TEOLOGIA EM FOCO: ESTEVÃO; PERSEGUIÇÃO COROA DE GLÓRIA DO CRISTÃO

segunda-feira, 21 de abril de 2025

ESTEVÃO; PERSEGUIÇÃO COROA DE GLÓRIA DO CRISTÃO

 


1ª Pedro 4.13 “Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.” 

Atos 6.8-15Ora, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9 Levantaram-se, porém, alguns que eram da sinagoga chamada dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão; 10 e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava. 11 Então subornaram uns homens para que dissessem: Temo-lo ouvido proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus. 12 Assim excitaram o povo, os anciãos, e os escribas; e investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao sinédrio; 13 e apresentaram falsas testemunhas que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras contra este santo lugar e contra a lei; 14 porque nós o temos ouvido dizer que esse Jesus, o nazareno, há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos transmitiu. 15 Então todos os que estavam assentados no sinédrio, fitando os olhos nele, viram o seu rosto como de um anjo.” 

INTRODUÇÃO:

Vamos estudar a vida de dois grandes homens da história da Igreja: Estêvão e Paulo. Abordaremos a vida de Estêvão, diácono, pregador e mártir do Cristianismo. Aprendemos inúmeras lições com o estudo da vida desse homem. 

O segredo do crescimento da igreja primitiva estava no vigor espiritual dos homens de Deus, mesmo nas dificulda­des. Houve intensa perseguição aos cristãos nos primeiros séculos, mas esse tratamento cruel teve um papel fundamen­tal na expansão do Cristianismo. Em toda sua história, a igreja sempre triunfou em meio às lutas e contratempos. O que se vê nas páginas da história da igreja é que, quanto maior a perseguição, maior o avanço. 

I. UM CRISTÃO PREPARADO 

Não fossem as condições espirituais de Estêvão, ele jamais suportaria as afrontas de seus algozes. Devemos dar graças a Deus porque Ele conhece a fragilidade humana, e, por isso, dá meios ao cristão para enfrentar as perseguições. Não pense você que ser crente consiste apenas em possuir uma carteira de membro de igreja. Ser cristão é estar preparado para os momentos mais difíceis desta vida. 

Sl 103.14 “Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.” 

Por que Estêvão venceu a perseguição? 

1. Era cheio Espírito Santo. V. 3. Sua boa reputação perante a comunidade era resultado das qualidades que possuía. O Espírito Santo capacitou e encorajou Estêvão para enfrentar até mesmo a morte. Veja o que Deus pode fazer em nossas vidas, tomando como exemplo o apóstolo Pedro. 

Compare o homem tímido que negou a Jesus: Mt 26.69-75 “Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu. 70 Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. 71 E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno. 72 E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem. 73 E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denúncia. 74 Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou. 75 E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.” 

Compare agora com o ousado e corajoso Pedro, cheio do Espírito, que enfrentou autoridades.

At 4.13 “Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que haviam estado com Jesus.” 

2. Era cheio de sabedoria. V. 3,10. Estêvão era um homem sábio na exposição da Palavra. Não se trata de uma sabedoria humana, mas da sabedoria que vem de Deus para ensinar as verdades do Evangelho. Deus concede sabe­doria, mas usa o conhecimento da Palavra que se adquire pelo estudo e pelo esforço pessoal. Na hora da pregação ou de precisar defender a fé, essa sabedoria é a arma de que o cristão dispõe. 

3. Era cheio de graça e poder. V. 8. Por ser um homem de fé, sinais e maravilhas aconteciam através de sua vida. Quando todos se levantaram contra ele com pedras e ameaças, manteve-se firme. Mas por quê? Porque a vitória que vence a perseguição é a fé. (1ª Jo 5.4 e Ap 2: 10). 

II. O CRISTÃO E SUA COROA 

1ª Pedro 4.13-16 “Mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis. 14 Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus. 15 Que nenhum de vós, entretanto, padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se entremete em negócios alheios; 16 mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus neste nome.” 

Afirmar que a perseguição e o sofrimento por causa do evangelho são motivo de alegria e de glória para o cristão, parece ser uma mensagem que não encoraja a ninguém. Mas é isso que vemos na vida de Estêvão e de todos os homens que entregaram suas vidas por amor a Jesus. Fizeram isso com alegria, apesar da dor. 

Há uma coroa de glória para aquele que perseverar até o fim, (Mt 24.13). Estêvão recebeu o seu prêmio. (At 7.56). 

