Levítico 8.1-13 “O Senhor disse a Moisés: 2- Traga Arão e seus filhos, suas vestes, o óleo da unção, o novilho para a oferta pelo pecado, os dois carneiros e o cesto de pães sem fermento; 3- e reúna toda a comunidade à entrada da Tenda do Encontro. 4- Moisés fez como o Senhor lhe ordenou, e a comunidade reuniu-se à entrada da Tenda do Encontro. 5- Então Moisés disse à comunidade: Foi isto que o Senhor mandou fazer; 6- e levou Arão e seus filhos à frente e mandou-os banhar-se com água;7- pôs a túnica em Arão, colocou-lhe o cinto e o manto, e pôs sobre ele o colete sacerdotal; depois a ele prendeu o manto sacerdotal com o cinturão; 8- colocou também o peitoral, e nele pôs o Urim e o Tumim; 9- e colocou o turbante na cabeça de Arão com a lâmina de ouro, isto é, a coroa sagrada, na frente do turbante, conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. 10- Depois Moisés pegou o óleo da unção e ungiu o tabernáculo e tudo o que nele havia, e assim os consagrou. 11- Aspergiu sete vezes o óleo sobre o altar, ungindo o altar e todos os seus utensílios e a bacia com o seu suporte, para consagrá-los. 12- Derramou o óleo da unção sobre a cabeça de Arão para ungi-lo e consagrá-lo.13- Trouxe então os filhos de Arão à frente, vestiu-os com suas túnicas e cintos, e colocou-lhes gorros, conforme o Senhor lhe havia ordenado.”
Levítico 9.1,23,24 “E aconteceu, ao dia oitavo, que Moisés chamou a Arão, e a seus filhos, e aos anciãos de Israel. 23- Então entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois saíram e abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo. 24- Porque o fogo saiu de diante do Senhor e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilaram e caíram sobre suas faces.”
INTRODUÇÃO
Iniciamos esta lição abordando a importância de se valorizar os escritos do AT, já que muitos os consideram como sendo uma mensagem ultrapassada para a Igreja, pois estamos vivendo uma nova dispensação. Esquecendo-se que muito do NT é explicado pelo AT.
Agostinho escreveu que: “O Novo está contido no Antigo; o Antigo é explicado pelo Novo”.
Podem-se destacar três figuras básicas na organização do culto no Antigo Testamento: os escribas, os levitas e os sacerdotes. Os escribas eram os escreventes, cuja principal função era copiar as Escrituras. Levitas são descendentes de Levi, um dos doze filhos do patriarca Jacó, filho de Abraão, o Pai da fé. Da tribo de Levi, Deus levantou a Moisés e Arão, para libertação e consagração do povo de Israel. Estabelecido o culto ao Deus Verdadeiro, Deus separou a tribo de Levi em duas classes: (1) Arão e seus descendentes para exercer o sacerdócio, e (2) os que serviam de auxiliares aos sacerdotes, conhecidos apenas como Levitas. Os sacerdotes, por sua vez, eram encarregados do culto divino. Atuavam como mediadores entre Deus e o povo.
Assim, veremos como se deu a chamada dos filhos de Levi para o ministério sacerdotal. Entre outras perguntas, responderemos a estas: Quem eram os levitas? E por que a sua chamada foi necessária? Veremos ainda como eles deveriam exercer o seu ofício.
À semelhança dos levitas, nós também fomos chamados a trabalhar na expansão do Reino de Deus. Nesse sentido, atuamos como nação santa, profética e sacerdotal, proclamando o Evangelho e intercedendo tanto pelos crentes quanto pelos que ainda não creem. Que o Espírito Santo nos ajude neste estudo.
Nos sacrifícios e no sacerdócio temos uma figura do Senhor Jesus Cristo. Ele é perfeito sacerdote. Como sacerdote está diante de Deus para interceder por todos que foram alcançados pelo seu sacrifício.
I. LEVI, A TRIBO SACERDOTAL
Em primeiro lugar, vejamos quem foi Levi. Depois, constataremos quão zelosos foram os seus descendentes e como se deu a sua vocação ao ofício sagrado.
