Antes de o homem ser induzido ao pecado, já encontramos outro pecador
– “a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás (Ap 12.9 e 20.2), tentando a
mulher a duvidar da justiça e da bondade do Criador”.
Algum tempo após o estabelecimento da aliança entre Deus e o homem,
Satanás entrou no paraíso, com o objetivo de introduzir confusão naquele
ambiente de paz. O ardil usado por Satanás foi dúvida, a qual conseguiu
introduzir na mente da mulher através da insinuação maliciosa, “...certamente
não morrereis” (Gn 3.1-6).
A queda do homem foi o grande pecado de todos os séculos. Essa condição
espiritual e pecaminosa o casal transmitiu à sua posterioridade.
I.
A
QUEDA DO HOMEM
Sabemos que o
homem não foi criado pecador, mas é verdade que o poder do pecado entrou no
mundo dos homens através da escolha consciente e voluntária de Adão. O termo
“queda” é uma tradução da palavra grega paraptoma,
que quer dize: transgressão, violação, passo falso, pecado, um lapso moral pelo
qual a pessoa é responsável; decair ao lado de onde a gente devia ter ficado em
pé; perder o caminho, fracassar; e é aplicada à transgressão de Adão.
Disso podemos dizer então que a queda do
homem é o cair da posição primitiva de favor e de santidade e vida espiritual,
por causa do pecado de Adão, para a posição sob o domínio do pecado e da morte.
Como criatura de Deus, foi exigido do
homem prestar obediência ao seu Criador, o que reflete basicamente a soberania
moral de Deus e a livre agência do homem.
Ao contrariarem provavelmente a primeira ordem de Deus
que disse para que não comece do fruto da ciência do bem e do mal; mas o
inimigo ciente desta ordem imperativa, antagônico à vontade de Deus disse ao
casal que no dia em comessem do fruto se tornaria como Deus, conhecedor do bem
e do mal só bastou essas palavras funestas para nascer em Eva um sentimento
impaciente e ávido de ser como Deus até que desobedeceu dando início as
trágicas consequências para a humanidade.
II. A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA
O pecado originou na raça humana, devido à
transgressão voluntária de Adão no paraíso. O tentador veio com a sugestão de
que o homem, colocando-se em oposição a Deus, tornar-se-ia igual a Ele. Adão se
rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, desobedecendo às ordens de Deus.
Com o primeiro pecado, Adão passou a ser escravo do pecado (Jo 8.34). Esse
pecado trouxe consigo corrupção permanente, não somente sobre Adão, mas também
sobre todos os seus descendentes. A tentação de Satanás pode ser resumida como
tendo apelado ao homem desta maneira: ele fez o homem desejar TER o que Deus
havia proibido; SABER o que Deus não havia revelado; e SER o que Deus não
tivera a intenção que fosse (Gn 3.1-24).
1.
A essência do pecado de nossos primeiros pais é algo como o que segue:
1.1. Eva não confiou na bondade de Deus; ela
acreditou na mentira de Satanás.
1.2. A mulher cedeu ao seu apetite físico.
1.3. Se submeteu a um desejo excessivo
pelo belo.
1.4. Cobiçou uma sabedoria que não era da
intenção de Deus que tivesse.
Desejar o que Deus proibiu é preferir a si
mesmo no lugar de Deus, isto é pecar. O primeiro pecado foi o desejo do
coração, a escolha de interesses próprios ao contrário dos interesses de Deus.
Adão pecou como pai da raça humana e também como chefe representante de todos
os seus descendentes e, portanto, a culpa do pecado é imputada a todos os
homens, pelo que todos são merecedores de punição e morte. É nesse sentido que
o pecado de Adão é o pecado de todos. É o que o apóstolo Paulo escreve:
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a
morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram” (Rm
5.12 -ARA). Deus imputa a todos os homens a condição de pecadores culpados em
Adão, exatamente como atribui a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o
que Paulo quer dizer, quando afirma:
“Pois assim como por uma só ofensa veio o
juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de
justiça veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores,
assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos” (Rm 5.18-19).
