TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 17 de junho de 2019

A BATALHA DE GOGUE DE MAGOGUEEZEQUIEL 38-39



INTRODUÃO:

O livro de Ezequiel trata de profecias que ainda não se cumpriram em Israel. Isso significa que elas se cumprirão no futuro, pois a Palavra de Deus não falha.

Ezequiel 38-39, fala de uma grande batalha que ocorrerá em Israel nos “últimos dias” (cf. Ez 38.8). e que envolverá um povo de “Magogue” liderado por um rei chamado Gogue.

O Senhor também disse a Ezequiel que Ele salvaria milagrosamente Seu povo dos exércitos de Magogue, para que todas as nações soubessem “que eu Sou o Senhor” (Ez 38.23). Por causa dessas descrições, Ezequiel parece estar descrevendo a grande batalha que acontecerá antes da Segunda Vinda em glória, ou seja, pode acontecer antes ou durante a Grande Tribulação. 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

1. Quem escreveu o livro do profeta Ezequiel. O livro de Ezequiel foi escrito pelo próprio profeta Ezequiel, um sacerdote que viveu durante o exílio babilônico. por volta de 597 a.C. Ele profetizou de 592 a 570 a.C. Depois de ser levado cativo, Ezequiel estabeleceu-se com os outros judeus em um lugar próximo ao rio Quebar (Ez 1.1–3). 

2. Quem é Gogue e Magogue. Gogue e Magogue são citados pela primeira vez no Antigo Testamento. Historicamente falando, Gogue é um descendente de Jafé filho de Noé (Gn 10.2). Os descendentes de Magogue se estabeleceram no extremo norte de Israel, provavelmente na Europa e no norte da Ásia (Ezequiel 38.15). Magogue eventualmente se tornou o nome da terra onde os seus descendentes se estabeleceram. O povo de Magogue é descrito como guerreiros habilidosos (Ez 38.15; 39:3-9). No tempo certo Gogue irá liderar um exército para atacar Israel. O Senhor prediz a condenação de Gogue: “Filho do homem, volve o rosto contra Gogue, da terra de Magogue…profetiza contra ele” (Ez 38.2). 

II. A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES DE ISRAEL 

1. O nome dos invasores. Ezequiel 38.1-3 “Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque, e Tubal, e profetiza contra ele. E dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal.” 

Gogue. Gogue é o rei da terra de Magogue e o principal governante de Meseque e Tubal.

Tubal e Meseque são dois dos sete irmãos filhos de Jafé, filho de Noé (Gn 10.2-3).

Ezequiel profetizou sobre a vinda de um terrível rei, Gogue, da terra de Magogue, que levantar-se-á contra povo de Israel nos últimos dias. 

2. Sua localização. Gogue, Meseque e Tubal. Jefé e sua família migraram para a área da Rússia moderna norte de Israel (Gn 10.2-3).

As versões de Almeida “Atualizada” e “Corrigida”, empregam a expressão “príncipe e chefe. A palavra “chefe” em hebraico é ro’sh, de significado amplo, “cabeça, chefe, pico, monte, parte superior”.

Septuaginta traduziu o termo como substantivo próprio, árchonta Rhos. A Nova Almeida Atualizada (NAA) emprega a expressão “árchonta Rhos” “príncipe de “Rôs”, sendo “Rôs” uma transliteração direta do hebraico, que muitos pensam significar “Rússia”, neste contexto da profecia de Ezequiel. Isso é mantido na versão bíblica Tradução Brasileira e em algumas versões inglesas. Foi a semelhança de sons, Roshe - Rússia, que levou muitos estudiosos a identificarem Roshe com a Rússia; Meseque, com Moscou, atual capital da Rússia e Torgarma com Tobolsk, cidade russa.

A região de Meseque é frequentemente identificada como sendo ao norte do Mar Negro (sul da Rússia), e Tubal como uma área no centro da Turquia.

De acordo com Champlin: “É interessante observar que, no grego moderno, Rôs é Rússia, a mesma forma em que a palavra aparece na tradução da LXX. Coincidência ou não? Fora da Bíblia, os russos são mencionados pela primeira vez no século X d.C., por escritores bizantinos, o nome aparece como Rosh. 

3. Coligação de nações. Ezequiel 38.4,5 “E te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos com primor, grande multidão, com escudo e rodela, manejando todos a espada. 5 Persas, etíopes, e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete. 6 Gômer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, do extremo norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo.”

O simbolismo de Gogue e Magogue é profundo. Gogue representa um líder ou uma nação específica, mas vai liderar uma coalizão de forças que se opõem ao plano de Deus. 

A confederação liderada pelo Norte teria aliados como: persas (Irã), etíopes, os de Pute (Líbia), Gômer (atual Armênia, região da Capadócia) e a casa de Togarma (conf. 27.14), da banda do norte, a oeste da atual Turquia (Ez.38.5-9).

Fazem parte da colisão de Gogue mais cinco povos: 

3.1. A Pérsia. A Pérsia tem o moderno nome Ira. Ela adotou este nome em 1935. Em 1932 ela firmou um acordo com Moscou, que em caso de guerra as forças da Rússia terão permissão de cruzar seu território para atacar as nações que se levantarem contra o Irã. 

3.2. Etíopes. A Etiópia moderna é fácil localizar pelo seu outro nome: Abissínia. A Etiópia original ficava na bacia dos rios Tigre e Eufrates (Gn 2.14). Daí seus habitantes emigraram para a África e fundaram o extenso reino da Etiópia, do qual hoje a Abissínia é uma pequena fração. Etiópia é palavra grega; em hebraico é Cuxe ou Cush. Os etíopes originaram muitos povos africanos. A Bíblia hebraica emprega o nome cushe, para Etiópia. 

3.3. Pute. É filho de Cam, neto de Noé, de quem descendem os Líbios localizados no norte da África. Ambos, Cuxe e Pute são descendentes de Cam, filho de Noé (Gn 10.6; 1º Cr 1.8).

Pute é a atual Líbia, vizinha do Egito. A Pute primitiva era uma região muito mais extensa. Esses dois últimos povos (líbios e etíopes) são também mencionados na profecia de Daniel 11.43, pertinente ao assunto em pauta. 

3.4. Gômer. atual Armênia, região da Capadócia. Gomer é o território e o povo dos citas que em Gn 10.2, se liga com Gogue.

“Hesíodo (séc. VII a.C.) é o primeiro escritor grego a mencionar os citas. Ele viajou para a colônia grega de Olbia na costa norte do Mar Negro para obter informações valiosas sobre a história e a cultura dos citas, que acabaram por se estabelecer na área da atual Ucrânia. [Fonte de pesquisa Os citas - quem eram eles? https://www.cbeinternational.org/pt/recurso/citas-quem-eram-eles-e-por-que-Paulo-os-incluiu-colossenses/ - Acesso dia 17/06/2025]. 

