3. Onde
estão os profetas?
- Alguns profetas também eram usados para
predizer o futuro, como Ágabo em duas ocasiões (Atos 11.28; 21.11). Ele saiu de
sua casa na Judeia para levar as mensagens de Deus. Em consequência da
primeira, foi levantada uma oferta para ajudar a igreja em Jerusalém durante
uma fome prevista e acontecida. Na segunda, a igreja foi avisada a respeito da
prisão do apóstolo Paulo. Em nenhuma delas estava envolvida alguma nova
doutrina. Nem foram dadas instruções quanto ao que a igreja devia fazer. Isto
era assunto dos membros, mediante o Espírito Santo. Nunca houve algo semelhante
à adivinhação, no ministério desses profetas.
- Hoje, o Senhor continua a falar à sua
Igreja por meio do ministério profético. Ainda temos homens que, à semelhança
de Àgabo, transmitem enunciados proféticos de maneira sobrenatural e
extraordinária.
- Os que são usados regularmente pelo
Espírito no exercício do dom de profecia na congregação, também são chamados
profetas (1º Co 14.29,32,37). A Bíblia adverte contra os falsos profetas que
alegam ser usados pelo Espírito Santo, mas devem ser submetidos à prova (1º Jo
4.1). (HORTON, Stanley. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp.290-91). [ Escola Dominical ] Lição
3: A Chamada Profética de Samuel 4° trimestre de 2019 – CPAD | Classe: Adultos
- Todavia, eles não possuem autoridade
canônica da Bíblia Sagrada – a única regra infalível de fé e prática
reconhecida pela Igreja de Cristo. Toda locução profética é passível de
julgamento à luz da Bíblia Sagrada (1ª Co 14.29).
- A profecia é uma necessidade premente
nos dias de hoje (1ª Co 14.5).
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
CONCLUSÃO.
Onde estão os crentes usados por Deus para
falar extraordinariamente ao seu povo? Nestes últimos dias, precisamos de
obreiros fiéis que busquem os dons do Espírito. Entretanto, estejamos
vigilantes. Como já dissemos, todo enunciado profético tem de passar,
necessariamente, pelo crivo da Bíblia Sagrada.
FONTE
DE PESQUISA
1. ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
2. BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática.
CPAD.
3. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia,
Teologia e Filosofia. HAGNOS.
4. EBD 4° Trimestre 2019 Lição 3 - A
Chamada Profética de Samuel
5. HORTON, Stanley. A Doutrina do Espírito
Santo no Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
6. RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais
& Ministeriais. CPAD.
7. SOARES, Esequias. O Ministério
Profético na Bíblia. CPAD.
8. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Elabora pelo pastor e Dr. em teologia
Elias Ribas
Blumenau SC