SUMÁRIO
TABERNÁCULO
– UM LUGAR DA HABITAÇÃO DE DEUS
ENTRANDO NO
TABERNÁCULO - O PÁTIO
A PIA DE
BRONZE LUGAR DE PURIFICAÇÃO
AS ORAÇÕES
DOS SANTOS NO ALTAR DE OURO
O SACERDÓCIO
DE CRISTO E O LEVÍTICO
Êx
25.1-9 Então falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel,
que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente,
dele tomareis a minha oferta alçada. 3- E esta é a oferta alçada que recebereis
deles: ouro, e prata, e cobre,4- E azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e
pelos de cabras, 5- E peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos,
e madeira de acácia, 6- Azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e
especiarias para o incenso, 7- Pedras de ônix, e pedras de engaste para o éfode
e para o peitoral. 9- E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. 10- Conforme
a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos
os seus pertences, assim mesmo o fareis.”
INTRODUÇÃO. “O Tabernáculo – Símbolos da Obra Redentora de Cristo”. Nesta primeira lição, definiremos a palavra tabernáculo; faremos algumas considerações sobre este templo móvel; quais os propósitos de Deus ao ordenar a Moisés que erguesse essa tenda; e, por fim, abordaremos que o tabernáculo e seus utensílios prefiguram a pessoa do Messias Jesus e Sua obra na cruz do Calvário em favor do mundo.
Deus
sempre desejou se relacionar com o seu povo. Ao longo das Escrituras Sagradas,
o Pai Celestial buscou se revelar ao ser humano para relacionar-se com ele.
Deus é um ser pessoal. Portanto, o Tabernáculo foi construído para que Deus
habitasse nele e se encontrasse com o seu povo. Assim, compreenderemos que essa
construção requereu a participação humana por meio de ofertas voluntárias, que
esse projeto veio da mente de Deus e que há uma relação tipológica entre o
Tabernáculo e a Igreja de Cristo.
Podemos
considerar o Tabernáculo como o primeiro templo Judeu. Segundo relata o Antigo
Testamento, Moisés recebeu ordem de Deus para que construísse um local de
culto, com característica de fácil montagem e desmontagem, pois naquela época o
povo israelita era nômade.
Êxodo
25 dá início à seção mais comprida da Bíblia e talvez menos lida e entendida do
Livro de Êxodo. Do início do capítulo 25 até o capítulo 40 - com exceção do 32
ao 34 - temos uma excelente descrição detalhada do Tabernáculo. Fala sobre sua
estrutura, equipamentos e o sacerdócio. É compreensível que o leitor das
Escrituras Sagradas se surpreenda ao comparar o tamanho do relato sobre a
Criação e a preparação para que a Terra ficasse pronta para a habitação humana,
e depois verificar que estão separados 12 capítulos sobre o Tabernáculo.
Compreende-se isso: todas as coisas referentes ao Tabernáculo apontam para
Cristo e são de alguma maneira um arquétipo de Cristo
O
Tabernáculo foi um projeto de Deus assim como a Igreja o é.
I. DEFININDO O TABERNÁCULO
O tabernáculo era uma tenda portátil que os israelitas carregaram nos 40 anos de vagueações no deserto e durante seus anos na Terra Prometida até que Salomão construiu o primeiro templo. Geralmente chamava-se “tenda” ou “tabernáculo” por sua cobertura exterior que o assemelhava a uma tenda (Êx 26.1; Lv 8.10; Nm 1.50; Js 22.19). Também se denominava “tenda da congregação” porque ali Deus se reunia com o seu povo (Êx 29.42-44). Visto como continha a arca e as tábuas da lei, chamava-se “tabernáculo do testemunho” (Êx 38.21). Chamava-se, além disso, “santuário” porque era uma habitação santa para o Senhor (Êx 25.8). No hebraico os dois termos principais para tabernáculo são “Bayith”, “casa”, e, “Miqdash”, “sagrada” [CHAMPLIN, 2004, p. 124].
II. A PARCERIA DE DEUS COM SEU POVO PARA A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO (Êx 25.1-7)
1. Por que construir um Tabernáculo no deserto? O pioneiro pentecostal, Gunnar Vingren, que redigiu uma monografia para sua graduação teológica, na qual foi escrita à mão, e apresentada no Seminário Teológico Sueco, em Chicago, USA, em 1909, iniciou seu texto monográfico assim: “Por ordem divina, o Tabernáculo propriamente dito, a mosaica tenda do Testemunho, constituiria uma morada sagrada, erguida segundo um modelo celestial”.
Desde
que os israelitas saíram do Egito e caminharam até as cercanias do Monte Sinai,
onde Deus falou com Moisés e revelou-lhe suas Leis, o Altíssimo quis habitar
entre o Seu povo. Para isso, Ele concedeu a Moisés a planta de uma “Tenda”, a
fim de construí-la para reunir o povo de Israel diante d’Ele e, assim, receber
sua Palavra. Essa tenda, denominada “Tabernáculo”, era de caráter provisório,
pois podia ser armada e desarmada durante a caminhada israelita pelo deserto.
Entretanto, conforme escreveu Gunnar Vingren, a razão principal de sua
existência era a de servir como uma morada sagrada, o lugar de encontro entre
Deus e seu povo.
2. A materialização da obra de Deus (Êx 25.1,2). O projeto de Deus teve origem no céu, e se materializou na Terra por meio de seus filhos. A construção do Tabernáculo se efetivou mediante a participação do povo de Deus através de ofertas alçadas e voluntárias como o ouro, prata, cobre, pano azul, púrpura e carmesim. A obra de Deus requer parceria humana! O texto vai dizer que são 15 materiais que o Senhor exigiu de Seu povo para a construção da tenda.
No
tempo da graça, o princípio da manutenção da igreja local é o mesmo. O dízimo e
as ofertas alçadas são para o sustento das necessidades que envolvem uma
igreja: projeto de construções de templo, de sustento de obreiros, de
evangelização, de ações sociais, de educação cristã. Em vez de cultivarmos uma
postura contrária, deveríamos voluntariamente ofertar à Obra de Deus como fruto
de gratidão e reconhecimento de suas bênçãos em nossas vidas (2ª Co 9.7).
III. CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TABERNÁCULO
Depois de haver resgatado o povo de Israel da escravidão, Deus lhes deu um código de Leis (Êx 20-23); este código é composto de 613 mandamentos dividido em leis sociais, morais e religiosas; Deus orientou-lhes também sobre um tabernáculo, como um lugar específico de adoração (Êx 25.1-8); os ministros do culto (Êx 28.1-43); as ofertas para o culto (Lv 1-4); e, as festas que deveriam anualmente ser celebradas como culto (Lv 23.1-44). Vejamos algumas considerações sobre o tabernáculo:
1. Idealizado por Deus. O livro de Gênesis nos mostra que os patriarcas costumavam construir altares em diversos locais de acordo com a sua peregrinação, não havendo, portanto, um lugar fixo para adoração a Deus (Gn 8.20; 12.8; 13.18; 26.25; 35.7). No entanto, na ocasião em que Deus redimiu o povo de Israel da escravidão no Egito, o conduziu ao deserto, o Senhor ordenou-lhes que construíssem um lugar pudesse estar no meio do Seu povo. A ideia da construção do tabernáculo foi divina, não humana: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8). O tabernáculo que era um templo móvel, que com o passar do tempo foi substituído por um templo fixo, arquitetado por Davi e construído por seu filho Salomão (1º Cr 28.6). A afirmação de que no NT não se faz necessário um templo é um equívoco, pois Jesus frequentava o templo (Mt 21.14; 26.55; Lc 19.47); e, os discípulos da igreja primitiva também (At 2.46; 5.25; 5.42).
2. Foi construído com as contribuições do povo. Para a edificação deste lugar de adoração, Deus ordenou que Moisés recolhesse do povo as contribuições, que fossem dadas voluntariamente: “Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada” (Êx 25.2). O relato de Moisés nos diz que Deus especificou os materiais necessários para a construção dessa casa sagrada (Êx 25.3-7). Estas ofertas foram custosas, pois se calcula que por si sós equivaleriam hoje a mais de um milhão de dólares” [HOFF, 1995, p. 71]. Interessante que a Bíblia não somente registra as contribuições para a edificação desta casa, como também fala de que era responsabilidade do povo a manutenção dela, e dos ministros que vivem exclusivamente para o trabalho do Senhor (Nm 18.19-21). Esta manutenção se dá por meio entrega dos dízimos e das ofertas: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa…” (Ml 3.10). Este mesmo princípio é válido no NT para os obreiros que vivem exclusivamente para a obra (Lc 10.7; 1ª Co 9.9-14; 1ª Tm 5.17,18).
3. Três verdades bíblicas que o ofertante deve saber (Êx 25.2):
3.1.
A oferta foi um plano de Deus para o sustento de sua obra. No Antigo Testamento há uma promessa de bênçãos
materiais para os que reconhecessem essa verdade. Aqui, não há o estímulo para
se negociar oferta e bênçãos, mas a afirmação de que é a vontade do Senhor que
contribuamos generosa e voluntariamente para a sua obra, reconhecendo que Ele
domina até as nossas finanças. Isso deve ser voluntário, jamais por coação.
3.2. O ato de ofertar é voluntário. O versículo 2 mostra que o Senhor aceitaria a oferta “de todo homem cujo coração se mover voluntariamente” (cf. Êx 35.29). Deus conhece cada um dos seus servos e servas, por isso, reconhece quem faz essa obra de maneira generosa ou egoísta. Jamais nosso Senhor aceitaria ofertas por coação, mas Ele deseja ver, em nós, uma atitude voluntária e amorosa: “Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas posses, e ainda acima das suas posses, deram voluntariamente” (2ª Co 8.3). Portanto, na Igreja de Cristo, não pode haver mercantilismo da fé! Você não pode se deixar coagir para trocar ou negociar o que é espiritual, a fim de receber bênçãos materiais. O que a Palavra de Deus diz é que você precisa amar ao Senhor de todo o coração e, constrangido por esse amor, doar voluntariamente. Essa perspectiva humilde gera bênçãos da parte de Deus.
3.3. Fidelidade ao Senhor trará abundância. A Bíblia nos ensina que é melhor dar do que receber (At 20.35). Moisés foi um líder que compreendeu bem essa verdade e a viveu, pois o povo trouxe tanta oferta em ouro, prata, cobre, pedras preciosas e madeiras, que encheram os depósitos, e “disseram a Moisés: o povo traz muito mais do que é necessário para o serviço da obra que o Senhor ordenou” (Êx 36.5).
4. Foi revelado a Moisés. Deus não somente ordenou a Moisés a construção do tabernáculo como, no monte, mostrou-lhe o modelo “conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo…” (Êx 25.9), e, também especificou os materiais e os móveis que deveria ter, com uma grande riqueza de detalhes (Êx 25-27). Ensina a grande lição de que é o próprio Deus quem determina os pormenores relacionados com o culto verdadeiro. Ele não aceita as invenções religiosas humanas nem o culto prestado segundo prescrições de homens. Por isso mais duas vezes no livro de Êxodo o Senhor exorta a Moisés dizendo: “Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx 25.40); e, “Então levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte” (Êx 26.30).
5. Uma representação das coisas celestes. A palavra de Deus para Moisés sobre o tabernáculo foi: “Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx 25.40). O escritor da epístola aos hebreus assevera que existe um tabernáculo celeste e que o tabernáculo terrestre é uma representação dele: “os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais” (Hb 8.5-a). O autor usa os termos gregos “hypodeigma” e “skia”, traduzidas aqui como “exemplo” e “sombra”, portanto, cada detalhe exposto na sombra – tabernáculo terrestre, que era um tipo, tinha o propósito de aproximar-se da realidade, isto é, do antítipo – tabernáculo celeste” [GONÇALVES, 2017, p. 70].
III. O PROPÓSITO DO TABERNÁCULO
“E farão para mim um santuário, para que eu possa habitar no meio deles. Segundo tudo o que eu mostrar a você como modelo do tabernáculo e como modelo de todos os seus móveis, assim mesmo vocês o farão” (Êx 25.8-9).
Quando Deus ordenou a Moisés que construísse esta casa sagrada, Ele tinha em mente pelo menos três motivos. Notemos:
1. O lugar do encontro de Deus com o Seu povo. Deus desejava habitar com o Seu povo e quando ordenou a construção do tabernáculo tinha esse objetivo: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8).
2. O lugar onde o povo ofertaria ao Senhor. Era para este lugar que cada israelita deveria trazer suas ofertas e apresentá-las ao Senhor, seja para se redimir (Lv 1.1-9), ou ações de graças, voto ou oferta voluntária (Lv 7.11-21).
3. O lugar onde o povo se redime com Deus. Além dos sacrifícios diários que os hebreus poderiam apresentar a fim de redimirem diante de Deus (Lv 1-4); havia também no tabernáculo, anualmente, o Dia da Expiação onde nacionalmente o povo se redimia com Deus (Êx 30.10; Lv 16.1-34).
Yom
Kipur. O Yom Kipur é
o Dia da Expiação, o qual é declarado na Torá, livro do judaísmo. Nesse dia,
todos são obrigados a arrepender-se e a confessar os erros. Após ter cometido o
pecado do bezerro de ouro, Moisés (Moshê) rezou e, no dia dez do mês hebraico
de Tishrei, Deus concedeu pleno perdão ao povo judeu.
Dez
dias depois de Rosh Hashaná é Yom Kipur, conhecido como o Dia do Perdão
judaico.
O
mês judaico de Tishrei é o primeiro mês do ano. O mês começa com Rosh Hashaná,
o Ano Novo judaico, que é celebrado durante dois dias.
IV. O PLANO TÉRREO DO TABERNÁCULO (25.9).
O plano térreo do Tabernáculo continha um espaço físico de 100 por 50 côvados aproximadamente, 50 por 25 metros, uma vez que um “côvado” equivale de 45 a 50 centímetros, pois a medida do côvado naqueles tempos era “a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio de um homem”.
1. O Pátio. Esse espaço do Tabernáculo era chamado “Átrio” (ou Pátio) e era fechado por uma cerca feita de cortinas de “linho fino torcido” e presas por ganchos e pinos em pilares de madeira de acácia (Êx 27.18).
2. O Altar dos holocaustos. No espaço externo dentro do Átrio, desde a Porta de entrada, havia o “altar de bronze” (ou cobre), onde eram feitas as ofertas queimadas e, principalmente, onde era feito o sacrifício pelos pecados do povo (Êx 27.1-8; 38.1-6).
3. A Pia de bronze (ou cobre). Havia, também, “uma bacia de bronze (ou cobre)” para que os sacerdotes lavassem as mãos e os pés antes de entrarem no interior do Tabernáculo (Êx 30.18-21; 38.8).
4. A Tenda do Testemunho. O Tabernáculo, propriamente dito, era a parte interna e ficava dentro do Pátio, composto por duas partes: o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos).
5. O Lugar Santo. No Lugar Santo havia três elementos: o Candeeiro (Candelabro,
ou Castiçal) de Ouro com suas sete lâmpadas; a mesa feita de madeira de acácia
e coberta de ouro, era chamada “Mesa dos pães da proposição”. Por fim, ainda no
“Lugar Santo”, de frente para a entrada de cortinas bordadas que dava para o
“Lugar Santíssimo”, estava o “Altar de Incenso” revestido de ouro, no qual se
faziam intercessões pelo povo de Deus (Êx 30.1-6; 37.25-28).
6. O Lugar Santíssimo (Santo dos Santos). Por último, e de fato, em primeiro lugar, estava “O lugar Santíssimo”, onde se encontrava a única mobília, chamada de “Arca do Concerto” (Nm 10.33) ou “Arca do Testemunho” (Êx 25.22), ou também “Arca da Aliança”, na qual se guardavam as “Tábuas da Lei” (Êx 31.18).
IV. O TABERNÁCULO PREFIGURA CRISTO JESUS
A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o tabernáculo revela a pessoa de Cristo Jesus:
1. O próprio tabernáculo (Êx 25.8). O corpo humano é chamado na Bíblia de tabernáculo (2ª Co 5.1,4; 2ª Pd 1.13,14). Quando o evangelista João falou sobre a encarnação de Cristo, ele afirmou que “…o Verbo se fez carne, e habitou entre nós […]” (Jo 1.14). A palavra grega “eskenosen” traduzida por “habitou”, neste caso, se deriva do substantivo “skenoõ” que significa “tenda”; e é bem provável que apesar desse vocábulo ser usado no simples sentido de “habitar”, sem qualquer referência à sua etimologia, contudo, o autor deste evangelho talvez tenha querido fazer uma definida alusão ao tabernáculo, armado no deserto (Êx 25.8,9; 40.34) [CHAMPLIN, 2005, p. 272].
1.1. O propósito do tabernáculo cumpre-se literalmente no Messias. Notemos:
a.
No tabernáculo Deus se revelava ao seu povo – Cristo é a maior e mais perfeita
revelação de Deus (Jo 14.9; Hb 1.1; Cl 1.15);
b.
O tabernáculo comportava a glória de Deus: em Cristo habita a plenitude da
divindade (Cl 2.9);
c.
O tabernáculo era o lugar onde o povo se redimia com Deus: Cristo é aquele que
reconcilia o homem com Deus e só por Ele o homem pode ir a Deus (Jo 14.6; At
4.12; 2ª Co 5.18-20).
Os
móveis do tabernáculo. Tanto o tabernáculo em si quanto os seus utensílios que
havia no seu interior prefiguram a pessoa de Cristo. Notemos:
2. O tabernáculo e os móveis, representam Cristo Jesus.
2.1.
O tabernáculo (Êx 25.8). A encarnação de Cristo (Jo 1.14; Fp 2.7; 1ª Jo 1.1,2).
2.2.
O altar do holocausto (Êx 27.1-8). O sacrifício de Cristo (Hb 9.12-14;
25-28;10.10-14; 13.10).
2.3.
A pia de bronze (Êx 30.17-21). A purificação por Cristo (Jo 15.3; Ef 5.26; 1ª
Co 6.11).
2.4.
O candelabro (Êx 25. 31-40). A iluminação de Cristo (Jo 8.12; 9.5; 12.46; Ap
1.13,20).
2.5.
A mesa com os pães da proposição (Êx 25.23-40). A provisão de Cristo (Jo
6.32,48)
2.6.
O altar do incenso (Êx 30.1-10). A intercessão de Cristo (Rm 8.34; Hb 7.25).
2.7.
A arca da aliança (Êx 25.10-16). A presença de Cristo (Mt 18.20; 28.20;
Jo 14.23).
3. Os sacrifícios no tabernáculo. Aos sacerdotes foi dada a responsabilidade de comparecer diante de Deus com ofertas e sacrifícios (Hb 5.11). Embora estes sacrifícios tenham sido instituídos por Deus, eles não eram plenos, pois:
3.1.
Eram repetitivos (Hb 10.11);
3.2.
Não limpavam à consciência (Hb 9.9);
3.3.
Não purificavam os pecados (Hb 10.4).
Isaías
profetizou que um homem faria expiação pelos pecados da humanidade (Is
53.1-12). Igualmente o salmista (Sl 40.6-8). O escritor aos hebreus cita este
texto para mostrar que profeticamente se cumpriu em Jesus, quando este encarnou
e vivendo de forma perfeita entregou o seu corpo como oblação pelo nosso pecado
(Hb 10.5-9).
4. Os ministros do tabernáculo. O sacerdote, termo que no hebraico é “kohen”, era o ministro divinamente designado, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8).
O
sacerdócio de Arão prefigurava o de Cristo (Hb 2.17,18; 4.14-16; 5.1-4; 7.11).
No entanto, o sacerdócio de Cristo é superior, quanto a:
4.1.
Perfeição moral (Hb 7.26-28);
4.2.
Função mediadora (Hb 5.5,6,10; 7.21);
4.3.
Consagração permanente (Sl 110.4; Hb 2.17; 7.26-28);
4.4.
Intercessão nos céus (Hb 2.18; 7.25);
4.5.
A oferta de si mesmo (Hb 9.14; Hb 10.10).
CONCLUSÃO. O tabernáculo foi idealizado por Deus e edificado com as contribuições dos hebreus, com o propósito de que neste lugar Deus habitasse entre o Seu povo e dele recebessem ofertas. Esta casa sagrada e os seus móveis prefiguram Cristo e a Sua obra redentora em prol de todos os homens.
O
Tabernáculo seria mais do que um protótipo ou modelo futuro da Igreja, no qual
Deus revelaria a sua glória. Esse Tabernáculo aparece como “um bem futuro” (Cl
2.17), que aponta para a Pessoa de Jesus Cristo, que veio a esse mundo mostrar,
na prática, o desejo de Deus em habitar com os homens. Ele fez isso na
encarnação de seu Filho, o tabernáculo divino.
O
Pai desejou habitar entre os homens e derrubar a parede de separação erguida
pelo pecado no Éden. Esse plano glorioso alcançou o objetivo máximo na
encarnação e crucificação de Jesus Cristo, seu amado Filho “na plenitude dos
tempos” (Gl 4.4; Ef 1.5-10). Na Pessoa gloriosa de Jesus Cristo, Deus encontrou-se
com o ser humano, e este com Deus.
Desde
a geração de Moisés, Tabernáculo indica algo futuro que mudaria o destino do
ser humano caído: a Obra Expiatória de Cristo representada em todo o santuário
em ao meio ao deserto. Foi concebido para que o homem dos tempos atuais
compreenda a sua figura representada na pessoa de Jesus Cristo, o qual expiou a
nossa culpa, fazendo-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo
1.29). Na Obra Expiatória do Senhor, a imagem do Tabernáculo relaciona-se com a
Igreja fundada pelo Senhor Jesus Cristo. Tal qual o Tabernáculo, a Igreja de
Cristo é um planejamento de Deus posto em curso com o objetivo de abençoar o
mundo, convidar toda alma a achegar-se diante do Senhor com o coração contrito.
OS ARTESÃOS DO
TABERNÁCULO
LEITURA
BÍBLICA
Êxodo 31.1-11 “Depois, falou o
SENHOR a Moisés, dizendo: 2- Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho
de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, 3- e o enchi do Espírito de Deus, de
sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício, 4- para inventar
invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, 5- e em lavramento de
pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor. 6-
E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã,
e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para
que façam tudo o que te tenho ordenado, 7- a saber, a tenda da congregação, e a
arca do Testemunho, e o propiciatório que estará sobre ela, e todos os móveis
da tenda; 8- e a mesa com os seus utensílios, e o castiçal puro com todos os
seus utensílios, e o altar do incenso; 9- e o altar do holocausto com todos os
seus utensílios e a pia com a sua base; 10- e as vestes do ministério, e as
vestes santas de Arão, o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para
administrarem o sacerdócio; 11- e o azeite da unção e o incenso aromático para
o santuário; farão conforme tudo que te tenho mandado.
INTRODUÇÃO Nesta lição, veremos que Deus chama pessoas especiais para realizar obras especiais (Mt 25.14-30). Estudaremos a respeito da importância de ser cheios do Espírito para realizar uma grande obra. E concluiremos a lição com um chamado à consciência a respeito do uso do talento dado por Deus para a glória d’Ele. Ora, o Criador concedeu a Moisés instruções e capacitou pessoas para construir o Tabernáculo e executar obras especiais. Não é diferente hoje, pois Ele continua a capacitar os escolhidos para a sua obra e espera que a façamos.
I. O SIGNIFICADO DOS NOMES DOS CONSTRUTORES DO TABERNÁCULO
Veremos os significados dos nomes Bezalel e Aoliabe; analisaremos alguns aspectos da escolha de Deus em relação aos artesões do tabernáculo; e por fim, pontuaremos algumas lições práticas que aprendemos com Bezalel e Aoliabe para nossa vida.
1. Bezalel. O primeiro a ser escolhido por Deus era um descendente da tribo de Judá, ou seja, um judeu: “Eu escolhi Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá” (Êx 31.2). Bezalel significa: “à sombra de Deus” ou “Deus é a minha proteção”. O nome o pai de Bezalel é “Uri” significa: “luz, resplendor”. Já o nome do seu bisavô “Hur” significa: “livre”. Bezalel era da tribo de Judá, que significa “louvor” [CONNER, 2004, p. 18].
2 Aoliabe. O outro homem envolvido na edificação do Tabernáculo foi um descendente da tribo de Dã, ou seja, um danita: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã” (Êx 31.6; 35.34,35).
Aoliabe significa: “tabernáculo ou tenda
de meu pai”. O nome do pai de Aoliabe que é “Aisamaque” significa: “aquele que
apoia ou auxilia”. Aoliabe era da tribo de Dã, que significa “juiz”. Hirão, que
foi o artesão chefe na construção do templo de Salomão também pertencia à tribo
de Dã (2º Cr 2.13,14) [CONNER, 2004, p. 18].
II. HOMENS ESPECIAIS PARA SERVIÇOS ESPECIAIS (31.1,2,6)
1. A prerrogativa de Deus (Êx 31.1,2). O texto bíblico mostra que Deus chama a quem Ele quer para executar sua obra. Ele conhece a natureza de cada filho, e de acordo com ela, distribui talentos conforme a capacidade de cada um. Não por acaso, para construir o Tabernáculo, o Criador chamou pessoas inclinadas às artes e às ciências, capacitando-as para potencializar essas habilidades. Essa forma de Deus chamar está registrada ao longo das Escrituras. Pedro foi convocado para exercer seu ministério entre os judeus (Gl 2.8); e Paulo, com os gentios (Rm 11.13). Tratava-se de pessoas estratégicas para fazer obras estratégicas. É assim que Deus age.
Ao longo da história da Igreja, o Pai
Celestial capacitou pessoas e deu-lhes sabedoria para edificarem o Corpo de
Cristo. Ele pode falar ao seu coração agora acerca de um chamado. Seja sensível
a voz d’Ele! Deus é quem chama!
2. A pluralidade do serviço cristão (Rm 12.4-8; 1ª Co 12.8-10,28). Muitas são as necessidades da igreja local, tanto de ordem espiritual quanto material (At 6.14). Elas manifestam-se na manutenção da comunhão cristã entre os irmãos, bem como na organização dos elementos funcionais do culto cristão. Para isso, na obra do Senhor, há lugar para diversidades de dons e talentos que envolvam liderança espiritual, musical, ação social e muitas outras esferas que exponham a necessidade da obra. Que você aplique o seu talento na obra de Deus!
III. OS ARTESÃOS DO TABERNÁCULO E A ESCOLHA DE DEUS
A descrição detalhada do Tabernáculo, incluídos os numerosos acessórios e mobiliário exigia um toque hábil.
Deus revelou o tabernáculo a Moisés (Êx
25.9), e através dele convocou Bezalel e Aoliabe e outros artífices, imbuídos
de devoção e sabedoria e dotados de inteligência e habilidades para elaborar o
santuário, cumprindo o que fora ordenado pelo Senhor no monte Sinai (Êx 26.36).
1. Deus falou quem seria os construtores. Para fazer com precisão os muitos detalhes exigidos na construção do Tabernáculo e de todas as suas mobílias e acessórios, Moisés precisava de trabalhadores especializados. Deus até poderia produzir este lugar de adoração mediante um ato milagroso do seu poder, mas, escolheu fazer por meio de homens capacitados para o trabalho: “Depois, falou o Senhor a Moisés” (Êx 31.1).
2. Deus revelou quem seria os construtores. Foi o próprio Deus quem revelou a Moisés os nomes de quem seria os artesões: “Eis que o Senhor tem chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá” (Êx 35.30). Bezalel deveria ser o arquiteto, ou o artesão mestre (Êx 35.34), e pertencia à tribo de Judá uma tribo que Deus se alegrava em honrar. Era neto de Hur, provavelmente o mesmo Hur que tinha ajudado a manter erguidas as mãos de Moisés (Êx 17.12), e que nesta ocasião estava trabalhando com Arão no governo do povo, na ausência de Moisés (Êx 24.14). A tradição dos judeus diz que este Hur era o marido de Miriã irmã de Moisés. E, caso isto seja verdade, era necessário que Deus o indicasse a este serviço, para que, se Moisés o tivesse feito, não fosse julgado parcial para com seus próprios parentes, uma vez que seu irmão Arão também tinha sido colocado no sacerdócio. Deus honrou os parentes de Moisés, mas mostrou que esta honra não vinha de Moisés, mas sim, do próprio Deus [HENRY, 2010, p. 325].
3. Deus chamou os construtores. O Tabernáculo era um projeto divino e Deus precisava de pessoas habilidosas para construí-lo. Por isso, Ele chamou pessoas e as usou de maneira graciosa: “Eis que eu tenho chamado” (Êx 31.2-a; e 36.1). Bezalel e seu assistente, Aoliabe, foram chamados para dar beleza às formas materiais do Tabernáculo. Os homens aqui foram chamados por Deus para fazer trabalhos artísticos específicos com ouro, prata, cobre (bronze), madeira, e pedras (Êx 31.4,5). Eles seguiriam as instruções detalhadas dadas a Moisés: “conforme tudo que te tenho mandado” (Êx 31.11). Estes homens usariam sua perícia e orientariam os outros no desempenho da obra de Deus: “todo aquele que é sábio de coração” (Êx 31.6).
4. Deus capacitou os construtores. Neste texto, não estão em vista a capacitação natural que pode ser treinada e aperfeiçoada, mas o dom da graça recebido pelo Espírito Santo (Êx 36.2). Os dons do Espírito são em grande parte estas capacitações naturais dedicadas a Deus e inspiradas pelo Espírito. Estes dons são achados nas expressões vocais e no intelecto, mas também em trabalhos manuais e na percepção visual. Para esta tarefa, houve o enchimento do “Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício” (Êx 31.3). Podemos então dizer que neste texto:
4.1. Espírito de Deus fala da capacitação dada
exclusivamente pelo Senhor.
4.2. Sabedoria denota o alcance de mente e
força de capacidade; é o poder de julgar a melhor coisa a fazer.
4.3. Entendimento é a capacidade de
compreender as partes diferentes de um trabalho e sua forma completa.
4.4. Ciência indica o conhecimento de
materiais pela prática e experiência. É possível dedicar as habilidades
pessoais a Deus para serem usadas diretamente na obra do Senhor.
5. Deus ordenou os construtores. Todos somos alvo pelo amor de Deus quanto a salvação, pois seu desejo é que todos os homens indistintamente cheguem ao pleno conhecimento da verdade e sejam salvos (1ª Tm 2.3,4). No entanto, para realização de Sua obra em algumas funções especificas, há uma ordenação particular: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe... para que façam tudo o que te tenho ordenado” (Êx 31.6).
IV. CHEIOS DO ESPÍRITO, SABEDORIA, ENTENDIMENTO E CIÊNCIA (Êx 31.3-5)
1. Cheios do Espírito para realizar a obra (v. 3). O texto bíblico diz: “o enchi do Espírito de Deus”. Essa afirmativa vai ao encontro do que nós, pentecostais, sempre afirmamos: não há nada que possamos fazer na vida sem a direção e a ação poderosa do Espírito Santo. O texto em destaque declara que toda a criatividade, sabedoria, entendimento e ciência para construir o Tabernáculo e talhar cada peça em ouro, prata, bronze e madeira promanavam do Espírito de Deus. Aqui, há uma verdade maravilhosa para nós: para realizarmos uma obra espiritual, precisamos estar capacitados pelo Espírito Santo. Nessa perspectiva colocamos todas as nossas habilidades aprendidas nos bancos das escolas, das faculdades e da jornada da vida a serviço do Rei Jesus. Assim, Deus nos usará poderosamente!
Portanto, a simbologia da capacitação
espiritual para a construção do Tabernáculo se constitui figura de realidade
espiritual do povo de Deus no ministério cristão (At 6.3; Ef 5.18).
2. Habilidades especiais para obras especiais (vv.4,5). A Bíblia mostra uma diversidade de dons relacionados ao serviço cristão (Rm 12.3-8; 1ª Co 12.4-6; Ef 4.11).
Dons esses que foram distribuídos pelo
Espírito Santo, segundo o apóstolo Paulo - na mesma perspectiva do processo de
escolha de Bezalel e Aoliabe para a construção do Tabernáculo (vv. 4,5).
Na igreja local, muitos trabalhos requerem
habilidades especiais. Por exemplo, quem escreve precisa ser habilidoso no
ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso no ofício do canto; quem
toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental; quem prega precisa ser
habilidoso no ofício da interpretação de texto e da retórica. Enfim, as
necessidades de habilidades especiais para realizar obras especiais são
inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas para atividades bem
específicas. É verdade que os dons de Deus não dependem de habilidades
naturais. No entanto, o Senhor chama pessoas que tenham habilidades especiais
para potencializá-las e, assim, executarem serviços complexos na igreja local.
V. USANDO OS TALENTOS PARA A GLÓRIA DE DEUS
1. Os talentos (habilidades) de Bezalel e Aoliabe. Já vimos que Bezalel e Aoliabe eram artesãos altamente capacitados para trabalhar com ouro, prata e cobre, além de outros materiais como madeira. Mas algo devemos destacar: ambos se submeteram à revelação de Deus para executar com maestria as peças dos altares, colunas, cortinas e cores. Assim, revestidos do Espírito de Deus, Bezalel e Aoliabe passaram a ser especialistas para fazer tudo quanto fosse necessário para construir a estrutura do Tabernáculo de maneira esteticamente bela. Eles primeiro submeteram-se! Por isso o que faziam era para a glória de Deus!
Para fazermos alguma tarefa que glorifique
a Deus precisamos ter a consciência profunda de que foi Ele quem nos chamou.
Esse é o passo fundamental para que o nosso trabalho glorifique a Deus. Depois,
é preciso admitir que, embora você tenha a mais importante capacitação secular,
Deus sempre é quem dá a última instrução. Experimente submeter-se a Deus e
fazer qualquer tarefa para a glória d’Ele!
2. Os talentos revelados na Igreja (Mt 25.14,15). Embora Mateus 25 seja uma passagem bíblica que trata acerca da volta de Jesus, ela é uma bela ilustração para mostrar o que Deus espera que nós façamos com a nossa vocação. O que Ele exigiu de Bezalel e Aoliabe também está contemplado na Parábola dos Talentos. Nessa parábola a palavra grega talanton, que significa “talento”, ganha destaque. O termo refere-se à moeda de alto valor. Nesse contexto, o homem rico distribuiu vários talentos aos servos de acordo com a capacidade de cada um para negociar. Naturalmente, o homem rico esperava receber retorno dos servos. A mensagem aqui é clara: quando o Senhor voltar, Ele deseja nos encontrar trabalhando de acordo com as habilidades que Ele nos capacitou para o seu reino. Desenvolver os talentos simboliza perseverar na fé e o comprometer-se em colocar a serviço do Corpo de Cristo tudo o que o Senhor nos concedeu.
VI. LIÇÕES PRÁTICAS QUE APRENDEMOS COM BEZALEL E AOLIABE
Seja para construir o tabernáculo no Antigo Testamento, a igreja no Novo Testamento o Espírito Santo de Deus nos fala, revela, chama, capacita e nos ordena para realizar a Sua obra.
1. A escolha de Deus para a obra é soberana. É Deus que nos escolhe, nos chama, nos capacita e nos envia. Foi o Senhor quem elegeu, chamou, capacitou e enviou Bezalel e Aoliabe para todas as obras relacionadas ao Tabernáculo a fim de que fosse construído exatamente conforme o modelo que fora mostrado. Não está dentro das atribuições unicamente do homem selecionar, chamar, qualificar ou nomear. Tal é a sã doutrina que nos é sugerida pelas palavras do próprio Deus, pois os obreiros para esta construção foram:
1.1. Divinamente escolhidos: “eu tenho
posto” (Êx 31.2-a).
1.2. Divinamente chamados: “eu tenho
chamado” (Êx 31.6-a).
1.3. Divinamente qualificados: “eu tenho
dado” (Êx 31.6-b).
1.4. Divinamente nomeados: “eu tenho
ordenado” (Êx 31.6-c).
Demais, ninguém podia presumir de se
nomear a si próprio para esta obra; nem tampouco ninguém pode nomear-se a si
próprio para a obra do ministério, pois tudo, é e deve ser, absolutamente da
competência divina: “E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e
vieram a ele” (Mc 3.13).
2. Nossa capacidade na obra vem de Deus. A declaração de que Bezalel e Aoliabe receberam suas aptidões do “Espírito de Deus” prefigura os dons do Espírito que o Senhor concede a todos os crentes consagrados à obra do Senhor (Rm 12.4-8; 1ª Co 12.1-31; Ef 4.7-13). No caso dos artesões do tabernáculo não foi diferente: “e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício” (Êx 31.3). Devemos nos lembrar sempre que nossa capacidade vem do Senhor: “não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2ª Co 3.5). Todos nascemos com diferentes aptidões dadas por Deus e, quando nos convertemos, recebemos diferentes dons do Espírito Santo que devem ser usados para o bem da igreja e para a glória do Senhor. Paulo nos diz ainda: “O qual nos fez também capazes de ser ministros” (2ª Co 3.6-a).
3. Deus capacita de maneira especial para a obra quem Ele chama. Deus chamou Moisés e nomeou Bezalel e Aoliabe para dirigir a obra da construção do Tabernáculo, pois sem líderes a obra não avançaria, e o Senhor também chamou artífices voluntários para auxiliá-los (Êx 31.6; 35.10). Bezalel e Aoliabe foram capacitados para fazer os móveis do tabernáculo: “Assim, trabalharam Bezalel, e Aoliabe, e todo homem hábil a quem o SENHOR dera habilidade e inteligência” (Êx 36.1). Todos os homens são chamados para serem salvos, mas, nem todos os salvos são chamados para serem líderes. Por isso, o apóstolo Paulo disse: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Uma vez escolhidos e chamados, seremos agora capacitados por Deus. Devemos lembrar das palavras de João Batista: “O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu” (Jo 3.27).
4. Deus capacita aqueles que são obedientes e submissos na sua obra. O Senhor chamou Moisés diretamente pelo nome (Êx 3.1-10), mas Bezalel e Aoliabe foram chamados indiretamente, ou seja, através de Moisés. Embora Deus escolhesse por nome a Bezalel e Aoliabe (Êx 31.2-a, 6-a), logicamente coube a Moisés nomeá-los e apresentá-los (Êx 35.30; 36.2). Não há nenhuma passagem mostrando Deus falando diretamente com eles como fez com seu líder. É inspirador ser chamado por nome direta ou indiretamente por Deus, mas também é importante ser nomeado por quem Deus autoriza a escolher obreiros [BEACON, 2010, p. 222]. Bezalel, Aoliabe e os outros auxiliares tiveram o privilégio de participar destas obras e foram fiéis, submissos e obedientes em seguir as orientações divinas dadas ao seu líder: “Fez Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, tudo quanto o Senhor ordenara a Moisés” (Êx 38.22).
5. Deus capacita aqueles que estão dispostos a glorificar ao Senhor e não a si mesmo. Apesar das grandes importantes contribuições, Bezalel e Aoliabe são praticamente esquecidos depois do tabernáculo concluído. Tem gente que seu nome aparece, mas a sua obra não, e tem gente que o seu nome não aparece, mas a sua obra se eterniza: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória” (Sl 115.1). O apóstolo Pedro também entendeu assim: “A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pd 3.18). Paulo também compreendeu desta forma: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!”. João na ilha corrobora com esta visão: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua são e foram criadas” (Ap 4.11).
