TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 30 de julho de 2020

EPÍSTOLA DE TIAGO




Tiago 1.1. “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde.” 

Considerações Preliminares: Tiago é classificada como “epístola universal” porque foi originalmente escrita para uma comunidade maior que uma igreja local. A saudação: “Às doze tribos que andam dispersas” (1.1), juntamente com outras referências (2.19,21), indicam que a epístola foi escrita inicialmente a cristãos judeus que viviam fora da Palestina. É possível que os destinatários fossem os primeiros convertidos em Jerusalém, que, após a morte de Estêvão, foram dispersos pela perseguição (At 8.1) até a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e além (At 11.19).

Palavra Chave
Fé: Confiança absoluta em alguém. A primeira das três virtudes teologais: fé, esperança e amor.

INTRODUÇÃO
A carta de Tiago é um dos livros mais atuais e necessários para a igreja contemporânea. Tiago é comparado ao Sermão do Monte. Ele tem princípios práticos. Ele tange os grandes temas da vida cristã de forma clara, direta e rica. Tiago está preocupado com a prática do Cristianismo.

Para ele não basta ter um credo, fazer uma profissão de fé ortodoxa; é preciso viver de forma digna de Deus.

O estudo deste livro desafiará você a fazer um balanço de sua vida, um diagnóstico de sua experiência cristã. É impossível colocar-se diante do espelho deste livro sem identificar a necessidade de sermos corrigidos por Deus.

O apóstolo Tiago dá início a sua carta com as mesmas considerações de Paulo. Eles se consideravam servo de Deus e do Senhor Jesus.

A apresentação de Tiago é sucinta, isto porque ele não enfrentava os mesmos problemas que o apóstolo Paulo, Paulo tinha o seu apostolado contestado por grupos judaizantes.

Os destinatários da carta são identificados como sendo as doze tribos da dispersão. O apóstolo Pedro também nomeia os destinatários de sua carta de forma semelhante.

Tal nomeação não se refere ao povo de Israel, antes aos cristãos, sejam eles judeus ou gentios que estavam ‘dispersos’ pelo mundo de então.

Quando Tiago identifica os destinatários como sendo os cristãos, isto nos dá um parâmetro quanto à interpretação: mesmo utilizando uma linguagem própria aos evangelistas, ele escreve a pessoas que já eram crentes e que conheciam o evangelho.

I. AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)

1. Autoria. Em primeiro lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo Testamento, a menção de quatro pessoas com o nome de Tiago:
1. Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes, (Lc 6.16);
2. Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2);
3. Tiago, filho de Alfeu, um dos doze discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13);
4. Tiago, o autor da epístola, que era filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20).

Após firmar os passos na fé e testemunhar a ressurreição do Filho de Deus, o irmão do Senhor liderou a Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado apóstolo (Gl 1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o autor não poderia ser outro Tiago, senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém.

2. Local e data. Embora a maioria dos biblistas veja a Palestina, e mais especificamente Jerusalém, como local mais indicado de produção da epístola, tal informação é desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período antigo da era cristã, sempre será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de Estudo Pentecostal data a produção da carta de Tiago entre os anos 45 a 49 d.C., aproximadamente.

3. Destinatário. “Às doze tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a estrutura política de Israel perdera a configuração de divisão em tribos. Assim, em o Novo Testamento, a expressão “doze tribos” é um recurso linguístico que faz alusão, de forma figurativa, à nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap 21.12). Todavia, ao usar a fórmula “doze tribos”, na verdade, Tiago refere-se aos cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo.

O autor da epístola é Tiago, o meio-irmão de Jesus. A carta foi escrita provavelmente em Jerusalém, entre os anos 45 e 49 d.C. e dirigida aos cristãos dispersos da Palestina bem como as igrejas de outras regiões.

II. O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO

1. Orientar. Em um tempo marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as orientações de Tiago são relevantes e pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o serviço a Deus como a prática concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do sistema mundano (engano, falsidade, egoísmo, etc.) e amar o próximo. Assim, através de orientações práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os cristãos, exortando-os acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com Deus a qual é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; b) não fazer acepção de pessoas e c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27).

2. Consolar. Numa cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como divindade, significava rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram impiedosamente perseguidos, humilhados e mortos. Entretanto, a despeito de perder emprego, pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se mantiveram fiéis ao Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para as igrejas e crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-11).

3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de Deus condenar com veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda é muito atual (Ml 3.5; Mc 10.19; 1ª Ts 4.6). A Epístola de Tiago não foge à tradição profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino contra os exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não desanimarem na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg 5.1-3).

III. ATUALIDADE DA EPÍSTOLA

1. Num tempo de superficialidade espiritual. Outro propósito da epístola é levar o leitor a um relacionamento mais íntimo com Deus e com o próximo. A carta traz diversas citações do Sermão do Monte como prova de que o autor está em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo. Tiago chama a atenção para a verdade de que se as orientações de Jesus não forem praticadas, o leitor estará fora da boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Portanto, a Igreja do Senhor não pode abandonar os conselhos divinos para desenvolver uma espiritualidade sadia e profunda.

2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. O leitor desavisado pode pensar que a Epístola de Tiago contradiz o apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Nos tempos apostólicos, falsos mestres torceram a doutrina da salvação pela graça proclamada pelo apóstolo dos gentios (2ª Pe 3.14-16 cf. Rm 5.20—6.4). Entretanto, a Epístola de Tiago evidencia que não se pode fazer separação entre a fé e as obras. Apesar de as obras não garantirem a salvação, a sua manifestação dá testemunho da experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24).

3. Uma fé posta em prática. Muitos dizem ser discípulos de Cristo, mas estão distantes das virtudes bíblicas. Estes não evidenciam sua fé por intermédio de suas atitudes. Os pseudodiscípulos visam os seus interesses particulares e não a glória de Deus. Precisamos urgentemente priorizar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). Tiago nos ensina, assim como João Batista (Lc 3.8-14), que precisamos produzir frutos dignos de arrependimento.

Num tempo de superficialidade espiritual e de confusão entre “salvação pela fé” e “salvação pelas obras”, a epístola de Tiago é uma mensagem atual sobre a fé posta em prática.

CONCLUSÃO
Ao ler a Epístola Universal de Tiago chegamos à conclusão de que o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras. Caro professor, de maneira profunda, estude esta epístola, pois, temos um grande desafio: convencer os nossos alunos de que vale a pena levar estes ensinamentos até as últimas consequências.

