TEOLOGIA EM FOCO

domingo, 5 de março de 2017

A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO


Salvação e santificação são a obra redentora realizada por Jesus no homem integral: espírito, alma e corpo. A Bíblia afirma que fomos eleitos “desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito” (2ª Ts 2.13). Esta verdade está implícita no evangelho de João 19.34, que diz que do lado ferido do corpo de Jesus fluíram, a um só tempo, sangue e água. Isto é, sangue poderoso de Cristo nos redime de todo o pecado, mas a água também nos lava de nossas impurezas pecaminosas. Cristo morreu “para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso e de boas obras” (Tt 2.14). Portanto, para que alcancemos a salvação é necessário ter uma vida santificada.

I.     A DEFINIÇÃO DA PALAVRA SANTO

A palavra santo no grego hagios e no heb. Kadosh, quer dizer separado. Santo então é separar do mundo e aparatar-se do pecado, consagrar a fim de termos ampla comunhão com Deus e servi-lo com alegria. É aquele que se separa do mal, e dedica-se ao serviço de Deus, é o ato de santificar; tornar sagrado; dedicado exclusivamente para Deus; ter uma vida de santificação, ou seja, ter qualidades específicas que nos mantenham ou nos levem à separação das pessoas pecadoras que vivem longe da presença de Deus.
Santo do Lat. Sanctitatem, significa perfeição moral; estado de quem se destaca pela natureza.
Ambas as palavras no original representam um indivíduo que pela fé crê no sacrifício de Jesus, e separa-se do mundo e de tudo que no mundo há.

II.      SER SANTO SIGNIFICA UMA SEPARAÇÃO DO PECADO

“Mas a vós outros vos tenho dito: em herança possuireis a sua terra, e eu vo-la darei para a possuirdes, terra que mana leite e mel. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos separei dos povos. 26. Ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.24,26).
Deus escolheu Abraão, separando de outros povos e prometeu ser o pai de uma grande nação. Abraão seria pai de um povo de quem Jeová seria Deus (Gênesis 17.7) e por meio do qual Deus viria ao mundo. A nação resultante de Israel prenunciava um povo espiritual e ideal no qual Deus teria o que desejava.
Assim Deus queria que viesse agir Israel, que foi libertada dos laços de Faraó para habitar na terra que mana leite e mel, mas na terra havia outros povos que não conheciam a Deus e viviam em práticas pagãs, o que levou Deus a todo momento a adverti-los para que viessem a guardar os seus mandamentos e se separarem para o uso exclusivo de Deus, para não caírem no laço das outras Nações, pois Deus sabe que a palavra é um meio de santificação, separação (Jo 17.17). Mas o povo tinha a velha natureza, o velho homem, que dificultou muito o povo e tem dificultado os cristãos de hoje em dia a se livrarem dos maus hábitos.
“...vos separei dos povos...”. A palavra é usada para distinguir entre o santo e o profano, entre o especial e o vulgar: “Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.18).
Santo significa uma retidão moral de um caráter imaculado, demonstrada na pureza do crente diante de Deus, na obediência à sua Palavra e na inculpabilidade desse crente diante do mundo (Fp 2.14-15; Cl 1.22; 1ª Ts 2.10).
“Retirar-vos, retirar-vos, saí de lá, não toqueis coisas imundas; saí do meio dela, purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor” (Is 52.11).
O cristão é chamado por Deus para viver uma vida irrepreensível, correta e pura perante o Senhor Deus, e separada do mundo.
“A fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos” (1ª Ts 3.13).

Santificação. O substantivo hagiasmos, o mesmo que santificação é usado em alusão a total separação do homem para com Deus (1ª Co 1.30, 2ª Ts 2.13, 1ª Pe 1.2), e ao curso de vida adequado aos que são separados (1ª Ts 4.3, 4-7; Rm 6.19-22; 1ª Tm 2.15).
A santificação envolve: a separação ao mundo e a sua completa dedicação ao serviço de Deus: “Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra” (2ª Tm 2.21).
Santo é o crente que vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. É exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do pecado.
Santificação é um processo pelo qual a condição moral da pessoa é elevada à conformidade com seu estado legal perante Deus. Santificação é um ato subsequente a regeneração, pelo qual os crentes são libertos do pecado original e de suas depravações, e trazidos num estado de inteira devoção a Deus, e a obediência santa de amor perfeito.
Santificação no sentido próprio da palavra é uma libertação instantânea de todo o pecado, e inclui poder instantâneo, dado sempre para manter-se fiel a Deus.
O ser santificado não é nada mais ou menos do que uma completa remoção do coração, daquilo que é inimizade contra Deus.
Segundo o NT, a santificação não é descrita como um processo lento, de abandonar o pecado pouco a pouco. Pelo contrário, é apresentada como um ato definitivo mediante o qual, o crente, pela graça, é liberto da escravidão de Satanás e rompe totalmente com o pecado a fim de viver para a Deus (Rm 6.18; 2ª Co 5.17; Ef 2.4-6; Cl 3.1-3).
O cristão, pela graça que Deus lhe deu, morreu com Cristo e foi liberto do poder e domínio do pecado (Rm 6.18); por isso, não precisa nem deve pecar. E sim obter a necessária vitória no Seu Salvador, Jesus Cristo. Mediante o Espírito Santo, temos a capacidade para não pecar (1ª Jo 3.6), embora nunca cheguemos à condição de estarmos livres da tentação e da possibilidade do pecado.
No mesmo tempo, no entanto, a santificação é descrita como um processo vitalício mediante o qual continuamos a mortificar os desejos pecaminosos da carne (Rm 8.1-17), somos progressivamente transformados pelo Espírito à semelhança de Cristo (2ª Co 3.18), crescemos na graça (2ª Pe 3.18), e devotamos maior amor a Deus e ao próximo (Mt 22.37-39; 1ª Jo 4.10-12, 17-21).
A nossa santificação é realmente mediante a renúncia ao pecado e a o seguir a santidade. Mediante a rendição total da própria vida (Rm 12.1; 6.12-13, 19). Uma rendição que é voluntária, completa e definitiva (final) é uma ação necessária para que o crente possa experimentar inteira santificação. Uma entrega definitiva da vida para Deus constitui a condição suprema para a santificação prática. Se o homem que ser santo, ele deve oferecer a si mesmo a Deus, para que este possa realizar esta obra nele.

III.   POR QUE SER SANTO

1.      Porque Deus é santo.
“Disse o Senhor a Moisés: Fala a toda congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.1-2).
A Bíblia diz que nosso Deus é santíssimo: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos” (Is 6.3; AP 4.8). A santidade de Deus é intrínseca, absoluta e perfeita (Ap 15.2; Lv 19.2). É o atributo que melhor expressa sua natureza. No cristão, porém, a santificação não é um estado absoluto, é relativo assim como a lua, que não tendo luz própria, reflete a luz do sol (Hb 12.10; Lv 21.8).