1. O nascimento de Levi. Ao dar à luz a Levi, declarou Lia: “Agora, esta vez se ajuntará meu marido comigo, porque três filhos lhe tenho dado” (Gn 29.34). Por isso, a esposa desprezada de Jacó foi impulsionada a dar o nome de Levi ao seu terceiro filho. E, de fato, os levitas sempre estiveram ligados ao Senhor. Foi assim que o menino passou a ser contado entre os patriarcas das doze tribos de Israel (At 7.8).
2. O zelo dos levitas. Levi, pelo que inferimos do texto sagrado, sempre teve uma postura zelosa e conservadora em relação à honra da família, haja vista o episódio envolvendo o estupro de sua irmã, Diná (Gn 34.25-31). Mais tarde, após a saída de Israel do Egito, os levitas juntaram-se a Moisés no combate à idolatria gerada pelo bezerro de ouro (Êx 32.26-28). Eram homens da maior firmeza (2º Cr 26.17).
3. A vocação sacerdotal dos levitas. Não foi sem motivo que o Senhor escolheu a tribo de Levi como o berço de Moisés e Arão (Êx 6.14-27). De um lar tão piedoso, saíram homens e mulheres de comprovada piedade. Aliás, tinha o Senhor uma aliança particular com Levi e sua descendência (Ml 2.4,5).
Tendo em vista o caráter santo e distintivo da tribo de Levi, aprouve a Deus separá-la para o sacerdócio (Nm 3.45). Nesse processo, o Senhor apresentou os levitas como resgate de toda a nação de Israel. Ao invés de cada família entregar o seu primogênito ao serviço divino, a tribo de Levi foi apartada das demais para dedicar-se inteiramente a Deus (Nm 3.12). Os levitas, pois, foram concedidos como dons a Israel, assim como os obreiros de Cristo foram entregues com o mesmo objetivo à Igreja (Ef 4.8-12).
4. Acidades dos levitas. Quarenta e oito cidades destinadas para os levitas, por Moisés e Josué (Nm 35.1-8; Js 21). A tribo de Levi não recebeu qualquer parte da terra de Canaã como herança (Nm 18.20-24; 26.62; Dt 10.9; 18.1,2; Js 18.7). Para compensá-los por isso, eles recebiam os dízimos dos israelitas para seu sustento (Nm 18.21), e quarenta e oito cidades lhes foram destinadas, da herança das outras tribos. Dessas cidades os sacerdotes receberam treze (Js 21.4) e seis eram cidades de refúgio, para as quais os homens que acidentalmente matassem alguém podiam ir em busca de proteção (Nm 35. 9-34; Dt 4.41-43).
II. O SUMO SACERDOTE
Em todo o AT, vemos Deus sempre vocacionando pessoas para uma obra específica. O sacerdócio era um ofício que exigia a marca da unção para ser exercido. O escritor aos hebreus chega a dizer que esta honra é para quem Deus chama.
1. O significado da palavra sacerdote. Significado de sacerdote. Sacerdote, no original hebraico כהן, koem são os sacerdotes na Torá, cujo líder era o Cohen Gadol, no grego ιερος / ἱερός hieros hierus, é sagrado no pensamento grego significa quem oferece sacrifícios.
2. O que é o sacerdócio? O sacerdócio antes do Êxodo se caracterizava pelo ofício exercido pelo chefe de cada família, que tinha o objetivo de passar os valores morais e a noção do verdadeiro Deus de Israel; porém, com a instituição do Tabernáculo e seus diversos rituais tendo que ser cumprido na íntegra, houve a necessidade de se ter alguém responsável por oficializar essas liturgias. Vale salientar que, naquela época, o sacerdócio era hereditário e eles eram responsáveis em manter a pureza para intimidade com Deus. Em nossos dias, podemos comparar este ofício ao exercício ministerial, em que homens vocacionados por Deus exercem seus ministérios; fazendo a vontade de Deus e preparando os membros para o desenvolvimento do corpo (Ef 4.11-14).
O sumo sacerdote de Israel teria de ser, obrigatoriamente, descendente de Arão, ungido, vitalício e servo de Deus.
3. Descendente de Arão. Deus em sua
soberana vontade escolheu Arão e seus filhos para exercerem o ministério
sacerdotal. Não foi uma escolha por mérito da família de Arão.
