TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 20 de março de 2025

A LEI DE MOISÉS E A LEI DE CRISTO

 

Lucas 10.27 “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”. 

Romanos 12.8-14 “Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. 1Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; 12 alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; 13 comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade; 14 abençoai aos que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis. 

INTRODUÇÃO. Nestes dois mandamentos resume toda a lei (Rm 13.9). Como era impossível o coração pecaminoso atingir o padrão, Cristo cumpriu-a por nós, a dupla lei do amor (1ª Jo 4.7-19). 

O cristão precisa entender a lição que trata a respeito do amor, pois o objetivo é que venhamos compreender a singularidade e a importância desse aspecto do fruto do Espírito. 

Podemos agrupar os nove aspectos do fruto do Espírito Santo da seguinte maneira: 

1. Os atributos que tratam do nosso relacionamento com Deus: amor, paz e alegria. 

2. Os que tratam do nosso relacionamento com o próximo: longanimidade, benignidade e bondade. 

3. Os que tratam do nosso relacionamento com nós mesmos: fidelidade, mansidão e domínio próprio. Porém, nesta lição, veremos o aspecto do amor. A maior marca de uma igreja não é sua teologia, seu templo, tradições, mas sim o seu amor para com o Senhor Jesus e para com o próximo. 

I. A FUNÇÃO DA LEI 

A lei era composta por 613 mandamentos divididos em: Sociais, religiosos e morais. 

O decálogo é o esboço e a linha mestra da lei de Moisés. 

1. A lei veio revelar o pecado. Rm 7.7 “Que diremos então? A lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: Não cobiçarás”. 

2. Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da lei.

Gl 3.10-12 “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição, (claro se eu sou gentio e há uma verdade para eu viver, há um evangelho, há uma revelação, e eu vivo debaixo das obras da lei, eu estou debaixo de maldição), porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las. Ora, a lei não é da fé, mas o homem que fazer estas coisas por ele viverá.” 

3. Escritura encerrou tudo sob o pecado. Gl 3.21-22 “É porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem.” 

4. A lei estava enferma. Rm 8.3 “Portanto o que fora impossível à lei, visto que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado.” 

5. A função da lei foi patológica (descobri a causa da doença): revelar o pecado do homem. Mas ela não pode curar. 

Gl 3.22-26 “Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. 23 Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. 24 De maneira que a lei nos serviu de tutor, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. 25 Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de tutor. 26 Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.” 

Gl 2.16 “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Cristo Jesus, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” 

Rm 3.19-20 “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. 20 Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” 

II. JESUS CUMPRIU A LEI 

1. O que significa cumprir a lei. Mt 5.17-18 “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim destruir, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.” 

Jesus disse que veio cumprir a lei e os profetas (Mt 5.17). O que significa isso? O verbo grego para “cumprir” é pleroo e significa “cumprir, completar, encher”. O Antigo Testamento contém instrução e doutrina sobre Deus, o mundo e a salvação, mas sua revelação é parcial. A manifestação do Filho de Deus tornou explícito o que antes estava implícito, e assim o Senhor completou a revelação (Hb 1.1,2). 

2. Cumprimento das profecias. Hb 1.1-2 “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho. 2 A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.” 

Jesus iniciou o seu ministério terreno dizendo: “o tempo está cumprido” (Mc 1.14,15). Diversas vezes encontramos no Novo Testamento, a declaração como: “Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura” (Jo 19.36), ou fraseologia similar, principalmente no Evangelho de Mateus (Mt 1.22; 2.17,19; 4.14) dentre outras citações. As profecias se cumpriram em Cristo. 

3. Preceitos cerimoniais. Lc 24.46-48 “E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos. 47 E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. 48 E destas coisas sois vós testemunhas.” 

O Senhor Jesus cumpriu o sistema cerimonial da lei na sua morte (Mt 27.50,51; Lc 24.46). As instituições de Israel com suas festas, os sábados, os holocaustos e os diversos tipos de sacrifícios da lei de Moisés eram tipos e figuras que se cumpriram em Cristo (Hb 5.4,5; 1ª Co 5.7). Assim, as cerimônias cessaram, mas o significado foi confirmado (Cl 2.17).

4. A lei era a sombras das coisas vindouras. Cl 2.16-17 “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. 17 Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” 

5. A lei durou até que viesse de Jesus Cristo. Gl 3.19-20 “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um. 

6. Cristo é mediador de um Novo Testamento. Hb 9.15-17 “E por isso é mediador de um Novo Testamento, para que, intervindo a morte para a remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro Testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento necessário é que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” 

Hb 10.1 “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” 

7. O fim da lei é Cristo. Rm 10.4 “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.” 

8. Embora a lei fosse boa, trouxe a morte. Rm 7.12-13 “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. 13 Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.” 

9. A lei não justificou ninguém. Gl 3.11-12 “E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora a lei não é fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá”. 

10. Os que voltam para lei estão desviados. 1ª Tm 1.6-7 “Desviando-se alguns, se entregam às vãs contendas. Querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.” 

11. Os que vivem na lei estão desligados de Cristo. Gl 5.4 “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.”

III. A LEI DE CRISTO 

1ª Co 9.20-21 “Procedi para os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei.” 

