1º Samuel 1.1-8 “Houve
um homem de Ramataim-Zo-fim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho
de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho deZufe, efrateu. 2-E este tinha
duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o nome da outra, Penina; Penina tinha
filhos, porém Ana não tinha filhos. 3-Subia, pois, este homem da sua cidade de
ano em ano a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos, em Siló; e estavam
ali os sacerdotes em Siló; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e
Fineias, os dois filhos de Eli. 4-E sucedeu que, no dia em que Elcana
sacrificava, dava ele porções do sacrifício a Penina, sua mulher, e a todos os
seus filhos, e a todas as suas filhas 5-Porém a Ana dava uma parte excelente,
porquanto ele amava Ana; porém o SENHOR lhe tinha cerrado a madre.” 6-E a sua
competidora excessivamente a irritava para a embravecer, porquanto o SENHOR lhe
tinha cerrado a madre. 7-E assim o fazia ele de ano em ano; quando ela subia à
Casa do SENHOR, assim a outra a irritava; pelo que chorava e não comia. 8-Então,
Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por
que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?
INTRODUÇÃO.
Neste
trimestre, estudaremos os livros históricos de 1 e 2 Samuel. Não há livros que
despertem tanto interesse quanto estes dois livros. Além de ser um relato
histórico repleto de acontecimentos, é entretecido com a biografia das três
personalidades principais: Samuel, Saul e Davi, em torno dos quais os capítulos
são agrupados. Milhões de crianças judias e cristãs têm-se encantado e
edificado com as histórias de Ana e Samuel, Davi e Golias, Davi e Jônatas, a
perseguição de Saul a Davi, a bondade de Davi para com Mefibosete e sua
tristeza pela rebelião e morte de seu filho Absalão. Em âmbito doutrinário,
leitores mais maduros têm estudado o pacto davídico, os paralelos entre o
pecado de Davi com Bate-Seba e os acontecimentos que envolveram os filhos do rei,
bem como a desobediência contumaz de Saul e o seu orgulho inveterado que o
levou à desgraça.
- As qualidades bem como o caráter e a
forma de liderança dos três principais personagens – Samuel, Saul e Davi –
serão explorados com maior intensidade ao longo do trimestre. Que legado, no
aspecto da liderança, esses homens deixaram para gerações futuras, e o que
podemos tirar de lições para os líderes do povo de Deus da Nova Aliança?
A Capa da Revista mostra-nos uma Escritura
e uma coroa real. Isto nos remete ao que está escrito em Dt 17.14-20, onde
Deus, na Sua presciência, já previa a hipótese de Israel ter um rei,
estabelecendo, então, os deveres que o rei teria diante de Deus e do povo. Um
destes deveres era o de ter um traslado da lei num livro, para que pudesse
lê-lo todos os dias de sua vida, para que aprendesse a temer ao Senhor e
guardar todas as palavras nela contidas para que as fizesse. A coroa real,
portanto, não significaria poderes ilimitados, qualidades divinas, como
acontecia com as nações gentílicas, e isto desde Ninrode, o primeiro a
divinizar o poder político e de onde surgiu a idolatria, mas, bem ao contrário,
era a consciência de que o fato de ser rei o tornava um escolhido de Deus para
governar o povo, governo este que deveria respeitar os ditames da Lei divina,
pois Deus continuava o Senhor de toda a Terra, como bem disse quando propôs que
Israel fosse Seu povo (Êx 19.5,6). Foi, precisamente, por não respeitar esta
submissão à vontade divina que Saul foi rejeitado, enquanto que Davi, ainda que
tenha cometido pecados, foi considerado um homem segundo o coração de Deus.
A
grandeza de Moises e Samuel.
- Samuel foi o primeiro profeta depois de
Moises. Estes dois profetas se destacaram como grandes líderes espirituais do
povo de Deus na Tanakh.
- Num dia em especial, contrariando a
agenda monótona de Moisés, Deus lhe chama. O chamado de Deus para Moisés estava
casado com o propósito divino de libertar Moisés tanto da culpa quanto da
situação de escravo hebreu.
- Deus incumbiu Moisés de estender aos
israelitas o que ele mesmo recebera de Deus: a oportunidade de recomeçar sua
vida do modo como Deus se agrada.
- Samuel, a escutar a voz de Deus e de
Moisés que foi atraído por uma visão sobrenatural, Samuel não conseguiu
discernir a voz do Senhor da voz de uma pessoa comum, porque era menino e
precisou da ajuda do sacerdote Eli que discerniu que era o Senhor.
- Ao ouvir a Voz divina e diferente de
Moisés que encontrou diversas desculpas para não obedecer ao que ouviu, o
menino Samuel ouviu com atenção e obedeceu com destreza ao que Deus lhe
ordenara. Deus compartilhou com Samuel o que seu coração sentia com relação à casa
de Eli. Deus que não achou em Eli, Ofni ou Fineias espaço no coração para
falar, encontrou no garoto Samuel alguém disponível para ouvir e disposto para
obedecer.
- Em Samuel nós aprendemos que Deus chama
porque tem grande desejo de compartilhar conosco o que vai em seu coração. Em
Moisés aprendemos que Deus chama o homem porque quer libertá-lo (Sl 99.6; Jr
15.1; At 3.22-24; At 13.16-20).
I.
CONTEXTO HISTÓRICO DE 1 E 2 SAMUEL
1.