1. Estêvão confessa a Jesus. At 7.54 “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós. 52 A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas, 53 vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. 54 Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra Estêvão.” 

Mesmo diante de uma atitude de revolta e agressão, Estêvão teve forças para dizer: V. 60 “E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte.” 

Estevão estava confessando Jesus diante dos homens. Mt 10.32-33 “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. 33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.” 

Mc 8.38 “Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.” 

2. Jesus recebe-o diante do Pai. At 7.56 “e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus.” 

Ao partir para a eternidade, Estêvão vê os céus abertos e Jesus dá as boas-vindas ao primeiro mártir da história do Cristianismo, que morria por amor a Ele. 

III. CHAMADO À PERSEGUIÇÃO 

Depois da morte de Estêvão, desencadeou-se uma grande perseguição contra a igreja. Quem seria o próximo a morrer por amor a Jesus? 

Naqueles dias, homens e mulheres eram presos e açoitados, e muitos foram mortos. 

At 8.2 “E uns homens piedosos sepultaram a Estêvão, e fizeram grande pranto sobre ele.” 

At 8.10-11 “O que, com efeito, fiz em Jerusalém. Pois havendo recebido autoridade dos principais dos sacerdotes, não somente encerrei muitos dos santos em prisões, como também dei o meu voto contra eles quando os matavam. 11 E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, obrigava-os a blasfemar; e enfurecido cada vez mais contra eles, perseguia-os até nas cidades estrangeiras.” 

Era o início de uma perseguição que atravessaria os séculos e chegaria até nossos dias. Deus usou a perseguição daqueles dias para dar impulso à obra missionária: 

At 8.4 “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão. 4 No entanto os que foram dispersos iam por toda parte, anunciando a palavra.” 

A igreja precisa conhecer, pelo menos, três grandes verdades a respeito da perseguição: 

1. Designados para a perseguição. 1ª Ts 3.3 “para que ninguém seja abalado por estas tribulações; porque vós mesmo sabeis que para isto fomos destinados.” 

Tribulação, perseguição e aflição são fatos que fazem parte da vida cristã. Deus não nos chamou para uma vida de mar de rosas, mas para sofrermos o restante das aflições de Cristo.

Cl 1.24 “Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja.” 

2. Os bem-aventurados. Mateus 5.1-12 “Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, 2 e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:  3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. 4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. 5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. 8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. 12 Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.” 

No verso 10, Jesus promete o Reino dos céus àqueles que forem perseguidos por causa da justiça. Mt 6.33 “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” 

Nessa palavra está implícita a glória do cristão que é a sua coroa.

Tg 1.12 “Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.” 

Ap 2.10 “Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” 

Ap 3.11 “Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” 

2ª Tm 4.8 “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” 

3. O preço de uma vida piedosa. 2ª Tm 3.12 “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições.” 

Quanto mais o cristão procura santificar-se, pregar a Palavra, orar, jejuar, contribuir com a obra Senhor, parece que as lutas mais aumentam. Uma vida piedosa e consagrada a Deus tem como preço as perseguições, problemas e dissabores. 

CONCLUSÃO:

Os apóstolos começaram a Igreja com grandes perseguições e todos foram levados ao martírio, exceto o apóstolo João. Porém, as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18). 

Em seu ministério, John Wesley enfrentou várias dificuldades, oposições, perseguições, e somente anos depois, ao retornar, é que podia então declarar que a vitória foi alcançada. Quando retornou à Irlanda, havia frutificação; o número de membros multiplicava, em muitos lugares eram construídas capelas espaçosas e cômodas em todos os sentidos, graças à liberalidade do povo cristão. 

Embora Wesley muito se regozijasse com esta prosperidade, compreendia que a existência desta prosperidade havia levado muitos a ficarem acomodados. Então ele declarou: “não há agora, nenhuma oposição da parte dos ricos nem dos pobres. Em consequência disso, não há muito zelo, pois o povo vive satisfeito com sua comodidade. Quando se levanta a perseguição, quantos buscam mais a Deus! Quando tudo está em paz, quantos se esfriam e perdem o primeiro amor! Alguns perecem na tempestade, porém, a maioria esfria na calmaria. Senhor, salva-nos, senão pereceremos!” 

Ainda hoje está comprovado que a Igreja, quando enfrenta intensas perseguições, cresce mais. Deus usa essas situações para burilar nossa vida cristã, e para em alguns momentos nos despertar mais a busca-lo. 

Pr. Elias Ribas

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