1. Quem ama a Deus ama o próximo e cumpre a lei.

1.1. Jesus resumiu toda a Lei em dois mandamentos. Mateus 22.37-40 Respondeu Jesus: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. 38- Este é o primeiro e maior mandamento. 39- E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu próximo como a si mesmo. 40- estes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” 

1.2. A de lei Cristo é o amor. Gl 5.14 “Toda a lei se resume num só mandamento: Ame o seu próximo como a si mesmo”.  

1.3. O amor é uma dívida impagável. Rm 13.8 “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei.” 

O que Paulo quer dizer em cada passagem é que tanto o amor quanto a lei estão relacionados com a justiça. Elas não estão em conflito a este respeito”. 

Jo 15.10 “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.” 

1ª Co 13.13 “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” 

Jo 13.35 “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” 

2ª Jo 1.6 “E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que andeis nesse amor.” 

1ª Jo 4.8-9 “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 9 Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.” 

Quem não ama, não conhece a Deus, ou seja, não tem um verdadeiro conhecimento de Deus; não tem apenas pontos de vista d’Ele, nem sentimentos certos em relação a Ele. A razão para isso está implícita no que é afirmado imediatamente, que “Deus é amor” e, é claro, se eles não têm amor reinando em seus corações, eles não podem fingir ser como ele. 

2. Os mandamentos de Deus não são pesados. 1ª Jo 5.2-3 “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.3 Porque este é o amor de Deus: Que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.” 

CONCLUSÃO:

A lei do Velho Testamento não revelou o amor de Deus para as nações.  A lei foi dada para os Hebreus e ela apenas apontava o pecado. Mas Ele enviou o Seu Filho cumprir a Lei e revelar o Seu amor para a humanidade. Pela Lei Ele se tornou maldito, para que nós nos tornasse bendito. 

Jo 3.16 “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 17- Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. 18- Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. 

Ef 3.17-19 “Para que Cristo habite em seus corações mediante a fé; e oro para que vocês, arraigados e alicerçados em amor, 18 possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade,19 e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus.” 

Não há amor maior que o amor de Deus por nós, Ele quer que conheçamos em essência todas as medidas desse amor: largura, comprimento, altura e profundidade. O apóstolo Paulo ainda diz que esse amor excede, isto é, ultrapassa nosso conhecimento. 

Pr. Elia Ribas

sábado, 15 de março de 2025

A IMPIEDADE DECORRENTE DOS FALSOS ENSINOS

 


2ª Pedro 2.9-19 “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos e reservar os injustos para o Dia de Juízo, para serem castigados, 10- mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam as dominações. Atrevidos, obstinados, não receiam blasfemar das autoridades; 11- enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor. 12- Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção,  13- recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites cotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco; 14- tendo os olhos cheios de adultério e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; 15- os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça. 16- Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. 17- Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva; 18- porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne e com dissoluções aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, 19- prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. 

INTRODUÇÃO

Após falar sobre os falsos mestres e sobre o juízo que viria sobre eles, Pedro prossegue descrevendo o perfil daqueles que estão destinados ao juízo divino. Embora o apóstolo ainda tenha em mente os impostores da fé, a sua denúncia descreve de maneira enérgica o retrato do homem ímpio e sua apostasia. Como veremos, a rejeição a Deus e aos princípios éticos contidos em sua Palavra conduz o homem para um estilo de vida degradante e altamente nocivo para ele e para toda a sociedade. 

I. OS ÍMPIOS E SUAS DEPRAVAÇÕES 

1. Andam em concupiscência. Primeiramente, o homem ímpio é dominado por seus desejos carnais. Ao dizer que eles andam em concupiscências de imundícia (ARC), ou segundo imundas paixões (ARA), Pedro deixa transparecer que não se trata de uma falha moral isolada, mas uma prática contínua e deliberada. Nesta condição, a pessoa se entrega a uma vida sexual desregrada, apresentando o seu corpo como instrumento de iniquidade (Rm 6.13). As duras palavras proferidas por Pedro e por Judas evidenciam que naquele contexto, os falsos mestres estavam incentivando a promiscuidade e as práticas sexuais pervertidas, dizendo se tratar de rituais sagrados. Ainda hoje esse tipo de comportamento é defendido por vários tipos de filosofias, porém, com roupagens modernas. A ideologia de gênero, por exemplo, tenta a todo custo desconstruir o padrão natural da sexualidade dada por Deus. Até mesmo em alguns círculos ditos cristãos surgem defensores de uma vida sexual que contraria o padrão da santidade sexual segundo as Escrituras, a ponto de reconhecerem a homossexualidade. Todavia o cristão defende que, à luz da Bíblia, o homossexualismo é algo imoral e pecaminoso (Rm 1.26-32), razão pela qual não podemos chamar o mal de bem (Is 5.20; 1ª Co 6.10,11). 

2. Menosprezam as autoridades. Enquanto os crentes são ensinados a serem obedientes e respeitosos com os ocupantes do poder governamental, familiar ou eclesiástico, os ímpios são insubordinados e rebeldes, agindo com desprezo às dominações. É possível que Pedro esteja se referindo, no verso 12, ao desprezo dos ímpios aos líderes da igreja ou até mesmo aos poderes angelicais do mundo espiritual. Em todo o caso, essa atitude expressa uma insubmissão típica de uma rebelião moral do homem em face das autoridades estabelecidas por Deus. 

