TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 9 de novembro de 2021

FOGO ESTRANHO DIANTE DE DESUS

 


Levítico 10.1-11 “E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. 2- Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. 3- E disse Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se. 4- E Moisés chamou a Misael e a Elzafã, filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai, tirai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial. 5- Então, chegaram e levaram-nos nas suas túnicas para fora do arraial, como Moisés tinha dito. 6- E Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descobrireis as vossas cabeças, nem rasgareis vossas vestes, para que não morrais, nem venha grande indignação sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o SENHOR acendeu. 7- Nem saireis da porta da tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o azeite da unção do SENHOR. E fizeram conforme a palavra de Moisés. 8- E falou o SENHOR a Arão, dizendo: 9- Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10- para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11- e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.” 

INTRODUÇÃO

O livro de Levítico diz respeito aos levitas e é um verdadeiro manual sobre as atribuições e responsabilidades dos sacerdotes de Israel. Orientações quanto ao que deveriam fazer e o que estavam proibidos de fazer, a fim de demonstrarem o zelo do Senhor e honrarem a Sua santidade diante do povo. 

Nesta lição, baseada no capítulo 10 de Levítico, destaca um caso fatídico de descumprimento por parte de dois sacerdotes das regulamentações já estabelecidas por Deus, e o castigo divino que se seguiu imediatamente. Estudemos e reflitamos atentamente, pois há muitas lições que se aplicam também a nós, Igreja do Senhor! 

I. O QUE É FOGO ESTRANHO 

Fogo estranho é a expressão bíblica utilizada para indicar o tipo de fogo trazido por dois sacerdotes e que foram rejeitados pelo Senhor (Lv 10.1-3). A Bíblia diz que Nadabe e Abiú trouxeram fogo estranho diante de Deus e acabaram sendo consumidos. 

Os dois sacerdotes tinham Nadabe e Abiú, tinham sido instruídas por Deus acerca de como proceder na ministração dos cerimoniais que faziam parte do culto no Tabernáculo. 

Levítico 10 fala sobre como os dois sacerdotes se colocaram diante de Deus para lhe oferecer incenso. Porém, Deus não se agradou do que aqueles homens fizeram, e identificou aquilo como “fogo estranho”, algo que o Senhor não lhes tinha ordenado. 

 II. OS PRIVILÉGIOS DE NADABE E ABIÚ 

Jesus disse que: “a quem muito é dado, muito será cobrado, e a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá” (Lc 12.48b). Então avaliemos as dádivas concedidas pelo Senhor aos dois filhos do sumo sacerdote Arão, para que então compreendamos o peso da responsabilidade deles diante dos demais levitas bem como de toda a congregação de Israel, e o porquê daqueles irmãos terem pago com a própria vida pela irreverência que demonstraram. 

1. Ascendência levítica.

1.1. Nadabe e Abiú procediam da tribo de Levi, a única tribo de Israel a qual Deus escolheu para oficiar no culto. 

1.2. Uma tribo de líderes espirituais, cujos filhos homens foram consagrados ao Senhor para o serviço no tabernáculo e, posteriormente, no templo. 

1.3. Era a tribo modelo por assim dizer, a tribo que Deus chamou para ser referência espiritual para as demais.

1.4. Estes irmãos nasceram numa família privilegiada por Deus! (Quantos hoje que nascem num “lar evangélico”, recebendo desde a mais tenra idade educação espiritual de boa qualidade, mas colocam tudo isso a perder tão logo alcançam a juventude? Ignoram para seu próprio prejuízo a criação que receberam junto à pais-pastores, mães de oração, irmãos músicos na casa do Senhor…). 

2. Ascendência arônica.

2.1. Nadabe e Abiú eram sobrinhos de Moisés e filhos de Arão, a quem Deus escolheu para encabeçar o sacerdócio de Israel. Não a outros, mas à família de Arão foi que Deus entregou o ofício sacerdotal, e tanto Nadabe como Abiú, além de seus outros dois irmãos Eleazar e Itamar, teriam, cada um por sua vez, o direito ao posto de sumo sacerdote, visto que este mais elevado cargo religioso seria passado de pai para filhos, por ordem de nascimento. Ou seja, se já eram levitas e sacerdotes, Nadabe e Abiú tinham diante deles um futuro ainda mais promissor! (Quantos de nós hoje temos uma “carreira que nos está proposta” (Hb 12.1), mas preferimos trocar as glórias do porvir pelo prazer efêmero do pecado?) 

3. Participara da glória de Deus.

3.1. Nadabe e Abiú viram ou tomaram conhecimento de muitas manifestações sublimes do poder de Deus:

A. Das pragas que caíram sobre o Egito ao maravilhoso livramento dos primogênitos hebreus por causa do sangue aspergido nas portas.

B. Viram a mão poderosa do Senhor fazendo o mar Vermelho dividir-se em duas bandas, entre as quais uma multidão de judeus passou a pés enxuto; nas mesmas águas do mar Vermelho viram o exército egípcio perecer afogado.

C. Viram o monte Sinai fumegar e tremer diante da maravilhosa manifestação divina na qual os mandamentos foram entregues a Moisés.

D. Viram sinais e maravilhas operados no deserto. 

3.2. Todas estas manifestações divinas que requeriam uma resposta reverente por parte dos adoradores de YHWH. Deus revelou-se grandioso, poderoso e temível (Dt 28.58), e não teria por inocente ao culpado. (Semelhante advertência está posta aos cristãos em Hebreus 6.4-6, quanto aos que receberam e viveram maravilhosas experiências com Deus, mas que desprezaram tudo indo após o pecado e a apostasia conscientemente. Há uma linha que quando ultrapassada não é possível mais voltar!). 

III. FOGO ESTRANHO NO ALTAR 

1. O incenso era coisa santíssima.

1.1. As regulamentações quanto ao altar do incenso, que ficava no primeiro cômodo interno do tabernáculo, o lugar Santo, estão no capítulo 30 do livro do Êxodo. Nos versículos 7 a 10 e 34 a 38 o Senhor dá a Moisés instruções quanto às responsabilidades de quem deveria oferecer regularmente este incenso e que essências deveriam ser usadas. E destaca-se: “O incenso lhes será santíssimo” (v. 36b, NVI). 

1.2. O uso desse superlativo, “santíssimo”, deveria servir para inspirar temor e profunda reverência naqueles que ministrariam culto ao Senhor no tabernáculo. Os irmãos Nadabe e Abiú, e qualquer outro oficial do culto jamais poderiam alegar inocência, ignorância ou desatenção, pois as orientações eram claras e objetivas! 

