TEOLOGIA EM FOCO: setembro 2024

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

PASSOS PARA VIVER UMA MISSÃO UNIVERSAL - ROMANOS 15

 

Romanos 15.1-33 “Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. 2 Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. 3 Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. 4 Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança. 5 Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, 6 para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. 7 Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus. 8 Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais; 9 e para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto, eu te louvarei entre os gentios e cantarei ao teu nome. 10 E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, com o seu povo. 11 E outra vez: Louvai ao Senhor, todos os gentios, e celebrai-o todos os povos. 12 E outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, e, naquele que se levantar para reger os gentios, os gentios esperarão. 13 Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. O apostolado e propósitos de Paulo. 14 Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros. 15 Mas, irmãos, em parte vos escrevi mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória, pela graça que por Deus me foi dada, 16 que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo. 17 De sorte que tenho glória em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus. 18 Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras; 19 pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo. 20 E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio; 21 antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado o verão, e os que não ouviram o entenderão. 22 Pelo que também muitas vezes tenho sido impedido de ir ter convosco. 23 Mas, agora, que não tenho mais demora nestes sítios, e tendo já há muitos anos grande desejo de ir ter convosco, 24 quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia. 25 Mas, agora, vou a Jerusalém para ministrar aos santos. 26 Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. 27 Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais. 28 Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha. 29 E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de Cristo. 30 E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus, 31 para que seja livre dos rebeldes que estão na Judeia, e que esta minha administração, que em Jerusalém faço, seja bem-aceita pelos santos; 32 a fim de que, pela vontade de Deus, chegue a vós com alegria e possa recrear-me convosco. 33 E o Deus de paz seja com todos vós. Amém!” 

INTRODUÇÃO Este capítulo da continuidade a reflexão do anterior. Paulo vai nos ensinar como suportar e compreender os irmãos fracos na fé seguindo o exemplo de Cristo. Ele encoraja os irmãos em Roma com princípios de unidade da fé da paciência e do encorajamento entre os cristãos. Ele destaca que a obra missionária não é apenas um grupo específica, mas é para toda a igreja. 

I. SUPORTANDO A FRAQUESA DOS IRMÃO 

1. A importância da paciência e do encorajamento (vs. 1-3). Neste capítulo, Paulo continua o assunto que ele discorreu no anterior. Ele inicia dizendo que nós, os fortes espiritualmente devemos tolerar as fraquezas dos fracos e não fazer nada que possa desviar a sua fé. Cristo não agradou a si mesmo e de bom grado levou sobre si as nossas culpas. Devemos ter compaixão, compreensão, paciência e tolerância para com os irmãos que não entendem algumas das liberdades que temos em Cristo. Somos desafiados a vivermos não para nós mesmo, mas para glorificar a Deus em tudo que fazemos. Portanto, o cristão forte amadurecido pela Palavra de Deus deve ajudar e ensinar os irmãos fracos na fé. Fazer tudo que possa edificar seu irmão. Além disso, o apóstolo nos lembra em 1ª Tessalonicenses 5.14: “Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.” O termo exortar do grego é παροτρύνω – parotrýno e significa admoestar, encorajar alguém. A exortação é evidente que é dirigido a toda a Igreja de Cristo. Paulo, nos ensina neste texto como devemos proceder em vários casos específicos, nesta difícil relação entre os irmãos na Igreja. 

2. A importância da unidade na fé (vs. 4-6). O apóstolo cita as Sagradas Escrituras, pois foram escritas para nosso aprendizado para que nos tornemos em um só pensamento e uma só alma para a união do corpo de Cristo, para que o Pai e a Jesus Cristo sejam glorificados. 

3. A importância do amor fraternal (v. 7). A oração de Paulo é para que Deus conduza os irmãos em Roma a um convívio de paz, harmonia e de amor fraterno. Ele exorta aos irmãos aceitarem uns aos outros (judeu e gentil), como Cristo nos aceitou. Ele nos recebeu sem nos julgar, sem olhar para o nosso passado em nossas falhas ou aquilo que estávamos fazendo de errado. Ele nos abraçou e cuida de nós, guiando os nossos passos pelo Seu Espírito Santo. 