O pecado é tanto um ato como
um estado. Pecado é uma transgressão deliberada e consciente das leis
estabelecidas por Deus; é um estado pecaminoso. O pecado traz o mal sobre si,
mesmo por suas ações e incorre em culpa aos olhos de Deus.
2.
Satanás o agente da tentação.
Quando se fala em Gênesis que a serpente
falou a Eva, devemos tomar as palavras no sentido literal. A serpente não
designa a figura de Satanás. Nem Satanás tomou a forma de uma serpente. Também
a serpente não era um mero nome (Ap
12.9), nem um símbolo para cobiça, para desejo sexual, nem para razão
errante. Uma serpente real era o agente da tentação, como é claro daquilo que é
dito das características naturais da serpente (Gn 3.1).
Satanás, usando a serpente, lança primeiramente
dúvida e a incerteza no coração de Eva. Ele conhece o valor da Palavra de Deus
e que se o homem a transgredir, torna-se indesculpável.
Em seguida, dentro da confusão que se
estabeleceu em seu coração Eva acrescenta algo à Palavra de Deus, mencionando a
proibição de tocar na árvore da ciência do bem e do mal, coisa que não consta
da ordem de Deus dada a Adão (veja Gn 2.16-17).
Por último, a serpente desafia a Palavra
do Criador e tenta desacreditá-la, afirmando: “Certamente não morrereis”, quando
Deus havia dito que morreriam (Gn 3.4; 2.17). Eva deixou entrar uma dúvida
quanto à Palavra de Deus e caiu na tentação de comer o fruto proibido.
Se Adão e Eva tivessem dado ouvido à
Palavra de Deus e levado a sério a consideração que Ele merece, não teria
provocado o caos espiritual. O uso da Palavra de Deus pela serpente poderia ter
sido também empregado, em contrapartida, como arma espiritual por Eva, mas ela
não o fez. Foi bem diferente o exemplo do último Adão (Jesus Cristo), quando o
diabo o tentou no deserto (Mt 4.1-8).
3. Antes da desobediência.
Tudo era
harmonia; tudo girava em torno da presença amorosa de Deus; havia paz, havia a
facilidade no relacionamento do casal. Eles viviam cada dia para Glória de Deus
e um para o outro cumprindo assim o mistério de uma só carne. Depois da queda
experimentaram sentimentos jamais vividos anteriormente, tais como: Sentimentos
de medo, de angustia, de insegurança, de vergonha, de dor, de culpa, de
remorso, de falta de paz e de ódio.
A Bíblia diz em:
1ª Pedro 2.15 e 16: “Porque assim é à vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis
a boca à ignorância dos homens insensatos; Como livres, e não tendo a liberdade
por cobertura da malícia, mas como servos de Deus”.
III. OS RESULTADOS DA QUEDA
Adão e Eva foram criados inocentes e santos. Agora,
tiveram um senso de vergonha, degradação e poluição. Perda da inocência
“abriram-se então, os olhos de ambos” (Gn 3.7). A inocência não pressupõe a
ausência do conhecimento intelectual do mal. Tal conhecimento inclusive é benéfico
e necessário para nós entendermos a natureza do mal. Inocência, porém, quer
dizer a ausência do “conhecimento experimental” do mal. Havia algo para
esconder. Estavam nus e não podiam aparecer diante de Deus na sua condição
caída. Foi este sendo de impropriedade que os levou a fazerem para si
vestimentas de folhas de figueira.
As folhas de figueiras de nada serviram para cobrir
a nudez do casal. Elas simbolizam o esforço das religiões e das boas obras em
favor da salvação do homem, sem levar em conta a justiça de Cristo. Batismo,
educação, filosofia, dízimos, etc.... nada disto repara a terrível queda do
gênero humano. Somente a graça de Deus, mediante a morte expiatória de Seu
Filho Jesus Cristo, pode salvar o homem que, pela fé, volta-se para Ele (Ef 2.8-9),
pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).
Adão e Eva não eram vítimas de um destino
inevitável. Eles eram livre, capazes de serem influenciado por motivos e
desejos, mas ainda com liberdade perfeita para seguir o caminho que lhes agradasse.