3.5. Togarma. É um dos filhos de Gômer, neto de Jafé e bisneto de Noé. Era um povo que negociava em cavalos e mulas nas feiras de Tiro (Ezequiel 27.14; 38.6). Muitos comentaristas relacionam Togarma com os armênios. Os próprios armênios tradicionalmente afirmam ser descendentes de “Haik, filho de Thorgom”. Antigos escritores gregos falam dos armênios como um povo famoso por seus cavalos e mulos.

A coalizão do príncipe ou comandante chamado Gogue são da “banda do Norte” e outros grupos do norte da África, como etíopes e os de Pute (38.5).

O que fica ao norte de Jerusalém? Russia. O que é o norte da Rússia? Meseque que é o antigo nome da capital da Rússia Ocidental, hoje conhecida como Moscou.

A raça jafética compreendia aqueles que os gregos e romanos chamavam sármatas, mas que, em tempos modernos, são chamados russos ou eslavos.

Os nomes geográficos mencionados nos capítulos 38 e 39 de Ezequiel, e 10 de Gênesis, vemos que muitos nomes geográficos estão hoje modificados devido a evolução das línguas e os problemas de tradução e transliteração. O estudo comparativo da etnologia antiga e moderna dessas regiões, facilitará a identificação das mesmas encontradas em textos antigos e em seus equivalentes modernos. 

III. O INÍCIO DA GUERRA 

Ao explorar a relação entre essa batalha e os eventos atuais, é importante notar que muitos estudiosos veem Gogue e Magogue como representações das tensões geopolíticas contemporâneas. Vivenciamos hoje (17/06/2025), Israel sendo atacado pela pérsia (Irã), o qual revidou atacando e destruindo as bases nucleares. Mas amanhã pode ser a Rússia, China, e outros países antissemitas atacando Israel. Será uma guerra sem precedente, que vai abalar o mundo contemporâneo.

Os países atuais que situam-se ao norte geográfico de Israel e alguns fazem parte da CEI (Comunidade dos Estados Independentes), a ex-União Soviética. A Rússia atualmente adota um sistema comunista e ateu. Metamorfoses políticas em grande escala vêm ocorrendo naquela parte do mundo, como é o caso da já citada CEI e também da UE (União Europeia), antes conhecida como MCE (Mercado Comum Europeu). 

“E te farei voltar...” (v. 4). Deus está no controle da situação. As nações citadas serão arrastadas para a balha entre Gogue contra os Reis do Sul (Israel). 

IV. QUAL O TEMPO PARA ESTA GUERRA? 

1. Esta guerra será futura. Ezequiel 38.7-8 “Prepara-te, e dispõe-te, tu e todas as multidões do teu povo que se reuniram a ti, e serve-lhes tu de guarda. 8 Depois de muitos dias serás visitado. No fim dos anos virás à terra que se recuperou da espada, e que foi congregada dentre muitos povos, junto aos montes de Israel, que sempre se faziam desertos; mas aquela terra foi tirada dentre as nações, e todas elas habitarão seguramente.” 

Esta guerra não será a batalha do Armagedom, mas sim a preparação para o cenário mundial da “angústia de Jacó”, conforme Jeremias 30.7. 

serás visitado … como prisioneiros na cova e depois de muitos dias eles serão visitados”.

Vale destacar que a expressão “depois de muitos dias serás visitado” e “no fim dos anos” são usadas como referências ao futuro escatológico do povo judeu (Ez 38.7-9). 

V. MOTIVOS DA INVASÃO DE ISRAEL POR GOGUE 

1. As riquezas de Israel. 38.10-13 “Assim diz o Senhor Deus: E acontecerá naquele dia que subirão palavras no teu coração, e maquinarás um mau desígnio. 11 E dirás: Subirei contra a terra das aldeias não muradas; virei contra os que estão em repouso, que habitam seguros; todos eles habitam sem muro, e não têm ferrolhos nem portas.12 A fim de tomar o despojo, e para arrebatar a presa, e tornar a tua mão contra as terras desertas que agora se acham habitadas, e contra o povo que se congregou dentre as nações, o qual adquiriu gado e bens, e habita no meio da terra. 13 Sebá e Dedã, e os mercadores de Társis, e todos os seus leõezinhos te dirão: Vens tu para tomar o despojo? Ajuntaste a tua multidão para arrebatar a tua presa? Para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e os bens, para saquear o grande despojo?” 

“Subirei contra a terra das aldeias não muradas...”. É uma referência ao povo de Israel. Outras se acha no v. 8, “o povo que se congregou” e no verso 12, “o qual tem gado e bens” que se refere a simples vida dos israelitas. 

2. A ganância de Gogue e sua intenção de saquear Israel. A confederação liderada pelo Norte virá contra uma terra segura e pacífica e atacará sobre os montes de Israel. No verso 10, Ezequiel destaca que a invasão será motivada pelo desejo de Gogue de saquear “o despojo, gado e bens, para levar a prata e o ouro”.

Os motivos da invasão de Israel por Gogue serão principalmente dois: as riquezas de Israel, inclusive as do Mar Morto, petróleo e gás no Mar Mediterrâneo, em frente à Faixa de Gaza, que tem sido feita exclusivamente por Israel. “Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações e das terras que estão ao redor dela.” (Ez 5.5).

Observe que no verso 13, algumas nações protestarão a invasão russa de Israel: “Sebá e Dedã, e os mercadores de Társis. 

3. A colisão de nações liderada por Gogue contra Israel. Ezequiel 38.14-16 “Portanto, profetiza, ó filho do homem, e dize a Gogue: Assim diz o Senhor Deus: Porventura não o saberás naquele dia, quando o meu povo Israel habitar em segurança? 15 Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e muitos povos contigo, montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército poderoso. 16 E subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos dias sucederá que hei de trazer-te contra a minha terra, para que os gentios me conheçam a mim, quando eu me houver santificado em ti, ó Gogue, diante dos seus olhos.”

Ezequiel descreve a magnitude da invasão, enfatizando que as nações do norte se unirão para atacar Israel. A invasão liderada por Gogue e suas nações aliadas pode parecer aniquilador e imparável, mas Deus é o protetor de Israel. Eles vêm “como uma nuvem” contra uma terra segura e pacífica e atacará sobre os montes de Israel.” 

“Nos últimos dias sucederá que hei de trazer-te contra a minha terra, para que os gentios...”. Em primeiro lugar esta profecia se cumprirá nos últimos dias. Segundo lugar, Deus está no controle de todas as coisas, mesmo quando as nações unem-se contra Israel. E terceiro lugar “.... para que os gentios me conheçam a mim...”. A invasão de Israel, permitida por Deus, derramar-se-á na revelação da glória divina e a derrota dos inimigos. 

