Umas das regras da hermenêutica para se fazer uma
interpretação bíblica correta é estudar o contexto histórico, o período, a
cultura e os costumes de quem escreveu, etc. Porém, quem não teve esse
privilegio não sabe definir como foi escrita, ou por que foi escrita, a quem
foi endereçada e comete o erro grosseiro de defender o uso do véu e o cabelo
comprido para as mulheres como doutrina bíblica.
Algumas igrejas estão mais para o Islamismo, cheia
de leis e morte, bem diferente da Igreja de Jesus Cristo, livre e operante. Por
isso vamos estudar este tema analisando o sentido do véu e o cabelo para mulheres.
Porque as mulheres
judaicas usavam o véu? E as Helênicas não usavam? E porque era proibido as
mulheres contemporâneas do Apóstolo Paulo de terem os cabelos rapados?
Transliteração.
PROS
KORINTHIOYS A PASA DE GYNE PROSEYCHOMENE HE PROPHETEYSA AKATAKALYPTO TE KEPHALE
KATAISCHYNEI TEN KEPHALEN AYTENS;
Tradução literal.
“Toda mulher
orando ou profetizando descoberta com a cabeça desonra a cabeça dela” (1ª Co1.5).
Neste trecho o vocábulo mais discutido é sobre a questão
do uso do véu; o que o apóstolo Paulo quis nos ensinar? Seria este um ensino de
valores eternos ou circunstanciais? E qual a utilização do uso do véu hoje?
Primeiro: À
luz do contexto. O escritor fala sobre uma hierarquia na criação (1ª Co 11.3), ordem na criação (1ª Co 11.7-9).
“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo
homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo” (1ª Co 11.3).
Paulo está se referindo à
“cabeça” no sentido natural. Para a mulher, cabeça descoberta significa: Estar
sem a cobertura da autoridade do homem ou de Cristo.
Para nós o ensino prático é que o texto fala de submissão da
esposa ao seu esposo e que isto sim é honroso diante de Deus. O texto em
questão, dirige-se as mulheres casadas e não a todas as mulheres da igreja, sim
pois, “o marido é a cabeça da esposa”, Paulo não está tratando aqui das
mulheres solteiras.
Segundo: Discorrendo
no contexto cultural, observamos que, a cidade de Corinto era estrategicamente
estabelecida; foi uma autêntica metrópole, abrigando judeus, gregos e romanos.
Portanto, havia uma miscigenação de raças e de culturas. A Carta do apóstolo
Paulo foi primeiramente endereçada aos irmãos da cidade de Corinto, na Grécia.
Corinto é até hoje uma cidade portuária muito importante, pois recebe
embarcações de todas as nações através do Mar Mediterrâneo. Corinto foi uma
autêntica metrópole, abrigando gente de todas as culturas antigas. A cidade
oferecia aos viajantes, mais divertimento e opções culturais que outros portos.
Lá ficava o único anfiteatro (uma construção romana) da Grécia com capacidade
para mais de 20.000 pessoas. Naqueles dias, havia um culto a uma deusa chamada Afrodite,
que era tida como a deusa da fertilidade. E nesses cultos havia a presença de
prostitutas culturais, que tinham relações sexuais durante a cerimônia. A
maioria delas tinha a cabeça raspada. O seu templo abrigava mais de 1000
prostitutas. A cidade tornou-se símbolo da promiscuidade e decadência moral.
Este culto passou ser uma tradição da cidade e infelizmente existe até hoje na
Grécia. A cultura judaica era diferente dos costumes de Coríntios. As mulheres
gregas vestiam-se de modo diferente das judias. Os judeus jamais comeriam uma
comida vendida em mercado, principalmente sacrificada a ídolos. Um judeu de
modo algum permitiria que as mulheres falassem nas sinagogas, mas na cultura
helênica, contanto que cobrisse a cabeça, as mulheres receberiam permissão para
orar, pregar (profetizar) e exercer alguns ministérios. A cultura hebraica se
chocava com a cultura de Coríntios.
Muitas judias que normalmente não cobrem a cabeça, o fazem
durante a oração. “O site judaísmo 101”, menciona que, nas culturas orientais,
cobrir a cabeça é um sinal de respeito e se isso for feitio durante a oração,
mostra-se respeito por Deus.
Na tradição judaica ao cobrir
o cabelo, a mulher casada faz uma declaração: “Não estou disponível, não estou
aberta ao público. Até o meu cabelo, a parte mais óbvia e visível de mim, não é
para os seus olhos.”