2.      Santidade é uma ordem divina.
“Sede santo, por que eu sou santo” (1ª Pe 1.16; Lv 11.44; Lv 19.1, 2). “Santos serão a seu Deus e não profanarão o nome do seu Deus, porque oferecem as ofertas queimadas do SENHOR, o pão de seu Deus; portanto, serão santos” (Lv 20.6).
A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei do pecado” (Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordena que sejamos santos (1ª Pe 1.16; Lv 11.44; AP 22.111), Pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1ª Co 3.17).
Sendo Deus Santo exige dos Seus filhos a santificação. A ideia principal de santidade é a separação dos modos ímpios do mundo e dedicação a Deus, por amor, para o seu serviço e adoração. Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10), é ficar perto de Deus, e, de todo coração, buscar sua presença, sua justiça e sua comunhão.
Seria zombaria para Deus exigir o que Ele não proveria. Santidade seria impossível se não fosse pela graça de Deus, (Sl 51.10; Mt 5). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1ª Pe 1.15-16). O poder do Espírito na obra da santificação é operação capacitadora do Espírito Santo na vida do crente.

3.      Santidade sempre foi a prioridade de Deus para Seu povo.

“Se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos removais no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4. 21-24).

Porque é à vontade de Deus.
A santificação no AT. foi a vontade de Deus para o povo israelita; eles tinham o dever de levar uma vida santificada, separada da maneira de viver dos povos à sua volta: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êx 19.5-6).
Como parte do propósito de Deus para os israelitas ao tirá-los do Egito, eles deviam ser um reino sacerdotal (separados e consagrados ao serviço de Deus) e uma nação santa. Da mesma forma os crentes do NT, devem ser um reino de sacerdotes (1ª Pe 2.5-9). Um povo santo, separado do modo ímpio de vida do mundo e que anda nos caminhos justos de Deus e na Sua santa vontade.
“Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus” (1ª Ts 4.3-5).
Santificação envolve a morte do velho homem, isto é, a pessoa que você era antes da sua salvação, para que nosso corpo, que era o instrumento do poder do pecado, fosse feito ineficaz e inativo para com o mau e para que não mais sejamos escravos do rei do pecado. Mediante a obra sobrenatural de Deus, a pessoa é liberta do poder do pecado que dominava sua vida. A nova pessoa que somos em Cristo Jesus, vive em novidade de vida.
Santificação foi um quesito que Deus sempre exigiu de Seu povo, tanto no VT, quanto no NT. Alguém acha que por estarmos vivendo num período de graça, Deus tem a obrigação de tolerar um amontoado de imundícias que vem tomando conta da Sua Igreja, está muito equivocado. À vontade de Deus para Sua Igreja é que haja uma separação das coisas e maneiras más. (1ª Ts 4.3).
Santificação envolve o homem todo: espírito, alma e corpo (1ª Ts 5.23). Santificação ocorre na vida interior do homem, no seu coração; e, sendo que o homem interior está liberto e mudado, haverá mudança também na sua vida diária. O corpo é o órgão ou instrumento da alma, pelo qual as inclinações, hábitos e paixões pecaminosas se expressam. Santificação do corpo envolve o emprego dos membros como implementos de volição santas (Rm 6.12.13; Cl 3.5). Também aparece nas Escrituras que santificação afeta todo os poderes ou faculdades da alma: o entendimento (Ef 4.13; Rm 12.2; Cl 3.1-2; Jo6.45)), a vontade (Ez 36.25-27; Fp 2.13), as paixões (Gl 5.24) e no espírito, a consciência (Tt 1.15; Hb 9.14; 2ª Co 7.1).

4.      Santo significa um revestimento da plenitude de Cristo.

“Para que sejais cheios de toda a plenitude de Cristo” (Ef 3.19). A maior motivação para sermos santo é a esperança da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. A mesma vida que foi separada do mundo e entregue a Deus. A santificação plena tem de acontecer nesta vida.
Paulo ordena a Igreja em Éfeso que se tornem perfeitos e cheguem “à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).
Na carta de Paulo aos efésios capítulo 4 verso 13, Paulo ora pela santificação plena dos crentes nesta vida. Está implícito em estarmos “arraigados e fundados em amor” e “cheios de toda a plenitude de Deus” que somos tão perfeitos em nossa medida e de acordo com nossa capacidade, segundo Deus é. Se nos mostrarmos cheios da plenitude de Deus implica em um estado de santificação plena.

5.        Porque era o propósito de Cristo.
A santidade foi o propósito de Cristo para Seu povo quando Ele veio a esta terra (Mt 1.21; 1ª Co 1.2, 30).
“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.25-27).

6.      Porque já estava nos planos de Deus.
A santidade foi o propósito de Deus para Seu povo quando Ele planejou sua salvação. “...como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fossemos santos, irrepreensíveis diante dele em caridade” (Ef 1.4).

5. Porque fomos chamados para ser santos. “À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santo, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1ª Co 1.2).

IV.   A FASE OU O ATO DA SANTIFICAÇÃO

De acordo com a Bíblia, a santificação do crente é tríplice: Posicional, progressiva e futura.
Esta fase de santificação é instantânea e tem duplo aspecto: posicional e prático ou experimental. É simultânea com nossa aceitação de Cristo como Salvador e Senhor. Os dois aspectos da santificação que estão incluídos nesta fase são muito semelhantes.

1.      Santificação posicional.
A santificação posicional, referente à posição moral, santa e perfeita em Cristo e é Deus que faz. As Escrituras ensinam que no momento em que o homem crê em Cristo, ele é “santificado”. Isto fica claro pelo fato que crentes são chamados “santos” no Novo Testamento, (1ª Co 1.2; Ef 1.1; 6.8; Cl 1.2; Hb 10.9-10, 14; Jd 3). Dos Coríntios, Paulo, explicitamente diz que “fostes santificados” (1ª Co 6.11). Em efésios ele fala do “aperfeiçoamento dos santos” (Ef 4.12), e exorta seus leitores a andar “como convém a santos” (Ef 5.3). Há certo sentido, por conseguinte, em que cada verdadeiro crente já está santificado. Mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, feita “uma vez por todas”, fomos separados do pecado e para Deus – “aperfeiçoados para sempre” (Hb 10.10, 14), no que concerne nossa posição perante Deus. No momento que o homem crê em Jesus como Salvador, ele é santificado posicionalmente. Envolve um ato declaratório que pronuncia a alma santa, acompanhada pela graça concomitante que liberta do poder do pecado. O mesmo ato que introduz no estado de justificação, coloca-o imediatamente na posição de santificação.

2.        Santificação progressiva.
É a santificação prática e experimental, aplicada ao viver diário do crente. Nesse aspecto, a santificação do crente pode ser aperfeiçoada (2ª Co 7.1), como o novo nascimento é exigido para o começo da vida cristã (Jo 3.3). Os crentes mencionados em Hebreus 10.10 já haviam sido santificados, e continuavam sendo santificados (vv. 10-14).
Deus quer cresçamos “na graça e no conhecimento do nosso Salvador Jesus Cristo” (2ª Pe 3.18); que cresçamos e aumentemos “no amor uns para com os outros e para com todos” (1ª Ts 3.12); e prossigamos para conquistar aquilo para o que também fomos conquistados (Fp 3.12); e como diz Paulo: “Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2ª Co 7.1); e como 2ª Co 3.18 e Ef 4.11-15 que diz: ser transformados na imagem de Cristo.
A santificação realmente é progressiva porque somos exortados a continuar progredindo cada vez mais (1ª Ts 3.12; 4.1, 9-10), nas graças da vida cristã. Existe realmente, o “aperfeiçoamento da santificação”, Os dons ministeriais à Igreja, de apóstolo, profeta, evangelista, pastores e mestres, tem o propósito de aperfeiçoar os santos na semelhança de Cristo até que, finalmente, atinjam o padrão divino (Ef 4.11-15).

3.      Santificação futura.
É Deus é quem santifica: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensível para vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Ts 5.23).
Trata-se da santificação completa e final (1ª Jo 3.2) A santificação tem início no começo da salvação do crente, é progressiva com sua vida nesta terra, e atingirá o seu clímax e perfeição quando Cristo voltar buscar os Seus (conf. 1ª Ts 4.16-17). Como cristãos somos salvos da culpa e da penalidade do pecado, podemos ser libertos do poder do pecado, podemos ser aperfeiçoados em santidade aqui, mas o tempo chegará quando seremos salvos da presença do pecado. A nossa salvação da presença do pecado acontecerá (Ap 21.27), quando virmos o Senhor, ou na morte ou na Sua vinda (Hb 9.27; Jd 24; 1ª Ts 3.12-13; 1ª Jo 3.2). Não haverá mais possibilidade de pecar depois disso (Ap 2.7; 22.11). O corpo do crente também está glorificado (Fp 3.20-21; Rm 8.23-24).
A decisão determina caráter e caráter determina o destino. Se as advertências bíblicas não são suficientes, não há nada mais que Deus possa fazer. “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap 22.11- 12).
A escolha deliberada que os homens fazem nesta vida, fixa o destino inalterável das pessoas para a eternidade. Céu ou inferno. O caráter designará o seu destino.
Jesus exige de seus discípulos e aos homens a serem “perfeitos, como é perfeito o vosso Pai” (Mt 5.48) e a serem santos em “todo o vosso espírito, e alma, e corpo” (1ª Ts 5.23).
A igreja precisa entender que a consagração plena significa algo menos que a santificação plena ou a perfeição cristã.

V.      A SANTIFICAÇÃO É UMA OBRA DO DEUS TRINO

1. Deus Pai santifica o crente, concedendo-lhe a santificação de Cristo. “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1ª Co 1.30). Deus mostra Sua sabedoria por meio da justiça, santificação e redenção que temos em Cristo.

2. Cristo santifica o crente por ter dado sua vida por Ele. O Filho a comprou (Hb 10.10, 14; 13.12; Ef 5.25-27) e produz santidade nele (2ª Co 4.11; Jo 17.18-19; Hb 13.12; Ef 5.15-27; 1ª Jo 1.7-9).
“E a favor deles eu me santificou a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade” (Jo 17.19).

3. O Espírito Santo santifica o crente, libertando-o da “lei do pecado e da morte” (Rm 8.2); ajudando o crente a fazer morrer os feitos do corpo (Rm 8.13), e produzindo o “fruto do Espírito” (Gl 5.22-23).
Podemos ver, então, uma definição de cada Pessoa da Trindade em nossa santificação. É nosso Deus que consagra o crente para Si mesmo e o separa do pecado. Quem faz isso é o Deus Trino: Pai, Filho e Espírito Santo; cada Pessoa se incumbe com Seu papel respectivo. Resumindo, Deus Pai planejou a santificação; Deus Filho providenciou-a; Deus Espírito realiza-a.
O homem em si mesmo não pode fazer nada para se santificar (2ª Co 3.5; 5.17-18). E embora o homem seja privilegiado em cooperar com o Espírito de Deus, vamos lembrar que ele pode fazer isso somente em virtude da graça e força que o Espírito partilha com ele dia-a-dia. O desenvolvimento espiritual do homem não é então uma realização humana, mas uma obra da graça divina. O homem porém na santificação dependendo de Deus, isto é, ele trabalha porquê e porquanto o Espírito Santo trabalha nele (Rm 8.13-14; Gl 5.16-19). Portanto, cada novo impulso espiritual que o crente tem, e cada nova boa obra, é impulsionado e executado nele mediante o gracioso poder do Espírito Santo (Fp 1.6; 2.13). Embora a ação na santificação seja sobrenatural, e a habitação e operação do Espírito Santo são requeridas, não apenas para iniciar, mas para continuar o crescimento na graça, mesmo assim, Ele opera normalmente por vários meios. O homem não merece crédito nenhum porque tudo quanto ele contribui à sua santificação é ser apenas instrumento nas mãos de Deus. Paulo diz aos filipenses: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13).

VI.   PARA QUE SER SANTO

1. Para ver a Deus. A santificação é para todo o crente em Cristo. As Escrituras declaram que sem a santificação ninguém verá a Deus (Hb 12.14).
Deus é santo e exige de seus filhos a santidade como Ele na verdade é santo. E sem esta santidade ninguém O verá. A santificação é o ato de preparar-se para ver a Deus. Acima de todas as coisas, a santidade é a prioridade de Deus para os Seus seguidores (Ef 4.21-22).
A palavra “seguir”, quer dizer: “procurar”, “perseguir”, como Paulo de Tarso persegui e segui os cristão. Não podemos ser relaxados em ser santos. A santidade de Deus requer a nossa santificação (1ª Pe 1.15-16).
Uma criatura não santa não tem lugar no favor e no seio de Deus santo. Santificação é o que Deus espera do crente (Rm 6.15; 1ª Co 15.3-4; 1ª Jo 2.1; 3.6; Sl 119.1-4,11; Ju 24).

2. Para ser um vaso de honra, santificado e idôneo: Para ser útil a Deus. Sem santidade, ninguém poderá ser útil a Deus: “Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra” (2ª Tm 2.20-21).

3. Para anunciar as virtudes de Cristo. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1ª Pe 2.9).
Somos uma geração eleita por Deus com a finalidade de anunciar Sua excelência, bem como seguir Seus passos e Seus exemplos deixados por Cristo Jesus.

4. Para ter intimidade com Deus. Sem santidade, ninguém terá intimidade nem comunhão com Deus: “Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade” (Sl 15.1-2).

VII.COMO PODEMOS OBTER A SANTIFICAÇÃO

O pecado original não é erradicado da carne, por si mesma (pois não haveria morte), nem pode ser libertar por observância de regras e regulamentos (pois a lei não santifica - Legalismo) e não pode tentar subjugar a carne por privações e sofrimentos. A santificação somente acontece após o novo nascimento.

1. É Deus é quem santifica. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensível para vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Ts 5.23).

2. Somos santificados observando a Palavra de Deus. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). “Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26). “Vós já estais limpo pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3).
A santificação só é possível mediante a obediência integra a Santa Palavra do Senhor.

3. Somos santificados pela Palavra e a oração. “Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificado” (1ª Tm 4.5).
A Palavra de Deus serve para nos orientar o caminho certo, nos purificar, lavar e santificar o nosso espírito, alma e corpo para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
A santificação não vem pelos sacrifícios, mas unicamente pela Palavra. Nem mesmo o jejum tem este poder.
A verdade em si mesma, certamente não tem nenhuma eficiência adequada para santificar o crente, mas o Espírito Santo pode usá-la em nossas vidas. As Escrituras revelam o estado do coração e mostram o remédio para as falhas. As Escrituras servem para incentivar a atividade espiritual por apresentar motivos e dar direção através de proibições, exortações e exemplos.
Mediante o conhecimento da verdade e uma entrega definitiva da vida para Deus constitui a condição suprema para a santificação prática. É Deus que precisa fazer o homem santo. Se o homem quer ser santo, ele deve oferecer a si mesmo a Deus, para que este possa realizar esta obra nele.

4. Somos santificados pelo sangue de Jesus. “Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta” (Hb 13.12).

5. Somos santificados pelo poder regenerador do Espírito Santo. “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1ª Pe 1.2). “...porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito Santo” (2ª Ts b).
Somos eleitos, ou seja, escolhido por Deus para vivermos uma vida santifica no Espírito. Fomos lavados, santificados e justificados, em nome de Jesus Cristo e no Espírito Santo de Deus, (1ª Co 6.11). Pregando a Palavra de Deus, seremos agradáveis e santificados pelo Espírito Santo de Deus, (Rm 15.16). É o Espírito Santo de Deus que realiza em nós a santificação, que purifica do pecado nossa alma e nosso espírito, que renova em nós a imagem de Cristo e que nos capacita, pela comunicação da graça, a obedecer a Deus segundo a Sua Palavra (Gl 5.16, 22, 23, 25).

6. Os filhos de Deus são Santificados mediante a fé.
Fé na obra redentora de Cristo é a causa mediadora ou condicional de santificação. Aquele que crê em Cristo é santificado posicionalmente, pois Cristo é naquele momento feito para ele santificação (1ª Co 1.30). Mas também é mediante a fé que o crente torna-se na experiência e na prática separado do poder do pecado para Deus (At 26.18; 15.9; Hb 13.12-13; Gl 6.14; Cl 2.12). Devemos lembrar que o objeto da nossa fé é Cristo Jesus. Santificação não começa olhando por dentro, mas por estar em Cristo e olhando para Ele.
O homem não se torna santificado em experiência nem cresce em santificação por fazer esforço para experimentar ou crescer, mas colocar a si mesmo nas condições de crescimento, por viver e permanecer em Cristo. A lua não faz esforço para brilhar, nem poder em si mesma para brilhar. Ela brilha somente por refletir a luz do sol. À medida que permanecemos em Cristo, reconhecemos o que temos nele e confiando nele, refletimos Cristo em nossa vida.
A Bíblia não ensina que um grau mais alto de fé é necessário para santificação do que justificação. A fé envolve temor a Deus e a Sua Palavra sem duvidar ou raciocinar. É fé independente de todo o sentimento e desapegado de qualquer outra dependência senão só de Cristo.
Na comissão divina do apóstolo Paulo extraímos um grande exemplo de santificação pela fé: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.18).
Este versículo é uma declaração típica feita pelo Senhor Jesus daquilo que Ele quer realizar através da pregação do Evangelho.
Jesus veio a este mundo “para abrir os olhos dos cegos”. Satanás cegou a mente dos perdidos para não verem a realidade da sua condição de perdidos que perecem, nem a verdade de Cristo Jesus, no poder do Espírito Santo, seu entendimento será aberto (2ª Co 4.5; Ef 1.18).

6.1. “Os converteres...”. Satanás é o governante deste mundo, e todos que não têm Cristo estão sujeitos ao controle de Satanás e escravizados pelo seu poder. O espírito de Satanás age em todos os pecadores, ou seja, nos filhos da desobediência (Ef 2.2). A proclamação do evangelho, no poder do Espírito Santo, libertará homens e mulheres do poder de Satanás e os colocará no reino de Cristo (Cl 1.13; 1ª Pe 2.9). “A fim de que recebam a remissão dos pecados”. O perdão de Deus vem mediante a fé em Cristo, firmada nos méritos da Sua morte sacrificial na cruz.

6.2. “Santificados pela fé”. Aquele que é perdoado, liberto do domínio do pecado e de Satanás, está separado do mundo e agora vive para Deus, na comunhão com todos os demais salvos pela fé em Cristo.

VIII.       ESTORVOS À SANTIFICAÇÃO DO CRENTE

Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver em santidade. Vejamos alguns:
1.      Desobediência.
Desobedecer de modo consciente, continuo e obstinadamente à conhecida vontade do Senhor (Êx 19.5-6).

2.      Comunhão com as trevas.
Comungar com as obras infrutíferas das trevas (Rm 13.12); com os ímpios, seus costumes mundanos e suas falsas doutrinas (Ef 5.3; 2ª Co 6.14-17).

3.      Erros a respeito da santificação.
O pecador não percebe sua necessidade de santificação. Sua culpa e condenação no começo ocupam sua atenção, somente mais tarde ele vem a ver sua necessidade. Mas se o pecador convertido não tiver um discipulado eficiente, poderá portanto, mais tarde, caracterizar sua santificação com as tradições e regaras humanas. Erros a respeito da santificação, poderão portanto, confundir qualquer cristão imaturo e com isto vir a cair da graça (Gl 1.6-7). O próprio Pedro enganou-se a respeito da santificação (At 10.10-15). Vejamos o que não é santificação bíblica:

3.1. Exterioridade (Mt 23.25-28). Usos, práticas e costumes. Este último, quando bom, deve ser o efeito da santificação, e não a causa (Ef 2.10).
Grande parte dos pentecostais atribuem tradições legadas dos pais (usos e costumes), como meio de santificação. Há líderes que ensinam sua igreja dizendo que pecar é transgredir as tradições e regras da igreja. Portanto o próprio Jesus combateu estes ensinos (Mt 15.1-8). Os costumes são hábitos criados pelos homens, podendo ser mau ou bom dependendo como ele usa.
As diferenças no ensino de hoje, faz necessário também que olhemos cuidadosamente o ensino das Escrituras concernentes a esta doutrina. Não devemos adaptar a doutrina à luz de nossa vida, mas sim, ajustar nossa vida à doutrina.
Santificação é uma obra sobrenatural de Deus realizada por Sua graça e amor para com aquele que buscam um dia estar com Deus. Ela não é portanto, uma mera reforma moral feita por motivo de consciência, da opinião dos outros, nem de auto interesse, nem de autodisciplina, nem de auto esforço, nem poder da vontade nem pelos recursos humanos. Esta reforma externa simplesmente deixa o caráter interior, diante de Deus, inalterado. É Deus o autor da obra sobre natural de santificação e não o homem. É algo feito por Ele, não algo que nós fazemos (Ef 5.26; Tt 2,14).


3.2. Maturidade cristã. Não pelo tempo que algo se torna limpo, mas pela ação continua da limpeza. A maturidade cristã varia, como se vê em 1ª Jo 2.12-13: “Filhinhos”; “pais”; “jovens”.

Pr. Elias Ribas

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O NOVO NASCIMENTO


João 3.1-10 “E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2- Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 3- Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. 4- Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? 5- Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6- O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7- Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 8- O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9- Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso? 10- Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?”

INTRODUÇÃO. O capítulo 3 de João, Jesus traz um ensinamento sobre o novo nascimento que é um dos fundamentos da fé cristã e carrega em seu conteúdo versículo bíblico, mais lido de todos os tempos (João3.16).

Novo nascimento é um ato exclusivo de Deus na vida do homem, transformando sua inclinação ao mal em uma disposição para fazer o bem, capacitando-o através do Espírito Santo a fazer aquilo que é correto diante dele. A verdade de que o homem precisa nascer de novo, isto é, a necessidade da regeneração, é um dos pontos centrais da teologia cristã.

Embora o destino do homem seja o de glorificar a Deus e viver com Ele por toda eternidade, a sua inerente e depravada natureza impede-o de fazer tanto uma coisa como outra. Além do veredito que absorveu do pecado, o homem precisa de uma transformação espiritual total do seu caráter. Essa transformação é a regeneração.

I. CONTEXTO HISTÓRICO

1. Quem era Nicodemos. Seu nome é grego e significa “vencedor do povo” ou “vitorioso sobre o povo”.

Nicodemos era um líder religioso bem-intencionado. V. 1 “E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.”

Nicodemos era um fariseu e príncipe entre os judeus.

Ele fazia parte do sinédrio. De forma bem resumida, o Sinédrio era um tipo de Corte Suprema dos judeus que se reunia em Jerusalém. O sinédrio era composto de 70 homens. No tempo de Jesus, a jurisdição do Sinédrio era tanto civil quanto, de certa maneira, criminal.

2. O encontro de Jesus e Nicodemos. V. 2 “Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.”

2.1. Porque Nicodemos foi ter de noite com Jesus? Porque temia a repreensão do sinédrio, foi ter de noite com Jesus.

2.2. Nicodemos sabia que Jesus era Rabi. “e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

·         Jesus era Mestre;

·         Enviados por Deus;

·         Visto que ninguém poderia realizar tal milagres, se Deus não estiver com Ele.

3. Nicodemos era um mestre da Tora. V. 10 “Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?”

Apesar ser mestre não sabia o que era “nascer de novo”. Vs 4-5 “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?

4. Nicodemos se tornou um cristão? João 19.39,40 “E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés. 40- Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro.”

Após a última referência sobre Nicodemos na Bíblia, nada mais se sabe de concreto sobre ele.

II. O QUE É O NOVO NASCIMENTO

Existem duas palavras na Bíblia (regeneração e novo nascimento), que tem o mesmo sentido, e ambas refere-se a uma mudança de vida.

1. O significado do termo. Existem aqui duas palavras gregas que podem transmitir um duplo significado, quando traduzidas para o português. O adjunto adverbial grego “anothen” admite os significados “de novo” e o verbo “geneto” nascimento. A expressão nascer de novo do grego pode ser interpretada como “nascer de cima” ou “nascer do alto.

2. O que significa regeneração. Tito 3.5 “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.”

A palavra regeneração do grego paliggenesia significa: novo nascimento, renovação. Sua etimologia vem de duas palavras gregas “palin” (“de novo”) e “genesis” (“geração”). Estas duas palavras normalmente são traduzidas como “nascer de novo”, mas poderiam ser traduzidas “gerado” e “de cima” (Jo 3.3,4; 1ª Pe 1.3; 2ª Co 5.17; Gl 6.15). Sem esse nascimento espiritual, ninguém pode conhecer as coisas espirituais (1ª Co 2.10, 13-16) nem entrar no Reino de Deus (v. 5).

A palavra regeneração não significa voltar à vida, ou reencarnar como é ensinado no espiritismo. A regeneração é uma mudança de vida, obra do Espírito Santo.

III. COMO ACONTECE O NOVO NASCIMENTO

Existem ao menos três principais explicações para esta expressão. O espiritismo entende que é a reencarnação. Alguns acham que isto significa a cerimônia de batismo. Outros identificam a água como símbolo da Palavra de Deus e com a pessoa do Espírito Santo.

A primeira regra da hermenêutica diz que a Bíblia interpreta a própria Bíblia. Qualquer ensinamento com base em revelações e fora da Sagradas Escritura é uma heresia. Portanto, vamos estudar este tema com base na Palavra de Deus.

Jo 3.3-5 “Na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. 4- Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? 5- Jesus respondeu: Na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.

1. O novo nascimento é necessário para entrar no céu. Jo 3.3 “Na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.

2. O novo nascimento é espiritual. Jo 3.5 “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”

A água é o símbolo da Palavra de Deus. O Espírito Santo, transforma o homem numa nova criatura. O Espírito Santo e a Palavra de Deus têm dupla função na vida do homem.

O novo nascimento não é a água do batistério e também não é a reencarnação. É o lavar regenerador do Espírito Santo.

3. A água simboliza a Palavra. Efésios 5.26 “Para santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra.”

3.1. A água serve para limpar algo que está sujo. Jo 15.3 “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.”

O homem nasce sujeito ao pecado (Sl 51.5), a Palavra limpa o homem interior.

3.2. O primeiro passo para o homem ser regenerado é ouvir a Palavra de Deus. Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.”

3.3. Somos gerados pela Palavra. Tg 1.18 “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.”

“...ele nos gerou pela palavra.” Como já vimos acima, a palavra gerou no grego paliggenesia significa “nascimento de novo” “novamente”; “de novo”; “nascimento”.

Satanás com sua astúcia enganou Adão e Eva levando ao pecado (Gn 3.1-7). O homem foi destituído da glória de Deus (Rm 3.23). Mas, pela Sua vontade, “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (Jo 3.17-18).

Aquele que ouvir pregação do evangelho e crer no Filho de Deus como seu salvador, é gerado de novo pela redenção de Cristo Jesus (Ef 1.6,12,14).

4. Nascer do Espírito. O Espírito Santo e a Palavra de Deus têm dupla função na vida do homem.

Mediante aceitação da Palavra pelo ouvinte, o Espírito Santo transforma numa nova criatura.

4.1. O Espírito convence o homem do pecado. João 16.8 “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.

O Espírito Santo, é o único capaz de promover o tipo de transformação indispensável para a nossa vida.

4.2. O novo nascimento não é mérito do homem, mas unicamente do Espírito Santo. Tt 3.5 “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo.”

“Não pelas obras de justiça...”. A causa da nossa salvação não se baseia em nossas próprias boas obras, mas unicamente do Espírito Santo.=

“...lavagem da regeneração...” A palavra traduzida como “lavagem” λούω (louō) ocorre no Novo Testamento aparece duas vezes e significa “enxaguar, lavar com água”.

Ef 5.26 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.”

A palavra “lavagem da água” não significa “pia”, ou o recipiente para lavagem. Portanto, essa palavra não pode ser aplicada corretamente à fonte batismal. Observe que Paulo diz: “purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.”

O batismo é uma das ordenanças de Jesus. Marcos 16.16, “Quem crer e for batizado será salvo.” Mas o batismo em si não salva o homem, é um ato público de fé. O ladrão da cruz não foi batizado, mas reconheceu o seu pecado por isso Jesus disse: “hoje mesmo estará comigo no paraíso” (Lc 23.43).

“...purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.” A água do lavatório fala da Palavra de Deus (Ef 5.26). O propósito claro na morte de Jesus: santificar Sua igreja, feita com a lavagem de água, ação da Palavra de Deus na vida daqueles que já foram alcançados pelo sangue de Jesus.

O símbolo da Palavra com a água não se refere ao batistério. A Palavra é o instrumento remoto e anterior do novo nascimento; batismo, o instrumento próximo. A Palavra, o instrumento para o indivíduo; batismo, em relação à sociedade dos cristãos.

“E renovação pelo Espírito Santo.” Ef 4.23,24 “E vos renoveis no espírito da vossa mente. 24- E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.”

A salvação implica numa lavagem da água pela Palavra e numa regeneração que o Espírito Santo faz no interior do homem, ou seja, “no espírito da vossa mente.” Portanto, é um absurdo pensar que as águas do batismo de uma criança é que regeneram, porque a criança não tem entendimento ou consciência.

5. O novo nascimento não é a relação física entre o homem e a mulher, mas algo sobrenatural. Jo 3.6-7 “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7- Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.”

1ª Pe 1.23 “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre.”

Novamente aparece a palavra gerados pela Palavra, isto é, pela pregação da Palavra de Deus. Disse Paulo: “e como ouvirão, se não há quem pregue? (Rm 10.14). Sem a pregação da Palavra de Deus, não haverá regeneração no homem.

Observe que Pedro afirma que o novo nascimento não é de uma semente corruptível (a semente do homem e da mulher), mas é da semente incorruptível pela Palavra, que permanece para sempre. Quando o homem responde positivamente a esta mensagem, aceitando a Cristo pela fé, é que terá lugar a transformação divina no coração.

Observe a diferença entre os dois nascimentos, o primeiro nascimento é carnal; o segundo é espiritual, transformando os que passam por ele em homens espirituais. Esses dois nascimentos são opostos entre si: o primeiro vem de pais pecadores e acontece à imagem deles; o segundo vem de Deus e acontece à imagem d’Ele. O primeiro é de semente corruptível, o segundo, de incorruptível. O primeiro acontece em pecado, o segundo, em santidade e justiça. Por meio do primeiro nascimento, os homens são corrompidos e depravados; pelo segundo, eles se tornam consagrados e começam a ser santos.

A palavra de Deus é meio ou intermediário, para o Espirito Santo trabalhar na mente do homem. Nenhum ser vivo pode operar em si mesmo esse novo nascimento, como nenhum ser morto pode dar a vida a si mesmo.

Nós nascemos de novo do Espírito, mas não sem o uso de meios, mas pela palavra de Deus. A palavra não é o próprio princípio gerador, mas apenas aquilo pelo qual o homem recebe a semente incorruptível do Espírito Santo, e assim se torna um “nascido de novo” (Jo 3.3-5).

“...pela viva palavra de Deus...”. A Bíblia nos ensina que a Palavra do Senhor “é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos.” (Hb 4.12).

A Palavra é viva porque o Espírito de Deus que traz em si a semente da vida. A vida está em Deus, mas é comunicada a nós através da Palavra. É o único instrumento que penetra até a divisão alma e do espírito.

É porque o Espírito de Deus o acompanha que a palavra traz em si a semente da vida. Aqueles que assim nasceram de novo vivem e permanecem para sempre, em contraste com aqueles que semeiam na carne.

“...que permanece.” Mt 24.35 “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.” Céus e terra passarão, mas as palavras do Senhor hão de permanecer para sempre. Ou seja, a Palavra de Deus pronunciada desde toda a eternidade é eterna e permanece para sempre.

6. O novo nascimento não é obra humana, mas divina. Jo 1.13 “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

Jo 3.6 “O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito.”

A regeneração é o maior milagre que acontece na vida de um ser humano. E é Deus que opera esta renovação espiritual.

O novo nascimento é a obra sobrenatural e instantânea de Deus que concede nova vida ao pecador que aceita a Cristo como seu Salvador. Através deste milagre, ele é ressuscitado da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo). A regeneração é uma mudança profunda operada pelo Espírito Santo na vida do ser humano, é uma divina comunicação duma nova vida à alma do homem. O homem natural está morto pelas ofensas e pecados (Ef 2.1-2). Portanto, o homem natural é um ser cujo viver é deste mundo, isto é, o homem sem Deus está vivo para o pecado, para a carne e para o mundo, mas está morto para Deus. Deste modo, certamente ele não pode salvar-se a si mesmo. Somente Deus pode regenerá-lo. O morto espiritual não tem forças para regenerar-se.

7. O novo nascimento é uma obra pelo poder do Espírito Santo. Jo 3.8-9 “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9- Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?”

A palavra ruach no hebraico e pneuma no grego e significam “vento ou espírito”. O vento sopra onde quer. Não sabemos de onde vem nem para onde vai. Assim é todo o que é nascido do Espirito. O vento é livre, soberano e misterioso.

Assim é o Espírito também sopra onde quer e em quem quer. Ninguém segura o vento nem pode detê-lo ou domesticá-lo. A obra do Espírito é soberana e eficaz. Não podemos explicar o vento, mas podemos senti-lo e ouvir sua voz. Assim é a obra do Espírito Santo no novo nascimento.

A comparação que Jesus faz da obra do Espirito com o vento nos ensina, que não podemos vê-lo, mas podemos ver Seu efeito na vida dos convertidos.

7. O novo nascimento é uma mudança de vida. Ef 4.22-32 “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano. 23- E vos renoveis no espírito da vossa mente. 24- E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. 25- Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. 26- Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. 27- Não deis lugar ao diabo. 28- Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. 29- Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. 30- E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. 31- Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós. 32- Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.”

“.... quanto ao trato passado...”. Refere se à sua conduta anterior ou hábitos de vida, deixe de lado tudo o que pertence à natureza corrupta e decaída. Tudo o que procedeu do pecado; todo hábito, costume e modo de falar e de conduta resultantes da depravação devem ser deixados de lado.

“...vos despojeis do velho homem...”. Não podemos viver mais na prática do pecado. Precisamos agora despir do velho homem e viver uma vida digna e correta perante a sociedade e o Senhor Deus.

Como disse o apóstolo Paulo: “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.” (Rm 6.6).

Gl 2.20 “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”

“E vos revistais do novo homem...”. O novo homem se refere à natureza nova, ou nova criatura, ou a nova criação” (2ª Co 5.17), e refere-se à condição depois que o coração é trocado.

Segundo Deus...”. Isto é, a imagem de Deus na qual o primeiro Adão foi corrompida, é restaurada, para nós muito mais gloriosamente no segundo Adão, a imagem do Deus invisível (2ª Co 4.4; Cl 1.15; Hb 1.3).

A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Deus: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos de nossa carne e éramos por natureza filhos da ira. Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2.2-3).

8. Somos gerados para uma viva esperança na ressureição de Jesus Cristo. 1ª Pe 1.3 “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo, dentre os mortos.”

O nosso espírito, também é chamado na Bíblia de “Homem interior” (1ª Co 5.16) ou “Homem interior do coração” (1ª Pe 3.4) e em muitas outras passagens do novo testamento podemos ver essa verdade.

Ele nos deu vida. Ef 2.5 “E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos.”

O homem sem Jesus no seu coração está morto espiritualmente. Mas pela fé, mediante a conversão e o arrependimento, o seu espírito nasce de novo. E essa vida só é outorgada a nós mediante os méritos de Cristo Jesus pelo Seu sacrifício na cruz do Calvário.

Paulo afirma que todos estamos mortos espiritualmente e só vamos ter acesso ao Reino de Deus se nascermos de novo. Portanto, entenda isso, quando ele diz “nos deu vida”, é o mesmo que dizer, “nasceu de novo”.

9. A regeneração é obra da graça de Deus. Tt 2.11-12, 14 “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.”

Deus se aproximou de todos nós com o intuito de nos resgatar de nossas iniquidades. Pela Sua graça o Espírito Santo age na vida interior do homem, provocando o entendimento de que Deus, nos amou de tal forma que nossa salvação está segura, para todos aqueles que crer em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.

IV. O NOVO NASCIMENTO É UMA TRANSFORMAÇÃO TOTAL

1. É uma mudança radical. Tudo se faz novo (2ª Co 5.17); nova vida (Jo 3.3-5); novidade de vida (Rm 6.4); novo alvo (Fp 3.14); novo testemunho (Gl 1.23-24); novo cântico (Sl 40.4); novo homem (Ef 2.15); novas bênçãos (At 3.19); nova incumbência (Lc 22.32), etc.

2. Estamos mortos para o pecado. Rm 6.11 “Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.”

Você morreu para o pecado quando nasceu de novo pelo Espírito (Jo 3.3-5). Você recebeu o poder de Cristo para resistir ao pecado (vs. 1 4- 1 8); para morrer diariamente para o pecado, aniquilando os maus desejos da carne (8.13) e vivendo uma nova vida em obediência a Deus (vs. 5-23).

Agora o velho homem foi crucificado com Cristo (Gl 2.20). Portanto, o cristão não é a mesma pessoa de antes de sua conversão; ele é uma nova criatura em Cristo (2ª Co 5.17).

1ª João 3.9 “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.”

3. É uma mudança de mente. Rm 12.2 “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, qual seja a boa e agradável e perfeita vontade de Deus.”

 A regeneração é uma mudança de pensamento ou uma mudança de opinião. E só pode ser verdadeiro se tiver uma genuína conversão e um verdadeiro arrependimento.

Conformar no original suschematizo que quer dizer: conformar-se com a mente e caráter de alguém; ao padrão de outro; moldar-se de acordo com.

Transformar é moldar a nossa mente e caráter segundo a Palavra de Deus, que é nossa regra de fé e de vida. É uma transformação de entendimento, uma metamorfose, ou seja, mudar a maneira de pensar, agir e viver, tendo a mente de Cristo (cf. 1ª Co 2.16). Devemos deixar os preceitos e injustiças do mundo, o pecado e a corrupção e viver segundo os padrões bíblicos.

4. Tornando-se uma nova criatura. 2ª Co 5.17 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”

Ef 4.22-24 “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano. E vos renoveis no Espírito do vosso entendimento. E vos revistais do novo homem, que segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade”.

Ef 2.1 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”. 

Cl 3.10 “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.”

Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).

5. O novo nascimento é uma mudança de coração. Ez 36.25-27 “Então espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardareis os meus juízos, e os observeis”.

Regeneração consiste em uma mudança radical da disposição governante da alma. O coração é uma vida interior com seus pensamentos, sentimos onde sentimos a emoção. É o centro da nossa vida interior e pessoal. É o nosso centro governante (Pv 4.23). O coração do não regenerado é perverso (Pv 12.8; Hb 3.12), rebelde (Jr 5.25), insensato (Rm 1.21), maligno (Pv 26.23) e endurecido (Mt 13.15).

Uma vez que o homem se volta para Deus, o seu espírito, alma e corpo, são restaurados segundo a “imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2ª Co 3.18b), ao propósito original de Deus, em cada pessoa que nasceu de novo.

9. É uma transladação espiritual. Cl 1.13 “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor.”

V. OS RESULTADOS DEFINIDOS DO NOVO NASCIMENTO

1. Estabelecimento da justiça como prática de justiça. 1ª Jo 2.29 “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.”

Um sinal da regeneração é que a pessoa é confirmada à vontade divina e que temos comportamento correto e moral aceitável a Deus.

2. Limpo de coração. Sl 24.3-5 “Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.”

Quem há de permanecer no seu santo lugar? É a pergunta do salmista. O lugar onde Deus está já diz: “santo”, e para permanecer lá deve se santificar. Santidade e regeneração é necessário para ver a Deus (Hb 12.14; Jo 3.3-5). Aquele que é regenerado mostra através de seus atos: “puro, não entrega a sua alma a falsidade (adoração de outros deuses), e nem jura dolosamente”. Importante ressaltar que é necessário ter uma vida digna e conforme a verdade para entrar no lugar santíssimo de Deus.

3. Não peca mais. 1ª Jo 3.9 “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.”

1ª Jo 5.18 “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado.”

O apóstolo João diz que ninguém nascido de novo, deliberadamente e conscientemente, pratica habitualmente o pecado. Ele não pode viver pecando, não porque seja impossível pecar, mas antes “como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6.2).

4. Vitória sobre o mundo. 1ª Jo 5.18 “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge.”

João diz que: “aquele que é nascido de novo está constantemente vencendo o mundo. Isto é deve ser porque a luta está em progresso e o cristão recebe constantemente forças para vencer. Mas também ele diz que “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”, ou mais literalmente: “esta é a vitória que vence o mundo uma vez para sempre, a nossa fé.

Como obter essa fé? Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. A Palavra de Deus, é o instrumento para que tenhamos fé. Pela Palavra Jesus venceu Satanás no deserto. (Mt 4.1-10).

Assim a pessoa regenerada goza de certos privilégios, como ser guardado (protegido) por Deus dos ataques do diabo.

5. Ama seu próximo. 1ª Jo 4.7 “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.”

O amor tem sua origem em Deus e pertence à esfera divina. João não está dizendo que qualquer pessoa que mostre amor é um filho de Deus, mas sendo que somos filhos de Deus, devemos estar amando aos outros porque este amor se origina com Deus.

6. Uma fé viva em Cristo. 1ª Jo 5.1 “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.”

Aquele que é nascido (gerado) de Deus, se refere a pessoas transformadas e renovadas pela fé, verdadeiramente crê que Jesus é o Cristo (Messias), e que também ama o que é gerado por Ele. Como todos os filhos de uma família amam seu pai em comum, assim deve ser na grande família da qual Deus é o Cabeça.

VI. OS TRÊS EFEITOS DA NOVO NASCIMENTO

1. Posicionais (adoção). Torna-se filho e beneficiário dos privilégios (Gl 4.1-7).

2. Espirituais (união com Deus). Mediante o Espírito Santo, resulta em novo caráter; crente deve manter contato com Deus, preservando e nutrindo sua vida espiritual (2ª Pe 1.4 e Rm 6.4).

3. Práticos. Pessoa nascida odiará o pecado, 1ª Jo 3.9 e 5.8; em obras de justiça, amor fraternal e vitória que vence o mundo.

Observação: Estamos sujeitos a falhar: (Não podemos habituar com o pecado, mas se pecarmos, não voluntariamente, de forma premeditada, temos o bom advogado (1ª Jo 2.1 e 3.9) Temos que vigiar e orar.

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A DOUTRINA DA CONVERSÃO


O homem sem Jesus está morto em seus delitos, precisa ouvir o evangelho da salvação, precisa crer, arrepender-se e converter-se de seus pecados.

Salvação é obra de Deus para com o homem e não a obra do homem para com Deus. O homem é completamente incapaz e agradar a Deus por si próprio, pois leva sobre si a sentença da “morte espiritual”. Deus tomou a iniciativa da redenção, efetuando a provisão para a salvação, pela morte e ressurreição do Seu Filho, e deste modo ajudou o homem a aceitar esta provisão pelo poder do Seu Espírito Santo.

Somente uma coisa Deus não podia fazer ao promover a salvação: forçar o homem à aceita-la. Vem então a pergunta: “Que devo fazer para ser salvo?” A resposta é voltar-se para Deus com fé, tendo as mãos vazias, e Ele as encherá por sua misericórdia. Essa nossa ida a Deus implica rejeitar todo pecado, sem tentar obter a nossa salvação por esforços humanos. Significa abandonar todos os nossos pecados através de um total e sincero arrependimento. Este ato de rejeitar o pecado e aceitar a Deus como nossa salvação, é chamado conversão.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA CONVERSÃO

“Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19).

A palavra conversão no grego epistrophe, significa literalmente: “volver, voltar-se, virar e retomar; virar para a direção oposta”. É uma mudança voluntária da mente do pecador, qual ele vira para Cristo. De acordo com a Bíblia, esta palavra é usada para descrever a mudança total que ocorre na vida da pessoa que abandona o pecado e vem para Deus, para receber o perdão e libertação dos pecados. Conversão é uma mudança de pensamentos e opiniões, de desejos e vontades, que envolve a convicção de que a direção anterior da vida era insensata e errônea e altera todo o curso da vida. A conversão é o resultado do ato consciente do pecador pelo qual ele, pela graça de Deus, volta-se para Deus com arrependimento e fé (Is 31.6; Ez 14.6; 18.32; 33.9-11; Mt 18.3; At 3.19).

A conversão está muito relacionada com o arrependimento e a fé, pois andam juntos (At 3.19; 26.10). O arrependimento é a mudança interna, no coração; enquanto que a conversão é o abandono do pecado em relação com o mundo e suas concupiscências (1ª Jo 2.16). Enquanto o arrependimento refere-se à mudança total do homem e sua nova atitude para com Deus, a conversão expressa nova posição para com o mundo e o pecado. O homem que estava andando no caminho do pecado e da perdição (caminho largo), faz uma mudança de direção e passa a andar no caminho estreito que conduz a salvação (Mt 7.13-14). Na primeira pregação do apóstolo Pedro no dia do pentecoste ele disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (At 3.19). E sem está conversão não podemos entrar no reino do céu (Mt 18.3).

O segundo ato da conversão é a pessoa crer em Deus, voltando-se para Ele e abraçando a vida eterna: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.30).

A conversão pode ser ilustrada da seguinte forma: Imagine um homem andando num caminho que leva à destruição e condenação eterna causada pelo pecado. Quando ele é avisado do que vai lhe acontecer em breve, ele reconhece seu erro, e vira-se para a direção oposta. Em busca da justiça e da salvação. Todavia ele é salvo não somente porque deixou o caminho do pecado, mas porque ele se voltou para Cristo. Enquanto seu olhar permanecer na obra redentora de Cristo, ele estará salvo da destruição e condenação eterna: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22). “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.2).

Na parábola do Filho pródigo (Lucas 15.17-20), Jesus deixou um grande exemplo de conversão e arrependimento:

1. O primeiro passo para salvação é reconhecer que é pecador. “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome”.

2. Segundo passo foi sua decisão de retornar a casa se seu pai. “Levantar-me-ei, e irei ter com meu Pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante Ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros”.

3. O último passo foi o de agir, com o coração arrependimento e com fé. Podemos analisar que houve uma conversão sincera, pois ele “levantou-se”, deixou o “chiqueiro” do pecado e “foi para seu pai”, iniciando, uma nova maneira de viver.

Está história nos ensina outra verdade relacionada à conversão. Observe que o filho pródigo achava que seu pai estava zangado com ele e que teria que primeiro obter seu favor e perdão. O filho estava disposto a ser tratado como empregado e servo da família a fim de conseguir, aos poucos, o favor e as boas graças do pai.

Ainda hoje, muita gente faz penitencia, acende velas, cumpre as tradições e dogmas de sua igreja, maltrata seu corpo, procurando aplacar uma suposta ira de Deus. Tal atitude, embora pareça louvável, é realmente um insulto à graça de Deus e à obra consumada do Calvário. Deus já aplacou sua ira contra o pecado quando seu Filho morreu por causa dele (2ª Co 5.19-20). Tudo o que precisamos fazer agora, é irmos a Ele e aceitar o seu amor e perdão.

Observe que o pai do pródigo abraçou e beijou o filho, alegrando-se com sua volta, antes que o filho tivesse oportunidade de pedir um simples emprego (Lc 15.10-21). Afinal de contas ele não teve oportunidade de fazer este pedido, mas a ação de retornar arrependido fez com que o pai se compadecesse dele, restaurado à posição de filho. Fé e arrependimento são os elementos da conversão.

 “... deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1ª Ts 1.9).


“....vos convertestes a Deus...”. Não são os santos que se convertem a si mesmos, no sentido de que se voltam ou se entregam, até que sejam persuadidos pelo Espírito Santo. Deus os converte, no sentido de que Ele de modo eficaz os atrai ou os persuade. Os santos se voltam, no sentido de que essa volta seja um ato próprio de cada um. Deus os converte, no sentido de que Ele os induz ou produz a sua conversão.

Pr. Elias Ribas