Pr. Elias Ribas
Igreja Ev. Assembleia de Deus
Blumenau SC

quarta-feira, 29 de julho de 2020

ZOROBABEL RECOMEÇA A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO



INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos um pouco do contexto histórico que envolveu a reconstrução do Templo; veremos quem foi Zorobabel e qual a sua importância para esta reconstrução; pontuaremos os aspectos das mensagens proféticas dos profetas Ageu e Zacarias em relação ao restabelecimento do Templo e o seu futuro; e por fim, mostraremos a importância do templo em nossos dias.

I. ENTENDENDO O CONTEXTO HISTÓRICO

1. O rei Ciro e o retorno dos ex-exilados. Em 538 a.C., Ciro rei da Pérsia, promulgara um decreto, permitindo aos judeus exilados voltarem à pátria para reconstruir Jerusalém e o Templo, cumprindo, assim, as profecias de Isaías e Jeremias (Is 45.1-3; Jr 25.11,12; 29.10-14), e a intercessão de Daniel (Dn 9). O primeiro grupo de judeus a voltar a Jerusalém, havia lançado os alicerces do novo Templo em 536 a.C., em meio a muita emoção e expectativa (Ed 3.8-10).

No entanto, os samaritanos e outros vizinhos opuseram-se fisicamente ao empreendimento, desanimando aos trabalhadores de tal maneira, que a obra acabou por ser interrompida em 534 a.C. A indiferença espiritual generalizou-se, induzindo o povo a voltar à reconstrução de suas próprias casas.

2. Os profetas Ageu e Zacarias e a mensagem divina. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico “nabbi” que significa “falar” ou “dizer”, e do termo grego “prophete”, que significa “falar de antemão”. Sua principal função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmitir os oráculos de Deus ao povo (Êx 7.1; Nm 12.6; 1º Sm 3.20; Hb 1.1,2). Ageu começou seu ministério da Palavra em 520 a.C. (Ag 1.1), e cinco de suas mensagens encontram-se registradas no livro com o seu nome. Um ou dois meses depois, juntou-se a ele um rapaz cujo nome era Zacarias, um sacerdote chamado por Deus para ser profeta (Zc 1.1). Esses dois homens transmitiram a Palavra de Deus aos líderes e ao remanescente que “iam edificando e prosperando em virtude do que profetizaram os profetas Ageu e Zacarias” (Ed 6.14) (WIERSBE, 2010, p. 596). Conheceremos agora dois deles que foram usados de forma tremenda para a restauração do templo.

II. ZOROBABEL E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. Zorobabel e sua genealogia. Zorobabel era descendente da casa de Davi, era filho de Selatiel, neto de Jeconias, da descendência de Davi por isto seu nome é citado na genealogia de Jesus Cristo (Mt 1.12,13; Lc 3.27). Porém, o texto hebraico do livro de Crônicas registra que ele era filho de Pedaías, irmão de Selatiel. Talvez isto tenha sido um erro de copista, ou mais provavelmente, que tenha havido um casamento levirato. Sua história é contada principalmente nos livros de Esdras e Neemias, que no Cânon Hebraico formam um único livro, e nos livros de Ageu e Zacarias. Ele ainda é mencionado na genealogia de Judá no livro de 1º Crônicas que cita os seguintes nomes como seus descendentes: Mesulão, Hananias, e Selomite, Hasubá, Oel, Berequias, Hasadias e Jusabe-Hesede (1Cr 3.19,20). O NT menciona Abiúde e Resá como seus filhos (Mt 1.13; Lc 3.27) (WIERSBE, 2010, p. 597).

2. Zorobabel e sua liderança. Zorobabel foi um líder israelita que liderou o retorno do primeiro grupo de judeus exilados que se encontravam no cativeiro babilônico, fato histórico ocorrido após 539 a.C., quando o rei Ciro da Pérsia havia ocupado a Babilônia. A origem de seu nome é incerta; talvez venha do acadiano, “zerubabili” que significa: “semente da Babilônia”. No livro de Ageu, Zororabel é chamado de “governador de Judá” (Ag 1.1; 2.2). Ao estabelecer-se na terra prometida, ele trabalhou pela reconstrução do Templo de Jerusalém, completando a obra com muita persistência, tendo enfrentado uma interrupção das atividades durante um período de dezesseis anos, aproximadamente de 536 a 520 a.C.

3. Zorobabel e a reconstrução do Templo. No ano 536 a.C. Ciro apodera-se da Babilônia e ordena o repatriamento dos judeus mantidos em cativeiro e a reconstrução do seu templo (Ed 1.1-4) que, segundo a descrição presente no livro de Esdras, terá tido lugar sob o sacerdote Josué, filho de Jazadaque e Zorobabel, filho de Sealtiel (Ed 3.8). A obra, porém, foi interrompida durante o reinado de Ciro, e só foi retomada no reinado de Dario (Ed 4.1-5). Em 520 a.C. o profeta Ageu acompanhado pelo profeta Zacarias, conclama Zorobabel e o povo a retornar à construção da casa de Deus. Quatro anos mais tarde, o Templo foi completado e dedicado ao Senhor (Ed 4.8-13). A Bíblia nos informa que Deus usou o rei Dario para confirmar a ordem de reconstrução do Templo (Ed 6.1-12). Os secretários do rei procuraram nos arquivos e encontraram o rolo no qual Ciro havia registrado o édito a volta do povo de Judá para sua terra (Ed 6.13-22).

III. O PROFETA AGEU E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. O profeta Ageu. Seu nome vem do hebraico “Haggai” significa “festividade” ou “festivo”. Provavelmente ele recebeu este nome porque o seu nascimento coincidiu com uma das festas judaicas. Seu nome está ligado ao maior objetivo de sua profecia, que era completar o Templo para reiniciar as festividades religiosas. A tradição judaica sustenta que ele nasceu na Babilônia e estudou sob a orientação do profeta Ezequiel. Evidentemente veio para Jerusalém após o retorno do primeiro grupo de exilados em 537 a.C., pois o seu nome não consta da lista dos que retornaram (Ed 2.2) (ELISSEN, 2004, p. 329).

2. A mensagem de repreensão Ageu (Ag 1.1-11). Por causa do descaso do povo judeu para com a reconstrução do Templo, Deus os castigou e lhes sobreveio colheitas escassas, secas e miséria (Ag 1.6). Eles trabalhavam intensamente, mas não sentiam real alegria e motivação (Ag 1.6, 9-11). Mais do que qualquer outra pessoa, Ageu foi o responsável por conseguir que a reconstrução recomeçasse e fosse concluída. Ele insistiu com os líderes e o povo para atender a essa prioridade, para que Deus pudesse derramar bênçãos sobre todos os empreendimentos do povo (Ag 1.9,10).