2. Fogo estranho – que é isso? A expressão “fogo estranho” pode se referir ao modo ilícito que os dois sacerdotes apresentaram o incenso a Deus. Talvez eles não tivessem observado a ordenança divina que regulamentava aquele procedimento. 

Deus havia prescrito o tipo de incenso correto que deveria ser oferecido, e proibido qualquer tipo de “incenso estranho”. Deus também havia indicado como o incenso deveria ser ascendido e queimado (cf. Êx 30.37). O incenso deveria ser queimado continuamente, de manhã e de tarde. As brasas para ascender o incenso deveriam vir do próprio altar (cf. Lv 16.12,13). 

O texto bíblico, porém, revela a imprudência daqueles irmãos: “E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara” (v. 1). 

Então Nadabe e Abiú podem ter utilizado incenso errado, ou mesmo usado incensários inadequados; ou ainda ascendido os incensários com brasas de fogo de outra fonte, e não do altar. Nesse último caso, os dois sacerdotes teriam literalmente trazido fogo estranho diante de Deus. 

Discute-se a natureza deste “fogo estranho” oferecido pelos sacerdotes filhos de Arão, mas entre as respostas mais prováveis estão: 

2.1. O incenso não foi feito de acordo com as instruções de Moisés (Êx 30.34-38). 

2.2. O fogo não era proveniente do fogo que estava queimando no altar do holocausto, ou seja, trouxeram fogo de fora (Lv 16.12). 

2.3. A oferta foi feita no momento errado (Êx 30.7,8). 

2.4. Parece que Nadabe e Abiú estavam embriagados, daí o porquê das orientações quanto à proibição da ingestão de vinho logo em seguida a morte deles (Lv 10.8-10). 

2.5. Os filhos teriam assumido uma função que naquele momento cabia exclusivamente ao seu pai, o sumo sacerdote Arão (se assim o for, desonraram também o próprio pai, agindo com impaciência e atrevimento). 

2.6. Nadabe e Abiú foram mortos por terem entrado na presença de Deus com “fogo estranho” em seus incensários. O que seria o “fogo estranho”? Simplesmente as suas próprias obras. O incensário devia ser aceso, usando‑se para isso brasas tiradas do próprio altar do sacrifício. Nadabe e Abiú acenderam seus incensários com fogo que eles mesmos produziram, e foram mortos. O acesso à presença de Deus só pode ser através do altar; através do sacrifício de Cristo. 

Qualquer que tentar ter acesso à presença de Deus com base em suas próprias obras não subsistirá. As brasas tinham que ser tiradas do altar onde o cordeiro havia sido queimado. A adoração e o louvor, e as orações, que hoje oferecemos a Deus como incenso de aroma suave, só podem entrar na Sua presença se forem produzidas em nós pelo sacrifício de Cristo; pelo fogo que um dia consumiu a oferta: o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. 

2.7. O texto bíblico não revela objetivamente o que era o fogo estranho, mas fato é que aquela era uma oferta corrompida, maculada pela desobediência, imprudência, irreverência e desonra. Era um braseiro que não tinha conexão com o fogo legítimo de Deus no altar do holocausto. Christopher Wright comenta:

“O hebraico (zarâ) significa ‘estranho’, ‘vindo de fora’. Talvez tenham tirado [o fogo, isto é, as brasas] de fora do santuário e não do altar, como que dizendo: ‘Qualquer fogo serve’”. 

2.8. Para quem pensa que se pode adorar a Deus de toda maneira – “cada um tem seu jeito de adorar”, dizem alguns modernistas – o texto de Levítico 10 é um chamado à atenção. O Deus que disse a Moisés: “tira as sandálias dos pés porque o lugar que estás é santo” (Êx 3.5), e que deve ser adorado na beleza de sua santidade (Êx 28.36; 1º Cr 16.29), não tolerará que os adoradores se aproximem dele com irreverência. É preciso oferecermos a Deus um “culto racional” (Rm 12.1), com entendimento, com discernimento, para que não sejamos condenados pelo Senhor por banalizar o sagrado e trata-lo como coisa comum. 

3. A adoração deve ser do jeito que Deus quer e determinou. Jesus disse: “que o Pai procura aqueles que o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24). Ou seja, nossa adoração deve partir do mais profundo do nosso ser, e não tornar-se cumprimento de meros ritos formalistas irrefletidos; e deve ser conforme a verdade de Deus, não segundo invenções de nossa mente. Deus deve ser adorado do jeito que Ele quer e merece, não do jeito que bem entendermos, com brincadeiras, irreverência ou misturando elementos de cultos pagãos com o culto santo do Senhor! 

4. Os falsos ministros de hoje. Que será que o Senhor está preparando para aqueles que transformaram a igreja em circo, o púlpito em picadeiro, os ministrantes em palhaços ou comediantes e o culto em verdadeiro show de humor? 

Que será que Deus fará aos que hoje transformaram o púlpito num verdadeiro balcão de negócios? Que será que Deus fará aos que colocam políticos descrentes para falarem ao rebanho do Senhor no culto do Senhor, tomando tempo e espaço na adoração da igreja? Que será que o Senhor, santo e poderoso, fará aos que usam e abusam de falsas profecias em nome do Senhor, dizendo e prometendo coisas que o Senhor não disse, alimentando falsas esperanças de pessoas leigas e sofredoras? Há muita gente hoje oferecendo “fogo estranho” no altar do Senhor. Mas “Deus não se deixa escarnecer. O que o homem plantar, isso também colherá!” (Gl 6.7). 

IV. LUTO NO SANTO MINISTÉRIO 

1. Fogo contra fogo. Vejamos que ironia: Nadabe e Abiú foram oferecer ao Senhor “fogo estranho” (v. 1), mas do Senhor saiu o fogo verdadeiro que os consumiu! (v. 2). Fogo contra fogo! O falso não prevaleceu diante do verdadeiro; o estranho não prevaleceu contra o autêntico; a imitação não prevaleceu diante do original! 

2. Os sacerdotes levaram um “foguinho”, mas Deus respondeu com um “incêndio” (v. 6). Este é o Deus que é “fogo consumidor” (Dt 9.3; Hb 12.29).

Digno de reverência. Wright explica a natureza desse fogo do Senhor, para que não pensemos também que se tratou de uma grande fogueira descontrolada que tomou conta do tabernáculo (o que teria causado um incêndio geral naquela tenda): 

2.1. “Foi provavelmente algo como a descarga elétrica de um relâmpago em vez de um grande incêndio, visto que suas túnicas [de Nadabe e Abiú] não foram destruídas, mas transformadas em mortalhas (v. 5)”. 