CONCLUSÃO. No Reino de Deus muitas habilidades poderão ser utilizadas, não somente as de caráter espiritual, mas também as de caráter social, educacional e material. Por exemplo, quem escreve precisa ser habilidoso no ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso no ofício do canto; quem toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental; quem prega e ensina precisa ser habilidoso no ofício da interpretação de texto e da retórica. Enfim, as necessidades de habilidades especiais para realizar obras especiais são inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas para atividades bem específicas na obra do Senhor. A recompensa dos que dão o melhor de suas vidas será dada por Deus aos que forem fiéis em toda boa obra. Esforce-se com esmero e amor!
ENTRANDO NO TABERNÁCULO
- O PÁTIO
LEITURA BÍBLICA
Êxodo 27.9-19 “Farás também o
pátio do tabernáculo, ao lado meridional que dá para o sul; o pátio terá
cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada lado será de cem côvados.
10- Também as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de cobre; os
colchetes das colunas e as suas faixas serão de prata. 11- Assim também para o
lado norte as cortinas, no comprimento, serão de cem côvados; e as suas vinte
colunas e as suas vinte bases serão de cobre; os colchetes das colunas e as
suas faixas serão de prata, 12- E na largura do pátio para o lado do ocidente
haverá cortinas de cinquenta côvados; as suas colunas dez, e as suas bases dez.
13- Semelhantemente a largura do pátio do lado oriental para o levante será de
cinquenta côvados. 14- De maneira que haja quinze côvados de cortinas de um
lado; suas colunas três, e as suas bases três. 15- E quinze cavados das
cortinas do outro lado; as suas colunas três, e as suas bases três. 16- E à
porta do pátio haverá uma cortina de vinte cavados, de azul, e púrpura, e
carmesim, e de linho fino torcido, de obra de bordador; as suas colunas quatro,
e as suas bases quatro. 17- Todas as colunas do pátio ao redor serão cingidas
de faixas de prata; os seus colchetes serão de prata, mas as suas bases de
cobre. 18- O comprimento do pátio será de cem cavados, e a largura de cada lado
de cinquenta, e a altura de cinco cavados, as cortinas serão de linho fino
torcido; mas as suas bases serão de cobre. 19- No tocante a todos os vasos do
tabernáculo em todo o seu serviço, até todos os seus pregos, e todos os pregos
do pátio, serão de cobre.”
INTRODUÇÃO. Nesta lição veremos um dos espaços que pertencia ao Tabernáculo – o pátio; elencaremos algumas considerações a respeito desse local, bem como a sua simbologia à luz das Escrituras; por fim, destacaremos também a porta de acesso ao átrio, e quais os seus significados espirituais.
O Tabernáculo representa um grande símbolo
espiritual para o povo de Israel. Ali, Deus se centralizava no meio de seu
povo. E Ele esperava que essa nação reconhecesse isso. Nessa perspectiva,
estudaremos acerca da posição do Pátio do Tabernáculo entre as Tribos de
Israel, descreveremos a construção da cerca do Pátio e conheceremos mais sobre
o sentido da Porta Principal do Pátio. Cada imagem nos revelará um valor
espiritual edificante concernente à Obra Expiatória de Jesus Cristo.
I. O PÁTIO DO TABERNÁCULO
1. Definição do termo pátio. A palavra pátio ou átrio é procedente do termo: “hãstser” que refere-se a: “pátio, átrio, cercado, uma área cercada, residência estabelecida, vila, cidade”. Esta palavra está relacionada a um verbo que tem dois significados: “estar presente” no sentido de viver em certo lugar (acampamento, residência, pátio), e ainda: “incluir, encerrar, apertar”. A primeira ocorrência bíblica desse termo está em Gn 25.16, onde se é traduzido por “vilas”. O uso predominante de “hãtser” é com o sentido de: “pátio, quer de casa, palácio ou do Templo” [VINE, 2002, p. 216]. Quando se refere ao Tabernáculo, o pátio servia de recinto cercado para os israelitas que iam adorar a Deus nos limites do santuário (Sl 96.8; 100.4).
2. Dimensão do pátio. O pátio era em formato retangular com cerca de 45 metros de comprimento (100 côvados) por aproximadamente 22,5 metros de largura (50 côvados). Em cada lado, no Sul e no Norte, havia vinte colunas com as bases feitas de cobre ou bronze (Êx 27.9-11). O lado do ocidente precisava de dez colunas (Êx 27.12). Estas colunas eram firmadas no chão em suas bases por meio de cordas fixas ao chão com pregos, ou seja, estacas (Êx 27.19). Entre as colunas havia faixas confeccionadas em prata (Êx 27.11). Tratavam-se de barras entre as colunas sobre as quais a cortina era pendurada pelos colchetes feitos de prata (Êx 27.17). Uma cortina de linho fino torcido, provavelmente na cor branca, medindo 2,25 metros de altura (Êx 27.18), estendia-se pelos lados, por trás e na frente, onde havia três colunas de cada lado da porta (Êx 27.14,16) [BEACON, 2010, p. 213].
3. Propósito do pátio. Esse espaço reservado conferia santidade na aproximação à presença de Deus, e ensinam passos sucessivos na aproximação a Senhor. Assim, a função do pátio era impedir qualquer aproximação indevida ao santuário de Deus. O pátio era aberto para todos os israelitas que quisessem prestar culto, porém, havia uma maneira apropriada de se aproximar, embora o pátio fosse aberto. O átrio, portanto, servia a um tríplice propósito:
3.1. Para os que estavam do lado de fora,
ele agia como uma barreira e um muro de separação. As cortinas de linho fino
restringiam a entrada daqueles que se aproximavam, agindo como uma separação
entre o mundo exterior e o lugar onde se revelava a glória de Deus.
3.2. Para aquele que verdadeiramente se
aproximava do Tabernáculo, essas cortinas serviam como uma indicação, ou seja, apontavam
para a porta, o caminho de aproximação pelo qual as pessoas poderiam entrar e
desfrutar dos benefícios do Tabernáculo.
3.3. Do lado de dentro, contudo, as
cortinas agiam como uma cerca ou escudo contra o mundo exterior.
3.4. Para todos aqueles que estavam do
lado interno, ali seria o lugar de proteção e segurança, eis a razão de
encontrarmos frequentemente expressões de anelo e alegria dos servos de Deus em
relação ao átrio (Sl 65.4; 84.2,10; 92.13; 96.8; 100.4); [CONNER, 2004, pp.
99,100].
4. Móveis pertencentes ao pátio. Vários são os móveis pertencentes ao Tabernáculo, dois deles especificamente estavam situados no átrio.
4.1. O altar do holocausto. Na perspectiva de quem entrava no tabernáculo, inicialmente se deparava com o altar do holocausto, situado perto da porta do conserto (Êx 27-1-8; 38.1-7), também conhecido como altar de cobre por ser feito de madeira de acácia e revestido de cobre, sobre esse móvel eram oferecidos os sacrifícios, essa era a sua finalidade [HOFF, 2007, pp.144,145].
4.2. Pia de bronze. Este importante móvel também estava colocado no pátio, entre a tenda do Tabernáculo e o altar de bronze (Êx 40.7), estando assim, alinhada com o altar do holocausto. Tinha como finalidade proporcionar aos sacerdotes um local para lavar as mãos (Êx 30.18,19).
II.
O PÁTIO ENTRE AS TRIBOS DE ISRAEL
Quando Moisés distribuiu as tribos em torno do Pátio do Tabernáculo, estava revelado nesse ato um senso de organização divino. O Pátio do Tabernáculo ficava no centro de todas as tribos de Israel. Era o símbolo de que Deus estaria no meio de seu povo (Is 8.14).
1. As montagens provisórias do Tabernáculo. A Palavra de Deus mostra que a construção do Pátio teve como primeira etapa a montagem da estrutura do Tabernáculo no Sinai. Isso ocorreu no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, após a saída do povo judeu do Egito (Êx 40.2,17), isto é, quatorze dias antes da celebração da Páscoa.
Do Sinai até Canaã passaram-se muitos
anos. Antes de Israel entrar em Canaã, Moisés orientou que um lugar fixo
deveria ser estabelecido para o Tabernáculo. Inicialmente, a estrutura foi
montada em Gilgal (Js 4.19; 5.10; 9.6; 10.6,43). Depois a transferiram para
Siló (Js 18.1), que ficava no território de Efraim. Tempos mais tarde, nos
períodos de Saul e Davi, e por causa das guerras internas e externas, a Arca da
Aliança ficava alojada em lugares diversos, o que demonstrava que o Tabernáculo
já não tinha localização fixa. Finalmente, Jerusalém foi conquistada por Davi
e, no reinado de Salomão, o Tabernáculo deu lugar ao Templo de Jerusalém, onde
o próprio Deus confirmou o lugar e o aprovou com a manifestação de sua glória
(1ª Rs 8.10,11).
2. A posição do Pátio do Tabernáculo. Para entender a organização das tribos em torno do Pátio do Tabernáculo é preciso compreender o propósito divino resumido em Êxodo 25.8: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (cf. 29.45,46). Aqui está expressa a vontade de Deus em ser o centro de seu povo. A localização geográfica do Tabernáculo, o centro do acampamento e de frente para o Oriente, isto é, voltado para o levante do Sol, revela exatamente a vontade de Deus em habitar no coração do povo de Israel. Ora, Ele é quem deve estar no centro do nosso coração. Deus é quem deve dominar a nossa mente e vida.
3. A posição do Exército de Israel em torno do Tabernáculo. Os exércitos das tribos judaicas estavam localizados em torno do santuário divino.
3.1. De frente para a porta principal de acesso ao Tabernáculo. Os exércitos de Judá, Issacar e Zebulom estavam posicionados na porta principal do Pátio do Santuário. Juntos, esses exércitos somavam 186.400 homens (Nm 2.3-9);
2.2. Aos fundos, do Oeste para o Ocidente. Na retaguarda do Pátio do Tabernáculo estavam as tropas de Efraim, Manassés e Benjamim que, juntas, somavam 108.100 homens (Nm 2.18-23);
3.3. Ao Norte. Na lateral do Tabernáculo, encontravam-se as hostes de Naftali, Dã e Aser. Juntas, somavam 157.600 homens (Nm 2.25-30);
3.4. Ao Sul. Na outra lateral do Tabernáculo, estabeleceram-se os exércitos de Ruben, Simeão e Gade. Ambos somavam 151.450 homens (Nm 2.12-19).
Ao todo eram 603.550 homens acima de vinte anos de idade que estavam entorno do Pátio do Tabernáculo. Isso passava a mensagem de que Israel reconhecia a centralidade de Deus na vida espiritual e social da nação. Assim, devemos tê-Lo como o centro de todas as esferas da vida.
III.
A CONSTRUÇÃO DA CERCA DO PÁTIO
1. O cortinado de linho branco da cerca do Pátio. Uns cerca de 45 metros de comprimento com aproximadamente 22,5 centímetros de largura separavam o Tabernáculo das Tribos ao redor. As sessenta colunas de bronze, sobre as quais havia um cortinado de linho branco torcido de aproximadamente 2,25 metros de altura, sustentavam acerca do Pátio. Assim, não se podia ver o que se passava no interior do pátio, senão a cobertura do Tabernáculo.
2. Colunas, cortinas e varais do Pátio (Êx 27.10-12). As colunas de bronze foram feitas de madeira de acácia e ficavam presas na parte interior da cortina por bases ou placas de bronze colocadas sobre o solo. Já as cortinas eram costuradas uma a outra até formarem uma tela bem firme. Por sua vez, os varais encaixavam-se às colunas e ao cortinado da cerca. Tudo era metricamente encaixado. Assim, as colunas, as cortinas e os varais são elementos que didaticamente podem simbolizar a segurança, a estabilidade e a comunhão na vida cristã, produzidas pela Obra Expiatória de Cristo.
Ora, em Cristo toda a justiça de Deus foi
satisfeita na obra expiatória; por isso temos a segurança da salvação (Rm
8.33-39). Estamos seguros em Cristo (Jo 10.28-30)! Depois, a partir dessa obra,
temos acesso às promessas de Deus, as quais nos dão estabilidade na vida cristã
(Rm 14.4; Cl 3.3). Por fim, a Expiação de nosso Senhor não apenas salvou-nos,
mas abriu-nos a porta da comunhão cristã (1ª Co 12.12,13; Ef 2.1216). Portanto,
à semelhança das colunas, cortinas e varais do Tabernáculo, a Obra Expiatória
de Cristo nos traz segurança, estabilidade e comunhão na vida cristã.
3. A cerca de linho: a santidade e a justiça de Deus. A parte reservada na esfera interna do Pátio, separada pelo “linho branco torcido”, revelava a santidade de Deus. Ali, os sacerdotes ministravam os cerimoniais de sacrifícios pelos pecados do povo. Nesse sentido, o Pátio do Tabernáculo revelava que o pecador não tinha acesso ao Deus Santo, senão por meio do sacerdote.
Deus é Santo e Justo. O homem carece de
santidade e de justiça. No entanto, em Cristo, o pecador é justificado e
santificado para a salvação. Esse é o maior milagre que o pecador pode
desfrutar de seu encontro com Jesus. Só quem pode justificá-lo e santificá-lo é
Jesus!
IV. A SIMBOLOGIA DO PÁTIO
1. A separação entre o homem e Deus devido ao pecado. A demarcação do pátio por meio da cerca de linho fino, indicava de forma prefigurada dentre outras coisas, a separação entre o homem e seu Criador como resultado da Queda (Is 59.2; Rm 3.9,23; 5.12; Ef 2.1,13). Devido à pecaminosidade humana (Rm 3.10-12), jamais seria possível o homem atingir o padrão exigido por Deus: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia” (Is 64.6), para a expiação do pecado (Rm 3.19). Como afirma Rodman (2011, p. 307): “O homem é um pecador em escravidão. Ele é de fato escravo do pecado, sujeito a seus ditames e incapaz de se libertar do seu domínio”; por essa razão, Cristo Jesus, veio em forma humana com o propósito de fazer a reconciliação entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção” (1ª Tm 2.5,6; ver 2ª Co 5.19).
2. A santidade e justiça divina. As paredes do pátio eram constituídas por cortinas externas de linho fino, e esse linho refere-se à justiça e santidade de Deus (Lv 11.43-45). Quando alguém se aproximava do lado externo do Tabernáculo, a única coisa que podia ver era esta cortina branca. Esta é a primeira coisa que o homem não regenerado que se aproxima de Deus precisa notar, o linho branco representa, acima de tudo, a justiça perfeita de Cristo (Jr 33.15; 1ª Tm 2.5; 1ª Jo 4.17; 1ª Co 1.30). A justiça de Cristo deve tornar-se a justiça do crente, uma vez que para Deus, não há valor as nossas obras carnais de justiça (Is 64.6). Deus não está interessado na justiça que provém da Lei, pois se trata de justiça própria (Rm 10.1-6; Fp 3.7-9). Deus está procurando um povo que é mantido pela fé na justiça de Cristo. É a justiça de Cristo que Deus aceita, e quando nos revestimos do Senhor nos tornamos justos. Aqueles que se revestiram de Cristo constituem o seu corpo, a sua Igreja. São estes os santos aos quais as Escrituras se referem quanto à justificação (Ap 19.7-9; 2Co 5.17-21; Hb 2.11; Sl 132.9,16,17; Rm 8.4). É a este corpo que a justiça de Cristo é imputada e que está adornada como uma noiva (1ª Co 1.30; Is 61.10). “Ele é a nossa justiça” (Jr 23.6; Ap 3.4).
3. A responsabilidade humana quanto ao recebimento das bênçãos de Deus. Quando olhamos para a ordem da construção do Tabernáculo, percebemos que a descrição começa com a arca da aliança (Êx 25.10) e segue-se até a porta do pátio (Êx 27.18), ou seja, de dentro do Tabernáculo para fora, isto é, Deus em busca do homem, uma vez que o projeto de salvação tem como fonte a pessoa Divina (Is 45.22; Jn 2.9; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus a iniciativa de restauração humana (Gn 3.9;15,21; Jo 3.16,17; 2ª Co 5.18,19; Tt 2.11). No entanto, ao estabelecer a porta que dá acesso ao Tabernáculo, fica claro a responsabilidade do homem em resposta a ação inicial do Senhor quanto aos benefícios pertencentes a sua entrada no santuário. No plano da salvação, Deus em Sua soberania incluiu a responsabilidade do homem em crer no seu Filho (Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14). Fé e arrependimento são necessários para a salvação, precedendo a regeneração, ou seja, cremos para ser regenerados e não o inverso (Mc 1.15; Jo 20.31; At 2.38; 10.43; Rm 1.16; 10.9; 1ª Co 1.21; Ef 1.13,14). A fonte da salvação humana é a graça de Deus e o meio de recebê-la é a fé N’Ele, como afirma o apóstolo Paulo (Ef 2.8).
IV. A PORTA DO PÁTIO E A SUA SIMBOLOGIA
1. O único acesso. Qualquer um que se aproximasse do Tabernáculo por outro lugar que não fosse a entrada, encontraria uma parede de linho como já vimos. A porta era a única maneira de chegar ao pátio, todos tinham que passar por ela. Todo o povo de Israel, de qualquer tribo, e todos os estrangeiros em Israel, vindos dos quatro cantos do acampamento, distantes ou próximos, tinham que se submeter aos critérios de Deus (Nm 15.14-16). O Senhor colocou somente uma entrada no Tabernáculo, pois há somente um caminho para o homem se aproximar de Deus, e este passa pela entrada, sendo assim, a porta é uma clara figura do Senhor Jesus, que assim afirmou: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (Jo 10.9); sendo o único caminho de acesso ao Pai (Jo 14.6); as Escrituras ainda declaram que Ele é:
a. O único nome que pode salvar (At 4.12).
b. O único mediador entre Deus os homens
(1ª Tm 2.5).
c. Crer nele é a única forma de o homem
ser salvo (Rm 10.12,13).
2. A abrangência do acesso. A porta do pátio possuía nove metros de largura e ficava no lado leste, no meio da frente do Tabernáculo (Êx 27.16). Era composta por uma cortina de pano azul, púrpura, carmesim e também de linho fino torcido, sustentada por quatro colunas centrais cingidas de faixas de prata (Êx 27.17. Essa entrada era larga o suficiente para permitir a entrada de qualquer pessoa que quisesse e se submetesse aos critérios necessários para entrar. Isso aponta claramente para a abrangência da salvação e as bênçãos do Senhor decorrentes dela. Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente o que deixou claro por meio da promessa feita a Abraão: “e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3; Gl 3.8). Destacamos ainda Deus deu garantia e extensão de salvação a todas as pessoas (Is 45.22), como também na descrição do alcance da ação messiânica (Is 49.6; Is 53.6). Sua graça alcança os judeus e os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef 3.6; Tt 2.12), não é limitado a um grupo seleto de pessoas, pois as Escrituras afirmam que Jesus se deu como resgate por todos (1ª Tm 2.6); e, que provou a morte por todos (Jo 7.37; Hb 2.9; 1ª Tm 4.10; 2ª Pd 3.9; 1Jo 1.9 – 2.2; 4.14).
3. As cores da cortina de entrada: diversos tipos (Êx 27.16). Azul, púrpura, carmesim e branco eram as cores da cortina de entrada ao Pátio. Nas Sagradas Escrituras, as cores sempre simbolizaram aspectos importantes da fé. Muitas igrejas de tradições cristãs distintas (como as episcopais, as reformadas e, até mesmo, algumas pentecostais) observam o que se convencionou chamar de Calendário Litúrgico. Nele, os dias comemorativos são inspirados por cores. Essa prática está ancorada nas comemorações litúrgicas do povo de Deus do Antigo Testamento.
Nesse aspecto, podemos destacar, por
exemplo, que o azul lembra o céu. A púrpura lembra a ideia de realeza. O
carmesim lembra a ideia de humilhação e sofrimento. O branco lembra a ideia de
justiça, perfeição (Rm 5.18). O Senhor Jesus remonta essas cores: Ele veio e
foi para o céu, Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, Ele é justo e
perfeito, e foi humilhado e moído pelos nossos pecados (Is 42.1; Fp 2.5-9).
CONCLUSÃO. Assim como todos os compartimentos do Tabernáculo, o pátio representava verdades espirituais que apontavam para Cristo e a sua obra, n’Ele a justiça divina foi saciada, podendo então nos conduzir à presença do Pai celestial.
Nesta lição, estudamos a centralidade de Deus em nossa vida por meio da posição do Tabernáculo. Fomos estimulados a termos uma base e segurança espiritual por meio da construção do Pátio do Tabernáculo. E concluímos que o Senhor é o único meio de acesso a Deus através da imagem da porta do pátio. Portanto, sejamos conscientes de que Jesus Cristo se revelou ao seu povo como o único caminho para o pecador alcançar a salvação. Ele é o único caminho que conduz ao Céu!
O ALTAR DO
HOLOCAUSTO
Êxodo 27.1,2,6,7 “Farás também o altar de
madeira de cetim; cinco côvados será o comprimento, e cinco côvados, a largura
(será quadrado o altar), e três côvados, a sua altura. 2- E farás as suas
pontas nos seus quatro cantos; as suas pontas serão uma só peça com o mesmo, e
o cobrirás de cobre. 6- Farás também varais para o altar, varais de madeira de
cetim, e os cobrirás de cobre. 7- E os varais se meterão nas argolas, de
maneira que os varais estejam de ambos os lados do altar quando for levado.”
INTRODUÇÃO. Qual era o caminho que o pecador percorria para ter seus pecados perdoados? Ao estudarmos o Altar dos Holocaustos e o rito de lavagem dos corpos dos sacerdotes na pia de bronze, aprenderemos como alguns símbolos apontavam, com impressionante precisão, para a completude da obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nessa perspectiva, estudaremos o Altar dos Holocaustos, enfatizaremos relação simbólica das suas quatro pontas com a redenção provida pelo sacrifício vicário e, por último, como o Altar dos Holocaustos revela uma imagem do Calvário para nós. Que o Espírito Santo fale ao seu coração!
Quando se adentrava no pátio do tabernáculo, o primeiro móvel que o ofertante se deparava era o “altar de bronze” também chamado de “altar do holocausto”. Nesta lição falaremos um pouco deste móvel e de suas características; veremos que o este importante utensílio e o holocausto nele oferecido, prefiguram o sacrifício perfeito e definitivo de Cristo Jesus no Calvário por todos os homens.
I. O ALTAR DO TABERNÁCULO
A palavra “altar” literalmente significa “levantado”, “alto” ou “subindo”, visto que era uma elevação acima da terra. O Antigo Testamento mostra que muitos dos patriarcas ergueram altares para sacrificar ao Senhor (Gn 8.20; 12.7; 26.25; 35.1). No entanto, com a institucionalização do culto levítico, um altar foi construído para que nele se fizessem os sacrifícios a Deus, por meio do sacerdote.
1. Material. Muitos altares eram feitos de rocha natural, ou eram montes de terra ou rochas escavadas (Êx 20.24; 1º Rs 18.32). No entanto, esse altar do tabernáculo era feito de madeira de acácia (cetim) e era coberto de bronze (cobre) segundo algumas versões da Bíblia (Êx 27.1-8). Daí porque ele era chamado de “altar de bronze” (Êx 38.30; 39.39). No Tabernáculo, o bronze se destaca particularmente nos elementos do pátio externo (Êx 26.11,37; 27.10; 30.18). Esse bronze, sem dúvida, foi obtido através das ofertas trazidas diante do Senhor para edificar o Tabernáculo (Êx 25.3; 35.5,16).
2.
Medidas e formato.
O altar de bronze era a maior peça do tabernáculo. O relato bíblico diz que ele
media “cinco côvados de comprimento” e “cinco côvados de largura”,
aproximadamente (2,5 m x 2,5 m), e “três côvados de altura” (1,5 m). Seu
formato era “quadrado” (Êx 27.1). Ele possuía chifres que se projetavam nas
pontas, bem como argolas e varas para ser transportado (Êx 27.2,6,7). Contava
com uma armação gradeada de metal (Êx 27.4,5).
O altar de bronze era provavelmente
colocado sobre um monte de terra ou pedras e o fogo era ateado em cima. Os
chifres que havia em cada canto do altar, tinham um significado especial, eram
adornos funcionais, pois era ali que os animais sacrificados ficavam amarrados
(Sl 118.27).
3. Utensílios. Junto com o altar do holocausto também foram fabricados utensílios que auxiliavam o sacerdote nos sacrifícios e na manutenção deste móvel e todos eram igualmente feitos de cobre (Êx 27.3).
3.1.
Recipientes:
Para recolher as cinzas – usados para retirar as cinzas do holocausto e limpar
o altar (Lv 6.10,11).
a.
Pás.
Usadas para apanhar as cinzas e lidar com o fogo.
b.
Bacias.
Ou tigelas, usadas para derramar e aspergir o sangue no altar (Êx 24.6).
c.
Garfos.
Usados para distribuir os sacrifícios sobre o altar. O sacrifício deveria estar
em ordem para ser perfeitamente consumido (1º Sm 2.13);
d.
Braseiros.
Ou incensários, usados para levar as brasas do altar de bronze para o altar de
ouro (Lv 16.12).
4. Finalidade. Esse móvel também é chamado de “altar do holocausto” (Êx 30.28; 31.9; 35.16; 38.1; 40.6). Isso fala de sua principal finalidade: oferecer nele sacrifícios, sendo o principal deles o holocausto (Lv 1-5).
A palavra hebraica traduzida como
holocausto é: “olah”, e significa
literalmente: “aquilo que vai para cima”, uma alusão ao sacrifício que quando
queimado seu aroma subia como cheiro suave ao Senhor (Lv 1.9-b).
A oferta do holocausto, também chamada de “oferta
queimada” (Lv 1.9), era “inteiramente consumida” sobre o altar (Lv 6.9), com
exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida
(Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr 29.20,21),
em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5) e, em
diversos ritos de purificação (Lv 12.6- 8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24). Era o
único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era
oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o sacrifício
“tãmíd”, ou seja, “perpétuo”,
“contínuo” (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 –
acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto,
animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10;
22.19-21).
5. Localização. Quando se adentrava ao átrio do tabernáculo o primeiro móvel que se via era o altar do holocausto. Por isso ele é chamado de “o altar que está diante da porta da tenda da congregação” (Lv 1.5). A localização deste altar mostra-nos quão importante era o sacrifício a fim de que a pessoa pudesse acertar o seu relacionamento com Deus: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Ele era o móvel que lembrava da constante da necessidade de expiação e arrependimento, por parte do ofertante.
II. AS QUATRO PONTAS (CHIFRES) DO ALTAR E O SENTIDO DE REDENÇÃO
O Antigo Testamento apresenta uma
linguagem que prefigura coisas e experiências presentes no Novo Testamento. De
modo geral, a imagem das quatro pontas do Altar dos Holocaustos apresenta-se
nessa perspectiva quando analisamos o sentido de redenção contido nelas.
1. As Quatro Pontas e a Propiciação. O ato de fazer a propiciação, segundo o Dicionário Houaiss, implica “tentar obter de alguém sua boa vontade, torná-lo favorável, aplacar a sua ira com sacrifícios”. Nas Escrituras, o sangue do sacrifício era de um animal inocente. Quando o sacerdote imolava o animal e retirava-lhe o sangue no altar de quatro pontas e, com esse gesto, apresentava a oferta pelos pecados do povo. Isso é uma propiciação, ou seja, um modo de readquirir o favor de Deus.
O evento era uma ação para apaziguar a ira
de Deus, a fim de que a sua justiça e a santidade fossem satisfeitas e
proporcionassem um perdão eficaz ao pecador.
As quatro pontas do altar do holocausto
rememoram a morte de Cristo como propiciação provida por Deus para cobrir o
nosso pecado e manifestar a justiça divina. O Senhor tomou sobre si o nosso
pecado, revelando-nos o ato gracioso do Pai (Rm 3.24-26; 1ª Jo 2.2).
2. As Quatro Pontas e a Substituição. Levítico 16 diz muito acerca do sentido de “substituição”. Ele narra que o sumo sacerdote Arão colocava as mãos sobre a cabeça do animal para sacrificá-lo. Esse animal devia ser um macho sem defeito. Posteriormente, o sumo sacerdote confessava os pecados e as faltas do pecador arrependido a partir da oferta apresentada no altar dos holocaustos com as quatro pontas. Logo, a oferta tomava o lugar do pecador. Foi exatamente assim que Jesus levou sobre si a nossa culpa, oferecendo-se na cruz em nosso lugar (Is 53.4-6; Jo 1.29; 1ª Pe 2.24). Na pessoa de Jesus Cristo, a nossa pena foi cumprida plenamente (1ª Co 5.7).
3. As Quatro Pontas e a Reconciliação. O Altar era o lugar-símbolo da reconciliação de Deus com o povo de Israel. Ali, uma vítima inocente era completamente queimada e consumida, restando apenas o sangue colocado numa pequena pia e encaminhado ao Lugar Santíssimo, o qual, depois, era aspergido sobre o propiciatório (Êx 29.11-14; Lv 4.12,16-21; 16.14-19,27). Esse rito nos leva à cruz como o único lugar onde Deus se encontra com o pecador, a fim de perdoá-lo e reconciliá-lo mediante o sangue da expiação (Hb 9.12; Rm 5.10,11; 2ª Co 5.18,19). Na cruz, o Cordeiro Inocente pagou a dívida do culpado e, por isso, podemos dizer: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2ª Co 5.19).
4. As Quatro Pontas e a Redenção. A ideia que a palavra nos dá é a da libertação da prisão do pecado. Logo, Redenção é o pagamento de um preço pelo resgate de uma pessoa. O preço: a morte de Cristo na cruz (Mt 20.28; At 20.28; Gl 3.13; 1ª Tm 2.5,6; 1ª Pe 1.18,19). Aqui, é importante ressaltar que o termo “redimir” aparece, na língua grega, com o significado de “comprar e tirar fora do mercado” (uma expressão retirada do comércio de escravos), ou seja, “resgatar” de uma vez por todas a pessoa da escravidão. Foi isso que Jesus fez por nós quando nos libertou da escravidão do pecado (Rm 6.22).
III. O ALTAR SIMBOLIZA A CRUZ DE CRISTO
Os altares antigos eram costumeiramente feitos de pedras e coberto de madeira para que a vítima sobre ela sacrificada, pudesse ser depois queimada sobre a lenha. No monte Calvário que é uma rocha, um lugar alto, Cristo foi crucificado sobre o madeiro. Logo há um paralelismo entre o altar e a cruz.
1. Lugar de sacrifício. O altar de bronze era o altar dos sacrifícios. Nele todos os sacrifícios eram realizados (Lv 1-5).
Esse altar prefigura a cruz, visto que foi
o lugar onde Jesus foi sacrificado (Jo 19.17; Fp 2.8).
2. Lugar do juízo e da justiça de Deus. Era sobre o altar que o pecado encontrava o julgamento. O transgressor trazia para ele o animal que deveria ser morto pelo pecado do ofertante (Lv 1.4). Foi na cruz onde Jesus foi morto pelo nosso pecado (Is 53.4,5; Rm 5.6,8; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.15; 18-21).
3. Lugar de substituição. O altar do holocausto também era o altar da substituição, pois nele o pecador era substituído pela oferta: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Foi na cruz, onde Cristo levou o nosso pecado (Gl 3.13; 1ª Pd 2.24).
IV. O SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO PREFIGURA O SACRIFÍCIO DE CRISTO
Os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefiguram o sacrifício de Cristo. A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o holocausto aponta para a pessoa de Cristo Jesus:
SIMILARIDADES DO HOLOCAUSTO QUE APONTAM PARA CRISTO
1. O animal tinha que ser macho (Lv 1.3,10,14). Cristo se fez homem (Jo 9.11; 19.5; At 2.22; 1ª Tm 2.5).
2. O animal tinha que ser sem defeito (Lv 1.3,10). Cristo não teve pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 7.26; 1ª Pd 2.22).
3. O ritual do adorador no sacrifício. O adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado, gesto que simbolizava a transferência de algo para o sacrifício, no caso o pecado (Lv 1.4). Os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários por todos os homens, pois Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi “imputada” e a punição que mereciam foi transferida para Ele (Mt 20.28; Jo 11.50; Rm 5.6-8; 2ª Co 5.14,15,21; Gl 2.20; 3.13; 1ª Tm 2.6; Hb 9.28; 1ª Pd 2.24).
4. O pecador degolava o animal que morria em seu lugar (Lv 1.5,11). Cristo foi morto pelos nossos pecados (Rm 4.25; 1ª Co 15.3; Gl 1.4).
5. O holocausto contemplava o rico e o pobre (Lv 1.3,10,14). O sacrifício de Cristo proporciona salvação a todos os homens indistintamente (Jo 3.16; Tt 2.11; 1ª Jo 2.2; Ap 5.9).
V. O SACRIFÍCIO DE CRISTO É SUPERIOR AO SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO
Embora os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefigurem o sacrifício de Cristo, eles não eram permanentes porque não podiam satisfazer completamente a justiça divina e a necessidade humana. Logo, o sacrifício de Cristo foi necessário e é superior ao holocausto. Vejamos:
VI. O HOLOCAUSTO CRISTO JESUS
1. Um animal era sacrificado pelo pecador (Lv 1.4-a). O próprio Filho de Deus foi sacrificado pelo pecador (1ª Pd 3.18; 1ª Jo 2.2; 4.10).
2. O sangue do animal cobria o pecado (Lv 1.4-b). O sangue de Cristo nos purifica do pecado (Jo 1.29; 1ª Co 6.11; Hb 1.3; 1ª Jo 3.5; Ap 1.5).
3. O sacrifício era feito em prol de alguns de pecados, não todos (Lv 4.2). O sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado (Tt 2.14; 1ª Jo 1.7,9).
4. O sacrifício era repetitivo (Lv 6.9-13). O sacrifício de Cristo foi definitivo (Hb 9.26; 10.10).
5. O animal era trazido contra a própria vontade (Hb 9.25). Cristo ofereceu-se voluntariamente (Jo 10.17,18)
CONCLUSÃO. Hoje aprendemos que o pecador precisava, no Antigo Testamento, passar pelo “altar de sacrifícios” para que fosse aceito diante de Deus. Mas vimos também que Cristo é a oferta suficiente e eficaz para a expiação completa de nossa culpa. Em Cristo, somos redimidos!
Deus não somente anunciou a vinda do
Messias, por meio de palavras, como através do altar de bronze em que o holocausto
era oferecido pelo pecador no tabernáculo ele preparou a nação de Israel para o
sacrifício definitivo que seria feito por meio de Cristo Jesus e que de uma vez
por todas (Jo 1.29; Hb 9.26). Portanto, prestemos ao Senhor um verdadeiro
sacrifício de louvor!
A PIA DE BRONZE LUGAR DE PURIFICAÇÃO
LEITURA
BÍBLICA
Êxodo 30.18-21 “Farás também uma
pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da
congregação e o altar e deitarás água nela. 19- E Arão e seus filhos nela
lavarão as suas mãos e os seus pés. 20- Quando entrarem na tenda da
congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem
ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor. 21- Lavarão,
pois, as mãos e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto
perpétuo, a ele e à sua semente nas suas gerações.”
Êxodo 40.30-32 “Pôs também a pia entre a tenda da congregação e o altar e derramou água nela, para lavar. 31- E Moisés, e Arão, e seus filhos, lavaram nela as mãos e os pés. 32- Quando entravam na tenda da congregação e quando chegavam ao altar, lavaram-se, como o Senhor ordenara a Moisés.”
1 Coríntios 6.11 “E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.”
Efésios 5.26 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 27 - para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.”
INTRODUÇÃO. O nosso presente estudo é sobre a Pia de Bronze. Continuamos a avançar no Tabernáculo. Assim, veremos o simbolismo da limpeza e da pureza que a Pia de Bronze apresenta; estudaremos os dois aspectos do rito de lavagem presentes na função dos sacerdotes; e, finalmente, seremos chamados à responsabilidade acerca da necessidade e urgência de vivermos uma vida santa e irrepreensível diante de Deus e dos homens.
Sobre a “pia de bronze” e veremos seu
material, seu propósito, seu modelo e sua localização.
Pontuaremos algumas lições que aprendemos
com ela; relacionaremos a tipologia da bacia de bronze, bem como a tipologia da
água purificadora que os sacerdotes usavam.
I. INFORMAÇÕES SOBRE A PIA DE BRONZE
1. Material. A palavra hebraica “kiyor” significa: “bacia; pote ou tacho”. O dicionário bíblico apresenta para esta bacia a seguinte definição: “Um utensílio do Tabernáculo de Moisés para os sacerdotes se lavarem”. A pia foi feita com o bronze dos espelhos das mulheres que os entregaram como oferta ao Senhor (Êx 38.8). Nesta peça da mobília do tabernáculo não havia madeira; a bacia deveria ser de bronze maciço, ou seja, confeccionada totalmente de “cobre” (bronze) do hebraico “neroshet” (Êx 30.18-a). No pátio as colunas eram de bronze, os ganchos (colchetes) eram de bronze, as estacas eram de bronze, o altar de sacrifício era revestido de bronze e a pia, da mesma forma, era feita de bronze [CONNER, 2004, p. 127].
2. Propósito. A pia de bronze tinha uma dupla função que era de fornecer água para a limpeza dos sacerdotes através lavagem cerimonial (Êx 40.11-16), e servia também para relembrar a santidade de Deus quando o sacerdote olhasse para o reflexo do “espelho” e lê-se o que estava na lâmina em sua testa: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36-38). A pia de bronze era um grande tacho ou lavatório com a água necessária para limpar as mãos e os pés dos sacerdotes antes e depois de ministrarem (Êx 30.18-21). As outras peças da mobília do tabernáculo eram usadas particularmente com referência a Deus, mas a bacia era usada especificamente para os homens representados pelos sacerdotes [CONNER, 2004, p. 127].
3. Modelo. A Bíblia não explica o seu formato, tamanho, ornamentação ou transporte. Não há medidas específicas registradas e a única coisa mencionada é que tinha uma base (Êx 31.9). Ela é descrita como um utensílio de bronze contendo água. A pia de bronze provavelmente formava um conjunto dividido em duas partes, pois as referências mencionam “uma pia de bronze com uma base de bronze” (Êx 30.18). A base do hebraico “ken” significa literalmente: “pedestal” ou “suporte” (Lv 8.11) [CONNER, 2004, p. 127].
4 Localização. A pia de bronze ficava localizada no átrio ou pátio do tabernáculo, entre a tenda da congregação e o altar do holocausto (Êx 30.18-b; Êx 40.7,30). Foi aspergida com sangue e ungida com azeite (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Não temos nenhuma informação de como ela era transportada pelo deserto, seja por varas ou barras. Nas coberturas que deveriam ser usadas para proteger os objetos do tabernáculo não há nenhuma menção da bacia de bronze (Nm 4.1-15). Ela foi o último móvel colocado no lugar antes que se erguesse o átrio (Êx 40.1-8).