3. São atrevidos e difamadores. O apóstolo prossegue dizendo que eles são atrevidos, obstinados e não receiam blasfemar das autoridades. O homem ímpio, dominado pelo pecado, é petulante, prepotente e orgulhoso. Acredita ser melhor que os outros, e quer em tudo levar vantagem, esse tipo de comportamento nada tem de cristão. Além disso, gosta de falar mal não somente das autoridades superiores, como diz o texto, mas de tudo e de todos. Aqueles que imaginam que a fofoca e os boatos são vícios morais de menor gravidade devem atentar para as várias recomendações bíblicas sobre a maledicência e o domínio da língua (2ª Tm 2.16,17; Cl 3.8). 

II. COMPORTAMENTOS DECORRENTES DOS FALSOS ENSINOS 

1. Irracionalidade animal. Pedro compara os ímpios a animais irracionais (v. 12). O homem não é obra do acaso, resultado da evolução das espécies. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 2.16). Todavia, aquele que se torna escravo de seus instintos naturais, em total desprezo à consciência moral e à voz do Espírito de Deus, assemelha-se a uma fera que vive pelos impulsos animalescos. Não é sem razão que o homem sem Deus aceita de bom grado e sem questionar a teoria evolucionista. Afinal, ela fornece uma justificativa para aqueles que querem viver sem nenhum tipo de julgamento moral. Se Deus não existe, tudo é moralmente permitido. Por causa disso, a destruição deles é inevitável, pois receberão o galardão da injustiça. 

2. Hedonismo. Tamanha era a devassidão que os homens se entregavam à luxúria carnal em pleno dia (v. 13 – ARA). Escravo do pecado, o homem busca prazer no sexo, nas bebidas, nas drogas e nas baladas. Pedro diz que eles têm “olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza”. Em resumo, o hedonista está sempre cobiçando, e o seu apetite pelo pecado nunca é satisfeito. Isso é típico do hedonismo, uma forma de vida que busca o prazer a todo custo. Para o hedonista, as coisas mais importantes na vida são a conquista do prazer e a fuga ao sofrimento. 

3. Apostasia e sincretismo religioso. Como exemplo do desvio do caminho da verdade, Pedro traz à memória o profeta Balaão, o controverso mensageiro do Antigo Testamento (Nm 22-26). Apesar de ter aparentemente resistido à proposta de Balaque, de amaldiçoar Israel, seu coração ambicionava a recompensa prometida pelo rei moabita. Atribui-se a ele o fato de os israelitas terem sido seduzidos a adorar Baal e levados a se prostituírem com as mulheres pagãs (Nm 25; Jd 11; Ap 2.14). Tornou-se, assim, um péssimo exemplo de apostasia e sincretismo religioso, que tenta misturar a fé cristã com outras religiões. A tentativa de conciliar diferentes dogmas religiosos é uma marca da presente era, sob o falso argumento de que as várias religiões do mundo são nada mais que aspectos diferentes de uma mesma divindade. Esse argumento tem tirado muitos cristãos do caminho da verdade. 

III. O PERIGO DA APOSTASIA 

1. A possibilidade da queda. Agora, o autor sagrado adverte sobre o perigo de se abandonar a verdade. A partir da leitura do verso 20 aprendemos que aquele que conheceu ao Senhor Jesus Cristo pode perder a salvação, caso seja vencido pela contaminação do mundo. A salvação somente é garantida àquele que se mantém fiel ao Senhor. Por isso, não há qualquer base bíblica para afirmação que diz “uma vez salvo, salvo para sempre”. O apóstolo ensina que o estado final daquele que conheceu a verdade e a abandonou será pior que antes. 

2. O perigo da apostasia. Ao dizer que “melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo- -o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado”, o apóstolo não está incentivando algum tipo de ignorância. A sua intenção é advertir para os perigos da apostasia. Este termo, proveniente do grego apostásis, significa o abandono consciente e premeditado da fé que nos foi revelada por intermédio de Nosso Senhor Jesus Cristo (1ª Tm 4.1). É preciso esclarecer que a apostasia da qual Pedro está a tratar não se confunde com o desvio da fé, passível de retorno aos braços do Pai por meio do genuíno arrependimento (2ª Co 12.21; Rm 11.21-23; Tg 5.19). Existem dois tipos de apostasia: a teológica e a moral. A primeira ocorre quando a pessoa nega e se afasta completamente da verdade de Deus. Na segunda, quando revela comportamentos contrários à santidade requerida em sua Palavra (Hb 6.4; 1ª Pe 1.15,16). Os falsos ensinamentos podem conduzir a esses dois tipos de apostasia, pois nega o Senhor e conduz a uma vida ímpia e imoral. Por outro lado, a graça e o ensino da Lei do Senhor nos ensina a renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas, vivendo neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2.11,12). 

SUBSÍDIO 1 

“A Apostasia Pessoal (Hb 3.12)

A apostasia (gr. apostasia) aparece duas vezes no NT como substantivo (At 21.21; 2ª Ts 2.3) e, aqui em Hb 3.12, como verbo (gr. aphistemi, traduzido por ‘apartar’). O termo grego é definido como ‘decair, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado’.

 

1. Significado de apostasia. Apostatar significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, ou apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé n’Ele. Sendo assim, a apostasia individual é possível somente para quem já experimentou a salvação, a regeneração e a renovação pelo Espírito Santo (Lc 8.13; Hb 6.4,5); não é simples negação das doutrinas do NT pelos inconversos dentro da igreja visível. A apostasia pode envolver dois aspectos distintos, embora relacionados entre si:

(a) a apostasia teológica, isto é, a rejeição de todos os ensinos originais de Cristo e dos apóstolos ou alguns deles (1ª Tm 4.1; 2ª Tm 4.3);

(b) a apostasia moral, ou seja, aquele que era crente deixa de permanecer em Cristo e volta a ser escravo do pecado e da imoralidade (Is 29.13; Mt 23.25-28; Rm 6.15-23; 8.6-13). 

