TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O NOVO NASCIMENTO


João 3.1-10 “E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2- Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 3- Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. 4- Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? 5- Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6- O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7- Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 8- O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9- Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso? 10- Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?”

INTRODUÇÃO. O capítulo 3 de João, Jesus traz um ensinamento sobre o novo nascimento que é um dos fundamentos da fé cristã e carrega em seu conteúdo versículo bíblico, mais lido de todos os tempos (João3.16).

Novo nascimento é um ato exclusivo de Deus na vida do homem, transformando sua inclinação ao mal em uma disposição para fazer o bem, capacitando-o através do Espírito Santo a fazer aquilo que é correto diante dele. A verdade de que o homem precisa nascer de novo, isto é, a necessidade da regeneração, é um dos pontos centrais da teologia cristã.

Embora o destino do homem seja o de glorificar a Deus e viver com Ele por toda eternidade, a sua inerente e depravada natureza impede-o de fazer tanto uma coisa como outra. Além do veredito que absorveu do pecado, o homem precisa de uma transformação espiritual total do seu caráter. Essa transformação é a regeneração.

I. CONTEXTO HISTÓRICO

1. Quem era Nicodemos. Seu nome é grego e significa “vencedor do povo” ou “vitorioso sobre o povo”.

Nicodemos era um líder religioso bem-intencionado. V. 1 “E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.”

Nicodemos era um fariseu e príncipe entre os judeus.

Ele fazia parte do sinédrio. De forma bem resumida, o Sinédrio era um tipo de Corte Suprema dos judeus que se reunia em Jerusalém. O sinédrio era composto de 70 homens. No tempo de Jesus, a jurisdição do Sinédrio era tanto civil quanto, de certa maneira, criminal.

2. O encontro de Jesus e Nicodemos. V. 2 “Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.”

2.1. Porque Nicodemos foi ter de noite com Jesus? Porque temia a repreensão do sinédrio, foi ter de noite com Jesus.

2.2. Nicodemos sabia que Jesus era Rabi. “e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

·         Jesus era Mestre;

·         Enviados por Deus;

·         Visto que ninguém poderia realizar tal milagres, se Deus não estiver com Ele.

3. Nicodemos era um mestre da Tora. V. 10 “Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?”

Apesar ser mestre não sabia o que era “nascer de novo”. Vs 4-5 “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?

4. Nicodemos se tornou um cristão? João 19.39,40 “E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés. 40- Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro.”

Após a última referência sobre Nicodemos na Bíblia, nada mais se sabe de concreto sobre ele.

II. O QUE É O NOVO NASCIMENTO

Existem duas palavras na Bíblia (regeneração e novo nascimento), que tem o mesmo sentido, e ambas refere-se a uma mudança de vida.

1. O significado do termo. Existem aqui duas palavras gregas que podem transmitir um duplo significado, quando traduzidas para o português. O adjunto adverbial grego “anothen” admite os significados “de novo” e o verbo “geneto” nascimento. A expressão nascer de novo do grego pode ser interpretada como “nascer de cima” ou “nascer do alto.

2. O que significa regeneração. Tito 3.5 “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.”

A palavra regeneração do grego paliggenesia significa: novo nascimento, renovação. Sua etimologia vem de duas palavras gregas “palin” (“de novo”) e “genesis” (“geração”). Estas duas palavras normalmente são traduzidas como “nascer de novo”, mas poderiam ser traduzidas “gerado” e “de cima” (Jo 3.3,4; 1ª Pe 1.3; 2ª Co 5.17; Gl 6.15). Sem esse nascimento espiritual, ninguém pode conhecer as coisas espirituais (1ª Co 2.10, 13-16) nem entrar no Reino de Deus (v. 5).

A palavra regeneração não significa voltar à vida, ou reencarnar como é ensinado no espiritismo. A regeneração é uma mudança de vida, obra do Espírito Santo.

III. COMO ACONTECE O NOVO NASCIMENTO

Existem ao menos três principais explicações para esta expressão. O espiritismo entende que é a reencarnação. Alguns acham que isto significa a cerimônia de batismo. Outros identificam a água como símbolo da Palavra de Deus e com a pessoa do Espírito Santo.