O sumo sacerdote era o principal representante do culto divino no Antigo Testamento (Êx 28.1). Por essa razão, o Senhor exigia que ele proviesse de uma tribo específica, a de Levi, e de uma família ainda mais específica, a casa de Arão (Êx 6.16-23). Assim, duplamente separado, tinha condições de apresentar-se como a maior autoridade espiritual da nação; era o símbolo da plenitude espiritual requerida pelo Deus de Israel (Sl 133.1-3).
Constituído a favor dos homens nas coisas concernentes ao Altíssimo, o sumo sacerdote oferecia sacrifícios pelos pecados do povo (Hb 5.1). Portanto, ele fazia a intermediação entre o povo de Israel e o santíssimo Deus. Era sua responsabilidade também instruir o povo santo (Lv 10.10,11).
4. O sumo sacerdote Arão. Por sua infinita
graça, Deus separou uma família para que estivesse perante ele para interceder
pela nação de Israel. O grande privilégio de Arão e seus filhos também trouxe
uma grande responsabilidade perante Deus e diante da nação.
O sumo sacerdote foi escolhido para
servir. Da mesma forma o próprio Jesus também veio ao mundo para servir (Mt 20.28).
Serviu com a sua vida e com sua morte.
Ele se fez nossa justiça (2ª Co 5.21);
Ele se fez nosso advogado (1ª Jo 2.1);
Ele se fez nosso confessor (1ª Jo 1.9,10);
Ele se fez nosso intercessor (Hb 7.25);
Ele se fez nosso precursor (Hb 6.20);
Nossa garantia de entrar no céu pela sua morte (Fp 2.8).
5. Ungido para o ofício. O Senhor determinou que o sumo sacerdote fosse ungido a fim de dignificá-lo como ministro extraordinário do culto divino (Êx 28.41; 29.1-7). Sob a unção divina, teria condições de tornar a nação israelita propícia diante do Santíssimo Deus (Hb 5.1).
Moisés ungiu o tabernáculo e em seguida Arão (Lv 8.10, 12). Observemos que Arão foi ungido antes do sacrifício ser realizado. Um tipo do Senhor Jesus Cristo, que foi ungido no início do Seu Ministério (Lc 4.18), e antes de morrer na cruz. Todo israelita precisava de um sacerdote para poder chegar a presença de Deus, assim, em Cristo todo salvo tem a ousadia para chegar diante do Senhor. A unção sobre Arão era a aprovação e confirmação de Deus para que ele tivesse autoridade para exercer o ministério sacerdotal em favor de todos os crentes (Hb 7.21).
6. Vitalício no cargo. A vitaliciedade do sumo sacerdócio está patente na história da família de Arão. Antes de este morrer, Moisés o desvestiu das roupas sacerdotais, para vesti-las em Eleazar, seu filho (Nm 20.23-29). Mais tarde o mesmo Eleazar seria substituído por seu filho Fineias (Js 24.33; Jz 20.28). Todavia, no tempo do Novo Testamento, a vitaliciedade já não era observada (Jo 11.49-51). Ao que tudo indica, havia um rodízio entre os principais membros da família de Arão (Lc 3.2).
7. Servo de Deus. Apesar da importância do cargo, o sumo sacerdote não era considerado infalível, nem estava acima da Lei de Deus. Sua obrigação era servir o altar e conservar-se puro, a fim de que o nome do Senhor fosse exaltado entre os filhos de Israel (Êx 28.43). O capítulo três de Zacarias descreve a dignidade do sumo sacerdote constituído sobre Israel.
8. Duas qualificações são necessárias para um verdadeiro sacerdócio.
8.2. O sacerdote deve ser compassivo, manso e paciente com aqueles que se desviam por ignorância, por pecado involuntário e por fraqueza (Hb5.2; 4.15; cf. Lv 4; Nm 15.27-29).
8.2. Deve ser designado por Deus (Hb 5.4-6). Cristo satisfaz ambos requisitos. Cristo aprendeu pela experiência o sofrimento e o preço que com frequência se paga pela obediência a Deus num mundo corrupto (Hb 12.2; Is 50.4-6; Fp 2.8). Ele se tornou o Salvador e sumo sacerdote perfeito, porque seu sofrimento e morte na cruz ocorreram sem pecado. Por isso, Ele estava qualificado em todos os sentidos (Hb5.1-6), para nos prover a eterna salvação. (Bíblia de Estudo Pentecostal.