2. Advertência bíblica. A Bíblia adverte fortemente quanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertar do perigo fatal de abandonar nossa união com Cristo, como para nos motivara perseverar na fé e na obediência” (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1903).

SUBSÍDIO 2 

“Pedro menciona aqueles que ‘depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: ‘O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de lama’ (2ª Pe 2.20-22). João diz que a vida eterna não é possessão do crente, independentemente de ele ter a Cristo (1ª Jo 5.11,12). O Pai ‘deu também ao Filho ter a vida eterna em si mesmo’ no mesmo sentido em que o Pai tem vida por seu próprio direito e natureza (Jo 5.26). A nós não foi concedido esse direito. A vida eterna é a vida de Cristo em nós, e nós a possuímos somente à medida em que estamos em ‘Cristo’. Os calvinistas, dizendo que essas advertências são essencialmente hipotéticas para os crentes verdadeiros, empregam várias ilustrações. Erickson refere-se a pais que temem que seus filhos saiam correndo para a rua e sejam atropelados por um automóvel. Eles têm duas opções: construir um muro alto que impossibilite a saída de dentro do quintal; ou podem advertir a criança contra o perigo de sair correndo para a rua” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996) .

CONCLUSÃO

O estudo da presente lição nos mostrou quão perigosos são os ensinos dos falsos mestres, pois conduzem a comportamentos que prejudicam o indivíduo e toda a sociedade, por meio de uma mentalidade ímpia e completamente contrária ao propósito de Deus para o ser humano. 

Comentarista: Valmir Nascimento.
A impiedade decorrente dos falsos ensinos Lições bíblicas CPAD. 3º Trimestre de 2019.

domingo, 2 de março de 2025

A HISTÓRIA DE AGAR

 


]Gn 16.11 “Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição.” 

INTRODUÇÃO:

Ismael foi o primeiro filho de Abraão, nascido de uma escrava egípcia chamada Hagar ou Agar. 

O nome Ismael - do hebraico Yishmaél, Ishmael, ligado a yishmá - significa “Deus ouve”. 

Ele era considerado o herdeiro principal de Abraão, mas perdeu essa posição quando Isaque nasceu. Ismael também foi o pai de 12 tribos. 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

1. A promessa a Abraão. Gn 12.1-3 “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2 E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. 3 E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” 

1. Ele exige duas coisas e Abraão.

1.1. Sai da tua terra.

1.2. Vai para terra que eu te mostrarei. 

2. Deus faz a Abraão sete promessas.

2.1. Farei de ti uma grande nação.

2.2 Abençoar ter-te-ei.

2.3. Engrandecerei o seu nome.

2.4. E tu serás uma bênção

2.5. Eu abençoarei os que te abençoarem.

2.6. Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem.

2.7. Em ti serão benditas todas as famílias da terra. 

Seus pais integravam um grupo que adorava a lua na cidade de Ur. 

Deus escolheu e chamou Abraão quando ele ainda vivia em Ur dos Caldeus. Abraão pertencia a uma família pagã. Porém, ele acreditou em Deus de todo o coração. Decidiu obedecê-lo, tornando-se o pai de uma importante nação, Israel. Por intermédio de Israel, todas as nações da terra seriam abençoadas e restauradas. Deus tinha um plano perfeito para a vida de Abraão e para a humanidade. 

Abraão saiu da sua terra e do meio da sua parentela para um lugar que ele não conhecia. É preciso fé para obedecer a Deus e cumprir toda sua vontade. 

3. O nome de Abrão. O nome Abrão surgiu a partir de Ibrim, que significa “hebreus”, que por sua vez originou o nome Abram, que quer dizer “pai elevado”, “pai ilustre”, “grande pai” ou “pai exaltado”. 

4. O desespero de Abraão. Gn 15.2 “Então disse Abrão: Senhor Deus, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer?” 

Então Abrão providenciou que seu servo, Eliezer de Damasco, se tornasse seu herdeiro. 

De acordo com os costumes da época, um casal rico e sem filhos poderia adotar um herdeiro para receber sua herança. 

Quase sempre um escravo, o herdeiro seria responsável pelo sepultamento e luto de seus pais adotivos. 

Se um filho nascesse após a adoção de um escravo-herdeiro, o filho natural poderia então tomar seu lugar. 

Aos 86 anos ele teve um filho com Agar, criada de Sarai. Essa criança, chamada Ismael, foi uma bênção, mas não era a que Deus prometera. 

II. ISMAEL: O FILHO DE ABRAÃO E AGAR 

Ismael é conhecido como o filho de Abraão e Agar, de acordo com as escrituras sagradas. Sua história é marcada por desafios e provações, mas também por promessas e bênçãos divinas. 

1. O plano de Sara. Gn 16.-2 “Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, tendo, porém, uma serva Egípcia por nome Agar. 2 Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz filhos, toma, pois, a minha serva e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai”. 

A história de Ismael começa quando Abraão e sua esposa, Sarai, não podiam ter filhos porque Sarai era estéril. Sarai, então, decide dar sua serva, Agar, a Abraão como esposa secundária, na esperança de que ela pudesse conceber um filho para o casal. 