3. A mensagem de ânimo de Ageu (Ag 2.1-9). Enquanto o povo edificava, novo desânimo apoderou-se deles. Os mais velhos, lembrando-se do esplendor do Templo de Salomão, mostravam-se decepcionados com o novo Templo, pois era inferior no tamanho e na suntuosidade da alvenaria. Os próprios alicerces eram bem menores em extensão e os recursos eram muito limitados. Mas Ageu veio com uma palavra de ânimo, dizendo que Deus derramaria seus recursos naquele edifício e estaria no meio do novo Templo: “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.9).

4. A mensagem de esperança de Ageu (Ag 2.10-23). Esta mensagem de purificação e bênção foi proclamada três meses depois que a reconstrução do Templo foi iniciada. Ageu mostrou ao povo a sua impureza e pecaminosidade (Ag 2.11-14).

Mostrou-lhes que as suas orações não eram respondidas porque tinham protelado por tanto tempo o término do Templo. Por sua culpa haviam arruinado tudo quanto tinham feito (Ag 2.15-19). Mas, se renovassem o seu zelo, descobririam que Deus os abençoaria: “Há ainda semente no celeiro? Nem a videira, nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei” (Ag 2.19).

IV. O PROFETA ZACARIAS E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. O profeta Zacarias. O nome Zacarias, “Zekar-Yah”, no hebraico e: significa “O Senhor se lembrou”. Os nomes de seu pai e de seu avô têm significados interessantes (Zc 1.1). Seu pai por nome de Ido significa: “tempo designado”, e o seu avô por nome de Berequias que significa: “o Senhor abençoa”. Segundo Elissen (2012, p. 389) “até os nomes sugerem a mensagem do livro: O Senhor não esquecerá suas promessas da aliança para abençoar Israel no tempo designado”.

2. A mensagem de mudança de Zacarias. A sua atual condição apresentava um quadro triste, mas Zacarias transformou essa situação calamitosa em uma cena gloriosa, enquanto ele, por meio de uma série de visões e profecias, descreve uma Jerusalém restaurada, protegida e habitada pelo Messias (Zc 8.7,8; 12.10). Sendo ela a capital de uma nação elevada acima de todas as demais nações.

3. A mensagem de estímulo de Zacarias. Além da promessa de glória futura, o profeta Zacarias fez promessas de êxitos e empreendimento que culminou estimulando o povo, porque assegurava ao remanescente que o seu Templo seria reconstruído, apesar da oposição. O profeta Zacarias trouxe um estímulo à nação para servir fielmente ao seu Deus mesmo por meio da aflição atual, com a visão das glórias futuras do tempo do Messias; e as batalhas que antecederão este tempo (Zc 9.9,10; Ap 12.6; 13.5; 14.14).

4. A mensagem escatológica de Zacarias. Zacarias concluiu sua profecia com uma descrição da culminante batalha terrena, quando o próprio Senhor se envolverá na peleja. Esse “homem de guerra”, característica do Senhor, foi aludido em (Êx 15.3) e dramatizado em (Na 1.2, Hc 2.8-15 e Sf. 3.8). Quando o Senhor sair para a peleja, se confrontará com todas as nações reunidas contra Jerusalém (Zc 14.2; Ap 19.9). Suas armas não são reveladas, mas a batalha será ganha (Zc 14.12).

V. A IMPORTÂNCIA DO TEMPLO EM NOSSOS DIAS

Embora compreendamos que somos Templo de Deus (1ª Co 13.16), que também somos o sacrifício (Rm 12.1) e que Deus está à procura de adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.24), não resta dúvidas de que a figura do Templo tem uma grande importância nas Escrituras e consequentemente para os nossos dias. Notemos:
 O Templo é um lugar de comunhão (Sl 27.4; At 2.42);
 O Templo é um lugar de adoração (Sl 65.4; At 2.4);
 O Templo é um lugar de oração (2º Cr 7.15; At 4.31; At 12.5);
 O Templo é o lugar da manifestação da vontade de Deus (1º Sm 1.17; At 13.1-3);
 O Templo é o lugar para buscar refúgio (Sl 18.6; At 12.11-12);
 O Templo é o lugar de louvor (Sl 138.2; Ef 5.19,20).

CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que quando a obra sofre por empecilhos levantados pelo inimigo o povo pode esperar em Deus uma resposta, e se sua vida e compromisso forem restaurados haverá uma intervenção divina. Devemos crer que o nosso Deus continua à frente de sua obra, Ele usará homens e mulheres que se disponham a fazer a sua vontade e a obra seguirá avante. A Igreja do Senhor também tem essa promessa e como diz o hino: Ela segue caminhando.

FONTE DE PESQUISA
1. STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
2. ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. VIDA.
3. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
4. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. GEOGRAFICA.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

O PROPÓSITO DA TENTAÇÃO



TEXTO BÁSICO

Tiago 1.2-4,12-15 “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, 3 - sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. 4 - Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. 12 - Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. 13 - Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. 14 - Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. 15 - Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.”

INTRODUÇÃO A lição desta semana é um resgate do ensino bíblico quanto ao valor do sofrimento por Cristo e da sua importância para o nosso crescimento espiritual.

Aprenderemos acerca da tentação, do sofrimento e da provação, não como consequência de uma vida de pecado ou de falta de fé, mas como o caminho delineado por Deus para o nosso aperfeiçoamento. Ninguém melhor do que Jesus Cristo, com seu exemplo de vida, para nos ensinar tal lição (Hb 5.8). O convite do Mestre é um chamado ao sofrimento por amor do seu nome:

Jo 16.33 “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”

Existem jargões por exemplo: “Pare de sofrer”; “é tempo de vitória!”; é tempo de conquista; “você vai conquistar!”. Estas são frases de efeito bem conhecidas no meio evangélico. Nelas, está presente a ideia do não sofrimento.

A epístola de Tiago nos mostra que devemos nos alegrar na tentação, pois a partir desta reconhecemos a nossa inteira dependência de Deus. O sofrimento é uma realidade e não podemos fugir dele. Em Cristo, temos o privilégio de sofrermos para a honra do seu nome. A cruz de Cristo é a glória do Evangelho!

“Não nos deixes cair em tentação.” Foi a oração de JESUS ensinada aos discípulos. No tempo da provação, angústia, tristeza e sofrimento são realidades presentes na vida do discípulo de CRISTO. Infelizmente, e em nome de uma teologia, muitos desejam descartar da vida esta realidade humana e não dá ao seguidor do caminho o direito de sofrer. Não é isto que a Palavra de DEUS nos ensina! Pelo contrário, o sofrimento por CRISTO nos dá a oportunidade de mostrarmos a nossa fé e amor por Ele, como os mártires que não retrocederam na convicção do Evangelho.