4. O julgamento divino sobre os invasores. 38.17-22 “Assim diz o Senhor Deus: Não és tu aquele de quem eu disse nos dias antigos, por intermédio dos meus servos, os profetas de Israel, os quais naqueles dias profetizaram largos anos, que te traria contra eles? 18 Sucederá, porém, naquele dia, no dia em que vier Gogue contra a terra de Israel, diz o Senhor Deus, que a minha indignação subirá à minha face. 19 Porque disse no meu zelo, no fogo do meu furor, que, certamente, naquele dia haverá grande tremor sobre a terra de Israel. 20 De tal modo que tremerão diante da minha face os peixes do mar, e as aves do céu, e os animais do campo, e todos os répteis que se arrastam sobre a terra, e todos os homens que estão sobre a face da terra; e os montes serão deitados abaixo, e os precipícios se desfarão, e todos os muros desabarão por terra. 21 Porque chamarei contra ele a espada sobre todos os meus montes, diz o Senhor Deus; a espada de cada um se voltará contra seu irmão. 22 E contenderei com ele por meio da peste e do sangue; e uma chuva inundante, e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre farei chover sobre ele, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que estiverem com ele.” 

No versículo 17 ao 22, o profeta descreve a intervenção e o julgamento divino sobre Gogue e as nações aliadas. Deus age em favor em defesa de Israel garantindo a vitória sobre seus inimigos.

No verso 19, Deus anuncia a destruição de Gogue por meio do “fogo do furor do Senhor” e de um grande terremoto que será tão intenso que as montanhas tremerão, as rochas se partirão e todos os muros cairão por terra”. Os exércitos em Ezequiel serão destruídos por contenda entre si, doença, desastres naturais: “da peste e do sangue; e uma chuva inundante, e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre farei chover sobre ele, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que estiverem com ele” (v. 22). 

VI. DESTRUIÇÃO DA NAÇÃO DO NORTE

1. A intervenção divina. Ez 39.1-7 “Tu, pois, ó filho do homem, profetiza ainda contra Gogue, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal. 2 E te farei voltar, mas deixarei uma sexta parte de ti, e far-te-ei subir do extremo norte, e te trarei aos montes de Israel. 3 E, com um golpe, tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei cair as tuas flechas da tua mão direita. 4 Nos montes de Israel cairás, tu e todas as tuas tropas, e os povos que estão contigo; e às aves de rapina, de toda espécie, e aos animais do campo, te darei por comida. 5 Sobre a face do campo cairás, porque eu o falei, diz o Senhor Deus. 6 E enviarei um fogo sobre Magogue e entre os que habitam seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o Senhor. 7 E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e os gentios saberão que eu sou o Senhor, o Santo em Israel.” 

No capítulo 39, Ezequiel continua com a profecia contra Gogue e seus aliados, a qual não se refere a uma segunda invasão, mas trata de uma narrativa paralela.

O profeta destaca nesse capítulo a derrota dos exércitos inimigos que cairão nos campos de Israel (vs. 4-5). Após a batalha Israel usará as armas dos inimigos como combustível durante sete anos:

Ezequiel 39.9-10 “E os habitantes das cidades de Israel sairão, e acenderão o fogo, e queimarão as armas, e os escudos e as rodelas, com os arcos, e com as flechas, e com os bastões de mão, e com as lanças; e acenderão fogo com elas por sete anos. 10 E não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas acenderão fogo; e roubarão aos que os roubaram, e despojarão aos que os despojaram, diz o Senhor Deus.” 

A ideia nestes versículos não é que armamentos modernos seriam usados como combustível para o fogo. A ênfase está na destruição completa operada por Deus contra os inimigos de Israel, apesar de terem soldados e armas em tão grande número que poderiam ser considerados invencíveis.

A nação de Israel que trata as profecias já mencionadas, deverá, na época da invasão ser muito poderosa belicamente, sabendo que a nação de Israel, desde há muito é líder reconhecida em matéria de estratégia de ataque e defesa. Nesse tempo Israel deve estar muito mais preparado e fortalecida como nação.

O resultado desta batalha será que as nações hão de saber que Deus é o Senhor (38.16, 23; 39.6, 7, 21, 23; conf. Is 45.23), enquanto que Israel jamais precisará duvidar da proteção do seu Deus.

Para Israel na Babilônia esta profecia dava a certeza de que, uma vez restaurada à sua terra, o poder de Deus a protegeria dos piores inimigos imagináveis.

No verso 9, Ezequiel relata que aqueles que vierem para saquear Israel serão eles mesmos saqueados. 

2. A justiça de Deus em meio a guerra e a destruição. Ezequiel 39.11,13 “E sucederá que, naquele dia, darei ali a Gogue um lugar de sepultura em Israel, o vale dos que passam ao oriente do mar; e pararão os que por ele passarem; e ali sepultarão a Gogue, e a toda a sua multidão, e lhe chamarão o vale da multidão de Gogue. 12 E a casa de Israel os enterrará durante sete meses, para purificar a terra. 13 Sim, todo o povo da terra os enterrará, e será para eles memorável dia em que eu for glorificado, diz o Senhor Deus.”

O invasor e seus aliados serão totalmente derrotados e arruinados no próprio território de Israel, por intervenção divina direta.

As forças de Gogue serão reduzidas a nada, serão precisos sete meses para o sepultamento dos seus cadáveres (39.11-15), e também os seus corpos e sangue virão a ser uma festa para as aves e os animais (39.17-20), e as nações hão de saber que Deus é o Senhor, enquanto que Israel jamais precisará duvidar da proteção do seu Deus (39.22; 39.25-29). 

VII. GOGUE E MAGOGUE NO APOCALIPSE 

A expressão “Gogue e Magogue” também aparece no livro do Apocalipse para descrever uma última batalha que precederá o Juízo Final (Ap 20.7-10).

Antes do governo milenar de Cristo Satanás será preso por mil anos. “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos.” (Ap 20.2).

“E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão. E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha.” (Ap 20.8).

João continua a narrativa dizendo que as nações, persuadidas por Satanás, cercarão “o acampamento dos santos, a cidade amada”, porém um fogo descerá do céu e as devorará, resultando ainda na condenação eterna de Satanás no “lago de fogo que arde como enxofre”. Depois disso, João começa a descrever em detalhes a cena do Juízo Final. Portanto há duas batalhas chamadas de Gogue e Magogue, a primeira antes da Segunda Vinda em glória de Jesus e a outra no final do milênio. Elas são semelhantes no sentido que haverá grandes batalhas que destruirão completamente os inimigos de Deus e resultarão em mudanças importantes na Terra. 

VIII. DIFERENÇA NA BATALHA DE GOGUE E ARMAGEDOM 

1. Na batalha de Gogue são mencionados aliados definidos, enquanto na do Armagedom todas as nações estão unidas (Jl 3.2. Sf 3.8. Zc 12.3. 14.4).

2. Gogue vem do Norte quando em Armagedom os exércitos vêm do mundo todo (Ez 38.6-15. 39.2).

3. Gogue vem para saquear enquanto em Armagedom as nações se unem para destruir o povo de Deus (Ez 38.11-12).

Gogue é o líder dos exércitos em sua invasão, mas em Armagedom é a besta quem a lidera (38.7. Ap 19.19).