II. A PIA DE BRONZE: A IMPORTÂNCIA DA SANTIDADE
Na pia os sacerdotes lavavam suas mãos e pés antes de executarem seus deveres sacerdotais. Mãos limpas fala de trabalho honesto; pés limpos fala de um viver e um agir íntegros (Sl 24.4; Ef 5.26,27; Hb 10.22).
1. A pia de bronze e a água (Êx 30.18,19). Deus ordenou a Moisés que fizesse uma pia de bronze. O objetivo era que antes de entrar ou sair do Tabernáculo, Arão e seus filhos lavassem as mãos e os pés. O ofício de apresentar holocaustos ao Senhor era Santo. Não é possível apresentar-se diante de Deus de maneira a não reconhecer sua santidade e justiça. Oferecer um sacrifício a Deus é prestar-lhe um culto santo e reverente. Não podemos perder o senso de piedade e reverência diante de Deus. Por isso, nossos cultos, bem como nossas vidas, devem refletir a santidade de Deus (1ª Pe 1.15,16).
2. A necessidade de purificação diária. Os sacerdotes deveriam ter uma conduta pura e reta diante do Senhor. Se essas purificações não ocorressem, por ignorância ou negligência do sacerdote, o juízo cairia sobre ele (Êx 30.20). Até os animais oferecidos deveriam ser cerimonialmente lavados na água como o sacerdote (Lv 1.9). Somos sacerdotes junto ao Senhor, mas também somos o sacrifício. Devemos apresentar nossos corpos como sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus (Rm 12.1,2; 1ª Pd 2.5-9; Ap 1.5,6; 5.9,10; At 15.9; 1ª Ts 4.7). Ficar apenas observando a água não nos tornará limpos. A água tem que ser usada para que nos tornemos limpos. Apenas ler a Palavra ou meditar sobre uma verdade dela não é suficiente. A verdade deve ser aplicada, vivenciada e praticada em nossas vidas diariamente para ter poder purificador.
Ao entrarem no Tabernáculo, os sacerdotes
deveriam se lavar “para não morrer”. Fosse para ministrar, fosse para acender a
oferta no altar, eles deveriam lavar-se antes. Há que se destacar a expressão
“para não morrer”. O ato colocava em risco a vida dos sacerdotes. Apresentar-se
diante de Deus sem atentar para a exigência da purificação poderia custar-lhes
a vida. Hoje, nós, os obreiros de Cristo, devemos pautar nossas vidas na obra,
exercitando-nos na piedade e na santidade. Somos santos porque fomos chamados
por um Deus Santo. Somos chamados para ser um modelo de santidade. Não nos
esqueçamos: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor” (Hb 12.14).
3. Os sacerdotes e a santidade (Êx 30.20). O versículo 21 traz-nos a ideia de um pacto perpétuo a respeito do rito de lavagem da purificação. Esse rito seria um estatuto perpétuo para os sacerdotes. Disso dependeria a vida deles. Viver a vida de maneira santa, separada, única e exclusivamente para Deus é a vocação de todo obreiro chamado para a sua obra. Santidade ao Senhor gera espiritualidade profunda. Santidade ao Senhor gera uma vida de compromisso com Deus. Santidade gera vida no altar de Deus!
4. A necessidade de purificação das mãos (o que fazemos). Mãos limpas representavam sua função diante do Senhor. Eles deveriam levantar mãos santas (Sl 24.3,4;1ª Tm 2.1,8; Tg 4.8 e Is 1.16). Os sacerdotes não podiam entrar no Santuário para exercer qualquer serviço diante do Senhor enquanto não tivessem passado pela bacia. Eles não podiam servir junto à mesa do Senhor, ou no altar do incenso ou no candelabro, pois todos se encontravam no Lugar Santo (Sl 119.9; 1ª Pd 1.22; Hb 10.22).
Além disso, não lhes era permitido
ministrar no altar de bronze ou no pátio, a menos que primeiro se lavassem.
Todos aqueles que transportavam os utensílios do Senhor deveriam estar limpos
(Is 52.11). Tão séria era qualquer violação desta ordem divina que eles seriam
mortos se não agissem desta forma (Êx 30.21). Quantas “mortes espirituais”
acontecem hoje porque alguns falham ao se preparar para entrar no santuário,
deixando de passar pela bacia, antes de entrar para adorar: “Por causa disso,
há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que morrem” (1ª Co 11.30).
5. A necessidade de purificação dos pés (por onde andamos). Pés limpos indicavam o modo como os sacerdotes viviam na presença de Deus (Hb 12.13; Ef 4.1-3; Jo 13.1-8). Somos chamados para ser sacerdotes do Senhor em uma casa espiritual (1ª Pd 2.5). Mas precisamos estar certos de que estamos limpos para carregar os utensílios do Senhor, e precisamos continuamente da limpeza sacerdotal para poder servir em seu santuário (igreja) andando em santidade como Ele andou (1ª Pd 2.21; 1ª Jo 2.6).
III. A PIA DE BRONZE - LUGAR DE LIMPEZA E PUREZA
1. A Pia de Bronze (cobre) entre o Altar do Holocausto e o Tabernáculo. O termo hebraico para “pia” é kyyor, que significa “lugar de se lavar”. Era uma bacia redonda. É assim que a imagem da Pia de Bronze é geralmente apresentada nas ilustrações. Para entrar no santuário do Tabernáculo, após ministrar no Altar dos Holocaustos, o sacerdote lavava-se na Pia de Bronze com água limpíssima. Ora, o nosso pecado foi expiado por Cristo no Calvário, o que significa que toda a nossa sujeira foi limpa para a glória de Deus. Fomos "lavados" pelo "sangue remidor" de Jesus (1ª Co 6.11).
No dia a dia, encontramo-nos vulneráveis
às imundícias das obras da carne. Entretanto, temos um recurso divino, que nos
purifica e santifica, prefigurado pela Palavra de Deus (cf. 1ª Jo 1.7,8,10). O
sangue de Jesus quitou a nossa culpa, cuja natureza humana estava condenada a
se curvar sempre diante das tentações e do pecado (Rm 3.24,25; Ef 1.7). Assim,
a Palavra de Deus é o espelho que reflete a nossa nova natureza e as obras que
devemos praticar com a ajuda do Espírito Santo.
2. A lavagem na Bacia de Bronze. A Pia era de bronze polido, fabricado com o espelho das mulheres (Êx 38.8). Assim, exposta à luz do sol, a partir da água limpíssima, toda impureza era revelada no interior da bacia. À semelhança dessa figura, a obra regeneradora do Espírito Santo nos torna completamente limpos das sujeiras do pecado (2ª Co 5. 17; Ef 5.26).
Outro ponto que devemos destacar é a
consciência de pureza que os sacerdotes deveriam ter para estar na presença de
Deus, pois quando se lavavam, as sujeiras desapareciam de seus corpos. Sabiam
que, doutra forma, não poderiam celebrar no interior do Tabernáculo. Só a
Palavra de Deus é eficaz para revelar o pecado do nosso coração, expô-lo e
removê-lo. A imagem dessa bacia nos rememora à santidade de Deus e a
necessidade de se buscar uma vida de retidão, tanto na área espiritual quanto
na moral. Somos de Deus, ovelhas de seu rebanho.
3. A Pia de Bronze e o caráter de juízo. No Altar dos Holocaustos, o juízo sobre o pecador era aplicado na oferta do sacrifício, cobrindo o seu pecado. Nesse sentido, as águas da pia cumpriam uma função de limpeza dos sacerdotes que passaram por aquele processo. De igual modo, nosso Senhor tomou sobre si o juízo que merecíamos, morrendo vicariamente por nós (2ª Co 5.21; Gl 1.4). Nesse aspecto, à semelhança das águas purificadoras, a Palavra de Deus tem o poder de limpar e disciplinar nossa vida (Hb 4.12,13). Embora nossos pecados tenham sido expiados (Hb 10.17), ainda temos de nos chegar a Deus, continuamente, para sermos limpos de tudo o que desagrada-o: pensamentos, palavras e obras. Infelizmente, acidentes ocorrem no caminho da jornada cristã, e precisamos nos quebrantar na presença de Deus. Busquemos a santidade em Jesus Cristo.
IV. A TIPOLOGIA DA PIA
A lavagem com água era a forma provisória e repetitiva, providenciada pelo Senhor pela qual os sacerdotes eram submetidos a purificação ritual e assim pudessem ministrar em sua presença. Podemos afirmar que a pia de bronze é um símbolo da dupla atuação da Palavra de Deus.
1. A Palavra revela o pecado. A bacia foi feita com o espelho das mulheres e refletia o rosto do sacerdote (Êx 38.8). Se os sacerdotes entrassem no Lugar Santo sem passar pela bacia de bronze, eles seriam julgados por Deus ao entrar: “Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram” (Êx 30.20-b). Esta relação entre o bronze dos espelhos das mulheres e o bronze da bacia é bastante significativa, pois a função do espelho é refletir a imagem colocada diante dele. A figura ou símbolo do espelho é usada por Tiago quando diz: “Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho” (Tg 1.23). A Palavra de Deus é um espelho que nos permite enxergar de modo claro e verdadeiro como nós realmente somos, e como Deus nos vê. Mas, ela também nos dá uma visão do que podemos nos tornar através de Cristo. À medida que contemplamos a Palavra de Deus, percebemos nossa necessidade de limpeza. A Palavra revela toda a sujeira que precisa ser removida. Jó viu a si mesmo como realmente era e isso causou-lhe repugnância (Jó 42.5,6); Isaías percebeu quem ele realmente era diante do Senhor (Is 6.5); e, Pedro enxergou sua natureza pecadora diante de Jesus (Lc 5.8) (CONNER, 2004, pp. 129,130).
2. A Palavra purifica o pecado. A pia de bronze continha água que servia como agente purificador sendo uma clara alusão ao efeito da Palavra no ser humano (Ef 5.26). A função da bacia aponta para o ministério da Palavra de Deus em nossas vidas. O Espírito Santo, que é um Espírito de julgamento e de fogo, usa a Palavra de Deus para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo (Is 4.4; Jo 16.6-12). Jesus Cristo, a Palavra que se tornou carne, recebeu autoridade para exercer juízo contra o pecado (Jo 5.27). A bacia representa este juízo sobre o pecado operando através da Palavra de Deus. Ela representa a purificação que vem quando a Palavra expõe áreas de nossas vidas que não estão em conformidade com os padrões de Deus. Isso fala da limpeza da água pela Palavra (Ef 5.26). A Palavra age como um espelho (Tg 1.23-25) para nos dar um verdadeiro reflexo do que somos diante de Deus, mas ao mesmo tempo é a água que reflete nossa imagem e nos torna limpos (Pv 27.19; Ef 5.26). Quando nos tornamos limpos pela Palavra, contemplamos como por um “espelho” a glória do Senhor (2ª Co 3.18) [CONNER, 2004, pp. 128].
V. A TIPOLOGIA DA ÁGUA
A entrada na presença de Deus exigia pureza moral e cerimonial. A provisão de um ritual de purificação pelo Senhor, consagrou Arão e seus descendentes ao serviço, mas não os livrou de seus pecados. Pelo contrário, a necessidade de se lavarem continuamente enfatizava sua impureza.
1. A água da purificação. No altar de bronze o homem recebia provisoriamente e parcialmente a justificação de seus pecados através do sacrifício do animal que prefigurava o sacrifício pleno de Jesus na cruz, e na bacia de bronze ele recebia a purificação através da lavagem com a água que isso também apontava tipologicamente para Cristo. O significado espiritual do sangue do animal e da água da pia de bronze pode ser visto no NT onde esses dois agentes de purificação (o sangue e a água) se encontram no sacrifício de Jesus: “Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo: não somente por água, mas por água e sangue” (1ª Jo 5.6). Quando Cristo morreu na cruz, e sangue e água fluíram de seu lado (Jo 19.34), Ele cumpriu e aboliu a necessidade do sangue do sacrifício e da água da lavagem. Tudo aquilo que o sangue de animais no altar do holocausto e as águas cerimoniais na pia de bronze representavam convergiu para o sacrifício perfeito e completo de Cristo. O sangue derramado é o antítipo de todo sangue de animal derramado sob a aliança mosaica. A água que fluiu do lado perfurado de Cristo cumpriu tudo que as lavagens cerimoniais da antiga aliança representavam [CONNER, 2004, p. 130].
2. A água na regeneração. Jesus nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo: “Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5). A regeneração e a renovação correspondem ao novo nascimento (ou nascer do alto). Esta é a lavagem inicial, uma limpeza, uma purificação em relação à antiga maneira de viver (At 15.9; 1ª Ts 4.7; 2ª Co 5.17). É isso que nos transforma em novas criaturas. Paulo disse: “Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (1ª Co 6.11). Jesus falou que quem já se banhou está limpo (Jo 13.10). Tudo isso se refere à limpeza da regeneração que acontece na vida do crente.
“A regeneração é a ação decisiva e
instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza
interior. O substantivo grego (palingenesia)
traduzido por ‘regeneração' aparece apenas duas no Novo Testamento. Mateus
19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 se refere
à renovação espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista
a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever
o que acontece. O Senhor ‘tirará da sua carne o coração de pedra e lhes dará um
coração de carne (Ez 11.9). Deus diz: ‘Espalharei água pura sobre vós, e
ficareis purificados... E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um
espírito novo... E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos
meus estatutos' (Ez 36.25-27). Deus colocará a sua lei ‘no seu interior e a
escreverá no seu coração' (Jr 31.33). Ele ‘circuncidará o teu coração... para
amares ao Senhor' (Dt 30.6)” [HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática:
Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 371].
3. A água na santificação. Moisés lavou inteiramente Arão e seus filhos na limpeza inicial e dali em diante os sacerdotes deveriam manter essa limpeza usando a bacia nas lavagens diárias de suas mãos e pés (Êx 29.4; 40.12). Jesus ministrou o batismo da regeneração, mas é nossa responsabilidade pessoal manter a limpeza diária de nossas mãos e pés (1ª Pd 1.22; 2ª Co 7.1; Ef 5.26; 1ª Co 6.11). Paulo nos exorta: “Purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2ª Co 7.1). O escritor aos hebreus diz que devemos nos aproximar de Deus tendo: “os nossos corpos lavados com água pura” (Hb 10.20-22). A bacia deveria ser aspergida com sangue, ungida com azeite e conter a água para a purificação dos sacerdotes (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Assim, a água purificadora da Palavra vem a nós através do sangue de Jesus e pelo Espírito que é o “azeite” de Deus em nós. Precisam os que nossos corações sejam aspergidos com sangue; ser lavados pela água da Palavra, e sermos ungido do santo azeite da unção do Espírito Santo.
VI. DOIS ASPECTOS DO RITO DE LAVAGEM DOS SACERDOTES
1. A lavagem completa. Essa lavagem era mais do que simplesmente lavar mãos e pés. Significava uma “obra regeneradora”, que implicava o primeiro passo para a consagração sacerdotal. Hoje, é inaceitável que um ministro queira servir na Casa de Deus sem ter passado pela obra da regeneração (Jo 13.10). É preciso que os obreiros do Senhor tenham experimentado uma “limpeza completa” da alma e da mente. É preciso nascer da Palavra e do Espírito (Jo 3.5,7; Jo 15.3; Tt 3.5; 1ª Pe 1.23).
2. A lavagem progressiva e constante. No dia a dia sacerdotal, a limpeza exigida para ministrar no Lugar Santo era apenas das mãos e dos pés (Êx 30.19). Mas, de acordo com a doutrina do Novo Testamento, o “lavar-se”, aqui, destaca o ato do Espírito que opera em nós a santificação (Ef 5.26; 2ª Co 7.1). Nesse sentido, a consagração dos sacerdotes dava-se nos termos do compromisso de uma vida santificada. Esse mesmo compromisso é que deve permear a vida do obreiro, que se acha vocacionado para realizar a obra do Senhor.
3. Recapitulando verdades importantes. À luz de tudo quanto temos estudado até aqui, devemos assimilar algumas lições apreendias até o presente momento:
3.1. Sobre o sangue de Jesus. O sangue de Jesus Cristo nos livrou da pena do pecado (Mt 20.28; 26.28; 1ª Pe 4.17).
3.2.
Sobre a Palavra.
A Palavra de Deus revela quem somos (Tg 1.22-24).
3.3. Sobre a limpeza espiritual. Uma vida irrepreensível é prioritária e absolutamente necessária (Jo 15.3).
CONCLUSÃO. Aprendemos nesta lição que a água fala de pureza e santificação, e é símbolo da ação purificadora da Palavra de Deus (Jo 15.3; 17.17; Ef 5.26,27) e do Espírito Santo (Tt 3.4-6; 1Co 6.11) em nossos corações (Hb 10.22; 1Pd 1.22,23). Pode simbolizar também a purificação pelo sangue de Jesus (1ª Jo 1.7), uma vez que o sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado.
AS CORTINAS DO TABERNÁCULO
LEITURA
BÍBLICA
Êxodo 26.1-14 “E o tabernáculo
farás de dez cortinas de linho fino torcido, e pano azul, e púrpura, e
carmesim; com querubins as farás de obra esmerada. 2- O comprimento de uma
cortina será de vinte e oito côvados, e a largura de uma cortina, de quatro
côvados; todas estas cortinas serão de uma medida. 3- Cinco cortinas se
enlaçarão uma à outra; e as outras cinco cortinas se enlaçarão uma com a outra.
4- E farás laçadas de pano azul na ponta de uma cortina, na extremidade, na
juntura; assim também farás na ponta da extremidade da outra cortina, na
segunda juntura. 5- Cinquenta laçadas farás numa cortina e outras cinquenta
laçadas farás na extremidade da cortina que está na segunda juntura; as laçadas
estarão travadas uma com a outra. 6- Farás também cinquenta colchetes de ouro e
ajuntarás com estes colchetes as cortinas, uma com a outra, e será um
tabernáculo. 7- Farás também cortinas de pelos de cabras por tenda sobre o
tabernáculo; de onze cortinas a farás. 8- O comprimento de uma cortina será de
trinta côvados, e a largura da mesma cortina, de quatro côvados; estas onze
cortinas serão de uma medida. 9- E ajuntarás cinco destas cortinas por si e as
outras seis cortinas também por si: e dobrarás a sexta cortina diante da tenda.
10- E farás cinquenta laçadas na borda de uma cortina, na extremidade, na
juntura, e outras cinquenta laçadas na borda da outra cortina, na segunda
juntura. 11- Farás também cinquenta colchetes de cobre e meterás os colchetes
nas laçadas; e, assim, ajuntarás a tenda para que seja uma. 12- E o resto que
sobejar das cortinas da tenda, a metade da cortina que sobejar, penderá sobre
as costas do tabernáculo. 13- E um côvado de um lado e outro côvado de outro,
que sobejará no comprimento das cortinas da tenda, penderá de sobejo aos lados
do tabernáculo de um e de outro lado, para cobri-lo. 14- Farás também à tenda
uma coberta de peles de carneiro tintas de vermelho e outra coberta de peles de
texugo em cima.”
INTRODUÇÃO. As cortinas do Tabernáculo têm muito a dizer-nos acerca da maravilhosa obra redentora de Cristo. Pelas suas estruturas, simbologia e cores, veremos como esse utensílio importante do Tabernáculo se fez figura e estímulo para adentrarmos à presença de Deus de maneira confiante e ousada.
I. AS CORTINAS DO TABERNÁCULO
1. Definição. A expressão cortina é a tradução do termo hebraico: “yerŷah” que significa: “tecido, cortina, véu, suspenso, dependurado”. Essa palavra ocorre cerca cinquenta e três vezes (Êx 26.1-13; 36.8-17; Nm 4.25; 2º Sm 7.2; 1º Cr 17.1; Sl 104.2; Is 54.2; Jr 4.20; etc.), sendo a maior parte dessas ocorrências em Êxodo. Além de apontar para as cortinas que cobriam o santuário, esta palavra passou a tornar-se sinônimo do próprio Tabernáculo por causa das suas muitas cortinas (2º Sm 7.2) [CHAMPLIN, 2004, p. 936]. A tecelagem das cortinas era trabalho das mulheres (Êx 35.25,26).
2. Descrição. Na descrição dada por Deus a Moisés a respeito do Tabernáculo, a coberta do santuário também era rica em detalhes. Dentre as informações percebemos que eram quatro as cobertas do santuário, compostas por vários tipos de cortinas.
2.1. A primeira coberta - As cortinas de linho fino, retorcido. Estas cortinas só eram visíveis ao sacerdote do Lugar Sato. Representam as glorias de Cristo na ressurreição e de seus santos. O linho fino retorcido fala de pureza e justiça. Eram cortinas interiores, colocadas debaixo dos pelos de cabras. Assim que as várias cortinas formaram “um Tabernáculo”.
A coberta interna do Tabernáculo,
primeiramente era composta por dez cortinas com a mesma metragem cada uma,
sendo o comprimento de 28 côvados (aproximadamente 14 metros) e a largura de 4
côvados (cerca de 2 metros) (Êx 26.1,2). Essas cortinas eram de linho fino
torcido e colorido com as cores azul, púrpura e carmesim com desenhos de
querubins tecidas no pano (Êx 26.1). Estas cortinas eram enlaçadas (costuradas)
uma na outra em grupos de cinco (Êx 26.3), nessas haviam cinquenta laçadas (Êx
26.4). A juntura é a borda ou extremidade do tecido. As laçadas serviriam de
encaixe (Êx 26.5), de forma que estas cortinas se prendiam uma na outra com
cinquenta colchetes, ou ganchos, de ouro, formando uma cobertura grande
cobrindo toda a tenda (Êx 26.6). Essas cortinas deveriam ser colocadas diretamente
sobre a estrutura e compunham o teto visto de dentro do Santuário (Êx 26.1-6;
36.8-13).
2.2. A segunda coberta - Pelos de cabras. Em cima da coberta de linho, havia a segunda coberta do Tabernáculo feita de peles de cabras (Êx 26.7). Esta coberta era feita de modo semelhante a primeira, exceto que:
a. Estas cortinas eram maiores, pois de comprimento
eram 30 côvados (cerca de 15 metros), ou seja, cerca de 1 metro maior do comprimento
da anterior.
b. Ao todo eram 11 peças (Êx 26.9),
divididas em duas seções, uma formada com cinco cortinas e a outra com seis.
c. Eram unidas por cinquenta colchetes de
cobre (Êx 26.11) e não de ouro. Juntas, estas cortinas formavam a segunda cobertura
do santuário (Êx 26.12,13).
Estavam relacionadas com as coisas
comemorativas da expiação. A oferta diária para expiação do pecado era uma
cabra (Nm 28.15); e para o dia das expiações, a cabra era a vítima escolhida
(veja Lv 9.15; Lv 16).
A cortina dupla colocada sobre a porte
pode indicar que a única base para aproximarmos a Deus é o afastamento do
pecado. Eram feitas de onze cortinas e colocadas por baixo das cortinas das
peles de carneiro. Cobriu o Tabernáculo, descendo pelos lados até o chão. Cinco
formavam uma peça para cobrir o Lugar Santíssimo. Ligados por colchetes (de
cobre). Cinco formavam uma peça para cobrir o Lugar Santo e uma cobria a
entrada com as cinco colunas.
2.3. A terceira coberta -Peles de carneiro tintos de vermelho. Uma outra cobertura era colocada na tenda da congregação por orientação divina, e esta era feita de peles de carneiro tingidas de vermelho (Êx 26.14). Sendo de peles de carneiro traz a ideia de proteção, protegendo das intempéries do deserto. Sendo esta pele tingida, faz alusão a um antigo procedimento, que os hebreus devem ter aprendido com os egípcios (Gn 38.28; Êx 26.1). Para conseguirem a cor vermelha, o corante utilizado era extraído de plantas e de moluscos [CHAMPLIN, 2004, p. 906].
Era colocada por baixo da cortina de peles
de animais marinhos. Esta é figura da consagração até a morte. O carneiro foi
usado para o sacrifício, especialmente na consagração do sacerdócio (Lev.8).
Simboliza substituição (Gn 22.13, 23). Como o cordeiro representa a Jesus manso
e humilde, submisso até a morte, assim o carneiro fala do vigor e a força do
Senhor. O carneiro substituiu Isaque no altar do monte Moriah. Tipo de Jesus
(1ª Pe. 3.18; 1ª Cor. 15.3,4; Gl. 1.4; Rm. 5.8; Is. 53.6; Jo. 3.16). Substituto
que morreu no lugar do pecador. A pele do carneiro nos lembra a separação da
igreja de Deus.
2.4. A quarta coberta - Peles de animais marinhos.
A quarta e última coberta do Tabernáculo,
era feita com peles de “texugo” (Êx 26.14), em hebraico: “tachash”, em algumas versões encontramos: “animais marinhos” (Êx
25.5; 26.14; 35.7,23; 36.19; 39.34 Nm 4.6,8,10-12,14,25; Ez 16.10) outras
traduzem como: “golfinho”. Há intérpretes que pensam estar em foco o animal chamado
de: “dugongo”, a única verdadeira espécie marinha que ainda existe até hoje nos
mares da região e que antes era muito abundante no golfo de Ácaba. Um dugongo
adulto chegava a ter três metros de comprimento, e suas dimensões torná-lo-iam
apropriado para o propósito descrito [CHAMPLIN, 2004, p. 409]. Mas ninguém pode
ter certeza quanto à identificação do animal em questão. Podemos afirmar que
esta quarta cobertura era mais impermeável, mantendo a chuva e o calor do lado
de fora. O texto não diz qual era o tamanho da cortina, mas com certeza era
grande o bastante para cobrir a área superior que ficava rente ao Tabernáculo
propriamente dito [BEACON, 2010, p. 207].
Era a cortina exterior, e mais visível,
sem forma ou medida específica. Era para proteger dos raios solares abrasadores
e das tempestades do deserto. Não tinha parecer nem formosura, em nenhuma
beleza exterior para atrair o olhar dos homens. Era de cor cinzenta. Um tipo de
Jesus visto pelo mundo; sem forma, ou beleza e formosura (Is. 53.2,3). O
Tabernáculo era todo glorioso por dentro, com tábuas revestidas de ouro e
lindas cortinas, porém as mesmas só eram vistas pelo ungido sacerdote de Deus
que estava dentro do Lugar Santo. Jesus também foi desprezado pelo povo, sendo
para eles o “carpinteiro” e “nazareno”. Só quem o conheceu e o conhece pode
desfrutar da beleza interior de Cristo.
II. AS CORES DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO
1. O significado especial das cores. As cores usadas na estrutura do Tabernáculo tinham um significado especial. Por meio delas, o povo de Israel perceberia o símbolo da manifestação da glória de Deus nos sacrifícios que fossem apresentados.
Havia uma ordem em que as cores eram
mencionadas:
1.1. Azul. Natureza Celestial de Cristo,
Cristo O Espiritual, ou homem celestial, (1ª Co 15.47,48; Jo 1.18; Hb 7.26); a
origem celestial de Cristo.
1.2. Púrpura. Realeza, Soberania de
Cristo, o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (Ap 19.16; Mr 15.17-18).
1.3. Carmesim. Sacrifício de Cristo na
Cruz do Calvário (Ap 5.9-10; Nm 19.6; Lv 14.4; Hb 9.11-14, 19, 23, 28).
1.4. Branco – do linho fino. Perfeição,
pureza e santidade de Deus em Cristo, e aos que são lavados no sangue de Cristo
(Ap 7.9-17; Sl 132.9).
Essas cores estavam na porta de entrada
que dava acesso ao lugar sagrado, onde, por meio do ministério do sacerdote, o
pecador encontrava-se com Deus. Assim, toda vez que alguém entrava por essa
porta, deparava-se com a simbologia das cores. Para nós, os discípulos de
Cristo, essas cores apontavam para a obra de Cristo que envolve a remissão do
passado, do presente e do futuro. É a obra completa da salvação.
2. A cor azul-celeste - Cristo o celestial, de natureza divina (Êx 27.16). É uma cor que remete ao céu e indica a origem celestial de Cristo e sua divindade. Nosso Senhor era verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Ele veio do céu, mas fez-se homem na Terra (Jo 1.14). Depois da sua ressurreição e vitória contra a morte, Ele foi recebido no céu, reavendo aquela mesma glória de antes que o mundo existisse (Jo 17.5 cf. Fp 2.5-11; Ef 1.20-23). Por intermédio do Espírito Santo, nosso Senhor edifica e zela pela sua Igreja, a Noiva em que um dia brevemente buscará (Hb 12.24; Jo 17.9,20; Rm 8.34; 1ª Ts 4.16,17).
3. A cor púrpura - Cristo o Rei (Êx 27.16). A púrpura era um tecido roxo obtido de moluscos que estão no fundo dos mares. É uma cor que remete à ideia de realeza e que aponta para o futuro. Em relação a Cristo, a cor é uma figura da realeza e divindade de Jesus (Ef 1.20,21), bem como a sua manifestação triunfal para implantar o Reino Milenial (Sl 110; Is 9.6; Lc 1.32). O nosso Deus jamais perdeu o controle da história!
4. A cor escarlate (carmesim) (Êx 27.16). Cristo o Sofredor. Sua morte. Esta cor foi obtida de um bichinho de cor escarlata. Foi esmagado para fornecer o corante.
O carmesim é uma cor de sangue, vermelho
vivo. Se, por um lado, a cor projeta o vitupério do Calvário e o triunfo da
obra salvífica de Cristo, por outro, ela aponta para a glória vindoura do
reinado do “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Zc 14.9; 1ª Tm 6.14,15; Ap
19.11-16). Nosso Senhor sofreu, foi ferido e derramou seu sangue remidor como
nos revela Apocalipse 19.13: “E estava vestido de uma veste salpicada de sangue,
e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus”.
5. A cor branca do linho torcido - Cristo o Puro, Imaculado. Em ponto anterior, tratamos dessa cor para falar da santidade de Cristo. Num sentido especial, o linho torcido é o tecido rústico e batido que lembra a humanidade de Jesus e seu sofrimento em nosso lugar. Lembra também o fato de que a morte de Cristo tornou-se o fundamento da justiça em nosso favor (1ª Pe 1.18,19; Ap 1.5).
III. O PAPEL DAS CORTINAS NO TABERNÁCULO
1. Decorar. O interior do Tabernáculo era decorado com a cortina de linho com suas cores variadas. Uma dignidade em especial era conferida a estas dez cortinas de linho fino torcido, por sua bordadura de “… querubins... de obra esmerada” (Êx 26.1; 36.8), no lugar do simples rendilhado das cortinas. A força do santuário é revelada em sua construção, e a sua formosura, em sua decoração: “Glória e majestade estão ante a sua face; força e formosura, no seu santuário” (Sl 96.6).
2. Cobrir. Estas coberturas eram colocadas em cima da estrutura do Santuário (Êx 26.15-29). O registro bíblico não detalha exatamente como isso era feito, de acordo com Beacon (2010, p. 210), é possível que houvesse bastões alongados, dispostos em cada ponta da cobertura com uma viga mestra de telhado no meio. A cortina era bastante grande para cobrir toda a armação do Tabernáculo, armadas sobre a estrutura de madeira (Êx 26.15-30), as cortinas formavam o Tabernáculo propriamente dito.
3. Proteger. Na ocasião da construção do Tabernáculo, os israelitas estavam no deserto uma região difícil de ser habitada, devido à alta temperatura durante o dia, e as noites eram impiedosamente gélidas; por essa razão, Deus amenizava o calor do dia com a nuvem e a coluna de fogo para aquecer durante a noite (Êx 13.21,22). Devido a essas condições climáticas uma cobertura especial era necessária para o santuário, algo que protegesse, preservasse e mantivesse uma temperatura agradável em seu interior.
IV. SIMBOLISMOS DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO
O Tabernáculo com toda a sua mobília incluindo suas cobertas, tipificavam a pessoa de Cristo e seu ministério na Igreja. Todos os seus objetos, portanto, devem ser considerados como símbolos. Notemos alguns:
1. A cortina de linho colorida (divindade e a realeza de Cristo). A cortina que se via de dentro do Tabernáculo era de linho fino de variadas cores: azul, púrpura e carmesim (Êx 26.1) e trabalhada com figuras de querubins (Êx 26.1-6; 38.18).
A beleza desta coberta interna, tipificava
a glória celestial de Jesus, a cor “azul” apontando para o caráter divino de
Cristo, figurado na cor do céu de onde Ele veio e para onde vai nos levar (1ª Co
15.47; Jo 14.1-3). “Púrpura” (roxo) é a cor da realeza e da majestade. Jesus
Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (1ª Tm 6.15; Ap 17.14). O roxo
é resultado da mistura das cores azul e vermelha. Em Cristo encontramos a dupla
natureza, humana e divina numa só pessoa. Ele é tanto Filho de Deus quanto
Filho do Homem (Lc 1.30-33; Ap 19.11-16); isto o qualifica a ser o único
mediador entre Deus e o homem, pois sendo Deus (Fp 2.6,7), Ele se fez carne (Jo
1.14; 1ª Tm 2.5).
2. A cortina de pelos de cabras (sacrifício de Cristo). A cabra era um dos animais usados para sacrifícios no sistema levítico, basicamente em conexão com a oferta pelo pecado no dia da expiação e para a purificação do Santuário (Lv 5.6; 9.3; 16.5-11,20-26). As cortinas de pelos de cabras, portanto, representam como o Senhor Jesus Cristo se tornou nossa oferta pelo pecado, ou seja, seu sacrifício substitutivo, e como recebeu em nosso lugar o salário do pecado: a morte (Rm 6.23), pois apesar da sua impecabilidade (Jo 8.46), Cristo se fez pecado por nós: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21; ver Rm 8.3), morrendo em nosso lugar (Is 53.4,5; 1ª Co 15.3).
3. A cortina de peles carneiro tingida de vermelho (expiação de Cristo). A cortina feita de peles de carneiro tintas de vermelho, representavam a obra redentora (expiatória) de Jesus. Esta cobertura simboliza a expiação, pois o vermelho, como sabemos, tipifica o sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário e aponta para Ele como: “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O pecado impede que nos aproximemos de Deus e desfrutemos de Sua comunhão (Is 59.2; Ef 2.12-17), de modo que a única forma para essa situação ser mudada, foi a morte de Cristo, uma vez que: “sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados” (Hb 9.22). Por meio do Seu sangue derramado na cruz, o acesso à presença de Deus foi restaurado nos proporcionando comunhão com o Pai celestial (Ef 2.18,19; Hb 10.19,20). Essa coberta, portanto, simboliza o sacrifício do Senhor Jesus e Seu sangue derramado por nossos pecados. Ele é o nosso Redentor, o carneiro da consagração que se submeteu à vontade do Pai e trouxe-nos a aliança eterna de salvação (Hb 13.20), e por Seu sangue nos purifica de todo pecado (Is 1.18; 1Jo 1.7; 2.2).
4. A cortina de peles de texugo (humanidade de Cristo). A cortina de peles de texugo era colocada sobre as outras. Tinha uma cor escura e não era formosa à vista. Por serem rústicas, quem olhasse a tenda estando do lado de fora do Tabernáculo nada veria de especial a chamar-lhe a atenção. Além de parecidas com o deserto, cuja areia elas retinham eram simples e sem beleza aparente. Isto aponta para o aspecto humano de Jesus: “não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza vimos, para que o desejássemos” (Is 53.2). Os que olham a Cristo sem tê-lo antes conhecido comparam-no a vultos da história humana, quando não, a um líder religioso (Mt 16,13,14; Jo 1.46; 3.1,2; 4.9,11,19), mas, ao conhecê-lo verdadeiramente terão a certeza de que, apesar da sua humanidade (Gl 4.4), Ele é: o Cristo (Mt 16.16; Jo 4.28,29); o Filho de Deus (Jo 1.49); o Unigênito do Pai (Jo 1.14); em quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 2.9); o Criador de todas as coisas (Cl 1.16); e, a personificação da glória divina (Hb 1.3).
V. O CORTINADO DO PÁTIO DO TABERNÁCULO
1. A simbologia descritiva das cortinas do Tabernáculo. Descrever a importância das cortinas do Tabernáculo e não considerar seu valor espiritual e tipológico significa ignorar o propósito integral do texto narrativo acerca do santuário. Ora, a precisão dos detalhes de cada peça e material usados para construir o Tabernáculo servia de ensino das verdades acerca das coisas espirituais. Por isso, a madeira, metais, tecidos e tintas especiais usadas no Pátio do Santuário remontam a uma tipologia singular com relação a pessoa e obra de Jesus, o Senhor e Redentor nosso.
2. O significado de separação. O ambiente entre a cerca e o Tabernáculo era o pátio. Havia um cortinado branco de linho fino torcido que tinha por objetivo fazer a separação dos pecadores. Para adentrar ao Pátio, o pecador deveria levar a sua oferta pelo pecado. Assim, as cortinas faziam a separação entre o santo e o profano (Êx 38.9-13).
Nesse sentido, a imagem do cortinado de
linho torcido simboliza a pureza de Deus num mundo de impurezas. É o símbolo da
santidade e pureza de Jesus, pois, como homem, nosso Senhor não teve mácula,
conforme Ele mesmo indagou de seus opositores: “Quem dentre vós me convence de
pecado?” (Jo 8.46).
Aqui, há uma distinção importante que deve
ser feita em relação à Antiga Aliança: na Nova Aliança, a Igreja de Cristo não
se fecha dentro de uma “cerca”, mas está pronta para receber qualquer tipo de
pecador, uma vez arrependido, que confessa o senhorio de Jesus Cristo em sua
vida.
3. O significado de santidade. Santidade é a separação absoluta do pecado e dedicação exclusiva a Deus.
Por isso, as cortinas da cerca do Pátio e
do Tabernáculo, bem como tudo dentro dele, revelam santidade. Não podemos
jamais desconsiderar a seriedade do chamado para vivermos uma vida santa. Os
tempos atuais nos desafiam a viver um estilo de vida na presença de Deus,
manifestando a santidade e a pureza de Cristo Jesus. Ter a consciência da
santidade bíblica significa ter a disposição para viver na contramão do mundo
(1ª Jo 2.15).
Paulo escreve em 1ª Tessalonicenses 4.3: “Esta
é a vontade de Deus, a vossa santificação.” Assim, é da vontade de Deus que
todas as almas sejam salvas de todos os pecados - os atuais e o original. Os
pecados atuais são os que cometemos voluntariamente, ao passo que o pecado
original é o que herdamos do primeiro Adão. Todo pecado é limpo pelo sangue de
Jesus Cristo. Temos de morrer para o velho homem. ‘Sabendo isto: que o corpo do
pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado' (Rm 6.6). Deus
está chamando o seu povo à verdadeira santidade nestes dias. Agradecemos a Ele
pela bendita luz que está nos dando. ‘De sorte que, se alguém se purificar
destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e
preparado para toda boa obra' (2ª Tm 2.21). Ele quer dizer que temos de ser
purgados da impureza e de todos os tipos de pecado. A santificação nos torna
santos e destrói a linhagem do pecado, o amor ao pecado e a carnalidade. Ela
nos purifica e tornamos mais brancos que a neve” [SEYMOUR. Devocional: O
Avivamento da Rua Azusa. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, pp.123-22].