II. A MISSÃO UNIVERSAL DO EVANGELHO 

1. Jesus o enviado do Pai. No verso 8 Paulo passa a mostrar que Jesus Cristo veio para ministrar aos judeus, em confirmação das promessas das Escrituras (v. 8). Seu objetivo primário era Israel, mas Ele também tinha um plano de salvação para os gentios. Deus cumpriu seu propósito enviando Jesus Cristo para salvar a humanidade, mas só os que creem serão abençoados (Jo 3.16). 

2. Os gentios no Reino de Deus (vs. 9-12). Paulo permanece fiel à tese fundamental de sua carta em Rm 1.16: “primeiro os judeus”, mas não somente eles! Ele citou vários textos do Velho Testamento para demonstrar o plano de Deus. Ele usa várias citações da Lei, dos livros Históricos, dos Salmos e dos Profetas para mostrar que sua pregação do evangelho de Jesus Cristo aos gentios era um cumprimento da profecia. 

3. O desejo de Paulo com a Igreja em Roma. (v. 13). O desejo de Paulo era Deus enchesse os cristãos de “alegria e paz” que fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Essas qualidades estão relacionadas com a esperança que Deus dá pelo Seu poder em ação. 

III. O APOSTOLADO E PROPÓSITOS DE PAULO 

1. O trabalho de Paulo entre os gentios (vs. 14-15). Paulo aqui passa e declarar o seu apreço sincero que tinha pelos irmãos em Roma. De maneira humilde, Paulo declara que não estava escrevendo para ensinar, mas sim para lembrá-los daquilo que eles já sabiam. O parecer abrangente “possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros” admite que os cristãos de Roma formam um corpo capaz de agir e de conviver. Ele agora mostra-lhes o profundo interesse que tinha em seu bem-estar, embora nunca os tivesse visto. No verso 15, ele chama de meus irmãos. Isto é, para mostrar que ele não estava disposto a assumir autoridade indevida, ou dominá-la sobre sua fé. Desta forma, ele expressa o grande amor que tinha com irmão. 

2. O ministério apostólico de Paulo entre os gentios (Vs. 16-17). Paulo declara ser um ministro de Cristo para os gentios, ou seja, aquele que leva a Palavra da salvação para os não judeus. Paulo foi um exemplo notável de alguém que dedicou sua vida à propagação do evangelho de Cristo. Devemos ter consciência da importância da missão cristã e do chamado para espalhar a mensagem do evangelho no mundo. Ele afirma que os crentes gentios são a oferta aceitável a Deus, santificados e não imundos como alguns dos judaizantes acusadores de Paulo que chamavam os gentios de incircuncisos. 

3. V. 18b “... para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras.” A palavra obediência no grego hypakoe), que é excessivamente dócil; submisso; ato ou efeito de obedecer. As palavras de Paulo é para ordenar-lhes que creiam em Cristo, pois é poder de Deus “primeiro do judeu e também do grego.” (Rm 1.16). Nas palavras de Jesus Ele disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.” (Jo 14.21). 

4. V. 19a “Pelo poder dos sinais e prodígios.” Pelos sinais e maravilha que o operava nas igrejas pelo poder o Espírito santo, Paulo demonstrou que Deus havia concedido a ele o poder apostólico (2ª Co 12.12). 

IV. OS PLANOS DE PAULO PARA IR ATÉ ROMA 

1. Planos e esperança para visitar Roma (v. 20-22). Paulo expressa o desejo de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido, este foi o motivo apresentado pelo apóstolo para justificar o fato de ele ainda não ter ido até Roma. 

“Não tenho mais demora nestes sítios.” (Vs. 23). O apóstolo já havia concluído seu trabalho nesses lugares. Ele deseja passar por Roma e gozar da companhia dos irmãos, mas primeiro faria uma viagem para Jerusalém para pregar aos santos da igreja local. 