4. Os exércitos de Gogue são colocados em ordem no campo aberto enquanto em Armagedom são vistos na cidade de Jerusalém (Ez 39.5. Zc 14.2-4).

5. O Senhor pede ajuda na execução de julgamento sobre Gogue enquanto em Armagedom Ele é retratado pisando sozinho o lagar (Ez 38.21. Is 63.3-6). 

IX. CONVERSÃO EM MASSA DE JUDEUS 

Ez 39.7 “E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e os gentios saberão que eu sou o SENHOR, o Santo em Israel.” 

Como resultado da intervenção divina salvando miraculosamente Israel, os judeus e as nações da Terra reconhecerão que há um Deus que governa todas as coisas. Ez 39.21,22: “Manifestarei a minha glória entre as nações, e todas as nações verão o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que sobre elas tiver descarregado. Desse dia em diante, os da casa de Israel saberão que eu sou o Senhor seu Deus.” 

Isso resultará na conversão de muitos judeus e no derramamento do Espírito Santo.

Além disso, no versículo 29, Deus diz: “Não vou esconder meu rosto deles por mais tempo, porque eu derramei o meu Espírito sobre a casa de Israel”, que é uma descrição da restauração espiritual de Israel a Deus depois de o Anticristo é derrotado que é consistente com o que o resto da Escritura diz sobre esse tempo. Isto pode acontecer no fim da Grande Tribulação. 

Pr. Elias Ribas - Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quinta-feira, 13 de junho de 2019

O SACERDÓCIO DE CRISTO E O LEVÍTICO



TEXTO ÁUREO
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus.” (Hb 7.26).

Verdade Prática
Nosso grande e único Sacerdote é Jesus Cristo. Ele intercede eficazmente em nosso favor diante do Pai.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 28.1; Levítico 8.22; Hebreus 7.23-28; 1 Pedro 2.9

Êxodo 28.1: “Depois, tu farás chegar a ti teu irmão Arão e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel, para me administrarem o ofício sacerdotal, a saber: Arão e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.”

Levítico 8.22: “Depois, fez chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro.”

Hebreus 7.23-28: “E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela morte, foram impedidos de permanecer; 24 - mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. 25 - Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
26 - Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus, 27 - que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.  28 - Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.

1ª Pedro 2.9: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

INTRODUÇÃO.
- Nesta lição aprenderemos sobre o sacerdócio de Cristo e o sacerdócio Levítico; veremos a escolha de Deus para com a tribo de Levi para exercerem o serviço no santuário; por sua vez destacaremos aspectos importantes do sacerdócio de Cristo, e por fim, destacaremos as principais características de Jesus como nosso Sumo Sacerdote.

I. A ESCOLHA DOS SACERDOTES (Êx 28.1)
- Deus escolheu a linhagem sacerdotal levítica, e não Moisés. Essa escolha indicava a soberania do Senhor para designar obreiros para sua Obra. No ministério cristão, por meio do Espírito Santo, Deus é quem elege líderes para o ministério (At 13.2).

- Os filhos de Levi antes de serem santificados para o ministério levítico eram uma tribo comum; mas, foram separados pelo Senhor para exercer as funções no Tabernáculo (Nm 1.50,51,53; 18.2-4,6; 1º Cr 15.2).

1. Os sacerdotes precisavam pertencer à tribo de Levi.
- Por haverem sido resgatados da morte na noite da Páscoa, os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus (Êx 13.1,2), mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos divinamente como substitutos dos filhos mais velhos de cada família (Êx 32.25-29; Nm 8.17-19; ver 3.5-13). Deus separou para isto os três filhos de Levi: Gérson (gersonitas), Coate (coatitas) e Merari (meraritas) (Nm 26.57). Durante os dias de Davi, com a reforma no culto promovida por aquele monarca de Israel e que era também grande músico, os levitas foram divididos em quatro classes:

A. Assistentes dos sacerdotes no trabalho do santuário.
B. Juízes e escribas.
C. Porteiros.
D. Músicos e cantores. Essas classes foram subdivididas em grupos, que serviam cada um por seu turno (1º Cr 24-25; Ed 6.18).

- O Altíssimo ordenou que Moisés contasse os filhos de Israel, excetuando a tribo de Levi, a fim de que os levitas se encarregassem dos ofícios do Tabernáculo (Nm 1.49,50; 3.6). Assim, o sacerdócio de Levi obteve uma posição proeminente entre as demais tribos de Israel (Nm 1.52,53).

2. Características especiais dos levitas.
- Aqui, destacaremos duas características especiais dos levitas:

(1) O chamamento específico para o serviço do Tabernáculo.
(2) A unidade, pois todos falavam a mesma língua, defendiam o mesmo comportamento e mantinham a mesma fé. Ambas as características apontam para a importância da unidade da Igreja. A igreja local é o Corpo de Cristo, portanto, o chamamento e a unidade são a sua marca (Jo 17.20,21).

2. Sacerdotes.
- A palavra sacerdote que no hebraico é “kohen”, e de acordo com Champlin (2004, p.13), esse termo em português, vem do latim: “sacer”, e que quer dizer: “sagrado, consagrado”, e se refere ao ministro divinamente designado na Antiga Aliança, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8). Antes do êxodo, o chefe de cada família ou o primogênito, desempenhava o papel de sacerdote familiar; mas, os ritos do tabernáculo e a exigência de observá-los com exatidão tornaram necessária a instituição de um sacerdócio dedicado ao culto divino. Para esta importante função, Deus escolheu Arão e seus filhos (Êx 28.1). A vocação sacerdotal era hereditária, de modo que os sacerdotes podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus (Nm 18.2,7,8).

4. Sumo sacerdote.
- O sumo sacerdote era o principal entre os sacerdotes (Lv 21.10; 2º Cr 19.11). Em hebraico ele é chamado de “kohen gadol”, que quer dizer: “grande sacerdote”. Somente ele entrava uma vez por ano no Lugar Santíssimo para expiar os pecados da nação israelita, no Dia da Expiação (Êx 30.10; Lv 16.34). Diferentemente dos demais levitas, cujo trabalho seria até os cinquenta anos (Nm 8.23-26), o sumo sacerdote nos tempos primitivos tinha cargo vitalício, embora nos tempos do NT mudanças parecem ter ocorrido, com interferências políticas e rodízio entre os sacerdotes (Jo 11.49-51; Lc 3.2). O sumo sacerdote distinguia-se dos outros membros da classe sacerdotal pelas roupas que usava, pelas funções que desempenhava e pelas exigências particulares impostas a ele (Êx 28.40). Só ele vestia a estola sacerdotal ou éfode, e só ele trazia o Urim e o Tumim no “peitoral do juízo”, pelo qual os judeus consultavam ao Senhor sobre questões difíceis (Êx 28.15-30). O primeiro sumo sacerdote escolhido por Deus em favor de Israel foi Arão (Hb 5.1-4). Ele era o filho mais velho do levita Anrão e de Joquebede (Êx 6.20; Nm 26.59), e irmão de Moisés e Miriã, sendo três anos mais velho que o Legislador (Êx 7.7). Sua esposa era chamada Eliseba (Êx 6.23). Com ela Arão teve quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (1º Cr 24.1).