CONCLUSÃO. Em Cristo se cumpriram as cerimônias do tabernáculo: a manifestação da glória divina, a expiação, a reconciliação do homem com Deus e a presença de Deus entre seu povo redimido. As sombras e figuras já passaram, mas a realidade permanece na pessoa e obra de Jesus Cristo.
O autor da Epístola aos Hebreus exorta-nos
a chegar com confiança ao trono da graça, pois assim alcançaríamos misericórdia
e acharíamos graça para, num tempo oportuno, sermos auxiliados (4.16). Jesus, o
Sumo Sacerdote perfeito, deu-nos esse privilégio para desfrutarmos da presença
santa de Deus mediante a fé. Não tenhamos receio de adentrar a presença santa
do Pai!
O LUGAR SANTO
Êx 26.31-37 “Depois, farás um
véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de
obra prima se fará. 32- E o porás sobre quatro colunas de madeira de cetim
cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus colchetes serão de ouro. 33-
Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás a arca do Testemunho ali
dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar
santíssimo. 34- E porás a coberta do propiciatório sobre a arca do Testemunho
no lugar santíssimo, 35- e a mesa porás fora do véu, e o castiçal, defronte da
mesa, ao lado do tabernáculo, para o sul; e a mesa porás à banda do norte. 36-
Farás também para a porta da tenda uma coberta de pano azul, e púrpura, e
carmesim, e linho fino torcido, de obra de bordador, 37- e farás para esta
coberta cinco colunas de madeira de cetim, e as cobrirás de ouro; seus
colchetes serão de ouro, e far-lhe-ás de fundição cinco bases de cobre.”
30.1,6,7,8 “E farás um altar para queimar o incenso; de madeira de cetim o farás. 6- E o porás diante do véu que está diante da arca do Testemunho, diante do propiciatório que está sobre o Testemunho, onde me ajuntarei contigo. 7- E Arão sobre ele queimará o incenso das especiarias; cada manhã, quando põe em ordem as lâmpadas, o queimará. - E, acendendo Arão as lâmpadas à tarde, o queimará; este será incenso contínuo perante o SENHOR pelas vossas gerações.”
INTRODUÇÃO. Nesta lição falaremos sobre a parte interior do tabernáculo ou da tenda, chamada de lugar santo; pontuaremos detalhadamente os utensílios pertencente a este lugar; e finalizaremos destacando que cada móvel pertencente ao lugar santo aponta para uma atribuição de Cristo Jesus.
I. INFORMAÇÕES SOBRE O LUGAR SANTO
Todo o tabernáculo junto com os seus utensílios eram sagrados. No entanto, no tabernáculo propriamente dito, havia um lugar chamado de “lugar santo” (Êx 26.33). Este espaço media cerca de cinco metros de largura e de altura e dez metros de comprimento (CONNER, 2015, p. 52).
1. A primeira parte do tabernáculo. Internamente a tenda, estava dividida em duas partes: lugar santo e lugar santíssimo. O escritor aos hebreus chama de “primeiro tabernáculo” e “segundo tabernáculo” (Hb 9.6,7).
2. Um lugar de acesso restrito aos sacerdotes. O acesso ao tabernáculo era cheio de restrições. O povo comum só podia entrar até o pátio. Somente os sacerdotes podiam entrar até o “lugar santo”; já no santíssimo só entrava o sumo sacerdote, uma vez por ano (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb 9.7).
3.
Um lugar com três utensílios importantes. No lugar santo haviam três móveis,
a saber: o castiçal, a mesa com os pães e o altar de incenso, todos de ouro,
embora somente o castiçal fosse completamente de ouro (Êx 30.27; 31.8).
II. O CANDELABRO E A SUA MANUTENÇÃO
1. Descrição. Em hebraico a palavra que indica o candeeiro, castiçal, candelabro ou simplesmente lâmpada que era usado no tabernáculo e posteriormente no templo de Jerusalém é “menorah” (Êx 25.31-40; 37.17-24; Zc 4.2-5,10-14).
Notemos algumas informações importantes sobre este utensílio:
1.1. Era totalmente de “ouro puro e
batido” bem como os seus utensílios (Êx 25.31,36,39; 31.8; 37.24; 39.37).
1.2. Tinha sete hásteas com sete lâmpadas;
uma localizada na coluna central, e três saindo de cada lado em braços separados
(Êx 25.37; 37.17-22; Nm 8.2). As sete hásteas representam os sete espíritos de
Deus. Os “sete espíritos de Deus” são mencionados em Apocalipse 1.4; 3.1; 4.5 e
5.6. Os sete espíritos de Deus não são especificamente identificados, por isso
é impossível ser dogmático. Apocalipse 1.4 menciona que os sete espíritos estão
diante do trono de Deus. Apocalipse 3.1 indica que Jesus Cristo “tem” os sete
espíritos de Deus. Apocalipse 4.5 relaciona esses sete espíritos com sete
lâmpadas acesas que estão diante do Seu trono. Apocalipse 5.6 identifica os
sete espíritos com os “sete olhos” do Cordeiro e afirma que eles são “enviados
por toda a terra”.
Uma interpretação é baseada em Isaías 11.2,
que diz: “Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e
de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de
conhecimento e de temor do SENHOR.” Isto poderia explicar os sete espíritos de
Deus:
a. O Espírito do Senhor;
b. O Espírito de sabedoria.
c. O Espírito de entendimento;
d. O Espírito de conselho;
e. O Espírito de poder;
f. O Espírito de conhecimento;
g. o Espírito de temor do Senhor.
1.3. Seu peso era cerca de um talento (cerca
de 40 a 50 kg), e segundo a tradição judaica media 1,5 metro de altura por 1,0
metro de largura de uma extremidade a outra.
1.4. Era formado de uma única peça de
ouro, pelo que não havia partes separadas ou emendadas (Êx 25.31; 37.17).
A coluna ou talo central do candelabro era
decorada com quatro cálices esculpidos em forma de flores de amendoeira, alternando-se
entre botões e flores e cada uma das hastes laterais tinha três cálices,
alternando-se da mesma forma entre botões e flores (Êx 25.31-36; 37.17-22); e,
(e) uma das principais finalidades do candeeiro era trazer luminosidade na
parte interior do Tabernáculo (Êx 27.20,21; Lv 24.1-4).
2. O castiçal e a sua manutenção. Arão e seus filhos deviam preparar as lâmpadas cada vez que oferecessem incenso no altar de ouro: “manhã e tarde” (Êx 30.7,8). Para que as lâmpadas permanecessem acesas era ordenado que trouxessem “azeite puro” (Êx 27.20; Lv 24.1,2). O sacerdote tinha duas tarefas diárias que não podiam ser esquecidas: manter aceso o fogo sobre o altar (Lv 6.12,13) e manter acesas as lâmpadas do candelabro dentro da tenda durante todo o dia, sendo assim, a luz não podia ser apagada em momento algum. A expressão “continuamente” aparece por três vezes (Lv 24.2-4). Era função do sacerdote: (a) aparar os pavios, retirando a parte queimada, e, (b) manter o suprimento de azeite (Êx 27.21; Lv 24.3; Nm 8.1-3). Arão usava cortadores de pavio e apagadores para cumprir suas funções sacerdotais (Êx 37.23,24) (HENRY, 2010, p. 427).
III. A MESA DOS PÃES E A SUA MANUTENÇÃO
1. Descrição. A mesa com os pães da proposição era feita de:
1.1. Madeira de acácia ou cetim.
1.2. Tinha dois côvados de comprimento
(100 cm), um côvado de largura (50 cm) e, um côvado e meio de altura (75 cm),
revestida ao redor com ouro puro e uma moldura de ouro em volta (Êx 37.10-12).
1.3. Para a ministração na mesa da
proposição, Deus estabeleceu a fabricação de alguns utensílios, que deveriam
ficar sobre ela (Êx 25.29).
1.4. Os pratos serviam para colocar os
pães; as colheres eram cálices para colocar o incenso sobre os pães,
identificando-o como sacrifício (Lv 24.7).
1.5. As galhetas (tigelas) e as taças
(copos), eram para armazenar e despejar o vinho (não alcoólico) em oferta de
libação.
1.6. Todos estes utensílios eram feitos de
ouro puro (BEACON, 2010, p. 208).
A parte superior da mesa descansava sobre
uma armação, e em volta dela havia uma coroa ou moldura de ouro, projetando-se
sobre a parte de cima para impedir que os objetos caíssem dela. Na mesa havia
ainda, uma argola em cada esquina para permitir que ali fossem introduzidos os varais,
a fim de transportar a mesa (Êx 25.23-28).
2. A mesa e a sua manutenção. Os coatitas eram responsáveis de assar os pães da proposição de “sábado em sábado”, bem como de transportá-los quando o tabernáculo mudava (Nm 4.7; 1º Cr 9.32; 23.28,29). Cada pão era feito de farinha finíssima, ou seja, a farinha de trigo da melhor qualidade. Os sacerdotes comiam dele no Lugar Santo, quando era trocado no sábado (Lv 24.7-9).
IV. O ALTAR DO INCENSO E SUA MANUTENÇÃO
1. Descrição. Deus mostrou a Moisés que este altar deveria ser:
a. De madeira de acácia (Êx 30.1).
b. Com um formato “quadrado” ou
“quadrangular” e precisas medidas que equivalem a “50 cm de comprimento, 50 cm
de largura e 100 cm de altura” (Êx 30.2).
c. Forrado de “ouro puro” completamente
(Êx 30.3);
d. Deveria ter “quatro pontas”, uma em
cada canto (Êx 30.2);
e. Duas argolas nos cantos, para receber
os varais e ser transportado junto com o tabernáculo, quando necessário (Êx
30.4; 37.25-27);
f. Uma moldura (coroa) desenhada a volta
do altar e abaixo desta (Êx 30.3-b).
2. O altar do incenso e a sua manutenção. O altar de ouro foi construído para que unicamente nele se queimasse incenso ao Senhor (Êx 30.7,8). Neste, não poderia ser oferecido incenso estranho nem ofertas de sangue, nem libações (Êx 30.9). Somente uma vez no ano, o altar do incenso era purificado com sangue de um sacrifício oferecido no altar do holocausto (Êx 30.10). Os sacerdotes tinham acesso ao altar de ouro para oferecer incenso no tempo aprazado (Êx 30.7,8).
Era neste altar que Deus se encontrava
particularmente com a pessoa que, dia a dia, oferecia o incenso (Êx 30.6-b).
V. OS MÓVEIS DO LUGAR SANTO APONTAM PARA CRISTO JESUS
1. O castiçal aponta Jesus como a luz do mundo. O castiçal no seu formato prefigura o Messias. Assim como o castiçal tinha sete braços (Êx 25.31-36); do Messias procederia o Espírito com Suas sete virtudes: “E repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do SENHOR” (Is 11.2). O castiçal também prefigura Cristo na sua função iluminadora. O profeta Isaías anunciou que a vinda do Messias traria luz ao mundo (Is 9.2; 60.1-2). Por ocasião do nascimento de Jesus, o evangelista Mateus afirmou que a profecia de Isaías se cumpriu: “O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou” (Mt 4.16). O apóstolo João afirmou o seguinte acerca de Jesus: “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1.5). O apóstolo ainda declara em João 3.19-20: “... a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz...”. O próprio Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12 ver 9.5).
2. A mesa dos pães aponta para Jesus como o pão vivo. Os pães da proposição também apontam tipologicamente para o Senhor Jesus Cristo.
2.1. Sua perfeição moral. Como o pão da proposição não tinha em sua composição o fermento (JOSEFO apud CHAMPLIN, 2001, p. 419), que em alguns textos bíblicos é um símbolo da corrupção moral (Mt 16.11; Mc 8.15; 1ª Co 5.6-8; Gl 5.9), serve como figura da pureza de Jesus (Lc 1.35; 2ª Co 5.21; Hb 4.15; 1ª Pd 1.18,19).
2.2. Seu sofrimento. Para a preparação do pão da proposição, foi usada da melhor farinha obtida de grãos inteiros do trigo. Para que esse trigo se tornasse adequado, ele tinha que ser triturado até se tornar pó finíssimo. O Senhor Jesus Cristo, como trigo, foi moído (Is 53.7,10), sendo Ele o nosso pão da vida (Jo 12.24). Não menos importante, para o pão servir de alimento precisava ser assado (Lv 24.5). Sendo também esse processo uma alusão ao intenso sofrimento do Filho de Deus no Calvário (Mt 3.11; Lc 3.16; Hb 9.14; 12.29).
2.3. Sua provisão. Jesus é o Pão da Vida (Jo 6.48), que se fez carne para morrer por nossos pecados (Jo 6.38,51), que sustenta os homens também no âmbito espiritual (1ª Pd 2.9; Ap 1.6). O pão da proposição prefigura “o grão de trigo” (Jo 12.24), que foi sujeitado ao fogo do julgamento divino em lugar dos homens (Jo 12.32,33). Cristo é o nosso pão espiritual, descido do céu (Jo 6.33,38,50,58), que provisionou a toda humanidade (Jo 3.16) através da fé em sua morte e ressurreição (Ef 2.8; 1ªPd 1.21), a vida eterna: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6.47; ver 6.54-58).
3. O altar do incenso aponta para a intercessão de Jesus. Somente os sacerdotes estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8), pois eles eram mediadores entre Deus e o povo (Hb 5.1). Cristo, como nosso sacerdote eterno (Sl 110.4; Hb 6.20), que está a destra do Pai (Cl 3.1; Hb 1.3; 8.1; 10.12; 12.12), intercede por nós (Rm 8.34; Hb 7.25). É em seu nome que oramos e obtemos a resposta (Jo 14.13,14; 16.24). Por sua morte na cruz, fomos feitos sacerdotes (1ª Pd 2.9; Ap 1.6; 5.10), e com isso podemos comparecer a presença de Deus por meio da oração e sermos atendidos segundo a Sua vontade (1 Jo 5.14), em tempo oportuno (Hb 4.16).
CONCLUSÃO. Cristo é retratado no lugar santo por meio dos utensílios que nele estão: o castiçal aponta para Cristo como a luz do mundo; a mesa dos pães remete-nos a Cristo como o pão da vida; e, por fim, o altar do incenso fala-nos da contínua intercessão de Cristo pelos Seu povo.
O LUGAR SANTÍSSIMO
LEITURA BÍBLICA
Êxodo 26.31-34 “Depois, farás um
véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de
obra prima se fará. 32- E o porás sobre quatro colunas de madeira de cetim
cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus colchetes serão de ouro. 33-
Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás a arca do Testemunho ali dentro
do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo. 34-
E porás a coberta do propiciatório sobre a arca do Testemunho no lugar
santíssimo, 35- e a mesa porás fora do véu, e o castiçal, defronte da mesa, ao
lado do tabernáculo, para o sul; e a mesa porás à banda do norte.”
Hebreus 9.1-5 “Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre. 2- Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o Santuário. 3- Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos, 4- que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto; 5- e sobre a arca, os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.”
Mateus 27.51 “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.”
O Santo dos Santos era particularmente
santo porque Deus abençoava esse lugar com Sua presença. Quem entrasse no Santo
dos Santos estava chegando o mais perto possível de Deus! E não existe nada
mais santo que Deus.
Uma vez por ano, no dia da Expiação, o
sumo sacerdote fazia um sacrifício pelos pecados de todo o povo e entrava no
Santo dos Santos para oferecer o sacrifício a Deus. Essa era uma ocasião muito
solene e ninguém mais podia entrar na presença de Deus (Lv 16.15-17).
Quem é salvo por Jesus pode entrar no
Santo dos Santos espiritual, que é a presença real de Deus. Jesus purifica dos
pecados e torna cada um de seus seguidores santo, aceitável diante de Deus (Hb
10.19-20). Não há mais separação!
Para o crente, o Santo dos Santos não é
mais um lugar no templo. O Santo dos Santos é a presença de Deus em sua vida.
Na língua hebraica o vocábulo “véu” é paroketh que advêm de uma raiz que significa “separar”. No Novo Testamento esse mesmo vocábulo é katapetasma, que representa o véu interior, ou seja, a cortina entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo.
1. O véu como barreira ao livre acesso à Presença de Deus. O véu era uma cortina feita de linho fino branco entretecido com fios de cores azul, púrpura e carmesim.
O propósito desse véu era separar o Lugar
Santíssimo, no qual estava a Arca da Aliança (Êx 26.33), do Lugar Santo.
No Lugar Santíssimo só podia entrar o Sumo
Sacerdote, e somente uma vez ao ano, no dia da Expiação.
O israelita comum não podia entrar nesse
lugar, o que demonstra que o véu era uma barreira para o homem comum.
A narrativa bíblica revela o significado
especial do ato, de quando Jesus estava na cruz, expiando o nosso pecado.
Ele ministrou intercessoriamente por nós
por meio de seu sangue no “Lugar Santíssimo”, rasgando o véu da separação.
A ministração de Cristo foi em favor de
todo o mundo e não apenas por uma parcela especial ou étnica da humanidade (Hb
9.11-14; Jo 3.16; 2ª Pe 3.9; 1ª Jo 2.2; 2ª Co 5.15).
2. O véu tinha um bordado especial com a figura de querubins (Êx 26.31). Deus ordenara que se bordassem no véu, à mão, as figuras de querubins.
Uma pergunta relevante cabe aqui: qual a
razão desses querubins serem bordados no véu?
A Bíblia registra a história da rebelião
de um querubim presunçoso e orgulhoso que desejava ser igual a Deus.
Mas ele foi expulso para sempre da
presença do Altíssimo (Ez 28.14).
O nome desse querubim, hoje, é Satanás, o
anjo que rebelou-se contra Deus e, também, levou com ele uma parte dos seres
angelicais.
As figuras de querubins bordadas no véu lembram ao homem que o Trono de Deus está cercado desses seres angelicais, refletindo a santidade do Altíssimo.
Eles também foram esculpidos sobre o
Propiciatório com as asas voltadas para a Arca da
Aliança com o objetivo de protegê-la (Êx
25.18).
3. O véu e o trançado de seus fios. Para nós, o tabernáculo e seus móveis sagrados tipificam o Senhor Jesus.
Logo, podemos destacar o seguinte: os
tecidos que constituíam o véu que demarcava o Lugar Santo e o Santíssimo é
símbolo do caráter santo e pleno de nosso Senhor.
Assim, a cor azul aponta para a sua
divindade; a púrpura, para a sua realeza; a branca, para sua santidade; o
carmesim, para a sua obra expiatória por toda a humanidade.
Ainda, o escritor aos Hebreus traz uma
imagem forte e viva do véu, juntamente com seus
fios trançados, que representava, na “carne”
de Cristo, a união da natureza humana e divina de nosso Senhor: “Tendo, pois,
irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e
vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”
(10.19,20).
O véu tinha um bordado especial com a imagem de querubins, era trançado em linho fino e uma barreira ao livre acesso a
Deus.
II. O PROPÓSITO DO VÉU INTERIOR
1. O véu era um símbolo da presença de Deus no Lugar Santíssimo. Ora, ninguém podia ver a Deus e continuar vivo (Êx 33.20), mas os homens podiam ver o véu que indicava a presença divina no outro lado.
Em Hebreus, o véu tipifica a “carne” de
Cristo, que encobria a presença divina em seu corpo (1ª Tm 6.16; Jo 1.18; 14.9;
Cl 1.15,16).
2. O véu: um impeditivo ao acesso à presença de Deus (Lv 16.2; Hb 9.8). A separação que o véu interior fazia dos dois lugares sagrados, o Lugar Santo e Lugar Santíssimo, demarcava também os lugares de atuação dos sacerdotes.
No Lugar Santo, era permitida a entrada
dos sacerdotes comuns; no Santíssimo, a do sumo
sacerdote.
3. O véu indicava o caminho à presença de Deus. Sabemos que o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, não por méritos pessoais nem pela formosura do véu, senão mediante o sangue da expiação (Lv 16.15).
A única função dele era expiar o próprio
pecado e o do povo. Por isso, toda a orientação divina quanto à pureza do sumo
sacerdote e de sua casa era rigorosa. Hoje, a obra expiatória de Jesus é o
único meio que temos para achegar-nos à presença de Deus (Ef 2.8,9; Hb
10.19,20).
Graças ao nosso amado Senhor, já não há
mais separação nem muro entre nós e Deus, pois Cristo é o perfeito mediador
entre Deus e os homens (1ª Tm 2.5).
O véu interior tinha o propósito de ser o
símbolo da presença de Deus no Lugar Santíssimo, o impeditivo direto à presença
divina e a indicação do caminho para Deus.
A revelação das Escrituras Sagradas mostra para nós que a salvação pela graça, hoje, é uma doutrina clara e límpida, pois “no Novo Testamento, a ‘graça', como o dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo.
É um ‘conceito central que expressa mais
claramente seu modo de entender o evento da
salvação... demonstrando livre graça
imerecida.
O elemento da liberdade ... é essencial'.
Paulo enfatiza a ação de Deus, e não a sua natureza.
‘Ele não fala do Deus gracioso; fala da
graça concretizada na cruz de Cristo'.
Em Efésios 1.7, Paulo afirma: ‘Em quem
temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas
da sua graça', pois ‘pela graça sois salvos' (Ef 2.5,8)”.
[HORTON, M. Stanley (Ed.). Teologia
Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio
de Janeiro: CPAD, 2018, p. 344-45].
III. O LUGAR SANTÍSSIMO NO RITUAL DO DIA DA EXPIAÇÃO
1. O lugar santíssimo, como vimos, era um compartimento inacessível. Ninguém poderia nele entrar, a não ser o sumo sacerdote, uma vez ao ano, por ocasião do dia da expiação, que era o dia dez do sétimo mês, chamado Tishrei ou Tishri.
No dia da expiação, portanto, o lugar
santíssimo assumia um caráter singular, pois era prevista a entrada do sumo
sacerdote no seu interior para que pudesse aspergir o sangue do sacrifício em
seu favor e em favor do povo, sobre a tampa da arca, o propiciatório, a fim de
obter a propiciação dos pecados, ou seja, que o Senhor, em virtude dos
sacrifícios efetuados, favorecesse o povo e adiasse a punição pelos pecados.
2. O ritual do dia da expiação encontra-se em Lv 16. Em primeiro, o Senhor proibiu o sumo sacerdote de entrar no lugar santíssimo durante todo o tempo, somente o permitindo que o fizesse no já mencionado dia dez do sétimo mês (Lv 16.2,34).
O motivo pelo qual o sumo sacerdote não
devia entrar no lugar santíssimo em todo o tempo era porque Deus aparecia na
nuvem sobre o propiciatório, ou seja, diante do significado da palavra
“aparecer”, o hebraico “חָ אָ ר - rāʼāh”,
(verbo que significa ver). Seu significado básico é ver com os olhos (Gn 27.1).
Também pode ter os seguintes significados derivados, todos eles exigindo que o
indivíduo veja fisicamente algo que é exterior a si: ver de tal maneira que a
pessoa possa aprender a conhecer outra pessoa…” (Bíblia de Estudo
Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 7200, p.1915), ou seja,
ante a pecaminosidade humana, um olhar atento do Senhor, que estava todo o
tempo ali, na nuvem, sobre o propiciatório, levaria à condenação, já que o salário
do pecado é a morte (Rm 6.23). Como diz o salmista Asafe: “Tu, tu és terrível!
E quem subsistirá à tua vista, se te irares?” (Sl 76.7) ou, ainda, o salmista anônimo:
“Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl 130.3).
No dia da expiação, o sumo sacerdote
deveria, em primeiro, banhar a sua carne na água e, devidamente purificado,
vestir a túnica santa de linho, ceroulas de linho sobre a sua carne e cingir-se
com um cinto de linho, cobrindo-se com uma mitra de linho (Lv 16.4).
3. Jesus Cristo o Sumo Sacerdote. Naturalmente, sabemos que o sumo sacerdote é tipo de Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros (Hb 9.11) e o fato de todo o ritual se iniciar com o sumo sacerdote se banhando faz-nos lembrar o início do ministério público de Jesus, que se deu com o Seu batismo por João Batista, quando Ele começou a assumir a posição dos pecadores, a fim de cumprir toda a justiça divina (Mt 3.13-15).
O sumo sacerdote vestir-se com todas as
peças de linho de seu vestuário (ceroula, túnica, cinto e mitra) é também tipo
de Cristo, pois o linho fala da justiça dos santos (Ap 19.8) e o Senhor Jesus é
o Santo que veio ao mundo para nos salvar (Lc 1.35). Os discípulos de Cristo
têm de ter vestes brancas, para poder andar sempre com o Senhor (Ap 3.4,5).
Devidamente paramentado, o sumo sacerdote,
então, deveria tomar da congregação dos filhos de Israel dois bodes para
expiação do pecado e um carneiro para holocausto e, para si, um novilho para expiação
do pecado e um carneiro para holocausto (Lv 16.3,5).
Tem-se aqui, como bem explana o escritor
aos hebreus, mais uma demonstração da fraqueza da aliança do monte Sinai em
relação à nova aliança estabelecida pelo Senhor Jesus. O sumo sacerdote era
homem, e, portanto, fraco e pecador, devendo fazer sacrifício pelos seus
próprios pecados para então fazer os sacrifícios em favor do povo. Já Nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo, como nunca pecou, pôde se oferecer a Si mesmo,
uma única vez, num sacrifício perfeito e que tirou o pecado do mundo (Hb 4.14-5.10;
8).
O sumo sacerdote, então, oferecia o
novilho da oferta pela sua própria expiação, fazendo expiação por si e por sua
casa (Lv 16.6), estando, assim, devidamente santificado para poder exercer o
múnus sacerdotal em favor do povo.
Os dois bodes. Em seguida, o sumo sacerdote, então, tomava os dois bodes e os punha perante o Senhor, à porta da tenda da congregação, lançando sortes sobre eles, sendo que um seria o bode emissário e o outro, o bode expiatório. O bode que fosse sorteado pelo Senhor, ou seja, o bode expiatório, seria oferecido para expiação do pecado do povo e o outro bode seria apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele, devendo, então, ser enviado ao deserto (Lv 16.7-10).
Ambos os bodes tipificam o Senhor Jesus,
não podendo, em absoluto, ser admitida a interpretação trazida por Ellen Gould
White de que o bode emissário representaria Satanás e o bode expiatório, o
Senhor Jesus. O texto sagrado é claro ao dizer que ambos os bodes eram para
expiação do pecado e quem levou os pecados da humanidade sobre Si foi o Senhor
Jesus (Is 53.4,12; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.19-21; Cl 1.14; Hb 2.17; 10.12; 1ª Pe 3.18;
1ª Jo 2.2; 3.5; 4.10).
O bode expiatório tipifica o Senhor Jesus
morrendo em nosso lugar, dando a Sua vida para nos salvar, pagando o preço da
nossa redenção com o Seu sangue (Jo.10.18). O bode emissário tipifica o Senhor
Jesus que, assumindo a nossa posição e os pecados sobre Ele, a ponto de Se ter
feito pecado (2ª Co 5.21), causando o único momento de separação d’Ele com o
Pai, que O fez exclamar “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Sl 22.1;
Mt 27.46; Mc 15.34), justificou-nos, de modo imputou Sua justiça sobre nós,
enquanto assumia nossas culpas n’Ele, tornando-nos “ficha limpa” nos céus (Rm 4.6,8;
2ª Co 5.19).
Em seguida, tendo oferecido o sacrifício
por si, o sumo sacerdote deveria tomar o incensário cheio de brasas de fogo do
altar de sacrifícios e, com os punhos cheios de incenso aromático moído,
deveria meter o incensário para dentro do véu, a fim de que a nuvem de incenso
cobrisse o propiciatório, ou seja, a tampa da arca da aliança que estava no
lugar santíssimo, devendo fazer isto para que não morresse (Lv 16.12,13).
Aqui, vemos, claramente, a tipificação da
oração intercessória de Cristo em nosso favor, que é a razão pela qual podemos
ter acesso à presença de Deus e porque nossas orações chegam à presença do
Senhor nos céus (Ap 8.3,5). O Senhor Jesus, ao morrer por nós e tirar o pecado
do mundo, passou a ser o grande sacerdote sobre a casa de Deus (Hb 10.21),
estando, com todo poder nos céus e na terra (Mt 28.18), a interceder por nós à
direita do Pai (Is 53.12; Rm 8.27,34).
Ao mesmo tempo, ao se determinar que o
lugar santíssimo deveria estar cheio de incenso para só então o sumo sacerdote
poder ali entrar, impedindo-o, portanto, de ter plena visão da arca da aliança
e do propiciatório, que era a tampa da arca, mais uma vez se reforçava o fato
de não se ter, ainda, plena comunhão entre Deus e os filhos de Israel e de ser
necessário que se mantivesse a nuvem, a escuridade (Êx 20.21; 24.18), para que
não houvesse a morte do sumo sacerdote, já que os pecados ainda não haviam sido
removidos, o que somente ocorreria com a morte de Cristo na cruz do Calvário.
Lembremos que, antes da morte de Cristo,
quando o Senhor leva sobre Si os pecados da humanidade, durante Seu sacrifício,
as trevas tomaram conta do mundo, embora fosse meio-dia (Mt 27.45; Mc 15.33; Lc
23.44), a revelar que, antes da morte do Senhor Jesus, estávamos em
circunstância de escuridade.
Feito o sacrifício em seu favor, o sumo
sacerdote deveria tomar do sangue do novilho e, com o seu dedo, espargia sobre
a face do propiciatório para a banda do oriente e perante o propiciatório espargia
sete vezes do sangue com o seu dedo (Lv 16.14).
Depois, o sumo sacerdote fazia o
sacrifício do bode expiatório e trazia o sangue dele também para o lugar santíssimo,
fazendo com o sangue o que havia feito com o sangue do novilho sacrificado
pelos seus próprios pecados. Durante todo este ritual, ninguém poderia ficar no
tabernáculo, nem mesmo no pátio (Lv 16.15-17).
Em seguida, o sumo sacerdote deveria ir
até o altar e fazer expiação por ele e tomar do sangue do novilho e do sangue
do bode o punha sobre as pontas do altar ao redor, espargindo sobre dele com o seu
dedo sete vezes e o purificava das imundícias dos filhos de Israel e santificava.
Depois de santificar todas estas peças, expiando o santuário, deveria pegar o
bode vivo, pôr ambas as mãos sobre a cabeça do animal, confessando todas as
iniquidades dos filhos de Israel, determinando que o bode fosse enviado ao
deserto por um homem designado para isso, homem que ficaria imundo por ter
feito tal trabalho. De igual maneira, as peles, a carne e o esterco dos animais
mortos para expiação do pecado seriam queimados com fogo (Lv 16.19-27).
Após isto, o sumo sacerdote vinha à tenda
da congregação, despia-se das vestes de linho, deixando-as ali, banhando sua
carne em água no lugar santo e vestindo as suas vestes e, então, preparava o
seu holocausto e o holocausto do povo, os sacrifícios dos carneiros que haviam
sido tomados para tanto.
No dia da expiação, o povo de Israel
deveria jejuar e não exercer quaisquer atividades, pois é dia de humilhação e
de adoração a Deus, tendo em vista que se deve pedir perdão pelos pecados
cometidos durante o ano, pecados que eram cobertos. Até hoje esta data é uma
das principais da nação judaica, o chamado “Yom
Kippur”, o “Dia do Perdão”.
Em todo este ritual, fica evidente que o
lugar santíssimo é o lugar da presença de Deus e que o Senhor tem de ter
aplacada a sua ira diante dos pecados cometidos, pecados estes que, embora
cobertos, não são removidos.
IV. COMO ERA O LUGAR SANTÍSSIMO?
1. O Lugar Santíssimo tinha o formato quadrangular. O Lugar Santíssimo é conhecido também como o “Santo dos Santos”. Um lugar quadrangular, na forma de um cubo, que media dez côvados de altura, dez de largura e dez de comprimento.
É importante destacar, aqui, que as
medidas do Lugar Santíssimo, no sistema decimal, possuem números diferenciados,
uma vez que pesos, medidas e valores hebraicos são obscuros, e o resultado
sempre produz algumas pequenas diferenças numéricas. De acordo com a Bíblia de
Estudo Pentecostal, um côvado equivalia à medida de dois palmos ou ao tamanho
de nosso antebraço, o equivalente, portanto, a 45 centímetros. Era menor que o
Lugar Santo. O Lugar Santíssimo tipificava o Trono de Deus em Israel.
2. O lugar continha apenas um mobiliário.
2.1.
A Arca da Aliança.
A Arca da Aliança tipificava a plenitude da presença de Deus: Sua santidade,
glória e majestade. Ali, Deus habitava entre o seu povo!
No Novo Testamento, essa imagem revela o
que Paulo escreveu aos efésios: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso
coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes
perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”
(Ef 3.17-19).
2.2. Para nós, o tabernáculo e seus móveis sagrados tipificam o Senhor Jesus. Logo, podemos destacar o seguinte: os tecidos que constituíam o véu que demarcava o Lugar Santo e o Santíssimo é símbolo do caráter santo e pleno de nosso Senhor. Assim, a cor azul aponta para a sua divindade; a púrpura, para a sua realeza; a branca, para sua santidade; o carmesim, para a sua obra expiatória por toda a humanidade. Ainda, o escritor aos Hebreus traz uma imagem forte e viva do véu, juntamente com seus fios trançados, que representava, na “carne” de Cristo, a união da natureza humana e divina de nosso Senhor: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19,20).
3. O que podemos aprender por Trono de Deus e a importância do Lugar Santo?
O Lugar Santo era a antessala do Lugar
Santíssimo; o que mostra o caráter santo da presença de Deus representada na
Arca da Aliança, porque o Deus Santo e glorioso ali estava.
Não percamos de vista a dimensão da
santidade e da glória de Deus. Sejamos santos e não desprezemos o sacrifício de
nosso Senhor Jesus (Hb 10.26,27). Cuidado! A Palavra de Deus nos alerta que o
nosso adversário “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar” (1ª Pe 5.8). Vigiemos! Temamos ao Deus santo e glorioso!
CONCLUSÃO.
Nesta lição, percorremos o Lugar Santíssimo. Ele representa a presença santíssima e gloriosa de Deus no meio do seu povo. Esse lugar, especial e único do Tabernáculo, mostra o que o Senhor Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Perfeito, fez ao rasgar o véu da separação. Diferentemente daqueles dias, onde o Lugar Santo não era aberto a todas as pessoas, hoje, por meio da obra de Cristo, podemos entrar ao trono de Deus com ousadia e confiança.
A ARCA DA ALIANÇA
LEITURA
BÍBLIA
Êxodo 25.10-22 “Também farão uma
arca de madeira de cetim; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a
sua largura, de um côvado e meio, e de um côvado e meio, a sua altura. 11- E
cobri-la-ás de ouro puro; por dentro e por fora a cobrirás; e farás sobre ela
uma coroa de ouro ao redor; 12- e fundirás para ela quatro argolas de ouro e as
porás nos quatro cantos dela: duas argolas num lado dela e duas argolas no
outro lado dela. 13- E farás varas de madeira de cetim, e as cobrirás com ouro,
14- e meterás as varas nas argolas, aos lados da arca, para se levar com elas a
arca. 15- As varas estarão nas argolas da arca, e não se tirarão dela. 16-
Depois, porás na arca o Testemunho, que eu te darei.
17- Também farás um propiciatório de ouro
puro; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura, de um
côvado e meio. 18- Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os
farás, nas duas extremidades do propiciatório. 19- Farás um querubim na
extremidade de uma parte e o outro querubim na extremidade da outra parte; de
uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele.
20- Os querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com as suas asas o
propiciatório; as faces deles, uma defronte da outra; as faces dos querubins
estarão voltadas para o propiciatório. 21- E porás o propiciatório em cima da
arca, depois que houveres posto na arca o Testemunho, que eu te darei. 22- E
ali virei a ti e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins
(que estão sobre a arca do Testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos
de Israel.”
Até aqui, analisamos de maneira
compartimentada o espaço do Tabernáculo. Passamos pelo Pátio, pelo Lugar Santo
e pelo Lugar Santíssimo. Agora, encontramo-nos no Lugar Santíssimo. Nesta
lição, o nosso objeto de estudo é a Arca da Aliança que ficava no “Santo dos
santos”. Veremos algumas lições espirituais que há de edificar nossas vidas.
Na sequência do estudo do tabernáculo,
analisaremos a sua mais importante peça, a arca da aliança ou arca do concerto.
- A arca da aliança, ou arca do concerto, é tipo de Cristo Jesus.
Nas Escrituras Sagradas, diferentes nomes
identificam esse precioso objeto: “a Arca de Deus, a Arca do Senhor, a Arca da
Aliança, a Arca do Testemunho” (1º Sm 4.11; Js 3.13; Nm 14.44; Nm 7.89). Era a
peça mais valiosa e importante do Tabernáculo porque ocupava o primeiro lugar
da vida espiritual de Israel.
E aqui vemos um segundo motivo para a arca
ser a peça mais importante do tabernáculo onde se guardariam tesouros
preciosos, como um cofre, tesouros estes que o Senhor chama de “testemunho” (Êx
25.16), que é a palavra hebraica “’ēdhûth”
(הָעד), (substantivo feminino que significa testemunho, preceito, sinal de
advertência. Sempre usado em conexão com o testemunho de Deus e muitas vezes
associado ao Tabernáculo (Êx 38.21; Nm 1.50,53).
Objeto mais valioso e santo do
Tabernáculo, a arca da aliança foi construída de maneira especial. Madeira de
cetim (ou acácia) e revestimento com ouro puro, tanto por dentro quanto por
fora, e teria uma coroa de ouro ao redor e nela deveria ser fundidas quatro
argolas de ouro, a serem postas em seus quatro cantos, duas argolas de um lado
e duas do outro, tendo também duas varas de madeira igualmente revestidas de
ouro, para que, quando houvesse a sua locomoção, fosse a arca carregada nos
ombros dos incumbidos de tal tarefa, sem que fosse tocada. As varas, aliás,
deveriam ficar permanentemente nas argolas, o que não ocorria com nenhuma outra
peça do tabernáculo, numa clara demonstração que jamais poderia ser ela tocada
(Êx 25.11-15). Foram os materiais nobres usados para a construção da peça. Sua
forma era retangular e suas medidas eram de 2,5 côvados de comprimento, 1,5 de
largura e 1,5 de altura (1,25m de comprimento, 75cm de largura e 75cm de
altura: estes são valores aproximados).
A arca foi feita por Bezaleel (Êx 37.1) e
esta afirmação bíblica bem revela a solenidade e a importância desta peça,
visto que, pelo que se infere do texto, foi algo feito exclusivamente pelo
principal dos artesãos, especificamente chamado pelo Senhor e capacitado por Ele
para tal obra (Êx 35.30-33).