2. A generosidade de Paulo (v. 25-28). O motivo pelo qual Paulo faria esta viagem a Jerusalém seria para levar uma contribuição da Macedônia, Galaica e Acaia (2ª Co 8.1; 1ª Co 16.1-3), para suprir as necessidades dos irmãos mais pobres de Jerusalém. Essa contribuição era uma expressão de amor para os irmãos judeus, pois a generosidade faz parte dos salvos em Cristo (At 20.35). A Igreja generosa certamente será prospera e abençoada. 

3. O desejo missionário. “E bem sei que, indo ter convosco...” (v. 29). O desejo de Paulo é ir para a Espanha pregar as boas novas da salvação. Assim, todo o cristão deve querer ir. Esse deve ser o seu desejo ardente em pregar. Porém, aquele que não vai deve contribuir para que alguém vá fazer a obra missionária.

Lucas relata que Paulo foi a Roma, mas não da maneira que ele tinha planejado, ele foi como prisioneiro (At 28.16-31). Embora ele fosse dessa maneira, ele teve permissão para pregar o evangelho por pelo menos dois anos e também escreveu cartas aos santos de outras localidades. 

4. As orações dos santos (vs. 30-31). Paulo rogava as orações dos irmãos em favor dos planos que tinha para Jerusalém. Ele como um missionário vocacionado por Deus, expressou três preocupações: 1. Ser livre dos rebeldes na Judéia; 2. O sucesso da sua missão em Jerusalém; 3. Chegar em alegria a Roma.

“a fim de que eu possa chegar até vós” (. 33). Para que eu não seja impedido em minha viagem pretendida pela oposição na Judéia.

“pela vontade de Deus”. Este deve ser o objetivo de todas as nossas orações, que tudo aconteça na soberana vontade de Deus (Mt 6.10). Paulo “fez” a vontade de Deus; mas ele foi levado preso. 

CONCLUSÃO Quando vivemos de acordo com esses princípios, nos tornamos agentes de mudança em nosso mundo. Nossas vidas se tornam uma mensagem viva do poder do Evangelho. Relacionamentos são restaurados, comunidades são fortalecidas e a esperança brilha mais intensamente. Que possamos obedecer ao ide de Jesus, com corações generosos e mãos estendidas, mostrando ao mundo o amor transformador de Cristo em nossas vidas.

Pr. Elias Ribas Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

A TOLERÂNCIA PARA COM OS FRACOS NA FÉ - Romanos 14

 


Romanos 14.1-23 “Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. 2 Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. 3 O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. 4 Quem és tu que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. 5 Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. 6 Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. 7 Porque nenhum de nós vive para si e nenhum morre para si. 8 Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. 9 Foi para isto que morreu Cristo e tornou a viver; para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos. 10 Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. 11 Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. 12 De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. 13 Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. 14 Eu sei e estou certo, no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. 15 Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. 16 Não seja, pois, blasfemado o vosso bem; 17 porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. 18 Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. 19 Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. 20 Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. 21 Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. 22 Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. 23 Mas aquele que tem dúvidas, se come, está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado.” 

INTRODUÇÃO. No capítulo 14 de Romanos, Paulo discorre sobre a vida cristão, a liberdade em Cristo e o amor fraternal. Ele ensina como lidar com as diferenças de opiniões e práticas entre os irmãos. 

I. JUDEUS E GENTIOS FORMANDO A IGREJA 

1. A ética judaica. O termo ética no hebraico é מוּסַר - musar e significa conduta moral, disciplina ou instrução. Ela tem origem no livro de Provérbios 1.2. A ética judaica está presente na Bíblia e está relacionada à religião, sendo inseparável desta. A ética judaica valoriza a justiça (Êx 23.1-2; Dt 16.18-20); evitar subornos (Êx 23.8), roubos e opressão (Êx 22.20; Dt 24.14); ao cuidado da viúva e do órfão; o comportamento demonstrando compaixão para com o escravo. Eles se reúnem todos os sábados nas sinagogas para aprendem as Sagradas Escrituras (At 15.21). Cultivam a prescrição dietética da lei de Moisés, que os judeus ainda hoje chamam de kash'rut (At 15.20,28). 