A primeira regra da hermenêutica diz que a Bíblia interpreta a própria Bíblia. Qualquer ensinamento com base em revelações e fora da Sagradas Escritura é uma heresia. Portanto, vamos estudar este tema com base na Palavra de Deus.

Jo 3.3-5 “Na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. 4- Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? 5- Jesus respondeu: Na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.

1. O novo nascimento é necessário para entrar no céu. Jo 3.3 “Na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.

2. O novo nascimento é espiritual. Jo 3.5 “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”

A água é o símbolo da Palavra de Deus. O Espírito Santo, transforma o homem numa nova criatura. O Espírito Santo e a Palavra de Deus têm dupla função na vida do homem.

O novo nascimento não é a água do batistério e também não é a reencarnação. É o lavar regenerador do Espírito Santo.

3. A água simboliza a Palavra. Efésios 5.26 “Para santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra.”

3.1. A água serve para limpar algo que está sujo. Jo 15.3 “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.”

O homem nasce sujeito ao pecado (Sl 51.5), a Palavra limpa o homem interior.

3.2. O primeiro passo para o homem ser regenerado é ouvir a Palavra de Deus. Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.”

3.3. Somos gerados pela Palavra. Tg 1.18 “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.”

“...ele nos gerou pela palavra.” Como já vimos acima, a palavra gerou no grego paliggenesia significa “nascimento de novo” “novamente”; “de novo”; “nascimento”.

Satanás com sua astúcia enganou Adão e Eva levando ao pecado (Gn 3.1-7). O homem foi destituído da glória de Deus (Rm 3.23). Mas, pela Sua vontade, “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (Jo 3.17-18).

Aquele que ouvir pregação do evangelho e crer no Filho de Deus como seu salvador, é gerado de novo pela redenção de Cristo Jesus (Ef 1.6,12,14).

4. Nascer do Espírito. O Espírito Santo e a Palavra de Deus têm dupla função na vida do homem.

Mediante aceitação da Palavra pelo ouvinte, o Espírito Santo transforma numa nova criatura.

4.1. O Espírito convence o homem do pecado. João 16.8 “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.

O Espírito Santo, é o único capaz de promover o tipo de transformação indispensável para a nossa vida.

4.2. O novo nascimento não é mérito do homem, mas unicamente do Espírito Santo. Tt 3.5 “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo.”

“Não pelas obras de justiça...”. A causa da nossa salvação não se baseia em nossas próprias boas obras, mas unicamente do Espírito Santo.=

“...lavagem da regeneração...” A palavra traduzida como “lavagem” λούω (louō) ocorre no Novo Testamento aparece duas vezes e significa “enxaguar, lavar com água”.

Ef 5.26 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.”

A palavra “lavagem da água” não significa “pia”, ou o recipiente para lavagem. Portanto, essa palavra não pode ser aplicada corretamente à fonte batismal. Observe que Paulo diz: “purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.”

O batismo é uma das ordenanças de Jesus. Marcos 16.16, “Quem crer e for batizado será salvo.” Mas o batismo em si não salva o homem, é um ato público de fé. O ladrão da cruz não foi batizado, mas reconheceu o seu pecado por isso Jesus disse: “hoje mesmo estará comigo no paraíso” (Lc 23.43).

“...purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.” A água do lavatório fala da Palavra de Deus (Ef 5.26). O propósito claro na morte de Jesus: santificar Sua igreja, feita com a lavagem de água, ação da Palavra de Deus na vida daqueles que já foram alcançados pelo sangue de Jesus.

O símbolo da Palavra com a água não se refere ao batistério. A Palavra é o instrumento remoto e anterior do novo nascimento; batismo, o instrumento próximo. A Palavra, o instrumento para o indivíduo; batismo, em relação à sociedade dos cristãos.

“E renovação pelo Espírito Santo.” Ef 4.23,24 “E vos renoveis no espírito da vossa mente. 24- E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.”

A salvação implica numa lavagem da água pela Palavra e numa regeneração que o Espírito Santo faz no interior do homem, ou seja, “no espírito da vossa mente.” Portanto, é um absurdo pensar que as águas do batismo de uma criança é que regeneram, porque a criança não tem entendimento ou consciência.