Mas, eles permitiram a si mesmos receberem algo que não era de Deus. Não foi
qualquer necessidade rigorosa, mas pela escolha determinada de sua própria
vontade; uma entrega voluntária dos seus corações à tentação, que os levou a
cometer o primeiro pecado.
Devemos lembrar também que como o pecado deveria
ser punido, isto é, a maneira e alcance da punição, não é para o homem culpado
decidir, mas foi determinado o decreto pelo próprio Deus, (Dt 9.5; Rm 6.23; Mt
25.41).
“Posto à prova, porém, o homem mostrou-se infiel,
desprezando a glória de que estava revestido, ao duvidar da bondade e da
fidelidade do Senhor, deixando-se seduzir pela mentira ilusória de Satanás (Gn
3.1-19). Assim, ao desobedecer a única proibição imposta por Deus (Gn 2.17), o
homem tornou-se pecador, colocando toda a criação debaixo da maldição divina
(Gn 3.19).
1. O pecado
e sua consequente maldição causaram.
1.1. Conhecimento do mal. Antes da queda o homem tinha
capacidade para pecar, porém desconhecia os efeitos do pecado. E ao pecar ele
adquiriu esse conhecimento, por isso foi lhe proibido comer do fruto da árvore
da vida, (Gn 3.22).
1.2. Quebra
da comunhão com Deus e expulsão da sua presença (Gn 3.23 e 24; Is 59.1,2).
Quebrantando a lei de Deus o homem sentiu-se envergonhado em sua presença. Essa
vergonha era o resultado da transgressão cometida.
1.3. Morreu espiritualmente. O espírito humano é vivificado pela
vida que Cristo lhe comunica. (Rm 8.9-16).
1.4. A perversão da natureza moral. No lugar da pureza de
coração e da perfeição moral que caracterizavam o homem no Éden, veio o pecado
e a perversão moral.
1.5. Doenças e enfermidades. O corpo ficou
sujeito as enfermidades que no fim resultaria na morte física e consequente
corrupção (Gn 3.16-19).
1.6. A morte, geralmente precedida das mais
variadas enfermidades sobre o homem (Gn 3.19 e 19; Rm 5.12).
1.7. Escravo do pecado e de Satanás. Rejeitando a palavra de
Deus e aceitando a palavra do inimigo, o homem tornou-se seu escravo. A
regência do mundo passou das mãos do homem para as mãos de Satanás (2ª Pd
2.19).
1.8. O
pecado é hereditário. O pecado foi disseminado nas formas mais diversas,
infames e vis (Rm 1.18-32).
1.9. O
pecado leva o homem ao inferno (Rm 3.23; Gl 5.19-21; Mt 7.23; Ap 21.8).
O homem ao pecar fica
separado de Deus e debaixo da maldição (e juízo receberá o castigo). A Bíblia
descreve dois efeitos do pecado sobre o culpado; primeiro, é seguido por
consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o
decreto da condenação eterna.
Antes da queda, Deus e Adão estiveram em comunhão
um com o outro; depois da queda, essa comunhão foi quebrada ou interrompida (Gn
3.8-9). Eles haviam desobedecido ao comando explícito de Deus para não comer da
árvore do conhecimento do bem e do mal, e foram culpados de um crime. Eles
sabiam que haviam perdido sua posição diante de Deus e que se achavam sob
condenação. Então, em vez de buscar a comunhão com Deus, tentaram fugir dele,
com vergonha (Gn 3.7-10), remorso e medo (Gn 3.10) e culpa, sentimento que
nunca experimentaram antes.
Sua consciência não lhes permitiu descanso, então
tentaram transferir a responsabilidade. Adão disse que Eva, a mulher que tu me
deste, o levou a pecar (Gn 3.12). Eva acusou a serpente (Gn 3.13). Eram
culpados, mas tentaram passar a responsabilidade para outros.
A sentença bíblica é sem
apelação. No Antigo Testamento diz que a alma que pecar morrerá (Ez 18.4). O
salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Por isso, a morte foi uma consequência
direta do pecado de nossos primeiro pais (Gn 2.17).