Por volta do ano 50 Paulo morou nesta cidade por um período
de 18 meses (At 18.11), onde ensinou o evangelho, e mesmo debaixo de
perseguição deixou ali uma igreja implantada. Depois que partiu, Paulo escreveu
uma carta, hoje perdida (1ª Co 5.9). Talvez em resposta a essa carta, os
crentes lhe redigiram algumas perguntas inquietantes. A contestação de Paulo
sobre os problemas de divisão (1.11), a imoralidade entre os irmãos (cap. 5;
6.9-20) e as perguntas concernentes a casamento, alimentos, adoração e
ressurreição, provocaram a composição de primeira Coríntios.
Terceiro: O uso do
véu. Para os judeus era um costume antigo, que representava a decência das
mulheres (cf Gn 24.36). Submissão
das mulheres.
Quarto: No
caso de Corinto, temos um costume das prostitutas (sacerdotisas do templo de
Afrodite) terem a cabeças rapada, e também as mulheres gregas que não se
prostituíam tinham o cabelo comprido, porém não usavam o véu. Então concluímos;
numa cultura a não utilização do véu poderia ser motivo para o divórcio, também
poderia ser uma forma de lamento, ter a cabeça rapada, ou indicar uma mulher
culpada de adultério, seria também norma rapar a cabeça.
As sacerdotisas do templo de Afrodite raspavam a cabeça e
conforme um costume local, elas teriam que se entregar a algum desconhecido
sexualmente, uma vez por ano (havia em Corinto mil prostitutas – sacerdotisas
de Afrodite).
Quinto:
Enfatizamos, que Paulo não ensinava nesta passagem bíblica, princípios morais eternos,
e assim circunstanciais, ou seja, cultural. O ensino era que, por uma questão
de coerência, aqueles que quisessem manter a tradição do uso do véu hebraico
deveriam também preservar o uso dos cabelos compridos presentes na cultura
helênica.
O véu não é símbolo
do cabelo, as mulheres judias tinham por costume usar véu sobre a cabeça, então
houve uma certa dúvida com as mulheres que se convertiam, se elas eram
obrigadas a usarem o véu, então Paulo escreveu que as igrejas de Cristo, não
tinham este costume, pois o cabelo foi dado em lugar de véu, como sinal de
honra sobre a própria cabeça.
Se analisarmos profundamente este capítulo, Paulo apenas
deseja manter o costume judaico da utilização do véu (v. 5) numa cultura que já
o substituíra pelo uso dos cabelos. Ele sugere que, por uma questão de
coerência, aqueles que quisessem manter a tradição do uso do véu hebraico
deveriam também preservar o uso do cabelo comprido presente na cultura helênica.
O véu era uma tradição judaica.
“De fato eu vos louvo porque em tudo lembrais de mim, e
retendes as tradições assim como vos entreguei” (1ª Co 11.2).
As mulheres da igreja de Coríntios viviam em meio a duas
tradições distintas: “...retendes as tradições assim como vos entreguei”. [Tradição
do original grego paradosis -
paradosis] que significa transmissão preceito, particularmente a lei
tradicional dos judeus – ordenança, tradição [dicionário Strong, P. 2339].
Paulo, por ser judeu, propunha a manutenção do costume
hebraico; logo, a questão do uso do véu ou cabelos compridos era apenas
penitente aquele contexto cultural. A mulher usava o véu por submissão e, da
mesma forma, ela deve usar o cabelo comprido por submissão. Mas, no Japão o
fato de uma mulher cortar ou não o cabelo não contém nenhum valor ético e
moral, mas andar à frente do esposo sim, pois sua cultura ensina assim.
Quinto:
Enfatizamos, que Paulo não ensinava nesta passagem bíblica, princípios morais eternos,
e assim circunstanciais, ou seja, cultural. O ensino era que, por uma questão
de coerência, aqueles que quisessem manter a tradição do uso do véu hebraico
deveriam também preservar o uso dos cabelos compridos presentes na cultura
helênica.
Segundo o escritor Ricardo Gondim “Isto porque, da
mesma forma que uma mulher sem o véu era considerada prostituta pelos judeus,
uma mulher com a cabeça rapada era tida como meretriz pelos gregos”.
A decência nesta questão não seria o comprimento do
cabelo, nem tão pouco o uso do véu. E sim a decência com que a mulher se
apresentava na igreja e na sociedade.