Definitivamente, o homem moderno não está preparado para sofrer. Os membros de muitas igrejas evangélicas, através da Teologia da Prosperidade, têm se iludido com a filosofia enganosa do “não sofrimento”. O resultado é que quando o iludido sofre o infortúnio, perde a fé em “Deus”.
  
I. O FORTALECIMENTO PRODUZIDO PELAS TENTAÇÕES (Tg 1.2,12)

1. O que é tentação. O termo empregado na Bíblia tanto no hebraico, massah, quanto no grego, peirasmos, para tentação, significa “prova”, “provação” ou “teste”. A expressão pode estar relacionada também ao conflito moral, isto é, a uma incitação ao pecado.

1.1. Qual a diferença entre tentação e provação. Uma tentação é um convite para pecar, enquanto que uma provação é um teste à nossa fé. Deus permite provas e tentações, mas Ele nunca tenta ninguém para o pecado. Muitas vezes, a tentação faz parte da provação.

De fato, como mostram as Escrituras, a tentação é uma provação, uma espécie de teste. O pecado, por sua vez, já se trata de um ato imoral consumado. Por isso, a tentação não é, em si mesma, pecado, pois ninguém peca quando passa pelo processo “probatório”. A própria vida terrena do Senhor Jesus demonstra, com clareza, a distinção entre tentação e pecado.

Quando tentado, o crente é posto à prova para mostrar-se aprovado tal como Cristo, que foi conduzido ao deserto para ser tentado por Satanás e embora debilitado e provado espiritualmente, saiu do deserto vitorioso e fortalecido, tendo em seguida iniciado seu ministério terreno de pregação a respeito do Reino de Deus (Lc 4.1-13).

A Epístola aos Hebreus afirma que Jesus, o nosso Senhor, em tudo foi tentado. Ele foi provado e testado em todas as coisas. Todavia, o Mestre não pecou.

Hb 4.14-16 “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15 - Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16 - Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.”

Portanto, confiantes de que Jesus Cristo é o nosso Sumo Sacerdote perfeito, devemos nos aproximar, com fé, do trono da graça sabendo que Ele conhece as nossas tentações e pode nos dar a força necessária para resistirmos (1ª Co 10.13).

1.2. A Bíblia diz: “pôs Deus Abraão à prova” (Gn 22.1), o que pode dar a entender que Deus tivesse tentado a Abraão. Mas Jesus ensinou os Seus discípulos a orarem a Deus, dizendo: “não nos deixes cair em tentação” (Mt 6.13). Como então pode Tiago dizer, a respeito de Jesus: “Ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13)?

1.3. Deus não tentou Abraão (nem a ninguém) a pecar. Deus provou Abraão, para ver se este pecaria ou se permaneceria fiel a Ele. Deus permite que Satanás nos tente (cf. Mt 4.1-10; Tg 4.7; 1ª Pe 5.8-9), mas Tiago está certo ao dizer que o próprio Deus nunca “a ninguém tenta.”

2. Fortalecimento após a tentação (v. 2). “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações.”

Hebreus 12.6-8 “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. 7 - Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? 8 - Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.”

A palavra corrige no grego é paideia, treino educação para a vida; castigo. A correção do Pai Eterno traz maturidade para o crente em Jesus.

“...todos são feitos participantes...”. A filiação inclui provação (At 14.22). Mas que não é filho é bastardo e não recebe disciplina d’Ele.

3. Purificados. 1ª Pe 1.7 “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo”.
Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Do mesmo modo que o ouro precisa do fogo para ser refinado ou purificado, o cristão passa pelas tentações para se aperfeiçoar no Reino de Deus. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no dia em que Jesus Cristo for revelado.

4. Felicidade pela tentação (v. 12). - À luz do exemplo de Cristo, compreendemos bem o que Tiago quer dizer quando exortamos a termos “grande gozo quando [cairmos] em várias tentações”. Tal conselho aponta para a certeza de que ao passar pela tentação, além de paciente e maduro, o crente se sentirá ainda mais fortalecido pela graça de Deus.

Quando o cristão é submetido às tentações há uma tendência de ele entregar-se à tristeza e à angústia. Mas atentemos para esta expressão:

1ª Pe 4.12-13 “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.”

Mt 5.10-12 “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; 11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.

Em outras palavras, como é feliz, realizado ou atingiu a felicidade aquele crente que é provado, não em uma, mas em várias tentações (v. 2). Ser participantes dos sofrimentos de Cristo e ao mesmo tempo felizes parece paradoxal.

5. O prêmio eterno para quem sofre e vence as tentações. O prêmio eterno do cristão que sofre e vence as provações já está garantido:

Tiago 1.12 “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.”

Vivemos sob a esperança de receber diretamente de Jesus a coroa da vida. Uma recompensa preparada de antemão pelo nosso Senhor para os que o amam. Você ama ao Senhor? É discípulo d’Ele? Então, não tema passar pela tentação. Há uma promessa: Você “receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam”. Alegre-se e regozije-se em ser participante das aflições de Cristo, pois é justamente nessa condição de felicidade verdadeira, que Ele nos deixará por toda a eternidade quando da revelação da sua glória.

Está é a razão pela qual o cristão pode transformar suas provações em grandes alegrias: ele sabe que maior é o galardão daquele que, mesmo sendo muito provado, permanece firme em sua fé.

1ª Pe 2.20-21 “... se fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a DEUS. Porque para isto sois chamados, pois também CRISTO padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.”

II. A ORIGEM DAS TENTAÇÕES

1. Deus não tenta ninguém. Ninguém pode afirmar: Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta (v. 13).

A afirmação de que Deus não pode ser tentado pelo mal salienta o caráter bondoso de Deus. A natureza santa de Deus é solidificada no bem, e o mal é incapaz de seduzi-Lo. Habacuque 1.13 revela que a bondade de Deus é inabalável, a ponto de Ele sequer poder olhar o mal. Tiago afirma no versículo 13 que “Deus não pode ser tentado pelo mal”.

1.2. Ele declara que elas não provêm de Deus (v. 14). “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.”

O apóstolo assevera que a tentação tem a sua origem, na verdade, no próprio ser humano, em sua natureza pecaminosa, ou seja, o mundo e o Diabo são apenas agentes indutores externos da tentação.

É importante frisar ainda que ser tentado não é pecado; pecado é ceder à tentação.

2. Deus não pode ser tentado. Deus não pode ser tentado pelo pecado, uma vez que Ele é absoluto e imutavelmente perfeito e santo (Mt 5.48; Hb 6.18), nem pode ele tentar ninguém a pecar (Tg 1.13). Quando nós, seres humanos sujeitos ao pecado, somos tentados, é porque nos permitimos ser levados pelos desejos da nossa cobiça (Tg 1.14-15). A origem da tentação procede de dentro de nós, não de fora. Procede do homem caído, não de um Deus sem pecado.