5. O novo nascimento não é a relação física entre o homem e a mulher, mas algo sobrenatural. Jo 3.6-7 “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7- Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.”

1ª Pe 1.23 “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre.”

Novamente aparece a palavra gerados pela Palavra, isto é, pela pregação da Palavra de Deus. Disse Paulo: “e como ouvirão, se não há quem pregue? (Rm 10.14). Sem a pregação da Palavra de Deus, não haverá regeneração no homem.

Observe que Pedro afirma que o novo nascimento não é de uma semente corruptível (a semente do homem e da mulher), mas é da semente incorruptível pela Palavra, que permanece para sempre. Quando o homem responde positivamente a esta mensagem, aceitando a Cristo pela fé, é que terá lugar a transformação divina no coração.

Observe a diferença entre os dois nascimentos, o primeiro nascimento é carnal; o segundo é espiritual, transformando os que passam por ele em homens espirituais. Esses dois nascimentos são opostos entre si: o primeiro vem de pais pecadores e acontece à imagem deles; o segundo vem de Deus e acontece à imagem d’Ele. O primeiro é de semente corruptível, o segundo, de incorruptível. O primeiro acontece em pecado, o segundo, em santidade e justiça. Por meio do primeiro nascimento, os homens são corrompidos e depravados; pelo segundo, eles se tornam consagrados e começam a ser santos.

A palavra de Deus é meio ou intermediário, para o Espirito Santo trabalhar na mente do homem. Nenhum ser vivo pode operar em si mesmo esse novo nascimento, como nenhum ser morto pode dar a vida a si mesmo.

Nós nascemos de novo do Espírito, mas não sem o uso de meios, mas pela palavra de Deus. A palavra não é o próprio princípio gerador, mas apenas aquilo pelo qual o homem recebe a semente incorruptível do Espírito Santo, e assim se torna um “nascido de novo” (Jo 3.3-5).

“...pela viva palavra de Deus...”. A Bíblia nos ensina que a Palavra do Senhor “é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos.” (Hb 4.12).

A Palavra é viva porque o Espírito de Deus que traz em si a semente da vida. A vida está em Deus, mas é comunicada a nós através da Palavra. É o único instrumento que penetra até a divisão alma e do espírito.

É porque o Espírito de Deus o acompanha que a palavra traz em si a semente da vida. Aqueles que assim nasceram de novo vivem e permanecem para sempre, em contraste com aqueles que semeiam na carne.

“...que permanece.” Mt 24.35 “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.” Céus e terra passarão, mas as palavras do Senhor hão de permanecer para sempre. Ou seja, a Palavra de Deus pronunciada desde toda a eternidade é eterna e permanece para sempre.

6. O novo nascimento não é obra humana, mas divina. Jo 1.13 “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

Jo 3.6 “O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito.”

A regeneração é o maior milagre que acontece na vida de um ser humano. E é Deus que opera esta renovação espiritual.

O novo nascimento é a obra sobrenatural e instantânea de Deus que concede nova vida ao pecador que aceita a Cristo como seu Salvador. Através deste milagre, ele é ressuscitado da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo). A regeneração é uma mudança profunda operada pelo Espírito Santo na vida do ser humano, é uma divina comunicação duma nova vida à alma do homem. O homem natural está morto pelas ofensas e pecados (Ef 2.1-2). Portanto, o homem natural é um ser cujo viver é deste mundo, isto é, o homem sem Deus está vivo para o pecado, para a carne e para o mundo, mas está morto para Deus. Deste modo, certamente ele não pode salvar-se a si mesmo. Somente Deus pode regenerá-lo. O morto espiritual não tem forças para regenerar-se.

7. O novo nascimento é uma obra pelo poder do Espírito Santo. Jo 3.8-9 “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9- Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?”

A palavra ruach no hebraico e pneuma no grego e significam “vento ou espírito”. O vento sopra onde quer. Não sabemos de onde vem nem para onde vai. Assim é todo o que é nascido do Espirito. O vento é livre, soberano e misterioso.