A morte é um castigo, não uma
extinção da personalidade, e sim, o meio de separação de Deus. Há três fases
desta morte: morte espiritual, enquanto vive, mas não crê em Deus (Ef 2.1; 1ª
Tm 5.6); morte física (Hb 9.27); e a segunda morte ou morte eterna, que é a
separação e condenação eterna sem Deus (Ap 21.8; Jo 5.28-29).
2. O pecado trouxe.
2.1. A morte
espiritual.
A morte espiritual é a separação entre a
alma e Deus. O pecado separa o homem de Deus; como consequência do pecado, o
homem morreu espiritualmente (Ef 2.1-5). A morte espiritual significa culpa e
também corrupção. O castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é
primariamente esta morte espiritual (Gn 2.17; Rm 5.21). Por ela, o homem perdeu
a presença, a comunhão intima e o desejo por Deus. Por estar morto
espiritualmente falando, o homem precisa ser revivido dos mortos (Lc 15.32;
105.24; 8.51).
Foram arruinados moralmente. Deus havia dito a Adão
sobre o fruto proibido: “no dia que dele comerdes, certamente morrerás” (Gn
2.17; Rm 6.23). Esta morte, em primeiro lugar, é morte espiritual ou uma
separação da pessoa de Deus; ela aconteceu no momento em que pecaram. Isto
implica também que se tornaram depravados. A palavra depravados do latim “pravus”,
significa torto e literalmente “depravatus” que quer dizer muito
torto. Pelo pecado de Adão toda a humanidade ficou sob o domínio de Satanás.
Se o corpo se torna depravado, a mente, então,
provavelmente vai ser afetada. O intelecto pode ficar desorientado
involuntariamente, por causa da deterioração do corpo físico. Porém, os membros
corpóreos se tornam servos da injustiça. O que não pode ser literalmente não
santo, pode ser usado de uma forma não santa.
Quanto as emoções, os desejos, apetites e paixões,
podem cair em desordem e anomalia involuntária. A humanidade, certamente, está
depravada fisicamente. Não existe saúde perfeita do corpo entre todos os seres
humanos que vivem neste mundo. Podemos dizer também que os apetites, as paixões
e as tendências do homem estão num estado de desenvolvimento doentio.
Só existe uma maneira do homem se tornar puro e
buscar a comunhão e a vida eterna com Deus que é através de Seu Filho Jesus
Cristo.
2.2. A morte física.
De acordo com as Sagradas Escrituras, a
morte física é o término da vida física pela separação de corpo e espírito.
Isto não significa aniquilação. A morte física não é uma cessação da
existência, mas, um rompimento das relações naturais da vida. É impossível
dizer exatamente o que é a morte em sua essência. A Bíblia a descreve como
“dormir” (Dt 31.16; Jo 11.11); deixar este tabernáculo (2ª Pe 1.14); descer ao
silêncio (Sl 115.17); expirar (At 5.10); tornar ao pó (Gn 3.19) e partir (Fp
1.23). Convém notar que a morte física, para o crente, deixa de ser uma pena ou
castigo, como acontece com o descrente. Para o incrédulo não só indica
separação entre o corpo e alma, entre o indivíduo e tudo quanto lhe é querido
na terra; mas, sobretudo, significa a separação eterna dele e Deus. Pois, sobrevindo-lhe
a morte física, esta sela o seu destino eterno. Do ponto de vista bíblico tanto
a morte física, como a morte eterna, é o resultado do pecado (Rm 5.12; 6.23).
Quando Deus disse: “certamente morrerás”
para a desobediência do homem, ele também incluiu o corpo. A morte física é a
separação entre a alma e o corpo. Devido ao pecado, veio a morte física. As
Sagradas Escrituras nos mostram a morte física como parte do castigo do pecado.
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Este é o ensino de Gn 3.19; Nm
16.29; 27.3. Este ensino é também encontrado no Novo Testamento (Rm 5.12-21;
6.9-10; 8.3, 10,11; 1ª Co 15.12-23).
Não somente o pecado entrou no mundo, mas
“pelo pecado a morte”. O pecado paga aos seus servos; “o salário é a morte”.