3. A tentação é humana. V. 15 “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.”

Paulo vai dizer em 1ª Coríntios 10.13 “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.”

A tentação serve para por nossa fé e lealdade a prova. Porém, ela não vem acima de nossa estrutura humana e Deus é nosso protetor (1ª Co 1.9; 1ª Ts 5.24; Lm 3.23), para trazer o escape (Hb 4.16). Embora a tentação objetive provar o crente, as Escrituras afirmam que ela não vem da parte de Deus, mas da fragilidade humana (Tg 1.13).

Todavia, Deus não tenta ninguém ao pecado, Ele permite que sejamos tentados por Satanás e por nossas concupiscências. É claro, o seu propósito ao permitir (mas não ao produzir nem ao promover) o mal é fazer-nos mais perfeitos.

Deus permitiu que Satanás provasse a Jó, de forma que este pudesse dizer: Jó 23.10 “se ele me provasse, sairia eu como o ouro.”

Deus permitiu que o mal sobreviesse sobre José por meio das mãos de seus irmãos, mas no fim José pôde dizer a eles:  Gn 50.20 “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem.”

3.1. Atração vem pela própria concupiscência. O texto bíblico é claro ao dizer que “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (v.14). A tentação exterioriza o vício, os desejos, a malignidade da natureza humana, isto é, a concupiscência. Ser tentado é sentir-se aliciado pela própria malícia ou os sentimentos mais reclusos de nossa natureza má. Você tem ouvido o ressoar das suas malícias? Elas te atraem? Ouça a Epístola de Tiago! Não dê vazão às pulsões interiores, antes procure imitar Jesus afastando-se do pecado. Assim, não darás luz ao pecado e viverás.

III. A TENTAÇÃO TEM TRÊS ORIGENS OU FONTES

1. Da parte da carne.
1.1. Tentação humana. A Bíblia nos diz que “não veio sobre vós tentação, senão humana" (1ª Co 10.13). Neste texto, podemos entender que “tentação humana” quer dizer a que é própria da natureza carnal do homem (ver Rm 7.5-8; Gl 5.13,19). Ela tem seu aspecto mal, pernicioso, incitador ao pecado.

1.2. O significado da carne.
- A carne, é o “centro dos desejos pecaminosos” (Rm 13.14; Gl 5.16,24).
- Daí vem o pecado e suas paixões (Rm 7.5; Gl 5.17-21).
- Na carne não habita coisa boa (Rm 7.18).

2. Da parte do mundo. O mundo, como fonte de tentação, não é o mundo físico, criado por Deus. O Dicionário da Bíblia, de Davis, diz que “a palavra mundo emprega-se frequentemente para designar os seus habitantes” (Sl 9.8, Is 13.11 e Jo 3.16).

O Dicionário Teológico (CPAD), referindo-se ao mundo, diz que “No campo da teologia, porém, é o sistema que se opõe de forma persistente e sistemática ao Reino de Deus”.

João exorta a que não amemos “o mundo, nem o que no mundo há” (1ª Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.

3. Da parte do Diabo. É a fonte mais cruel da tentação. Seu caráter é sempre destrutivo.

3.1. Jesus foi tentado. É a fonte mais terrível e avassaladora da tentação. Dela, não escapou nem mes­mo nosso Senhor Jesus Cristo. Após o batismo em água, Ele foi conduzi­do “pelo Espírito para ser tentado pelo diabo” (Mt 4.1; Mc 1.13; Lc 4.2). Foi o único que não caiu em pecado (Hb 4.15).

3.2. Homens de Deus foram tentados. Homens de Deus, do porte de Abraão, Sansão, Davi, e tantos ou­tros, foram tentados pelo Adversá­rio (Satanás) a fazerem o que não era da vontade de Deus, com sérios pre­juízos para suas vidas.

3.3. Os homens comuns são tentados. Os homens são tentados a praticar toda espécie de males, crimes, violência, estupros, brigas, ciúmes, guer­ras, mentiras, calúnias, roubos, etc.

3.4. Os crentes são tentados. Até os crentes em Jesus são vítimas da ação do maligno, quando causam prejuízos à Igreja do Senhor, com escândalos, calúnias, invejas, divi­sões, rebeliões, busca pelo poder, politicagem religiosa, e tantas outras coisas ruins.

IV. OS ESTÁGIOS DA DO PECADO

Teologicamente o pecado pode atingir as três dimensões humanas: corpo, alma e o espírito.
O homem é formado de três partes distintas em um só (tricotomia). O pecado segundo a Bíblia é a transgressão da lei moral que fere por vez a santidade de Deus.

1ª João 2.16 “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede de Pai, mas procede do mundo”.
A. Nos apetites malignos da carne a concupiscência da carne.
B. No materialismo avarento e transitório a concupiscência dos olhos.
C. No orgulho da vida sem Deus a soberba da vida.

1. Concupiscência da carne. Qualquer pecado da carne; desejo da carne: paixões carnais, imoralidades, glutonaria, bebedice, materialismo manifesto pelos prazeres extravagantes, pelos sentimentos, pelo endeusamento das gratificações mundanas e perversas.

2. Concupiscência dos olhos. Cobiça, avidez, ambição desenfreada por riquezas, desejo incontido por aquilo que vê, convicto que ficará plenamente satisfeito quando tiver o objeto da sua avareza, sendo isso um engano.

3. Soberba da vida. Arrogância de viver, orgulho, jactância, insolência, presunção; o homem que pensa e fala muito de si mesmo e seus bens e benefícios, suas riquezas, seus feitos, sendo estes quase sempre falatórios e exageros seus; um petulante convencido e vaidoso.

No grego clássico pleonexia, significa “uma ganância arrogante”, e o espírito que procura tirar proveito do seu próximo. O verbo correspondente, pleonektein, significa “defraudar” ou “burlar”.

V. O PROCESSO DA TENTAÇÃO

Segundo o texto de Tiago 2.14,15, a tentação se constitui num processo, que tem os seguintes passos:

1. Atração do desejo (v. 14a). “Mas cada um é tentado, quando atraído...” Primeiro, vem a atração pelos sentidos: visão (1ª Jo 2.16); audição (1ª Co 15.33); olfato; gosto, e tato (Pv 6.17).

2. Engodo (isca). A pessoa é atraída, seduza e “engodada pela própria concupiscência” (v.14b).

3. Concepção do desejo (da concupiscência). Na mente, nos pensamentos (cf. Mc 7.21-23), o desejo é concebido. Só se fez o que se pensa (v.15a). Nesse ponto, ainda se pode evitar o pecado.