4. A consagração sacerdotal tinha um só propósito.
- Os sacerdotes foram consagrados para servir no Tabernáculo. Separados pelo e para o Senhor, não podiam executar outra atividade que fugisse a esse propósito (Nm 1.50; 3.12). Logo, o método de Deus para os obreiros do Novo Testamento não é diferente: os obreiros do Senhor não se embaraçam “com negócio desta vida” (2ª Tm 2.4). Ratificando esse princípio, nosso Senhor declarou que o vocacionado para “arar a terra” não pode olhar para trás (Lc 9.62). É preciso olhar para frente e fazer a obra divina com perseverança e fé (Hb 10.38).

II. VESTIMENTA SACERDOTAL PARA O SERVIÇO

1. Simbologia da vestimenta sacerdotal.
- O capítulo 28 de Êxodo descreve a vestimenta sacerdotal para o serviço no Tabernáculo. A vestimenta tinha características especiais e cerimoniais, pois servia de “glória e ornamento” do ministério (Êx 28.2). A vestimenta era um símbolo da autoridade sacerdotal. Além de despertar a atenção do povo, marcava o caráter divino do serviço.

2. A túnica chamada “éfode” (Êx 28.4).
- Era uma espécie de avental sem manga que cobria a frente e as costas, unido por tiras em cada ombro e por um cinto (Êx 28.6-8). As tiras tinham engastes de ouro com pedras de ônix, em cada uma tinha a gravação dos nomes dos filhos de israel. Dos engastes de ouro dessas pedras pendia o peitoral. O éfode descia um pouco abaixo da cintura, por cima da túnica de linho até os pés do sacerdote. Por levar sobre os ombros os nomes dos filhos de Israel, o Sumo Sacerdote constituía-se no mediador do povo diante de Deus.

2.1. A estola. A vestimenta usada pelo sumo sacerdote era ornamentada. Pedras colocadas em fivelas nos dois ombros, nas quais os nomes das tribos estavam gravados, pareciam sua mais importante característica. Ao usá-la, o sumo sacerdote aceitava o papel de representante de todo o povo. O que ele fazia, fazia por eles e por Deus.

- Sacerdotes comuns vestiam simples estolas longas até as coxas, feitas de linho fino branco quando ministravam (Êx 39.27; 1º Sm 2.18; 2º Sm 6.14).

3. O “Urim e Tumim”.
- Provavelmente eram uma forma de lançar sortes. No Antigo Testamento, o povo de Deus pedia a orientação divina para tomar cada decisão importante (Nm 26.55,56). Para isso, recorria ao Urim e Tumim. No hebraico, a expressão significa “luzes e perfeições”. Eram pedras colocadas provavelmente sobre o peitoral do Sumo Sacerdote, representando a vontade de Deus; numa pedra, a resposta positiva, e na outra, a resposta negativa (Ed 2.63; Ne 7.65). O Sumo Sacerdote só tomava as pedras do Urim e Tumim em casos muito especiais (1 Sm 28.6). No Novo Testamento, é relatada uma prática semelhante ao Urim e o Tumim, na escolha do sucessor de Judas Iscariotes (At 1.26).

- O peitoral era um colete finamente modelado. Era preso à estola com correntes de ouro e decorado com quatro fileiras de joias, cada um representando uma tribo de Israel. Há um significado especial em vestir o nome das tribos de Israel sobre o coração do sumo sacerdote. Como representante de outros diante Deus, ele deveria preocupar-se profundamente com eles, até mesmo como o próprio Senhor. A adoração pode ser cerimonial. Mas pode tornar-se um mero ritual” (LAWRENCE, Richards O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.70).

III. O SACERDÓCIO DE CRISTO (Hb 7.23-28)

1. Sua origem. Arão foi feito sacerdote por Deus e não pelos homens: “E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” (Hb 5.4). Da mesma forma Cristo foi feito por Deus sacerdote:

Hb 5.5,6: “Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; 6 como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”

Considerando que a Bíblia não menciona a genealogia de Melquisedeque (Hb 7.3), seu sacerdócio era singular em sua ordem, pois não dependia de sua genealogia, mas de sua nomeação direta por Deus (Gn 14.18). Da mesma forma, Jesus foi feito sumo sacerdote diretamente por Deus: “Chamado por Deus sumo sacerdote” (Hb 5.10; Hb 10.21).

2. Sua ordem. Na mente de um judeu, letrado nas ideias levíticas rígidas, era inconcebível que alguém servisse como sacerdote sem ser descendente de pais sacerdotes, sem genealogia. No entanto, Melquisedeque aparece nesta função: “sem genealogia” (Hb 7.3) ou “cuja genealogia não é contada” (Hb 7.6). É bom lembrar que foi o próprio Moisés que chamou Melquisedeque de “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18); e ele foi reconhecido como tal mesmo sem credenciais formais. Neste sentido, ele foi feito semelhante a Jesus, que também não tinha uma linhagem sacerdotal normal. Nosso Senhor procedeu de Judá e desta tribo nunca Moisés falou de sacerdócio (Hb 7.14). Por isso, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria (Hb 8.4). No entanto, o escritor aos Hebreus assevera que Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e não segundo a de Arão: “...Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7.14). Portanto, o sacerdócio de Cristo é de uma ordem melhor, pois é independente da Lei de Moisés (Hb 7.11,12); e, da tribo de Levi (Hb 7.13-15).

3. Sua Superioridade. O sacerdócio de Melquisedeque é superior ao de Arão por, pelo menos, dois motivos:

3.1. É anterior ao sacerdócio aarônico. O registro da aparição de Melquisedeque se dá em Gênesis 14.18-20 e a instituição do sacerdócio por Arão se deu em Êxodo 28.1, ou seja, por volta de 600 anos depois.

3.2. Foi feito sob juramento. Enquanto o sacerdócio de Arão foi realizado por indicação divina (Nm 17.1-10), a continuação do sacerdócio de Melquisedeque foi feita por indicação divina e sob juramento: “Jurou o SENHOR, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4). É bom destacar que o juramento de Deus é feito em si mesmo, visto que ninguém lhe é superior (Hb 6.13). E, isto é o equivalente de dizer que Sua própria palavra bastava.

4. Sua durabilidade. O sacerdócio levítico era interrompido pela morte, o sacerdócio de Cristo, pelo contrário, é eterno porque ele vive para sempre “... tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4). O escritor aos hebreus faz questão de aludir a isso: “E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo” (Hb 7.23,24).

5. Sua perfeição. O sacerdócio levítico era imperfeito, por diversos motivos:
5.1. Os sacrifícios realizados, deviam ser repetidos não eram sacrifícios definitivos (Hb 10.11).