2. Agar despreza Sara. Gn 16.4-5 “E ele possuiu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos. 5 Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti; minha serva pus eu em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos; o Senhor julgue entre mim e ti.” 

3. Agar foge para o deserto. Gn 15.6-14 “E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que bom é aos teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face. 7 E o anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur. 8 E disse: Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai minha senhora. 9 Então lhe disse o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos. 10 Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será. 11 Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição. 12 E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos. 13 E ela chamou o nome do Senhor, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também aqui para aquele que me vê? 14 Por isso se chama aquele poço de Beer-Laai-Rói; eis que está entre Cades e Berede.” 

E foi ali no deserto que o Anjo do Senhor apareceu a Agar, marcando sua história. Ao chamá-la pelo nome e lhe fazer perguntas diretas, como quem verdadeiramente a conhece, o Anjo ordena que ela honre sua senhora (e assim ao Senhor) e volte para casa. Que Ismael, seu filho, fizesse parte da descendência de Abraão não era o plano de Deus, mas tampouco frustrou Seus planos. Além da promessa que já havia sido feita a Sara e Abraão, o Senhor faz no deserto uma promessa à geração de Agar, transformando rejeição em esperança. 

4. O Deus que vê, também é o Deus que ouve. V. 7 “E o anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur.” 

4.1. O anjo no deserto. V. 8 “E Ele disse: Agar, serva de Sarai, donde vens? E para onde vais?” 

4.2. A resposta de Agar. Gn 16.8 “Fujo da presença de Sarai, minha senhora”. 

4.3. O anjo ordena que ela volte. V. 9 “Então lhe disse o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos.” 

4.4. O Senhor faz no deserto uma promessa à geração de Agar, transformando rejeição em esperança.

Vs. 10-12 “Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será. 11 Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição. 12 E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.” 

Ele não prometeu boas mudanças; Ele não disse que Sara mudaria sua atitude e seria mais misericordiosa e compassiva, ou que a vida de Agar se tornaria muito mais fácil agora. Ele não disse nada disso. Ele apenas disse: Volta para tua senhora e humilha-te sob suas mãos”. 

4.5. Agar dá um nome ao Senhor. V. 13 “E ela chamou o nome do Senhor, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também aqui para aquele que me vê?” 

No entanto, antes de Agar voltar, ela faz algo absolutamente único, algo que ninguém mais na Bíblia faz: ela dá um nome ao Senhor. Nós temos vários exemplos nas Escrituras onde um lugar foi designado de acordo com o que Deus fez lá. 

III. O NASCIMENTO DOS FILHOS DE ABRAÃO 

1. O nascimento de Ismael.
Gn 16.15 “E Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que Agar tivera, Ismael.” 

2. O Nascimento de Isaque, o filho da promessa. Gn 21.5-8 “E era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque seu filho. 6 E disse Sara: Deus me tem feito riso; todo aquele que o ouvir se rirá comigo. 7 Disse mais: Quem diria a Abraão que Sara daria de mamar a filhos? Pois lhe dei um filho na sua velhice. 8 E cresceu o menino, e foi desmamado; então Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado. 

3. Agar e Ismael são mandados embora. Gn 21.9-10 “E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava. 10 E disse a Abraão: Ponha fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho.”

Gn 16.14 “Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e tomou pão e um odre de água e os deu a Agar, pondo-os sobre o seu ombro; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu, andando errante no deserto de Berseba. 

Assim, mais uma vez, Agar é rejeitada e, sem escolhas, se vê obrigada a partir e sair errante pelo deserto. 

IV. AGAR NO DESERRTO 

1. Agar segue o caminho do deserto. Gn 21.15-16 “E consumida a água do odre, lançou o menino debaixo de uma das árvores. 16 E foi assentar-se em frente, afastando-se à distância de um tiro de arco; porque dizia: Que eu não veja morrer o menino. E assentou-se em frente, e levantou a sua voz, e chorou.” 

2. Deus cuida do menino. Gn 21.17 “E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de Deus a Agar desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.” 

Deus ouviu o choro de Ismael, de onde decorre o significado do seu nome: “Deus ouve”. 

3. Deus faz uma promessa a Ismael. Gn 21.18 “Ergue-te, levanta o menino e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação.” 

4. Agar não teve dúvida da promessa, abriu os olhos e viu um poço. Gn 21.19 “E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi encher o odre de água, e deu de beber ao menino. 20 E era Deus com o menino, que cresceu; e habitou no deserto, e foi flecheiro.” 

Deu de beber ao menino e seguiu o seu caminho. Ismael cresceu no deserto de Parã, tornou-se flecheiro e casou-se com uma mulher egípcia (Gn 21,19-21). 

CONCLUSÃO:

Agar serva Egípcia de Sara não apenas deu à luz o filho primogênito de Abraão, mas foi tão especial aos olhos do Senhor que ela se tornou a única mulher na Torá a quem Ele se dirigiu duas vezes. 

Agar foi rejeitada por Sara e por Abraão, mas foi celebrada pelos olhos de Deus e assistida por Ele. 

O Deus que a viu errante e sozinha, não permitiu que essa mãe fosse abandonada no deserto.

Ele vai até ela e a redireciona novamente para que sua vida e a de seu filho fosse por Ele transformada. 

Somente o Deus que nos ouve e vê pode nos tirar dessa situação de deserto que muitos de nós estamos vivendo. 

Levante-se, tome seus filhos pela mão e siga, o Senhor é contigo! 