2. Salvação pelas obras? A seita dos fariseus ensinavam aos novos convertidos assim: “Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.” Aplicar essa conduta judaica aos gentios era o mesmo que afirmar que a graça do Senhor não era suficiente. Isso reduziria o cristianismo a uma mera seita do judaísmo e além disso confundiria aquele com a identidade judaica. 

3. A ética dos gentios. A Igreja primitiva teve uma composição inicial de judeus, mas a inclusão de gentios se tornou um problema, pois eles tinham cultura, origens e étnicas diferentes. Eles foram transformados pelo poder do Espírito Santo, portanto deviam mudar sua maneira de viver, mas nem por isso estavam obrigados a viver como judeus (At 15.10,11). 

II. RESPEITABDO AS DIFERENÇAS 

1. Irmãs fortes e fracos na fé (v. 1). A Igreja em Roma estava dividida, porque havia irmãos fortes na fé e irmãos fracos na fé. Isto é, havia diferença entre vários tipos de crentes na igreja em Roma. Isto significa que há, entre os filhos de Deus, diferentes níveis de conhecimento e de fé. Há os crentes meninos, os maduros, os carnais, os espirituais, os fracos, os fortes etc. (Ef 4.14; 1ª Co 3.11; 1ª Co 8.11).

Os fortes na fé tinham maturidade na Palavra, mas eram tentados a desprezar os fracos; e os fracos, a julgar e condenar os fortes. Os fracos na fé tinham dificuldades de distinguir o certo do errado por falta do conhecimento. O “débil na fé” ou “fraco na fé”, de que Paulo falou, era aquele que ainda não tinha maturidade na fé. Na verdade, Paulo exorta os irmãos poque havia divergência entre eles.

A expressão “fraco na fé”, segundo Paulo, “atesta a falta ou incapacidade de compreender o princípio fundamental da fé e da justificação”, ou seja, a imaturidade.

[...] Segundo o professor Dunn, as tensões em Roma aconteciam “entre aqueles que se consideravam parte de um movimento essencialmente judaico – e consequentemente, viam-se obrigados a observar os costumes característicos e distintivos a um judeu e aqueles que compartilhavam a compreensão de Paulo sobre um evangelho que transcendia a particularidade judaica”. Portanto conclui James Dunn, caracterizar Romanos 14-15 como “uma discussão de ‘coisas não essenciais’.... é perder a centralidade e a natureza crucial da questão da auto compreensão do cristianismo primitivo” [STOTT. Pg. 432]. 

2. Quanto ao alimento (v. 2). A discussão na Igreja de Roma nos dias de Paulo era entre os irmãos que ainda estavam apegados as tradições judaicas como doutrina. Os legalistas consideravam a observância e as abstenções de alimentos e boas obras, seriam necessárias para a salvação. Mas na carta aos Gálatas (1.8-9) Paulo emite um anátema solene contra qualquer um que ouse distorcer dessa forma o evangelho da graça.

Paulo olha para aqueles que se recusam a comer carne por uma razão espiritual. Talvez eles tenham recusado a comer carne porque não era permitido na lei, e eles seguiram os regulamentos e tradições dietéticas judaicas. Assim o comer alimentos impuros e o violar o sábado encontrava-se no mesmo nível como as duas grandes marcas que denotavam a deslealdade com à aliança. Alguns irmãos estavam resolvidos a comer de tudo, pois a liberdade que Cristo lhe proporciona libertou-o de escrúpulos desnecessário com relação à comida; já outro, cuja fé é fraca, come apenas legumes. Paulo dirige-se a ambos com palavras sábias e precisas a respeito de um assunto que os dividia, a ingestão de certos alimentos tidos como imundos. Paulo declara que o ato de comer, em si, não é problema moral, mas a nossa atitude pessoal sobre o que se come, pode levar ao injusto julgamento de uns com os outros. O que o apóstolo desejava, em outras palavras, é que os cristãos romanos não julgassem uns aos outros por causa dessas coisas, mas se aceitassem mutuamente conforme Cristo ensinara. Cristo nos aceita do modo que somos. Paulo ensina que judeus e gentios devem amar uns aos outros, como também Cristo nos amou (Rm 15.7).