III. O VESTUÁRIO SACERDOTAL
Na descrição sobre o Tabernáculo, Deus fala a Moisés sobre as vestimentas sacerdotais nos mínimos detalhes. As roupas sacerdotais, além de mostrar o Ofício e a responsabilidade, apontavam para a autoridade Divina e suas funções, e para Jesus, o Sumo Sacerdote eterno.
1. Linho fino e túnica branca. Estas peças traziam características que mostravam o quanto os sacerdotes deveriam primar pela santidade. O tecido feito de linho fino representa a realeza e a túnica Branca servia para que o sacerdote jamais se esquecesse de que sua vida deveria ser Santa. Nós, como sacerdotes, precisamos primar por uma vida de santidade e servir integralmente a Deus, pois somos Seus embaixadores.
2. As orlas tinham companhias de ouro. As orlas da toga sacerdotal eram ornamentadas com companhias de ouro e romãs azuis que se alternavam. Como a romã tem muitas sementes é considerada símbolo de uma vida frutífera; já as companhias de ouro, eram usadas quando o sumo sacerdote ministrava no lugar Santíssimo, pois o barulho delas indicava que o sumo sacerdote não havia morrido. Tudo tinha uma mensagem, e precisamos atentar a estes detalhes a de cumprir com excelência o ministério do Senhor.
3. O Éfode, o Urim e o Tumim. É necessário falar sobre dois acessórios sacerdotais que têm muito a ver com seu ofício. O Éfode era um corpete contendo 12 pedras de diferentes cores e tipos; simbolizando que o sumo sacerdote deveria carregar as tribos em seu coração, intercedendo por eles. Outro acessório da indumentária é o Urim e Tumim, que eram duas pedras usadas para consultar a vontade de Deus, pois ao sumo sacerdote cabia a tarefa de mostrar ao povo a soberana vontade de Deus.
IV. A CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA
1. O senhor Deus convoca toda a congregação. Para a realização do ato de consagração dos sacerdotes, Moisés convoca toda a congregação à porta da tenda da congregação (Lv 8.3), como o Senhor lhe ordenara. Todos eles foram lavados com água, símbolo da Palavra de Deus, e depois os vestiu. Uma simbologia perfeita do que acontece com os que hoje são chamados para o serviço do Mestre, pois são purificados pela lavagem da Palavra de Deus e vestidos com as vestes da salvação. Toda a congregação assistiu à cerimônia daqueles que estariam incumbidos do privilégio de responderem pelos interesses mais importantes perante o Senhor (Lv 8.5).
2. O sacrifício de Arão. Mesmo sendo escolhido para ser o sumo sacerdote, Arão era pecador e necessário era o sacrifício para que pudesse estar diante de Deus pela nação de Israel: “Então fez chegar o novilho da expiação do pecado; e Arão e seus filhos puseram as suas mãos sobre a cabeça do novilho da expiação do pecado.” (Lv 8.14). Sabemos que pelo pecado do sacerdote era necessário um novilho (Lv 4.4). E para começar o seu ofício, Arão precisou ter os seus pecados expiados. Toda pessoa que queira servir a Deus tem que ter a experiência da regeneração: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” (Tt 3.5).
“Em seguida trouxe o novilho para a oferta
pelo pecado, e Arão e seus filhos puseram-lhe as mãos sobre a cabeça.” (Lv
8.14).
V. A CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES
A palavra consagrar significa “separar para
uso de”. A partir da consagração, o sacerdote seria separado para uso exclusivo
de Deus, tendo que viver uma vida digna de sua vocação e fidelidade a Ele.
1. A consagração dos filhos de Arão. Arão e seus filhos separados para o sacerdócio em Israel são uma figura de Cristo e sua igreja. A responsabilidade de Arão era superior a de seus filhos, mas os filhos de Arão também eram sacerdotes. A igreja de Cristo é chamada de sacerdócio real (1ª Pe 2.9). O sacerdócio da igreja é junto com Cristo, assim como o dos filhos de Arão era com seu pai.
