TEOLOGIA EM FOCO

domingo, 9 de outubro de 2016

A LEI E A GRAÇA



Muitos afirmam que a lei e a graça se chocam. Porém, apesar de serem diferentes, elas não se chocam, mas se completam. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1.17).

Uma das diferenças mais significativas entre a lei e a graça é que a lei é negativa, pois procura evitar o mal através de proibições e ameaças. Ela nos orienta para fazermos a vontade de Deus, dando-nos os recursos necessários para tal. Já a graça é positiva e dinâmica: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 35.27).

Na lei predomina o “não”: “Não faça isso! Não faça aquilo!” Na graça predomina o “sim”: “Pois Jesus Cristo, o Filho de Deus […] não é sim e não ao mesmo tempo. Pelo contrário, Ele é o sim de Deus. Porque todas quantas promessas há de Deus são nele sim” (2ª Co 1.19-20).

A lei veio para mostrar o estado de alienação do homem (Rm 5.20). Contudo, Paulo disse: onde o pecado abundou, “superabundou a graça”. Deste modo, Deus estabeleceu o reinado de Sua graça, por meio da justiça de Cristo, não dos homens, para produzir vida abundante, ao povo salvo.
Portanto, as regras quando impostos na igreja como meio de salvação, passa ser uma ser uma lei. E quanto mais leis impostas pelos homens na igreja, maior é tendência do povo pecar. Paulo diz que a lei suscita ira: “Sem lei não há pecado, vindo à lei veio o pecado” (Rm 4.15). “Pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma, e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” (Hb 7.19). Portanto a lei veio por Moisés, mas a graça por meio de Jesus Cristo.

A graça salvadora não depende da obediência da lei:

“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.

Note que a graça de Deus não está associada aos nossos méritos, mas diametralmente oposto, conforme Paulo esclarece em Romanos 11.6:

“E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.
Igualmente, a graça não depende da obediência da lei:

I.       A NOVA ALIANÇA

Da mesma maneira como Moisés foi mediador da aliança Mosaica, assim Cristo é o mediador da nova aliança, Hb 8.6. Com a vinda de Cristo a aliança Mosaica terminou, com a declaração do apóstolo Paulo em Rm 10.4 e Gl 3.19.

No dia da instituição da Santa Ceia o Senhor Jesus Cristo apresentou a Nova Aliança “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”. Lc 22.20. Jesus havia dito “Isso é o meu sangue, o sangue da nova aliança derramado em favor de muitos para a remissão de pecados” Mt 26.28. A provisão desta aliança era o perdão dos pecados.

A Nova Aliança inclui a presença do “Testamento” que somente tem validade quando acontece a morte do testador, neste caso o testador é Cristo. (Gl 3.15 e Hb 9.16-17).

Esse período jurídico referia-se também a Velha Aliança, pois essa também foi introduzida, delicada e sancionada pelo derramamento de sangue (Hb 9.18-20). O derramamento de sangue significava a morte do testador e concedeu a natureza de dádiva à Aliança. A Aliança Mosaica era, pois transitória e de qualidade assistencial, não era, pois definitiva. Podemos entender isso pelo fato de animais serem sacrificados como tipos do cordeiro de Deus que posteriormente daria a sua vida. Quando Jesus anunciou que o seu sangue daria, o sangue da Nova Aliança, entendemos que ele mesmo era o testador, ou seja, doador da Nova Aliança ou do Novo Testamento.

A palavra chave para esta dispensação é graça. O tempo de duração da dispensação da graça vai da crucificação de Cristo até a sua Segunda vinda, período esse que já abrange quase dois mil anos.
Com a morte de Cristo Deus consagrou um novo caminho de acesso a Sua pessoa. Esse acesso ao trono da graça e a abolição do caminho cerimonial foram simbolizados pelo rasgar do véu do templo no momento em que Jesus morreu.

A dispensação da graça, no entanto, só foi inaugurada no dia de pentecostes quando o Espírito foi derramado sobre os crentes reunidos no cenáculo. A experiência pentecostal do poder do Espírito Santo torna real na vida dos crentes, aquilo que Jesus proveu pela sua morte na cruz.

As profecias e as leis do Antigo Testamento são cumpridas em Jesus Cristo. Nosso Senhor Jesus Cristo cumpriu todas as profecias Messiânicas do Antigo Testamento.

“A carta aos romanos revela mais claramente o que é graça. No capítulo 3, vemos que éramos pecadores e, por isso, carecíamos da glória de Deus. Por essa razão, Deus justificou-nos gratuitamente por meio da Sua graça e recebemos Sua vida. O pecado entrou no homem por meio da desobediência de Adão, e com o pecado entrou a morte.

Deus não criou o homem para que esse morresse, mas para ter a vida eterna. Entretanto, em Adão todos pecaram e “a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12), impedindo o homem de desfrutar da glória e da graça de Deus. Por isso, Paulo diz que a morte reina (v. 14). Estamos no tempo em que podemos desfrutar da graça e da verdade, o qual se estenderá até a entrada do reino milenar, mas até hoje a morte tem reinado. Somente quando saímos do domínio de Satanás, do domínio do pecado, da vida natural, e nos uniu em vida a Cristo é que escapamos do reinar da morte e passamos a reinar em vida”.

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.

A graça de Deus nos da liberdade para desfrutar dos direitos de filhos. É liberdade para ser tudo o que Cristo quer que seja, sem ter que se fixar-me como são os demais. Ensina a ser eu mesmo, não uma marionte dos demais.

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

Uma vez que todo homem, sem exceção, é pecador, ninguém jamais tem a capacidade aproximar-se do padrão da justiça exigida por Deus. Alguns se esforçam mais, outros menos, porém desde Adão até a ultima criança a nascer, todos são excluídos da comunhão com Deus cf. Rm 3.23. Toda a humanidade foi infectada pelo pecado original. Isso quer dizer que todo descendente de Adão e Eva carrega a culpa universal e também uma inclinação pecaminosa. Daí surge à necessidade absoluta da graça de Deus. Antes ou depois de Cristo, sem que receba a graça perdoadora de Deus, não houve e nem há salvação.

Na graça vivemos sob orientação do Espírito Santo em Cristo Jesus: “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.2-4).

“Uma vez que o homem é incapaz de cumprir a lei por causa de sua natureza caída, o ministério veterotestamentário, porquanto, tornou-se um ministério da condenação. O ministério do Novo Testamento, porém, é diferente, pois visa a que pessoas ganhem vida.

A lei de Deus era fraca pela carne Rm 8.3. Deus enviou Jesus e condenou o pecado na carne Rm 8.3. Em Cristo à ordenança da lei de Deus é cumprida em nós que andamos segundo o Espírito Rm 8.4. Aqueles segundo o Espírito estão com a mente segundo o Espírito (Rm 8.5).

A mente do Espírito é vida e paz. Vocês não estão na (em) carne, mas no (em) Espírito sendo que o Espírito de Deus habita em vocês (Rm 8.9). Somos devedores não para a carne, para viver segundo a carne Rm 8.12. Se você pelo Espírito levar a morte (mortificar) as práticas do corpo, você viverá (Rm 8.13).

Todos que são guiados pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus (Rm 8.14). Você recebeu um Espírito de adoção pelo qual clama Aba, Pai (Rm 8.15).

Na graça o verdadeiro cristão é guiado pela lei do Espírito. “... mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei” (Gl 5.18). Na epístola dos hebreus o escritor diz: “E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor; porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei” (Hb 10.15-16).

II.    LEI DE CRISTO

“Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2).

“No V.T., todas as vezes que o Moisés ia ter comunhão face a face com Deus, ele ficava com o rosto resplandecente, pois a glória de Deus brilhava sobre ele. Quando Moisés descia do monte e falava com o povo de Israel, seu rosto brilhava, a ponto de os israelitas não ousarem olhar para ele, por isso então, ele cobria o rosto. Contudo, enquanto falava, a glória do seu rosto ia se desvanecendo. Por quê? Por afastar-se da comunhão face a face com Deus. Se não houvesse brilho no seu rosto, provavelmente os israelita não o respeitariam, tampouco ao seu ministério. Quando ia novamente á presença de Deus, Moisés tirava o véu para que a luz da glória uma vez mais brilhasse sobre seu rosto.

Podemos dizer que o ministério do Antigo Testamento era visível e material. Entretanto, no Novo Testamento, o ministério depende da graça, que é o próprio Senhor Jesus. Já não é um ministério exterior, mas, sim, interior. Ele também sua glória, a qual é invisível, não desvanecente, e perceptível aos homens O exercício dos dons acrescenta graça e esta, por fim torna-se ministério.

A nossa fé está baseada na lei de Cristo, que representa a graça de Deus em favor do homem caído, garantindo a nossa salvação. As leis e as cerimônias do Antigo Testamento, não foram capazes de salvar ninguém, conforme está escrito em At 15.11 “Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram”.

Para a igreja de Corinto, Paulo explica dizendo: “Aos sem lei, como se eu mesmo fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei” (1ª Co 9.21). Adaptar-se é imprescindível para a comunicação do evangelho. Ser diferente interiormente atrai o descrente (Rm 12.2), mas ser esquisito exteriormente o repele. O maior mandamento da lei de Cristo é o amor (2ª Co 5.14). Assim como o filho pródigo não foi obrigado pelo seu pai provar a sua mudança moral para ser aceito, pela graça, o pecador é aceito incondicionalmente, sua divida foi cancelada. O Espírito Santo é quem faz a obra de regeneração no interior do homem (Jo 3.3-5), e convence do pecado e do juízo (Jo 16.8). Paulo também afirma que nossa divida para com a lei foi fixada na cruz (Cl 2.14; Ef 2.14-16). Enquanto o exército exige pessoas sadias, Jesus Cristo não aceita senão doentes que queiram se tratar.

É difícil imaginar que o filho pródigo, uma vez reconciliado com seu pai, desejaria voltar para o lamaçal. O poder para transformar o querer do pecador faz parte integral da graça que salva. É impossível explicar o poder da graça de Deus na vida do pecador sem empregar o vocábulo “milagre” ou transformação.

No caminho de Damasco Paulo recebeu o milagre da transformação, por isso ele pôde explicar a Tito dizendo: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo. Para que, sendo justificados pela graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.5-7).

III. LEI DA FÉ


“E ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Fp 3.9).

Justificação, portanto, é o ato pelo qual Ele declara justo o pecador que crê em Cristo, na base da obra redentora da cruz (Rm 3.21-22).

Na Nova Aliança somos justificados pela fé em Cristo Jesus. A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam.

“Sendo, pois, justificado pela fé, temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.1-2). “Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei. 29 É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim também dos gentios. Visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé o incircunciso” (Rm 3.27-30).

A lei cancela a promessa de Deus, mas a fé em Jesus Cristo nos justifica perante Deus. Paulo o aposto damasceno explica: “Não foi por intermédio da lei que Abraão ou sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa” (Rm 4.13-14).

Quando Deus fez o concerto com o patriarca Abraão, não existia a lei mosaica, por esta razão Paulo está dizendo que não foi mediante a lei que Deus fez a promessa a Abraão, mas por intermédio da fé. É explicito que a lei anula a nossa fé, e cancela a promessa feita ao patriarca Abraão. Se não buscarmos a justificação pela fé em Jesus estaremos, com certeza, condenados.

O povo judaico venerava Abraão como grande patriarca da sua nação. Foi a sua obediência cheia de fé à voz do Senhor que fez com que o filho da promessa, Isaque, nascesse. A Isaque nasceu Jacó (cujo nome foi mudado para Israel – Gn 32.28). A ele nasceram doze filhos, cujos descendentes tornaram-se as doze Tribos de Israel.

Paulo faz uma pergunta: Como foi Abraão justificado? Não pelas obras (os seus próprios atos de retidão), mas crendo em Deus.

1.      O Princípio da Fé e a Justificação em Cristo (Rm 3.27-5.9).

A independência da lei. A justiça de Deus independe de tudo que é humano, justiça própria e meritória.

Somos justificados pela fé em Cristo Jesus. A fé exclui a glória do homem (Rm 3.27). A justificação só pode ser conseguida por fé e mediante a fé (princípio e meio) (Rm 3.30).

“A Igreja de Cristo apregoa a justiça, segundo a justiça de Deus, que se manifestou em Cristo, o qual cumpriu toda a justiça (Rm 1.17). Por isso, Cristo se tornou da parte de Deus sabedoria, justiça, santificação e redenção (1ª Co 1.30). A misericórdia de Deus é a expressão da sua justiça (Êx 34.6-7; Sl 145.8)”.

2.      O Princípio da Fé e a lei.

A lei estabelece a justificação pela fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus. A fé estabelece a lei, pois em Cristo cumprimos a lei.

Paulo deixa bem claro que não podemos ter duas opções. Ou cremos nas Escrituras com relação à justificação pela fé, ou estamos em incredulidade, perdidos, sem nenhuma esperança. “Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não encontrou. Por quê? Porque não a buscaram pela fé...” (Rm 9.31-32).

“Pode-se dizer que a justificação está estreitamente relacionada com três princípios da Reforma: “sola gratia”, “sola fides” e “solo Christo”. Daí, James Montgomery Boyce a define como “um ato de Deus pelo qual ele declara os pecadores justos somente pela graça, somente por meio da , somente por causa de Cristo”. Assim, a fonte da justificação é a graça de Deus, o fundamento da justificação é a obra de Cristo e o meio da justificação é a . A é o canal através do qual a justificação é concedida ao pecador que crê; é o meio pelo qual ele toma posse das bênçãos obtidas por Cristo (como a paz com Deus, Rm 5.1). Ela não é uma boa obra, mas um dom de Deus, como Paulo ensina em Efésios 2.8-9. É o único meio de receber o que Deus fez por nós (“sola fides”), ficando excluídos todos os outros atos ou obras”.

Pr. Elias Ribas

JUSTIFICADOS PELA FÉ



Efésios 2.8,9 "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9- Não vem das obras, para que ninguém se glorie."


Uma análise detida do conceito bíblico de salvação revela o fato de que os pecadores foram, sob ambas as dispensações e em todos os tempos, sempre salvos pela graça (Sl 6:4; Is 55:1-4; Ef 2:8 e 9), justificados pela fé (Gn 15:6; Hb 2:4; Rm 5:1) e julgados pelas obras (Dt 28; Mt 5:16-21; 25:31-46; Ap 20:11-13). Isso significa, em primeiro lugar, que o Antigo Testamento não ensina um caminho legalista de salvação. É interessante notarmos que, mesmo no concerto do Sinai (ver Êx 19:24), Deus primeiro salvou o Seu povo da escravidão do Egito (Êx 20.1 e 2) para depois proclamar-lhe o Decálogo e exigir a obediência (Êx 20:3-17). Por semelhante modo, o Deuteronômio “não ensina”, de acordo com Gerhard von Rad, “um caminho legalista”, pois nele os imperativos da obediência requerida são sempre uma resposta de Israel aos indicativos da salvação anteriormente provida pelo Senhor. Além disso, todos os sacrifícios oferecidos sob a antiga dispensação prefiguravam em símbolos a suprema revelação da graça salvífica de Deus na morte de Cristo como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29).

“Em nossos dias, a verdade bíblica da justificação pela é desconhecida ou mal compreendida por muitos cristão. No entanto, ela foi a questão central levantada pela Reforma Protestante do século 16. Assim como o “sola Scriptura” foi denominado o “princípio formal” da Reforma, porque a Bíblia é a fonte de onde procedem todas as autênticas doutrinas cristãs, a justificação mediante a é o seu “princípio material”, porque envolve a própria substância ou essência do que se deve crer para a salvação” (Matos).

É um termo legal usando em tribunais seculares de direito penal. Ser “justificado” num tribunal significa ser “absolvido, declarado inocente, declarado não culpado”.

Na Bíblia, isto tem um significado ainda maior. Significa ser declarado justo, ter posição de retidão diante de Deus. Em outras palavras, é como se eu nunca tivesse pecado.

“Quanto está longe o oriente do ocidente, assim afastou de nós as nossas transgressões” (Sl 103.12). Deus nos mostra que os nossos Pecados estão cobertos, perdoados e esquecidos. É isto o que “... o SENHOR, o Juiz...” (Jz 11.27) decreta para qualquer pecador que satisfaça as Suas condições para ser justificado.

Em Hebreu 10.29, o escritor faz-se referência ao “Espírito de Graça”. Todo evangelho é um Evangelho de Graça. Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho sem reservas. O Senhor Jesus oferece Seus dons simplesmente por Graça (Ef 4.11).

De perfeito acordo com o Pai e o Filho, o Espírito Santo apresenta os tesouros celestiais em qualidade de dons gratuitos para o homem, trazendo a este mundo Espírito único do Pai e de Seu Filho e a proposta da Graça. Ele recusa tratar com aqueles que querem negociar Suas bênçãos. Jamais aceitará retribuição por Seu trabalho. Não permitirá jamais que se lhe atribuam méritos em retribuição por Seus dons. A graça é a lei fundamental do Seu ministério; o Espírito é especialmente o “Espírito de Graça” (Zc 12.10).

“Sendo justificados gratuitamente, por Sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impune os pecados anteriormente cometidos. Tendo em vista a manifestação da Sua justiça no tempo presente, para Ele mesmo ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3.24-28).

Através da morte de Cristo, Deus remove os pecados do Seu povo, não simbolicamente como nos rituais em Lv 16. Jesus Cristo ocupa uma posição única como representante de Deus com o homem e do homem com Deus. Aqui prevalece a justiça de Deus, e não os esforços do homem.

Jesus justificou perante o Pai a nossa culpa. Pagou o preço do nosso resgate e justificou pelo seu sangue. “Sendo justificado gratuitamente pela sua graça”. A Bíblia diz em 1ª Pe 1.18-19 “Sabendo que não foi com coisa corruptível, como prata ou ouro, que foste resgatado da vossa vã maneira de viver que por tradição recebeste dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado”. O preço pago para nos libertar e justificar, Jesus pagou em nosso resgate, ao derramar o seu sangue e dar sua vida por nós. Não precisa o homem fazer penitencia, acender vela, andar de joelhos ou coisa parecida. A Bíblia diz “Todas as nossas justiças são como trapo de imundícia” (Is 64.6). Só precisamos aceitar e crer no sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, e obedecer a Sua Palavra, pois Jesus já pagou o porte para vida Eterna. Esta vida está a tua disposição é somente aceitar.

Quem nos justifica é Cristo. Se tivermos fé no seu sangue, Deus vê, ao olhar para nós, não as leis violadas em nosso coração, mas a propiciação através do sangue de Seu Filho. O sangue de Jesus se sobrepõe aos nossos pecados. Satisfeita a justiça de Deus, somos justificados mediante o divino sangue expiador, como se não tivéssemos cometido nenhum pecado.

Podemos então cantar como o salmista. “Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103.10-12).

Ser justificado concernente a salvação, significa ser declarado justo, livre de pecados cometidos. Nossas tentativas de esconder ou cobrir nossos próprios pecados resultam tão inúteis como às folhas de uma figueira com que Adão e Eva tentaram cobrir sua nudez. Vale a pena lembrar que o Senhor proporcionou a Adão e Eva vestes de peles com que se cobrirem depois que eles lhe confessaram o pecado. Mais uma vez se nota o derramamento de sangue para satisfazer a santidade de Deus, violentada que fora pelo pecado. Resultam infrutíferas nossas tentativas de desculpar-nos ou esconder nossos pecados, pois estão patentes aos olhos de Deus. “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1ª Jo 1.8).

O coração vivo do evangelho está na doutrina da justificação pela graça apenas por meio da fé. Dentre os presentes de Deus ao homem, nenhum se compara com as boas novas de que Deus, gratuitamente, justifica pecadores que aceitam seu perdão. Essa verdade promove não somente o alicerce seguro da salvação, mas o próprio incentivo á santificação.

Uma posição intermediaria, comum entre alguns cristãos que abraçam um evangelho cheio de regras, não visualiza a doutrina da justificação como um dom inalienável de Deus.

No sermão do Monte, Jesus julga toda a justiça humana ou auto-negação como inaceitável para Deus. A pobreza de espírito que ele elogia (Mt 5.3), é uma condição interna necessária para qualquer sentimento constrangedor da carência da graça justificadora de Deus. Da mesma forma que “o zelo dos fariseus para alcançar padrões elevados não produziu o tipo de vida que o nosso senhor ordenará” (Mt 23.13-36), também uma forma correta de uma pessoa em pecado encarar a sua franqueza e miséria não produzirá orgulho em forma de fazer a vontade de Deus.

A fé e lealdade á pessoa de Jesus é o alvo da auto-mortificação. Sem fé, negando-se a si mesmo é um dos atos juntamente com o dízimo, o jejum e a esmola que são declarados hipocrisia pelo Senhor (Lc 18.12).

O homem precisa reagir com fé. Ele precisa responder á ação amorosa de Deus ou ficar em rebelião perpetua com seu Criador. Mas qualquer salvação que não é trabalhada com temor e tremor (Fl 2.12) é uma decepção.

A justificação, portanto, é inspiração de amor. A fé é o meio para recebê-la. A justificação precisa ser recebida pela fé. Assim também, somente pela fé, vive um cristão (Cl 2.6-7; Gl. 3.2-9). A união com Cristo pela fé inicia com aqueles que creem no domínio do Espírito, onde a verdadeira liberdade reina (2ª Co 3.17). É o espírito que ilumina a lei à luz de Cristo, desse modo, transformando a perversão do legalismo em liberdade genuína. Tornando-se membros do corpo de Cristo, aos crentes é concedida a possibilidade de obedecer às ordens do Mestre.

O legalismo exige que seus seguidores obedeçam a um código externo, mas o perfeccionismo é baseado em uma compreensão deturpada do significado prático da justificação.
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De forma realística, a justificação pela fé transforma muito mais do que a condição de culpado do crente diante de Deus. Ela o ressuscitou da morte com Cristo para um compromisso contínuo de fé com o Senhor, que orienta suas decisões pelo Espírito Santo. Pela virtude deste relacionamento, Paulo escapara das limitações da lei para estar sob as exigências legais de Cristo (1ª Co 9.21).

Mas, se está faltando aquele relacionamento de fé com Cristo, a lei não somente expõe o pecado, ela também o instiga (Rm 7.7-7), induzindo ao orgulho humano e á auto-confiança, social, e individual. “Instinto rebeldes, latentes ou moribundos na alma são levantados pelo “não” mandamentos”. Não menos trágico, na compreensão de Paulo, é a confiança judaica na suposta justiça nacional, pois esta omite Cristo, o centro, e estimula a glorificação da realização humana.

Paulo explica sua doutrina, confessando sua confiança pré-cristã. Ele cumpria completamente suas obrigações perante Deus, perante sua consciência e perante seu povo com zelo extraordinário pelas “obras da lei”. Após o seu encontro transformador com Cristo no caminho de Damasco, ele renunciou a sua maneira anterior para exclusivamente conhecer e obedecer a Cristo (Fp 3.7-10). A disciplina soberba produzida pelo falso empenho e orgulho como um fariseu superior foi desmascarado por aquilo que era o refinado pecado da auto-justificação, tão odiosa a Deus e, conseqüentemente, abandonada. A transformação fora tão radical que Paulo, o perseguido, tornou-se Paulo, o evangelista, autor de 1ª Co 13. As coisas velhas passaram, abrindo caminho para a realidade da “nova criação” (2ª Co 5.17). Ele destingiu cuidadosamente entre a velha “letra” e o espírito da lei (2ª Co 3.6). O Cristo em nós é certamente a “esperança da glória” (Cl 1.27). Acima da imputação de sua justiça a pecadores, Deus tem derramado seu Espírito sobre todos aqueles que verdadeiramente creem em Cristo (Rm 8.9) para que eles se tornem como Cristo (Rm 8.29).

I. A JUSTIÇA DE DEUS

“E ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Filipenses 3.9).

“A palavra justiça [no gr. Epieikes e Epieikeia]. Epieikeia, é aquilo que é justo e, ás vezes aquilo que é melhor do que a justiça. É aquilo que corrige a lei quando a lei é deficiente por causa do seu caráter geral. O homem que epieikes sabe que há ocasião quando uma coisa pode estar totalmente justificada do ponto de vista legal, porém completamente errada do ponto de vista moral. O homem que é epieikes sabe quando deve relaxar a lei sob a compulsão de uma força que é mais sublime e seria inquestionável legal, e que de modo igualmente inquestionável seria completamente anti-cristã.

O que há de básico e fundamental na justiça é que volta-se para Deus. Se Deus exigisse Seus direitos, se Deus aplicasse a nós somente os padrões rígidos da lei, onde estaríamos? Deus é o exemplo supremo de alguém que é justiça e que trata os outros com justiça.


Vivemos hoje numa sociedade onde os homens insistem em exigir seus direitos legais, onde somente fazem aquilo que são obrigados a fazer e sempre desejam obrigar os outros a fazerem tudo quanto puderem. Repetidas vezes temos visto congregações dilaceradas pelas contendas e reduzidas á infelicidade trágica porque homens e mulheres, comissões e convenções, insistiram na letra da lei. Quando o conselho diretor de uma congregação é convocado com o livro das leis da igreja em posição de destaque na mesa do presidente, os problemas nunca estão longe. Um novo mundo surgiria na sociedade e na igreja se os homens deixassem de se basear suas ações na lei e nos direitos legais, e orassem a Deus a fim de que Ele lhes desse epiekeia.

Pr. Elias Ribas

domingo, 25 de setembro de 2016

A CHAMADA PARA A SALVAÇÃO


Deus nunca força o homem aceitá-lo, mas certamente convida a receberem a salvação. Este convite inclui o dom da graça de Deus e o poder do Espírito Santo para convencer o homem do pecado e ajudá-lo na decisão para sua salvação. Os atos da graça divina mediante a salvação são conhecidos como “a chamada para a salvação”. “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

I.         A NECESSIDADE DA CHAMADA


Certo líder espiritual observou que o homem não descobre a Deus mas, sim, Deus se revela ao homem através das Escrituras Sagradas. Além disto, o homem não pode iniciar ou realizar sua salvação à parte de Deus. Por causa da sua natureza pecaminosa, o homem é espiritualmente um “inválido”, incapaz em si mesmo de dar um só passo em direção a Deus (Rm 3.11). Porque a natureza depravada do homem e seu pecado tornam-se incapaz de vir a Deus, por isso Deus teve que vir até ele. Portanto, Deus precisou prover não somente um meio de salvação (a redenção em Cristo); mas também Ele restaura ao homem a capacidade de buscá-lo. Ele mesmo atrai todos os homens a Si, no recebimento da salvação, mediante o Espírito Santo. Sem esta ajuda divina nenhum homem poderia jamais ser salvo. “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44).

Conforme a resposta positiva que Deus vê no coração do homem em aceitá-lo, ele restaura, liberta, perdoa e transforma o homem numa nova criatura.

II.      SALVAÇÃO OFERECIDA A TODOS


A preservação da vida de Raabe e sua família (Hb 11.31); a benção sobre a vida de Rute (Rt 4.13-22); e a cura de Naamã (2º Rs 5.1-14), são apenas alguns exemplos de que Deus é Senhor e abençoador de todos. Ele quer salvar a todos (T 2.11; Mt 11.28; Jô 6.37; Ef 4.6). O profeta Jonas testificou que Deus é misericordioso para aceitar a qualquer um que se arrependa de seus pecados (Jn 4.2). O evangelho de João 1.12, confirma este propósito de Deus: salvar a todos (Jo1.12). Jesus também o declarou (Jô 3.17; 5.24). Infelizmente, muitos são os que rejeitam o convite da graça de Deus e acabam por desprezar a Cristo, acarretando sobre si a ira divina.

III.   A NATUREZA DO CHAMAMENTO

É importante compreender que o chamamento de Deus para a salvação. Deus deseja que todos recebam a salvação em Cristo, e a vida eterna que Ele oferece. Deus deseja que todos os homens sejam salvos. Ele não força a decisão do homem, mas Seu próprio desejo é que o mundo receba. “...não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento’ (2ª Pe 3.9b). Portanto Deus deseja que todos cheguem ao arrependimento e recebam o perdão de seus pecados.

O convide de Jesus não é seletivo, mas para todos os homens. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Embora o chamamento de Deus seja dirigido a todos os homens, estes não são obrigados a aceitá-lo. O fato do chamamento ser universal, a salvação não é universal, mas individual. Assim como a redenção de Cristo é suficiente para todos, mas eficaz somente para o que crê, assim também a chamada de Deus é válida para o mundo inteiro. Mas aplicável somente aqueles que a atendem.

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Jesus convida a todos para que recebam a vida eterna.

Deus chama o homem para desfrutar de uma porção especial no Seu evangelho. “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1).

No capítulo 55 o profeta messiânico prenuncia o evangelho da graça. As primeiras palavras deste capítulo fazem nos lembrar aos de nosso Senhor Jesus Cristo no grande dia da Festa dos Tabernáculo: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7.37). O evangelho faz o seu apelo ao um mundo sedento. Notemos os seguintes pontos:

1. Um evangelho de graça: tudo é oferecido “sem dinheiro e sem preço”.
2. É um evangelho de fé e não de obras: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá” (v.3).

3. É o evangelho de Cristo (v.4). Deus o tem dado como príncipe e Comandante do povo, para ser o Capitão da sua salvação. Os que o procuram, acham; e todos os que o invocam (v. 6) recebem misericórdia e perdão (v.7).

4. É um evangelho de gozo (v.12). Quem o recebe sai cantando, como o eunuco da Etiópia (At 8.39).

5. É um evangelho frutífero (v.13). “Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta”. As obras da carne cedem lugar ao fruto do Espírito.

IV.   O CHAMADO ESPECIAL

O chamamento básico e geral de Deus é para o arrependimento (Mt 3.2; 2ª Pe 3.9) e para a fé (Rm 10.9; 1ª Jo 3.23). Este é o chamamento para a salvação, o qual envolve outros chamamentos mais específicos. Primeiramente, os que recebem o chamamento para a salvação recebem uma vocação especial para serem num sentido específico os “chamados”, em contraste com o restante do mundo (1ª Co 1.26; Ef 1.18), pois são chamados para serem santos (1ª Co 1.7).


Em segundo lugar, os que “chamados para serem santos” também recebem chamamento para ministérios específicos, assim como Paulo foi “chamado” para ser apóstolo (Rm 1.1).

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A DOUTRINA DA SALVAÇÃO


I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA SALVAÇÃO

É um estudo chamado de “SOTERIOLOGIA”. Esta palavra deriva-se de duas palavras gregas, “soteria” e “logos”. A primeira significa “salvação” e a última palavra, discurso ou doutrina. O vocábulo português que aparece em nossas versões e traduções se deriva do latim, “salvare”, “salvar” de “salus”, “saúde”, “ajudar”, e traduz o termo hebraico “yeshua” e cognatos: “largura, facilidade, segurança, etc.”. Porém, o Novo Testamento conhece também o significado mais comum do verbo; salvar no grego clássico deriva de “são” e significa devolver a saúde ao doente e arrancar a morte do moribundo (Mt 8.25; 14.30; 27.40, 42,49; Mc 3.4; Lc 6.9; Jo 12.27; At 27.20; Hb 5.7).

“Ela dará à luz a um filho e lhe porá o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1.21).

Á palavra salvação no hebraico Yeshua (ישוע/ יֵשׁוּעַ) é uma forma alternativa de Yehoshua, Josué, e é o nome completo de Jesus que significa “Iavé é salvação”. (transliterado ao grego Yeshua fica: Ιησου'α, “Iesua”/”Ieshua” [também Ιησου'ς, “Iesu”/ “Ieshu”/ “Iesus”]; Yehoshua [יהושוע/ יְהוֹשֻׁעַ‎] fica: Γεχοσούαχ).

Deus na sua presciência previu tudo o que teria lugar na queda do homem e, então, Ele planejou exatamente a salvação necessária, antes mesmo da fundação da terra. Antes do primeiro pecado cometido no universo, antes da terrível crise provocada pelo homem rebelde, que fora feito à imagem de Deus, o Senhor planejou e proveu um meio de fuga das armadilhas e condenação do pecado. O plano da salvação é tão simples que o menor dentre os filhos dos homens pode entendê-lo o bastante para experimentar o seu poder transformador. Ao mesmo tempo, é tão profundo que nenhuma imperfeição foi descoberta nele. O ponto culminante do plano da salvação se concentra no cargo e função de um mediador - alguém que pudesse colocar-se entre um Deus ofendido e uma criatura pecadora e sem esperança, o homem. Esta é a posição que Cristo veio preencher quando do seu sacrifício (1ª Tm 2.5). Esta é a razão por ter Jesus vindo ao mundo como homem para ser o mediador entre o homem e Deus. A penalidade pelos pecados humanos era a morte. A alma que pecar morrerá. Mas em vista de Deus não poder morrer - o espírito não pode morrer - pois ele precisaria de um corpo, Jesus, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14).

Do ponto de vista divino de observar, “salvação” é um termo, inclusive, que abrange dentro do seu alvo muitos aspectos. Por exemplo, há a salvação do passado, no presente e para o futuro; seja, salvação do espírito na regeneração, da alma na santificação, e do corpo na glorificação.

II.      DEUS É A ORIGEM DE NOSSA SALVAÇÃO

A Bíblia ensina a respeito da salvação, mas precisamos entender quem é que necessita da salvação e por quê. A Bíblia claramente nos ensina que perante Deus, todos os homens levam a culpa do próprio pecado, sendo alienados da sua glória e destinados a sofrer as consequências da sua ira (Rm 3.23). Além disso, a Bíblia explica que o homem por si mesmo nada pode fazer para merecer a salvação. Cada homem pode ser descrito como um paralítico espiritual, aguardando o “braço salvador” do Senhor para que possa ser levantado da miséria do pecado (Is 59.16).

A raiz do problema que cada homem enfrenta a sua própria natureza pecaminosa. Desde que nasce, o homem é inclinado ao pecado e por isso é incapaz de agradar a Deus (Rm 7.18).

A Salvação preparada para o mundo nasceu do coração amoroso de Deus. É por isso que a multidão salva no Apocalipse canta: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap 7.10). “Ao SENHOR pertence a salvação!” (Jn 2.9b).

No dia da queda do homem Deus prometeu enviar um salvador. Ele disse a respeito da mulher: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).

Na plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher (Gl 4.4). A promessa se cumpriu literalmente. Foi uma expressão de seu amor (Jo 3.16).

Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2ª Co 5.19). Se a morte na cruz foi tremenda para Jesus, também foi para o Pai. Foi o Seu grande amor que pagou o sacrifício e foi Sua justiça que recebeu o preço pago por Jesus (Hb 9.24-26). A obra propiciatória de Jesus Cristo nosso Senhor é a maior revelação do grande propósito de Deus no plano da redenção em salvar a humanidade.

O propósito de Deus. A soteriologia trata da previsão de salvação através de Cristo e sua aplicação através do Espírito Santo. A salvação é a grande obra espiritual de Deus com relação ao homem. Através de sua presciência, Deus estava ciente da queda do homem, por causa disso, Ele planejou uma maneira de resgatá-lo. O propósito de Deus de providenciar salvação para a raça humana está relatado nas Sagradas Escrituras, começando em Gn 3.1.5. As aparições de Deus a Moisés e, às vezes, a todos os judeus acampados, serviram para confirmar e desenvolver a fé em um Deus pessoal. As exigências da lei mosaica com as suas punições para os que não as cumprissem, serviram para despertar uma convicção de culpa e um temor das consequências do pecado (Rm 3.20). O estabelecimento de um sistema de sacrifício e sacerdócio para ministrá-lo, indicam a necessidade de algum método para remover a culpa do homem. E finalmente, pela voz profética, Deus anunciou Seu propósito. A vinda do Salvador é claramente prevista pelos profetas, e muitos falam da Sua humilhação com o propósito de nos livrar do pecado (Is 53.1-12; 59.20; 63.8; Jr 23.6; Os 13.4; Zc 9.9,16). O apóstolo Paulo diz que o Senhor Deus nos desvendou “o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Ef 1.9,10-ARA) e fala do “eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus nosso Senhor” (Ef 3.11-ARA). Não resta a menor sombra de dúvida de Deus ter um propósito bem definido de salvar a humanidade.

III.   O ALCANCE DA SALVAÇÃO

A encarnação e a propiciação de Jesus constituem a maior prova da boa vontade de Deus. As Sagradas Escrituras ensinam que Deus providenciou salvação na pessoa e obra de seu Filho. Este Filho teve que encarnar, morrer em nosso lugar, ressurgir dos mortos, subir até o Pai, receber o lugar de poder à mão direita de Deus e interceder perante Deus em favor do crente. Esta obra realizada pelo Filho de Deus foi feita com o propósito de nos salvar da culpa, do castigo e do domínio do pecado. A Salvação foi providenciada para o mundo inteiro:

“Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e, não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1ª Jo 2.2). Apesar do Senhor Jesus ter morrido pelos pecados do mundo inteiro, a salvação é para aqueles que creem em Cristo e que andam em Seus caminhos. A salvação depende da reconciliação do homem com Deus (2ª Co 5.18-20; Jó 1.29; 3.15-18; Rm 5.18; 2ª Co 5.14,15; 2ª Tm 2.4,6; 4.10; Hb 2.9,10; 2ª Pe 3.9; 1ª Jo 4.14).

Deus se fez presente no meio do seu povo, em carne, entrou pela porta, nasceu, e o menino cresceu em estatura e em espírito (Lc 1.80; 2.40), e venceu o inimigo das nossas almas, e venceu a morte, e levou cativo o cativeiro, e nos devolveu aquela maravilhosa condição, que Adão desfrutava no Jardim do Éden: “E na viração do dia Deus visitava a Adão e Eva” e falava com eles. Jesus nos devolveu esta maravilhosa condição de estarmos novamente em sintonia com Deus com este rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o povo de Deus, aqueles que pertencem a Deus, que são chamados de “seu povo”.

“Ninguém nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi quem nos mostrou quem é Deus” (Jo 1.18 - NLH).

A mensagem de Jesus faz-nos sete comunicações:
1. Que Deus amou o mundo (Jo 3.16).
2. Jesus morreu na cruz do Calvário para salvar o mundo inteiro (1ª Jo 2.2).
3. Que Deus veio em busca do homem na pessoa do Emanuel (Mt 1.21-23).
4. Que Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo 3.17).
5. Que a vontade de Deus é que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1ª Tm 2.4).
6. Que Jesus veio salvar o que se havia perdido (Lc 19.10).
7. Que Jesus veio trazer paz aos turbados de corações (Jo 14.27).

8. Que o Filho de Deus se manifestou para fazer as obras do diabo (1ª Jo 3.8).
Deus nos enviou Jesus, o Seu amado Filho, dos céus, do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.


Amigo leitor, já recebeste este dom de Deus? Aceite este presente no teu coração.

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A GRAÇA DE DEUS



I.         DEFINIÇÃO DE GRAÇA

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorre dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, sua misericórdia e bondade.

A graça no grego é: “Charis que significa: “favor imerecido, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”. Há um grande tesouro inserido na graça de Deus: a justificação (Rm 5.1).

A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

Com a morte de Cristo Deus consagrou um novo caminho de acesso a Sua pessoa. Esse acesso ao trono da graça e a abolição do caminho cerimonial foram simbolizados pelo rasgar do véu do templo no momento em que Jesus morreu.

A dispensação da graça, no entanto, só foi inaugurada no dia de pentecostes quando o Espírito foi derramado sobre os crentes reunidos no cenáculo. A experiência pentecostal do poder do Espírito Santo torna real na vida dos crentes, aquilo que Jesus proveu pela sua morte na cruz.

As profecias e as leis do Antigo Testamento são cumpridas em Jesus Cristo. Nosso Senhor Jesus Cristo cumpriu todas as profecias Messiânicas do Antigo Testamento.

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.      A GRAÇA DE DEUS

A graça de Deus é a sua imerecida bondade ou amor manifestado para com os que perderam o direito a ela e estão sob sentença de condenação. O amor de Deus para com o ser humano é sempre imerecido, pois é oferecido gratuitamente e o homem muitas vezes o rejeita, mesmo sem merecer. A graça de Deus é a fonte de todas as bênçãos espirituais concedidas aos pecadores. Sua graça tem maior significação prática para os pecadores. É pela graça de Deus que o caminho da redenção foi aberto aos pecadores (Rm 3.24; 2ª Co 8.9) e pela graça os pecadores recebem o dom de Deus em Jesus Cristo (Ef 2.8). Pela graça são justificados (Tt 3.7); também pela graça são enriquecidos de bênçãos espirituais (Jo 1.16; 2ª Ts 2.16); e finalmente recebem a salvação pela graça (Ef 2.8-9; Tt 2.11). Os seres humanos vivem absolutamente sem méritos próprios, estando na total dependência da graça de Deus em Cristo.

A carta aos romanos revela mais claramente o que é graça. No capítulo 3, vemos que éramos pecadores e, por isso, carecíamos da glória de Deus. Por essa razão, Deus justificou-nos gratuitamente por meio da Sua graça e recebemos Sua vida. O pecado entrou no homem por meio da desobediência de Adão, e com o pecado entrou a morte.

Deus não criou o homem para que esse morresse, mas para ter a vida eterna. Entretanto, em Adão todos pecaram e “a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12), impedindo o homem de desfrutar da glória e da graça de Deus. Por isso, Paulo diz que a morte reina (v. 14). Estamos no tempo em que podemos desfrutar da graça e da verdade, o qual se estenderá até a entrada do reino milenar, mas até hoje a morte tem reinado. Somente quando saímos do domínio de Satanás, do domínio do pecado, da vida natural, e nos uniu em vida a Cristo é que escapamos do reinar da morte e passamos a reinar em vida.

Quando isso ocorre a graça passa a reinar em nós (v. 6). Assim como pecado veio por um homem: o pecado veio através do primeiro homem, Adão, mas a graça veio por intermédio do segundo homem, Jesus Cristo, o último Adão, que se tornou o Espírito que dá vida para dar Sua vida a todo o que Nele crer (1ª Co 15.45). O primeiro Adão é terreno e carnal; o segundo é celestial e espiritual. Anteriormente estávamos no primeiro homem e vivíamos por sua vida. Mas quando cremos, tornamo-nos parte do segundo homem, Jesus Cristo, e podemos viver por Sua vida. Isso é o reinar da graça.

III. OS PLANOS DIVINOS NA DISPENSAÇÃO DA GRAÇAS


A palavra chave para esta dispensação é graça. O tempo de duração da dispensação da graça vai da crucificação de Cristo até a sua Segunda vinda, período esse que já abrange quase dois mil anos.

Na dispensação da Lei Mosaica, era a intenção de Deus habitar entre seu povo e conceder-lhe purificação de seus pecados, ter vida e santidade deles e por meio desse mesmo povo, ser uma bênção em toda a terra. Mas em razão dos pecados de Israel e seu fracasso, Deus foi obrigado a afastar-se deles e deixar-se casa vazia.

Na dispensação da graça, Deus fez a mesma oferta a cada indivíduo em todas as nações do mundo (Mc 16.15, Jó 17.20, 21). Agora Deus concede a sua própria e natureza 2ª Co 5.17, 20 e o batismo com o Espírito Santo At 2.4,38, 39. Essas verdades devem ser pregadas em todo o mundo pelos convertidos a Cristo Mt 28.20.

Sob a dispensação da lei, Israel foi chamado a congregação do deserto (At 7.38). Porém na dispensação da graça, todos os indivíduos de todas as nações que aceitarem a Cristo, seu sangue e seu Espírito, constituem a “Igreja dos Primogênitos”, Hb 12.23 que é a Igreja redimida pelo sangue de Cristo, o grande povo salvo, Gl 3.28.

O propósito de Deus nesta dispensação é formar um povo todo Seu, coeso e forte, que o glorificará por toda a eternidade. O meio usado por Deus para atingir esse objetivo é a pregação do evangelho da graça (Mc 16.15 e Rm 1.16). O plano de Deus não é a conversão total do mundo, mas sim, chamar para fora do mundo um povo para o nome de Jesus.

A dispensação da graça não é apenas uma extensão da dispensação da lei sob um outro nome a lei e os profetas duraram até João Batista (Lc 16.16). Moisés e a lei pertenciam a uma dispensação, e Cristo e a graça pertencem à outra dispensação. Por esse motivo não há na igreja lugar para os ritos cerimoniais, sacrifícios de carne, instituição de sacerdotes como mediadores entre Deus e os homens.


A graça de Deus é o agente pelo qual ele receberá a justificação (Tt 3.7); a regeneração (Jo 3.3); a santidade (At 26.18); a segurança de Deus (1ª Pe 1.5). O homem só poderá receber a graça salvadora mediante a sua decisão a Cristo.

Pr. Elias Ribas

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS



I.         O DESTINO DOS CRENTES ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO

Com “estado intermediário”, queremos dizer a condição dos mortos no período entre a morte e a ressurreição; isto é, o estado em que o espírito está sem o corpo. A Bíblia ensina que, após a morte, o crente vai imediatamente para onde está o Senhor Jesus. Paulo diz: “Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2ª Co 5.8); “Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1.23). O que Paulo está dizendo aqui é que, no momento em que ele parte ou morre, naquele mesmo instante ele estará com Cristo. Não há demora alguma entre a morte do crente e o seu comparecimento na presença de Cristo; quando ele fecha os olhos neste mundo, abre-os logo no céu. Jesus deu ao ladrão arrependido a jubilosa certeza: “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). À luz de 2ª Co 12.2-4, as palavras “céu” e “paraíso” são simplesmente dois termos para indicar o mesmo lugar. Isto prova, com certeza, que o “seio de Abraão” (Lc 16.22), “o céu” e o “paraíso”, são o mesmo lugar. O destino dos crentes após a morte é um estado de descanso e felicidade sem fim (Ap 14.13); é um estado no qual os crentes estão verdadeiramente vivos e plenamente conscientes (Lc 16.19-31; 1ª Ts 5.10).

II.      O DESTINO DOS ÍMPIOS ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO

O destino dos ímpios é estar eternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se chama a segunda morte: a eterna separação de Deus (Lc 16.26). Devido à sua natureza aterradora, é um assunto muito pouco comentado nos púlpitos das igrejas modernas. Analisemos aqui a passagem de Lc 16.19-31, onde o Senhor Jesus traz um ensino bem claro da vida no além-túmulo:
A) Ao morrer o ímpio (o rico) achou-se no lugar de tormentos; v.23.
B) Ele não estava dormindo; viu Abraão e Lázaro; v.23.
C) O ímpio não estava mudo; falava normalmente; v.24.
D) Ele estava cônscio da sua condição deplorável; pediu misericórdia numa época tardia e à pessoa errada; v.24.
E) Procurou lenitivo para o tormento que estava sentindo; uma ponta de dedo molhado em água seria o suficiente para aliviar parte do seu tormento; v.24.
F) A situação do ímpio foi invertida no além -túmulo; o rico que nunca mendigara na terra, agora implora por socorro como o mendigo implorava as migalhas; v.24.
G) Abraão lembra ao rico que "a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui" (Lc 12: 15); v. 25.
H) Foi lhe dito que aquela situação é irreversível; é impossível sair dali; v.26.
I) O ímpio lembrou de todos os seus cinco irmãos e mostrou o desejo de que eles fossem advertidos, para que evitassem semelhante condenação; w. 27,28. Através deste ensino o Senhor Jesus elimina, assim, a possibilidade de existência do purgatório ou de salvação após a morte.

III.   O EFEITO DO PECADO NO SEU SER

Adão e Eva foram criados inocentes e santos. Agora, tiveram um senso de vergonha, degradação e poluição. Perda da inocência “abriram-se então, os olhos de ambos” (Gn 3.7). A inocência não pressupõe a ausência do conhecimento intelectual do mal. Tal conhecimento inclusive é benéfico e necessário para nós entendermos a natureza do mal. Inocência, porém, quer dizer a ausência do “conhecimento experimental” do mal. Havia algo para esconder. Estavam nus e não podiam aparecer diante de Deus na sua condição caída. Foi este sendo de impropriedade que os levou a fazerem para si vestimentas de folhas de figueira.
As folhas de figueiras de nada serviram para cobrir a nudez do casal. Elas simbolizam o esforço das religiões e das boas obras em favor da salvação do homem, sem levar em conta a justiça de Cristo. Batismo, educação, filosofia, legalismo, dízimos, etc., nada disto repara a terrível queda do gênero humano. Somente a graça de Deus, mediante a morte expiatória de Seu Filho Jesus Cristo, pode salvar o homem que, pela fé, volta-se para Ele (Ef 2.8-9), pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).
Adão e Eva não eram vitimas de um destino inevitável. Eles eram livre, capazes de serem influenciado por motivos e desejos, mas ainda com liberdade perfeita para seguir o caminho que lhes agradasse. Mas, eles permitiram a si mesmos receberem algo que não era de Deus. Não foi qualquer necessidade rigorosa, mas pela escolha determinada de sua própria vontade, uma entrega voluntária dos seus corações à tentação, que os levou a cometer o primeiro pecado.
Devemos lembrar também que como o pecado deveria ser punido, isto é, a maneira e alcance da punição, não é para o homem culpado decidir, mas foi determinado o decreto pelo próprio Deus, (Dt 9.5; Rm 6.23; Mt 25.41).
“Posto à prova, porém, o homem mostrou-se infiel, desprezando a glória de que estava revestido, ao duvidar da bondade e da fidelidade do Senhor, deixando-se seduzir pela mentira ilusória de Satanás (Gn 3.1-19). Assim, ao desobedecer a única proibição imposta por Deus (Gn 2.17), o homem tornou-se pecador, colocando toda a criação debaixo da maldição divina (Gn 3.19).
O pecado e sua consequente maldição causaram (leia Gn 3 e Rm 8.22).
1. Quebra da comunhão com Deus e expulsão da sua presença (Gn 3.23 e 24; Is 59.1,2);
2. A introdução da dor, da fadiga e do sofrimento na Terra (Gn 3.16-19);
3. A morte, geralmente precedida das mais variadas enfermidades sobre o homem (Gn 3.19 e 19; Rm 5.12);
4. O pecado é hereditário e extremamente contagioso, havendo-se disseminado nas formas mais diversas, infames e vis (Rm 1.18-32).
5. O pecado leva o homem ao inferno (Rm 3.23; Gl 5.19-21; Mt 7.23; Ap 21.8).
O homem ao pecar fica separado de Deus e debaixo da maldição (e juízo receberá o castigo).  A Bíblia descreve dois efeitos do pecado sobre o culpado; primeiro, é seguido por consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o decreto da condenação eterna.
Antes da queda, Deus e Adão estiveram em comunhão um com o outro; depois da queda, essa comunhão foi quebrada ou interrompida (Gn 3.8-9). Nossos primeiros pais tiveram o sendo do desagrado de Deus para com eles. Eles haviam desobedecido ao comando explícito de Deus para não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, e foram culpados de um crime. Eles sabiam que haviam perdido sua posição diante de Deus e que se achavam sob condenação. Então, em vez de buscar a comunhão com Deus, tentaram fugir dele, com vergonha (Gn 3.7-10), remorso e medo (Gn 3.10) e culpa, sentimento que nunca experimentaram antes.
Sua consciência não lhes permitiu descanso, então tentaram transferir a responsabilidade. Adão disse que Eva, a mulher que tu me deste, o levou a pecar (Gn 3.12). Eva acusou a serpente (Gn 3.13). Eram culpados, mas tentaram passar a responsabilidade para outros.
A sentença bíblica é sem apelação. No Antigo Testamento diz que a alma que pecar morrerá (Ez 18.4). O salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Por isso, a morte foi uma consequência direta do pecado de nossos primeiro pais (Gn 2.17).
A morte é um castigo, não uma extinção da personalidade, e sim, o meio de separação de Deus. Há três fases desta morte: morte espiritual, enquanto vive, mas não crê em Deus (Ef 2.1; 1ª Tm 5.6); morte física (Hb 9.27); e a segunda morte ou morte eterna, que é a separação e condenação eterna sem Deus (Ap 21.8; Jo 5.28-29).

1.      A morte espiritual. 
A morte espiritual é a separação entre a alma e Deus. O pecado separa o homem de Deus; como consequência do pecado, o homem morreu espiritualmente (Ef 2.1-5). A morte espiritual significa culpa e também corrupção. O castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é primariamente esta morte espiritual (Gn 2.17; Rm 5.21). Por ela, o homem perdeu a presença, a comunhão intima e o desejo por Deus. Por estar morto espiritualmente falando, o homem precisa ser revivido dos mortos (Lc 15.32; 105.24; 8.51).
Foram arruinados moralmente. Deus havia dito a Adão sobre o fruto proibido: “no dia que dele comerdes, certamente morrerás” (Gn 2.17; Rm 6.23). Esta morte, em primeiro lugar, é morte espiritual ou uma separação da pessoa de Deus; ela aconteceu no momento em que pecaram. Isto implica também que se tornaram depravados. A palavra depravados do latim “pravus”, significa torto e literalmente “depravatus” que quer dizer muito torto. Pelo pecado de Adão toda a humanidade ficou sob o domínio de Satanás.
Se o corpo se torna depravado, a mente, então, provavelmente vai ser afetada. O intelecto pode ficar desorientado involuntariamente, por causa da deterioração do corpo físico. Porém, os membros corpóreos se tornam servos da injustiça. O que não pode ser literalmente não santo, pode ser usado de uma forma não santa.
Quanto as emoções, os desejos, apetites e paixões, podem cair em desordem e anomalia involuntária. A humanidade, certamente, está depravada fisicamente. Não existe saúde perfeita do corpo entre todos os seres humanos que vivem neste mundo. Podemos dizer também que os apetites, as paixões e as tendências do homem estão num estado de desenvolvimento doentio.
Só existe uma maneira do homem se tornar puro e buscar a comunhão e a vida eterna com Deus. Deste assunto trataremos nos próximos capítulos.

2.      A morte física.
De acordo com as Sagradas Escrituras, a morte física é o término da vida física pela separação de corpo e espírito. Isto não significa aniquilação. A morte física não é uma cessação da existência, mas, um rompimento das relações naturais da vida. É impossível dizer exatamente o que é a morte em sua essência. A Bíblia a descreve como “dormir” (Dt 31.16; Jo 11:11); deixar este tabernáculo (2ª Pe 1.14); descer ao silêncio (Sl 115.17); expirar (At 5.10); tornar ao pó (Gn 3.19) e partir (Fp 1.23). Convém notar que a morte física, para o crente, deixa de ser uma pena ou castigo, como acontece com o descrente. Para o incrédulo não só indica separação entre o corpo e alma, entre o indivíduo e tudo quanto lhe é querido na terra; mas, sobretudo, significa a separação eterna dele e Deus. Pois, sobrevindo-lhe a morte física, esta sela o seu destino eterno. Do ponto de vista bíblico tanto a morte física, como a morte eterna, é o resultado do pecado (Rm 5.12; 6.23).
Quando Deus disse: “certamente morrerás” para a desobediência do homem, ele também incluiu o corpo. A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Devido ao pecado, veio a morte física. As Sagradas Escrituras nos mostram a morte física como parte do castigo do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Este é o ensino de Gn 3.19; Nm 16.29; 27.3. Este ensino é também encontrado no Novo Testamento (Rm 5.12-21; 6.9-10; 8.3, 10,11; 1ª Co 15.12-23).
Não somente o pecado entrou no mundo, mas “pelo pecado a morte”. O pecado paga aos seus servos; “o salário é a morte”. Também que “o aguilhão da morte é o pecado” (1ª Co 15.5-6), ou “é o pecado que dá a morte o seu aguilhão”. O pecado em geral produz a morte (Tg 1.15; Rm 6.16; Tg 5.10).
A palavra morte do grego é (thonotos) que se refere à morte física (separação do corpo da alma; Hb 7.13), ou a morte espiritual (separação do homem de Deus; Jo 5.24), ou as duas juntas (conforme romanos 5.12).
Deus falou com Adão em Gn 2.17 “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” e em Gênesis 3.19 disse Deus: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás”.
A morte é o efeito ou consequência do pecado: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).
“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. Pela ofensa de Adão veio o julgamento para todos os homens.
Imediatamente depois da transgressão Deus disse a Adão: “tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19). O primeiro casal perdeu o privilégio da imunidade à morte física. Embora eles não morressem no momento em que comeram o fruto proibido, seus corpos ficaram sujeitos a mortalidade (Gn 3.16-19).
Em Gênesis 3.22-24, diz que o casal foi expulso do jardim para não comerem da árvore da vida, porque Deus não quis que os corpos caídos e depravados tivessem imortalidade, que teriam sido uma penalidade mais rubra e mais profunda. A morte física foi uma penalidade do pecado.
“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17). Se pela desobediência de um homem veio a morte, mas pela a obediência de um só, muitos se tornaram justo (gr. dikaiosune). Como resultado do ato de desobediência de Adão, muitos se tornaram pecadores; da mesma forma como resultado do ato de obediência de Cristo, muitos se tornarão justos. Entretanto, para o cristão a morte física não é mais um castigo, pois, Cristo sofreu a morte como castigo do pecado. Para o crente, ela se torna como um sono para o corpo, e como um portal para a alma, através do qual ele entra em plena comunhão com seu Senhor (2ª Co 5.8; Fp 1.21-23; 1ª Ts 4.13-14). Uma outra tradução diz: “Pois assim, como por causa da sua relação com Adão todos os homens morrem, assim também por causa da sua relação com Cristo eles serão trazidos a vida novamente”. Falaremos da morte vicária de Cristo e da vida eterna com Cristo mais tarde.

3.      A morte eterna.
Quando a Bíblia diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20). A consequência do pecado leva a morte física e espiritual. Neste caso a Bíblia refere-se a separação eterna de Deus, ou seja, a condenação eterna pelos atos praticados contra Deus. “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (25.46).
A palavra grega para “eterna” é “aionios” que quer dizer: sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será, nunca termina, eterno. Por outro lado quando a Bíblia fala da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os pecadores existem no inferno.
“Vida” significa viver em comunhão com Deus e no seu favor – comunhão que a morte não pode interromper ou destruir (Jo 11.25-26). É uma vida que proporciona união consciente com Deus, a fonte da vida.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e desgraçada.

A morte eterna é simplesmente o auge, o cume e a consumação da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e Deus, juntamente com o remorso, isto é, a inquietação da consciência por culpa ou crime que se cometeu e castigo eterno (Mt 10.8; 25.1; 2ª Ts 1.9; Ap 14.10-11). O peso total da ira de Deus desce sobre os condenados, isto significa morte no sentido mais terrível da palavra. O homem tem sempre diante de si dois caminhos a escolher: o do bem e o do mal. Tem sempre duas vontades: a própria e a de Deus. Adão escolheu a vontade própria, em vez de escolher a de Deus. Ele fez uma escolha egoísta, em vez de uma escolha altruísta. Escolheu a morte, em vez da vida. Tudo quanto aconteceu a ele próprio e à raça humana são consequências justíssimas da decisão que Adão tomou no Éden. Nenhuma pessoa pode escolher o caminho do egoísmo, e queixar-se depois com os resultados. Ninguém pode escolher a morte e queixar-se quando ela chegar. Não pode escolher o caminho da perdição eterna e queixar-se por não chegar ao céu (Dt 30.11-20; Jr 21.8; Mt 7.13-29).

Pr. Elias Ribas