4. O pecado é gerado. “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado” (v.15). Ainda na mente, já nasce o pecado. Alguém pode adulterar só na mente (Mt 5.27,28).

5. A consumação do pecado (v. 15b). “...e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” A morte, aqui, é espiritual. Nesse ponto, só há solução se houver arrependimento, ainda, em vida. É importante entendermos esse terrível processo, a fim de que nos resguardemos dele. Alguém já disse que ninguém pode impedir que um pássaro voe sobre sua cabeça, mas pode impedi-lo de fazer um ninho nela. Isso ilustra o processo da tentação. Esta, em si, não é pecado. Pecado é praticar o que a tentação sugere.

VI. QUEM SEDUZ O HOMEM A PECAR

1. O diabo é quem seduz ao pecado. É o agente da tentação. Gn 3.1-6 - “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 2 - Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, 3 - mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. 4 - Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. 5 - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. 6 -Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu”.

2. O ser humano é atraído por aquilo que deseja. A história de Adão e Eva nos mostra o primeiro casal sendo tentado por aquilo que lhe atraía (Gn 3.2-6). Mesmo sabendo que não poderiam tocar na árvore no centro do Jardim do Éden, depois de atraídos pelo desejo, Adão e Eva entregaram-se ao pecado (Gn 3.6-9). A Epístola de Tiago aplica o termo “gerar”, utilizado no versículo 15, à ideia de que ninguém peca sem desejar o pecado. Assim, antes de ser efetivamente consumada, a transgressão passa por um processo de gestação interior no ser humano. Portanto, a origem da tentação está nos desejos humanos e jamais no Altíssimo, “porque Deus [...] a ninguém tenta”.

3. O diabo é astuto. Além da fragilidade humana, o crente precisa perseverar porque o tentador procura nos derrubar.

A Bíblia nos alerta: 1ª Pe 5.8 “Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.”

Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1ª Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7).

Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18).
  
VII. O PECADO ATINGIU AS TRÊS PARTES DO SER HUMANO.

1. Corpo, alma e espírito.
* No Corpo: “... a concupiscência da carne...”. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer...”.
* Na alma: “... a concupiscência dos olhos...”. “... agradável aos olhos...”.
* No espírito: “... e a soberba da vida...”. “... e árvore desejável para dar entendimento...”.

2. Jesus também foi tentado. Jesus sendo Deus também foi tentado NO ESPÍRITO, ALMA, E CORPO, mas venceu o pecado e o tentador. Compare a tentação de Jesus:
Lc 4.1-12: “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, 2 durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome. 3 Disse-lhe, então, o diabo: Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão. 4 Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem. 5 E, elevando-o, mostrou-lhe, num momento, todos os reinos do mundo. 6 Disse-lhe o diabo: Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser. 7 Portanto, se prostrado me adorares, toda será tua. 8 Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto. 9 Então, o levou a Jerusalém, e o colocou sobre o pináculo do templo, e disse: Se és o Filho de Deus, atira-te daqui abaixo; 10 porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; 11 e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. 12 Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor, teu Deus.

2.1. Jesus foi tentado nas 3 áreas humana.
“Cobiça da carne” - Pedras em pães
“Concupiscência dos olhos” - Reinos da terra.
“Orgulho da vida” - Pináculo do templo.

3. O homem é tentado pela cobiça. Tiago 1.13-15; “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz ao pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”.

3.1. A concupiscência é a mãe do pecado. “A concupiscência havendo concebido, dá à luz o pecado”. Tiago está seguindo a mesma linha de raciocínio de Jesus. O mal procede do interior do homem. São os maus desejos do seu interior que o levam ao pecado. A força determinante não é nada mais que interior.

3.2. A concupiscência (cobiça). É o desejo da carne.

O pecado. “Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz ao pecado” (V. 15).
A morte. “... e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (V. 15).
Romanos 6.23 “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.”

4. O pecado separa o homem de Deus.
Isaías 59:1-2 “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. 2 - Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.”

5. O pecado está ao nosso redor. Hb 12.1 “o pecado que tão de perto nos rodeia.”
- O pecado tira o homem do meio em que deve viver.
O pecado converte luz em trevas, a alegria em tristeza, a vida em morte.
O pecado é o maior e mais terrível inimigo do homem. Ele destrói as promessas, mata as esperanças, dá serpentes ao invés de peixes, pedra em lugar de pão, tormento em lugar de prazer.
O pecado sempre destrói e nunca edifica; promete e jamais cumpre a promessa. Como dizem as Escrituras:
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

VIII. O PECADO TEOLOGICAMENTE

1. Concupiscência da carne - Gl 5.19-21: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.

2. Concupiscência dos olhos. Mt 5.27-28: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”.

O que levou o rei Davi pecar no seu palácio? No livro de 2º Samuel a Bíblia relata o pecado de Davi dizendo: “E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista. E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu? Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou ela para sua casa. E a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e disse: Pesada estou” (2º Sam 11.1-5).

O que levou Davi ao pecado foi: A concupiscência dos olhos, a ociosidade e a concupiscência da carne. Davi era o rei de Israel, já era casado, mas quando olhou para a beleza da mulher, não se preocupou em saber como era sua vida se era casada ou não e sim em satisfazer o desejo de seus olhos e de sua carne; e fez com que ela viesse á sua presença e deitou com ela, e cometeu adultério.

O pecado de Adão e Eva; de Davi e do próprio Lúcifer e muitos outros que a Bíblia relata não são de usos e costumes, mas da concupiscência da carne, dos olhos e da soberba da vida.

3. Soberba da vida - pecado do espírito. O que levou Lúcifer a pecar contra Deus? O pecado da cobiça.

O pecado se originou no querubim Lúcifer. A Bíblia diz que Lúcifer estava num paraíso numa terra coberta de pedras preciosas e, era o ser mais perfeito em sabedoria, mas entrou no seu coração à soberba, o orgulho de querer ser Deus (Ez 28.19; Is 14.11-15), e foi lançado ao mundo dos mortos (Is 14.15).

Ezequiel 28.12-17: “Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.

Is 14.12-15: “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo”.

IX. VERDADES SOBRE A NATUREZA DA TENTAÇÃO (Tg 1.13-14)

1. Inevitável. As principais versões da Bíblia em língua portuguesa indicam que to­dos passarão por tentações (Tg 1.13). A questão não é “se”, mas “quando” vamos ser tentados. Nem uma tradução portuguesa cogita como possibilidade, elas afirmam “quando for tentado”. O nosso primeiro desafio em relação à tentação é entender que estamos sujeitos a ela a todo momento. Precisamos prestar atenção continuamente. Ninguém pode dizer que não passa por tentação, pois é naturalmente humana. “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana” (cf. 1ª Co 10.13). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (cf. 1ª Co 10.12).