Enquanto a santificação é uma separação, a consagração tem o sentido de entrega a Deus. Em (Lv 27.28-30) vemos de forma bem clara que tudo que é consagrado ao Senhor passa a pertencer ao Senhor.
Todavia, nenhuma coisa consagrada, que alguém consagrar ao Senhor de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda a coisa consagrada será santíssima ao Senhor.
Toda a coisa consagrada que for consagrada do homem, não será resgatada; certamente morrerá. Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor. (Lv 27.28-30).
Os sacerdotes eram consagrados ao Senhor
(pertenciam ao Senhor), como nós hoje:
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. (1ª Co 6.20).
2. O sangue nos sacerdotes. Após o sacrifício do animal. Arão e seus filhos estão juntos. Que bela figura de Jesus se identificando com os Seus após ter morrido e ressuscitado. Após a morte e ressurreição de Jesus, a Igreja pode ser morada de Deus, habitação do Espírito Santo. O sangue foi aplicado em Arão como também em seus filhos. O sangue que foi derramado à base do altar era imprescindível em todo o sacrifício pelo pecado (Lv 8.15). A consagração de Arão junto com seus filhos foi com o sangue do carneiro (Lv 8.23), significando que tudo que é oferecido a Deus ou útil para o serviço a Deus tem como fundamento o sangue do sacrifício.
3. O segundo carneiro da
consagração (Êx 29.19-35). Era necessário que outro animal inocente fosse morto.
Segundo o Comentário Bíblico Beacon, “parte do sangue era colocada
primeiramente na orelha direita, no dedo polegar da mão direita e no dedo
polegar do pé direito”. O restante do sangue deveria ser derramado sobre o
altar. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecado (Hb 9.22). Tudo
apontava para o Calvário, onde Cristo derramou seu sangue por nós.
Depois mandou trazer o outro carneiro, o carneiro para a oferta de ordenação, e Arão e seus filhos colocaram as mãos sobre a cabeça do carneiro. Moisés sacrificou o carneiro e pôs um pouco do sangue na ponta da orelha direita de Arão, no polegar da sua mão direita e no polegar do seu pé direito. (Lv 8.22,23).
4. O azeite nos sacerdotes.
Óleo de oliva
Fazia parte da oferta de manjares (Lv 2.1), era usado como combustível para as lâmpadas (Mt 25.3,4). A beleza produzida pelo óleo pode sublinhar o seu uso na vida religiosa, porque os objetos consagrados ao serviço de Deus eram ungidos com óleo. O profeta (1º Rs 19.16), o sacerdote (Lv 8.12) e o rei (1º Sm 16.13; 1º Rs 1.34) eram ungidos com óleo por serem separados, ou consagrados ao serviço de Deus. O uso ritual era tão importante que se considerava ofensa, levando à excomunhão, usar o óleo santo da unção para fins comuns (Êx 30.32,33) e a pessoa que tivesse recebido tal unção devia ser obedecida (1º Sm 24.6).
O profeta falava ao povo da parte de Deus,
o sacerdote representava o povo diante de Deus e o rei estabelecia a lei de
Deus.
A palavra para “unção” é Maseiah, e o Messias é, portanto, “o ungido”. Jesus reuniu em si mesmo a tripla função de profeta, sacerdote e rei.
Muito simbolismo é envolvido nisto. O Óleo parece ter sido reconhecido como um dom de Deus; a oliveira que cresce num lugar rochoso produzirá abundância de Óleo. O óleo é, pois, associado com o dom de Deus e com o derramamento do Espírito feito por Deus. Jesus disse que o Espírito de Deus estava sobre Ele porque o Senhor o havia ungido (Is 61.1; Lc 4.16-21).
Após o sacrifício oferecido no altar e o sangue ser colocado sobre Arão e seus filhos (orelha, mão e pé) o sangue e o azeite podem ser espargidos sobre eles. Antes Arão foi ungido sozinho, mas agora ele pode estar junto dos seus filhos. Após Sua morte e ressurreição Jesus pode se identificar com os Seus. Jesus veio para buscar o que se havia perdido e conceder ao homem desfrutar do que Ele sempre gozou junto com o Pai: “E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” (Jo 17.19).