É possível, encontrar ainda hoje, em pleno século XXI,
seguimentos religiosos diversos que respaldando-se na sua cultura, cosmovisão
religiosa ou na interpretação de trechos bíblicos sem considerar o seu
contexto, criam normas, regulamentos para legitimar nos seus seguidores mecanismos
de controle. Doravante, é preciso pois, respeitar os costumes de cada
seguimento religioso, ou seja, aqueles que proíbem por exemplo: o corte de
cabelo para as mulheres, ou o uso de calças compridas, sem contudo condicionar
ou até mesmo atrelar a salvação de uma alma a observância irrestrita aos
mesmos. Pois, conforme o conceito paulino “não vem das obras para que ninguém
se glorie”.
Segundo a Hermenêutica Bíblica, devemos interpretar o
texto dentro dos contextos: Histórico, geográfico, sintático, gramatical, lexicológico,
teológico e doutrinal. Portanto, a lei geral diz: “Que um texto fora do seu
contexto, servi de pretexto”.
Não há qualquer restrição bíblica, hoje quanto ao corte
de cabelo ou a proibição do uso de calças compridas para mulheres. Deve-se
respeitar o contexto religioso e cultural que o seguidor(a) estão inseridos. Entretanto,
salientando sobretudo que, nenhuma tradição, norma cultural está acima das
Escrituras sagradas.
Naqueles dias os homens jamais cobriam a cabeça para orar a
Deus; somente as mulheres. Séculos depois, esse costume judaico mudou. Quando
um homem entrava na sinagoga recebia o talith, um xale de quatro pontas para
ser posto sobre sua cabeça. Os romanos, antes do aparecimento do talith
judaico, já costumavam entrar em seus templos com a cabeça coberta. Os gregos,
todavia, tradicionalmente oravam e adoravam com a cabeça descoberta. Traduzindo
essa argumentação grega, Paulo argumenta que o homem deve orar assim porque ele
é a imagem de Deus na terra e esta imagem não pode ser encapuzada.
“Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o
cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar
véu” (v. 6).
Neste versículo apóstolo Paulo propõe duas alternativas: ou “coberta”, ou “sem
cabelo” (rapada), mas não admite que esteja sem cabelo. Paulo faz uma analogia para mostrar que uma mulher sem o véu
simboliza, na cultura judaica, o mesmo que a mulher com a cabeça rapada
simboliza na sociedade grega. Prostituta ou infiel. O motivo maior que levou
Paulo a escrever este assunto para a igreja de Corinto, foi para proteger as
irmãs helenitas que tinham cabelos curtos de serem confundidas com as
prostitutas culturais. Isto porque, da mesma forma que uma mulher sem o cabelo
era considerada prostituta pelos judeus, uma mulher com a cabeça rapada era
tida como meretriz pelos gregos. Só não faziam uso do véu aquelas que se
encontrasse em período de luto ou as que fossem esposas infiéis. Desta última,
o véu lhes era tirado e o cabelo lhes era rapado, afim de que exibissem o seu
opróbrio (vergonha). É este o único motivo de Paulo pedir que as irmãs usassem
o véu. Pois não há motivo para o uso do véu se o próprio cabelo foi dado no
lugar do véu. Além disso, o apóstolo não menciona o uso do véu em nenhuma outra
igreja em que passou. Será que ele esqueceu desse mandamento? Não, pois era
somente em Corinto que havia necessidade do uso do véu para separar as irmãs
das mulheres prostitutas da cidade.
O uso do véu ou do cabelo em 1ª Coríntios não se refere à
doutrina da salvação, e sim objeto de uso e costume tradicionais na época dos
gregos e palestinos. Jesus Cristo não quer aparência e sim humildade, amor,
dedicação para com seu santo Evangelho. Cobrir a cabeça é uma prova de
humildade? Eu creio que não. Humildade é esvaziar-se si mesmo.
Seria um absurdo imensurável, líderes, exigirem que seus
membros adotem essa prática, já que as mulheres não estão inseridas na cultura
dos judeus, tampouco na da Grécia Antiga. É impossível tomar compatíveis, hoje,
os costumes da igreja do primeiro século. Jamais conseguíramos aproximar dos
usos e costumes daquela época. A tentativa é absurda, e as interpretações dadas
por aqueles que seguem à risca estes preceitos (tradições) são desonestos ou
baseados na falta de conhecimento próprio, além disso, serão reprovados por
Deus, aqueles que usam a tradição do véu e do cabelo como meio de salvação.
O que se entende por
cobertura? Tapar, esconder, ilizar, guardar etc. As igrejas que ensinam o
uso do véu para as mulheres não obedecem ao costume judaico num todo. As
mulheres judias cobriam toda a cabeça, e não só parte do cabelo. A cabeça é
formada por toda a parte superior do corpo, então o que deveria acontecer era o
mesmo que ocorre com as mulheres islâmicas, que realmente cobrem toda a cabeça.
Da forma feita em algumas igrejas, não conseguem seguir nem mesmo o que mais
defendem.
Em certas igrejas Cristãs as irmãs usam um véu de nylon que
é totalmente transparente, não tapa nada, nem mesmo o cabelo, quanto mais a
cabeça, tornando assim inútil e contrário ao próprio texto de 1ª Coríntios.
O apóstolo Paulo é bem objetivo: ele manda a mulher cobrir a
cabeça toda. Em nenhum lugar nas Escrituras Sagradas, encontramos mandamento
obrigando a mulher a cobrir a cabeça. Eles negam o texto Bíblico, impondo uma
“doutrina” totalmente errada a suas fiéis.
Para as mulheres judias cobrir a cabeça era um costume, uma
tradição e uma obrigação, como também o é entre árabes e por todos os países
controlados pelo islamismo nos dias de hoje. Lá as mulheres trazem a cabeça
coberta como ato de subordinação ao marido e aos pais. São proibidas de
mostrarem seus rostos a estranhos, podendo ficar sem a cobertura dentro de suas
casas, mas quando chegar alguém estranho são obrigadas a irem recebê-los com a
cabeça coberta, não podendo mostrar nem seus rostos. Elas realmente cobrem a
cabeça. A partir da adolescência elas já não podem falar mais com os homens,
exceto os parentes mais próximos. São impedidas de trabalhar e estudar, só saem
às ruas por motivo justificado, assim mesmo acompanhadas de um parente e
cobertas da cabeça aos pés.
Mas para que a igreja que tem o costume de usar o véu, as
mulheres não cobrem por completo, portanto, não obedecem (1 ª Co 11.5-6). E se
elas cobrissem a cabeça não seria um verdadeiro escândalo para nós que somos
latinos e não árabes?
A primeira igreja a usar o véu transparente foi à igreja
Católica no ano de 1854, pela ordem católica das irmãs de Maria, quando feito o
coronário de Maria como “mãe de Deus”. Esse véu foi criado para fazer distinção
entre as irmãs de Maria e as demais ordens da igreja Católica. Portanto é um
objeto idólatra, nada tendo a ver com a doutrina apostólica.
O véu, portanto, que algumas igrejas Cristãs herdaram não
tem absolutamente nenhuma ligação com as Sagradas Escrituras.
“E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o
cabelo lhe foi dado em lugar de véu” (1ª Co 11.15).
Para aquelas que tinham os cabelos crescidos, não havia
razão para pôr o véu sobre a cabeça. Aqui Paulo fez diferença entre a igreja de
Coríntios e as demais igrejas, mostrando perfeitamente que o uso do véu não era
doutrina e sim uso de costume, para as outras o cabelo foi dado em lugar do
véu. O tema principal deste bloco escriturário é exatamente a posição da mulher
em relação ao homem e, consequentemente, como ela deve apresentar-se diante de
Deus.
O véu era sinal de poderio do marido sobre a esposa: compare
1ª Co 11.10 com Gn 24.65. Era assim que acontecia entre os judeus no contexto
cultural do Velho Testamento. Quando Rebeca recebeu Isaque como esposo, ao
saber que era ele que se aproximava dela, cobriu-se com o véu. Sinal de que
aceitava o poderio do marido sobre ela (Gn 24.65). Dizemos nesta passagem que
esse “sinal de poderio” não significa uma posição inferior da mulher, pois
Paulo procura mostrar nos versos 11 e 12, que a mulher e o homem são
interdependentes, chegando a admitir que, assim como a ela provém do homem, ele
também provém da mulher (no sentido de nascer de uma mulher).
O símbolo do véu, na mulher e não no homem, era um costume
judaico e de alguns povos antigos. Paulo estava reforçando esse ensino para que
a mulher cristã não causasse escândalo aos pagãos. Nos dias de hoje, não temos
este costume entre nós. O problema é humano e não divino. Para trazer o costume
judaico para a mulher cristã de hoje, teremos que fazer a mesma coisa para os
homens. Antes de tudo, eles não poderiam usar calças, nem gravata, nem bigode,
porque são costumes modernos. Eles teriam que andar de vestidos grandes e
largos e, como era honroso diante de Deus, teriam que ter barbas longas (2º Sm
10.1-5; 1ª Cr 19.1-5; Sl 133).
Pelo que se nota, em nenhum lugar Paulo proíbe cortar um
pouco do cabelo ou tê-lo mais curto ou mais comprido. O que ele ensina é: ou
tem cabelo ou rapa a cabeça por completo. Mas, não fala de cortar um pouco do
cabelo. Afinal, a cobertura poderia ser mais curta ou mais comprida. Se não
fosse assim, seria difícil para as mulheres africanas serem puras, no uso do
cabelo como véu, cujo cabelo é geralmente, muito curto, e lá tanto as mulheres
como os homens têm o cabelo curto.
“Mas ter a mulher cabelo
crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu”
(v. 15).
A palavra “véu” no verso 6, quando trata da mulher em ato de
culto diante de Deus, não é a mesma aqui no verso 15, que algumas traduções
vertem por “mantilha”. Aqui, quando fala de cabelo comprido, não refere-se ao
véu para o ato de orar ou profetizar no culto. Portanto, trata-se apenas de uma
questão de “honra” ou “glória”, contrastando com a situação do homem, para quem
é desonroso ter cabelos compridos (v. 14). Paulo cita o cabelo como exemplo e
declara que o comprimento do cabelo do homem e da mulher deve ser tal, que haja
uma distinção entre eles. O cabelo da mulher deve ser, no entanto, mais longo e
o cabelo do homem curto. Nos tempos de Paulo, o cabelo longo masculino era
vergonhoso entre os homens e repudiados pelos judeus, bem como pelo povo de
Corinto no século I. Usar este contexto e obrigar as irmãs usar véu ou proibi-las
de cortar um pouco de seus cabelos para cultuar a Deus, é tornar-se um
legalista, fariseu e radical. É forçar a Bíblia dizer o que ela não diz.
Qual seria o tamanho de cabelo ideal para caracterizar a
submissão de uma mulher? Muitas têm os cabelos que se arrastam pelos pés, mas
não têm respeito e submissão pelo seu marido. E qual é o ensino de Paulo para
as mulheres: “As mulheres, sejam submissas ao seu próprio marido, como ao
Senhor” (Ef 5.22).
Os versículos escritos pelo apóstolo Paulo à igreja de
Corinto, tratando sobre os cabelos de homens e mulheres, são largamente
ensinadas por algumas igrejas para consubstanciar (concretizar) seus ensinos
que proíbe as mulheres de sequer aparar as pontas dos cabelos. A postura de
Paulo neste capítulo é tão enfática e clara, pois ele fala da natureza do homem
e da mulher. Portanto, quando ele fala de natureza em Romanos capítulo primeiro
verso 26, refere-se à mudança de sexo (homossexualismo e lesbianismo) e não a
cabelo. “Ou não ensina a própria natureza ser
desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, se tratando da mulher, é
para ela uma glória? Pois o cabelo foi dado em lugar do véu (ou como o de véu)”
(vvs. 14-15).
Se o cabelo foi dado em lugar do véu, porque então se usar o
véu? É porque havia na igreja de Corinto irmãs que não tinham o cabelo longo e
somente para estas havia a necessidade do uso do véu para não serem confundidas
com as prostitutas culturais.
A questão dos cabelos crescidos para as mulheres e curtos
para os homens é meramente cultural. Para que o homem e a mulher não viessem a
perverter a natureza do sexo. O princípio básico apresentado aqui é de que
homens e mulheres devem honrar a dignidade do seu próprio sexo e não tentar
adotar aparência ou papel do outro.
Finalmente, todo o
véu foi tirado do cristianismo. Quando Jesus morreu na cruz o véu que
separava o Santo dos Santos e impedia as pessoas de olharem para aquilo que
representava a presença de Deus, rasgou-se de alto a baixo, acabando com aquela
barreira. Agora a presença de Deus está aberta a todos, indistintamente. Por
outro lado, falando aos mesmos cristãos de Corinto, Paulo comenta que Moisés,
quando veio do monte Sinai, seu rosto brilhava e tiveram que cobri-lo com um
véu. Paulo fala da lei, mas quando se converte o véu é tirado.
“Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre
o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
tirado. Ora, o Senhor é Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor aí há
liberdade”. (2ª Co 3.15-18). “Mas, todos nós, com cara descoberta, refletindo
como espelho a glória do Senhor” (2ª Co 3.7-18).
Onde está o Espírito do Senhor, isto é, a Nova
Aliança, há liberdade: a liberdade oferecida pelo Senhor não é
legalista, oprimente, que sufoca, entristece e mata através de suas
“doutrinas”. Se ele fala: “Todos nós com cara descoberta”, fala da mulher
também.
Se o diabo não consegue fazer algumas igrejas a
usarem o véu, ele ensina que a salvação é pelo cabelo e as mulheres ficam
proibidas de sequer emparelhar seus cabelos.
Com base neste versículo, algumas igrejas que
ensinam que o texto “cara descoberta” refere-se à barba ou bigode, proibindo os
homens de usá-los. Entretanto, o contexto não fala de barba e nem de bigode,
mas refere-se ao véu.
“Nós com o rosto descoberto ou desvendado” (sem o
véu), refletimos a glória de Deus. Portanto, não há necessidade do uso do véu
para as mulheres. “Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe
é tirado”.
Também não se trata de barba e nem de bigode para
homens como algumas seitas interpretam.
Por causa de todo este radicalismo, há muitos descontentes
com as doutrinas humanas, com líderes, com os cultos e principalmente com a
visão de que são os únicos que serão salvos. Criou-se um fanatismo que leva o
medo e terror a todos os que se opõem aos dogmas impostos.
Todo o líder deve ser coerente e sabe que não devemos
acrescentar nada nas Escrituras Sagradas, pois ela é clara quando diz: “se
alguém fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos
neste livro. E se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta
profecia, Deus tirará a sua parte da arvore da vida, da cidade santa e das
coisas que se acham escritas neste livro” (Ap 22.19-20).
Os membros da igreja do véu têm medo de ir as outras
igrejas, são proibidos de participar ou mesmo assistir cultos em qualquer outra
igreja. E se infringir essa regra, são ameaçados de ir para o banco dos
pecadores, onde serão envergonhados e desprezados.
Hoje, a mulher deve portar-se decentemente, dentro dos
melhores padrões da nossa cultura. O sinal do poderio do homem sobre a mulher
não está nos cabelos, mas no coração e na sua vida de respeito. E não há mais
véu de separação entre nós e a presença de Deus. Portanto, temos que nos
aproximar de Deus com “rosto descoberto” (sem o véu), vida limpa e pura diante
de Deus, tanto homens como mulheres. Ensinar as mulheres de hoje a viver como
as do tempo de Paulo, ou de cinquenta anos atrás, é falta de cultura, e o mais
ridículo é ensinar que faz parte da salvação.
Infelizmente as irmãs indefesas são as que mais sofrem. Em
muitas igrejas elas andam como trogloditas, cabeludas e desajeitadas. Mas, para
os homens é diferente andam com seus bons ternos, cabelos pintados, perfumes
importados, etc. Para muitos as mulheres não têm valor, pois são mulheres e o
lugar delas é na cozinha e pronto. Mas muitos não sabem que no coração deles está
a cobiça, avareza, orgulho e o poder.
Precisamos defender a dignidade da mulher e ensinar que elas
têm muito valor para o Senhor e para Sua obra. O que seria da igreja se não
existisse as mulheres de oração?
Nas igrejas quem mais sofre são as mulheres, porque as
lideranças evangélicas são masculinas e a maiorias das proibições visa as
mulheres. Revoltadas, mas sem poder para contestar, elas sofrem humilhações
públicas. Nos púlpitos, os pregadores vociferam acusando-as de vaidosas e de
Jezabel. Em muitas ocasiões esses pastores, trajando um terno caríssimo e
ostentando uma bela gravata de seda importada (quase sempre presa por um grampo
de ouro), exigem simplicidade no trajar das mulheres. As pobres irmãs, enojadas
com tanta hipocrisia, anseiam por liberdade espiritual. Se Jesus entrasse hoje
em uma dessas igrejas, iria chamá-los de hipócritas, raça de víboras e
assassinos.
Tanto o homem como a mulher deve estar dentro da vontade de
Deus, vestindo descentemente, com modéstia, com aparência e devida conduta.
Vestir-se de modo correto e descente é um princípio bíblico de validez permanente.
O verso 13 também deve ser analisado: “Julgai entre vós
mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu”.
Quem era para julgar? Eram somente os irmãos de Coríntios,
pois a eles foi endereçada a carta, e nas outras não havia o problema que
existia em Corinto.
O véu que certas mulheres usam, ou a proibição de emparelhar
os cabelos por algumas igrejas, é meramente um fardo colocado pela liderança
destas igrejas e que não traz nenhum benefício ou edificação em Deus, senão
confusão e discórdia (1ª Tm 6.3-5). O ponto mais perigoso de tudo isso, são
certos “líderes espirituais” que estão colocando a salvação das mulheres pelo
véu ou pelos cabelos a ponto de proibirem as mulheres de sequer emparelhar,
pintar ou cuidar de seu cabelo e até mesmo proíbem as mulheres de fazerem
depilação dizendo que estão mudando a natureza que Deus deixou. Um ministro que
usa este tipo de ensino cai no mesmo erro dos judaizantes que defendiam a
circuncisão, mas deixavam de lado o mais importante: manifestar a glória de
Deus e testemunhar do amor de Deus (Jo 3.16).
O apóstolo Paulo nos escreve ainda que: “ainda que eu
distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me seria
aproveitará” (1ª Co 13.3). Só o amor é o
fundamental da perfeição. Infelizmente algumas igrejas se firmam em dogmas,
tradições ou formalismos, como doutrina. Podemos alcançar a salvação por meio
da nossa fé, pela graça de Jesus Cristo, servindo-o de todo o coração com sã
consciência. Devemos ser fiéis a Ele por convicção e amor, não servindo de
manequins, desfilando nas igrejas. Seria hipocrisia, não levando em conta o
mais importante que é a nossa fé que salva e nos dá vitória sobre todas as
coisas do mundo.
Será que Deus está contente com o jugo que colocam sobre as
mulheres de usar o véu ou sequer emparelhar o cabelo? Eu creio que não. O
verdadeiro ministro deve ensinar sua igreja dentro do bom senso sem comprometer
a salvação pela graça para não caírem no pecado dos fariseus (Mt 15.1-3).
“Contudo se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não
temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (v. 16).
O problema é que certos irmãos usam textos que se referem a
usos e costumes, que dominamos Didaquê,
e os aplicam como se fossem doutrinas importantes como a salvação, a
ressurreição, perdão etc, que a chamamos de Kerigmatica.
Aqueles que querem ser contenciosos, que gostam de criar
problemas usando regras e leis no tocante a usos e costumes, usando como
doutrina, Paulo é explícito: “não temos tal costume, nem as igrejas de Deus”.
Devemos tomar uma posição digna para defender o evangelho de
Cristo e dizer o que Paulo falou para Timóteo: “E repele as questões insensatas
e absurdas, pois sabes que só engendram confusão” (2ª Tm 2.23).
Será que eu preciso dizer mais alguma coisa? O uso do véu
era um problema localizado somente em Corinto. Nem Jesus
e nem um outro apóstolo abordou este assunto, por quê? Porque era uso e costume
e não havia este problema entre o povo judeu, senão apenas na igreja em
Corinto.
Quando Paulo emprega a expressão: “por causa dos anjos” em
1ª Co 11.10, ele está querendo dizer: se a mulher tem poderio do marido e não
demonstra pelo símbolo do véu ou do cabelo no culto, ela está mentindo diante
da congregação, e os anjos estão vendo isto e eles não gostam de mentira (Ec
5.6).
Ainda mais, certos ensinos de Paulo eram muito particulares
e não constituíam mandamento do Senhor. Em 1ª Co 7.6, ele ensina algo por
permissão e não por mandamento; em 7.12, ele declara: “Digo eu, não o Senhor”,
em 7.25, ele diz: não tenho mandamento do Senhor, ele dá o seu “parecer”, em 1ª
Tm 2.12, ele diz: “não permito, porém, que a mulher ensine...”. Eram
ensinamentos pessoais de Paulo, naturalmente baseados em situações meramente culturais,
e não constituíam ensinamentos permanentes para o povo de Deus. Usar o parecer
de Paulo como doutrina em nossa cultura atual estaríamos caindo da graça e
seremos taxados de radicais.
Mas, para alguns o cabelo comprido da mulher é sinal de
santidade. Fazem de um costume uma doutrina. Sim é claro que é doutrina, mas
doutrina de homens e não de Deus (Mt 15.8-9).
Certa vez uma mãe dirigiu-se ao gabinete pastoral da igreja
para confessar o pecado de prostituição que sua filha cometera e após relata o
assunto ao pastor ela disse: “Pastor, eu ainda fico feliz com minha filha pelo
menos ela não cortou o cabelo”. E o pobre “pastor” em vez de ensinar a verdade
para a irmãzinha fez o mesmo relato para igreja no culto.
Como se o pecado de prostituição não fosse tão grave como
emparelhar os cabelos. Isto é uma hipocrisia, uma falsa religiosidade, colocar
o cabelo acima da lei moral.
A prostituição é um ato imoral e reprovável por Deus, pois
ficarão de fora do reino de Deus (Gl 5.19-21). A Bíblia não diz que as irmãs
que cortam o cabelo ficarão fora do reino de Deus, mas diz que, aqueles que
acrescentam ou tiram algo das Escrituras, receberão sua recompensa (Ap
22.18-19).
A Bíblia é a Palavra de Deus, e não deve ser menosprezada,
retalhada ou profanada nas mãos dos homens. Deus está insatisfeito com este
tipo de líder que sobe no púlpito para pregar cabelo de mulher como meio de
salvação. Mas, onde está a falha deste tipo de líder? A falha está na falta de
preparação ministerial, esta, de forma substancial estendida a uma grande parte
de obreiros.
Deus não nos avalia pela roupa que usamos, mas pelos
atributos morais divinos. Se nossas vestes foram lavadas no precioso sangue de
Jesus e se nossas obras foram aprovadas por Ele, não precisamos de dogmas e
preceitos humanos para chegar até Ele.
Você acha que Deus está contente com estes santarrões
assassinos que levam centenas de almas para o mundo pensando que estão
agradando a Deus? De modo nenhum!
Gostaria de todo o meu coração que certos líderes acordassem
para a Verdade do Evangelho em sua totalidade e alcançassem o fundamento da
graça e da fé. É justo dizer que há entre eles muitos fiéis a Cristo,
precisamos de alimento na Palavra, e beber do Manancial de Águas Vivas.
Sempre que se faz uma abordagem radical da Bíblia gera-se
erro doutrinário. Uma falha desse tipo deve ser combatida porque é doutrina de
homens (Mt 15.1-3, 7-9).
É verdade que errar na compreensão dos textos bíblicos é uma
possibilidade a que todos estamos sujeitos; porém, quem tem compromisso com a
verdade não pode tolerar inexatidão.
Todo o cristão deve aceitar sua falibilidade, porquanto
ninguém é perfeito. Nossos processos de aprendizagem e compreensão da verdade
têm sido maculados pela queda original. Ninguém deve espantar-se porque há
diversas interpretações sobre os ensinos da Bíblia. Cada pessoa filtra o que lê
através de sua cultura, preconceitos e ensinos que lhe foram passados por
outras pessoas. Não sendo Deus autor de confusão (1ª Co 14.33), sabemos que a
falha por não compreender corretamente o texto, não é d’Ele ou da Bíblia, a
falha é nossa; simplesmente usamos nossas lentes da tradição e de nosso
preconceito. Usamos os usos e costumes como santidade. Lemos a Bíblia e
interpretamos como queremos, mas não como o autor sagrado, e o próprio Espírito
Santo gostaria que lêssemos.
Quem lê a Bíblia pode encontrar milhares de aplicações para
um determinado texto, mas deve achar apenas uma interpretação. Deus não concede
a ninguém o direito de torcer o significado da Escritura. Essa ciência de
compreensão e interpretação corretamente o texto chama-se hermenêutica. Quando
se violam as regras de hermenêutica, dependendo da gravidade da infração,
geram-se erros ou heresias. Pela falta de fidelidade à Hermenêutica, muitos
textos da Bíblia são lidos e comumente distorcidos para se moldarem à doutrina
de uma denominação. Às vezes violam-se regras básicas e, quando fica óbvio
demais a ponto de não ser possível o uso da Bíblia para autenticar doutrinas
humanas, advogam-se que esta advêm da tradição da igreja. E como é difícil
tirar uma tradição ou um ensino errado. Por quê? Porque falta humildade e
respeito com a Palavra de Deus. Porque aprendi assim e vou ficar assim. Porque
os pais da igreja (denominação) nos ensinaram assim. Porque a nossa igreja tem “doutrina”
- tradição e devemos obedecer ao líder. Esquecemos da era das trevas em que a
igreja intitulou os papas como representante de Deus.
Pr. Elias Ribas