Alguns “líderes espirituais” hodierno com seu estilo ascético de conduzir a Igreja demonstra a falta de humildade e, uma falsa sabedoria que por sua vez provoca discórdias no meio da Igreja, destruindo assim a obra de Deus. Tudo que você comer, beber ou vestir, vem de Deus e devemos fazer com ações de graça e para engrandecer Sua glória: “Portanto, quer, comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a Glória de Deus” (1ª Co 10.31).

Somos imperfeitos. Se desejarmos, de fato, crescer e alcançar a perfeição exigida pela Palavra de Deus devemos acrescentar diariamente a nossa fé a virtude, e a virtude o conhecimento (2ª Pe 1.5). Ora, se ainda não chegamos à estatura de varões perfeitos, como poderemos julgar nossos irmãos por causa de coisas insignificantes como acontecia os crentes romanos? 

3. Outra marca era observância do sábado (vs. 5-6). “Um faz diferença...” (v. 5a). Esta expressão no grego κρίνει krinei, que significa que alguém consideraria um dia mais sagrado do que o outro. Isto acontecia com os judeus em Roma, que consideravam os dias de festas, lua nova, e sábados como especialmente sagrados. Eles mantinham, mesmo depois de se converterem ao cristianismo. Os judeus foram chamados para ser um povo santo e preparar a nação para a “realidade”, da qual seus ritos eram apenas a sombra até que viesse o Messias. Nos dias de Paulo alguns legalistas guardavam dias especiais. Tratava-se de dias especiais de festas segundo as leis cerimoniais do Antigo Testamento (Lv 23). Portanto, a páscoa, a festa de tabernáculos e as outras festas especiais dos judeus, é claro, desapareceram, e é perfeitamente claro que os apóstolos nunca tiveram a intenção de ensinar a guardar os dias de festas.

“outro considera iguais todos os dias.” (v. 5b). O apóstolo diz que “aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz.” Isto é, ele considera “todos os dias” como consagrado ao Senhor. Observe que Paulo também advertiu os irmãos em colosso dizendo: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados.” (Cl 2.16). As datas para observar as festas do Velho Testamento são determinadas por um calendário lunar. Portanto, as luas novas que marcam o início dos meses são importantes para estabelecer as datas corretas das festas. Para judeus, a ordem “dias de festa, lua nova e sábados” se refere as festas judaicas já mencionadas acima. Ao que tudo indica, a raiz principal do problema em Colossos foi com tradições e crenças judaicas e também algumas filosofias (Cl 2.8). Eles haviam confundido os cristãos em Colossos e queriam impor certos dias e festas como parte obrigatória do calendário da Igreja para serem considerados fiéis e aceitáveis diante de Deus. 

4. Vivendo um novo concerto. O profeta Jeremias já havia profetizado a chegada de um novo concerto (Jr 31.31) e o fim do sábado que se cumpriu em Jesus (Cl 2.14-17). Jesus afirmou “O sábado foi feito para o homem (Mc 2.27). O Senhorio de Cristo sobre o sábado abriu o caminho para a Igreja primitiva abandonar a obrigação de guardar o sábado. Afirmar que o Imperador Constantino, substituiu o sábado pelo domingo é um erro. A palavra domingo significa dia do Senhor, isto porque Jesus ressuscitou neste dia (Mc 16.9). Os cultos de adoração a Deus aconteciam no primeiro dia da semana (At 20.7; 1ª Co 16.2). 