Também que “o aguilhão da morte é o pecado” (1ª Co 15.5-6), ou “é o pecado que
dá a morte o seu aguilhão”. O pecado em geral produz a morte (Tg 1.15; Rm 6.16;
Tg 5.10).
A palavra morte do grego é (thonotos)
que se refere à morte física (separação do corpo da alma; Hb 7.13), ou a morte
espiritual (separação do homem de Deus; Jo 5.24), ou as duas juntas (conforme
romanos 5.12).
Deus falou com Adão em Gn 2.17 “no dia em
que dela comeres, certamente morrerás” e em Gênesis 3.19 disse Deus: “No suor
do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado;
porque tu és pó e ao pó tornarás”.
A morte é o efeito ou consequência do
pecado: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram” (Rm 5.12).
“Pois todos pecaram e carecem
da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é
porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual
todos pecaram. Pela ofensa de Adão veio o julgamento para todos os homens.
Imediatamente depois da transgressão Deus
disse a Adão: “tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19). O primeiro casal perdeu o
privilégio da imunidade à morte física. Embora eles não morressem no momento em
que comeram o fruto proibido, seus corpos ficaram sujeitos a mortalidade (Gn
3.16-19).
Em Gênesis 3.22-24, diz que o casal foi
expulso do jardim para não comerem da árvore da vida, porque Deus não quis que
os corpos caídos e depravados tivessem imortalidade, que teriam sido uma
penalidade mais rubra e mais profunda. A morte física foi uma penalidade do
pecado.
“Se, pela ofensa de um e por meio de um
só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17).
Se pela desobediência de um homem veio a morte, mas pela a obediência de um só,
muitos se tornaram justo (gr. dikaiosune). Como resultado do ato
de desobediência de Adão, muitos se tornaram pecadores; da mesma forma como
resultado do ato de obediência de Cristo, muitos se tornarão justos.
Entretanto, para o cristão a morte física não é mais um castigo, pois, Cristo
sofreu a morte como castigo do pecado. Para o crente, ela se torna como um sono
para o corpo, e como um portal para a alma, através do qual ele entra em plena
comunhão com seu Senhor (2ª Co 5.8; Fp 1.21-23; 1ª Ts 4.13-14). Uma outra
tradução diz: “Pois assim, como por causa da sua relação com Adão todos os
homens morrem, assim também por causa da sua relação com Cristo eles serão
trazidos a vida novamente”. Falaremos da morte vicária de Cristo e da vida
eterna com Cristo mais tarde.
2.3. A morte eterna.
Quando a Bíblia diz: “A alma
que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20). A consequência do pecado leva a morte
física e espiritual. Neste caso a Bíblia refere-se a separação eterna de Deus,
ou seja, a condenação eterna pelos atos praticados contra Deus. “E irão estes
para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (25.46).
A palavra grega para “eterna”
é “aionios”
que quer dizer: sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será,
nunca termina, eterno. Por outro lado quando a Bíblia fala da vida como
recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os
pecadores existem no inferno.
“Vida” significa viver em
comunhão com Deus e no seu favor – comunhão que a morte não pode interromper ou
destruir (Jo 11.25-26). É uma vida que proporciona união consciente com Deus, a
fonte da vida.
“E a vida eterna é esta: que
te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”
(Jo 17.3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma
existência má, miserável e desgraçada.
A morte eterna é simplesmente o auge, o
cume e a consumação da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e
Deus, juntamente com o remorso, isto é, a inquietação da consciência por culpa
ou crime que se cometeu e castigo eterno (Mt 10.8; 25.1; 2ª Ts 1.9; Ap
14.10-11). O peso total da ira de Deus desce sobre os condenados, isto
significa morte no sentido mais terrível da palavra. O homem tem sempre diante
de si dois caminhos a escolher: o do bem e o do mal. Tem sempre duas vontades:
a própria e a de Deus. Adão escolheu a vontade própria, em vez de escolher a de
Deus. Ele fez uma escolha egoísta, em vez de uma escolha altruísta. Escolheu a
morte, em vez da vida. Tudo quanto aconteceu a ele próprio e à raça humana são
consequências justíssimas da decisão que Adão tomou no Éden. Nenhuma pessoa
pode escolher o caminho do egoísmo, e queixar-se depois com os resultados.