Somente alguém devidamente capacitado de
forma sobrenatural poderia elaborar esta peça, que era réplica de uma arca que
existe no céu, como se pode verificar de Ap 11.19. Alguns entendem que esta
arca vista por João seria a arca construída por Bezaleel, já que a arca
desapareceu quando foi destruído o Primeiro Templo, mas não nos parece ser esta
a melhor interpretação, uma vez que o Senhor dissera a Moisés que o tabernáculo
era um modelo, uma cópia de um santuário celestial, de modo que tudo o que foi construído
era réplica de algo que já existia nos céus e a arca vista por João parece ser
a arca do tabernáculo celeste, não fazendo sentido que a arca construída aqui
tivesse sido transportada para o céu.
Como a madeira de acácia não ficava
exposta, e o que se podia ver era o dourado da arca, a imagem faz uma perfeita
tipologia das duas naturezas de Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro
Deus. Essa doutrina é uma das mais importantes da fé cristã.
A arca, por ser de madeira e revestida de
ouro, fala-nos, uma vez mais, da dupla natureza de Jesus Cristo, o Deus que Se
fez homem (Jo 1.1-3,14), o mesmo sendo figurado pelas varas que permitiam a locomoção
da arca. Jesus, enquanto andou entre nós, neste mundo, era o Deus feito homem,
jamais deixou de ser Deus, mas havia Se humanizado. As quatro argolas de ouro
demonstram a Sua divindade, mas uma divindade que ficou “inativa” enquanto
esteve Ele entre nós, pois como homem deveria vencer o mundo e o pecado.
É uma verdade consoladora saber que hoje
temos, à destra de Deus, um Sumo Sacerdote que sabe o que se passa com a nossa
vida, e ainda compadece-se por ela (Hb 4.15). Portanto, não hesite em chegar ao
trono da graça com confiança (Hb 4.16).
A parte externa da arca fala-nos do corpo
de Cristo, o Deus que Se fez homem, que Se entregou por nós. Jesus Se deu por
nós (Jo 10.18), Seu corpo foi a oblação, a oferta pelos nossos pecados (Hb 10.5-10).
Esta propiciação pelo sangue de Cristo
faz-nos ter acesso à glória de Deus e, por isso, pelo sangue de Jesus, podemos
chegar ao trono da graça, podendo, assim, ser ajudados em tempo oportuno (Hb
4.16).
O fato de o propiciatório ser de ouro puro
e a arca ser revestida de ouro por dentro e por fora, falamos, também da
própria glorificação de Cristo, após o Seu sacrifício, sendo ressuscitado dos
mortos em corpo glorioso, para nunca mais morrer, glorificação que será seguida
por todos quantos crerem n’Ele e forem lavados e remidos por este mesmo sangue
(At 3.15; Rm 6.4; 10.9; Gl 1.1; Rm 8.30; 1ª Co 15.51-54; Ap 22.14).
A tampa da a arca que o Senhor denominou
de “propiciatório”, a palavra hebraica “kapōreth”
(ת פרַכ.), (substantivo que significa tampa, propiciação). Esta palavra se
refere à tampa que cobria a Arca do Testemunho. Ela era feita de ouro de
decorada com dois querubins. Deus repousava acima deste propiciatório (Êx 25.17-22).
A palavra “propiciação”, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, significa “ação ou ritual com que se procura agradar uma divindade, uma força sobrenatural ou da natureza etc., para conseguir seu perdão, seu favor ou sua boa vontade; sacrifício ou oferenda que se faz para aplacar a ira dos deuses.
Esta tampa, portanto, era o lugar onde o
Senhor aplacaria a Sua ira em virtude dos pecados do povo, não sendo, pois,
coincidência que se tratasse de uma palavra específica para a denominação deste
local singular não só no tabernáculo, mas em todo o mundo.
Esta singularidade fala-nos de que somente
Cristo Jesus é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos,
mas pelos de todo o mundo (1ª Jo 2.2). Foi Jesus quem pagou o preço pelos
nossos pecados, satisfazendo a justiça divina. Por isso, na cruz do Calvário,
disse “Está consumado” (Jo 19.30), expressão que, no original grego, tetelestai, que significa “está
quitado”, “está pago”, afirmando, assim, que a dívida existente entre a
humanidade e Deus por causa do pecado havia sido satisfeita.
Enquanto, porém, o Senhor Jesus não
oferecia o Seu sacrifício perfeito, que, em uma única vez, tiraria o pecado do
mundo (Hb 9.28; 10.10,12), necessário se fazia que, periodicamente, mais
precisamente uma vez ao ano, a ira de Deus fosse aplacada, e isto se dava
mediante a “cobertura” de sangue nesta tampa, o propiciatório, quando o pecado
da humanidade era expiado, ou seja, coberto, e adiada a punição, visto que o
salário do pecado é a morte (Rm 6.23).
Os querubins, portanto, estavam ali para
lembrar que o acesso a Deus estava interrompido por causa do pecado, que faz
divisão entre Deus e a humanidade (Is 59.2) e que não se poderia compartilhar
da glória divina e, ainda, carecer da graça e misericórdia de Deus para que não
fôssemos tragados por causa do pecado.
É importante, ademais, embora já dito em
outra oportunidade, que se aproveita a ocasião para se rechaçar argumento
trazido por romanistas a respeito do uso de imagens. Defende o romanismo o uso
de imagens, algo, inclusive, que foi estabelecido no Segundo Concílio de
Niceia, ocorrido em 787. Um dos argumentos usados pelos romanistas é,
precisamente, a existência destes querubins no tabernáculo, uma “prova” de que
Deus permite e até determina o uso de imagens no culto
Cabe observar, por primeiro, que estes
querubins faziam parte do propiciatório, a tampa da arca, arca que NUNCA era
vista pelo povo de Israel. Ora, a arca ficava no lugar santíssimo, separado do
lugar santo por um véu e que somente era frequentado pelo sumo sacerdote uma
vez ao ano, o que impedia que a arca pudesse ser vista por alguém, o que, por
si só, já desmonta a ideia do uso de imagens no culto, pois estas imagens nem
sequer eram vistas pelas pessoas, que dirá ser veneradas ou honradas, como
fazem os romanistas.
Mesmo na locomoção do tabernáculo, a ordem divina era de que, quando fosse o caso de partirem, Arão e seus filhos viriam e tirariam o véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo e com ele cobririam a arca da aliança (Nm 4.5), ou seja, ninguém teria sequer a oportunidade de ver tanto a arca quanto o propiciatório. Em seguida, deveriam pôr a coberta de texugo, que era a quarta e mais externa das camadas da cobertura do tabernáculo e sobre ela estenderiam um pano todo azul e, assim, carregariam a arca com os varais que sempre estavam nas argolas (Nm 4.5,6) e isto seria feito pelos coatitas (Nm 4.4). Que objeto de culto é este que nem sequer é visto ou tocado?
Como se isto fosse pouco, lembremos o
episódio que envolveu Uzá, que ousou tocar na arca, que era levada, muito
provavelmente coberta, de Quiriate-Jearim, onde fora deixada depois de sua
devolução pelos filisteus, ainda nos dias de Samuel, Uzá que foi imediatamente
morto por Deus por causa daquela imprudência (2º Sm 6.7; 1º Cr 13.10), a
palavra hebraica (לַ ש...” , (substantivo masculino que significa pecado,
erro). Este substantivo é usado apenas uma vez no Antigo Testamento, em 2º
Samuel 6.7, entretanto, por este uso podemos perceber que o erro descrito por
esta palavra é grande e grave. O contexto é o de Uzá, a quem Deus matou porque
havia tocado a arca; este erro foi o motivo de sua morte. Este vocábulo conota
um grande pecado ou erro que merece a morte.”
Mesmo quando houve a construção do templo,
Salomão fez dois querubins de madeira, que cobriu de ouro, e colocou no lugar
santíssimo, mas tais querubins, também, ficavam completamente fora da visão dos
sacerdotes, pois eram de dez côvados de altura, quando o lugar santíssimo tinha
vinte côvados de altura, e suas asas, de cada um dos querubins, ocupavam dez
côvados de comprimento, num total de vinte côvados, indo de parede a parede do
lugar santíssimo, que tinha vinte côvados e era separado por um véu do lugar
santo (1º Rs 6.19-28), o que, também, retira o argumento e que estes querubins,
que não faziam parte da arca, podiam ser objeto de veneração, já que nem sequer
eram vistos e apenas reforçaram o aspecto da simbologia da separação entre Deus
e os homens por causa do pecado.
Esta simbologia, aliás, é mais um argumento contra o uso de imagens. Com o sacrifício de Cristo, o véu foi rasgado de alto a baixo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45), abrindo-se um novo e vivo caminho entre Deus e os homens por Cristo (Hb 10.19-24), de sorte que o que representavam os querubins não mais existe, pois, o sacrifício único de Cristo tirou os nossos pecados (Hb 9.12,26,28) e, diante disto, não há mais qualquer obstáculo entre nós e Deus. Por que, então, haveríamos de usar querubins ou quaisquer outras imagens, se temos livre acesso a Deus por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo? (1ª Tm 2.5).
O fato de os querubins estarem voltados um
defronte do outro, para o propiciatório e olhando para ele, é mais um reforço
no sentido de que eles estavam ali única e exclusivamente para representar a
divisão entre Deus e os homens por causa do pecado. E o sangue era posto
justamente ali, no propiciatório, para onde os querubins olhavam, para mostrar
que Deus ali aplacava a Sua ira, mediante o derramamento do sangue, pois, sem
derramamento de sangue, não há remissão (Hb 9.22). No Sl 9.12, Davi, em um
salmo que é um canto fúnebre, mostra que “Deus inquire do derramamento de
sangue”, e a palavra hebraica traduzida por “inquire” é “dārāš” (שָ רָ ד), (propriamente) pisar ou frequentar; (usualmente)
seguir (para perseguição ou busca); (por implicação) buscar ou perguntar;
(especificamente) adorar: - perguntar, x de alguma maneira cuidar, ter cuidado,
x diligentemente, inquirir.
III. OS TRÊS ELEMENTOS SAGRADOS DENTRO DA ARCA
Como mencionamos anteriormente, três principais objetos estavam no interior da arca:
1. As tábuas da Lei (Êx 25.16,21; Dt 10.1-5). Pelo poder divino, Deus esculpiu em duas tábuas a sua Lei para Israel. Aqui, estamos nos referindo às segundas tábuas da Lei (cf. Dt 10.1-5), pois as primeiras foram quebradas por Moisés depois de o povo israelita praticar a idolatria com o Bezerro de Ouro (Êx 32.19,20). Entretanto, as tábuas guardadas na arca foram uma segunda cópia produzida pelo próprio Deus. Assim, elas estariam protegidas e seus princípios norteariam o povo.
Na arca, coberta pelo propiciatório,
deveria ser posto o “Testemunho”, que, como já vimos, era uma espécie de
“tesouro”, de preceito, sinal de advertência. É interessante notar que, quando
o Senhor manda a Moisés que deveria construir a arca, não diz a ele, de
imediato, que “testemunho” ali seria posto (Êx 25.16). Era algo que seria
revelado posteriormente.
Dentro da arca, portanto, deveria ser
posto o “testemunho”, algo que serviria como “sinal de advertência” para o povo
de Israel, algo que como que complementaria a simbologia tanto dos querubins
quanto do sangue que deveria ser posto sobre o propiciatório uma vez ao ano
para aplacar a ira de Deus.
A existência de um “testemunho” na arca
mostra-nos que, em nossa comunhão com o Senhor, que é estabelecida pelo sangue
de Jesus, deve haver uma “vigilância”. Por isso, o Senhor Jesus é sempre
enfático ao dizer a Seus discípulos que eles deveriam vigiar para não entrar em
tentação (Mt.26:41; Mc.14:38), vigiar para não perder a salvação (Mt 24.42; 25.13;
Mc 13.33,35,37; Lc 21.36).
Deus mandou que Moisés pusesse na arca o
“testemunho”, que eram as duas tábuas de pedra em que o Senhor escrevera, pela
segunda vez, as palavras que proferira no monte Sinai, os “dez mandamentos” (Êx
34.1,4,28,29; Dt 10.1-5).
Eram as “segundas tábuas da lei”, que se
encontravam dentro da arca, como “testemunho”, como “sinal de advertência”, ou
seja, o Senhor lembrava continuamente Israel do pacto que havia firmado com
eles no Sinai, sendo que a lei estava ali não para salvar o povo, mas, antes,
para apontar o pecado do povo e mostrar a necessidade de alguém que viesse
cumprir a lei e pagar o preço pelos pecados, apontados, mas nunca tirados pela
lei.
Estas “segundas tábuas da lei” são
conhecidas como as “tábuas da misericórdia”, porque foi a demonstração de uma
“segunda chance” dada por Deus aos filhos de Israel, pois, com o episódio do
bezerro de ouro, a destruição do povo era certa, tanto que Moisés subiu ao
monte para aplacar a ira de Deus contra os israelitas (Êx 32.30-32).
Quando o Senhor deu novas tábuas ao povo
de Israel, revelou que não iria destruí-lo e, assim, permitir que os israelitas
aguardassem o novo profeta que viria e que resolveria a problemática do pecado
e traria a comunhão perfeita que a lei não poderia dar, ante a incredulidade
dos israelitas.
Ao mandar que estas tábuas fossem
inseridas dentro da arca, tinha-se a certeza de que Deus era misericordioso,
grandioso em perdoar (Is 55.7) e que, apesar do pecado, havia esperança e o
Senhor continuava querendo ter um relacionamento com Israel, que deveria,
então, observar os mandamentos que lhe havia sido dado por Deus, esperando a
vinda do profeta a quem eles deveriam ouvir.
As segundas tábuas foram talhadas por
Moisés, embora, como as primeiras, tivessem sido escritas por Deus (Êx 34.1).
Isto mostra a existência de um esforço humano para o cumprimento da Palavra, um
comprometimento que deve existir na vida daquele que quer servir a Deus.
A participação humana nas segundas tábuas
representa o esforço humano na santificação progressiva, é o nosso amoldar à
vontade de Deus, e, mais, demonstra a própria humanidade de Cristo, que, como
homem, venceu o pecado e o mundo para nos dar a salvação. Enquanto as primeiras
tábuas eram fruto único e exclusivo de Deus, a tipificar a iniciativa humana no
processo da salvação, as segundas tábuas revelam esta cumplicidade que passa o
povo de Deus a ter com seu Senhor na continuidade da santificação até o dia da
glorificação, glorificação que somente será possível precisamente porque os
glorificados guardaram a Palavra do Senhor (Ap 3.10).
A presença das segundas tábuas da lei na
arca, também, revela que a Palavra de Deus é extremamente necessária para que
tenhamos a presença de Deus em nós, para que entremos em comunhão com o Senhor.
A arca tipifica Cristo, Cristo que está além do véu, o Cristo com quem
convivemos com quem temos unidade uma vez nos arrependendo de nossos pecados e
alcançando o perdão, a justificação, a regeneração, a conversão, a adoção de
filhos e a santificação (Jo 17.20,21; Rm 8.16,17,29,30). Quando guardamos a
Palavra, tornamo-nos morada do Pai e do Filho (Jo 14.23) e, por isso, haveremos
de morar eternamente com o Senhor na glória (Ap 3.10).
Como ensina o pastor Abraão de Almeida:
“…Como as tábuas da Lei representavam a vontade de Deus para com o povo de
Israel, elas apontavam para Jesus, que tinha a vontade de Deus no seu coração…”
(O tabernáculo e a Igreja, p.26). Não só no Seu coração, mas o Senhor Jesus
tinha em cumprir a vontade do Senhor a sua própria razão de ser, tanto que
disse ser isto a Sua comida (Jo 4.34).
2. Um vaso com o maná do deserto (Êx 16.33-35). Além das segundas tábuas da lei, que sempre permaneceram no interior da arca (1º Rs 8.9), também o Senhor mandou que se pusesse dentro da arca a vara de Arão que florescera e frutificara, quando da prova que Deus mandou que se fizesse para que se calasse o questionamento quanto à autoridade espiritual de Arão, questionamento surgido com a rebelião de Coré, Datã e Abirão (Nm 16.17).
Logo após a cessação da praga que vitimou
quatorze mil e setecentas pessoas depois da morte dos envolvidos diretamente
com a rebelião, o Senhor mandou que se tomasse uma vara para cada casa paterna
de Israel e que se escrevesse o nome de Arão em vez de Levi na vara referente a
esta tribo e que se deixassem as varas na tenda da congregação diante da arca e
que, no dia seguinte, vindo o Senhor, a vara daquele a quem Ele escolhera
floresceria e frutificaria. E, no dia seguinte, quando Moisés entrou na tenda
da congregação, a vara de Arão tinha florescido, e dado amêndoas, e isto foi
mostrado ao povo, como prova de que o Senhor escolhera Arão para o sacerdócio.
Foi, então, mandado que esta vara fosse colocada dentro da arca (Nm 17.10). A
vara seria como “sinal para os filhos rebeldes”, o que poria fim às murmurações
e o povo não morreria por causa disso.
A vara de Arão, prova de sua chamada
sacerdotal, tipifica Cristo como o Sumo Sacerdote, Aquele que ofereceu o único
e perfeito sacrifício que tirou o pecado do mundo. O sacerdócio que floresceu e
frutificou e fez surgir um povo santo, especial e zeloso de boas obras, o grão
de trigo que morreu e, por ter morrido, frutificou (Jo 12.24).
Mas, também, a vara de Arão representa a
autoridade de Deus, pois, com ela, o Senhor mostrou que tinha o poder de
escolher quem Ele quisesse para exercer o sacerdócio e que ninguém poderia
questionar a Sua soberania. Vara fala de autoridade, tanto que o Senhor Jesus é
apresentado como aquele que terá a vara e regerá as nações durante o Seu reino
milenial (Ap 2.27; 19.15).
Nossa comunhão com Deus só é possível
diante da mediação de Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens (1ª
Tm 2.5). Não há outro meio pelo qual possamos nos chegar a Deus (Jo 14.6).
A vara de Arão já não mais estava na arca
quando da inauguração do templo, como uma demonstração: primeiro, que o povo
havia deixado de lado esta advertência para não murmurar, deixando de lado a
própria autoridade divina, tanto que haviam pedido um rei, não querendo mais
que o Senhor reinasse sobre eles (1º Sm 8.7); segundo, porque o sacerdócio
levítico, ressaltado nesta vara, não era permanente, haveria de terminar e dar
lugar ao sacerdócio de Cristo, este, sim, o sacerdócio perfeito e eterno (Hb
8).
Dentro da arca, também, foi determinado
que se pusesse uma porção de maná (Êx 16.33), que deveria servir de guarda para
as gerações, ou seja, como uma lembrança de que Deus os havia sustentado com
maná durante a peregrinação no deserto (Dt 8.3,16).
Originalmente, quando o maná ficava de um
dia para o outro, apodrecia (Êx 16.19,20). Porém, o maná contido na arca da
aliança não sofria qualquer tipo de deterioração. Isso sinalizava a provisão do
Deus Altíssimo para o seu povo. Da mesma forma, essa imagem aponta para o
Senhor Jesus como o maná celestial, o “pão vivo” que nutre e sustenta a sua
Igreja. O nosso Senhor foi quem disse: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a
mim não terá fome” (Jo 6.35). Portanto, “coma” desse pão e alimente-se da
verdadeira vida!
Aqui temos a tipificação de Cristo como o
pão da vida, como o Deus da provisão, como o próprio Jesus haveria de explanar
em um discurso dirigido aos judeus na sinagoga de Cafarnaum (Jo 6.22-59).
Não há como mantermos a comunhão com o
Senhor se d’Ele não nos alimentarmos, se não comermos da Sua carne e bebermos
do Seu sangue, como o próprio Senhor Jesus nos ensina na passagem já aludida do
evangelho segundo João. Comer da Sua carne e beber do Seu sangue não é apenas
participar da ceia do Senhor, como ensinam os romanistas, que, a propósito, procuram
extrair dessa passagem respaldo para sua equivocada doutrina da
transubstanciação, mas, sim, uma vida de união com o Senhor, de renúncia de si
mesmo e de prática da vontade de Deus, o que o apóstolo Paulo chama de viver
para Deus, de não mais viver, mas Cristo viver em nós (Rm 6.1-11; Gl 2.20; Fp
1.21).
O maná também não estava na arca quando da
inauguração do templo, porque o maná foi temporário, não era o verdadeiro pão
do céu, algo que cessou (Js 5.12) e que foi substituído pelo fruto da terra, igualmente
dado pelo Senhor (Sl 65), mas cuja abundância dependeria da fidelidade do povo
ao Senhor (Dt 28; Ml 3.8- 12). Mas, Cristo, o pão da vida, o verdadeiro pão do
céu, o maná escondido, para sempre nos alimentará, dando-nos do maná escondido
(Ap 2.17).
3. A vara que floresceu (Nm 17.1-10). Além das segundas tábuas da lei, que sempre permaneceram no interior da arca (1º Rs 8.9), também o Senhor mandou que se pusesse dentro da arca a vara de Arão que florescera e frutificara, quando da prova que Deus mandou que se fizesse para que se calasse o questionamento quanto à autoridade espiritual de Arão, questionamento surgido com a rebelião de Coré, Datã e Abirão (Nm 16.17). Essa vara serviria de uma memória ao povo de Israel quanto à escolha de Deus ao ministério sacerdotal. Esse milagre mostra, com clareza, que o Altíssimo é quem designa seus ministros para uma grande obra. Ele é o dono de tudo e age segundo o seu maravilhoso propósito (Rm 8.28-30; 1ª Co 1.26,27).
Logo após a cessação da praga que vitimou
quatorze mil e setecentas pessoas depois da morte dos envolvidos diretamente
com a rebelião, o Senhor mandou que se tomasse uma vara para cada casa paterna
de Israel e que se escrevesse o nome de Arão em vez de Levi na vara referente a
esta tribo e que se deixassem as varas na tenda da congregação diante da arca e
que, no dia seguinte, vindo o Senhor, a vara daquele a quem Ele escolhera
floresceria e frutificaria. E, no dia seguinte, quando Moisés entrou na tenda
da congregação, a vara de Arão tinha florescido, e dado amêndoas, e isto foi
mostrado ao povo, como prova de que o Senhor escolhera Arão para o sacerdócio.
Foi, então, mandado que esta vara fosse colocada dentro da arca (Nm 17.10). A
vara seria como “sinal para os filhos rebeldes”, o que poria fim às murmurações
e o povo não morreria por causa disso.
A vara de Arão, prova de sua chamada
sacerdotal, tipifica Cristo como o Sumo Sacerdote, Aquele que ofereceu o único
e perfeito sacrifício que tirou o pecado do mundo. O sacerdócio que floresceu e
frutificou e fez surgir um povo santo, especial e zeloso de boas obras, o grão
de trigo que morreu e, por ter morrido, frutificou (Jo 12.24).
Mas, também, a vara de Arão representa a
autoridade de Deus, pois, com ela, o Senhor mostrou que tinha o poder de
escolher quem Ele quisesse para exercer o sacerdócio e que ninguém poderia
questionar a Sua soberania. Vara fala de autoridade, tanto que o Senhor Jesus é
apresentado como aquele que terá a vara e regerá as nações durante o Seu reino
milenial (Ap 2.27; 19.15).
Nossa comunhão com Deus só é possível
diante da mediação de Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens (1ª
Tm 2.5). Não há outro meio pelo qual possamos nos chegar a Deus (Jo.14.6).
A vara de Arão já não mais estava na arca
quando da inauguração do templo, como uma demonstração: primeiro, que o povo
havia deixado de lado esta advertência para não murmurar, deixando de lado a
própria autoridade divina, tanto que haviam pedido um rei, não querendo mais
que o Senhor reinasse sobre eles (1º Sm 8.7); segundo, porque o sacerdócio
levítico, ressaltado nesta vara, não era permanente, haveria de terminar e dar
lugar ao sacerdócio de Cristo, este, sim, o sacerdócio perfeito e eterno (Hb
8).
Dentro da arca, também, foi determinado
que se pusesse uma porção de maná (Êx 16.33), que deveria servir de guarda para
as gerações, ou seja, como uma lembrança de que Deus os havia sustentado com
maná durante a peregrinação no deserto (Dt 8.3,16).
Aqui temos a tipificação de Cristo como o
pão da vida, como o Deus da provisão, como o próprio Jesus haveria de explanar
em um discurso dirigido aos judeus na sinagoga de Cafarnaum (Jo 6.22-59).
IV. PECULIARIDADES SOBRE A ARCA DA ALIANÇA OU ARCA DO CONCERTO
Não resta dúvida, como já vimos, da grande importância da arca da aliança ou arca do concerto para o tabernáculo.
Sua importância era tal que a sua retirada
do tabernáculo, nos dias de Eli, para que fosse levada ao campo de batalha na
guerra contra os filisteus representou a própria destruição do tabernáculo de
Siló.
Nos terríveis dias de Eli, os israelitas
desvirtuaram o papel da arca da aliança, passando a considera-la um amuleto.
Assim, acharam que a simples presença dela no campo de batalha garantiria a
vitória de Israel sobre os filisteus (1º Sm 4.3-10).
“…Uma arca era uma mobília religiosa comum
naquela época no Oriente Médio, mas essa arca era diferente. Na maioria das
religiões pagãs, o baú continha uma estátua da divindade sendo adorada. Neste
caso, a arca continha três itens que mostravam como Deus se relacionava com o
seu povo: as tábuas com os dez mandamentos (a orientação de Deus), a vara de
Arão (a autoridade de Deus) e uma jarra de maná (a provisão de Deus para
necessidades diárias do Seu povo).…” [AQUINO, Hugo. Tabernáculo, lugar de
adoração. Disponível em: https://www.slideshare.net/392766/tabernculo-64413086
Slide 66. Acesso em 18 fev. 2019].
Como nos mostra Hugo Aquino, os israelitas
achavam que a arca poderia ser o próprio Deus atuando em favor deles no campo
de batalha, diminuindo, assim, o Senhor a apenas uma peça que O representava.
No entanto, apesar de toda a festa que fizeram no arraial, os israelitas foram
fragorosamente derrotados, porque haviam tornado a glória do Deus incorruptível
em algo criado.
Não só os israelitas foram derrotados,
como a arca foi tomada e os filisteus, dentro da mesma mentalidade dos
israelitas, acharam que haviam “conquistado” o Deus de Israel. Aprenderam,
também, que Deus é maior do que a arca e tiveram de reconhecer a soberania
divina (1ªº Sm 5.1; 6.12).
Devolveram a arca a Israel, mas, a partir
daí, a arca nunca mais voltou a Siló, que deixou de ser a sede do tabernáculo,
por expressa vontade do Senhor, como até sinal da Sua desaprovação para com a
atitude tomada pelos anciãos em relação a arca, que foi o ponto culminante de
toda uma série de transgressões e desobediências (Sl 78.56-60), ficando, deste
modo, como sinal de advertência para futuras rebeldias (Jr 7.12,14; 26.6,9).
Quando a arca retornou a Israel, por causa
da irreverência com que a acolheram, foram mortos cinquenta mil e setenta
homens, pois, os israelitas foram ver o que havia dentro da arca (1º Sm 6.19),
onde, provavelmente, foram tirados da arca a varão de Arão e o pote de maná,
motivo por que foi ela levada a Quiriate-Jearim, onde foi posta na casa de
Abinadabe, onde ficou até os dias de Davi (1º Sm 7.1; 1º Cr 13.1-3).
Nos dias de Davi, a arca foi levada até
Jerusalém (2º Sm 6.12; 7.2), onde ficou numa tenda até a construção do templo
por Salomão, quando foi levada para o lugar santíssimo do templo, tendo, então,
apenas as tábuas da lei (1º Rs 8.4-9).
Pelo que se verifica, até pelo temor de
ser a arca tomada quando havia alguma guerra ou invasão estrangeira em
Jerusalém, a arca era removida do lugar santíssimo nessas ocasiões, tendo o rei
Josias dito que não teriam mais que se preocupar com isso (2º Cr 35.3).
Entretanto, não se sabe se neste suposto
costume de remoção da arca quando dos sítios dos inimigos na cidade, ou por
Providência Divina, o fato é que, apesar do minucioso relato dos escritores
sagrados sobre o que foi levado pelos babilônios para sua terra quando da
destruição do templo, a arca, a peça mais importante, não é sequer mencionada
(2º Rs 25.13-17; 2º Cr 36.19; Ed 1.9-11; Dn 5.3).
A arca desapareceu, não se sabendo o seu
paradeiro. No livro de 2º Macabeus, diz que foi Jeremias que escondeu no Mote
Nebo. Quando da construção do Segundo Templo, não foi feita nova arca, de forma
que o Segundo Templo não a possuiu. E por que não teve o Segundo Templo uma
arca? Porque a glória da segunda casa seria maior do que a primeira (Ag 2.9) e
este templo não veria a arca, tipo de Cristo, mas o próprio Cristo, o próprio
antítipo. Jesus esteve no templo e se pôde ver a glória do Unigênito do Pai, cheio
de graça e de verdade (Jo 1.14), Aquele que, ao morrer, fez rasgar o véu de
alto a baixo, abrindo um novo e vivo caminho para Deus, permitindo a entrada ao
santíssimo de todos os que cressem n’Ele, tornando cada um de Seus servos
morada de Deus no Espírito (Ef 2.22).
Por isso, é abominável aos olhos do Senhor
o que se tem visto nos últimos tempos, com vários que cristãos se dizem ser
reproduzirem a arca da aliança e, mais do que isto, colocarem a arca no centro
do culto a Deus. Trata-se de uma atitude assaz preocupante, de substituir
Cristo por um tipo que, inclusive, deixou de ser utilizado desde o início do
Segundo Templo, há cerca de 2.500 anos atrás.
Observemos, ademais, que, em Jr 3.16, o
profeta diz que, quando viesse o tempo em que o Senhor daria “pastor segundo o
Seu coração que apascentassem Israel com ciência e com inteligência”, ou seja,
quando viesse o “novo concerto” (Cf. Jr 31.31-34), “nunca mais se diria: a arca
do concerto do Senhor! Nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a
visitarão, isso não se fará mais”. Ou seja, o texto sagrado é explícito ao
dizer da desnecessidade da arca do Senhor na nova aliança estatuída pelo sangue
de Cristo.
Tornar a fazer a arca do concerto,
transformá-la em objeto de culto é nada mais nada menos do que uma forma de
estar perigosamente muito próximo de pisar o Filho de Deus e ter por profano o
sangue do testamento com foi santificado e fazer agravo ao Espírito da graça,
conduta que é praticamente uma blasfêmia contra o Espírito Santo, o pecado voluntário
que está além do perdão, como nos indica o escritor aos hebreus (Hb 10.26-31).
Não podemos, em absoluto, utilizar da arca
da aliança como objeto de culto ou como referência ao nosso culto. Temos o
antítipo da arca, Cristo Jesus, que mora em nós e que vive em nós. Tomemos,
pois, muito cuidado com isso, amados irmãos!
CONCLUSÃO. Nesta lição, vimos que arca da aliança era um grande símbolo da presença de Deus entre o seu povo, e que nos aponta para a obra completa de Jesus Cristo para sua Igreja. Nestes últimos dias, o Senhor nos deixou o Consolador. Não precisamos mais carregar uma arca para desfrutar da presença de Deus, pois o Espírito Santo habita em nós.
AS ORAÇÕES DOS
SANTOS NO ALTAR DE OURO
Levítico 16.12,13 “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá dentro do véu. 13- E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra.”
Apocalipse 5.6-10 “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7- E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono. 8- E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. 9- E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; 10- e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.”
INTRODUÇÃO. No Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado exclusivamente àquela ocasião. Hoje, o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações, súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13).
Para se oferecer o incenso ao Senhor, três
coisas eram necessárias: o lugar, o altar e a cerimônia. Apenas o sumo
sacerdote estava autorizado a conduzir esse ato de adoração.
I. O LUGAR SANTÍSSIMO
1. Visão panorâmica do tabernáculo de Moisés. Como sabemos, o tabernáculo de Moisés dispunha de três divisões: o pátio externo, onde ficavam o altar de bronze para os holocaustos e a pia de bronze para o lavatório; entrando no interior do tabernáculo propriamente, estava o primeiro ambiente, que era o Lugar Santo (ou átrio), onde ficavam três mobílias: à direta, a mesa dos pães da proposição, à esquerda o grande candelabro de ouro, e de frente, junto ao véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo estava o altar de ouro para ofertas de incenso. Por trás desse grosso e pesado véu estava o Lugar Santíssimo, onde estava a arca da aliança feita de ouro, que trazia em seu interior as pedras dos mandamentos, a varão de Arão que floresceu e um pouco do maná que o povo comeu no deserto; ainda sobre esta arca da aliança (ou arca do testemunho/concerto) estava a chamada “tampa do propiciatório”, e sobre a tampa dois querubins esculpidos em ouro. Neste último ambiente, somente o sumo-sacerdote podia entrar uma vez ao ano, no Dia da Expiação; nos demais ambientes, os sacerdotes oficiavam culto e ofertas ao Senhor diariamente.
2. O altar do incenso. O altar do incenso no tabernáculo de Moisés era quadrado, de modo que seu cumprimento e largura mediam 1 côvado (45 cm), com 2 côvados de altura (90 cm). Assim como a mesa dos pães da proposição, o altar de incenso era feito de madeira de acácia e coberto de ouro puro; tinha também pontas em cada canto e duas argolas de ouro nas suas laterais para fins de transporte.
3. Relação entre o altar e o Lugar Santíssimo. Ainda que o altar do incenso ficasse localizado no Lugar Santo, tinha uma profunda relação com o significado espiritual do Lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos), especialmente no Dia da Expiação se podia dizer que o altar do incenso pertencia a este último ambiente (Hb 9.2,3; Lv 16.12,13). É uma forma de dizer que as ervas queimadas que faziam subir uma fumaça com perfume agradável bem à frente do véu, eram como as orações do povo de Deus que deveriam subir como cheiro suave, isto é, agradável ao Senhor, que é santíssimo!
4. O incenso. O incenso era oferecido, juntamente com outras ofertas (Lv 2.1), sozinho sobre o altar do incenso (Êx 30.1-9) ou em um incensário (Lv 16.12; Nm 16.17). A preparação do incenso está descrita em Êx 30.34-38; e as ocasiões cerimoniais para queimar o incenso, em Êx 30.7,8, assim como o Dia da Expiação, em que o incenso era posto sobre o fogo (Lv 16.12,13).
Sobre o altar de ouro o sacerdote queimava incenso ao Senhor pela manhã e à tardinha, como símbolo da constante adoração do povo à Yavéh (Êx 30.1-10; 40.5; 1º Re 6.22; Sl 141.2). De tal modo era sagrado aquele incenso, que não podia ser feito uma reprodução dele para uso comum (Êx 30.37,38) e, menos ainda, se podia usá-lo de modo profano no culto ao Senhor. Foi por intentar oferecer incenso com fogo estranho (provavelmente não proveniente do altar do holocausto) que Nadabe e Abiú, filhos do sumo-sacerdote Arão pereceram diante do Senhor (Lv 10.1,2).
II. JESUS, O SUMO SACERDOTE QUE INTERCEDE POR NÓS
1. O presente simbólico para o menino Jesus. O incenso está tão intimamente ligado à Cristo, numa perspectiva tipológica, que desde seu nascimento vemos a presença deste elemento junto dele, apontando para seu ofício sacerdotal. Entre os três presentes que os magos do Oriente levaram para o menino Jesus, encontrava-se o incenso, além do ouro (que fala de sua realeza e divindade) e da mirra (que falam de seu sacrifício vicário).
O evangelista Mateus, único a registrar
esse episódio, pois ele escreveu para os judeus, que estavam acostumados com a
simbologia desses elementos no culto ao Senhor; assim escreve sobre as dádivas
dos magos: “E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e,
prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas:
ouro, incenso e mirra” (Mt 2.11). É inegável que temos na oferta do incenso,
uma antecipação muito simbólica do ministério da intercessão que Cristo haveria
de assumir em favor dos seus discípulos.
2. Jesus intercede pelos Seus. Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.31,32).
Estas palavras de Jesus provam para nós
que o inimigo de nossas almas deseja sacudir-nos para cima e para baixo, a fim
de separar-nos do trigo do Senhor e soprar-nos para longe, como palha levada
pelo vento, mas ele sabe que não pode fazer isso sem expressa permissão divina.
Embora Deus tem concedido ao inimigo permissão para nos tentar (até mesmo Jesus
foi levado ao deserto pelo Espírito para ser tentado pelo diabo (Mt 4.1), não
estamos sozinhos na batalha contra o mal: Cristo, fiel amigo, tem sido nosso
parceiro forte nas lutas de cada dia. “Eu roguei por ti”, disse Jesus ao fraco
crente Pedro.
Jesus, como nosso sumo sacerdote e fiel
intercessor tem oferecido ao Pai intercessões por cada um de nós! Embora a
decisão final de cair ou permanecer de pé seja nossa, nenhum de nós está fadado
ao fracasso, desde que não desprezemos o auxílio do amigo Jesus, e estejamos
unidos a ele num mesmo propósito de amar e obedecer ao Pai. Dois mil anos
atrás, naquela que veio a ficar conhecida como “a oração sacerdotal”,
justamente por antecipar o ofício sacerdotal de Cristo, após a sua morte e
ressurreição, o nosso Senhor já oferecia por nós, crentes brasileiros do século
21, intercessões ao Pai, quando ele disse: “E não rogo somente por estes, mas
também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim” (Jo 17.20).
Neste sentido, é corretamente bíblica e
mui bela a composição de Antônio Almeida, no hino 524 da nossa Harpa Cristã,
quando diz em versos:
Através da tempestade;
Em qualquer calamidade;
Me consola esta verdade:
Cristo pensa em mim.
O apóstolo Paulo enfatiza o ministério de intercessão
do nosso Senhor, quando diz: “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e
mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm
8.34). O autor a carta aos Hebreus afirma que Jesus “pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles” (Hb 7.25). Não é maravilhoso contar com as preces de Jesus em nosso
favor? Ainda que ninguém lembre nosso nome em suas orações, Cristo Jesus está
pensando em nós!
E as orações de Jesus têm muitas vantagens
sobre as nossas próprias orações. Direi duas: a primeira é que ele intercede
com perfeição, nunca fazendo queixas ao Pai ou pedidos inadequados à justiça e
à santidade de Deus. Jesus é o perfeito Intercessor! E a segunda vantagem, nas
palavras do próprio Jesus, é que “Eu bem sei que sempre me ouves” (Jo 11.42),
isto é, o Pai sempre ouve ao Filho. Amado leitor, pode confiar nas orações de
Jesus! Elas são santas e sempre atendidas pelo Pai.
“Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome…” (Jo 16.23). De tal modo Cristo as intercessões que os crentes fazem estão intimamente relacionadas, que o Senhor tantas vezes instruiu a que orássemos ao Pai em seu nome, isto é, em nome de Jesus. Como bem colocado por Rouw e Kiene, “é Cristo quem apresenta as nossas orações e nossas ações de graças a Deus. Elas seriam aceitáveis a Deus se viessem diretamente de nós? Não, Cristo as purifica e santifica”.