Para garantir genealogias em torno do patriarca, Deus muda o rumo da história sem romper os laços de pertença. E o que é mais provocador, Deus ouve grito de uma mulher estrangeira e apoia a sua rebeldia. Deus não aceita a opressão e a violência! 

Pr. Elias Ribas Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau -SC

 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

A DOUTRINA DA TRINDADE


INTRODUÇÃO:

A doutrina da Trindade é um dos estudos mais importantes da fé cristã. Se para constatar a existência de Deus, é nos suficiente a fé e a razão; para compreender a Trindade, carecemos, conjuntamente, da revelação divina que só encontramos na Bíblia Sagrada. Não é algo que se aprende através da luz natural da razão; e, sim, da iluminação espiritual que nos proporciona o Espírito Santo na Palavra de Deus. 

Apesar de o termo não se encontrar nas Sagradas Escrituras, as evidências que atestam a doutrina são, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, incontestáveis. 

A doutrina da Trindade não divide Deus em três partes. A Bíblia é clara que todas as três Pessoas são cada uma cem por cento Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são plenamente Deus. 

I. O QUE É A SANTÍSSIMA TRINDADE 

A doutrina da trindade é um mistério que ultrapassa a nossa possibilidade de compreensão. Nossa mente jamais conseguirá explicar adequadamente, o que é a Santíssima Trindade. Aliás, foi o que certa vez confessou Agostinho, um dos maiores teólogos do Ocidente. Todavia, contamos nós com a assistência do Espírito Santo que, por intermédio das Sagradas Escrituras, revela-nos o necessário para aceitarmos a beleza dessa verdade. 

1. Definição. Doutrina segundo a qual a divindade, embora una em sua essência, subsiste eternamente nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Com trindade queremos dizer que Deus subsiste em três pessoas. Na natureza do único Deus, há três distinções e estas três são iguais. As três Pessoas são iguais na substância e nos atributos absolutos e morais. Há três distinções eternas na substância de Deus. No entanto, não há três deuses; as Escrituras Sagradas ensinam que Deus é um e que além Dele não existe outro Deus (Dt 6.4). Embora sejam obras das três pessoas conjuntamente, atribui-se a criação primariamente ao Pai, a redenção ao Filho e a santificação ao Espírito Santo. No entanto, em cada uma dessas operações divinas os três estão presentes cooperando juntamente. 

II. HÁ UM DEUS 

Is 45.5-6 “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; 6 Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.” 

Is 40.18 “A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?” 

Dt 4.35 “A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão ele.” 

A doutrina da Trindade significa que há um Deus que existe eternamente como três Pessoas distintas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Dito de outra forma, Deus é um em essência e três em pessoa. Essas definições expressam três verdades cruciais:

1. O Pai é Deus

2. O Filho é Deus

3. O Espírito Santo.

São Pessoas distintas, (2) cada Pessoa é plenamente Deus, (3) há apenas um Deus. 

1ª Co 8.6 “Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.” 

III. A SANTÍSSIMA TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO 

A doutrina da Santíssima Trindade não é exclusiva do Novo Testamento; é uma ampliação de uma verdade que se acha desde o Gênesis ao profeta Malaquias. Então, por que a rejeitam os judeus? Pelas mesmas razões que os levaram a repudiar a messianidade de Jesus de Nazaré: cegueira espiritual e dureza de coração (2ª Co 3.14-16). A Trindade é claramente apresentada tanto na criação do Universo, como na expectativa messiânica da alma hebreia e em cada episódio da História Sagrada. 

A Sagada Escritura menciona o uso da palavra Elohim no plural e que é usado propriamente com formas plurais da linguagem. Elohim (deuses) ocorre cerca de 2.500 vezes no VT, enquanto que a forma singular ocorre 250 vezes, e a mesma designa falsos deuses. 

1. A Trindade na criação do Universo. Gn 1.1 “No princípio criou Deus o céu e a terra.”

Se levarmos em conta que a palavra hebraica Elohim (Gn 1.1; Dt 6.4) no hebraico é: YAHWEH nosso Elohim (Deuses) é echad YAHWEH. A palavra echad permite uma unidade de mais de um (Gn 2.24; Êx 36.13 e 2º Sm 2.25) a palavra hebraica Elohim é um substantivo plural, concluiremos: a Santíssima Trindade encontrava-se ativa na criação do Universo. 

2. A Trindade na criação do homem. Em Gn 1.26 “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. 

A quem Deus se dirigiu quando disse: “façamos a nossa imagem?” O sujeito está subtendido, “nós” façamos. A expressão: “nossa imagem e semelhança” demonstram que havia uma pluralidade na divindade. Sem dúvida estava ali a presença do Pai do Filho, e do Espírito Santo (Jo 1.1-3). 

3. Três pessoas distintas no livro do profeta Isaías.  Is 6.8 “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”

O profeta Isaías revela a Trindade, quando afirma: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós? A expressão “Por nós”, os teólogos dos primeiros séculos, sempre entenderam o plural como se referindo mais uma vez, à divina Trindade. 

IV. A SANTÍSSIMA TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO 

1. No batismo de Jesus. Marcos 1.10-12 “E aconteceu naqueles dias que Jesus, tendo ido de Nazaré da Galileia, foi batizado por João, no Jordão. 10 E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele. 11 E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo. 12 E logo o Espírito o impeliu para o deserto.”

No batismo de Jesus, vemos o Pai falando do céu e o Espírito descendo do céu na forma de uma pomba quando Jesus sai da água. 