Ninguém pode escolher a morte e queixar-se quando ela chegar. Não pode escolher
o caminho da perdição eterna e queixar-se por não chegar ao céu (Dt 30.11-20;
Jr 21.8; Mt 7.13-29).
IV. O EFEITO DO PECADO EM RELAÇÃO A DEUS
Com a prática do pecado,
todas as faculdades humanas tornaram-se moralmente pervertidas, como explicou
Paulo em Romanos 1.29-32.
2. Juízo.
Com o advento do pecado,
produzido pela quebra das leis de Deus, a raça humana se tornou condenável
diante de Deus (Rm 3.19). O juízo de Deus veio imediatamente após o pecado.
3. Sofrimento sobre a mulher.
Além das consequências desastrosas sobre o casal em sentido geral, a
mulher sofreu uma tríplice maldição. A
concepção multiplicada, o aumento de dores durante a maternidade e sujeição ao
domínio do homem.
“E à mulher disse:
Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás
à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn
3.16).
4. Maldição sobre a serpente.
“Então, o SENHOR Deus disse à
serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos
e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e
comerás pó todos os dias da tua vida” (Gn 3.14).
A serpente recebeu a pior maldição que qualquer animal, pois foi
condenada a rastejar-se sobre o ventre e comer o pó da terra.
5.
A expulsão do Éden (Gn 3.23).
Na verdade foi por misericórdia que Deus expulsou Adão e Eva do Éden e
proibiu sua aproximação da árvore da vida, pois se tivessem comido dessa árvore
amargariam uma existência eterna no triste estado em que se encontravam.
Embora o ato
de expulsar o casal pecador do Jardim tenha significado um forte e doloroso
juízo divino sobre Adão e Eva, na verdade ele também ressalva um ato de
misericórdia e graça do Criador.
V.
A CULPA DE
ADÃO
A Bíblia nos ensina que Adão
introduziu no mundo o pecado e transmitiu a natureza pecaminosa ao gênero
humano, de sorte que todos que chagam a idade de fazer a sua escolha,
inevitavelmente escolhem o pecado que conduz à morte.
1.
Desfiguração
da imagem divina.
O Homem não perdeu
completamente a imagem divina, porque ainda em sua posição decaída é
considerado uma criatura a imagem de Deus, (Gn 9.6). Apesar de não estar
inteiramente perdido, a imagem divina no homem encontra-se muito desfigurada.
Jesus Cristo veio ao mundo tornar possível ao homem a recuperação completa da
semelhança divina por ser recriado a imagem de Deus (Gl 3.10).
2.
Pecado
Original.
O Efeito da queda arraigou-se
tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu aos
seus descendentes a tendência ou a inclinação para pecar (Sl 51.5).
Esse impedimento espiritual e
moral o qual os homens nascem é conhecido como pecado original.
Os atos pecaminosos que se
seguem durante a idade da plena responsabilidade do homem são conhecidos como
pecado atual. Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os
efeitos da queda (Rm 5.12-21).
Ainda que Adão tivesse se
reconciliado mais tarde com Deus, a morte física continuaria de acordo com o
decreto estabelecido pelo Criador.
“Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres,
certamente morrerás” (Gn 2.17).
“Porque Deus sabe que no dia
em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores
do bem e do mal” (Gn 3.5).
Somente um ato de redenção e
de recriação o homem teria outra vez o direito a árvore da vida que está no
meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada a alma, a
qual a ressurreição, é reunida a um corpo glorificado:
“Porque, assim como, em Adão,
todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1ª Co 15.22).
Este versículo diz noutras
palavras, o seguinte: “Assim como Adão trouxe a possibilidade de morte para
todos, assim Jesus trouxe também a possibilidade da vida para todos”. É
evidente que cada indivíduo tem que tomar a decisão de aceitar ou rejeitar a
Cristo e a vida eterna; e igualmente tem que tomar a decisão de seguir o pecado
e a consequência morte espiritual. Por isso Paulo escreve na epístola aos
romanos dizendo:
“Portanto, assim como por um
só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).