De tal modo precisamos estar em sintonia
com Cristo nas nossas preces, que o apóstolo Pedro diz: “Vós também, como
pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1ª Pe 2.5).
Enfatizo: “por Jesus Cristo”, isto é, somente ofereceremos sacrifícios
espirituais agradáveis a Deus se for através de Jesus Cristo, salvos pelo seu
sangue, em comunhão com ele pela obediência à sua verdade e confiantes nos
méritos dele unicamente, não nos nossos próprios méritos. Isso é orar em nome
de Jesus.
III. AS ORAÇÕES DOS SANTOS
Gunnar Vingren, pioneiro fundador da Igreja Assembleia de Deus no Brasil, em seu trabalho de conclusão do curso de bacharelado em teologia, assim interpretou o significado espiritual do altar de incenso:
“O altar de incensos encontra analogia na
oração, conforme lemos em Hebreus 4.12. Portanto, vamos com coragem chegar até
o trono da graça, onde encontraremos misericórdia na hora certa. Aos incensos
usados nas ofertas se contrapõe a oração e o louvor. A oração é,
simbolicamente, um incenso que exala perfume e sobe do coração santificado até
o trono da graça. A fumaça aromática que subia do altar, agradava a Deus, assim
como agrada a Deus, o coração dos que aprenderam com o Espírito Santo. Assim
como o incenso estranho não era aceito nos altares, a oração, vinda de um
coração de pouca fé, não é aceita pelo Senhor. Somente a oração feita por um
coração cristão cheio de fé agrada a Deus e é aceita por Ele como oferta”.
1. Deus ouve orações. Foi enquanto oferecia incenso no Templo que o sacerdote Zacarias foi informado pelo anjo Gabriel de que teria um filho. É interessante notar o que o texto bíblico diz:
“E aconteceu que, exercendo ele o
sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, segundo o costume sacerdotal,
coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer o incenso. E toda a
multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso. E um anjo do Senhor
lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o,
turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas,
porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e
lhe porás o nome de João” (Lc 1.8-13).
Observe que tanto o sacerdote Zacarias,
como também o povo do lado de fora, estavam todos orando no momento da oferta
do incenso (o que demonstra a íntima ligação entre o elemento do culto hebreu e
a prática espiritual); mas atente especialmente para o fato de que o anjo
Gabriel disse a Zacarias que a sua oração foi ouvida. Que oração teria sido
essa, senão, conforme o contexto evidencia, a petição por um filho, já que sua
esposa Isabel era estéril e estava em idade avançada. Certamente era uma oração
que se repetia muitas vezes em casa e por muitos anos. Mas Deus ouviu a
persistente oração de Zacarias!
2. Orar com fé. Deus ouve as nossas orações, se feitas com fé. Sem fé, como diria Gunnar Vingren, nossas orações não passam de “incenso estranho”. Tiago, irmão do Senhor, dizia: “Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro. Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor” (Tg 1.6.7).
Ainda que a resposta demore vir, como para
nosso irmão Daniel em Babilônia, podemos ter certeza de que Deus ouve nossas
orações, desde o momento em que nos humilhamos diante de Deus (Dn 10.12).
3. Orar com persistência. Se quisermos ter vitória na vida, não podemos fracassar na oração! Como dizia o piedoso metodista Edward Bounds, “nenhuma formação intelectual pode tapar o buraco do fracasso na oração. Nenhum esforço intenso, nenhuma diligência, nenhum estudo, nenhum dom pode suprir o que falta por causa do fracasso em orar”.
O próprio Jesus exorta-nos: “Vigiai e
orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas
a carne é fraca” (Mt 26.41). A parábola da viúva que batia à porta do juiz
suplicando solução para a sua causa foi contada por Jesus aos seus discípulos
“sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lc 18.1). O apóstolo Paulo,
que costumava falar de suas orações e também pedir orações em seu favor em suas
cartas, exorta: “Orai sem cessar” (1º Ts 5.17) e ainda “Orando em todo o tempo
com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a
perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18).
4. Uma vida de oração. Diariamente, ao menos duas vezes por dia, o sacerdote oferecia incenso ao Senhor sobre o altar no lugar Santo. Quantas vezes por dia estamos fazendo subir a Deus o bom perfume de nossas orações? Aliás, já oramos hoje a sós com Deus, manifestando-lhe nossa gratidão por seu amor? Em tempos de crise como os que vivemos, temos levado todas as nossas necessidades a Deus em oração (Fp 4.6), ou estamos preferindo o atalho das murmurações e ansiedades que nada resolvem? (Mt 6.27). Deus responde, mas responde ao que clama! (Jr 33.3). Quanta ansiedade com o comer, o beber e o vestir! Quanto ativismo profissional sequestrando nossas devoções! Quanto entretenimento banal, privando-nos da comunhão com o Pai Celeste! Deveríamos nos envergonhar de não termos uma vida de oração, como a de Lutero, reformador alemão, que orava pelo menos duas horas por dia, ou como o puritano ou wesleyanos que passavam madrugadas sob a luz de velas, suplicando a Deus um avivamento espiritual genuíno!
Samuel Dickey Gordon, em seu clássico de
1904, Quiet Talks on Prayer, dizia com muita contundência:
“Os grandes da terra hoje são os que oram.
Não me refiro aos que falam sobre a oração, nem aos que creem na oração, nem
aos que sabem explicar os méritos da oração. Refiro-me às pessoas que separam
tempo para orar e oram. Elas não têm tempo. O tempo deve ser subtraído de outra
atividade qualquer. Essa atividade qualquer é importante e urgente, mas não
quanto a oração”.
CONCLUSÃO. Ao final do estudo desta lição, que mais do que informar deve nos inspirar para uma vida de fé e oração, que possamos dizer como o salmista “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). A oração é uma verdadeira batalha (Cl 4.12), e precisamos persistir e sermos diligentes a fim de conquistar a vitória. Satanás quer nos encher de atividades e entretenimentos a fim de nos fazer cansar e desanimar da oração. Disciplinemos nossa mente e coração, para garantir que estaremos sempre junto de Jesus, no Getsêmani da oração, a fim de que não soframos a reprimenda: “nem uma hora pudeste velar comigo?” (Mt 26.40). “Com Jesus a minh’alma deseja estar, no jardim em constante oração, quando a noite chegar e o mal me cercar quero estar em constante oração” (Emílio Conde).
O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS
LEITURA
BÍBLICA
Levítico 1.1-3 “E chamou o SENHOR a Moisés e falou com ele da tenda
da congregação, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum
de vós oferecer oferta ao SENHOR, oferecereis as vossas ofertas de gado, de
vacas e de ovelhas. 3- Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho
sem mancha; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade,
perante o SENHOR.”
Lv 2.1-3 “E, quando alguma pessoa oferecer oferta de manjares ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha; nela, deitará azeite e porá o incenso sobre ela 2- E a trará aos filhos de Arão, os sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado da flor de farinha e do seu azeite com todo o seu incenso; e o sacerdote queimará este memorial sobre o altar; oferta queimada é, de cheiro suave ao SENHOR. 3- E o que sobejar da oferta de manjares será de Arão e de seus filhos; coisa santíssima é, de ofertas queimadas ao SENHOR.”
Lv 3.1,2 “E, se a sua oferta for sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha diante do SENHOR. 2- E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta e a degolará diante da porta da tenda da congregação; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar, em roda.”
Lv 7.1,2 “E esta é a lei da expiação da culpa; coisa santíssima é. 2- No lugar onde degolam o holocausto, degolarão a oferta pela expiação da culpa, e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor.”
1ª João 2.1,2 “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. 2- E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”
INTRODUÇÃO. Nesta lição, veremos como esse sistema foi praticado e desenvolvido até que chegasse ao supremo e suficiente sacrifício de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: a expiação do Calvário. Portanto os sacrifícios da lei tipificam o sacrifício único de Cristo e o culto a Deus.
Antes de ser uma resolução de Moisés, o
sistema de sacrifícios estabelecido em Israel foi ordenado por Deus. Os livros
de Êxodo e Levítico apresentam, com precisão, as instruções sobre como eles
deveriam ser apresentados a Deus dentro do Tabernáculo.
I. A NECESSIDADE DE SACRIFÍCIOS
1. Israel a nação eleita para adorar a Deus. No estudo sobre o tabernáculo, torna-se inevitável que façamos alguma incursão no sistema de sacrifícios, uma vez que, conforme já visto, a maior peça do tabernáculo era o altar de cobre ou altar de sacrifícios, e era por meio dos sacrifícios que o povo de Israel iniciava o seu relacionamento com o Senhor.
Se o tabernáculo se apresentava como
santuário e habitação de Deus no meio do povo (Êx 25.8), tal presença não era
apenas para que o povo de Israel soubesse que o Senhor estava no meio deles,
mas, antes, para que houvesse um relacionamento entre Deus e Israel.
A proposta divina era de que Israel se
tornasse o Seu povo e a propriedade peculiar dentre os povos, povo santo e
reino sacerdotal (Êx 19.5,6). Isto implicava, naturalmente, que Deus Se fizesse
rei de Israel, o que já estabelecia uma relação entre o Senhor e os israelitas
e não só isto, que eles fossem sacerdotes do próprio Deus, a exigir, portanto,
que eles tivessem um relacionamento com Deus e se fizessem mediadores entre Deus
e as demais nações.
Aproximadamente no ano de 2000 a.C., Deus
escolheu para o Seu propósito um homem de Ur na Caldeia, chamado Abrão. O
objetivo do Senhor com isso foi criar a partir de Abrão um povo para Si. Deus
queria fazer história não apenas com Abrão, mas também com seus descendentes.
Esse povo proveniente de Abraão teria a função de glorificar no mundo o único
Deus verdadeiro (Is 43.21). Seria de certa forma o representante ou embaixador
de Deus na terra, por meio do qual o restante do mundo enxergaria quem é Deus
(Is 49.3).
Este relacionamento com Deus já estava
previsto desde o momento da chamada de Moisés. Se os israelitas clamavam ao
Senhor por libertação no Egito, o Senhor tinha em mente que eles passassem a
adorá-lO, a servi-lO no monte Sinai (Êx 3.12) e, como prova disso, faz questão
de identificar-Se a Moisés como o Auto existente (“Eu sou o que sou”), pois o
primeiro gesto de quem quer estabelecer um relacionamento é a identificação (Êx
3.13-15).
No momento mesmo da libertação, Deus fez
questão de instituir um culto, a Páscoa (Êx 12.25-27), instituindo um novo
calendário (Êx 12.1,2), precisamente para marcar este “novo tempo”, o tempo em
que Israel passaria a Se relacionar com o seu Deus, a adotar o Senhor como seu
rei, que foi tornado pelo Senhor como Seu povo e ovelhas do Seu pasto (Sl 100.3).
O homem foi criado para ter um
relacionamento com Deus, o seu Criador, foi feito um ser relacional, advindo
daí, aliás, a sua religiosidade, que tem se verificado como uma característica
inerente à natureza humana. Tal religiosidade nada mais é que uma demonstração
de que o homem precisa se ligar a Deus, tem em seu relacionamento com o Senhor
a sua completude, a sua própria realização.
2. O pecado separou o homem com Deus. Tanto assim é que o Senhor, em toda viração do dia, vinha ao encontro de sua mais excelente criatura terrena no jardim do Éden (Gn 3.8), relacionamento que se deteriorou quando da entrada do pecado no mundo, quando se perdeu a comunhão que havia entre Deus e a humanidade.
3. A figura do sacrifício. É neste momento em que o pecado gerou a morte (Tg 1.15), ou seja, a separação entre Deus e o homem (Is 59.2), que surge a figura do sacrifício, do derramamento de sangue como um meio pelo qual se poderia restabelecer tal contato.
O próprio Deus, ao anunciar a salvação do
homem, no dia mesmo da queda, disse que a semente da mulher haveria de
proporcionar o retorno da amizade entre o Criador e a Sua coroa da criação
terrena, mas que tal restauração teria o custo do “ferimento do calcanhar”,
expressão que já prenunciava a necessidade de sofrimento e de derramamento de
sangue.
Em seguida, a fim de poder fornecer vestes
para o primeiro casal, Deus faz o primeiro sacrifício, pois, para fazer túnicas
de peles, teve de matar um animal, derramando-lhe o sangue (Gn 3.21).
Advém daí o ensinamento ao primeiro casal
da necessidade de sacrifício para que se pudesse chegar à presença de Deus. Tal
ensino foi acolhido pelo primeiro casal, que os transmitiu a seus filhos, tanto
que vemos Caim e Abel oferecendo sacrifícios a Deus quando buscaram
relacionar-se com o Senhor (Gn 4.3,4).
Temos, então, logo no limiar da história
da humanidade, este ensinamento divino, de que era necessário oferecer algo a
Deus quando houvesse a intenção de se Lhe dirigir culto, de se voltar a Ele, já
que havia um impedimento para um relacionamento perfeito diante da problemática
do pecado, aguardando-se o dia em que “ferido o calcanhar”, pudesse ser
restabelecida a amizade perdida entre Deus e o homem.
A palavra “sacrifício” tem origem na
palavra “sacer” que significa
“sagrado”, ou seja, “santo”, “conexo com o divino”. O sacrifício, segundo o
Dicionário Houaiss da Língua portuguesa, é a “oferenda ritual a uma divindade
que se caracteriza pela imolação real ou simbólica de uma vítima ou pela
entrega da coisa ofertada”. Por meio do “sacrifício”, algo se torna “sagrado”,
algo é entregue a Deus.
Na ideia do sacrifício, portanto, estava
embutida a necessidade de se relacionar com Deus dentro de duas premissas
básicas: a de que o relacionamento com Deus é assimétrico, ou seja, Deus é
maior do que o homem e o homem precisa se chegar ao Senhor reconhecer a sua
inferioridade, devendo, pois, agradar à divindade, adotar uma postura de
reverência e subserviência. Por segundo, reconhecer que, por causa do pecado, há
uma falta para com Deus e, por isso mesmo, é preciso assumir a sua culpa e
reconhecer que há necessidade do pagamento de um preço pelo pecado cometido.
Não é, portanto, coincidência que a
história sagrada demonstre a existência de sacrifícios desde os primórdios da
humanidade e que todos os homens de Deus tenham ofertado sacrifícios a Deus
seja para reconhecer sua culpa diante do Senhor, seja para adorá-lO, como vemos
nos casos de Abel, Noé, Jó, Melquisedeque, Abraão, Isaque e Jacó.
Se os patriarcas já ofereciam sacrifícios
ao Senhor, não seria diferente com o povo de Israel e o tabernáculo, lugar da
presença de Deus no meio dos filhos de Israel, teria necessariamente de ser um
lugar de sacrifícios.
4. A Função dos Sacerdotes. Por isso, assim que se entrava no tabernáculo, pelo lado oriental, já se divisava, proeminente no pátio do tabernáculo, o altar de cobre, onde os israelitas, sem exceção, poderiam trazer seus sacrifícios para serem ofertados pelos sacerdotes. Aliás, “sacerdote” nada mais é, segundo o mesmo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, do que “sacrificador, aquele que oferecia vítimas à divindade, entre os povos antigos”, etimologicamente “aquele que faz algo sagrado, que torna algo sagrado”.
Daí porque os sacrifícios serem uma
constante em todas as religiões existentes na humanidade, em todos os tempos,
ainda que, circunstancialmente, o sacrifício não seja, em algumas delas, a
oferta de um bem ou a matança de um animal, mas “renúncia voluntária ou
privação voluntária por razões religiosas, morais ou práticas” ou “privação
financeira em proveito de alguém”, que, como vemos no Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa, nada mais são que outros significados de “sacrifício”.
5. As normas de Deus para os sacrifícios. Ao mandar construir o tabernáculo, o Senhor, também, tratou de dar a Moisés todas as normas a respeito dos sacrifícios que deveriam ser celebrados neste local que era, também, um lugar de culto, pois era o lugar onde Deus fizesse para ali habitar Seu nome que deveriam ser trazidos todos os sacrifícios e ofertas (Dt 12.11,13,14).
Encontramos, então, principalmente no
livro de Levítico, que deve ter sido redigido por Moisés durante o tempo da
construção do tabernáculo pelos artesãos, toda a sistemática dos sacrifícios,
que, certamente, como parte importante da lei, são sombras da nossa vida
espiritual em Cristo (Hb 10.1-4).
II. A OFERTA VOLUNTÁRIA - O HOLOCAUSTO (Lv 1.1-3)
Para bem entendermos o sistema de sacrifícios estabelecido na lei, temos de observar que eram cinco os tipos de ofertas ou sacrifícios instituídos no culto levítico: holocausto ou oferta queimada, oferta de manjares, ofertas pacíficas ou sacrifícios pacíficos, ofertas pelo pecado e ofertas pelas transgressões.
1. O conceito de holocausto. A primeira era a “oferta queimada” ou “holocausto”. - A palavra “holocausto” é de origem grega (“olokautoma” – ολοκαυτωμα), cujo significado é “totalmente queimado”, utilizada na Septuaginta (a primeira versão do texto bíblico para o grego), que traduz a palavra hebraica “’olah” (עלה), cujo significado é “aquilo que sobe”, “oferta queimada”, querendo, com isto, indicar algo que, por ter sido totalmente queimado, sobe como fumaça.
No altar do holocausto a oferta era
apresentada pelo sacerdote no altar, de onde um “cheiro suave” subia “às
narinas de Deus”. Era um modo antropomórfico; isto é, uma figura tipicamente
humana para referir-se a Deus. Portanto, o sacrifício de holocausto era uma
oferta que seria totalmente queimada no altar, uma oferta integral, em que tudo
seria consumido pelo fogo, tornando-se em “fumaça” que subiria à presença de
Deus.
2. O primeiro sacrifício instituído por Deus. Antes, porém, dos sacrifícios estabelecidos para o local de culto, tivemos o estabelecimento do sacrifício da Páscoa, o primeiro sacrifício instituído por Deus ao povo de Israel (Êx 12.27), sendo que aqui a palavra “sacrifício” é a palavra hebraica “zebhah” (חַ בֶז), (propriamente) matança, a carne de um animal; (por implicação) um sacrifício a vítima ou o ato. [Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 2077, pg. 1611].
Este sacrifício, que não era feito no
tabernáculo, mas, sim, em família, foi o primeiro tipo de Cristo em matéria de sacrifício.
O cordeiro ou cabrito posto sob observação por três dias e meio e, achado sem
defeito, sacrificado e assado para ser consumido pela família seja, na primeira
Páscoa, enquanto o sangue do animal posto na verga da porta impedia a morte dos
primogênitos, seja nas demais páscoas, em comemoração a este livramento que pôs
fim à escravidão no Egito, é tipo de Cristo.
Cristo é a nossa Páscoa (1ª Co 5.7), o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29) e que nos livrou do
pecado (Jo 8.34-36) e, por isso, também tivemos uma “passagem” da morte para a
vida (Jo 5.24; 1ª Jo 3.14). Teve um ministério de três anos e meio, em que pôde
ser visto como um homem sem pecado, inocente e, portanto, em condições de
derramar o Seu sangue em prol da humanidade (Jo 8.46; Mt 27.23; Mc 15.14; Lc
23.22; Jo 19.4).
3. O que era a oferta de holocausto? A oferta de holocausto, quando fosse de gado, deveria ser de macho sem mancha, que deveria ser trazido à porta da tenda da congregação de forma voluntária e espontânea pelo ofertante, que punha sua mão sobre a cabeça do holocausto para que fosse aceito por ele, para sua expiação. Aí o animal era degolado perante o Senhor e os filhos de Arão, os sacerdotes ofereciam o sangue e o espargiam à roda sobre l altar de cobre. O holocausto, então, era esfolado e partido em pedaços. Os sacerdotes, então, punham fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo, punham, também, em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha, mas a fressura e as suas pernas lavavam com água e tudo era queimado sobre o altar (Lv 1.3-9). Cada vítima era queimada no altar. Era um tipo de sacrifício que apontava para a vítima perfeita: o Cordeiro de Deus “que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29 cf. Is 52.13-15; Fp 2.5-8; Hb 12.2,3).
3.1. Por primeiro o holocausto de gado deveria ser feito com um animal macho sem mancha. Ora, isto nos fala claramente do Senhor Jesus, que foi o varão sem pecado que viveu sobre a face da Terra (At 17.31; Jo 8:46; Lc 23.4; Hb 4.15).
Jesus Se humanizou e, como tal, tinha de
ser sexuado, pois Deus criou o ser humano em tal condição (Gn 1.27) e o Senhor
nasceu como varão, como homem do sexo masculino, motivo por que, na oferta de holocausto,
o animal a ser sacrificado necessariamente deveria ser um macho.
No entanto, Jesus, embora tenha Se
humanizado, foi gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc 1.34,35), sendo,
assim, o último Adão (1ª Co 15.45), o homem reto saído diretamente das mãos de
Deus (Ec 7.29), daí porque ser o macho sem mancha a oferta do sacrifício de
holocausto.
Não é por outro motivo, aliás, que a Igreja,
que é o corpo de Cristo (1ª Co 12.27), deve se apresentar a Deus imaculada, ou
seja, sem mancha (Ef 5.27).
3.2. Por segundo, a oferta tinha de ser levada até a porta da tenda da congregação. A tenda da congregação era a parte coberta seja do tabernáculo, seja dos dois locais, onde ficavam os dois compartimentos – os lugares santo e santíssimo. A tenda da congregação também era chamada de “santuário”, porque era o lugar separado do local de adoração, o local onde o povo não tinha acesso.
Na porta da tenda da congregação, ficava o
altar de cobre, o altar de sacrifícios, peça que representa o juízo de Deus
sobre o pecado do homem, daí o material ser coberto de cobre (ou bronze), que simboliza,
precisamente, o juízo divino. Não há como se poder entrar no santuário se não
se passa, antes, pelo altar de sacrifícios, se não há, previamente,
derramamento de sangue, pois sem derramamento de sangue não há remissão (Hb 9.22).
A entrega de uma vida, uma morte se fazia necessária para pôr fim à inimizade
que existia entre Deus e a humanidade por causa do pecado, para que se voltasse
a ter comunhão entre o Criador e a sua mais sublime criatura sobre a face da
Terra. É preciso uma vida pura (e o sangue simboliza a vida – Gn 9.4) para
resgatar a morte gerada pelo pecado (Rm 6.23).
Já na revelação da promessa da salvação,
feita pelo próprio Deus no Éden para o primeiro casal, o derramamento do sangue
se mostrou uma necessidade. Deus, ao anunciar a promessa, disse que a semente da
mulher, que promoveria o restabelecimento da amizade do homem com Deus, teria
ferido o seu calcanhar (Gn 3.15), isto já mostrando que se derramaria sangue
para que se restabelecesse a comunhão entre o Senhor e a humanidade.
3.3. A oferta tinha um caráter voluntário (Lv 1.3). O ofertante deveria levar o animal de livre e espontânea vontade, ou seja, a oferta teria de ser voluntária. Isto nos fala do caráter voluntário do sacrifício de Cristo. O Senhor Jesus entregou-Se, deu a Sua vida, veio para ser morto em nosso lugar, veio para morrer por nós (Jo 10.15-18;12.23-27).
O objetivo do holocausto era que Deus
aceitasse o ofertante. Essa aceitação dependia de a oferta apresentada pelo
sacerdote ser aceita diante de Deus. Assim, o ofertante colocava a mão sobre a
cabeça da vítima a ser sacrificada, transferindo, para si, os benefícios do
sacrifício: a expiação dos pecados. O animal era imolado fora da tenda e, em
seguida, conduzido ao altar dos holocaustos.
3.4. O ritual do ofertante. Por quarto, o ofertante, trazendo o animal até a porta da tenda da congregação, deveria pôr a sua mão sobre a cabeça do animal, para que fosse aceito por ele, para a sua expiação. Temos aqui a indicação clara do caráter vicário do sacrifício de Cristo, ou seja, o Senhor Jesus assumiria o lugar do pecador, morreria no lugar do pecador, para alcançar a sua redenção, a sua salvação.
Jesus tomou o lugar do pecador, foi a
oferta substitutiva do pecador e a isto que se chama “morte vicária”, pois “vicário”
significa “substituto”, “no lugar de”. O macho sem mancha assumia o lugar do ofertante.
Ao se pôr a mão sobre a cabeça do animal, o pecador estava a dizer que ele é
que mereceria morrer, mas o animal morreria em seu lugar. Ele como que
transferia os seus pecados para o animal, que, então, derramava seu sangue para
cobrir o pecado cometido.
O Senhor Jesus era o justo que tomou o
lugar dos injustos, o santo que tomou o lugar dos pecadores e morreu em nosso
lugar (Rm 5.6-8; 1ª Pe 3.18), pagando o preço da redenção dos nossos pecados, o
preço incomparável, muito maior que ouro e prata (1ª Pe 1.18-20).
3.5. Por quinto, o animal era degolado e o sangue era totalmente derramado no altar. Jesus derramou todo o Seu sangue na cruz do Calvário, tanto que, quando ressuscitou, tinha carne e ossos, mas não tinha sangue, porque ele todo foi vertido por nós em Seu sacrifício (Lc 24.39).
3.6. Por sexto, o animal era esfolado e partido em pedaços. Isto poderá trazer algum espanto, já que, sabemos, que o corpo de Cristo não foi partido, foi mantido íntegro (Jo 19.33-36), como, aliás, estava profetizado (Sl 34.20). Como, então, a vítima do holocausto poderia representar Cristo?
Neste ponto, devemos lembrar o que nos
ensina o próprio Jesus Cristo, que disse que seria como o grão de trigo que,
caindo na terra, morre e dá muito fruto (Jo 12.24-26). A oferta do holocausto
de gado, assim que era morta, era esfolada e partida em pedaços, e isto
significa precisamente o que fez o Senhor Jesus. Ao morrer, Cristo fez surgir a
Igreja, esta multidão composta de pessoas de todas as tribos e nações (Ap 5.9,10).
3.7. Por sétimo, os sacerdotes punham fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo. Isto nos fala a respeito de duas coisas basicamente. A primeira, é que a lenha, sendo madeira, representa a humanidade de Cristo. Cristo Se fez homem, humilhando-Se até a morte e morte de cruz, para nos salvar (Fp 2.7,8). Se não tivesse Se humanizado, o Senhor jamais poderia morrer e assumir nosso lugar. A encarnação de Cristo é uma demonstração de humildade e uma necessidade para que pudesse haver a salvação da humanidade.
De igual maneira, nossa conformação à imagem
de Cristo (Rm 8.29) é necessária para que atinjamos o estágio último do
processo da salvação, que é a glorificação. Jesus tomou a forma de homem para
nos salvar, nós somente seremos salvos se buscarmos ter a imagem de Cristo, se
formos imagem e semelhança de Deus, que é a nova criatura gerada por Deus (Ef 4.24;
2ª Co 5.17; Gl 6.15; 1ª Pe 1.23).
A outra coisa a que nos remete a lenha é a
circunstância de que a morte de cruz representa uma maldição, pois maldito era
aquele que morria no madeiro (Dt 21.23; Gl 3.13). Jesus Se tornou maldito por
nós, assumiu a nossa maldição, tomou sobre si o castigo divino reservado aos
pecadores (Is 53.5).
3.8. Por oitavo, as partes e os pedaços do animal eram ordenados sobre a lenha que estava no fogo em cima do altar. Isto nos mostra que o corpo de Cristo está fundado sobre o sacrifício do Calvário, ou seja, toda a base da Igreja se encontra na salvação operada por Jesus. Por isso, aliás, o apóstolo Paulo fazia questão de dizer que não se propunha saber senão Cristo e Este, crucificado (1ª Co 2.2). A Igreja deve pregar o Evangelho e o Evangelho é a palavra da cruz (1ª Co 1.18,23,24).
Mas isto também nos mostra que há uma ordem na Igreja de Cristo, que não se pode agradar a Deus se tudo não for feito com ordem e decência, pois nosso Deus não é Deus de confusão (1ª Co 14.33). Se o altar não estiver em ordem, Deus não Se agrada do sacrifício, como podemos ver no exemplo do desafio entre Elias e os profetas de Baal e Asera (1º Rs 18.30).
A Igreja é um povo adquirido pelo Senhor
Jesus (1ª Pe 2.9), aquisição ocorrida precisamente quando do pagamento do preço
de nossos pecados no sacrifício da cruz do Calvário (1ª Co 6.20; 7.23), e, como
tal, foi organizado a partir da sua cabeça, que é o Senhor Jesus (Ef 1.22; 5.23),
que constituiu ministros para ela (Ef 4.11). Destarte, a ordem constante do
altar fala-nos desta ordem que deve ter a Igreja e como ela é fundamental para
que tenhamos a manifestação da glória de Deus por meio do povo de Deus.
3.9. Por nono, a fressura e as pernas do animal eram lavados com água, pois era precisamente o que seria oferecido. Esta lavagem com água fala-nos da Palavra de Deus, pois é ela que nos limpa, como afirmou o Senhor Jesus (Jo 15.3), a “lavagem da água pela Palavra” (Ef 5.26), a lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo (Tt 3.5).
Se não nascermos da água e do Espírito,
jamais entraremos no reino de Deus (Jo 3.5), de modo que se faz necessário que
sempre sejamos lavados pela Palavra e fortalecidos pelo Espírito Santo em nossa
jornada para o céu, até porque, se assim não se fizer, jamais poderemos
oferecer ao Senhor um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, o nosso culto
racional (Rm 12.1), pois, antes de haver a queima do sacrifício e subir ele
como cheiro suave ao Senhor (Lv 1.9), era necessária esta lavagem com água da
fressura e das pernas do animal.
Veja-se que o que era lavado era a
fressura do animal, ou seja, as suas vísceras, o que nos fala a respeito do interior.
Devemos iniciar a nossa santificação a partir do espírito e da alma, que são o
homem interior. Este homem interior tem de ter prazer na lei do Senhor, bem
como deve ser corroborado com poder pelo Espírito Santo (1ª Ts 5.23; Rm 7.22;
Ef 3.16), devendo renovar-se de dia em dia (2ª Co 4.16), O homem interior
precisa cada dia se renovar mais e mais mediante a lavagem da água, pela
Palavra, e a regeneração e renovação do Espírito Santo.
Para que o sacrifício se apresentasse como
cheiro suave ao Senhor, antes a fressura e as pernas deveriam ser lavadas com
água.
A fressura, como já dissemos, representa o
interior do homem, o que, às vezes, a Bíblia denomina de “coração”. O homem tem
um coração mau, onde está a fonte de todos os pecados (Mt 15.19,20). Do coração
procedem as saídas da vida (Pv 4.23), de modo que temos de purificar o nosso
coração, purificação que se dá única e exclusivamente pela Palavra de Deus e
pela atuação do Espírito Santo (At 15.8; 2ª Co 1.21,22; Gl 4.6; Tg 4.8).
As pernas do animal falam-nos das nossas
atitudes, porquanto, com as pernas, os animais ofertados se locomoviam, andavam
e nós devemos andar segundo o espírito (Rm 8.1), andar em Espírito (Gl 5.16),
em amor (Ef 5.2), como filhos da luz (Ef 5.8), em Cristo Jesus (Cl 2.6), com
sabedoria (Cl 4.5), para agradar a Deus (1ª Ts 4.1), em temor (1ª Pe 1.17).
Este proceder de forma agradável a Deus
somente é possível se nos submetermos à “lavagem da água pela Palavra” e a
“lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo”. Por isso, antes de
subir como cheiro suave ao Senhor, a oferta do holocausto deveria ter a
fressura e as pernas do animal devidamente lavadas com água.
3.10. Por décimo, o sacerdote tudo queimava sobre o altar. Tem-se aqui, propriamente, o “holocausto”, ou seja, a queima total. Todo o animal deveria ser consumido no altar, devia tornar-se em “nada”, em “fumaça que subia” à presença de Deus.
Esta queima total simboliza a entrega
total de Cristo para a nossa salvação. Cristo Se deu por nós, como já dissemos
supra. A queima dos pedaços do animal, já esfolado e partido, significa a
necessidade que cada salvo na pessoa de Jesus Cristo tem de se entregar totalmente
ao Senhor, de viver única e exclusivamente para a glorificação do nome do
Senhor.
Quando celebramos a ceia do Senhor e
tomamos o pão, que é partido para nosso consumo (1ª Co 11.23,24), estamos a
relembrar esta mesma situação tipificada na oferta do holocausto, pois cada
pedaço de pão é, também, consumido pelos que participam da ceia, pão que
simboliza o corpo de Cristo, ou seja, a Sua Igreja (1ª Co 11.24), representando
o amor fraternal que deve haver entre cada participante deste corpo, de cada
membro em particular (1ª Co 12.27).
O amor fraternal, absolutamente necessário
para os salvos (Rm 12.10; 1ª Ts 4.9; Hb 13.1; 1ª Pe 1.22; 2ª Pe 1.7), revela
esta imperiosa entrega que cada cristã deve ter, numa vida de total entrega ao
Senhor, inclusive para fazer bem e servir aos demais, a exemplo do Senhor
Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em
resgate de muitos (Mt 20.28; Mc 10.45).
Por isso mesmo, o apóstolo Paulo afirmou
estar se gastando e se deixando gastar pelos crentes de Corinto, ainda que,
amando-os cada vez mais, fosse cada vez menos amado (2ª Co 12.15), fazendo isto
de muito boa vontade, como deve agir todo servo de Cristo Jesus.
O amor fraternal leva-nos a entregar
nossas vidas pelos nossos irmãos, porque o primogênito dentre os irmãos (Rm 8.29)
o fez por nós, pois é aí que se mostra o amor de Deus em nós, pois ninguém tem
maior amor do que este, de dar a sua vida pelos seus amigos (Jo 15.13).
Somente seremos verdadeiros discípulos de
Cristo se nos amarmos uns aos outros (Jo 13.35), este é a verdadeira credencial
de quem se diz integrante do corpo de Cristo e esta queima total dos pedaços do
animal ofertado simboliza esta entrega, este amor fraternal, que nada mais é
que seguir o exemplo do maior amor, o amor de Cristo por nós.
3.11. Por décimo primeiro, a fumaça subia como cheiro suave ao Senhor. Cumpridos todos os requisitos, este consumo total agradava a Deus, era-Lhe agradável, como, aliás, foi o sacrifício de gratidão efetuado por Noé após o dilúvio, sacrifício que atingiu o coração de Deus (Gn 8.20-22).
Quando apresentamos a entrega total de
nossas vidas ao Senhor, isto Lhe é agradável, quando passamos a nos amar uns
aos outros, a servir e a não ser servidos, não resta dúvida de que agradamos a
Deus e a nossa missão é aqui agradar ao Senhor, pois não poderemos nos
qualificar como servos de Cristo se não o fizermos (Gl 1.10). O nosso culto
racional somente será aceito pelo Senhor se nosso sacrifício for agradável e
nesta agradabilidade se encontra o amor fraternal.
O sacrifício de holocausto simboliza a
submissão à vontade divina, aquela mesma disposição que o Senhor Jesus tinha, a
ponto de dizer que fazer a vontade do Pai era a Sua própria comida (Jo 4.34).
Não podemos ter qualquer reserva em relação ao Senhor, devemos nos sujeitar a
Ele plenamente, fazendo única e exclusivamente a Sua vontade, temos de nos
renunciar a nós mesmos.
3.12. Por décimo segundo, verdade é que o sacrifício de holocausto tem uma diferença essencial com relação ao sacrifício de Cristo. É que o sacrifício de holocausto servia única e exclusivamente para aquela finalidade, para aquele pecado cometido, e, ademais, cobria o pecado (Sl 32.1), que não era retirado, pois o sangue de animais jamais poderia fazê-lo (Hb 9.11-14).
O sacrifício de Cristo, único e perfeito,
foi imediatamente aceito por Deus, tanto que o véu do templo se rasgou de alto
a baixo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45). Seu sacrifício subiu como cheiro suave
ao Senhor e o pecado foi retirado, o que não se dava com os sacrifícios
continuamente oferecidos durante o culto levítico (Hb 9.24-28).
4. O sacrifício de Cristo foi um “holocausto” agradável ao Pai. Dois textos bíblicos expressam essa verdade. Efésios 5.2 diz: “Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. E também Hebreus 9.13,14: “porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”. Trata-se, pois, de uma imagem perfeita de como fomos reconciliados com o Pai mediante o sacrifício de seu amado Filho (2ª Co 5.19).
III. A OFERTA DE MANJARES (Lv 2.1-3)
1. O significado da oferta. Outro sacrifício previsto era a oferta de manjares ou oferta de alimentos, que é a palavra hebraica “qorbān” (ןָ בְ רָ ק), que significa: alguma coisa trazida perto do altar; uma oferta sacrifical: — oferta, oferecimento, fornecimento. Substantivo masculino que significa oferta, presente. Este é o termo mais geral, usado oitenta vezes no Antigo Testamento, para ofertas e dádivas de todos os tipos…” [Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 7133, pg.1911].
Essa oferta representava a gratidão do
hebreu pela fecundidade da terra. Ele tirava os cereais comestíveis e
oferecia-os ao Senhor como “um sacrifício de manjares”. Essa imagem nos fala de
como devemos apresentar o fruto do nosso trabalho diante de Deus. Não podemos
nos apresentar perante Ele de mãos vazias (Mt 25.14-30).
2. Como era a oferta de manjares? Essa oferta também era chamada de “Festa das Primícias” (2.12-16). Ela compunha-se de grãos novos e macios colhidos na primeira colheita. Essa oferta também era feita de farinha fina misturada com azeite. Sabemos, pela Bíblia, que o azeite é um dos símbolos do Espírito Santo (Zc 4.2-6; Êx 30.31). Essa oferta faz-nos lembrar da importância de vivermos uma vida dependente do Espírito Santo. Que possamos, na força do Espírito, fazer as mesmas obras que o nosso Senhor fez (At 10.38).
3. Os elementos desta oferta.
3.1.
Farinha.
As ofertas de manjares deviam ser de flor de farinha e nela se devia deitar
azeite e se pôr incenso sobre ela (Lv 2.1).
Em primeiro, a oferta deveria ser de “flor
de farinha”, ou seja, se deveria oferecer farinha e a farinha é a matéria-prima
do pão, o principal alimento e que nos faz lembrar da Palavra de Deus, que é o
pão espiritual (Mt 4.4; Lc 4.4), símbolo do próprio Cristo, que Se
autodenominou pão da vida (Jo 6.35,48).
Não há como mantermos um verdadeiro
relacionamento com o Senhor se não nos alimentarmos da Sua Palavra, se não
formos santificados pela Palavra (Jo 17.17). A Palavra de Deus é indispensável
para a nossa sobrevivência espiritual, pois, assim como o alimento é
absolutamente necessário para que sobrevivamos fisicamente, a Palavra de Deus é
essencial para que prossigamos vivos, ou seja, em comunhão com o Senhor, até o
momento de adentrarmos os portões eternos e, sem esta perseverança até o final
não alcançaremos a salvação (Mt 24.13).