2.2. Se o fogo do Senhor manifesto a Moisés em Horebe queimava, mas não consumia a sarça (Êx 3.2), aqui o fogo do Senhor consumiu os sacerdotes, mas não as suas roupas nem o tabernáculo. O corpo foi atingido e derrubado ao chão, mas ao que parece as roupas sacerdotais ficaram intactas! Somente Deus pode atingir o mal com tal precisão. 

3. Julgamento muito pesado?

3.1. Para quem julgar demasiado o juízo de Deus contra aqueles dois irmãos pelo “simples fato” de oferecerem fogo estranho, deve-se novamente lembrar que o castigo é sempre proporcional não apenas ao erro cometido, mas também leva-se em conta a posição ocupada por aquele que errou e o grau de revelação que ele recebeu de Deus. 

3.2. Precisamos saber que, um mesmo pecado cometido por um ignorante e por um biblista terá punições diferenciadas, porque este sabia a vontade de seu Senhor e não a fez, enquanto aquele era ignorante dela. Tal proporção no julgamento é explicada pelo próprio senhor Jesus (Lc 12.47,48). 

Por esta razão é que Tiago, irmão de Jesus, adverte: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1). 

3.3. Os que receberam de Deus maiores privilégios, receberão de Deus maiores cobranças. Em virtude disso, como podem tantas pessoas cobiçarem posições elevadas na obra de Deus, quando não foram vocacionadas para tal posto? Por que há disputa nalgumas igrejas por cargos de liderança? Por que há pastores disputando rebanhos? Enquanto crentes continuarem encarando cargos como troféus e recompensas, ao invés de responsabilidades e vocação divina, continuaremos a ver “fogo estranho” sendo oferecido no altar do Senhor. Mas ele não deixará isto impune! O julgamento começará pela casa de Deus (1ª Pe 4.17).

3.4. O comentarista Christopher Wright destaca assim a gravidade do pecado de Nadabe e Abiú: “É como se um pastor cristão, ao celebrar a Ceia do Senhor, inserisse rituais ou objetos associados ao ocultismo”. Não é difícil ver sincretismo religioso em muitos cultos ditos “evangélicos” hoje em dia, onde são incorporadas crenças e práticas pagãs. Objetos de superstição, crendices oriundas de religiões não-cristãs e discursos em nada conectados à boa ortodoxia estão sendo oferecidos em muitas igrejas para perdição dos ouvintes e dos próprios falsos mestres (2ª Pe 2.1). 

Exemplo? Darei alguns: igrejas celebrando casamentos gays, ordenação de pastores homossexuais e pastoras lésbicas, líderes religiosos reclamando legalização de aborto e liberação da maconha, outros há que defendam relações sexuais entre jovens solteiros, e já há quem esteja deixando de cantar “Deus cuida de mim na sombra das suas asas” para cantar junto com os ímpios “O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”. 

Que Deus tenha misericórdia de Sua Igreja e a proteja contra o falso fogo, nem que tenha que enviar fogo do céu outra vez para remover os que banalizam o verdadeiro culto ao Senhor! (Quem achar isso impossível nos dias da graça, lembrem-se do casal Ananias e Safira – Atos 5). 

4. O lamento é proibido para que a santidade de Deus seja exaltada.

4.1. Tão firme foi o castigo divino e tão séria era a lição que se deveria extrair daquele fatídico episódio, que Deus, através de Moisés, proibiu Arão e seus outros filhos, Eleazar e Itamar, de prantearem a morte dos filhos mais velhos, sob pena de também morrerem caso desobedecessem a ordem para não manifestarem luto (vs. 6,7). 

4.2. Parece insensível que o luto fosse proibido aos parentes? É que neste momento, as lágrimas e o luto demonstrariam um sentimento de perca maior pelos filhos do que pela glória e a santidade de Deus que foram ofendidas pelos sacerdotes Nadabe e Abiú. Deus estava querendo ensinar uma nova lição a Arão e a todos os levitas: o pecado dos líderes causa maior dano à santidade de Deus e à Sua reputação no meio do povo, do que o dano que é causado à família destes líderes quando eles são punidos por Deus. O amor a Deus acima de todas as coisas (Dt 6.5), inclusive da própria família, é novamente ressaltado, e agora não de modo teórico, mas prático! Foi uma lição amarga, mas necessária. 

4.3. Foi por não aprender esta Lição, que o sacerdote Eli veio a morrer logo após a morte de seus filhos, também sacerdotes como Nadabe e Abiú, devido eles estarem tratando com desrespeito as ofertas e os sacrifícios. O próprio Deus o confrontou: “Por que pisastes o meu sacrifício e a minha oferta de alimentos, que ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel?” (1ª Sm 2.29). 

4.4. Jesus também nos ensina que o amor a Ele deve estar acima do nosso apego à família: Lucas 14.26 “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”.

4.5. Muitas vezes pecamos por excesso de condescendência, quando a compaixão leva-nos à frouxidão. O profeta Samuel quase escorregava nesse erro, quando Deus então lhe sacudiu: “Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel” (1ª Sm 16.1). 

Não raro hoje, muitos pais estão querendo ter mais dó de seus filhos do que Deus tem por eles; muitos líderes querem ter mais compaixão de seus liderados do que Deus tem por eles. Esta Lição extraída de Levítico 10 deve levar-nos a refletir seriamente: Deus é bom e amoroso, tanto quanto santo e zeloso! 

O luto

1. O povo de Israel teve a permissão de lamentar esta grande tragédia, mas Arão e seus dois filhos restantes foram proibidos de mostrar as marcas normais de luto: descobrir a cabeça e soltar os cabelos ou rasgar as roupas. Não deviam dar a Israel a aparência de questionamento ou lamentação por causa do julgamento de Deus. Moisés os lembrou de que o azeite da unção do Senhor estava sobre eles. O serviço de Deus não pode ser detido por questões pessoais. O incêndio seria ‘o fogo que o Senhor Deus acendeu. 

2. Privação pessoal, negação ou insultos a si próprio muitas vezes caracterizavam os ritos de luto. Os ornamentos eram tirados (Êx 33.4-6); os enlutados rasgavam suas vestes como símbolo de pesar (Gn 37.34). Frequentemente, o rasgar as roupas e vestir-se com sacos representavam pesar e humildade (1º Rs 21.27; Et 4.1; Jr 4.8). Pó ou cinzas eram colocados sobre a cabeça. A barba e os cabelos da cabeça eram arrancados (Ed 9.3) ou cortados (Is 15.2; Jr 7.29). Observava-se o jejum (2º Sm 1.12; Ne 1.4; Zc 7.5). Algumas práticas de luto eram expressamente proibidas a Israel, provavelmente por serem ritos pagãos. Os israelitas não se cortavam nem podiam fazer ‘marca alguma’ em suas testas em homenagem aos mortos (Lv 19.28; Dt 14.1). As regras para os sacerdotes eram particularmente mais severas (Lv 21.1-5, 10-12) (Dicionário Bíblico Beacon. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 277) e (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 1129). 