2. A tentação é maligna. O Diabo é o “tentador” (Mt 4.3; 1ª Ts 3.5). Ele é a origem externa da tentação, sempre pronto a nos induzir ao pecado. A tentação, sendo o caminho do mal, é totalmente contrária à natureza de Deus.

Entendamos que, ainda que o diabo tente uma pessoa, ela só cairá se ceder. A tentação surge da cobiça, e isso é inviável para Deus. DEUS é o Dono de tudo (cf. Sl 24.1), de forma que não há o que cobiçar. Além disso, o décimo mandamento de Deus diz: “Não cobiçarás” (Êx 20.17), e Deus não pode negar a Si mesmo (cf. 2ª Tm 2.13). A tentação, sendo o caminho do mal, é totalmente contrária à natureza de Deus.

3. A tentação é humana. Deus não é o responsável pela tentação; Ele não tenta ninguém (Tg 1.13). A tentação tem por objetivo fazer pecar, induzir ao erro. Não lemos na Palavra que Deus é o tentador, mas o diabo é assim chamado (cf. Mt 4.3 e 1ª Ts 3.5). Esse papel é do diabo, não de Deus. Imaginar que Deus nos induz ao mal é contrariar a natureza divina Dele. Deus é bom (cf. Sl 136.1).

3.1. A tentação entre os homens é um problema universal. Tanto salvos quanto não salvos, crianças ou adultos, ricos ou pobres, elegantes ou brutos sabem o que é tentação. A realidade diz: sendo da raça humana, automaticamente, conhece a tentação (“Não veio sobre vós tentação, senão humana”.

3.2. Quando alguém for tentado... (Tg 1.13).
O ponto principal não é “se for tentado”, a Bíblia diz “quando for tentado” ou “ao ser tentado” ou “sendo tentado”. Todos nós estamos sujeitos a tentação a todo momento, pois ela é naturalmente humana:

1ª Co 10.12-13 “Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia! Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens.

Mateus 4.3 “E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.”

Embora o diabo seja chamado de tentador, a Bíblia atribui o problema à cobiça humana e não à tentação diabólica (Tg 1.14). Nenhum efeito teria a tentação diabólica se não houvesse a cobiça humana, pois, como vimos antes, não nos vem tentação que não seja humana e cada um é tentado pela própria cobiça.

Pois Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo não tenta ninguém. Mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos (Tg 1.13,14 - NTLH).

A tentação tem por objetivo fazer pecar, induzir ao erro. Esse papel é do diabo, não de Deus. Para nos livrar da culpa do pecado, cometemos erro de atribuir ao diabo todas as nossas culpas. Mas a Bíblia atribui o problema à cobiça humana e não à tentação diabólica. A fonte interna da tentação, a “carne” ou “velho homem”. Nenhum efeito teria a tentação diabólica se não houvesse a cobiça humana, pois não nos vem tentação que não seja humana e cada um é tentado pela própria cobiça.

4. Identificável. Hb 12.1 “o pecado que tão de perto nos rodeia.”
Embora o nome de “tentador” seja atribuído ao diabo, vimos que o maior problema da tentação não é o diabo, e sim os nossos desejos. Conforme Douglas J. Moo, em seu comentário sobre o livro de Tiago, a ideia de “atrair e seduzir” é “caçar e pescar”. É preciso atrair o animal para a armadilha, seduzir o peixe com a isca. Lembremo-nos de que o animal vai até a arma­dilha, e o peixe vai até o anzol atraído por uma necessidade legítima de se alimentar. Assim também, alguns desejos nossos têm fundamentos legítimos como o desejo de comer, beber, descansar, mas que podem se tornar pecaminosos se nos atraírem e nos seduzirem.

Tiago ainda mostra que a palavra “cobiça”, traduzida algumas vezes como concupiscência, vem do grego epithymia e pode algumas vezes significar um desejo legítimo como em Lucas 22.15 e Filipenses 1.23. Por isso, é importante exercitar o fruto do Espírito (Gl 5.23), que inclui o domínio próprio. Lembre-se de que as piores tentações são aquelas que estão ligadas às necessidades legítimas.

Quais áreas da sua vida você acredita serem inofensivas? Até mesmo as vontades do dia a dia podem ser ciladas para o pecado: namorar; divertir-se; ter dinheiro, amigos; sair; passear; viajar; ser popular. Na maioria das vezes, nós armamos essas ciladas para nós mesmos. Você sabe qual é a natureza de seus desejos, portanto, esteja alerta! Não subestime uma tentação!

X. O PROPÓSITO DAS TENTAÇÕES (Tg 1.3,4,12)

1. Para provar a nossa fé (v. 3). Na época de Tiago, os cristãos estavam desanimados por passarem duras provas de perseguição. No versículo três, o meio-irmão do Senhor utiliza então o termo “sabendo”, o qual se deriva do verbo grego ginosko e significa saber, reconhecer ou compreender, para encorajá-los a compreenderem o propósito das lutas enfrentadas na lida cristã: Deus prova a nossa fé (Tg 1.12). À semelhança do aluno que estuda e pesquisa para submeter-se a uma prova e, em seguida, ser aprovado e diplomado, os filhos de Deus são testados para amadurecer a fé uma vez dada aos santos (Jo 16.33; Jd 3). O capítulo 11 da epístola aos Hebreus lista inúmeras pessoas que tiveram sua fé provada, porém, terminaram vitoriosas e aprovadas. Por isso o referido texto bíblico é conhecido como a “galeria dos heróis da fé”.

2. Produzir a paciência (v. 3,4). No grego, “paciência” deriva de hupomone e denota a capacidade de perseverar, ser constante, ser firme, suportar as circunstâncias difíceis. A palavra aparece em o Novo Testamento ao lado de “tribulações” (Rm 5.3), aflições (2Co 6.4) e perseguições (2ª Ts 1.4). Mas também está ligada à esperança (Rm 5.3-5; 15.4,5; 1ª Ts 1.3), à alegria (Cl 1.11) e, frequentemente, à vida eterna (Lc 21.19; Rm 2.7; Hb 10.36). O termo ilustra a capacidade de uma pessoa permanecer firme em meio à alguma pressão, pois quem é portador da paciência bíblica não desiste facilmente, mesmo sob as circunstâncias das provas extremas (Jó 1.13-22; 2.10). Tiago encoraja-nos então a alegrarmo-nos diante do enfrentamento das várias tentações (v.1), pois a paciência é resultado da prova da nossa fé.