3.2. Esta farinha tinha de ser misturada com azeite. O azeite é símbolo do Espírito Santo. Quando estamos em comunhão com Deus, o Espírito Santo vem habitar em nós (Jo 14.17), um privilégio que os homens não tinham até a morte e ressurreição de Cristo (Jo 7.38,39; 20.22).
No culto levítico, o azeite era deitado
sobre a flor de farinha, a indicar que, até a morte e ressurreição de Cristo, o
Espírito Santo viria sobre aqueles que fizessem uso da Palavra de Deus,
profetas, sacerdotes e reis, por meio dos quais orientariam e dirigiriam o povo
de Israel e todos quantos se chegassem a Deus.
Após a retirada do pecado do mundo pelo
Cordeiro de Deus, o acesso ao Senhor ficou livre e todos quantos crerem em
Jesus receberão, em si mesmos, o Espírito Santo, que os dirigirá, guiará,
ensinará e intercederá, estando conosco até o momento em que nos levará até
Cristo no dia do arrebatamento da Igreja.
A presença do azeite na oferta de manjares
revela que não é possível um relacionamento entre Deus e os homens sem o
Espírito Santo. É Ele quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo
(Jo 16.8), é Ele quem nos guia a ponto de nos tornar agradáveis ao Senhor (Rm
8.14).
Não é por outro motivo que o apóstolo
Paulo diz que os salvos não só são filhos de Deus (e têm certeza desta filiação
precisamente por causa do testemunho do Espírito Santo – Rm 8.15), como também,
tornam-se homens espirituais, tudo discernindo e de ninguém sendo discernido
(1ª Co 2.11-16), podendo, então, compreender as “coisas de cima”, tendo acesso
às revelações sobrenaturais da parte de Deus.
3.3. A oferta aponta para um alimento espiritual. A Palavra de Deus diz que o nosso Senhor é o “pão vivo que desceu do céu”, o trigo que foi moído para se tornar o nosso alimento espiritual (Jo 6.33-35). Logo, da mesma forma que Israel obedeceu à ordenança divina de apresentar a oferta de manjares diante de Deus, nós somos instados, por Cristo, a alimentar-nos dEle. O testemunho do Senhor é verdadeiro (Jo 5.30; 8.28).
Recebendo a flor de farinha, o sacerdote
pegava um punhado dela, deitava azeite sobre esta porção, acrescia incenso e o
queimava integralmente sobre o altar, que subia, assim, como cheiro suave ao
Senhor (Lv 2.2). O restante da oferta ficava com os sacerdotes, como sua
porção, podendo, assim, tal farinha ser utilizada para alimentação dos
sacerdotes, sendo coisa santíssima, a que somente os sacerdotes e seus familiares
tinham acesso.
A comunhão existente entre Deus e o Seu
povo é algo peculiar, privativo daqueles que servem ao Senhor. Por isso, é
absolutamente imprescindível que haja a comunhão entre os irmãos, peculiaridade
que é evidenciada logo quando o historiador Lucas passa a falar da igreja.
A Igreja é um povo que se caracteriza por
perseverar na doutrina dos apóstolos, representada pela “flor de farinha”, pela
comunhão, pelo partir do pão e pelas orações (At 2.42). O corpo de Cristo,
aqueles que vivem em comunhão com o Senhor, não podem, assim, ter outra conduta
senão seguir a Palavra de Deus (flor de farinha), estar em comunhão com Deus e
com os irmãos (o azeite, que é o Espírito Santo que a todos dirige e põe todos
em comunhão, pois junta a farinha), a partir do pão (a porção destinada à
refeição) e as orações (o incenso).
3.4. Pães asmo. Além da oferta de flor de farinha, podiam, também, ser oferecidos bolos asmos de flor de farinha, ou seja, era possível trazer-se bolo cozido no forno, em vez de farinha crua. Aqui já se tem uma diferença com o sacrifício pelo pecado, que, necessariamente, devia ser cru e ser cozido no altar. A oferta de manjares permitia que o cozimento se fizesse pelo próprio ofertante.
Isto é importante, porque nos mostra que a
santidade é levada para casa, enquanto que o pecado somente poderia ser remido
com o derramamento do sangue no altar. Não há como se alcançar a salvação a não
ser através de Jesus Cristo que, para nos salvar, teve de entregar a Sua vida
na cruz do Calvário, mas, uma vez perdoados, carregamos a santidade em todo o
lugar, pois somos santos em toda a nossa maneira de viver (1ª Pe 1.15).
O cozimento podia ser tanto no forno
quanto na caçoula (ou seja, na panela) e os bolos deveriam ser asmos e
amassados com azeite e untados com azeite. Percebamos todos que a primeira
exigência é que não fosse posto fermento no bolo, que deveria ser asmo. O uso
do fermento era terminantemente proibido (Lv 2.11).
O fermento simboliza a corrupção,
representa o pecado, pois, como sabemos, “…tecnicamente, a fermentação é assim:
o ar contém uma quantidade enorme de microrganismos, nomeadamente esporos de fungos
de levedura (Saccharomyces cerevisiae),
que encontram nas massas de pão as condições adequadas para se alimentar do
amido da farinha. Em consequência da ação desses microrganismos, o amido
divide-se em anidrido carbônico (CO2) e álcool. As bolhas do gás carbônico não
conseguem escapar através da superfície e fazem inchar (crescer) a massa,
tornando-a fofa. Durante a cozedura, ácido carbônico e álcool saem da massa,
mas a porosidade, sabor e aroma se mantêm.…” [SABORES do Sul. Entenda as
diferenças entre fermento químico e biológico. Disponível em:
https://revistasaboresdosul.com.br/entenda-asdiferencas-entre-fermento-quimico-e-biologico/
Acesso em 17 maio 2018].
O fermento, portanto, é uma deterioração
da massa do pão, é uma alteração da sua substância, é uma “distorção”, uma
“corrupção”, uma “degeneração” e, por isso, simboliza o pecado, que gerou esta
corrupção, esta degeneração do ser humano, que o transformou de imagem e
semelhança de Deus em imagem e semelhança de um Adão decaído, um ser destituído
da glória de Deus (Rm 3.23). Jesus, mesmo, chamou a doutrina dos fariseus, uma
doutrina distorcida da Palavra de Deus, de fermento (Mt 16.6-12).
Não se pode louvar e adorar a Deus com o
pecado, com a prática da iniquidade, com a nossa natureza pecaminosa. O velho
homem, o homem nascido em pecado, a nossa carne jamais podem ser instrumentos para
louvarmos ou bendizermos o Senhor. Elemento carnal algum pode compor o nosso
louvor e a nossa adoração a Deus.
Lamentavelmente, nos dias hodiernos, não
são poucos que querem agradar a Deus se utilizando de elementos que são
verdadeiro “fermento velho”, do qual nós devemos nos alimpar (1ª Co 5.7), sendo
vedado a nós fazer qualquer festa com aquilo que é proveniente do pecado (1ª Co
5.8).
Devemos ser intolerantes com qualquer
presença de fermento na adoração e no louvor ao Senhor, pois um pouco de fermento
leveda toda a massa (Gl 5.9). Não há meio termo e, por isso, as normas do culto
levítico eram bem claras, objetivas, curtas e grossas: “Nenhuma oferta de
manjares, que oferecerdes ao Senhor, se fará com fermento” (Lv 2.11a).
A única exceção de ofertas que poderia ter
fermento era a oferta das primícias (Lv 2:12), a oferta de gratidão pelo fruto
da terra, quando o uso do fermento era autorizado, exatamente porque se tratava
de agradecer a Deus por tudo o que havia sido dado ao povo na colheita, o que
incluía o pão, que tinha fermento, já que o pão sem fermento, o pão asmo,
somente era de consumo obrigatório durante a festa dos pães asmos (Êx 23.19;
34.26; Lv 23.10-20). Todavia, tais ofertas não eram levadas sobre o altar.
Os bolos ou coscorões asmos tinham de ser
amassados com azeite e untados com azeite, a reforçar a necessidade de estarmos
dirigidos e guiados pelo Espírito Santo para podermos efetivamente cultuar a
Deus e ser-Lhe agradáveis.
Tais bolos eram partidos em pedaços,
devendo os sacerdotes deitar azeite sobre tais bolos, levando a oferta ao
altar, queimando parte dos pedaços e o restante retendo para si, a fim de ser utilizado
nas refeições dos sacerdotes e seus familiares.
3.5. Estas ofertas de manjares tinham, ainda, de ser salgadas com sal, o sal do concerto de Deus (Lv 2.13). O sal era um elemento indispensável na alimentação, não só no preparo dos alimentos, mas, também, na sua conservação, para impedir ou retardar a degeneração, a corrupção. Assim, ao mesmo tempo que se proibia fermento e mel, se mandava adicionar sal, sal que era considerado como o “sal do concerto de Deus”.
Isto nos mostra que o nosso relacionamento
com o Senhor é algo que deve ser preservado, mantido, que não pode sofrer
degeneração, decaimento. A oferta pacífica fazia cada israelita lembrar que
deveria se manter em comunhão com Deus, que não poderia permitir que o tempo
tornasse prejudicado aquele relacionamento.
O sal também nos remete à inviolabilidade
e santidade do conserto com Deus, pois, como o sal era um elemento que
conservava os alimentos, a utilização dele lembraria o caráter perpétuo da
aliança de Deus com Israel e a própria eternidade divina que garantiria a manutenção
do pacto para sempre (Nm 18.19; 2º Cr 13.5), pois a Palavra de Deus permanece
para sempre (1º Pe 1.25).
Esta importância era tanta que os doutores
da lei sempre consideraram que o sal era essencial em todo e qualquer
sacrifício, mesmo que não se tratasse de oferta de manjares, o que, aliás, tem
base bíblica, já que, em Ezequiel, nos sacrifícios que ocorrerão no quarto
templo, a presença do sal é salientada em sacrifícios que não as ofertas de
manjares (Ez 43.24), sendo esta a prática já vigente no segundo templo,
consoante nos dá conta Flávio Josefo, em Antiguidades Judaicas III, 10, 131.
Jesus disse que Seus discípulos são “o sal
da terra”, ou seja, somos a própria demonstração da inviolabilidade e da santidade
do pacto que Deus estabeleceu com a humanidade através da aliança firmada no
sangue de Cristo. Temos a missão de conservarmos os valores divinos em meio a
uma geração corrompida e perversa; temos a tarefa de mostrar ao mundo a
seriedade, a sinceridade e a verdade da Palavra de Deus e do perdão que Ele
está a oferecer a todo ser humano mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário.
Nós, como ofertas vivas ao Senhor, temos
de manter e preservar a santidade que adquirimos pelo perdão dos nossos pecados
e pela nossa libertação do maligno. Somos postos separados do pecado (Sl 40 2),
somos libertos por Cristo (Jo 8.36) e assumimos o compromisso de servir ao
Senhor até o fim, morrendo para o mundo e vivendo única e exclusivamente para o
Senhor (Rm 6.4-11; Gl 2.20).
O sacrifício sem sal não era aceito,
porque se tratava de um sacrifício que não salientava o compromisso que havia
de Deus para com o ofertante e entre o ofertante e Deus. Precisamos,
igualmente, ser comprometidos com o Senhor para que, efetivamente, tenhamos um
relacionamento com Ele, para que seja aceita a nossa adoração.
Quem é tão somente simpatizante do
Evangelho, não se compromete com o Senhor, quando é exigida a tomada de uma
atitude de renúncia e de sacrifício, imediatamente deixa de servir a Deus,
passa a agir como agem todos os que não creem em Cristo, não podendo, assim,
querer agradar a Deus, pois seu intuito é, sim, agradar aos homens e quem assim
atua não pode ser considerado servo de Cristo Jesus (Gl 1.10).
A importância do sal no sacrifício é
salientada por Nosso Senhor e Salvador, que disse que nós deveríamos ter sal em
nós mesmos e paz uns com os outros, a indicar a necessidade do compromisso que
temos de ter com Deus e com os nossos irmãos (Mc 9.50).
4. O terceiro elemento era o incenso. O incenso simboliza as orações dos santos (Ap 5.8; 8.4). Não se pode falar em relacionamento com Deus, em comunhão com Deus, se não houver oração. Como já se disse, se a Palavra de Deus é o alimento sem o que não podemos sobreviver, a oração é o ar espiritual que respiramos, é o “oxigênio da alma”, de modo que, se não tivermos uma vida de oração, igualmente pereceremos, já que não é possível sobreviver sem a respiração.
O apóstolo Paulo foi claro neste ponto, ao
dizer, no primeiro escrito seu e do Novo Testamento, que foi a primeira
epístola aos tessalonicenses, que devemos orar sem cessar (1ª Ts 5.17).
Jesus deu-nos o exemplo da importância da
oração em nossa vida espiritual, pois entrou no mundo orando (Hb 10.5-7), viveu
orando (Mt 14.23; 26.36,42,44; Mc 1.35;6:46; 14.35,39; Lc 3.21;5.16; 6.12; 9.18,28,29;
11.1; 22.41,44) e morreu orando (Lc 23.46), sendo que, hoje, incessantemente ora
por nós à direita do Pai (Is 53.12; Hb 7.25).
Para que a oração seja ouvida por Deus, é necessário
que a pessoa esteja em comunhão com Ele (Is 59.2; Jo 931). A única oração
ouvida por Deus da parte de quem está em pecado é, precisamente, a oração em que
se confessa o pecado e se pede perdão pela sua prática crendo em Cristo Jesus.
É importante observar que o azeite e o
incenso eram manipulados pelos sacerdotes, pois se tratavam de produtos de uso
exclusivo no culto, especialmente preparados para tanto, sendo coisas santas,
ou seja, separadas, inacessíveis a qualquer israelita, que, assim, trazia
apenas a flor de farinha (Êx 30.22-38).
O Espírito Santo provém de Deus, é mandado
tanto pelo Pai quanto pelo Filho (Lc 24.49; Jo 14.16; 20.22; At 14; 1ª Co 2.12),
sendo certo que a oração somente se torna eficaz a partir do instante em que entramos
em comunhão com o Senhor, por força da obra salvífica de Cristo, que nos traz
assim este “fôlego de vida” espiritual.
IV. A OFERTA PACÍFICA, O SACRIFÍCIO PELO PECADO E O DIA DA EXPIAÇÃO (Lv 3.1,2; 7.1,2)
1. O que era a oferta pacífica? Era um sacrifício em que o ofertante imolava o animal, tirando porções especiais e separando-as do sangue e da gordura do animal. Em seguida, o sacerdote espargia o sangue do animal imolado ao redor do altar, em sinal da propiciação pela vida do pecador. Depois, os miúdos do animal eram queimados no fogo do altar e, assim, tanto o sacerdote quanto o ofertante, e sua família, comiam a carne nobre do animal imolado (Lv 2.8,13,16,17). Essa oferta significava, literalmente, “um presente oferecido a Deus”, e denotava a comunhão e a felicidade do ofertante com o Pai.
A oferta pacífica era um sacrifício
oferecido sempre que alguém buscava a bênção de Deus ou celebrava as bênçãos
recebidas. O sacrifício era oferecido:
·
Para
enfatizar uma oração solene – como um voto.
·
Quando
essa oração era respondida.
·
Ou,
simplesmente pela gratidão – 7.16.
A melhor parte do sacrifício – a gordura e os dois rins, vs. 3 e 4 - deveriam ser entregues totalmente a Deus para serem queimadas.
Devido às suas características, muitos
sacrifícios pacíficos eram oferecidos durante as festas anuais de Israel – Êx
23.14-17, festa dos pães ázimos, a festa da sega e a festa da colheita.
Conforme Lv 17.3, todo animal abatido para
alimento deveria, primeiro, ser oferecido como sacrifício, de modo que pelo
menos no período em que o povo vagou pelo deserto (Dt 12.15-16), para prescrições
na Terra Prometida, todas as refeições que continham carne eram antecedidas de
uma “oferta pacífica”.
Deus mesmo não comia de fato dos
sacrifícios oferecidos (Sl 50.12-14). A descrição metafórica do sacrifício como
manjar – vs. 11 – indicava que Deus se agradava do sacrifício da mesma maneira
como os seres humanos desfrutam o alimento. Além disso, sugere a intimidade
entre Deus e o seu povo por meio da imagem da comunhão à mesa.
2. A simbologia da oferta pacífica. A oferta pacífica aponta para a nossa reconciliação com o Pai. A Palavra de Deus mostra que o nosso Senhor proveu a paz entre o homem e o Criador: “porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus” (Cl 1.19,20). Isso demonstra que o Senhor foi a oferta pacífica para reconciliar-nos com o Pai, tornando-se assim, a nossa Paz (Is 9.6).
3. O que era a oferta pelo pecado? Havia, também, prescrição sobre os sacrifícios decorrentes da prática de pecado e transgressão por parte de várias pessoas, desde um israelita comum até um príncipe e de um sacerdote.
Vamos observar as quatro classes de
pessoas que cometem pecados que estão relacionadas aqui em Levítico.
Diferentemente das outras oferendas, as
ofertas pelo pecado e pela culpa eram obrigatórias. Elas identificavam a
natureza pecaminosa do homem; alguém que necessitava apresentar a Deus algo por
seus pecados. O sacrifício pelo pecado deveria ser oferecido fora do arraial,
isto é, fora dos limites do acampamento. Uma clara referência a morte de Jesus,
que foi crucificado fora dos limites de Jerusalém.
O animal teria de ser imolado fora do
acampamento hebreu. A Bíblia mostra que Nosso Senhor Jesus foi morto fora de
Jerusalém, fazendo-se pecado por nós (1ª Pe 2.24).
Isso nos faz lembrar as palavras do
escritor aos Hebreus, que nos diz que para nos santificar através de Seu
sangue, Ele entregou sua vida “fora da porta” (Hebreus 13.13).
Dessa forma, devemos nos achegar a Cristo
por meio de um arrependimento sincero e cheio de fé. Nada do legalismo judaica,
ou da religiosidade estéril de nossos dias.
A cruz de Cristo é o altar espiritual para
onde devemos nos dirigir, é onde os remidos se reúnem e oferecem sacrifícios
espirituais vivos e agradáveis ao Senhor (Hebreus 13.15).
4. Oferta pelo pecado do sacerdote – Lv 4.1-12. Assim, havia, por exemplo, regra sobre o sacrifício de holocausto que se fazia por conta do pecado involuntário de um sacerdote (Lv 4.1-12). Quando um sacerdote pecasse, gerando escândalo para o povo, deveria oferecer pelo seu pecado um novilho sem mancha ao Senhor por expiação do pecado, trazendo o novilho à porta da tenda da congregação, pondo a sua mão sobre a cabeça do novilho e degolando o novilho perante o Senhor, ou seja, exatamente como a oferta de holocausto de gado, a mostrar que o sacerdote, embora fosse sacerdote, era igual a qualquer outro israelita e, até mais do que qualquer outro israelita, tinha o dever de apresentar um novilho, enquanto os demais israelitas poderiam apresentar outros animais consoante a sua própria condição social.
Isto nos ensina que aqueles que causam
escândalo ao povo, por terem pecado estando à frente do povo de Deus, em
posição de proeminência, devem publicamente pedir perdão pelos seus pecados, ou
seja, quem está em posição de proeminência sempre causam escândalo quando
pecam, quando cometem alguma transgressão, de forma que todos devem pedir
perdão à igreja local quando caírem em pecado, seja qual for o pecado cometido,
algo que, lamentavelmente, tem sido esquecido em muitos lugares, o que
contribui para o descrédito da obra de Deus.
O apóstolo Paulo, ao ensinar a Timóteo
como deveria exercer o ministério pastoral, não se esqueceu desta peculiaridade,
mandando que a repreensão aos presbíteros, ou seja, aos ministros que estavam a
apascentar o povo de Deus, deveria ser pública para gerar temor, ou seja, para
que todos compreendam a seriedade e a necessidade de se observar a Palavra de
Deus para chegarmos aos céus (1ª Tm 5.20).
Mas este sacrifício tinha uma
peculiaridade: o sacerdote deveria molhar o seu dedo no sangue e daquele sangue
deveria espargir sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário, pondo
também daquele sangue sobre as pontas do altar de incenso perante o Senhor, que
estava na tenda da congregação e todo o restante do sangue derramaria à base do
altar de cobre.
Tal peculiaridade mostra, claramente, que,
em se tratando de alguém que tem posição de proeminência no meio do povo de
Deus, é mister que haja também a purificação do próprio exercício do
ministério, representado aqui pelo fato de se ter de espargir o sangue no véu
do tabernáculo, lembrando que o sacerdote tinha o direito de entrar no lugar
santo, o que era vedado aos demais israelitas. Tendo ele pecado, não poderia lá
entrar se o sangue do animal ofertado, que cobria o seu pecado, não fosse
espargido no véu do tabernáculo, como que a cobrir o próprio pecador quando ele
novamente adentrasse no lugar santo, como também este sangue fosse posto no
altar de incenso, onde o referido sacerdote iria queimar o incenso ao Senhor.
Os demais israelitas não participavam da
atividade no lugar santo e, por isso, o sangue derramado para a cobertura de
seus pecados ficava tão somente no altar de cobre. Já com relação aos
sacerdotes, era preciso que também se estendesse a purificação até os lugares
onde ele exerceria o seu ministério.
Isto nos mostra que, embora todos sejamos
sacerdotes na dispensação da graça, é inegável que aqueles que estão à testa do
povo devem ter, no tratamento do pecado, um rigor maior. Faz-se necessário não
só que publicamente confesse a transgressão e obtenha o perdão da comunidade,
como também que sejam tomadas efetivas medidas para que seu ministério seja
purificado.
Tal disposição da lei mosaica, inclusive,
também mostra, com clareza, que é, sim, extensivo ao exercício do ministério o
perdão dos pecados, pois há aqueles que, equivocadamente, entendem que o
ministro, tendo pecado e causado escândalo, pode, sim, obter o perdão, mas
nunca mais poderá exercer o ministério. O sangue do animal, no culto levítico,
também cobria o exercício do ofício sacerdotal e, portanto, não há como poder
afirmar que o sangue de Cristo, que tira e não apenas cobre o pecado, não seja
eficaz para restaurar o ministério de alguém que tenha pecado e causado
escândalo.
No mais, o sacrifício pelos erros do
sacerdote seguia os ditames dos demais sacrifícios, inclusive com a queima
total do animal, com exceção do couro, da carne com a sua cabeça, as pernas e
entranhas e o esterco, que deveriam ser levados fora do arraial, para um lugar
limpo, onde se lança a cinza, e queimado com fogo sobre a lenha, onde se lança
a cinza.
5. Toda
a comunidade (Lv 4.13-21). Este pecado é aquele que toda nação comete. É o
pecado coletivo. Essa transgressão leva toda a nação a ruína, a miséria,
desgraça e pobreza. Quando uma nação se volta para Deus e confessa seus
pecados, o Senhor estende suas mãos para abençoar.
3. Um líder (Lv 4.22-26). Os reis e governantes também pecam contra Deus e quando são conscientizados devem se prostrar diante de Deus confessando seus pecados. Um exemplo bíblico é o pecado de Davi, quando cometeu adultério com Bate-Seba. Na ocasião o profeta Natã o conscientizou do seu erro e o levou a confessar seus erros perante Deus.
4. Qualquer pessoa (Lv 4.27-35). Uma pessoa comum da sociedade. Vemos com isso que, para Deus não tem classe social. Pecado é sempre pecado e todos estão sujeitos a cometê-los.
Para todas essas pessoas se livrarem do
pecado era necessário cumprirem todo ritual explicado na lei, só assim
poderiam, através da morte de um animal, ter o seu pecado perdoado.
5. O grande dia da expiação. Levítico 16 narra o mais importante dia para o povo judeu: o dia da Expiação. O dia em que todo judeu devia observar um jejum e não fazer qualquer trabalho. Esse dia é ainda hoje observado por eles como Yom Kippur, o “Dia do Perdão”.
O dia da Expiação era a data em que o Sumo
Sacerdote apresentava um novilho por si mesmo e por sua família (Lv 16.6) e um
bode pelo povo (Lv 16.710) no Santo dos Santos, aspergindo o sangue das vítimas
sobre o propiciatório (Lv 16.11-19). O rito representava a mais importante
oferta pelo pecado de toda a nação.
Esse rito aponta para o nosso grande dia
da Expiação, no Calvário, quando Jesus Cristo, nosso Senhor, exclamou na cruz:
“Está consumado” (Jo 19.30).
CONCLUSÃO. Nesta lição, vimos o quanto era complexo o sistema de apresentação de ofertas para diversos pecados, e o dia anual de expiação, em que o Sumo Sacerdote apresentava a oferta pela nação inteira. Mas a Palavra de Deus mostra-nos que o sacrifício único de Cristo, no Calvário, foi suficiente para apagar os nossos pecados (2ª Co 5.21; 1ª Pe 3.18).
O SACERDÓCIO DE
CRISTO E O LEVÍTICO
LEITURA BÍBLICA
Êxodo 28.1 “Depois, tu farás
chegar a ti teu irmão Arão e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel,
para me administrarem o ofício sacerdotal, a saber: Arão e seus filhos Nadabe,
Abiú, Eleazar e Itamar.”
1ª Pedro 2.9 “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
INTRODUÇÃO. Nesta lição aprenderemos sobre o sacerdócio de Cristo e o sacerdócio Levítico; veremos a escolha de Deus para com a tribo de Levi para exercerem o serviço no santuário; por sua vez destacaremos aspectos importantes do sacerdócio de Cristo, e por fim, destacaremos as principais características de Jesus como nosso Sumo Sacerdote.
I. A ESCOLHA DOS SACERDOTES (Êx 28.1)
Deus escolheu a linhagem sacerdotal levítica, e não Moisés. Essa escolha indicava a soberania do Senhor para designar obreiros para sua Obra. No ministério cristão, por meio do Espírito Santo, Deus é quem elege líderes para o ministério (At 13.2).
Os filhos de Levi antes de serem
santificados para o ministério levítico eram uma tribo comum; mas, foram
separados pelo Senhor para exercer as funções no Tabernáculo (Nm 1.50,51,53;
18.2-4,6; 1º Cr 15.2).
1. Os sacerdotes precisavam pertencer à tribo de Levi. Por haverem sido resgatados da morte na noite da Páscoa, os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus (Êx 13.1,2), mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos divinamente como substitutos dos filhos mais velhos de cada família (Êx 32.25-29; Nm 8.17-19; ver 3.5-13). Deus separou para isto os três filhos de Levi: Gérson (gersonitas), Coate (coatitas) e Merari (meraritas) (Nm 26.57). Durante os dias de Davi, com a reforma no culto promovida por aquele monarca de Israel e que era também grande músico, os levitas foram divididos em quatro classes:
a. Assistentes dos sacerdotes no trabalho
do santuário;
b. Juízes e escribas;
c. Porteiros;
d. Músicos e cantores.
Essas classes foram subdivididas em
grupos, que serviam cada um por seu turno (1º Cr 24-25; Ed 6.18).
O Altíssimo ordenou que Moisés contasse os
filhos de Israel, excetuando a tribo de Levi, a fim de que os levitas se
encarregassem dos ofícios do Tabernáculo (Nm 1.49,50; 3.6). Assim, o sacerdócio
de Levi obteve uma posição proeminente entre as demais tribos de Israel (Nm
1.52,53).
2. Características especiais dos levitas. Aqui, destacaremos duas características especiais dos levitas:
(1) O chamamento específico para o serviço
do Tabernáculo.
(2) A unidade, pois todos falavam a mesma
língua, defendiam o mesmo comportamento e mantinham a mesma fé. Ambas as
características apontam para a importância da unidade da Igreja. A igreja local
é o Corpo de Cristo, portanto, o chamamento e a unidade são a sua marca (Jo
17.20,21).
2. Sacerdotes. A palavra sacerdote que no hebraico é “kohen”, e de acordo com Champlin (2004, p.13), esse termo em português, vem do latim: “sacer”, e que quer dizer: “sagrado, consagrado”, e se refere ao ministro divinamente designado na Antiga Aliança, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8). Antes do êxodo, o chefe de cada família ou o primogênito, desempenhava o papel de sacerdote familiar; mas, os ritos do tabernáculo e a exigência de observá-los com exatidão tornaram necessária a instituição de um sacerdócio dedicado ao culto divino. Para esta importante função, Deus escolheu Arão e seus filhos (Êx 28.1). A vocação sacerdotal era hereditária, de modo que os sacerdotes podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus (Nm 18.2,7,8).
3. Sumo sacerdote. O sumo sacerdote era o principal entre os sacerdotes (Lv 21.10; 2º Cr 19.11). Em hebraico ele é chamado de “kohen gadol”, que quer dizer: “grande sacerdote”. Somente ele entrava uma vez por ano no Lugar Santíssimo para expiar os pecados da nação israelita, no Dia da Expiação (Êx 30.10; Lv 16.34). Diferentemente dos demais levitas, cujo trabalho seria até os cinquenta anos (Nm 8.23-26), o sumo sacerdote nos tempos primitivos tinha cargo vitalício, embora nos tempos do NT mudanças parecem ter ocorrido, com interferências políticas e rodízio entre os sacerdotes (Jo 11.49-51; Lc 3.2). O sumo sacerdote distinguia-se dos outros membros da classe sacerdotal pelas roupas que usava, pelas funções que desempenhava e pelas exigências particulares impostas a ele (Êx 28.40). Só ele vestia a estola sacerdotal ou éfode, e só ele trazia o Urim e o Tumim no “peitoral do juízo”, pelo qual os judeus consultavam ao Senhor sobre questões difíceis (Êx 28.15-30). O primeiro sumo sacerdote escolhido por Deus em favor de Israel foi Arão (Hb 5.1-4). Ele era o filho mais velho do levita Anrão e de Joquebede (Êx 6.20; Nm 26.59), e irmão de Moisés e Miriã, sendo três anos mais velho que o Legislador (Êx 7.7). Sua esposa era chamada Eliseba (Êx 6.23). Com ela Arão teve quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (1º Cr 24.1).
4. A consagração sacerdotal tinha um só propósito. Os sacerdotes foram consagrados para servir no Tabernáculo. Separados pelo e para o Senhor, não podiam executar outra atividade que fugisse a esse propósito (Nm 1.50; 3.12). Logo, o método de Deus para os obreiros do Novo Testamento não é diferente: os obreiros do Senhor não se embaraçam “com negócio desta vida” (2ª Tm 2.4). Ratificando esse princípio, nosso Senhor declarou que o vocacionado para “arar a terra” não pode olhar para trás (Lc 9.62). É preciso olhar para frente e fazer a obra divina com perseverança e fé (Hb 10.38).
II. VESTIMENTA SACERDOTAL PARA O SERVIÇO
1. Simbologia da vestimenta sacerdotal. O capítulo 28 de Êxodo descreve a vestimenta sacerdotal para o serviço no Tabernáculo. A vestimenta tinha características especiais e cerimoniais, pois servia de “glória e ornamento” do ministério (Êx 28.2). A vestimenta era um símbolo da autoridade sacerdotal. Além de despertar a atenção do povo, marcava o caráter divino do serviço.
2. A túnica chamada “éfode” (Êx 28.4). Era uma espécie de avental sem manga que cobria a frente e as costas, unido por tiras em cada ombro e por um cinto (Êx 28.6-8). As tiras tinham engastes de ouro com pedras de ônix, em cada uma tinha a gravação dos nomes dos filhos de israel. Dos engastes de ouro dessas pedras pendia o peitoral. O éfode descia um pouco abaixo da cintura, por cima da túnica de linho até os pés do sacerdote. Por levar sobre os ombros os nomes dos filhos de Israel, o Sumo Sacerdote constituía-se no mediador do povo diante de Deus.
2.1. A estola. A vestimenta usada pelo sumo sacerdote era ornamentada. Pedras colocadas em fivelas nos dois ombros, nas quais os nomes das tribos estavam gravados, pareciam sua mais importante característica. Ao usá-la, o sumo sacerdote aceitava o papel de representante de todo o povo. O que ele fazia, fazia por eles e por Deus.
Sacerdotes comuns vestiam simples estolas
longas até as coxas, feitas de linho fino branco quando ministravam (Êx 39.27;
1º Sm 2.18; 2º Sm 6.14).
3. O “Urim e Tumim”. Provavelmente eram uma forma de lançar sortes. No Antigo Testamento, o povo de Deus pedia a orientação divina para tomar cada decisão importante (Nm 26.55,56). Para isso, recorria ao Urim e Tumim. No hebraico, a expressão significa “luzes e perfeições”. Eram pedras colocadas provavelmente sobre o peitoral do Sumo Sacerdote, representando a vontade de Deus; numa pedra, a resposta positiva, e na outra, a resposta negativa (Ed 2.63; Ne 7.65). O Sumo Sacerdote só tomava as pedras do Urim e Tumim em casos muito especiais (1 Sm 28.6). No Novo Testamento, é relatada uma prática semelhante ao Urim e o Tumim, na escolha do sucessor de Judas Iscariotes (At 1.26).
O peitoral era um colete finamente
modelado. Era preso à estola com correntes de ouro e decorado com quatro
fileiras de joias, cada um representando uma tribo de Israel. Há um significado
especial em vestir o nome das tribos de Israel sobre o coração do sumo
sacerdote. Como representante de outros diante Deus, ele deveria preocupar-se
profundamente com eles, até mesmo como o próprio Senhor. A adoração pode ser
cerimonial. Mas pode tornar-se um mero ritual” [LAWRENCE, Richards O. Guia do
Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.70].
III. O SACERDÓCIO DE CRISTO (Hb 7.23-28)
1. Sua origem. Arão foi feito sacerdote por Deus e não pelos homens: “E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” (Hb 5.4). Da mesma forma Cristo foi feito por Deus sacerdote:
Hb 5.5,6 “Assim, também
Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o
glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; 6 como em
outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque.”
Considerando que a Bíblia não menciona a
genealogia de Melquisedeque (Hb 7.3), seu sacerdócio era singular em sua ordem,
pois não dependia de sua genealogia, mas de sua nomeação direta por Deus (Gn
14.18). Da mesma forma, Jesus foi feito sumo sacerdote diretamente por Deus:
“Chamado por Deus sumo sacerdote” (Hb 5.10; Hb 10.21).
2. Sua ordem. Na mente de um judeu, letrado nas ideias levíticas rígidas, era inconcebível que alguém servisse como sacerdote sem ser descendente de pais sacerdotes, sem genealogia. No entanto, Melquisedeque aparece nesta função: “sem genealogia” (Hb 7.3) ou “cuja genealogia não é contada” (Hb 7.6). É bom lembrar que foi o próprio Moisés que chamou Melquisedeque de “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18); e ele foi reconhecido como tal mesmo sem credenciais formais. Neste sentido, ele foi feito semelhante a Jesus, que também não tinha uma linhagem sacerdotal normal. Nosso Senhor procedeu de Judá e desta tribo nunca Moisés falou de sacerdócio (Hb 7.14). Por isso, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria (Hb 8.4). No entanto, o escritor aos Hebreus assevera que Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e não segundo a de Arão: “...Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7.14). Portanto, o sacerdócio de Cristo é de uma ordem melhor, pois é independente da Lei de Moisés (Hb 7.11,12); e, da tribo de Levi (Hb 7.13-15).
3. Sua Superioridade. O sacerdócio de Melquisedeque é superior ao de Arão por, pelo menos, dois motivos:
3.1. É anterior ao sacerdócio aarônico. O registro da aparição de Melquisedeque se dá em Gênesis 14.18-20 e a instituição do sacerdócio por Arão se deu em Êxodo 28.1, ou seja, por volta de 600 anos depois.
3.2. Foi feito sob juramento. Enquanto o sacerdócio de Arão foi realizado por indicação divina (Nm 17.1-10), a continuação do sacerdócio de Melquisedeque foi feita por indicação divina e sob juramento: “Jurou o SENHOR, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4). É bom destacar que o juramento de Deus é feito em si mesmo, visto que ninguém lhe é superior (Hb 6.13). E, isto é o equivalente de dizer que Sua própria palavra bastava.
4.
Sua durabilidade.
O sacerdócio levítico era interrompido pela morte, o sacerdócio de Cristo, pelo
contrário, é eterno porque ele vive para sempre “... tu és um sacerdote eterno,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4). O escritor aos hebreus faz
questão de aludir a isso: “E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em
grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas este,
porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo” (Hb 7.23,24).
5. Sua perfeição. O sacerdócio levítico era imperfeito, por diversos motivos:
5.1. Os sacrifícios realizados, deviam ser
repetidos não eram sacrifícios definitivos (Hb 10.11).
5.2. Não podiam purificar a consciência
(Hb 10.1).
5.3. Era composto por homens imperfeitos,
que necessitavam sacrificar por si mesmos, para depois sacrificarem pelo povo
(Lv 4.3).
Jesus, no entanto, ofereceu-se uma vez só
(Hb 10.10); seu sacrifício purifica a consciência (Hb 9.14); e, Ele não
precisou sacrificar por si mesmo, porque é sacerdote perfeito (Hb 7.28). Como
sacerdote, Cristo possui as seguintes características: “… santo, inocente,
imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; que não
necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto
fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7.26,27).
IV. QUE TIPO DE SACERDOTE É CRISTO
1. Um sacerdote que tem acesso direto a Deus. O Sumo sacerdote só podia entrar no Lugar Santíssimo, onde estava a arca da aliança, que simbolizava a presença de Deus, apenas uma vez no ano (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb 9.7). No entanto, Cristo, nosso “…grande sumo sacerdote… penetrou nos céus” (Hb 4.14).
Ele entrou no santuário celeste, para
interceder por nós: “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos,
figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante
a face de Deus” (Hb 9.24).
2. Um sacerdote que se identifica com a natureza humana. Quando encarnou, Cristo, compartilhou da natureza humana de forma plena: corpo, alma e espírito (Mt 26.12; Jo 12.27; Mt 27.50). Especificamente no corpo, Ele também padeceu de todas as fragilidades humanas. A Bíblia mostra que ele sentiu fome (Lc 4.2); sede (Jo 4.7; 19.28); teve cansaço físico (Jo 4.6); chorou (Jo 11.35); sorriu (Lc 10.21) e, foi tentado em tudo, mas não pecou (Mt 4.1; Lc 22.28; 1ª Pd 2.22). Por isso, como sacerdote, Ele pode se compadecer das nossas fraquezas (Hb 4.15); e, pode socorrer os que são tentados “porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18). Jesus, conhece o ser humano de forma plena (Jo 2.25; Ap 1.14; 2.23).
Quando Jesus, morreu na cruz como oferta
pelos nossos pecados, o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo (Mt 27.51; Mc
15.38; Lc 23.45). Agora, ficou aberto o acesso a Deus (Hb 9.1-14; 10.19-22).
Contrastando o acesso limitado a Deus que os israelitas tinham na Antiga
Aliança, Cristo, ao dar sua vida por nós como sacrifício perfeito, abriu o
caminho para a própria presença de Deus e para o trono da graça (Hb 4.16). Por
isso, na Nova Aliança, os crentes podem com muita liberdade achegar-se a Deus
(Ef 2.18, 3.12), chamando-o de Pai como Jesus nos ensinou e o Espírito Santo
nos leva a fazer (Mt 6.9; Rm 8.15). Agora, também todo crente é constituído
sacerdote para o serviço de Deus (Ap 1.6; 5.10; 20.6).