A santificação dos filhos de Arão aconteceu junto com o seu pai. A santificação da Igreja não acontece fora de Cristo. Todos os meios de purificação da alma que o homem inventa são totalmente inúteis diante de Deus. A santificação é oferecida por Deus ao homem através da obra que Jesus realizou e para que o homem possa dela desfrutar precisa ser um com Jesus Cristo. Toda a perfeição que o homem busca só é encontrada em Jesus. O homem só pode estar na presença de Deus com vestes santas, vestes dadas por Deus, para que não se esconda como fez Adão.
5. Qual era o significado da unção de Arão como sumo sacerdote? O sumo sacerdote tinha deveres especiais que nenhum outro sacerdote tinha. Só ele podia entrar Santo dos Santos no Tabernáculo no Dia da Expiação anual para expiar os pecados da nação. Portanto, ele estava no comando de todos os outros sacerdotes. O sumo sacerdote era um retrato de Jesus Cristo, que é nosso Sumo Sacerdote (Hb 7.26-28). (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD - pág.212).
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote santo, inocente, imaculado, separado dos pecados e feito mais sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” (Hb 7.26-28).
6. Pormenores da consagração. Na cerimônia de consagração, primeiro acontecia a lavagem por completo, que simbolizava a purificação interna, depois se recebia as vestes sacerdotais, simbolizando a dignidade para o ofício e somente depois se derramava o azeite da unção, para representar a unção do Espírito Santo sobre a vida do vocacionado. Tinha também a aspersão do sangue de carneiro sobre a ponta da orelha direita e sobre o dedo polegar do pé direito (Êx 8.24). Este ritual deixa claro que o ouvido de Arão deveria estar sintonizado com a voz de Deus, assim como suas mãos deveriam se esforçar no desempenho da função sacerdotal e seus pés caminharem sem se cansar para cumprir com excelência sua vocação.
7. Jesus e o sacerdócio perfeito. Todos os pormenores do Tabernáculo apontavam para a obra de salvação. Jesus não foi somente o sacrifício perfeito, mas também o Sumo Sacerdote por excelência. O escritor aos Hebreus, nos capítulos 4 e 5, mostra a superioridade de Cristo em relação aos demais sacerdotes: Jesus não pecou, cumprindo na íntegra a coroa que os sacerdotes usavam com a epígrafe: "Santidade ao Senhor". Destacamos ainda que o sumo sacerdote entrava uma vez por ano no Lugar Santíssimo para oferecer sacrifício pelo povo, enquanto Jesus abriu a porta, dando, aos santos, acesso ao trono de Deus por intermédio de Seu sangue. O sacerdócio de Cristo não é local, e sim universal. Em Cristo, converge todo o Tabernáculo.
VI. A GLÓRIA E O FOGO DO SENHOR
Após a consagração de Arão e seus filhos, Deus faz através de Moisés uma promessa: “porquanto hoje o Senhor vos aparecerá” (Lv 9.4). Tudo o que temos estudado no livro de levítico até agora se resume muito bem nessa promessa. Deus quer um povo santo para que possa conviver no meio dele.
1. Comendo na tenda da congregação. Arão e seus filhos deveriam ficar sete dias na porta da tenda da congregação. Eram os dias necessários para a consagração deles. Deveriam se alimentar naquele local e fazer tudo o que fora ordenado, pois se assim não fizessem morreriam (Lv 8.35-36). Assim, aprendemos os princípios bíblicos sobre o cuidado, seriedade, zelo e preparo para o exercício do ministério. Os detalhes aqui apresentados não são exigidos hoje para os obreiros da Igreja, porém os princípios permanecem (At 6.1-3; 1ª Tm 3.1-13; Tt 1.5-9).
A passagem bíblica de Levítico 8.31 ensina para a Igreja de Jesus que, como Arão e seus filhos, estamos também nos alimentandos do que há na tenda (a Palavra de Deus), e não podemos buscar outro alimento, porque se assim o fizermos morreremos.
Devido o ministério sacerdotal ser consagrado a Deus (pertencer a Deus), em todo tempo eles eram sustentados por Deus.