5. Não contender. Os cristãos em Roma tinham opiniões diferentes sobre determinadas práticas, pois eles vinham de vários contextos. Paulo mostra que essas diferenças não poderiam dividir a comunidade cristã. Nosso dever é aceitar uns aos outros como irmãos na fé. Também não nos compete julgar o outro, pois quem nos julga é o Senhor. Paulo ordenou que os cristãos aceitassem os crentes fracos, mas não para discutir assuntos duvidosos. “Recebei-o” significa que devemos receber a cada irmão como ele é e não como queremos que ele seja. Não temos o direito de impor a ele a nossa maneira de ver o cristianismo, nem discutir na tentativa de convencê-lo do contrário (1ª Co 11.16; 1ª Tm 6.4). Devemos recebê-lo com amor sincero dentro da fraternidade cristã. 

III. PRATICANDO A LIBERDADE 

1. O que o apóstolo condena? (Vs. 4,10). Quem és tu que julgas o servo alheio?” (Vs. 10-12). O termo julgar no grego é κρίνω kríno que significa achar falta, ou condenar; julgar. Paulo não está condenando todo tipo de julgamento é evidente pelo contexto. Ele está ensinando como lidar com diferenças a respeito de doutrinas 'secundárias' dentro da Igreja, e ainda que devemos receber bem e não julgar ou menosprezar aqueles que têm opinião diferente sobre alguns que são fracos na fé.

“Nem o crente enfermo ou fraco e nem o mais esclarecido espiritualmente são a preocupação do apóstolo. Isso porque ambos agiam de forma diferente com o propósito de servir a Deus (vs. 6,7). O que ele condena é a crítica e não essas práticas: “Quem és tu que julgas o servo alheio?” (v. 4) “Mas, tu, por que julgas teu irmão?” (v. 10). A preocupação do apóstolo era evitar divisões na Igreja por causa de assuntos secundários.” [Esequias Soares da Silva. A tolerância para com os fracos na fé. Lições Bíblicas CPAD 2º Trimestre de 1998. CPAD]. 

2. Não colocar tropeço diante do irmão (vs. 13-15). Paulo sabe que nem um alimento é imundo, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Porém, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão (v. 13). No verso 14, ele faz alusão às coisas proibidas pela lei cerimonial dos judeus. 

3. Justiça, paz e alegria (vs. 16-17). Paulo relata dizendo que o reino de Deus não é comida e bebida. Não será pelo comer ou deixar de comer algo, que seremos santificados. As leis dietéticas não podem se transformar num meio de salvação. O próprio Jesus disse: “o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.” (Mt 15.11). O reino de Deus não é a liberdade de comer ou beber alguma coisa, e sim a de participar da justiça e alegria no Espírito Santo (v. 17). 

4. Buscar o que contribui para a paz (v. 19). Quando servimos a Deus, agradamos ao Senhor e aos homens (v. 18). Desta maneira, promovemos a paz e a edificação da Igreja (v. 19). Nossas ações devem servir a Cristo e contribuir para o crescimento e desenvolvimento de outros cristãos. 

5. Tenhamos união e comunhão. “Não destruas por causa da comida a obra de Deus.” (v. 20). Não destruas quer dizer, não pôr abaixo ou demolir. Sejam maduros, não criem escândalo. Na verdade, para Paulo todas as coisas são puras: “Porque toda criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças” (1ª Tm 4.4).

Tens fé? Tem-na para ti mesmo.” Paulo não requer que o cristão forte abandone suas convicções sobre aquilo que não é condenado pela Lei. Ele ensina que cada cristão tenha um padrão inteligente e correto para sua consciência. Por outro lado, tudo que for feito com dúvida e sem convicção é pecado (v. 23).Embora os cristãos maduros tivessem de se abster de comer carne diante dos cristãos mais fracos, eles ainda podiam acreditar que Cristo lhes havia concedido a liberdade para comerem todos os tipos de alimentos (v. 2), ainda que reservadamente perante Deus (v. 6). 

CONCLUSÃO Neste capítulo Paulo nos ensinou a compreender os costumes e princípios, falando com amor com os irmãos que ainda são fracos na fé e que de maneira alguma nós, maduros na fé, devemos colocar pedras de tropeço no caminho desses pequeninos.