CONCLUSÃO. O Senhor nomeou Arão e seus descendentes para exercerem o sacerdócio, o que na verdade é uma figura do Eterno e perfeito sacerdócio de Cristo, o qual através do Seu sacrifício nos abriu o caminho de acesso a Deus tornando cada salvo um sacerdote.
Quem recebe a Cristo como Salvador e
Senhor, “nova criatura é; eis que tudo se fez novo” (2ª Co 5.17). Andemos em
novidade de vida para a glória de Deus! Ele é o nosso perfeito Sumo Sacerdote.
A NUVEM DE GLÓRIA
LEITURA
BÍBLICA
Êxodo 40.34-38 “Então, a nuvem
cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo, 35-
de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a
nuvem ficava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo. 36- Quando,
pois, a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, então, os filhos de Israel
caminhavam em todas as suas jornadas. 37- Se a nuvem, porém, não se levantava,
não caminhavam até ao dia em que ela se levantava; 38- porquanto a nuvem do
Senhor estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele,
perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas.”
Números 9.15-16 “E, no dia de levantar o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo sobre a tenda do Testemunho; e, à tarde, estava sobre o tabernáculo como uma aparência de fogo até à manhã. 16- Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e, de noite, havia aparência de fogo.”
INTRODUÇÃO. Nesta lição estudaremos a definição exegética e etimológica das palavras “glória” e “shekhinah” de Deus; pontuaremos a glória de Deus revelada plenamente na pessoa de Jesus Cristo; e por fim, falaremos da glória do Senhor revelada na vida do crente fiel.
Êxodo 40 e Números 9 registram o cuidado
de Deus com Israel. Na caminhada no deserto rumo à terra prometida, uma nuvem
permanecia sobre o Tabernáculo. A imagem dessa nuvem marcou a história de Israel,
pois ela cobria a “Tenda da Congregação”, enchia o Templo, enfim, um símbolo
vivo de que Deus estava entre o seu povo. Anelemos por essa maravilhosa
presença!
I. DEFINIÇÃO O TERMO GLÓRIA
1. Definição exegética do termo. O vocábulo mais comum para glória é “kavôd” que significa: “glória, peso, esplendor, copiosidade, majestade, riqueza” dando a ideia de alguma coisa muito importante (Êx 33.18; Sl 72.19; Is 3.8; Ez 1.28).
A glória de Deus é a revelação de Seu
próprio ser, da natureza e da Sua presença para a humanidade e leva o homem a
reconhecer a grandeza de Deus e a sua pequenez e indignidade (Is 42.8; 48.9-11;
60.2). A palavra “glória” é uma das mais ricas e diversas no contexto
linguístico do AT e são encontrados pelo menos oito termos para designá-la no
AT (Êx 40.35; 1º Sm 4.22; 1º Sm 6.5; 1º Rs 3.13; 8.11; 1º Cr 16.28; 29.12; Is
11.10; 24.23; 42.12; Dn 2.37; 1º Cr 29.11,13).
Na Bíblia, a glória de Deus está muitas
vezes associada a brilho, esplendor e a majestade do Todo-Poderoso (Ez 1.28; Lc
2.9; Mt 17.5). Ela descreve a presença visível de Deus como uma nuvem escura,
trovões, relâmpagos (Êx 19.9,16,18; 20.18). A manifestação física de que a
presença de Deus estava chegando (a glória de Deus) poderia ser a aparência de
um fogo consumidor (Êx 24.17; Dt 4.24; Hb 12.29), no caso de Sua autoridade e
Seu poder serem vistos. Em outros casos, quando Seu propósito era outro e Ele
desejava mostrar outro aspecto do Seu caráter, ao invés de fogo (Êx 13.21; Nm
9.15-16) aparecia nuvem, fumaça, vento ou, então, o cicio suave [BÍBLIA DE
ESTUDO PALAVRAS CHAVES: HEBRAICO E GREGO, 2011, pg.1700].
2. Definição etimológica do termo. A nuvem que aparecia durante o dia sobre o Tabernáculo era uma forma da “glória visível de Deus” sobre o Santuário. Moisés viu parcialmente esta “glória” na coluna de nuvem e de fogo (Êx 13.21). Em Êxodo 29.43 ela é chamada “minha glória” (Is 60.2).
A majestade da glória de Deus é tão
grandiosa que nenhum ser humano pode vê-la de maneira plena e continuar vivo
(Êx 33.18-23). Quando muito, pode-se ver apenas um “aparecimento parcial da
glória do Senhor” (Ez 1.26-28). Neste sentido, a glória de Deus designa Sua
singularidade, Sua santidade e sua transcendência (Is 6.1-3; Rm 11.36; Hb
13.21). Ela cobriu o Sinai quando Deus outorgou a Lei (Êx 24.16,17), encheu o
Tabernáculo (Êx 40.34), guiou Israel no deserto (Êx 40.36-38) e posteriormente
encheu o templo de Salomão (2º Cr 7.1; 1º Rs 8.11-13). Mais precisamente, Deus
habitava entre os querubins no Lugar Santíssimo do templo (1º Sm 4.4; 2º Sm 6.2;
Sl 80.1).
3. Quando “a nuvem cobriu a tenda da congregação”. A nuvem aparecia durante o dia sobre o Tabernáculo. Era a shekinah de Deus sobre o Santuário. Embora o termo não se encontre no texto original do Antigo Testamento, shekinah é uma palavra adotada pela tradição judaica. Os sábios judeus evitavam a palavra kaboth (ou kabod), que significa “glória”, por causa de sua sacralidade (cf. 1º Sm 4.21). Assim, shekinah, segundo o sentido aramaico, descreve a manifestação visível da glória de Deus.
4. A glória de sua Presença. A ideia que o povo de Israel tinha de Deus era a de que Ele morava no Santuário. Assim, a nuvem sobre o Tabernáculo revelava que o Altíssimo encontrava-se de modo especial no Santuário. Outrora, a mesma nuvem acompanhava Israel desde Sucote (Êx 13.20-22); agora, ela se encontrava sobre o Tabernáculo. Essa nuvem é o sinal grandioso da presença do Todo-Poderoso. O Deus de Israel era o centro do culto e da adoração do seu povo. E do seu coração? Ele é Senhor?
II. DEFINIÇÃO O TERMO SHEKHINAH
1. Definição exegética do termo. O termo “shekhinah” significa: “avizinhar, habitar, residir, morar, armar tenda” (Êx 24.16; 25.8; 29.45; 40.34,35; Dt 12.11; Sl 37.3; 85.9; Jr 33.16; Is 8.18; Zc 8.3). Para alguns teólogos a tradução que mais se aproxima da palavra “shekhinah” é: “a presença de Deus vista entre o seu povo” (Dt 12.11; 14.23; 16.2,6,11; 26.2). De acordo com o Dicionário Internacional de Teologia do AT (1998, p. 1743), os verbos hebraico “shakhan” e “shekhen” possuem a mesma raiz da palavra “shekhinah”. Por isso, que quando a glória “kavôd” de Deus era manifestada em forma visível entre o povo de Israel, os rabinos posteriormente através de sua tradição literária (Talmude e Targuns) a chamaram de “shekhinah” porque o Senhor estava “vizinho” dos homens (Êx 13.21; 16.10; 19,9.16; 24.16; 33.18-20; 40.34,35). Deus prometeu habitar entre (no meio) o povo de Israel (Êx 13.20-22; 19.17-19; 40.34-35; 1º R 8.10-12). A glória de Deus também se refere a Sua presença visível entre o seu povo, ou seja, “shekhinah”, na verdade, é a habitação da glória “kavod” de Deus entre nós (Sl 85.9). Há muitas pessoas que fazem confusão com o termo; umas usam-no sem a noção; outras pessoas têm uma visão radical de que o termo não deveria ser usado porque “ele não existe na Bíblia”. Há palavras na cultura judaica que, por causa de sua sacralidade, ou perda dos fonemas hebraicos, foram reformulados. Portanto, não há nada que proíba usar o termo “shekhinah” [CABRAL, 2019, pgs. 85, 86 151].
2. Definição etimológica do termo. A palavra “shekhinah” não apareça na Bíblia judaica (Tanakh – Lei, Profetas e Escritos) nem no NT. O termo é uma expressão extra bíblica, mas não anticíclica, pois, seu princípio é encontrado em toda Escritura Sagrada. Apesar de não aparecer na Bíblia, podemos dizer que é bíblico por aquilo que significa: “a presença de Deus visível”. Esta palavra normalmente está associada aos casos quando Deus se apresentou de forma perceptível ao seu povo. O vocábulo ainda aponta para “residir ao lado” (Êx 25.8; 1º Rs 8.10-11; 2º Cr 6.1,2; Sl 74.2), e, é empregado para designar a presença de Deus (Êx 24.16,17; 29.43; 60.2).
Quando o Senhor mandou que Moisés
construísse a Arca da Aliança, Ele disse que a Sua presença iria com o povo.
Então a Arca do Senhor representava a “presença do Senhor no meio do povo”
(STAMPS, 1995, p. 1183).
De acordo com a compreensão dos exegetas
do judaísmo a “shekhinah” era uma
forma de teofania (aparição ou revelação da manifestação de Deus) muito
frequente no relacionamento entre Deus e Israel. Querer atribuir o termo “shekhinah” unicamente a Cabala (parte
mística do judaísmo) é esquecer que este termo já era usado pelos rabinos muito
antes do cabalismo surgir na história judaica.
3. A glória permanente de Deus. Havia uma promessa de Deus para a descendência de Abraão: tomar posse da terra de Canaã. Para cumprir esse objetivo, a presença de Deus permaneceu com Israel desde a saída do Egito até à entrada na terra prometida (Êx 13.20-22). Ele cumpriu sua promessa e guiou Israel pelo meio do Mar Vermelho, derrotando Faraó e seus cavaleiros. Ali, a nuvem do Senhor trouxe trevas e embaraços aos perseguidores egípcios.
A nuvem conduzia Israel nas suas
peregrinações, conforme o apóstolo Paulo menciona em uma de suas cartas: “Ora,
irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da
nuvem; e todos passaram pelo mar, e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e
no mar” (1ª Co 10.1,2).
4. A nuvem de Deus nos montes e desertos. Moisés subiu ao Monte Sinai e entrou no meio da nuvem e, ali, ficou por 40 dias e 40 noites (Êx 24.15-18). Deus falaria com ele da nuvem, de onde o legislador de Israel receberia as tábuas dos Dez Mandamentos e a revelação quanto à construção do Tabernáculo (Êx 24.15-18 cf. cps. 25 - 27; 34.1-9).
Enquanto o povo marchava para avançar pelo
deserto, a nuvem se movia. Em cada jornada, em cada peregrinação, o Senhor era
com o seu povo. Não se desespere, pois, o Espírito Santo conduz a sua Igreja!
Ele habita em você!
5. A nuvem se manifestou sobre o propiciatório. A Palavra de Deus revela que o propiciatório, que ficava sobre a arca da aliança, era o maior símbolo de sua presença. Ali, Deus se manifestava por meio da nuvem de sua glória (Lv 16.1,2; Nm 7.89). À luz da Santa Palavra, não podemos nos conformar com a frieza espiritual e com a indiferença com a Palavra de Deus. Ora, diferentemente daquela época, hoje podemos entrar no Lugar Santíssimo com plena liberdade no Espírito Santo, pois Este foi derramado de maneira abundante sobre o povo de Deus (At 2.1-13). Não se conforme com a frieza e a indiferença espiritual!
III. A GLÓRIA DE DEUS REVELADA EM JESUS CRISTO
1. A glória de Deus revelada na pessoa de Jesus. Em linguagem metafórica, a “shekhinah” no NT representa a presença majestosa de Deus e sua decisão de “habitar” (shakhan) entre os homens (Jo 1.14). O verbo shakhan, que deu origem ao termo shekhinah, ressalta a ideia de vizinhança e também proximidade de Deus com os homens. O equivalente da glória de Deus, ou seja, a presença Dele no NT é a pessoa de Jesus Cristo como a “glória de Deus em carne humana” (Cl 1.15,19), que veio habitar entre nós (Mt 1.23). Ele é a maior manifestação visível da presença de Deus entre nós (Mt 1.22-23). O apóstolo Pedro emprega a expressão “a magnífica glória” como um nome de Deus (2ª Pd 1.17). Os pastores de Belém viram a glória do Senhor no nascimento de Cristo (Lc 2.9), os discípulos a viram na transfiguração de Cristo (Mt 17.2; 2ª Pd 1.16-18). Cristo como o Logos e Filho de Deus, sempre existiu em glória antes de sua encarnação (Jo 17.5,22,24). Ele é o mistério glorioso de Deus (Cl 1.27). O resplendor de Cristo é a sua g1ória divina (Hb 1.3). Ele é glorioso por ser a própria imagem de Deus (Jo 1.14). Jesus manifestou a sua glória no princípio de seu ministério (Jo 2.11) [STAMPS, 1995, pg. 1183].
2. A glória de Deus revelada no ministério de Jesus. Todo o ministério de Cristo na terra redundou em glória ao nosso Deus (Jo 14.13; 17.1,4,5). Quando Isaías falou da vinda de Jesus Cristo, profetizou que n’Ele seria “revelada a glória de Deus” para que toda a raça humana a visse (Is 40.5). Tanto João (Jo 1.14) como o escritor aos Hebreus (Hb 1.3) testificam que Jesus Cristo cumpriu essa profecia. A glória de Cristo era a mesma glória que Ele tinha com seu Pai antes que houvesse mundo (Jo 1.14; 17.5). A glória do seu ministério ultrapassou em muito a glória do ministério dos profetas do AT (2ª Co 3.7-11). Paulo chama Jesus de “o Senhor da glória” (1ª Co 2.8), e Tiago o chama de “nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória” (Tg 2.1). Repetidas vezes, o NT refere-se ao vínculo entre Jesus Cristo e a glória de Deus. Seus milagres revelavam a Sua glória (Jo 2.11; 11.40-44). Cristo transfigurou-se em meio a “uma nuvem luminosa” (Mt 17.5), onde Ele recebeu glória (2ª Pd 1.16-19) [STAMPS, 1995, pg. 1183].
3. A glória de Deus revelada na morte e ressurreição de Jesus. Estêvão a viu na ocasião do seu martírio a glória de Jesus (At 7.55). A hora da morte de Jesus foi o momento da sua glorificação (Jo 12.23,24; 17.4,5). Ele subiu ao céu em glória (At 1.9; 1ª Tm 3.16), agora está exaltado nos céus em glória (Ap 5.12,13), e um dia voltará “sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt 24.30; 25.31; Mc 14.62; 1ª Ts 4.17) [STAMPS, 1995, pg. 1183].
IV.
ALGUMAS LIÇÕES PARA HOJE
1. A nuvem sobre o Tabernáculo não era comum. Deus usa coisas visíveis para ensinar verdades espirituais. Aquela nuvem era especial, pois não obedecia às leis da natureza criadas por Ele próprio. Tinha características de uma nuvem comum, mas não era algo comum. Ele usou a imagem de elementos físicos para manifestar a Sua glória. Não perca a sensibilidade espiritual. Perceba como Deus pode e quer falar, agora, com você. Ele usa coisas comuns para manifestar a sua glória!
2. A nuvem permaneceu sobre o Tabernáculo. O Altíssimo estava presente de forma especial no Tabernáculo. Veja o que o texto diz: “a glória do Senhor encheu o tabernáculo” (Êx 40.34). Aquele que é Onipresente não precisa de espaço físico, porque Ele preenche todo o Universo. Não há limites geográficos para Deus. Entretanto, para se relacionar conosco Ele se manifestou num Tabernáculo, revela-se na Igreja local e mostra-se em nossa casa e, por intermédio do seu Santo Espírito, habita em nós.
3. A nuvem não é estática. Deus não é inerte, estático; Ele é o Ser que gera vida em abundância (Jo 10.10). Ele se move sobre a Terra, cuida do Universo e interessa-se por sua vida, querido irmão. Ele é um Deus pessoal. Não perca a glória de Deus nem a intimidade com a sua presença. Ande com Deus. Obedeça-lhe a vontade.
V. A GLÓRIA DE DEUS REVELADA NA VIDA DO CRENTE
Como a glória de Deus relaciona-se ao crente pessoalmente?
1. Deus revela Sua glória mediante a habitação do Espírito Santo. Deus nos escolheu para sermos sua habitação ambulante aqui na terra, e através de nós manifestar a Sua glória “kavôd” ao mundo. O apóstolo João registrou as palavras de Jesus sobre a manifestação da glória de Deus quando disse: “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste […] para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste, como amaste a mim” (Jo 17.22,23). Através do Espírito Santo repousa sobre o verdadeiro crente a glória de Deus (Jo 14.16-17; 1ª Pd 4.14). Paulo também nos revela que a glória de Deus habita em nós pelo seu Espírito Santo (2ª Co 3.18; Ef 3.16-19), e Pedro também afirma esta mesma verdade (1ª Pd 4.14). Concernente que à glória celestial e majestosa de Deus de maneira plena ninguém pode contemplar (Jo 1.18-a); mas, sabemos que ela existe. O apóstolo Paulo afirma que Deus habita em “uma luz (glória) inacessíveis”, que nenhum ser humano pode ver (1ª Tm 6.16). O Espírito Santo nos aproxima da presença de Deus e de Jesus (2ª Co 3.16,17; 1ª Pd 4.14).
2. Deus revelará Sua glória mediante consumação da salvação. A experiência da glória de Deus é algo que todos os crentes terão na consumação da salvação: “… com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Seremos levados à presença gloriosa de Deus (Hb 2.10; 1ª Pd 5.10; Jd 24), compartilharemos da glória de Cristo: “… para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Paulo ainda disse que: “… somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito Santo” (2ª Co 3.18-c) e receberemos uma coroa de glória (1ª Pd 5.4). Até mesmo o nosso corpo ressurreto terá a glória do Cristo ressuscitado: “que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso ...” (Fp 3.21 ver ainda 1ª Co 15.42,43).
CONCLUSÃO. Concluímos que a glória de Deus transcende a qualquer coisa que o ser humano venha a produzir. A glória do Senhor esteve com Israel, no Antigo Testamento, com a Igreja Primitiva, em Atos, e também está em nossa vida através do seu Espírito Santo.
O SACERDÓCIO
CELESTIAL
LEITURA
BÍBLICA
Hebreus 9.11-15 “Mas, vindo Cristo,
o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo,
não feito por mãos, isto é, não desta criação, 12- nem por sangue de bodes e
bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo
efetuado uma eterna redenção. 13- Porque, se o sangue dos touros e bodes e a
cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à
purificação da carne, 14- quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito
eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência
das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? 15- E, por isso, é Mediador de
um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa
da herança eterna.”
Apocalipse 21.1-4 “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2- E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. 3- E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. 4- E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas.
INTRODUÇÃO. Há uma relação especial entre o sacerdócio levítico e o sacerdócio cristão. Enquanto o levítico foi estabelecido em Arão, o do Novo Testamento foi estabelecido em Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque. Nesta lição, veremos como se deu a escolha dos sacerdotes do Antigo Testamento. Veremos também a importância de suas vestimentas como sinal de autoridade para o serviço divino. E, finalmente, mostraremos por que o sacerdócio de Cristo é superior. Ele é o Sumo Sacerdote perfeito!
O apóstolo Paulo escreveu que as festas, a
dieta e os dias sagrados são “sombras das coisas futuras” (Cl 2.17). O autor
aos Hebreus reafirma que a lei era “a sombra dos bens futuros e não a imagem
exata das coisas” (Hb 10.1). De tudo o que estudamos até a presente lição,
podemos dizer que o Tabernáculo de Israel é um tipo do “Tabernáculo Celestial”.
E, nesta lição, veremos que Jesus é o Sumo Sacerdote desse Tabernáculo
Celestial, em que a sua Igreja é o sacerdócio real.
I. A ESCOLHA DOS SACERDOTES (Êx 28.1)
1. Deus escolheu a linhagem sacerdotal levítica, e não Moisés. Essa escolha indicava a soberania do Senhor para designar obreiros para sua Obra. No ministério cristão, por meio do Espírito Santo, Deus é quem elege líderes para o ministério (At 13.2).
Servir na liderança da igreja é um ato de
culto a Deus e consiste no oferecimento de sacrifícios espirituais a Deus,
incluindo oração, supervisão do rebanho, pregação e ensino da Palavra.
2. Os sacerdotes precisavam pertencer à tribo de Levi. O Altíssimo ordenou que Moisés contasse os filhos de Israel, excetuando a tribo de Levi, a fim de que os levitas se encarregassem dos ofícios do Tabernáculo (Nm 1.49,50; 3.6). Assim, o sacerdócio de Levi obteve uma posição proeminente entre as demais tribos de Israel (Nm 1.52,53).
A tribo de Levi, incluindo Moisés e Arão não foi incluída no censo registrado em Números 1.52,53, porque estava isenta do serviço militar.
Os levitas deviam servir ao Senhor por
meio do transporte e do cuidado do tabernáculo (Nm 3.5-13; 4.1-33,46-49).
2. Características especiais dos levitas. Aqui, destacaremos duas características especiais dos levitas:
2.1. O chamamento específico para o serviço do Tabernáculo. Deus escolheu Arão e seus filhos para ministrar no sacerdócio por um ato de sua graça soberana, pois eles certamente não tinham direito a essa posição nem a mereciam. Contudo, o fato de Deus salvar pecadores como nós e de constituir-nos seu “sacerdócio santo” também é um ato da sua graça, e não devemos jamais deixar de admirar esse privilégio espiritual. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15:16). Infelizmente, Nadabe e Abiú desobedeceram ao Senhor e foram mortos (Lv 10).
Quando Arão morreu, Eleazar tornou-se seu
sucessor (Nm 20:22-29), e os descendentes de Itamar deram continuidade ao
ministério sacerdotal, mesmo depois do cativeiro (Ed 8.1,2). Como povo de Deus
nos dias de hoje, devemos nos lembrar de que nosso primeiro dever é agradar e
servir ao Senhor. Se fizermos isso, ele trabalhará em nós e por nosso
intermédio para realizar sua obra neste mundo.
O sumo sacerdote, os sacerdotes e os
levitas não podiam se vestir como bem entendessem quando ministravam no
tabernáculo.
a. Davam ao sacerdote dignidade e glória
(Êx 28.2) e distinguiam-nos do resto do povo, como um uniforme identifica um
soldado ou uma enfermeira.
b. Revelavam verdades espirituais
relacionadas a seu ministério e a nosso ministério hoje em dia.
c. Se os sacerdotes não usassem suas
vestes especiais, correriam risco de vida (vv. 35, 43).
2.2. A unidade, pois todos falavam a mesma língua, defendiam o mesmo comportamento e mantinham a mesma fé. Ambas as características apontam para a importância da unidade da Igreja. A igreja local é o Corpo de Cristo, portanto, o chamamento e a unidade são a sua marca (Jo 17.20,21).
Em João 17.21, em Sua oração sacerdotal,
Jesus roga ao Pai para que ‘todos sejam um’; A base dessa unidade centra-se na
adesão à revelação que o Pai deu aos primeiros discípulos por meio do Filho. Os
crentes também devem estar unidos em fé comum na verdade que é recebida na
palavra de Deus (Fp 2.2). Isso não é mais um desejo, mas tornou-se realidade
quando o Espírito veio (At 2.4; 1ª Co 12.13). Não é uma unidade experimental,
mas a unidade de vida eterna comum partilhada por todos que creem na verdade, e
resulta no corpo de Cristo, todos partilhando da vida dele.
Jesus, nosso precursor, entrou por nós no
Santo dos Santos, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque. Jesus entrou no “Santo dos Santos”, não como um substituto para
nosso acesso, mas como um precursor, porque também entraremos nele. O autor se
concentra novamente no papel de Jesus como sumo sacerdote, não da ordem de
Arão, mas segundo a ordem de Melquisedeque.
3. A consagração sacerdotal tinha um só propósito. Os sacerdotes foram consagrados para servir no Tabernáculo. Separados pelo e para o Senhor, não podiam executar outra atividade que fugisse a esse propósito (Nm 1.50; 3.12). Logo, o método de Deus para os obreiros do Novo Testamento não é diferente: os obreiros do Senhor não se embaraçam “com negócio desta vida” (2ª Tm 2.4). Ratificando esse princípio, nosso Senhor declarou que o vocacionado para “arar a terra” não pode olhar para trás (Lc 9.62). É preciso olhar para frente e fazer a obra divina com perseverança e fé (Hb 10.38).
No êxodo, o SENHOR reivindicou para si os
primogênitos do sexo masculino de Israel (Êx 13.1-2). O primogênito atuava como
sacerdote da família. Porém, quando o pleno ministério da economia mosaica foi
estabelecido, Deus transferiu os deveres sacerdotais para os levitas,
parcialmente talvez por causa do zelo que haviam demonstrado quando do
incidente do bezerro de ouro (Êx 32.29). Os levitas substituíram os
primogênitos. O chamado de Deus para o ministério vocacional é diferente do
chamado à salvação e do chamado que atinge todos os crentes: o serviço.
Trata-se de uma convocação de homens selecionados para servir como líderes da
igreja. O sacerdócio em Israel e a chamada divina são tratados a partir do
capítulo 28 de Êxodo. A razão para esta chamada divina era a necessidade do
povo aprender a adorar a Deus. Era necessário que homens chamados por Deus
cuidassem da prática do culto ao Senhor no Tabernáculo e também através da
congregação de Israel. A tribo de Levi foi separada para o serviço no
Tabernáculo e para o santo ministério sacerdotal. Costuma-se esquecer que antes
da entrega da lei por Deus a Israel, havia sacerdotes, uma vez que a Bíblia
menciona o rei de Salém, Melquisedeque, como “sacerdote do Senhor” (Gn 14.18;
Hb 7.1-3).
II. O SACERDÓCIO CELESTIAL TEM UM ÚNICO SUMO SACERDOTE
1. Um novo e perfeito sacerdócio. O autor da Epístola aos Hebreus escreveu: “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei” (Hb 7.12). O sacerdócio levítico era imperfeito (Hb 7.11). Nele, os sacrifícios, o culto, as ofertas e a liturgia dos serviços eram apenas sombra do verdadeiro sacerdócio a ser oficiado por Cristo. O sacerdócio do Filho de Deus veio “segundo a ordem de Melquisedeque”, e não segundo a ordem de Arão. Jesus Cristo foi capaz de reconciliar o homem com Deus, por meio de seu sangue, abrindo o caminho para uma comunhão verdadeira com o Pai. O Evangelho da Nova Aliança havia chegado!”
Uma vez que Cristo é o Sumo Sacerdote do
cristão e veio da tribo de Judá, não de Levi (Mt 2.1,6; Ap 5.5), seu sacerdócio
está claramente acima da lei que era a autoridade para o sacerdócio levítico
(Hb 7.11). Essa é a prova de que a lei mosaica foi abolida. O sistema levítico
foi substituído por um novo Sacerdote, que ofereceu um novo sacrifício, sob uma
nova aliança. Ele aboliu a lei ao cumpri-la (Mt 5.17) e oferecer a perfeição
que a lei nunca poderia alcançar (Mt 5.20).
2. O sacerdócio do Antigo Testamento tinha Cristo como seu antítipo. Ele incorpora em si mesmo todos os tipos e funções do sacerdócio veterotestamentário. Essa é mesmo a mensagem central da epístola aos Hebreus, parecendo muito radical quando exposta pela primeira vez. Ler a epístola aos Hebreus, principalmente trechos como 2.14-18; 4.14-16; 5.1-10 e seu sétimo capítulo.
2.1. Jesus Cristo também foi o cumprimento cabal do sacerdócio de Melquisedeque (Hb. 7).
2.2. Os deveres sacerdotais de Cristo
cumpriram-se após o sacerdócio aarônicos ter cumprido seu papel, sendo um
cumprimento desse sacerdócio; o seu oficio como sacerdote seguinte a ordem ou
categoria de Melquisedeque.
3. O sacerdócio coletivo dos cristãos. Por outro lado, segundo o ensino do Novo Testamento, todo crente, sem distinção, faz parte do “sacerdócio real” (1ª Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10). Por meio de Jesus Cristo, podemos oferecer sacrifícios espirituais (1ª Tm 2.5; 1ª Pe 2.5). Acerca disso, o apóstolo Pedro escreveu que os crentes representam um corpo sacerdotal em Jesus Cristo (1ª Pe 2.9).
Em Apocalipse, o apóstolo João retoma esse
mesmo princípio: “Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos
pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, poder e glória
para todo o sempre. Amém” (Ap 1.5,6). O resgate dessa maravilhosa doutrina
remonta à Reforma Protestante e ao Movimento Pentecostal.
As passagens neotestamentários centrais
que ensinam essa doutrina são 1ª Pd 2.5,9; Ef 1.5ss. Os sacerdotes do Novo
Testamento (todos os crentes) têm acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo
Sacerdote, Jesus Cristo (Hb. 10:19-22). O sacerdócio dos crentes é vinculado à
filiação deles, o que, por sua vez, é uma maneira de definir a salvação da
alma. Visto haver acesso pessoal a Deus, por meio de Cristo, não há necessidade
da intermediação de nenhuma casta sacerdotal.
4. Princípios do Sacerdócio Bíblico:
4.1. Deus Pai ordena sacerdotes; esse é um
privilégio e um ato divino (Hb 5.4-6).
4.2. Os sacerdotes eram nomeados
mediadores entre Deus e os homens, sobretudo no tocante ao pecado, à expiação e
à reconciliação dos homens, com Deus (Hb 5.1).
4.3. A expiação pelo sangue de animais
sacrificados ocupava o centro das funções sacerdotais (Hb 8.3).
4.4. O trabalho intercessor dos sacerdotes
do Novo Testamento (os crentes) repousa sobre a natureza eficaz da expiação de
Cristo. E é aí que os crentes alcançam a Deus (Hb 8.1 ss.).
4.5. O novo pacto, com base no sacerdócio
superior de Cristo. Envolve melhores promessas que aquelas do antigo pacto (Hb
8.6). De fato, o novo pacto anulou totalmente o antigo.
5. As características gerais do ministério sacerdotal são:
5.1. Chamado divino (Hb 5.4);
5.2. Purificação (Êx 29.4);
5.3. Unção e santificação (Lv 8.12);
5.4. Submissão (Lv 8.24-27).
5.5. E vestes santas para glória e
ornamento (Êx 28.2; 29.6,9).
Ademais, o sacerdote só poderia tomar
mulher de sua própria nação, e ela deveria ser ou virgem ou viúva de outro
sacerdote (Lv 21). Outra característica importante: o sacerdote não podia
ministrar como ele queria, pois estava sujeito às leis divinas especiais para
ministrar (Lv 10.8).
Não há dúvida de que o ministro do Senhor
nos dias de hoje também deve observar o chamado divino para sua vida, a
santificação e a unção de Deus para exercer o seu ministério, o princípio da
submissão no seu dia a dia e a necessidade de exercer o seu ministério conforme
a vontade de Deus (1ª Tm 3.1-7; 6.11,12; Tt 1.7-9; 1ª Pe 5.1-4).
O sacerdote mantinha estreita comunhão com
Deus e muitas vezes Deus se comunicava com ele diretamente, além disso, Deus
lhe revelava como resolver várias questões surgidas entre o povo. Nós,
sacerdotes de hoje, temos os nove dons do Espírito Santo para nos servir de capacitação
para nosso ministério.
Cristo: o Sumo Sacerdote do Novo Testamento. O ministério do Novo Testamento mostra que, na Igreja, não há e não pode haver uma classe sacerdotal exclusiva, como ocorre no catolicismo romano. Ora, a palavra “sacerdote” não se aplica a nenhum indivíduo, senão ao próprio Cristo, que se constituiu Sumo Sacerdote do povo redimido. Na Nova Aliança, Cristo é o único mediador entre nós e o Pai Celeste.
3. Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote no céu. Atente, querido irmão, para o seguinte versículo: “Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8.1,2).
Este texto revela que Nosso Senhor, o Sumo
Sacerdote perfeito, está à destra do Pai, nos céus, e que, de maneira singular
e verdadeira, ministra no Tabernáculo Celestial. Isso aconteceu porque a sua
obra foi completa e perfeita. Por isso, Ele é o nosso mediador, advogado e
intercessor. Ele proveu para nós um concerto melhor (Hb 8.6).
III. O Sacerdócio Perpétuo e Perfeito de Cristo
1. Jesus trouxe salvação perfeita (Hb7.25). Os sacerdotes do antigo pacto pereceram (v. 23). O sacerdócio arônico foi constituído por centenas de sacerdotes, que se sucediam constantemente, visto que “pela morte foram impedidos de permanecer”. Os sacerdotes arônicos apenas intercediam pelos homens a Deus, mas não os salvavam. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, não só “vive sempre para interceder” por nós, como nos assegurou uma perfeita salvação por seu intermédio (v. 25; Rm 8.34). Jesus garante salvação plena (Jo 5.24), sem depender de um suposto purgatório ou de uma hipotética reencarnação.
2. Jesus, sacerdote perfeito (Hb 7.26). A Palavra de Deus indica aqui as qualificações de Cristo, que o diferenciam de qualquer sacerdote do antigo pacto. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote:
2.1. Santo. O sacerdote do Antigo Testamento teria que ser santo, separado, consagrado. Até suas vestes eram santas (Êx 28.2,4; 29.29). Contudo, eram homens falhos, imperfeitos, sujeitos ao pecado. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, era e é santo no sentido pleno da palavra.
2.2. Inocente. Porque nunca pecou, Jesus não tinha qualquer culpa. Ele desafiava seus adversários a acusá-lo (Jo 8.46).
2.3. Imaculado. O cordeiro, na antiga Lei, tinha que ser sem mancha (Lv 9.3; 23.12; Nm 6.14). Jesus, como o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), não tinha qualquer mancha moral ou espiritual.
2.4. Separado dos pecados. Jesus viveu entre os homens, comeu com eles, inclusive na casa de pessoa de baixa reputação, como Zaqueu, mas foi “separado dos pecadores”. Ele não se misturou, nem se deixou influenciar pelo comportamento dos homens maus.
2.5. Feito mais sublime do que os céus. Tal expressão fala da exaltação de Cristo, como dele está predito na Bíblia: “Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus” (Rm 14.11).
2.6. Ofereceu-se a si mesmo, uma só vez (Hb 7.27). Os sumos sacerdotes do Antigo Testamento necessitavam de oferecer sacrifícios, muitas vezes, primeiro por eles próprios e, depois, pelo povo. Mas Jesus, por ser imaculado, sem pecado, não precisou fazer isso por si. Tão-somente ofereceu-se num sacrifício perfeito, uma vez, pelos pecadores.
IV. O SACERDÓCIO UNIVERSAL DA IGREJA
1. Uma doutrina bíblica fundamentada na pedra que é Cristo. Ao longo da Escritura, encontramos várias porções a respeito da “pedra” que é Cristo (Is 28.16; Sl 118.22; Is 8.14). No Novo Testamento, por exemplo, vemos tanto o apóstolo Paulo quanto Pedro citarem Isaías 28.16. Ambos afirmam, mediante o Espírito Santo, que Cristo é a “pedra”. Em Efésios 2.20 está ratificado que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina. Assim, podemos afirmar que o sacerdócio universal dos crentes, em primeiro lugar, está fundamentado na pedra que é Cristo Jesus, nosso Sumo Sacerdote.
2. Distinguindo “a pedra”, que é Cristo, de “pedras vivas” que são os crentes. Se Cristo é a principal pedra de esquina, os crentes são as pedras vivas constituídas no grande edifício (1ª Pe 2.4). Todos os membros da Igreja de Cristo são pedras vivas edificadas sobre a Pedra Angular - Jesus, o Cordeiro de Deus.
Essa metáfora bíblica ilustra a doutrina
fundamental do sacerdócio universal dos crentes. Deus nos vê como sacerdotes,
ministrando em sua presença. Somos ministros de um templo espiritual. E cada
“pedra viva” constitui esse edifício.
Por isso, você é chamado para ser um
sacerdote nestes dias difíceis. Essa escolha foi feita no Calvário, mediante o
sacrifício apresentado pelo Sumo Sacerdote Perfeito. Portanto, os requisitos
para a escolha desse ofício não estão baseados na etnia ou em qualquer outra
distinção humana; mas na graça de Deus, por meio da fé em Cristo Jesus (Ef
2.8). Como sacerdotes de Cristo, temos acesso ao trono da graça.
V. O MAIOR E MAIS PERFEITO TABERNÁCULO
1. O santuário terrestre. No santuário terrestre, o Tabernáculo, as atividades litúrgicas eram executadas em três lugares: o Pátio (Átrio), o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo. O Pátio era descoberto, mas o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo achavam-se cobertos. A mobília que compunha o Lugar Santo era constituída do Castiçal de Ouro, da Mesa dos Pães da Proposição e do Altar de Incenso. Toda essa imagem tem uma relação especial com o ministério sacerdotal de Jesus Cristo no Santuário Celestial (Jo 6.35; 17.1-26; Hb 7.25).
2. O santuário celestial. Esse santuário pode ser identificado com o Tabernáculo que não foi feito por mãos humanas (Hb 9.11). É o lugar onde Deus habitará com os homens para sempre (Ap 21.3). Cristo Jesus garantiu-nos essa bênção quando, na consumação de seu sacrifício, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo. Assim, o caminho para o Tabernáculo Celestial foi aberto; nosso acesso já está garantido.
3. O sacrifício perfeito de Cristo. A Palavra de Deus mostra que o sacrifício de Jesus Cristo foi suficiente e eterno (Hb 9.24). Não era preciso passar repetidamente pelo Calvário para garantir-nos a redenção eterna. Bastou um único sacrifício!
Diferentemente do sacrifício antigo, que era parcial, o de Cristo foi definitivo e perfeito. A Bíblia declara que Nosso Senhor, “na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9.26). Que mensagem maravilhosa! Que palavra consoladora!
CONCLUSÃO. Uma vez que o Tabernáculo mosaico passou, temos agora um santuário maior, um sacrifício suficiente e uma salvação definitiva. Na Aliança Antiga, as pessoas comuns não tinham acesso direto ao Santo dos Santos; na Nova Aliança, qualquer pessoa, independente de etnia ou classe, mediante Cristo Jesus, pode entrar na presença de Deus pelo novo e vivo caminho (Hb 10.20).
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Pr. Elias Ribas
Bacharel em Teologia pelo Seminário
Teológico AMID – Cascavel - PR.
Mestrado em Divindade pelo Seminário Teológico
AMID – Cascavel - PR.
Especialização em Apologética – ICP - São
Paulo.
Grego e Hebraico - Faculdade Batista
Pioneira – Ijuí RS.
Exegese do Novo Testamento - Faculdade
Batista Pioneira – Ijuí RS.