5.2. Não podiam purificar a consciência (Hb 10.1).

5.3. Era composto por homens imperfeitos, que necessitavam sacrificar por si mesmos, para depois sacrificarem pelo povo (Lv 4.3).

- Jesus, no entanto, ofereceu-se uma vez só (Hb 10.10); seu sacrifício purifica a consciência (Hb 9.14); e, Ele não precisou sacrificar por si mesmo, porque é sacerdote perfeito (Hb 7.28). Como sacerdote, Cristo possui as seguintes características: “… santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7.26,27).

IV. QUE TIPO DE SACERDOTE É CRISTO

1. Um sacerdote que tem acesso direto a Deus. O Sumo sacerdote só podia entrar no Lugar Santíssimo, onde estava a arca da aliança, que simbolizava a presença de Deus, apenas uma vez no ano (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb 9.7). No entanto, Cristo, nosso “…grande sumo sacerdote… penetrou nos céus” (Hb 4.14).

- Ele entrou no santuário celeste, para interceder por nós: “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (Hb 9.24).

2. Um sacerdote que se identifica com a natureza humana. Quando encarnou, Cristo, compartilhou da natureza humana de forma plena: corpo, alma e espírito (Mt 26.12; Jo 12.27; Mt 27.50). Especificamente no corpo, Ele também padeceu de todas as fragilidades humanas. A Bíblia mostra que ele sentiu fome (Lc 4.2); sede (Jo 4.7; 19.28); teve cansaço físico (Jo 4.6); chorou (Jo 11.35); sorriu (Lc 10.21) e, foi tentado em tudo, mas não pecou (Mt 4.1; Lc 22.28; 1ª Pd 2.22). Por isso, como sacerdote, Ele pode se compadecer das nossas fraquezas (Hb 4.15); e, pode socorrer os que são tentados “porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18). Jesus, conhece o ser humano de forma plena (Jo 2.25; Ap 1.14; 2.23).

- Quando Jesus, morreu na cruz como oferta pelos nossos pecados, o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45). Agora, ficou aberto o acesso a Deus (Hb 9.1-14; 10.19-22). Contrastando o acesso limitado a Deus que os israelitas tinham na Antiga Aliança, Cristo, ao dar sua vida por nós como sacrifício perfeito, abriu o caminho para a própria presença de Deus e para o trono da graça (Hb 4.16). Por isso, na Nova Aliança, os crentes podem com muita liberdade achegar-se a Deus (Ef 2.18, 3.12), chamando-o de Pai como Jesus nos ensinou e o Espírito Santo nos leva a fazer (Mt 6.9; Rm 8.15). Agora, também todo crente é constituído sacerdote para o serviço de Deus (Ap 1.6; 5.10; 20.6).

CONCLUSÃO.
- O Senhor nomeou Arão e seus descendentes para exercerem o sacerdócio, o que na verdade é uma figura do Eterno e perfeito sacerdócio de Cristo, o qual através do Seu sacrifício nos abriu o caminho de acesso a Deus tornando cada salvo um sacerdote.

- Quem recebe a Cristo como Salvador e Senhor, “nova criatura é; eis que tudo se fez novo” (2ª Co 5.17). Andemos em novidade de vida para a glória de Deus! Ele é o nosso perfeito Sumo Sacerdote.

FONTE DE PESQUISA

1. CABRAL Elienai Lições bíblica do 2º trimestre de 2019. CPAD.
2. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
3. HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
4. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

AS SETE VERDADES DE NOSSA VOCAÇÃO




INTRODUÇÃO.
O que significa a palavra vocação.
Vocação é um termo derivado do verbo no latim “vocare” que significa “chamar”.
Vocação é um talento, uma aptidão natural, um pendor, uma capacidade específica para executar algo que vai lhe dar prazer.
Vocação religiosa é um chamado de Deus para a prática religiosa, é louvar e servir a Deus e ao próximo. Ter vocação religiosa é estar disponível para se separar das coisas que são do mundo e que não são do agrado de Deus.
A vocação religiosa pode ser seguida por homens como também por mulheres, que ao sentirem o chamado de Deus, deixam tudo e colocam-se inteiramente a serviço dos irmãos mais necessitados. Essas mulheres buscam as congregações que mais se identificam e se preparam para serem irmãs ou freiras.

I. É uma Vocação Santa
2ªTm 1.9: “Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes da fundação do mundo”.
1ª Pe 1.15: “Segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento”.
Hb 12.14: “Segui a paz com todos e santificação, sem a qual ninguém verá a Deus”.
Mt 5.8: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus”.

II. É uma Vocação Celestial
Hb 3.1: “Por isso, irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus”.
Tg 1.17: “Toda boa dádiva e todo o dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”.

III. A Vocação Tem Uma Esperança
Ef 4.4: “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação”.
Sl 126.5-6: “Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus molhos”.
Quem vive com fé e em obediência, mesmo em meio a dificuldades, há de ver resultados maravilhosos da sua obra.

IV. É Uma Vocação Sem Arrependimento
Rm 11.29: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento (irrevogáveis)”.

V. Sem Aparência Humana
1ª Co 1.26-29: “Irmãos, reparai, pois na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são”.
Dos filhos de Jessé Deus escolheu o mais moço e sem aparência, porque Deus olha para o coração e não para o exterior.

VI. É Uma Vocação Dignificada
Ef 4.1: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados”.
2ª Rs 4.9: “Ela disse a seu marido; Vejo que este que passa sempre por nós é santo homem de Deus”.

VII. A Nossa Vocação é uma Dádiva por Deus
Ef 4.11-12: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros pra pastores e mestres” 12 “Com vista ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”.
2ª Tm 1.11: “Para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre”.
Rm 12.5-8: “Assim também nós, conquanto muitos somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia seja segundo a proporção da fé; Se ministério dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no faze-lo; ou u que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria”.

CONCLUSÃO. A vocação divina é diferente da vocação humana, pois não se trata de uma profissão, mas de um estado de vida. Deve ser uma doação, livre, consciente, madura, por amor a Deus e ao próximo.
A vocação de Deus é pessoal, intransferível e incontestável. Pessoal, pois Ele chama pessoas e não coisas; gente e não instituições. E ao chamar Deus lança no coração de Seus filhos uma profunda convicção de propósito – a busca por estar no lugar certo, na hora certa e fazendo o que Ele deseja de nós a cada dia.

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 12 de junho de 2019

AS ORAÇÕES DOS SANTOS NO ALTAR DE OURO



Levítico 16.12,13 “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá dentro do véu. 13 E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra.”

Apocalipse 5.6-10 “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7 E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono. 8 E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. 9 E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; 10 e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.”

INTRODUÇÃO.
No Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado exclusivamente àquela ocasião. Hoje, o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações, súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13).