Nenhum de nós é perfeito e impecável – tais atributos são exclusivos de Deus. Entretanto, não podemos agir com atrevimento comparecendo ao Senhor para dar-lhe culto sem antes corrigirmos nosso coração diante dele. Jesus nos ensina, por exemplo, que se tivermos algo contra nosso irmão, devemos nos reconciliar com ele antes de oferecermos nossa oferta a Deus (Mt 5.23,24). Ainda mais quando somos conhecedores da Palavra, não podemos acalentar pecados, pois Deus dará a cada um segundo as suas obras (Rm 2.6). Sendo assim, que sirva para nós também o que Jesus disse a igreja de Éfeso: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5).

Claudionor de Andrade. Fogo estranho diante de Deus. Lições bíblicas 3º Trimestre de 2018, CPAD Rio de Janeiro - RJ.


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

O SECERDOTE DA OBRA DE DEUS E O O USO DO VINHO

 


Lv 10.8 “E falou o SENHOR a Arão, dizendo: 9 Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10- para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11- e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.”

1ª Tm 3.1-3 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. 2- Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; 3- não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento.” 

Na lição anterior estudamos sobre o fogo estranho que os filhos do sumo sacerdote Arão apresentaram ao Senhor e foram fulminados ali mesmo, diante do altar do incenso. Nesta lição estudaremos sobre o vinho o qual pressupõe que Nadabe e Abiú, estavam embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente a glória divina. Portanto guardemo-nos, pois, do álcool, das drogas e de outros vícios igualmente nocivos e destruidores. O ministro cristão tem de ser um exemplo de temperança, sobriedade e domínio próprio. 

Neste tópico estudaremos “o uso do Vinho” e a Bebida forte (Lv 10. 8-11; Pv 20.1). Em Levítico, essa é a única ocasião em que Deus fala diretamente a Arão, portanto deve tratar-se de uma ordem importante. Não era permitido aos judeus beber vinho ou bebida forte, mas foram advertidos da bebedice e do pecado que, com frequência, a acompanha (Pv 20.1; 23.20,29-31; Is 5.11; Hc 2.15). Os que servem ao Senhor têm de ser um exemplo para os outros e estar cheios do Espírito, não de vinho (Ef 5.18). Eles devem evidenciar a diferença entre o santo e o profano por meio dos ensinamentos e do exemplo (veja Ez 22.26; 42.20; 44.23; 48.14-15). O Novo Testamento segue essa mesma abordagem (Rm 14.14-23). 

Nas Sagradas Escrituras, o vinho, juntamente com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). Aliás, o vinho era usado até mesmo como remédio (Lc 10.34). No entanto, o seu mau uso levou homens santos a cometerem escândalos, torpezas e até crimes, haja vista os casos de Noé, Ló e Davi. 

I. O VINHO NA HISTÓRIA SAGRADA 

1. O AT e o vinho fermentado. O vinho fermentado (alcoólico) no hebraico é chamado de “yayin”, palavra comum para vinho envelhecido e, portanto, intoxicante. O uso deste vinho sempre foi motivo para práticas ilícitas (Gn 9.20-29; 19.31-38). Por isso, o sacerdote deveria afastar-se da bebida alcoólica (Lv 10.9-11). O AT mostra oito casos de embriaguez com esta bebida que terminaram em desastre familiar: Noé (Gn 9.21); Ló (Gn 19.32-35); Nadabe e Abiú (Lv 10.1-11); Nabal (1ª Sm 25.36,37); Urias (2º Sm 11.13); Amnon (2º Sm 13.28); Belsazar (Dn 5.1-3); e Assuero (Et 1.1-10). Salomão descreve os efeitos físicos imediatos desta bebida como: brigas, ferimentos, ais e tristezas (Pv 23.29-35). Em outro lugar, se refere ao vinho como produzindo pobreza (Pv 21.17), violência (Pv 4.17), alvoroço (Pv 20.1), e falta de santidade (Dn 1.8). Isaías adiciona que ele engana a mente (Is 28.7), inflama uma pessoa, e conduz ao esquecimento de Deus (Is 5.11, 12), e ainda associa o vinho com a aceitação de suborno (Is 5.22,23). Amós combina-o com a profanação (Am 2.8) (STAMPS, 1995, p. 241). 

2. O AT e o vinho não fermentado. Outra palavra é “tirosh”, com o significado de “vinho novo”, refere-se à bebida exclusivamente não-fermentada ou suco novo da uva (Dt 11.14; Pv 3.10; Ec 9.7; Jl 2.24). Esta palavra aparece cerca de 38 vezes no AT sempre referindo-se ao vinho não-fermentado, onde “tem benção nele” (Is 65.8). Nas Sagradas Escrituras, este tipo de vinho, com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). A Bíblia faz uma referência quanto ao uso deste vinho pelos sacerdotes (Is 25.6; 27.2). Em sua oferta de manjares ao Senhor, os israelitas faziam-lhe também a libação de um quarto de him de vinho (Êx 29.40; Lv 23.13; Nm 15.10). Vários textos que se referem a “tirosh” como o produto da vide (Mq 6.15; Is 65.8; Pv 3.10; Jl 2.24; Mq 6.15; Os 9.2). Só um texto sugere que “tirosh” pode produzir fermentação (Os 4.11). (STAMPS, 1995, p. 241). 

3. A embriaguez de Noé. Após o Dilúvio, Noé voltou-se ao ofício de lavrador, e pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após ter preparado o seu vinho, bebeu-o até embriagar-se. Já fora de si, desnudou-se, expondo-se vergonhosamente em sua tenda (Gn 9.20-29). A intemperança do patriarca trouxe-lhe sérios problemas familiares.

O álcool foi capaz de transtornar até mesmo um dos três homens mais piedosos da História Sagrada (Ez 14,14). É por isso que devemos precaver-nos quanto aos seus efeitos (Pv 20.1; 23.31). 

4. A devassidão das filhas de Ló. Dizendo-se preocupadas com a descendência do pai, as filhas de Ló embebedaram-no em duas ocasiões (Gn 19.31,32). Em seguida, tiveram relações com o próprio pai, gerando dois povos iníquos (Gn 19.33-38). Quem se entrega ao vinho está sujeito a dissoluções como essa (Ef 5.18). Um servo de Cristo não pode cair nessa situação. 

5. O vinho como instrumento de corrupção. Para encobrir o seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou Urias, que estava na frente de batalha, embriagou-o, e induziu-o a deitar-se com a esposa adúltera e já grávida (2º Sm 11.13). Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança ficaria na conta de Urias, o heteu.

A que ponto chega um homem fora da orientação do Espírito Santo. O rei de Israel usou o vinho para corromper um de seus heróis mais notáveis. Nossas atitudes devem sempre ser dirigidas pelo Espírito Santo. 

II. O OBREIRO “NÃO DADO AO VINHO” (1ª Tm 3.3) 

Esta expressão (gr. me paroinon, formada de me, que significa “não”, e parainon, palavra composta que significa literalmente “ao lado do vinho”, “perto de vinho” ou “com vinho”).

Em 1ª Timóteo 3.3, a Bíblia requer que nenhum pastor ou presbítero fique “sentado ao lado do vinho” ou “esteja com vinho”. Noutras palavras, não deve beber vinho embriagante, nem ser tentado ou atraído por ele, nem comer e beber com os ébrios (Mt 24.49). 

1. A abstinência do vinho.

1.1. Pela liderança do Antigo Testamento. A abstinência total de vinho fermentado era a regra para reis, príncipes e juízes, no Antigo Testamento (Pv 31.4-7). Era, também, a regra para todos que buscavam o mais alto nível de consagração a Deus (Lv 10.8-11; Nm 6.1-5; Jz 13.4-7; 1º Sm 01.14,15; Jr 35.2-6; Pv 23.31). 

1.2. No deserto, os israelitas não bebiam vinho (Dt 29.6). Não usavam vinho na Páscoa (Êx 12.8-10), pois o vinho fermentado contém fermento, e o fermento era proibido. Mais tarde, introduziram o vinho na cerimônia. Isso não foi ordenado por Deus.

Os sacerdotes não podiam beber quando estavam servindo no templo (Lv 10.8-10). Será que os cristãos de hoje, os sacerdotes do Novo Testamento (1ª Pe 2.5,9), deveriam ter um padrão tão baixo quando servimos ao Senhor todos os dias? 

Encontramos no Antigo Testamento alguns caso de embriaguez e as consequências dela. 

Vejamos esses exemplos de Embriaguez.

a. Noé – Gn 9.20,21;

b. Ló – Gn 19.30-38;

c. Nabal – 1º Sm 25.36;

d. Elá – 1º Rs 16.8-10;

e. Bem-Hadade – 1º Rs 20.16-21;

f. Efraim – Is 28.7;

g. Belsazar – Dn 5;

h. Nínive – Na 1.10. 

1.3. Os profetas do Antigo Testamento bradavam contra as bebidas fortes. Habacuque 2.15 amaldiçoa os que dão bebida para o companheiro. (veja Isaías 5.11-22).

1.5. Amós condena os judeus desocupados que bebem vinho em vasilhas porque os cálices são muito pequenos (6.3-6). 

1.4. Pela liderança e os liderados do Novo Testamento. Aqueles que dirigem a igreja de Jesus Cristo certamente não devem adotar um padrão aquém do que vai aqui. Além disso, todos os crentes da igreja são chamados sacerdotes e reis (1ª Pe 2.9; Ap 1.6) e, como tais, devem viver à altura do mais alto padrão de Deus (Jo 2.3; Ef 5.18; 1ª Ts 5.6; Tt 2.2). 

O pastor deve ensinar a abstinência total? O que a Bíblia ensina? Existem 626 versículos na Bíblia que falam contra a embriaguez e a ingestão de bebidas alcoólicas (Pv 29.1; 23.29-35; Is 5.11-14,22,23; 28.3,7; Os 3.1; 4.11; 7.5; Am 2.8; Ef 5.18; Gl 5.21; (Lv 10.8-11; Pv 31.4,5). 

O Novo Testamento, ensina claramente que nosso corpo é o templo do Espírito Santo, e não deve ser contaminado (1ª Co 6.12-20). O apóstolo Paulo também avisou que a pessoa não pode se expor ao perigo da tentação usando descuidadamente a liberdade; a evasão deliberada habitualmente é a melhor defesa (1ª Co 10.1-12). Beber moderadamente apresenta para alguns a tentação de beber excessivamente; portanto, “aquele que pensa que está firme, cuidado que não caia”. O crente deve fugir da tentação. Além do mais, o exemplo de um crente que bebe pode ser tropeço para um irmão fraco. “E assim, pela consciência perecerá o irmão fraco, por quem Cristo morreu” (1ª Co 8.11). 

Os japoneses têm um provérbio: “Primeiro o homem toma um drinque; depois o drinque toma um drinque; a seguir, o drinque toma o homem”. Qual é o rumo certo a adotar? Recuse o primeiro drinque e continue recusando-o pelo resto da vida. O indivíduo começa bebendo socialmente, depois diariamente e, por fim, se toma um alcoólatra. Embora se esforce para abandonar o vício, a bebida o prende como se ele estivesse algemado.

Paulo aconselha: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão não tropece, ou que se escandalize, ou que se enfraqueça” (Rm 14.21). Mais vale a preservação de uma alma imortal do que todo o prazer que os homens possam desfrutar bebendo. Convém que os crentes se abstenham completamente do álcool. 

1.5. A recomendação da abstinência total. “Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente (Pv 23.31)”. 

“Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho...”. Estas palavras não sugerem moderação, mas abstinência total de bebidas inebriantes. É impossível que alguém sofra as consequências da embriaguez e os tormentos do alcoolismo a não ser que beba. 

2. Cheio do Espírito Santo. “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

O apóstolo Paulo, escrevendo para um povo muito dado ao vinho e que venerava “Baco” (o “deus do vinho” para os gregos) ou “Dionísio” (o “deus do vinho” para os romanos), Paulo aconselha os crentes em Cristo, dizendo: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. O crente em Jesus Cristo substitui o vinho pelo gozo do Espírito (Gl 5.22). Em Eclesiastes 10.19, Salomão disse que “o vinho alegra a vida”. O crente, porém, substitui a alegria momentânea do vinho pela alegria permanente do Espírito Santo (At 13.52). 

2.1. Não vos embriagueis com vinho. A declaração de Paulo no versículo 18, demonstra que a plenitude do Espírito Santo depende do modo como o crente corresponde à graça que lhe é dada para viver em santificação. 

Isso quer dizer que a pessoa não pode estar “embriagada com vinho” e, ao mesmo tempo, “cheia do Espírito”. Paulo adverte todos os crentes a respeito das obras da carne; que os que cometem tais coisas “não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21; Ef 5.3-7). Além disso, “os que cometem tais coisas” (Gl 5.21) não terão a presença interior do Espírito Santo, nem a sua plenitude. Noutras palavras, não ter “o fruto do Espírito” (Gl 5.22,23) é perder a plenitude do Espírito (Ef 5.18; At 8.21). 