2. Jesus afirma a Trindade. Jesus fala de um nome que pertence ao Pai, ao Filho e ao nome do Espírito Santo dizendo:

Mt 28.19 “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. 

Crer que o Pai é o Filho e o Filho é o Espírito não tem sentido e contraria a Palavra de Deus. Não existe razão para não crermos na Trindade divina, pois devemos refutar qualquer conceito herético que o diabo traz através dos falsos pregadores. 

3. A Igreja e a trindade. Ef 4.4-6 “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5 Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.” 

4. Na vida da Igreja Primitiva. Nos Atos dos Apóstolos, a Santíssima Trindade aparece operando ativamente, desde os primeiros versículos:

At 1.1-2, “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera”. 

5. A Trindade na proclamação do Evangelho. At 5.31-32:O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro; 31 sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados. 32 E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”. 

6. A trindade nos dons espirituais. 1ª Co 12.4-5 “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5 E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.” 

7. A trindade na exposição de João. Jo 5.6-9 “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade. 7 Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. 8 E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num. 9 Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; porque o testemunho de Deus é este, que de seu Filho testificou.” 

Cada Pessoa é plenamente Deus. Uma vez que o Pai enviou o Filho ao mundo (Jo 3.16), Ele não pode ser a mesma pessoa que o Filho. Da mesma forma, depois que o Filho voltou ao Pai (Jo 16.10), o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo ao mundo (Jo 14.26; At 2.33). Portanto, o Espírito Santo deve ser distinto do Pai e do Filho. 

8. A trindade no ministério de Jesus. Lc 4.18-19 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, 19 e para proclamar o ano aceitável do Senhor”. 

No livro do profeta Isaías há uma passagem que é impossível não ver a manifestação da Santíssima Trindade. “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos” (Is 61.1). 

At 10.38 “Concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele”. 

9. Na morte de Estevão. At 7.55Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus.” 

10. Na chamada do apóstolo Paulo. At 9.17Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.” 

11. Na chama dos apóstolos. At 13.2-3 “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. 3 Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.” 

12. No Concílio de Jerusalém. At 15.8,10,11, 28 E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós; Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? 10 Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? 11 Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles também. 28 Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas necessárias. 

13. A trindade na benção apostólica. 2ª Co 13.14 “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém.” 

A benção apostólica aponta para a Trindade. A graça de Cristo nos revela o amor de Deus (cf.11) que, por sua vez, nos dá a filiação por meio do Espírito Santo que produz comunhão fraternal entre os filhos de Deus. 

14. Nos ministérios. Rm 15.16 “Que seja ministro de Jesus Cristo para os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo.” 

V. A BÍBLIA SAGRADA ATRIBUI A CADA PESSOA DA TRINDADE AS PERFEIÇÕES DIVINAS 

1. Eternidade. O Pai (Rm 16.26); o Filho (Ap 22.13); o Espírito Santo (Hb 9.14). 

2. Onipresença. O Pai (Jr 23.24); o Filho (Mt 28.20); o Espírito Santo (Sl 139.7-12).

3. Onisciência. O Pai (Mt 10.29-30); o Filho (10 2.24-25); o Espírito Santo (1ª Co 2.9-11). 

4. Onipotência. O Pai (Gn 17.1); o Filho (Ap 1.8); o Espírito Santo (Rm 15.19). 

5. Santidade. O Pai (Jo 17.11); o Filho (At 3.14); o Espírito Santo (At 5.3-4). 

6. Doador Da Vida Eterna. O Pai (Rm 6.23); o Filho (Jo 11.25); o Espírito Santo (Gl 6.8).

VI. O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO SÃO PESSOAS DISTINTAS 

1. A Bíblia fala do Pai como Deus. Fl 1.2 “Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo.” 

Jr 23.23 “Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe?” 

2. Jesus como Deus.

2.1. O Logos estava com Deus e era Deus. Jo 1.1-3 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” 

2.2. Jesus desceu dos céus. João 3.13Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu”. 

2.3. Jesus é reconhecido como Deus - Jo 20.28 “Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!” 

2.4. Esta a destra do Pai. Hebreus 1.1 Sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas”. 

2.5. Jesus o verdadeiro Deus. 1ª Jo 5.20: “Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”. 

2.6. Jesus é a imagem do Deus invisível - Colossenses 1.12-15 “Dando graças ao Pai que vos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz, 13 e que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado; 14 em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados; 15 o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. 

2.7. Jesus é Deus e Salvador. Tito 2.13 “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.” 

2.8. Abriu mãos de Seus direitos. Fl 2.5-11 “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus. 6 Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. 7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. 9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome. 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra. 11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” 

2.9. Nele foram criados os céus e a Terra. Cl 1.15-17 “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. 16 Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. 17 E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.” 

2.10. Jesus homem, mas plenamente Deus. Cl 2.9:Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.

Jo 1. 1-3 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” 

Jesus antes da sua encarnação sempre foi Deus co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai e com o Espírito Santo. Ele sempre foi revestido de glória e majestade (Jo 17.5). Ele é o criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis (Cl 1.16). Ele sempre foi adorado pelos anjos no céu. Cristo Jesus sempre foi (e continuará sempre sendo) Deus por natureza, a expressa imagem da Divindade. Ele sempre possuiu toda a glória e louvor no céu. Com o Pai e o Espírito Santo, ele sempre reinou sobre o universo. Mas abdicou de tudo isso por amor de nós. 