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 3 de setembro de 2024

O CRISTÃO E O ESTADO - ROMANOS 13

 


Romanos 13.1-14 “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. 2 Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. 3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. 4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. 5 Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. 6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. 7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. O amor ao próximo, a vigilância, a pureza 8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. 9 Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 10 O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor. 11 E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. 12 A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. 13 Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. 14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.” 

INTRODUÇÃO. No capítulo 12 da carta aos Romanos, Paulo abordou sobre a santificação e a vida no corpo de Cristo para os novos cristãos em Roma. No capítulo 13 de Romanos, ele nos conduz a analise detalha sobre o papel do cristão na sociedade. Ele nos ensina quanto ao seu relacionamento com Estado e a submissão a ele. O cristão deve ter compromisso com os deveres cívicos, pois é chamado a respeitar as autoridades governamentais reconhecendo que são designadas por Deus para manter a paz e a justiça. 

I. SBMISSÃO AS AUTORIDADE 

1. As leis romanas. Os judeus passaram sob o domínio de vários impérios mundiais e, no período do Novo Testamento, estava sob o jugo de Roma. Diante do cenário político, os judeus possuíam um profundo sentimento de revolta contra o governo romano por causa de seu domínio sobre as terras de Israel e porque eles eram pagãos, idólatras, cruéis e adversários da fé cristã. Paulo era um cidadão romano de nascimento, e chegou até mesmo a usar sua cidadania a seu favor em uma ocasião em Atos 25.9-11. Ainda assim, ele era judeu zeloso da lei de Deus (Fl 3.5). No entanto, o apóstolo parece ser bastante positivo em relação ao domínio romano. 

2. Autoridades instituídas por Deus (vs. 1-2). O contexto cultural era totalmente diferente em que os irmãos estavam vivendo em Roma. Em seus dias, os seguidores de Cristo viviam sob a opressão do Império Romano e muitos eram mortos, torturados ou lançados aos leões nas arenas para divertir ao povo. Mesmo assim, Paulo exorta a comunidade cristã, a sujeitar às autoridades superiores. Ele declara a razão por que devemos nos submeter às autoridades: “porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.” (v. 1). Esta palavra “ordenado” denota o “ordenamento” ou “arranjo” que subsiste em uma companhia “militar” ou exército. As autoridades, portanto, foram ordenadas para o bem social. “Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus.” (v. 2). Isto é, aqueles que se levantam contra o próprio governo, que procuram anarquia e confusão e que se opõem à execução regular das leis. É dito que estes resistem à ordem de Deus. Está claro, entretanto, que essas leis não devem violar os direitos de consciência ou se opor às leis de Deus. 

2. O propósito da autoridade (vs. 3-5). Mas como se sujeitar a Nero e a Herodes? Lembra que Paulo ensinou seu filho Timóteo dizendo: “sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores...” (1ª Tm 1.9a). Nero e Herodes não devem ser temidos, a não ser por aqueles que praticam o mal. Como seguidores de Cristo, somos chamados a respeitar e submeter-nos as autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. O apóstolo declara que a autoridade civil é ministro de Deus (v. 4), por isso, o crente deve orar a Deus pelas autoridades constituídas e submeter-se a elas (v. 5). A obediência às autoridades governamentais visava 3 coisas:

1º São nomeadas para o bem da sociedade; 2º Para punir os malfeitores; 3º e promover a paz e a ordem. 

3. O dever de submissão (vs. 6-7). “Não apenas esteja sujeito ao Império Romano (v. 5), mas pague o que for necessário para sustentar o governo. Paulo ensina os irmãos nada mais nada menos que obediência às leis, pagamento de impostos para o sustento das autoridades. Para Paulo o cristianismo e a cidadania andam de mãos dadas. O Mestre Jesus ensinou sobre isso, dizendo: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”. (Mt 22.21). No evangelho segundo Mateus 17.24-27, está escrito que os cobradores de impostos para o templo perguntaram a Pedro se o seu mestre não pagava o imposto. Pedro respondeu que sim, e Jesus pediu a Pedro para ir ao mar, lançar o anzol e tirar o primeiro peixe que subisse. Jesus disse que Pedro deveria abrir a boca do peixe e encontrar um estáter, que deveria ser dado por ele e por Jesus. Portanto, Jesus pagou impostos porque era esperado que todos os homens adultos em Israel o fizessem. O imposto anual do templo, era de duas dracmas, ou meio siclo, e era destinado a pagar as atividades e a manutenção do templo. É por isso que os cristãos devem pagar imposto, pois eles estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.” (v. 7). 