A Bíblia, porém, orienta-nos a que nos alegremos em Deus porque a tribulação produz a paciência, e esta, a experiência que, finalmente, culmina na esperança:

Rm 5.3-5 “ E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, 4 - E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. 5 - E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”

3. Chegar à perfeição. A habilidade de perseverar ou desenvolver a paciência não acontece da noite para o dia. Envolve tempo, experiência e maturidade. O meio-irmão do Senhor destaca na epístola a paciência para que o leitor seja estimulado a chegar à perfeição e, consequentemente, à completude da vida cristã, que se dará na eternidade. A expressão “obra perfeita” traz a ideia de algo gradual, em desenvolvimento constante, com vistas à maturidade espiritual. O motivo pelo qual o cristão é provado não é outro senão para que persevere na vida cristã e atinja o modelo de perfeição segundo Cristo Jesus (Sl 119.67; Hb 5.8; Ef 4.13).

XI. COMO VENCER AS TENTAÇÕES

Para vencer as tentações temos que eliminá-la já em seu primeiro estágio de atuação: a atração. E a Bíblia nos traz algumas orientações sobre como nos manter imunes à atração do pecado:

1. Saber utilizar a Palavra de Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo, quando foi tentado, não deu chance ao Diabo para conversar muito com Ele. A cada insinuação do maligno, ele usava a “espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Ef 6.17b), di­zendo: “Está escrito...” (Mt 4.4b, 7a, 10b). Por isso, é preciso ler a Bíblia, para usar a Palavra na hora certa.

2ª Timóteo 3.14-17 “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

2ª Timóteo 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

João 5.39 “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.”

2. Através da oração e vigilância. Jesus nos mandou orar para não cairmos em tentação Lucas 22.40 “E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.”

Jesus enfatizou a importância da vigilância para não cairmos em tentação.
Mt 26.41 “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.”

Paulo nos mandou orar sem cessar (1ª Ts 5.17). A maioria dos crentes, hoje, não ora. Certo pregador disse: “O Diabo ri da nossa sabedoria, zomba das nossas pregações, mas treme diante de nossas orações”.

3. Através da disciplina pessoal. Falando sobre o “atleta cristão”, Paulo diz que “aquele que luta, de tudo se abstém” (1ª Co 9.25a). Em seguida, afirma: “Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1ª Co 9.27). Muitos caem, por exemplo, na tentação do sexo, porque não sabem controlar seus instintos.

4. Submeter-se a Deus e resistir ao diabo. O inimigo sabe qual é o ponto fraco de cada crente. Mas, com determinação e resistência, no Espírito, é possível ser vitorioso (cf. 1ª Pe 5.8,9; Tg 5.17). José, jovem hebreu, mesmo pagando terrível preço, não se deixou vencer pelo pecado do adultério. Foi vencedor e exaltado por Deus.

Os jovens na Babilônia não se contaminaram com as iguarias do rei (Dn 1).
1ª Pedro 5.8-9 “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.”
Tiago 4.7 “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.”

5. Buscando a santificação. É preciso que o crente viva a separa­ção integral para Deus (Hb 12.14; 1ª Pe 1.15).

6. Ocupando a mente com as coisas espirituais. Isso se consegue através da oração, jejum, estudo da Bíblia e leitura de bons livros; ser­vindo, evangelizando, louvando, participando da obra do Senhor, santificando a mente, a vida e o corpo (ver 1ª Ts 4.3-7).

A tentação, no seu sentido mais comum, é um processo terrível, da parte do homem, do mundo e do Di­abo, cuja finalidade é destruir a fé, a santidade, a comunhão com Deus, levando o crente a pecar. Para ven­cer, é preciso fazer como Jesus, que usou a “Espada do Espírito” a Palavra. É preciso usar as armas que Deus colocou à disposição de Seus servos. Em Cristo, “somos mais que vencedores” (Rm 8.37).

7. Andar em espírito. Gálatas 5.16 “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.”

8. Desviar-se do mal (proteção passiva). Jó 1.1 e 8 “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal. 8 E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.”

Provérbios 16.17 “Os retos fazem o seu caminho desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma.”

9. Fugir do pecado (proteção ativa).
1ª Coríntios 6.18-19 “Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo. 19 - Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”

2ª Timóteo 2.22 “Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.”

CONCLUSÃO
Sabemos que todo cristão passa por aflições e tentações ao longo da vida. Talvez você esteja vivendo tal situação. Lembre-se de que o nosso Senhor Jesus passou por inúmeras tribulações e tentações, mas venceu todas, tornando-se o maior exemplo de vida para os seus seguidores. Cada tentação vencida pelo crente significa um avanço rumo ao amadurecimento espiritual. Um dia ele atingirá a estatura de varão perfeito à medida da estatura de Cristo (Ef 4.13). Este é o nosso objetivo na jornada cristã! Deus nos recompensará! Estejamos firmes no Senhor Jesus, pois Ele já venceu por nós e por isso somos mais que vencedores.

Temos um Sumo Sacerdote que em tudo foi tentado, mas sem pecado: Jesus Cristo. Este é a mediação entre Deus e o homem e, por isso, podemos ir ao Pai com confiança (Hb 4.15,16).

A tentação é um problema provocado por nós e não por Deus. O diabo é o tentador, mas está em nós cair na tentação e pecar. O desafio é reconhecer nossa vulnerabilidade, nossa fraqueza, e vencê-la. Não temos condições de enfrentar a tentação, pois somos fracos diante de nossos próprios desejos. Portanto, a única forma de vencer a tentação é fugir dela.

Mas fugir do que nos atrai exige força espiritual. Por isso precisamos buscar forças no único que foi tentado, mas nunca pecou: Jesus Cristo (cf. Hb 4.15). Alimentemo-nos da pa­lavra de Deus e cuidemos (cf. 1Tm.4.16), pois o mal que o tentador sugerir só terá efeito se nos deixarmos levar por ele!

FONTE DE PESQUISA

1. Carta de Tiago. O cristão e as tentações. Editora Kaleo. Assembleia de Deus Blumenau SC.
2. CORREA Claudionor de Andrade. O Dicionário Teológico – CPAD. Rio de Janeiro - RJ.
3. GINGRICH F Wilbur. Revisado Frederick W. Danker. 1ª edição 1984. Lèxico do N.T. Grego/Português. Edições Vida Nova. São Paulo SP.
4. LIMA RENOVATO DE. Lições bíblicas a prática da vida 1º trimestre de 1999. CPAD Rio de Janeiro - RJ.
5. LIRA Eliezer Silva. Lições bíblicas 3º Trimestre de 2014. Título: Fé e Obras. CPAD - RJ.
6. PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2009.
7. RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
8. SILVA Eliezer de Lira. O propósito da tentação. Lições Bíblicas 13 de Julho de 2014. CPAD RJ.

Montado e elaborado pelo:
Pastor Elias Ribas – Dr. em teologia
Blumenau SC.