3. Jesus como Deus no Velho Testamento.

3.1. Jesus o Emanuel – Desus conosco. Is 7.14 “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.” 

3.2. Jesus o Deus forte. Is 9.6 “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” 

4. O Espírito Santo como Deus.

4.1. A Divindade do Espírito Santo. Atos 5.3-4 “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? 4 Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” 

Quando Pedro falou a Ananias, acusou-o de ter mentido ao “Espírito Santo”, (v. 3). No verso seguinte Pedro disse: “mentiste a Deus”. 

4.2 O Espírito Eterno. Hebreus 9.14 “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”

4.3. A onipotência (todo o poder) do Espírito. Lc 1.35 “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus. 

4.4 A Onipresença do Espírito Santo. Salmo 139.7-10 “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? 8 Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. 9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar. 10 Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.” 

Indica a onipresença (estar presente em toda à parte) do Espírito, ao exclamar Davi: “Para onde irei do Teu Espírito”? 

O espírito Santo veio para ficar conosco. Jo 14.16 “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.” 

4.5. A onisciência (todo conhecimento) do Espírito Santo. 1ª Co 2.10-11 “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. 11 Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” 

4.6. Jesus foi gerado pelo Espírito Santo. Mt 1.18-20 “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19 Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. 20 E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo”. 

4.7. A promessa do Espírito Santo. At 2.33 “De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. 

4.8. O Espírito Santo no dia do Pentecoste. At 1.1-4 “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar. 2 E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. 3 E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. 4 E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” 

4.9. O pentecoste em Samaria. At 8.15-17 “Os quais, tendo descido, oraram por eles para que rec9ebessem o Espírito Santo. 16 (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). 17 Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.” 

4.10. O Espírito Santo testifica de Jesus. Jo 15.26-27 “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. 27 E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.” 

4.11. O Espírito Santo fala. Hb 3.7 “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz.” 

4.12. O Espírito Santo deu o parecer na reunião apostólica. At 15.28 “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias.” 

4.13. O Espírito Santo revela. 1ª Co 2.10 “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” 

4.14. O Espírito Santo entristece. Ef 4.30 “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” 

4.15. A tríplice obra do Espírito Santo no pecador. Jo 16.8 “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.” 

A. Convencer do pecado. “Porque não creem em mim” (v. 8).

B. Convencer da justiça. “...porque vou para meu Pai” (Sua ascensão) (v. l0).

C. Convencer do juízo “...porque o príncipe deste mundo (Satanás) está julgado” (v. 11).

4.16. O Espírito Santo guia em toda verdade. Jo 16.13 “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” 

4.17. O Espírito Santo intercede e geme por nós. Rm 8.26 “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.  

4.18. O Espírito Santo examina nossos corações. Rm 8.27 “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.  

4.19. O Espírito Santo deseja. 1ª Co 12.11 “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” 

4.20. O Espírito Santo nos dons. 1ª Co 12.7-11 “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. 8 Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência. 9 E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar. 10 E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” 

4.21. O Espírito Santo habita em nós. Jo 14.17 “O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.” 

1ª Co 3.16 “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” 

1ª Co 6.19 “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”

4.22. O Espírito Santo ama. Rm 15.30 “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus.” 

4.23. O Espírito Santo ressuscitou Jesus. Rm 8.11 “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.” 

4.24. “Não se pode blasfemar contra o Espírito Santo. Mc 3.28-29 “Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem. 29 Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo.” 

4.25. Quem não tem o Espírito Santo não é de Deus. Rm 8.9 “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” 

VII. O PAI E O FILHO ENVIARAM O ESPÍRITO SANTO 

1. O Pai e o Filho. Jo 5.19-22 “Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. 20 Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. 21 Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. 22 E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo.” 

Jo 14.24 “Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.”

2. No monte da transfiguração. Jo 17.5 “E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o.” 

3. Na ressureição de Lázaro. Jo 11.41 “Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.” 

4. Jesus orando ao Pai antes de Sua crucificação. Jo 17.1-5 “Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti. 2 Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. 4 Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. 5 E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” 

5. O Pai enviou Seu Filho Jesus Cristo ao mundo. Jo 5.23-24 “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. 24 Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” 

Jo 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” 

6. Jesus voltou ao Pai. Jo 16.10 “... porque vou para meu Pai, e não me vereis mais.” 

7. O Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo ao mundo. Jo 16.7 “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. 8 E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.” 

8. O Pai enviou o consolador. Jo 16.26 “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” 

9. O pai e Jesus enviaram o Espírito Santo. At 2. 33 “De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” 

10. O Espírito Santo glorifica o Filho. Jo 16.13-15 “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. 14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. 15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. 

11. Jesus e o Pai são um. Jo 17.21 “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” 

Jo 10.30 “Eu e o Pai somos um.” 

Jesus e o Pai tem a mesma essência.

CONCLUSÃO: O fato de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Pessoas distintas significa, em outras palavras, que o Pai não é o Filho, o Filho não é o Espírito Santo e o Espírito Santo não é o Pai. Jesus é Deus, mas não é o Pai ou o Espírito Santo. O Espírito Santo é Deus, mas não é o Filho nem o Pai. São Pessoas diferentes, não três maneiras diferentes de olhar para Deus. 

Tendo visto que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Pessoas distintas, que cada um deles é plenamente Deus, e que, no entanto, há um só Deus, devemos concluir que todas as três Pessoas são o mesmo Deus. Em outras palavras, há um Deus que existe como três Pessoas distintas.

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC