TEOLOGIA EM FOCO: A IGREJA DE ESMIRNA

quinta-feira, 24 de abril de 2025

A IGREJA DE ESMIRNA


Ap 2.8-11 “E ao anjo da igreja em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu: 9 Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás. 10 Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. 11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.” 

INTRODUÇÃ:

A segunda carta de Apocalipse é destinada para a Igreja em Esmirna. É uma Igreja onde Jesus não identifica nenhum pecado para correção, semelhante à Igreja de Filadélfia (Ap. 3.7-13). Essas duas Igrejas estão em contraste com a Igreja de Laodiceia, que não recebeu elogio algum, apenas repreensão (Ap 3.14-22). Se Laodiceia é a cara do mundo, Esmirna é o rosto do Cristo humilhado e ferido de Deus. 

Entre as 7 Igrejas que estão no livro do Apocalipse (capítulos 2 e 3), a igreja em Esmirna é a que recebeu a menor carta; e a Igreja em Tiatira, é a que recebeu a maior carta (Ap. 2.18-29). 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

1. O significado do nome. Esmirna tem o significado de “mirra”, que por sua vez, significa “perfume” ou “cheiro suave”. A mirra teve um vasto uso em todo o passado distante, sendo considerada uma das mais finas especiarias. 

A palavra Esmirna vem de mirra, uma erva amarga. Portanto, o nome da cidade é um nome bem apropriado para uma Igreja que estava enfrentando perseguição. 

2. Sua localização. Esmirna era uma bela cidade grega da Ásia Menor localizada num braço do mar Egeu, onde atualmente fica a cidade de Izmir, na Turquia. A Igreja estava situada aproximadamente 65 km ao norte de Éfeso. 

A antiga cidade foi destruída pelos lídios em 600 a.C. e reconstruída pelos gregos no final do 4º século a.C. A cidade ganhou nova vida, e pode ser descrita como uma cidade que morreu e tornou a viver. 

A cidade de Esmirna era uma cidade importante e populosa no primeiro século, e era conhecida, principalmente, por sua beleza. 

Na época do Novo Testamento, Esmirna provavelmente tinha uma população de aproximadamente 100.000 habitantes. Por ser um porto excelente, facilitando o comércio entre a Ásia e a Europa, era uma cidade próspera. 

3. Sua fundação. Informa Lucas que, durante o período em que Paulo ficou em Éfeso, na sua terceira viagem evangelística, “todos os habitantes da Ásia” ouviram o evangelho de Jesus (At 19.10). 

4. Religião. Esmirna era uma cidade mais próspera da Ásia Menor, reconhecida por sua riqueza, cultura e por ter uma forte ligação com o Império Romano.

Durante o domínio romano, Esmirna se tornou um centro de idolatria oficial, conhecida como Guardião do Templo (grego, neokoros). Foi a primeira cidade da Ásia a construir um templo para a adoração da cidade (deusa) de Roma (195 a.C.).

A Diana dos romanos (Ártemis, dos gregos), era a deusa-virgem da lua, irmã gêmea de Apolo, poderosa caçadora e protetora das cidades, dos animais e das mulheres.

Em 26 d.C., foi escolhida como local do templo ao imperador Tibério. Foram descobertas imagens, na praça principal da cidade, de Posêidon (deus grego do mar) e de Deméter (deusa grega). 

II. ESMIRNA, UMA IGREJA MÁRTIR 

1. Aquele que morreu e ressuscitou sabe o que é ser mártir. Ap 2.8 “E ao anjo da igreja em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu.” 

Estas coisas diz o primeiro e o último (8): Jesus começa esta carta com as palavras de 1.17, frisando a Sua eternidade. 

2.  A Igreja em Esmirna. Esmirna representa a Igreja Perseguida: entre 100 a 312 d.C. Este tempo foi conhecido como a ‘Era dos Mártires’, em que muitos cristãos morreram por sua fé. 

2. Uma Igreja sofredora. A Igreja de Esmirna, é caracterizada pelo seu sofrimento, mas também pela sua riqueza espiritual. Jesus, na sua carta, reconhece a sua aflição e as difamações dos que se dizem judeus, mas também enfatiza a sua riqueza interior. A Igreja é chamada a permanecer fiel até a morte, recebendo como recompensa a vida eterna. 

2.1. Tribulação. A marca do sofrimento. A primeira marca de uma Igreja, ou de um cristão, que Deus aprecia é o amor (Éfeso), a segunda é o sofrimento (Esmirna). Uma é naturalmente consequência da outra.

A Igreja estava passando por um momento muito difícil, visto que a pressão era muito grande, estava forçando-a a abandonar a fé cristã.

Os cristãos estavam sendo perseguidos, pois eles estavam sendo obrigados a adorar o imperador como Deus. Muitos cristãos estavam sendo mortos por causa de sua fé em Cristo. 

2.2. Designados para a perseguição. 1ª Ts 3.3 “para que ninguém seja abalado por estas tribulações; porque vós mesmo sabeis que para isto fomos destinados.” 

Tribulação, perseguição e aflição são fatos que fazem parte da vida cristã. Deus não nos chamou para uma vida de mar de rosas, mas para sofrermos o restante das aflições de Cristo. 

At 5.40-42 “E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. 41 Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo seu nome. 42 E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.” 

2.3. A disposição de sofrer prova a autenticidade do amor. Quando lemos o texto bíblico referente a esta Igreja, logo percebemos que sim é possível ser fiel até a morte, mesmo passando por provações e perseguições. Aqui vemos uma Igreja sofredora, perseguida, caluniada, aprisionada, enfrentando a própria morte, mas uma Igreja fiel que só recebe elogios de Cristo. 

2.4. Estamos dispostos a sofrer apenas por aqueles que amamos. A prova de que os crentes de Esmirna não tinham perdido o primeiro amor, como haviam perdido os crentes de Éfeso, estava no fato de eles estarem preparados e dispostos a sofrerem pelo Senhor, seja em um contexto familiar, amoroso, de amizade ou de compromisso. 

2.5. Os bem-aventurados. Mateus 5.1-12 “Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, 2 e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:  3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. 4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. 5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. 8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. 12 Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.” 

No verso 10, Jesus promete o Reino dos céus àqueles que forem perseguidos por causa da justiça. Mt 6.33 “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” 

Nessa palavra está implícita a glória do cristão que é a sua coroa.

Tg 1.12 “Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.” 

Ap 2.10 “Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” 

Ap 3.11 “Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” 

2ª Tm 4.8 “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” 

2.5. O preço de uma vida piedosa. 2ª Tm 3.12 “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições.” 

Quanto mais o cristão procura santificar-se, pregar a Palavra, orar, jejuar, contribuir com a obra Senhor, parece que as lutas mais aumentam. Uma vida piedosa e consagrada a Deus tem como preço as perseguições, problemas e dissabores. 

2. Pobreza. A pobreza dos cristãos em Esmirna era por causa da tribulação que eles estavam passando, visto que muitos deles eram escravos, de classe baixa e os bens materiais foram tomados pelos perseguidores. 

3. Difamação. A igreja de Esmirna sofreu calúnias, difamações e acusações pelos judeus, que espalharam mentiras a respeito da Igreja e contaminando outras pessoas com acusações essas graves.

A Igreja Perseguida hoje: cerca de 20 cristãos são mortos por dia, num total de 7.300 mártires por ano.

O diabo estava influenciando os judeus a perseguir a Igreja e a ficar atacando, pois ele é o pai mentiroso e o acusador.

João 8.44 “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” 

CONCLUSÃO:

Ainda hoje existe a Igreja Perseguida. Cristãos são proibidos de pregar o evangelho em muitas nações. Mas até mesmo dentro das igrejas existe a perseguição. Jesus disse que seria para nós uma honra ser perseguidos como Ele foi (Mateus 5.11,12). 

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau -SC

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