Anarquia política.
Juízes
21.25. “Naqueles
dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus
olhos.”
- O livro dos Juízes termina com o
lembrete de que estes tristes acontecimentos tiveram lugar durante o período em
que não havia rei em Israel: cada um fazia o que achava mais reto (v. 25).
Embora a mão de Deus possa ser encontrada através de toda a história dos
Juízes, o fracasso humano se destaca com nítido relevo.
- A o livro do profeta Samuel foi escrito
após o livro de Juízes que viveram após a morte de Sansão. No cânon hebraico,
os dois livros de Samuel formam um só. É um dos livros mais cristológicos, se
não o mais cristológico do AT, pois o reino de Davi, todo ele, praticamente
refere-se ao reino vindouro de Cristo (ver 25.1n [“Samuel criou duas
instituições: a Monarquia e o Ensino. Aquela, na pessoa de Davi, tipifica a
Cristo….”]. Bíblia Shedd.
2. A
originalidade de Samuel.
- Conforme eu li, originalmente, os livros
de 1 e 2 Samuel eram um só livro, denominado “O Livro de Samuel”. Os tradutores
da Septuaginta os separaram e temos mantido essa divisão deste então.
- Antes, “O Livro de Samuel”, juntamente
com o Livro de Reis e Crônicas formavam um total de três livros. Samuel e Reis
são encontrados no cânon hebraico ao lado de Josué e Juízes em uma seção
conhecida como “Os Profetas Anteriores”. Juntos, estes livros contém o registro
histórico iniciado por Josué e a travessia do Jordão, e estendem-se até o
período do exílio babilônico. Na Septuaginta, a tradução grega do Antigo
Testamento hebraico, os volumes, originalmente não divididos, foram separados.
Os dois livros de Samuel foram chamados de Primeiro e Segundo do Reino, e os
livros de 1 e 2 Reis eram chamados de Terceiro e Quarto do Reino. Jerônimo
adotou nomes similares na Vulgata Latina, a fim de chamá-los de Primeiro,
Segundo, Terceiro e Quarto Reis.
- Os livros de 1 e 2 Samuel formam uma
narrativa que trata da história de Israel, a partir de sua entrada em Canaã,
até ao cativeiro na Babilônia (587-586 a.C.). Porém, eles não são apenas
registros de fatos e de pessoas do passado, mas são a Palavra de Deus
indispensável ao nosso ensino, edificação e consolação (2ª Tm 3.16).
3.
Os personagens principais do livro.
- Há vários personagens importantes nestes
livros, mas, dentre eles, três se destacam: Samuel, o profeta; Saul, o primeiro
rei de Israel; e Davi, o segundo rei e o homem segundo o coração de Deus.
3.1.
Samuel.
Ele foi vocacionado por Deus para encerrar o período dos juízes e dar início à
era dos reis. Sua época testemunhou a decadência do sacerdócio (representado
por Eli e seus filhos) e a introdução do ministério profético. Samuel foi o
último juiz e o primeiro profeta desse período (mas não o primeiro profeta das Escrituras;
confira Gn 20.7), também foi quem ungiu os primeiros reis de Israel. Era levita
coatita, mas não da família de Arão. Ainda assim, ao que tudo indica, serviu
como sacerdote com a aprovação divina. Seu coração era puro, obediente e
dedicado, enquanto dos filhos de Eli era contaminado e desobediente. Samuel
mostra como Deus, o verdadeiro Rei de Israel, atendeu ao pedido do povo e
delegou a soberania real primeiro a Saul e, em seguida, a Davi e a sua
linhagem.
3.2.
Saul. Foi
o primeiro homem ungido para ser rei de Israel. Era extremamente alto, com uma
notável aparência. Ele representava a imagem visual ideal de um rei, mas as
tendências de seu caráter foram com frequência contrárias às ordens de Deus
para um rei. Saul era o líder indicado pelo Senhor, mas isso não significava
que ele seria capaz de reinar sozinho.
- Durante o seu reinado, Saul obteve os
maiores sucessos quando obedeceu a Deus. Seus maiores fracassos resultaram de
sua própria desobediência. Ele possuía todas as qualidades para ser um bom
líder – boa aparência, coragem e atitude. Até suas maiores fraquezas teriam
sido usadas pelo Senhor caso ele as reconhecesse e as entregasse nas mãos de
Deus. Suas próprias escolhas o afastaram do Todo-Poderoso e o alienaram de seu
próprio povo.
- Aprendemos com Saul que enquanto nossas
forças e habilidades nos tornam úteis, nossas fraquezas nos conduzem à
inutilidade. Nossa capacidade e talento fazem de nós instrumentos, mas nossos
fracassos e negligências nos lembram que precisamos do controle do Senhor em
nossas existências. Qualquer coisa que realizemos sozinhos são apenas uma
sugestão do que Deus faria através de nossas vidas. Lembre-se, é Deus quem
controla nossa existência.
- Em
resumo, aprendemos com Saul as seguintes lições de vida:
1. Deus quer obediência do coração, não
meros atos de cerimônia religiosa.
2. A obediência sempre envolve sacrifício,
mas sacrifícios nem sempre envolve obediência.
3. Deus quer fazer uso de nossas forças e
debilidades.
4. As fraquezas deveriam nos ajudar a
lembrar as nossas necessidades da direção e ajuda de Deus.
3.3.
Davi. Foi
o segundo rei de Israel, escolhido por Deus. Foi citado na galeria dos Heróis
da Fé em Hebreus 11. Foi descrito por Deus como o homem segundo seu próprio
coração. Apesar de suas fraquezas – traidor, mentiroso, adúltero e assassino -,
possuía uma fé inabalável na fiel e perdoadora natureza de Deus. Ele pecou, mas
foi rápido em confessar as suas transgressões. Suas confissões eram de coração,
e seu arrependimento era genuíno. Nunca negligenciou o perdão de Deus ou tomou
a sua bênção como uma concessão. Em troca, o Senhor nunca lhe negou o seu
perdão ou as retribuições de suas ações. Davi experimentou a alegria do perdão
mesmo quando teve que sofrer as consequências amargas de seus pecados.
- Embora tenha cometido um grande pecado,
Davi deliberadamente não repetiu o mesmo erro. Ele aprendeu com suas falhas
porque aceitou o sofrimento que estas lhe trouxeram. Aprendemos com Davi as
seguintes lições de vida:
A disposição para admitir honestamente os
nossos erros é o primeiro passo para lidar com eles.
- O
perdão não remove as consequências do pecado.
1. Deus deseja a nossa total confiança e
adoração.
2. Poderíamos ainda falar de Ana, mãe de
Samuel (1º Sm 1.1-28; 2.1-11).
3. Ao pensar nesta mulher, pense em
persistência e fé. Numa época da história quando esterilidade era motivo de
zombaria e ridicularização para uma mulher, Ana enfrentou um problema a mais:
tornou-se alvo de chacota da parte da outra esposa do seu marido. Se você
estivesse no lugar de Ana, como teria reagido?
- Ana não retrucou sua rival; pelo
contrário, levou sua tristeza e sua incapacidade de gerar filhos a Deus. Orou
sinceramente ao Senhor suplicando-lhe um filho. Acreditou que sua situação
persistiria apenas por algum tempo.
- Ana orou sincera, especifica e
sacrificialmente. Não retrocedeu no seu pedido, mesmo quando repreendida pelo
sacerdote incompreensivo, e Deus recompensou a fé dela com um filho que ela deu
o nome de Samuel. Quando chegou o tempo de cumprir o seu voto e entregar Samuel
ao serviço do Senhor, ela o fez de coração gradecido.
- A oração mudou o curso da vida de Ana e
exerceu impacto sobre toda a nação de Israel. Deus colocou o filho de Ana numa
função-chave como profeta durante a vida do rei Davi, e a influência de Samuel
se estendeu além da sua vida porque deu grande impulso ao movimento profético.
Deus também abençoou Ana com outros filhos (1º Sm 2.21), provando-lhe novamente
o seu deleite na fé e na persistência dela.
- Poderíamos ainda falar de Abigail,
mulher ousada, destemida, sábia, humilde e resoluta (1º Sm 25.1-44).
- Depois da morte de Samuel, Davi mudou-se
para o deserto de Parã. Ali encontrou pastores apascentando os rebanhos do rico
Nabal, homem insolente, rude e contencioso. - Nabal era casado com Abigail,
mulher bonita inteligente e intuitiva.
- A esposa sábia de Nabal salvou a vida
miserável dele. Quando Nabal ofendeu Davi, Abigail agiu rapidamente para
contornar uma situação delicada. Ofereceu uma grande festa e saiu para
encontrar-se com Davi. As ações decisivas de Abigail atenderam a necessidade
premente de alimentar os homens de Davi. Eles também acalmaram Davi e o
impediram de vingar-se.
- Depois que retornou para casa, Abigail
resguardou-se e decidiu não tratar com Nabal até que ele ficasse sóbrio.
Independentemente da rudeza e do comportamento reprovável de seu marido,
Abigail respondeu sincera e respeitosamente. Mais tarde, Deus mesmo vingou Davi
e retirou Nabal de cena.
- Davi nunca se esqueceu desse encontro.
Ele sabia se uma mulher era de Deus quando a via. Depois da morte de Nabal,
Davi escolheu Abigail para ser sua esposa. A paciência e a submissão dela em
tempos difíceis, bem como a sua sabedoria e as habilidades de solucionar
problemas prepararam Abigail para ser uma excelente esposa para Davi. Davi
valorizou a força de Abigail e sentiu-se fortemente atraído a essa líder
feminina altamente capaz.
4. O
propósito de 1 e 2 Samuel.
-1º Samuel descreve o momento decisivo da
história de Israel, em que as rédeas do governo passaram do juiz para o rei. O
Livro relata a tensão entre a expectativa do povo quanto a um rei (um soberano
absoluto “como o tem todas as nações” – 1º Sm 8.5) e os padrões teocráticos de
Deus, pelos quais Ele era o Rei do seu povo. O Livro mostra claramente que a
desobediência de Saul a Deus e sua violação dos princípios teocráticos do seu
cargo levaram Deus a rejeitá-lo e a substitui-lo como rei.
-2º Samuel continua a história profética
do aspecto teocrático da monarquia de Israel. Ilustra a fundo, com exemplos do
reinado de Davi e da sua vida pessoal, as condições do concerto de Israel,
conforme Moisés as definiu em Deuteronômio: a obediência ao concerto resulta em
bênçãos divinas; o desprezo pela Lei de Deus resulta em maldições e castigos
(Dt 27-30).
- Enfim, 1 e 2 Samuel são de grande
importância histórica. Entre suas lições mais importantes são as palavras de
Samuel a Saul: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar” (1º Sm.15.22).
Sacrifícios serviam como pedidos de perdão. É melhor fazer o certo do que pedir
desculpas depois!
II.
AUTORIA E DATA
1.
Título e Autor.
1 e 2 Smauel receberam esse nome do
personagem principal do início do Reino de Israel, Samuel; este foi profeta,
sacerdote e juiz; foi a pessoa usada por Deus para fazer a transição dos juízes
aos reis. Portanto Samuel exercia uma função tríplice: Juiz, sacerdote e
profeta.
- Quanto a autoria dos Livros, não se sabe
com exatidão quem realmente os escreveu. Sem dúvida, o profeta Samuel registrou
boa parte da história de Israel nesse período; é provável que Samuel ou tenha
escrito ou fornecido a informação para 1º Sm 1.1-25:1, o que engloba sua vida e
ministério até sua morte no capítulo 25. Grande parte do conteúdo dos livros se
refere a acontecimentos posteriores à morte de Samuel. No entanto, outros
materiais haviam sido colecionados e puderam ser usados como fontes pelo autor
verdadeiro. Três dessas fontes são mencionadas em 1º Cr 29.29, a saber: as
“crônicas de Samuel, o vidente”; as “crônicas do profeta Natã” e; as “crônicas
de Gade, o vidente”. Tanto Gade como Abiatar tinham acesso aos eventos da corte
do reino de Davi, de forma que ambos são candidatos à autoria do Livro de
Samuel. Abiatar era um sacerdote habituado a manter registros precisos; ele
acompanhou de perto a carreira de Davi, e até passou algum tempo com este no
exílio.
2. A
data dos Livros. Os
acontecimentos de 1º Samuel ocorreram ao longo de aproximadamente 100 anos,
entre 1100 a.C. até 1000 a.C. Os acontecimentos de 2º Samuel abrangem mais 40
anos; portanto, o livro foi escrito, então, algum tempo depois de 960 a.C.
- 1º Samuel talvez tenha sido redigida por
volta de 1000 a.C. A ausência de referências ao cativeiro de Israel (722 a.C.)
requer, sem dúvida, que estipulemos para o Livro uma data anterior a esse
acontecimento. Há quem acredite que as referências a “Israel” e “ Judá” exijam
uma data posterior a 931 a.C., quando o reino se dividiu nessas duas partes. É
possível, contudo, que os temos já fossem usados antes da divisão política.
- Por causa do comentário encontrado em 1º
Sm 27.6 - “pelo que Ziclague pertence aos reis de Judá, até ao dia de hoje” -,
acredita-se que os dois livros devem receber uma data posterior à divisão do
reino em duas partes, divisão que aconteceu logo depois do governo de Salomão
em 931 a.C. Embora, com frequência, fosse traçada uma diferenciação entre
Israel e Judá, e embora Davi tenha reinado em Judá por sete anos e meio antes
da unificação do reino, não havia reis em Judá antes desta data.
- De qualquer forma, a afirmação relativa
à duração do reinado de Davi em 2º Samuel 5.4 deixa claro que os livros não
poderiam ter assumido sua presente forma antes de algum tempo depois do reinado
de Davi. Referências ocasionais a condições ou marcos existentes - “até o dia
de hoje” (1º Sm 5.5; 6.18; 27.6) -, parecem apontar para uma data posterior à
época de Salomão, mas anterior ao exílio babilônico, provavelmente para o
período da monarquia dividida, entre 931 e 721 a.C.
3. A
situação espiritual. Samuel
nasceu durante o período dos Juizes quando Eli era o Sumo sacerdote A situação
espiritual do povo era a pior possível, antes e depois da morte do sumo
sacerdote Eli. Lendo 1º Sm.7.3,4 temos uma noção da situação espiritual do
povo; a idolatria imperava. Os filhos de Eli, que eram sacerdotes, praticavam
os mais vis pecados (1º Sm 2.22), levando o povo a uma degradação espiritual e
moral altamente preocupante. A idolatria e a imoralidade eram os pecados
dominantes na nação.
- Tomamos conhecimento de Eli em 1 Samuel,
quando Elcana e sua mulher Ana subiram a Siló, onde se encontrava então o
tabernáculo. Deus ouviu a oração de Ana, e nasceu Samuel, que se tornaria
profeta.
- No tempo em que os Juízes julgavam em
Israel, o único sacerdote a oficiar no tabernáculo a que é feito referência é
Eli, e seus filhos Hofni e Finéias. Finéias, filho de Eleazar, apareceu no
tempo de Josué (Jos 22) e depois da morte de Josué, no episódio da guerra com
Benjamim na sequência da morte da concubina do levita (Jz 19 e 20). Mas este
episódio teve lugar na época anterior à opressão de Cusã-Risataim (ver
anteriores mensagens sobre Juizes).
A
morte de Eli.
“Era, porém, Eli já muito velho e ouvia
tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as
mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação”.
- Eli se deixou levar pelos filhos,
honrando-os mais que ao Senhor Deus. Ele não lhes aplicou a disciplina
necessária, mesmo sabendo de todos os atos pecaminosos de seus filhos (1º Sm 2.23)
– “E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Porque ouço de todo este povo os
vossos malefícios”.
- Esse quadro desolador gerou
consequências espirituais irreparáveis ao povo de Israel: religiosidade
aparente, espiritualidade superficial e um sacerdócio descomprometido com Deus.
- Depois que os filisteus tomaram a Arca
e, mesmo recuperando depois, os israelitas deixaram de adorar o Senhor e
serviram aos deuses estranhos das nações circunvizinhas (cf.1º Sm 7.3). Eli foi sacerdote e juiz durante 40 anos.
- Enquanto isso, o Profeta Samuel assumiu a
liderança do povo judeu. Ele trouxe um grande renascimento espiritual, fazendo
anualmente uma ronda partindo de sua casa em Ramah, onde nascera, passando por
Bethel, Gilgal e Mitzpah, julgando e instruindo o povo, e restaurando a paz,
união e segurança a toda a nação judaica.
- Quando Deus levantou Samuel e ele iniciou
um grande avivamento entre o povo; os israelitas estavam cultuando os deuses
estranhos das outras nações, mas Samuel os exortou a livrarem-se rapidamente
deles. Ele orientou o povo a promover a construção de uma unidade nacional e
espiritual.
“Então, falou Samuel a toda a casa de
Israel, dizendo: Se com todo o vosso coração vos converterdes ao SENHOR, tirai
dentre vós os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao
SENHOR, e servi a ele só, e vos livrará da mão dos filisteus” (1º Sm 7.3).
“Então, os filhos de Israel tiraram dentre
si os baalins e os astarotes e serviram só ao SENHOR” (1º Sm 7.4).
- Os ídolos em nossos dias são muito mais
sutis do que deuses de madeira e pedra. No entanto, são tão perigosos quanto
aqueles dos cananeus. Qualquer coisa ou pessoa que ocupe o primeiro lugar em
nossa vida ou que nos controla, poderá ser considerado um deus. Dinheiro,
sucesso, bens materiais, orgulho ou qualquer outra coisa ou pessoa podem se
tornar ídolos, se tomarem o lugar de Deus em nossa vida. Só o Senhor é digno de
nosso culto e adoração, e não podemos permitir que nada venha a se igualar a
Ele. Se tivermos deuses estranhos em nossa vida, deveremos pedir ao Senhor que
nos ajude a depô-los deste trono e a fazer com que somente o único e verdadeiro
Deus seja nossa primeira prioridade.
III.
A TEOLOGIA NOS LIVROS DE SAMUEL
1.
Conteúdo.
1º Samuel.
Com poucas exceções, a narrativa de 1Samuel segue a sequência cronológica.
A. Capítulos 1 a 3 relatam o nascimento e
a infância de Samuel e mostram a depravação dos filhos de Eli, homens que
abusavam sua posição como sacerdotes.
B. Capítulos 4 a 6 registram uma crise em
Israel. Deus usou os filisteus para exterminar a casa de Eli. Ao mesmo tempo, a
arca da aliança (o móvel mais sagrado em Israel) foi tirada dos israelitas e
passou décadas longe do local onde os israelitas adoravam ao Senhor.
C. Capítulo 7 fala do livramento de Israel
das mãos dos filisteus e descreve o trabalho de Samuel como juiz em Israel.
D. Capítulos 8 a 10 descrevem o início do
reino de Israel. O povo pediu um rei, rejeitando o domínio direto de Deus sobre
a nação, e o Senhor lhe deu um rei do tipo que as pessoas esperavam. Saul, um
homem da tribo de Benjamim, foi escolhido como primeiro rei de Israel.
F. Capítulo 11 conta a história de uma
batalha que ganhou para Saul o apoio popular de Israel. Ele conduziu os
israelitas na batalha contra os amonitas e livrou do poder deles a cidade de
Jabes-Gileade, na Transjordânia.
G. Capítulo 12 contém o discurso de
despedido de Samuel, que incentivou o povo a ser fiel ao Senhor. Ele avisou,
também, das consequências que viriam sobre o povo se fosse desobediente a Deus.
Esta mensagem nos lembra dos discursos finais de Moisés e Josué.
H. Capítulos 13 a 15 explicam os graves
erros de Saul que seriam motivo de Deus recusar estabelecer a dinastia deste
benjamita. Por causa da rebeldia e ambição egoísta deste rei, Deus avisou que
daria o reino para outra família. Logo descobrimos que a dinastia permanente
começaria com Davi.
I. Capítulos 16 e 17 usam três episódios
para introduzir Davi, o jovem que seria o segundo rei de Israel. Ele foi ungido
por Samuel, foi chamado para tocar sua harpa para acalmar o rei, e, na história
mais conhecida da sua juventude, foi usado por Deus para vencer o gigante
Golias.
J. Capítulos 18 a 26 relatam o período de
conflito entre Saul, que foi tomado de paranoia, e Davi, que esperava com
paciência o momento determinado por Deus para ascender ao trono. Em vários
momentos, Saul tentou matar Davi, mas este recusou a levantar sua mão contra o
rei legítimo de Israel.
L. Capítulos 27 a 31 descrevem a guerra
entre os israelitas e os filisteus que levou à morte de Saul, abrindo lugar
para a coroação de Davi como rei de Israel. O próximo livro, 2º Samuel, começa
com o início do reinado de Davi.
2º Samuel. O livro de 2º Samuel
pode ser dividido em duas seções principais: os triunfos de Davi (capítulos
1-10) e os problemas de Davi (capítulos 11-20). A última parte do livro
(capítulos 21-24) é um apêndice não-cronológico que contém mais detalhes do
reinado de Davi.
A. O Livro começa com Davi recebendo a
notícia da morte de Saul e seus filhos. Ele proclama um tempo de luto. Logo
depois, Davi foi coroado rei de Judá, enquanto Isbosete, um dos filhos
sobreviventes de Saul, é coroado rei de Israel (capítulo 2). Uma guerra civil
segue, mas Isbosete é assassinado e os israelitas pedem a Davi que reine sobre
eles também (capítulos 4 e 5).
B. Davi muda a capital do país de Hebron
para Jerusalém e depois move a Arca da Aliança (capítulos 5 e 6). O plano de
Davi para construir um templo em Jerusalém é vetado por Deus, que em seguida
faz a seguinte promessa a Davi: Davi teria um filho que governaria depois dele;
o filho de Davi iria construir o templo; o trono ocupado pela linhagem de Davi
seria estabelecido para sempre; Deus nunca iria remover a sua misericórdia da
casa de Davi (2Sm.7:4-16).
C. Davi lidera Israel à vitória sobre
muitas nações inimigas que os cercavam. Ele mostra também bondade à família de
Jônatas ao cuidar de Mefibosete, filho aleijado de Jônatas (capítulos 8-10).
D. Infelizmente, Davi cai em pecado. Ele
cobiça uma bela mulher chamada Bate-Seba, comete adultério com ela e depois tem
o marido assassinado (capítulo 11). Quando o profeta Natã confronta Davi com
seu pecado, Davi confessa e Deus graciosamente o perdoa. No entanto, o Senhor
diz a Davi que as consequências do seu vil pecado seriam inevitáveis.
E. Surgiram muitos problemas. Um deles foi
quando o filho primogênito de Davi, Amnom, violenta sua meia-irmã, Tamar. Em retaliação,
o irmão de Tamar, Absalão, mata Amnom. Absalão então foge de Jerusalém ao invés
de enfrentar a ira de seu pai.
F. Mais tarde, Absalão lidera uma revolta
contra Davi e alguns dos antigos companheiros de Davi se juntam à rebelião
(capítulos 15 e 16). Davi é forçado a sair de Jerusalém e Absalão se posiciona
como rei por um curto período de tempo. No entanto, o usurpador é derrubado e -
contra a vontade de Davi - é morto. Davi lamenta a morte de seu filho.
- Um sentimento geral de inquietação assola
o resto do reinado de Davi. Os homens de Israel ameaçam separar-se de Judá e
Davi tem que suprimir mais uma rebelião (capítulo 20).
G. O apêndice do Livro inclui informação
sobre uma fome de três anos que assolou a terra (capítulo 21), uma canção de
Davi (capítulo 22), um registro das façanhas dos mais valentes guerreiros de
Davi (capítulo 23), assim como o censo pecaminoso de Davi e a consequente praga
(capítulo 24).
Aplicação
Prática.
- Qualquer um pode cair. Mesmo um homem
como Davi, que verdadeiramente desejava seguir a Deus e que foi ricamente
abençoado por Deus, era suscetível à tentação. O pecado de Davi com Bate-Seba
deve servir como um aviso a todos nós para guardarmos nosso coração, nossos
olhos e nossas mentes. Orgulho sobre a nossa maturidade espiritual e nossa
capacidade de resistir à tentação com nossas próprias forças é o primeiro passo
para uma queda (1º Co.10.12).
- Deus é misericordioso para perdoar até
os pecados mais hediondos quando realmente nos arrependemos. No entanto, curar
a ferida causada pelo pecado nem sempre apaga a cicatriz. O pecado tem
consequências naturais e, mesmo depois de perdoado, Davi colheu o que havia
semeado. Seu filho da união ilícita com a esposa de outro homem foi-lhe tirado
(2º Sm 12.14-24) e Davi sofreu a miséria de uma ruptura no seu relacionamento
amoroso com seu Pai celestial (Salmos 32 e 51). Quão melhor é evitar o pecado,
em primeiro lugar, ao invés de ter que pedir perdão depois!
2.
Cristo revelado.
- O Senhor Jesus Cristo é visto
principalmente em duas partes de 2º Samuel:
2.1. Em primeiro lugar, a aliança davídica
conforme descrita em 2º Samuel 7.16:
“Porém a tua casa e o teu reino serão
firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre”.
- Esta promessa foi reiterada em Lucas 1.32,33
nas palavras do anjo que apareceu à Maria para anunciar-lhe o nascimento de
Jesus:
“Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de - Davi, seu pai; ele reinará
para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”.
- Cristo é o cumprimento da aliança
davídica; Ele é o Filho de Deus da linhagem de Davi que reinará para sempre.
2.2. Em segundo lugar, Jesus é visto na
canção de Davi no final da sua vida (2º Sm 22.2-51). Ele canta sobre a sua
rocha, fortaleza e libertador, seu refúgio e salvação. Jesus é a nossa Rocha (1º
Co 10.4, 1ª Pd 2.7-9), o Libertador de Israel (Rm 11.25-27), a Fortaleza para
qual “já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta”
(Hb 6.18) e o nosso único Salvador (Lc 2.11; 2ª Tm 1.10).
3.
Os alicerces da Dinastia davídica.
- Quando Davi propôs no seu coração
construir um Templo para que nele o Senhor Deus fosse adorado continuamente,
recebeu um recado de Deus, através do profeta Natã, no sentido de que ele não
poderia construir o templo, mas quem edificaria o templo seria o filho de Davi,
que reinaria em seu lugar, dando início a uma dinastia que jamais teria fim. - O
filho que seria o seu sucessor imediato seria Salomão.
- Por motivo dessa iniciativa de Davi,
Deus o exaltou sobremaneira, prometendo-o que lhe edificaria uma casa, ou seja,
escolhia a sua descendência para governar sobre o povo de Israel para sempre. O
próprio Davi ficou pasmo com a promessa que Deus lhe dava, tanto que considerou
a sua insignificância, reconhecendo que o Senhor lhe falava de “tempos
distantes” (2º Sm 7.19). Temos, aqui, então, o que os estudiosos da Bíblia
chamam de “pacto davídico”, ou seja, o pacto firmado entre Deus e Davi, segundo
o qual o trono de Israel ficaria para sempre na casa de Davi, ou seja, a
descendência de Davi seria, eternamente, a descendência real de Israel.
- Este pacto representava mais um passo em
direção ao plano de Deus para a humanidade. Deus havia prometido salvar o homem
no Éden, prometendo que um descendente da mulher haveria de vencer o mal e o
pecado. Depois, com Abraão, mostrou que este Salvador viria de uma nação que
seria formada pelo próprio Deus: Israel. Agora, com Davi, diz que este Salvador
seria descendente da tribo de Judá, da família de Davi, a quem seria dado o
governo de Israel. O Messias seria, portanto, descendente de Davi, “Filho de
Davi”, o legítimo herdeiro do trono de Israel.
- A partir desse pacto o povo de Israel
ficou ciente de que o Messias, aquele que viria para salvar Israel, seria
descendente de Davi, daí porque a imagem do Cristo ter ficado relacionada com a
imagem do Libertador político, do Rei, daquele que haveria de livrar Israel dos
seus inimigos, imagem esta que se intensificou a partir do cativeiro da
Babilônia, quando Israel perdeu a sua independência política, como fruto dos
seus pecados, o que era explicitamente reconhecido pelas autoridades judias
(cfr. Ed.9:6-9). Até mesmo os discípulos de Jesus, mesmo depois da
ressurreição, não tinham deixado de associar a imagem do Messias ao do
libertador político (At 1.6).
- A dinastia davídica durou cerca de 425
anos, mas será perpetuada por meio do Rei-Messias, Jesus, ”o Filho de Davi”.
Pela sua vitória sobre todos os inimigos de Israel, pela sua humildade e
compromisso com o Senhor, pelo seu zelo a favor da casa de Deus e pela
associação dos ofícios de profeta, sacerdote e rei na sua pessoa, Davi é um
precursor da Raiz de Jessé, Jesus Cristo.
“Porém, a tua casa e o teu reino serão
firmados para sempre diante de ti, teu trono será firme para sempre”(2º Sm 7.16).
4. A
ação do Espírito Santo nos Livros de Samuel.
- O Espírito Santo atuava com mais
frequência através do sacerdócio. Sua atuação como conselheiro pode ser
apreciada nas muitas ocasiões em que Davi “consultou o Senhor” através do
sacerdote e do éfode.
- Sua principal ação é convencer a pessoa
do pecado. Jesus explicou isso em João 16.8: “E, quando ele vier convencerá o
mundo do pecado, e da justiça, e do juízo”. A obra de convencer e de condenar
do Espírito é claramente percebida quando o profeta Natã enfrenta Davi por causa
do seu pecado com Bate-Seba e Urias. O pecado de Davi é desnudado, a justiça é
feita, e o julgamento é anunciado. Isso, no quadro microcósmico de 2Samuel,
ilustra o amplo ministério do Espírito Santo no mundo através da Igreja
investida do poder do Espírito.
IV.
SAMUEL: O DIVISOR DE ÁGUAS
1.
Samuel, um servo vocacionado por Deus.
- Deus chama todo líder para ser servo,
mas nem todo servo é chamado para ser líder. O líder transmite a ideia de
serviço e é exemplo para outros. A vocação de Samuel para liderar o povo de
Deus deu-se quando ele era menino, tendo como mentor Eli. Pode-se ver isso em 1º
Samuel 3.19,20:
“Crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e
nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. Todo o Israel, desde Dã
até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor”.
- Certa feita, Deus falou a Samuel durante
a noite, e, então, ele disse a Eli o que Deus lhe revelara (1º Sm 3.11-18).
Apesar da dura mensagem dirigida a Eli, Samuel disse a verdade em amor. Esse
encontro deu início a um firme padrão para Samuel. Cedo, os israelitas
procuraram Samuel para que lhes desse conselho de orientação para o seu futuro;
precisavam de ajuda para reconquistar a Arca da Aliança; precisavam de uma
estratégia contra os inimigos, os filisteus; finalmente procuraram a permissão
de Samuel para coroar um rei, semelhante as outras nações vizinhas.
- A influência do profeta continuou
crescendo. Cresceu de tal maneira que, quando o rei Saul falhou na sua
liderança, Samuel o removeu do trono por ordem de Deus. A autoridade que ele
tinha, dada por Deus, era capaz de até mesmo afastar um rei que ocupava o
trono.
- Samuel viveu tempo suficiente para dar
aos israelitas dois reis. Samuel exortou, afirmou, corrigiu, profetizou,
lembrou e ensinou o povo. Quando morreu, todo o Israel se ajuntou para lamentar
a morte dele (1º Sm 25.1). De fato, esse foi um líder de impacto!
2.
Samuel, um líder que sabia ouvir.
2.1.
Todos os líderes necessitam aprender a reconhecer a voz de Deus, mesmo quando
ainda jovens como Samuel. Certa noite, Samuel estava deitado no chão perto da
Arca de Deus e o Senhor o chamou: “Samuel, Samuel!”. No começo, Samuel ouviu,
mas não reconheceu a voz do Pai. Porém, continuou ouvindo e, depois, recebeu
uma mensagem a respeito do juízo vindouro sobre o sacerdote Eli e a família
deste.
- Samuel teve uma longa noite de insônia,
paralisado por medo, ao pensar que devia repetir o que o Senhor lhe havia
contado. Mas, Eli convenceu Samuel que seria muito mais perigoso reter a
verdade do que revelar o que Deus lhe tinha dito (1ª Sm 3.17). Assim, Samuel
expôs a verdade, e, por causa da sua obediência, Deus elevou o jovem a líder e
a profeta entre o seu povo (1º Sm 3.20).
2.2.
Samuel é um grande exemplo bíblico de liderança correta. Demonstra que o
homem ou a mulher, que está apto para liderar o povo de Deus, é pessoa que
aprendeu a ouvir a voz do Senhor, dar atenção às palavras dele e falar a
verdade, sem importar-se com as consequências terrenas.
- Deus nunca escolheu seus líderes com
base no carisma ou na eloquência deles. Pelo contrário, Ele busca aqueles que
têm a coragem de ouvir e falar exatamente o que Ele lhes diz.
3.
Samuel, um líder que servia com humilde e sinceridade.
- Samuel
começa a liderar com aproximadamente trinta anos de idade, depois da morte de
Eli.
Não houve da parte desse jovem qualquer atitude de rebeldia contra o sacerdote.
Ele jamais ousou apontar erros do seu líder, nem desejou seu posto, mas o
servia com humildade e sinceridade, razão pela qual se firmara diante do
Senhor.
- É lamentável, mas muitos, hoje, estão
servindo não com bons propósitos, mas apenas desejando posição, título, fama,
motivos pelos quais sempre que encontram qualquer falha no seu líder expõem-na
a outros, inclusive usando meios eletrônicos, cartas, querendo a posição do
outro. É bom sempre lembrar, porém, que não devemos tomar à força a capa de
Elias; ela só pode cair nas mãos daqueles que servem bem (2º Rs 2.9-14);
somente assim serão usados poderosamente nas mãos de Deus.
4.
Samuel, um tipo de Cristo.
- Samuel foi líder de líderes, conselheiro-chefe
de reis e capitães militares de Israel. Quando ele falava, todos escutavam.
Como profeta de Deus, Samuel ungiu reis; como intérprete da Palavra de Deus,
aconselhou e desafiou reis. Servindo como juiz nos dias imediatamente antes da
monarquia de Saul, Samuel incorporou três grandes funções: profeta, sacerdote e
juiz, como também o faria Jesus, mais tarde.
- Samuel foi chamado por Deus num momento
de grande anarquia nacional, crise espiritual e moral do povo de Deus e da sua
liderança. Ele teve que convocar o povo para promover a construção de uma
unidade nacional e espiritual. Sob sua liderança, ele foi grande responsável
pela transição do período dos juízes para a monarquia; é o que podemos dizer:
ele foi um divisor de águas.
- Samuel foi o último juiz de Israel; com
ele foi fechado o ciclo dos juízes. Ele contribuiu sobremaneira com a nação de
Israel ao estabelecer os alicerces do ofício profético, preservar o sacerdócio
e estruturar a base espiritual do sistema monárquico (1º Sm 3.15-21; 2.18; 8.10-22).
Ele deixou um inegável legado às lideranças seguintes.
CONCLUSÃO.
As
muitas histórias apresentadas em 1 e 2 Samuel revelam os erros e os acertos de
líderes humanos, mas, ao mesmo tempo, revelam o quanto Deus trabalha pelo seu
povo. Ao ler e estudar estes dois Livros, note a transição da teocracia para a
monarquia; exulte com as clássicas histórias de Davi e Golias, Davi e Jônatas,
Davi e Abigail; e assista ao surgimento da influência dos profetas. Mas em meio
à leitura de toda esta história e aventura, resolva participar de sua corrida
como servo de Deus, do início ao fim.
FONTE
DE PESQUISA
1. Bíblia de Estudo Pentecostal.
2. Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
3. Bíblia da Liderança Cristã. Sociedade
Bíblica do Brasil.
4. BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida RA.
2ª Edição. Edição Vida Nova. São Paulo – SP.
5. CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico,
Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
7. Revista Ensinador Cristão – nº 80.
CPAD.
8. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
9. Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
10. Pr. Osiel Gomes. O Governo divino em
mãos humana. CPAD.
11. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
12. Roberto B. Chisholm Jr. 1 & 2
Samuel. Vida Nova.
13. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Portal-
EBD.
Disponível no Blog:
http://luloure.blogspot.com