Para se oferecer o incenso ao Senhor, três coisas eram necessárias: o lugar, o altar e a cerimônia. Apenas o sumo sacerdote estava autorizado a conduzir esse ato de adoração.

I. O LUGAR SANTÍSSIMO

1. Visão panorâmica do tabernáculo de Moisés.
Como sabemos, o tabernáculo de Moisés dispunha de três divisões: o pátio externo, onde ficavam o altar de bronze para os holocaustos e a pia de bronze para o lavatório; entrando no interior do tabernáculo propriamente, estava o primeiro ambiente, que era o Lugar Santo (ou átrio), onde ficavam três mobílias: à direta, a mesa dos pães da proposição, à esquerda o grande candelabro de ouro, e de frente, junto ao véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo estava o altar de ouro para ofertas de incenso. Por trás desse grosso e pesado véu estava o Lugar Santíssimo, onde estava a arca da aliança feita de ouro, que trazia em seu interior as pedras dos mandamentos, a varão de Arão que floresceu e um pouco do maná que o povo comeu no deserto; ainda sobre esta arca da aliança (ou arca do testemunho/concerto) estava a chamada “tampa do propiciatório”, e sobre a tampa dois querubins esculpidos em ouro. Neste último ambiente, somente o sumo-sacerdote podia entrar uma vez ao ano, no Dia da Expiação; nos demais ambientes, os sacerdotes oficiavam culto e ofertas ao Senhor diariamente.

2. O altar do incenso.
O altar do incenso no tabernáculo de Moisés era quadrado, de modo que seu cumprimento e largura mediam 1 côvado (45 cm), com 2 côvados de altura (90 cm). Assim como a mesa dos pães da proposição, o altar de incenso era feito de madeira de acácia e coberto de ouro puro; tinha também pontas em cada canto e duas argolas de ouro nas suas laterais para fins de transporte.

3. Relação entre o altar e o Lugar Santíssimo.
Ainda que o altar do incenso ficasse localizado no Lugar Santo, tinha uma profunda relação com o significado espiritual do Lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos), especialmente no Dia da Expiação se podia dizer que o altar do incenso pertencia a este último ambiente (Hb 9.2,3; Lv 16.12,13). É uma forma de dizer que as ervas queimadas que faziam subir uma fumaça com perfume agradável bem à frente do véu, eram como as orações do povo de Deus que deveriam subir como cheiro suave, isto é, agradável ao Senhor, que é santíssimo!

4. O incenso.
O incenso era oferecido, juntamente com outras ofertas (Lv 2.1), sozinho sobre o altar do incenso (Êx 30.1-9) ou em um incensário (Lv 16.12; Nm 16.17). A preparação do incenso está descrita em Êx 30.34-38; e as ocasiões cerimoniais para queimar o incenso, em Êx 30.7,8, assim como o Dia da Expiação, em que o incenso era posto sobre o fogo (Lv 16.12,13).

Sobre o altar de ouro o sacerdote queimava incenso ao Senhor pela manhã e à tardinha, como símbolo da constante adoração do povo à Yahweh (Êx 30.1-10; 40.5; 1º Re 6.22; Sl 141.2). De tal modo era sagrado aquele incenso, que não podia ser feito uma reprodução dele para uso comum (Êx 30.37,38) e, menos ainda, se podia usá-lo de modo profano no culto ao Senhor. Foi por intentar oferecer incenso com fogo estranho (provavelmente não proveniente do altar do holocausto) que Nadabe e Abiú, filhos do sumo-sacerdote Arão pereceram diante do Senhor (Lv 10.1,2).

II. JESUS, O SUMO SACERDOTE QUE INTERCEDE POR NÓS

1. O presente simbólico para o menino Jesus.
O incenso está tão intimamente ligado à Cristo, numa perspectiva tipológica, que desde seu nascimento vemos a presença deste elemento junto dele, apontando para seu ofício sacerdotal. Entre os três presentes que os magos do Oriente levaram para o menino Jesus, encontrava-se o incenso, além do ouro (que fala de sua realeza e divindade) e da mirra (que falam de seu sacrifício vicário).

O evangelista Mateus, único a registrar esse episódio, pois ele escreveu para os judeus, que estavam acostumados com a simbologia desses elementos no culto ao Senhor; assim escreve sobre as dádivas dos magos: “E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.11). É inegável que temos na oferta do incenso, uma antecipação muito simbólica do ministério da intercessão que Cristo haveria de assumir em favor dos seus discípulos.

2. Jesus intercede pelos Seus.
“Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.31,32).

Estas palavras de Jesus provam para nós que o inimigo de nossas almas deseja sacudir-nos para cima e para baixo, a fim de separar-nos do trigo do Senhor e soprar-nos para longe, como palha levada pelo vento, mas ele sabe que não pode fazer isso sem expressa permissão divina. Embora Deus tem concedido ao inimigo permissão para nos tentar (até mesmo Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito para ser tentado pelo diabo – Mt 4.1), não estamos sozinhos na batalha contra o mal: Cristo, fiel amigo, tem sido nosso parceiro forte nas lutas de cada dia. “Eu roguei por ti”, disse Jesus ao fraco crente Pedro.

Jesus, como nosso sumo sacerdote e fiel intercessor tem oferecido ao Pai intercessões por cada um de nós! Embora a decisão final de cair ou permanecer de pé seja nossa, nenhum de nós está fadado ao fracasso, desde que não desprezemos o auxílio do amigo Jesus, e estejamos unidos a ele num mesmo propósito de amar e obedecer ao Pai. Dois mil anos atrás, naquela que veio a ficar conhecida como “a oração sacerdotal”, justamente por antecipar o ofício sacerdotal de Cristo, após a sua morte e ressurreição, o nosso Senhor já oferecia por nós, crentes brasileiros do século 21, intercessões ao Pai, quando ele disse: “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim” (Jo 17.20).

Neste sentido, é corretamente bíblica e mui bela a composição de Antônio Almeida, no hino 524 da nossa Harpa Cristã, quando diz em versos:
Através da tempestade
Em qualquer calamidade,
Me consola esta verdade:
Cristo pensa em mim.

O apóstolo Paulo enfatiza o ministério de intercessão do nosso Senhor, quando diz: “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34). O autor a carta aos Hebreus afirma que Jesus “pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles“ (Hb 7.25). Não é maravilhoso contar com as preces de Jesus em nosso favor? Ainda que ninguém lembre nosso nome em suas orações, Cristo Jesus está pensando em nós!

E as orações de Jesus têm muitas vantagens sobre as nossas próprias orações. Direi duas: a primeira é que ele intercede com perfeição, nunca fazendo queixas ao Pai ou pedidos inadequados à justiça e à santidade de Deus. Jesus é o perfeito Intercessor! E a segunda vantagem, nas palavras do próprio Jesus, é que “Eu bem sei que sempre me ouves” (Jo 11.42), isto é, o Pai sempre ouve ao Filho. Amado leitor, pode confiar nas orações de Jesus! Elas são santas e sempre atendidas pelo Pai.

“Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome…” (Jo 16.23).
De tal modo Cristo as intercessões que os crentes fazem estão intimamente relacionadas, que o Senhor tantas vezes instruiu a que orássemos ao Pai em seu nome, isto é, em nome de Jesus. Como bem colocado por Rouw e Kiene, “é Cristo quem apresenta as nossas orações e nossas ações de graças a Deus. Elas seriam aceitáveis a Deus se viessem diretamente de nós? Não, Cristo as purifica e santifica”.

De tal modo precisamos estar em sintonia com Cristo nas nossas preces, que o apóstolo Pedro diz: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1ª Pe 2.5). Enfatizo: “por Jesus Cristo”, isto é, somente ofereceremos sacrifícios espirituais agradáveis a Deus se for através de Jesus Cristo, salvos pelo seu sangue, em comunhão com ele pela obediência à sua verdade e confiantes nos méritos dele unicamente, não nos nossos próprios méritos. Isso é orar em nome de Jesus.

III. AS ORAÇÕES DOS SANTOS

Gunnar Vingren, pioneiro fundador da Igreja Assembleia de Deus no Brasil, em seu trabalho de conclusão do curso de bacharelado em teologia, assim interpretou o significado espiritual do altar de incenso:

“O altar de incensos encontra analogia na oração, conforme lemos em Hebreus 4.16. Portanto, vamos com coragem chegar até o trono da graça, onde encontraremos misericórdia na hora certa. Aos incensos usados nas ofertas se contrapõe a oração e o louvor. A oração é, simbolicamente, um incenso que exala perfume e sobe do coração santificado até o trono da graça. A fumaça aromática que subia do altar, agradava a Deus, assim como agrada a Deus, o coração dos que aprenderam com o Espírito Santo. Assim como o incenso estranho não era aceito nos altares, a oração, vinda de um coração de pouca fé, não é aceita pelo Senhor. Somente a oração feita por um coração cristão cheio de fé agrada a Deus e é aceita por Ele como oferta”.

1. Deus ouve orações
Foi enquanto oferecia incenso no Templo que o sacerdote Zacarias foi informado pelo anjo Gabriel de que teria um filho. É interessante notar o que o texto bíblico diz:

“E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer o incenso. E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso. E um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João” (Lc 1.8-13).

Observe que tanto o sacerdote Zacarias, como também o povo do lado de fora, estavam todos orando no momento da oferta do incenso (o que demonstra a íntima ligação entre o elemento do culto hebreu e a prática espiritual); mas atente especialmente para o fato de que o anjo Gabriel disse a Zacarias que a sua oração foi ouvida. Que oração teria sido essa, senão, conforme o contexto evidencia, a petição por um filho, já que sua esposa Isabel era estéril e estava em idade avançada. Certamente era uma oração que se repetia muitas vezes em casa e por muitos anos. Mas Deus ouviu a persistente oração de Zacarias!

2. Orar com fé.
Deus ouve as nossas orações, se feitas com fé. Sem fé, como diria Gunnar Vingren, nossas orações não passam de “incenso estranho”. Tiago, irmão do Senhor, dizia: “Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro. Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor” (Tg 1.6.7).

Ainda que a resposta demore vir, como para nosso irmão Daniel em Babilônia, podemos ter certeza de que Deus ouve nossas orações, desde o momento em que nos humilhamos diante de Deus (Dn 10.12).

3. Orar com persistência.
Se quisermos ter vitória na vida, não podemos fracassar na oração! Como dizia o piedoso metodista Edward Bounds, “nenhuma formação intelectual pode tapar o buraco do fracasso na oração. Nenhum esforço intenso, nenhuma diligência, nenhum estudo, nenhum dom pode suprir o que falta por causa do fracasso em orar”.

O próprio Jesus exorta-nos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). A parábola da viúva que batia à porta do juiz suplicando solução para a sua causa foi contada por Jesus aos seus discípulos “sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lc 18.1). O apóstolo Paulo, que costumava falar de suas orações e também pedir orações em seu favor em suas cartas, exorta: “Orai sem cessar” (1º Ts 5.17) e ainda “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18).

4. Uma vida de oração.
Diariamente, ao menos duas vezes por dia, o sacerdote oferecia incenso ao Senhor sobre o altar no lugar Santo. Quantas vezes por dia estamos fazendo subir a Deus o bom perfume de nossas orações? Aliás, já oramos hoje a sós com Deus, manifestando-lhe nossa gratidão por seu amor? Em tempos de crise como os que vivemos, temos levado todas as nossas necessidades a Deus em oração (Fp 4.6), ou estamos preferindo o atalho das murmurações e ansiedades que nada resolvem? (Mt 6.27). Deus responde, mas responde ao que clama! (Jr 33.3). Quanta ansiedade com o comer, o beber e o vestir! Quanto ativismo profissional sequestrando nossas devoções! Quanto entretenimento banal, privando-nos da comunhão com o Pai celeste! Deveríamos nos envergonhar de não termos uma vida de oração, como a de Lutero, reformador alemão, que orava pelo menos duas horas por dia, ou como o puritano ou wesleyanos que passavam madrugadas sob a luz de velas, suplicando a Deus um avivamento espiritual genuíno!

Samuel Dickey Gordon, em seu clássico de 1904, Quiet Talks on Prayer, dizia com muita contundência:
“Os grandes da terra hoje são os que oram. Não me refiro aos que falam sobre a oração, nem aos que creem na oração, nem aos que sabem explicar os méritos da oração. Refiro-me às pessoas que separam tempo para orar e oram. Elas não têm tempo. O tempo deve ser subtraído de outra atividade qualquer. Essa atividade qualquer é importante e urgente, mas não quanto a oração”.

CONCLUSÃO.
Ao final do estudo desta lição, que mais do que informar deve nos inspirar para uma vida de fé e oração, que possamos dizer como o salmista “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). A oração é uma verdadeira batalha (Cl 4.12), e precisamos persistir e sermos diligentes a fim de conquistar a vitória. Satanás quer nos encher de atividades e entretenimentos a fim de nos fazer cansar e desanimar da oração. Disciplinemos nossa mente e coração, para garantir que estaremos sempre junto de Jesus, no Getsêmani da oração, a fim de que não soframos a reprimenda: “nem uma hora pudeste velar comigo?” (Mt 26.40). “Com Jesus a minh’alma deseja estar, no jardim em constante oração, quando a noite chegar e o mal me cercar quero estar em constante oração” (Emílio Conde).

FONTE DE PESQUISA

1. ANDRADE Claudionor de. Lições Bíblica. Lição 13 do trimestre sobre “Adoração, Santidade e Serviço”. CPAD.
2. Jan Rouw e Paul Kiene. A casa de ouro, Depósito de Literatura Cristã.
3. Gunna Vingren. O tabernáculo e suas lições por Gunnar Vingren, CPAD.
4. Edward Bounds. Poder pela oração.Ed. Vida.