2.2. Enchei-vos do Espírito. “Enchei-vos” (imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de “ser enchido repetidas vezes”. A vida espiritual do filho de Deus deve experimentar a renovação constante (Ef 3.14-19; 4.22-24; Rm 12.2), mediante enchimentos repetidos do Espírito Santo. 

O cristão deve ser batizado no Espírito Santo após a conversão (ver At 1.5; 2.4), mas também deve renovar-se no Espírito repetidas vezes, para adoração a Deus, serviço e testemunho (At 4.31-33). 

Experimentamos enchimentos repetidos do Espírito Santo quando mantemos uma fé viva em Jesus Cristo (Gl 3.5), estamos repletos da Palavra de Deus (Cl 3.16), oramos, damos graças e cantamos ao Senhor (1 Co 14.15; Ef 5.19,20), servimos ao próximo (Ef 5.21) e fazemos aquilo que o Espírito Santo quer (Rm 8.1-14; Gl 5.16; Ef 4.30; 1ª Ts 5.19).

Alguns resultados de ser cheio do Espírito Santo são:

A. Falar com alegria a Deus, em salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef 5.19);

B. Dar graças (Ef 5.20);

C. Sujeitar-nos uns aos outros (Ef 5. 21). 

Paulo adverte os cristãos de não fazerem nada que leve seus irmãos tropeçarem (Rm 14.19-21; 1ª Co 8.13). Paulo contrasta o encher-se do Espírito e o embriagar-se (Ef 5.18) e, em Gálatas 5.21, enumera a embriaguez como uma obra da carne. 

Pedro ensina os cristãos a se “abster (em) das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1ª Pe 2.11), e, já que a embriaguez é uma concupiscência da carne (Gl 5.21), a abstinência total é a melhor maneira de obedecer a essa admoestação. Como a pessoa começa a vida de embriaguez? Ao tomar o primeiro drinque. 

3. Uso medicinal do vinho. Primeira a Timóteo 5.23 refere-se ao uso medicinal do vinho em uma época em que os médicos não tinham remédios modernos. Dizer que temos o direito de tomar álcool, porque é usado em alguns remédios, é tão razoável quanto dizer que podemos usar morfina, ou algum outro narcótico, porque o dentista ou o cirurgião a usa em seus pacientes. 

O vinho indicado por Paulo a Timóteo era curativo, ou seja, para purificação e tratamento da água. 

III. JESUS E O MILAGRE DO VINHO 

João 2.7-10 “Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. 8- E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. 9- E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. 10- E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.” 

1. O vinho de Jesus não era fermentado (Alcoólico). O que lemos em João 2.1-10, não dá a entender que o vinho que Cristo fez era embriagante. Era vinho novo, e vinho novo nunca embriaga. Não dá a entender que o Senhor fez álcool, o qual é produto de morte e de corrupção. Ele produziu um vinho novo, não contaminado por fermentação. Não fez uma bebida para alguém se embriagar, mas livrou a festa do desastre quando a supriu como um refresco sadio, puro e sem álcool. 

1.1. O vinho como metáfora de Jesus. Em outro lugar, Jesus usou o vinho como metáfora para indicar coisas novas. Por exemplo, em Mateus 9.17 Jesus usou o vinho novo e os odres novos para falar de uma coisa nova que Ele estava fazendo. 

2. O tipo de vinho do milagre de Jesus, o “Vinho Bom” (Jo 2.10). No relato do milagre do vinho, é mencionados dois tipos de vinho: o bom e o inferior. Notemos que o adjetivo grego traduzido “bom” (Jo 2. 10), é kalos, que significa “moralmente excelente ou apropriado”. 

O vinho “bom” era o vinho mais doce, vinho este que podia ser bebido livremente e em grandes quantidades sem causar danos (Isto é, vinho cujo conteúdo de açúcar não fora destruído através da fermentação). Já o vinho “inferior” era aquele que fora diluído com muita água. 

O escritor romano Plínio afirma expressamente que o “vinho bom”, chamado sapa, não era fermentado. Sapa era suco de uva fervido até diminuir um terço do seu volume a fim de aumentar seu sabor doce. 

IV. MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO 

Tendo em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho. 

1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho (1ª Tm 3.3,8; Tt 1.7). Não se pode confiar o rebanho de Jesus Cristo a alguém dominado pela embriaguez. Quem governa tem de abster-se das bebidas alcoólicas (Pv 31.4). 

2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja. Portanto, que o verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo sério que tem ocasionado graves transtornos à Igreja de Cristo. 

3. Ministros usados pelo Espírito Santo. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi generosamente derramado sobre os discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas, após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e operavam no poder de Deus (At 2.40,41). 

Na sequência de Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre no poder do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9,10). 

Quanto ao uso do vinho, sigamos o exemplo dos recabitas. Voluntariamente, abstinham-se de qualquer bebida forte para que a aliança de seus ancestrais permanecesse firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua fidelidade, foram honrados pelo Senhor. 

Portanto, fujamos das bebidas alcoólicas e de outros vícios igualmente graves, a fim de que possamos ministrar ao Senhor com todo zelo e cuidado. Deus não mudou. Lembremo-nos de Nadabe e Abiú.


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

AS ORAÇÕES DOS SANTOS NO ALTAR DE OURO

 


Lv 16.12-13 “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá dentro do véu. 13- E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra.” 

Ap 5.6 “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7- E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono. 8- E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. 9- E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; 10- e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.” 

Nesta lição falaremos de um dos móveis que estava no lugar santo do tabernáculo: o altar de incenso. Destacaremos detalhes a respeito deste utensílio e sua finalidade; trataremos ainda sobre o incenso e o seu devido uso; por fim, finalizaremos mostrando que há um altar de incenso no céu, para onde vão as orações dos santos.

No Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado exclusivamente àquela ocasião.

Hoje, o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações, súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13). 

I. O ALTAR DE OURO - UM IMPORTANTE UTENSÍLIO DO TABERNÁCULO 

Deus revelou como deveria ser o tabernáculo com os seus móveis a Moisés no monte (Êx 25.9,40; 26.30). No entanto, para fabricação destes móveis, Deus capacitou, pelo Espírito Santo, a Bezalel e a Aoliabe (Êx 31.1-6). Um destes móveis construídos foi o altar de incenso (Êx 30.1). Abaixo destacaremos especificamente algumas coisas a respeito do altar de ouro. Vejamos: 

1. O Lugar Santo. No Lugar Santo, ficavam três mobílias: o candelabro, à esquerda de quem entrava; a mesa dos pães da proposição, à direita; e, no limiar, entre o Lugar Santo e o Santíssimo, bem em frente ao véu que os separava, estava o altar do incenso (Êx 26.35).