O Pr. Antônio Gilberto faz uma observação
interessante sobre o assunto:
Os verdadeiros ministros da igreja são chamados e vocacionados pelo Senhor. O ministério pastoral não é simplesmente um cargo ou uma forma de se alcançar status seja ele qual for. Muitos querem viver da obra e não para ela. Quem exerce o santo ministério sem a direta chamada do senhor (o dono da obra) é um intruso e está profanando a obra de Deus. (Pr. Antônio Gilberto - Revista CPAD – 1º Trimestre 2014 - página 80).
2. Fogo do Senhor. Quando tudo é feito conforme Deus diz que deve ser feito, então acontece o que encontramos em Levítico 9.24: “o fogo saiu de diante do Senhor e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar”. Essa foi a confirmação de que Deus aprovou tudo o que fora feito. Ele mesmo acendeu o altar de Israel e agora a responsabilidade dos sacerdotes era manter o fogo aceso. A regra é simples: Deus acende o fogo no altar e aos Seus servos compete mantê-lo aceso. Infelizmente, o altar de Israel se apagou. Deus acendeu o fogo da Igreja no dia do Pentecostes. Como estamos hoje?
Com a manifestação poderosa do Senhor queimando a oferta que estava sendo oferecida sobre o altar, o povo se prostrou com júbilo em adoração a Deus. Era um alarido que o povo manifestava, pois estava no seu lugar. O sacerdote Arão, seus filhos, os sacrifícios, o sangue do perdão, a unção, a tenda ungida, tudo para glória de Deus e alegria do Seu povo; assim, o Senhor se manifestou de modo grandioso, com fogo saindo da Sua presença. Deus hoje quer se manifestar de modo semelhante na vida de cada um dos Seus filhos, para que também venhamos nos prostrar em júbilo na Sua presença.
V. DIREITOS E DEVERES
Os descendentes de Levi, principalmente os da casa de Arão, deveriam observar estes direitos e deveres: viver do altar, santificar-se ao Senhor e ser uma referência moral, ética e espiritual.
1. Viver do altar. Já que os sacerdotes dedicavam-se ao ministério do altar, desse mesmo altar deveriam viver (Lv 7.35). Portanto, não tinham eles direito a qualquer herança territorial entre os seus irmãos, porque a sua herança e porção era o Senhor (Nm 18.20). Moisés, porém, divinamente instruído, destinou-lhes cidades estratégicas por todo o Israel (Nm 35.8). Algumas delas serviam também como refúgio aos que, acidentalmente, matavam alguém (Nm 35.6).
2. Santificar-se ao Senhor. Em virtude de seu ofício, os sacerdotes deveriam erguer-se, em Israel, como referência de santidade e pureza. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa de ouro, em sua mitra, na qual estava escrito: “Santidade ao Senhor” (Êx 28.36). Caso o sacerdote profanasse o seu ofício, seria punido com todo o rigor (Lv 10.1-3).
3. Tornar-se uma referência espiritual e moral. Os sacerdotes, por serem responsáveis pela aplicação da Lei de Deus, tinham a obrigação de ser uma referência espiritual, moral e ética para os filhos de Israel (Ml 2.1-10). Os filhos de Eli, em consequência de seu proceder, tornaram-se um péssimo exemplo aos israelitas. E, por causa disso, Deus os matou (1º Sm 2.25). Andemos, pois, em santidade e pureza diante do Senhor, pois Ele continua a exigir santidade de todo o seu povo (1º Pe 1.15).
O sacerdócio levítico era glorioso; seus membros eram considerados príncipes de Deus (Zc 3.8). Todavia, o Senhor Jesus Cristo é superior ao sacerdócio levítico, pois é eterno (Sl 110.4; Hb 7.13-17). Quanto a nós, somos uma nação santa, profética e sacerdotal, pois recebemos a incumbência de proclamar o Evangelho e interceder pelos que perecem (1ª Pe 2.9). Portanto, sirvamos ao Senhor com todo o nosso ser, para que, através de nossa vida, venha o Reino de Deus a este mundo que jaz no Maligno.
Temos em Cristo um Sumo Sacerdote perfeito que entrou uma vez o santuário celeste com o seu próprio sacrifício, realizando uma perfeita redenção e outorgando a todos os que creem a ousadia para entrar e permanecer na presença de Deus.