II. O AMOR AO PRÓXIMO, A VIGILÂNCIA, A PUREZA 

1. A dívida do amor (vs. 8-9). O cristão é ensinado a pagar todas suas obrigações, porém, existe uma dívida que nunca podemos pagar. Essa é a dívida de amor ágape. A raiz da palavra αγάπη é aγαπάω que é um verbo que significa amor altruísta ou amor elevado. É o tipo de amor que Deus tem pela humanidade. Este amor é incondicional, sacrificial e busca o bem estar do próximo. Este é o mandamento de Jesus que disse: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (Jo 15.12-13). Portanto, enquanto você viver neste mundo cultive o amor ágape, pois é a única dívida que o cristão nunca conseguirá quitá-la. O amor é a obrigação contínua de amar uns aos outros: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1ª Jo 4.19). 

2. O resumo da lei (v. 10). A lei de Moisés é composta por 613 mandamentos. Paulo resumiu em apenas um, o amor. Quando um doutor da lei pergunto a Jesus qual era o maior mandamento Ele disse: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mt 22.37-40). Jesus apresenta para o fariseu o único mandamento que está lidado “toda a lei e os profetas”, ou seja, a lei do amor está acima de tudo nesta vida. Paulo disse “toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5.14); está no cerne da lei de Cristo: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo.” (Gl 6.2). Na última ceia com os doze, Jesus diz o seguinte: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros.” (Jo 13.34). João o apóstolo do amor diz nas Sagradas Escrituras: “Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo.” (1ª Jo 2.9-10). 

III. O DESPERTA DO SONO 

1. O tempo do despertar (vs. 11-12). “Conhecendo o tempo”. Paulo se refere ao tempo “anterior”, ou tempo da ignorância e escuridão, quando os judeus estavam na lei, agora é o tempo do “evangelho”, quando Deus “revelou” ao povo a Sua vontade de que eles sejam santos. Paulo retrata os cristãos em Roma, como pessoas que adormeceram, e que estão em estado de inercia.

A noite é passada...”. Ou seja, o amanhecer chegou, portanto, “desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” (Ef 5.14). Os crentes precisam de um despertar espiritual em suas vidas. Diante da eminência volta de Cristo, precisamos de uma maneira diferente de pensar, de agir e de estar neste mundo. Paulo já havia explica a não se conformar com este mundo e ter uma mente renova (Rm 12.2). Portanto, acordem do sono da negligência. 

2. A conduta apropriada (vs. 13-14). “como de dia.” O homem sem Jesus está em trevas, anda segundo os desejos de sua carne, vivem “em glutonarias, bebedeiras, desonestidades, dissoluções, contendas e inveja.” (13.13). Mas quando ele tem um encontro com Jesus há uma mudança de reino: “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor.” (Cl 1.13). Saiu das trevas, agora vive na luz, porque Jesus é luz é a luz do mundo (Jo 8.12). Paulo diz: “porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. 6 Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios. 7 Porque os que dormem dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de noite. 8 Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação. (1ª Ts 5.5-8).

A teologia paulina ensina que, “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2ª 5.17) e o “todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.” (Gl 5.27). “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.” (Ef 5.8). 

CONCLUSÃO. O cristão é chamado à submissão e obediência as autoridades e ao cumprimento de seus deveres, não deve ser por medo, mas por amor Àquele que já nos salvou. Paulo destaca que o amor é o cumprimento da lei e que devemos amar o próximo como a nós mesmos. Ele nos adverte a rejeitar as obras das trevas e a nos revestirmos das armas da luz, pois somos “a luz do mundo e o sal da terra” (Mt 5.13-14).

Pr. Elias Ribas - Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau -SC