Há algo muito importante que devemos considerar. Embora o altar de incenso estivesse no Lugar Santo, era considerado também parte da mobília do Santo dos Santos juntamente com a arca da aliança (Hb 9.1-10). 

2. O altar do incenso. Deus mostrou a Moisés que este altar deveria ser:

1.1. De madeira de acácia (Êx 30.1).

1.2. Com um formato “quadrado” ou “quadrangular” e precisas medidas que equivalem a “45 cm de largura e 90 cm de altura” (Êx 30.2).

1.3. Forrado de “ouro puro” completamente (Êx 30.3).

1.4. Deveria ter “quatro pontas”, uma em cada canto (Êx 30.2).

1.5. Duas argolas nos cantos, para receber os varais e ser transportado junto com o tabernáculo, quando necessário (Êx 30.4; 37.25-27).

1.6. Uma moldura (coroa) desenhada a volta do altar e abaixo desta (Êx 30.3-b). 

3. Localização (Êx 30.6). Diferente do altar do holocausto que ficava no pátio do tabernáculo, o altar de incenso ficava no interior deste, precisamente no “lugar santo”, em frente ao véu que dava acesso ao santíssimo lugar: “E o porás diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante do propiciatório…” (Êx 30.6). O altar do incenso relacionava-se mais estreitamente com o lugar santíssimo do que com os demais móveis do lugar santo. É descrito como o altar “que está perante a face do Senhor” (Lv 4.18). A localização deste utensílio era tão próxima do Lugar Santíssimo, que fez o escritor aos hebreus considerá-lo como pertencente a este (Hb 9.3,4). 

4. A cerimônia. O incenso só podia ser queimado com as brasas do altar de bronze (Lv 16.12). E, já de posse destas, o sacerdote aproximava-se do altar de ouro para queimar o incenso no altar de ouro. Dessa forma, a nuvem do incenso cobria o propiciatório, mostrando à Casa de Israel o favor divino (Lv 16.13).

Observemos que, antes de achegar-se ao altar de ouro, o sacerdote tinha de passar, necessariamente, pelo altar de bronze. Isso significa que, sem o sangue de Cristo, jamais teremos acesso ao trono da graça (Hb 9.12). 

5. Finalidade (Êx 30.7-10). O altar de ouro foi construído para que unicamente nele se queimasse incenso ao Senhor (Êx 30.7,8). Neste, não poderia ser oferecido incenso estranho nem ofertas de sangue, nem libações (Êx 30.9). Somente uma vez no ano, o altar do incenso era purificado com sangue de um sacrifício oferecido no altar do holocausto (Êx 30.10). Os sacerdotes tinham acesso ao altar de ouro para oferecer incenso no tempo aprazado (Êx 30.7,8). Era neste altar que Deus se encontrava particularmente com a pessoa que, dia a dia, oferecia o incenso (Êx 30.6-b). 

II. O INCENSO SAGRADO PARA SER QUEIMADO NO ALTAR DE OURO 

O incenso era feito de uma substância aromática que, quando era queimada, exalava um odor agradável. 

1. Quem podia oferecer o incenso (Lv 2.2). Somente os sacerdotes estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8). Com a multiplicação do número de sacerdotes, havia uma escala para a queima do incenso (Lc 1.9-a). Quando o rei Uzias intentou queimar incenso, assumindo a função sacerdotal, foi ferido com lepra pelo Senhor (2 Cr 26.19). Aqueles que tentaram usurpar a função sacerdotal da oferenda de incenso foram punidos com a morte, como o caso de Corá, Datã e Abirão (Nm 16.31-33), ou com doenças, como Uzias (2Cr 26.19), e até mesmo os sacerdotes que ofereceram incenso indevidamente foram mortos (Lv 10.1,2). Enquanto o sacerdote entrava no Lugar Santo para queimar o incenso, o povo ficava do lado de fora do tabernáculo ou do templo em oração (Lc 1.9-b). 

2. O tempo da queima do incenso (Êx 30.7,8). Haviam tarefas diárias no tabernáculo para o sacerdote, e uma delas era a queima do incenso, que deveria ocorrer pela manhã (Êx 30.7), e novamente à tarde (Êx 30.8). No Dia da Expiação, o sumo sacerdote oferecia o incenso composto em um incensário sobre a Arca (Lv 16.12,13). 

3. A composição do incenso (Êx 30.34-36). O incenso destinado ao altar de ouro não podia ser usado indistintamente; era de uso exclusivo do Senhor (Êx 30.38). O incenso que era oferecido ao Senhor era composto de ingredientes especiais, a saber: “estoraque, e onicha, e gálbano” (Êx 30.34). Estas especiarias aromáticas deviam ser moídas junto com incenso para ser queimado no altar de ouro, coisa santíssima era (Êx 30.36). A receita do perfume não constituía nenhum segredo. Todavia, se alguém o reproduzisse para uso profano seria punido severamente. 

4. Advertências acerca do incenso (Êx 30.37,38). O povo de Israel, foi orientado a não reproduzir o incenso do culto levítico, pois este era santo, ou seja, separado exclusivamente para o Senhor (Êx 30.37), e aquele que tentasse fabricar essa especiaria para cheirar, deveria receber como punição a morte: “o homem que fizer tal como este para cheirar, será extirpado do seu povo” (Êx 30.38). Outra forma condenável de queimar incenso também era quando o povo o fazia a outros deuses e não ao Senhor (Jr 44.5,8,15,17; Os 2.13). 

IV. O ALTAR DE OURO E O INCENSO E SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA 

Quando Deus ordenou a Moisés que construísse o tabernáculo conforme o modelo que lhe foi mostrado no monte (Êx 25.9,40; 26.30), o escritor aos hebreus disse que o tabernáculo terrestre é uma figura do tabernáculo celeste (Hb 8.5). O apóstolo João confirmou essa interpretação, no livro do Apocalipse, quando foi arrebatado ao céu viu um altar de incenso perante o Senhor: “E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono” (Ap 8.3). Tradicionalmente, o incenso é o símbolo da oração, do louvor (Lv 16.12,13; Sl 141.2; Lc 1.9,10). Como o incenso é colocado no altar pelo homem, e ao queimar, sobe até Deus. Da mesma forma, nossas orações começam em nosso coração e ascendem aos céus até Deus. Abaixo destacaremos algumas aplicações sobre o incenso na vida cristã: 

1. Quem pode oferecer o incenso. Na Antiga Aliança apenas os descendentes de Arão estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8; Lv 1.9). Na Nova Aliança a igreja é chamada de “o sacerdócio real…” (1ª Pd 2.9). E, cada crente foi feito sacerdote (Ap 1.6; 5.10). Portanto, podemos entrar na presença de Deus para lhe oferecer incenso que é o louvor e a oração que sobem a Sua presença como cheiro suave (Sl 141.2). 

2. O tempo da queima do incenso. O incenso deveria ser queimado pela manhã pela tarde (Êx 30.8). Isso nos ensina que a oração deve ser uma prática diária, sem cessar (Lc 18.1; Rm 12.12; Ef 6.18; Cl 4.2; 1ª Ts 5.17).

3. A composição do incenso. Cada uma das especiarias que compunha o incenso sagrado (Êx 30.34-35) nos transmite verdades espirituais acerca da adoração e da oração. Vejamos: 

3.1. O estoraque. O estoraque era uma resina extraída sem precisar fazer incisão, ou seja, um corte. Ela brotava do arbusto espontaneamente.

Aplicação: A adoração, a oração e o louvor que prestamos a Deus deve ser voluntário e não forçado (Sl 54.6; 119.108). 

3.2. A onica ou onicha. Uma substância extraída de certos tipos de moluscos, e que emite um aroma forte e penetrante, quando queimado. O mar Vermelho exibe várias espécies desse molusco.

Aplicação: A adoração, a oração e o louvor não podem ser superficiais (Is 29.13; Jl 2.13), mas devem partir do mais profundo da nossa alma (Sl 42.1; 103.1,2; 130.1). 

3.3. O gálbano. O gálbano é um arbusto do deserto. Para ser extraído suas folhas deviam ser moídas e quebradas.

Aplicação: A adoração, a oração e o louvor deve brotar de um coração quebrantado e contrito (Sl 34.18; 51.17). 

4. Advertências acerca do incenso. As restrições quanto ao uso do incenso sagrado nos transmitem as seguintes lições: 

4.1. Não podemos adorar a nós mesmos. A palavra “autolatria” é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”. Logo, “autolatria” significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecido como “egolatria”. Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is 14.12-14), o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21) e Herodes (At 12.21-23). 

4.2. Não podemos adorar a ídolos. No Decálogo, os dois primeiros mandamentos são contrários diretamente à idolatria (Êx 20.3,4; Dt 5.6-8). Esta ordem foi repetida em outras ocasiões (Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2º Rs 17.35,37,38). O Senhor Deus ordenou também a destruição dos ídolos das nações que habitavam na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3). A Palavra de Deus nos revela que quem oferece sacrifícios aos ídolos, oferece aos demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 2º Cr 11.15; Sl 106.37; 1ª Co 10.20,21). 

4.3. O louvor e a adoração pertencem unicamente ao Senhor. O louvor como forma de adoração deve ser prestado unicamente a Deus (Lv 22.29; Dt 10.21; Sl 150.6; Is 42.8). A Bíblia aponta diversos motivos devemos louvar ao Senhor. Vejamos alguns: 

(a) Sua majestade (Sl 96.1,6).

(b) Sua glória (Sl 138.5).

(c) Sua excelência (Sl 148.13).

(d) Sua grandeza (Sl 145.3).

(e) Sua bondade e Suas maravilhas (Sl 107.8).

(f) Sua fidelidade (Sl 89.1).

(g) Sua longanimidade e veracidade (Sl 138.2).

(h) Sua salvação (Sl 18.46).

(i) Suas maravilhosas obras (Sl 89,5).

(j) Suas consolações (Sl 42.5).

(l) Seus juízos (Sl 101.1).

(m) Seus conselhos eternos (Sl 16.7).

(n) Sua proteção (Sl 71.6).

(o) Seu livramento (Sl 40.1-3).

(p) Porque Ele é digno (Sl 145.3).

(q) por sua resposta às orações (Sl 28.6).

(r) porque Ele perdoa pecados (Sl 103.1-3).

(s) Porque Ele é bom (Sl 106.1).

(t) porque é bom louvar ao Senhor (Sl 92.1). 

V. AS ORAÇÕES DOS SANTOS 

As orações dos santos, qual incenso precioso, são inimitáveis em seus efeitos. Eis por que não podemos relaxar quanto à nossa comunhão com Deus. 

1. A receita para uma oração perfeita: nosso incenso. O Senhor Jesus, no Sermão da Montanha, entregou a seus discípulos o modelo de uma oração perfeita (Mt 6.9-13). Ele exorta-nos também a não imitarmos os gentios e hipócritas, pois estes imaginam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos (Mt 6.7). 

Portanto, fechemo-nos em nosso quarto, e, ali, no lugar santíssimo, falemos com o Pai Celeste (Mt 6.5,6). E, dessa forma, entraremos com ousadia e confiança no trono da graça (Hb 4.16). Pode haver incenso mais excelente do que a oração dos santos? Além do mais, todas as nossas súplicas chegarão aos céus por intermédio do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). 

Nossas orações sobem a presença de Deus e são depositadas na presença de Deus como incenso. Tal verdade deve nos motivar a buscarmos intensamente ao Senhor, pois Ele está atento às orações dos santos. 

2. A oração como sacrifício ao Senhor. O salmista, conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado, assim orou ao Senhor: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). Quando nos dedicamos integralmente ao Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a Deus (Ef 5.2; Fp 2.17; 2ª Tm 4.6). 

3. A oração dos santos na Grande Tribulação. No período da Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento da Igreja, haverá um grande número de mártires (Ap 9.9-17). Todos estes, apesar da perseguição do Anticristo, atuarão como fiéis testemunhas de Jesus Cristo. As orações desses santos serão recebidas nos céus como incenso de grande valor (Ap 5.8; 8.3).

Ninguém pode deter o poder de um santo que, no oculto de seu quarto, roga a intervenção do Santo dos Santos (Tg 5.16). Irmãos, “Orai sem cessar” (1ª Ts 5.17). 

Zacarias, pai de João Batista, ao ser escolhido para queimar o incenso sagrado na Casa de Deus, teve uma experiência que retrata ricamente por que o incenso, na Bíblia, simboliza a oração dos santos. Foi ali, no lugar Santíssimo, se levarmos em consideração Hebreus 9.2, que teve a sua oração respondida (Lc 1.5-23). Sua experiência com o Senhor foi completa. Ele viu o anjo, ouviu deste o anúncio profético sobre a vinda do Messias, e, finalmente, sua velhice foi consolada com a promessa de um filho, que seria o precursor do Filho de Deus.

Lições Bíblicas Adultos – 3° Trimestre 2018;

TÍTULO: Adoração, Santidade e serviço;

Subtítulo: Os princípios de Deus para sua igreja em Levíticos;

Comentarista: Claudionor de Andrade.