Assim, o pecador já estava
morto em ofensa e pecados e no momento da morte física ele entra no mundo
invisível na mesma condição. Então no grande julgamento o Juiz pronunciará a
sentença da segunda morte, que envolve “indignação e ira, tribulação e
angustia” (Rm 2.7-12).
3.
A culpa
Universal.
Salomão o homem mais sábio
que já existiu, observou que não havia homem algum que não necessitasse de
salvação: “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Ec
7.20). Paulo na carta aos romanos compartilha dizendo: “Como está escrito: Não
há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).
Muitos chamam a si mesmo
justos, simplesmente porque vivem uma vida melhor, mais aceitável do que
outros. Porém trata-se de uma comparação baseada no padrão humano de
julgamento. Devemos compreender que Deus não nos avalia comparando com o nosso
próximo, mas pelo seu padrão de justiça:
“Mas todos nós somos como o
imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam”
(Is 64.6).
“Pois todos pecaram e carecem
da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é
porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual
todos pecaram. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita
bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm 7.18).
“Eu nasci na iniquidade, e em
pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5).
Este texto porém, carece de uma boa interpretação para não criarmos uma
“heresia”. Uma ala cristã usa este texto para afirmar que as crianças já nascem
em pecados e precisam ser batizadas para purificação. Porém, não se pode criar
uma doutrina com base em apenas um texto isolado. Primeiro porque o livro dos
Salmos é um livro de cânticos e não de doutrinas. Devemos notar que o salmista
escreveu em uma linguagem poética. Segundo Davi, ele emprega a primeira pessoa
“eu nasci”, isto é a ele e não aos outros.
Se tomarmos este texto
literalmente, estaremos falando de bebês desencaminhados, pecaminosos, que não
sabem falar. Nenhum bebezinho fala ao nascer, pois são inocentes.
Davi está dizendo que depois
que nascem, as pessoas se inclinam para a direção errada. Nós sabemos que isto
é verdade. O homem nasce em um corpo sujeito ao pecado, e esta natureza
pecaminosa é uma herança que todo o homem recebe através de Adão. O pecado de
Adão introduziu a morte no mundo e implantou no homem uma natureza pecaminosa,
colocando assim toda a criação sob o julgamento de Deus.
Não nascemos
já pecaminosos, nem culpados. A existência de culpa implica em escolha moral. A
culpa significa que agimos erradamente com base em nosso direito de escolha,
com base em nossa responsabilidade. Uma criancinha não nasce em pecado, só
haverá na criança a qualidade moral, depois que ela aprender a distinguir entre
o certo e o errado. Lembramos que o texto de Dt 1.39 ensina que as criancinhas
não possuem conhecimento de bem e do mal. Como elas não sabem a diferença entre
um e outro não podem ser responsabilizadas.
Se uma
criancinha fosse um pecador e se o batismo purifica alguém, certamente Jesus
teria deixado esta doutrina. Portanto nos Seus ensinos Ele diz:
“Ouves o que
estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de
pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor” (Mt 21.16). “Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as
tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto,
indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis,
porque dos tais é o reino de Deus” (Mc
10.13-14).
Na Bíblia Deus tem revelado
seu padrão, na Lei, para vivermos uma vida justa; porém, homem algum foi capaz
de alcançá-lo perfeitamente. O padrão de vida, exposto por Deus, nunca foi
destinado a ser o caminho da salvação para ninguém; nem nos tempos do Antigo
Testamento, nem nos dias de hoje.
Teoricamente, uma pessoa
poderia obter salvação através da sua perfeita obediência à Lei durante a sua
vida, porém ninguém exceto Cristo foi capaz de guardar toda a lei. Podemos
compreender com mais clareza o propósito de Deus em dar a lei, se pensarmos
nela como se fosse um espelho. Um espelho pode refletir um rosto sujo, mas não
pode limpa-lo. Igualmente, a lei pode mostrar ao homem quão pecaminoso ele é,
mas não pode salva-lo do seu pecado:
“E é evidente que, pela lei,
ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.11).
A lei simplesmente mostra a incapacidade do homem salvar a si mesmo, uma vez
que ele é incapaz de guardá-la.