Assim é o Espírito também sopra onde quer e em quem quer. Ninguém segura o vento nem pode detê-lo ou domesticá-lo. A obra do Espírito é soberana e eficaz. Não podemos explicar o vento, mas podemos senti-lo e ouvir sua voz. Assim é a obra do Espírito Santo no novo nascimento.

A comparação que Jesus faz da obra do Espirito com o vento nos ensina, que não podemos vê-lo, mas podemos ver Seu efeito na vida dos convertidos.

7. O novo nascimento é uma mudança de vida. Ef 4.22-32 “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano. 23- E vos renoveis no espírito da vossa mente. 24- E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. 25- Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. 26- Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. 27- Não deis lugar ao diabo. 28- Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. 29- Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. 30- E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. 31- Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós. 32- Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.”

“.... quanto ao trato passado...”. Refere se à sua conduta anterior ou hábitos de vida, deixe de lado tudo o que pertence à natureza corrupta e decaída. Tudo o que procedeu do pecado; todo hábito, costume e modo de falar e de conduta resultantes da depravação devem ser deixados de lado.

“...vos despojeis do velho homem...”. Não podemos viver mais na prática do pecado. Precisamos agora despir do velho homem e viver uma vida digna e correta perante a sociedade e o Senhor Deus.

Como disse o apóstolo Paulo: “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.” (Rm 6.6).

Gl 2.20 “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”

“E vos revistais do novo homem...”. O novo homem se refere à natureza nova, ou nova criatura, ou a nova criação” (2ª Co 5.17), e refere-se à condição depois que o coração é trocado.

Segundo Deus...”. Isto é, a imagem de Deus na qual o primeiro Adão foi corrompida, é restaurada, para nós muito mais gloriosamente no segundo Adão, a imagem do Deus invisível (2ª Co 4.4; Cl 1.15; Hb 1.3).

A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Deus: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos de nossa carne e éramos por natureza filhos da ira. Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2.2-3).

8. Somos gerados para uma viva esperança na ressureição de Jesus Cristo. 1ª Pe 1.3 “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo, dentre os mortos.”

O nosso espírito, também é chamado na Bíblia de “Homem interior” (1ª Co 5.16) ou “Homem interior do coração” (1ª Pe 3.4) e em muitas outras passagens do novo testamento podemos ver essa verdade.

Ele nos deu vida. Ef 2.5 “E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos.”

O homem sem Jesus no seu coração está morto espiritualmente. Mas pela fé, mediante a conversão e o arrependimento, o seu espírito nasce de novo. E essa vida só é outorgada a nós mediante os méritos de Cristo Jesus pelo Seu sacrifício na cruz do Calvário.

Paulo afirma que todos estamos mortos espiritualmente e só vamos ter acesso ao Reino de Deus se nascermos de novo. Portanto, entenda isso, quando ele diz “nos deu vida”, é o mesmo que dizer, “nasceu de novo”.

9. A regeneração é obra da graça de Deus. Tt 2.11-12, 14 “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.”

Deus se aproximou de todos nós com o intuito de nos resgatar de nossas iniquidades. Pela Sua graça o Espírito Santo age na vida interior do homem, provocando o entendimento de que Deus, nos amou de tal forma que nossa salvação está segura, para todos aqueles que crer em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.

IV. O NOVO NASCIMENTO É UMA TRANSFORMAÇÃO TOTAL

1. É uma mudança radical. Tudo se faz novo (2ª Co 5.17); nova vida (Jo 3.3-5); novidade de vida (Rm 6.4); novo alvo (Fp 3.14); novo testemunho (Gl 1.23-24); novo cântico (Sl 40.4); novo homem (Ef 2.15); novas bênçãos (At 3.19); nova incumbência (Lc 22.32), etc.

2. Estamos mortos para o pecado. Rm 6.11 “Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.”

Você morreu para o pecado quando nasceu de novo pelo Espírito (Jo 3.3-5). Você recebeu o poder de Cristo para resistir ao pecado (vs. 1 4- 1 8); para morrer diariamente para o pecado, aniquilando os maus desejos da carne (8.13) e vivendo uma nova vida em obediência a Deus (vs. 5-23).

Agora o velho homem foi crucificado com Cristo (Gl 2.20). Portanto, o cristão não é a mesma pessoa de antes de sua conversão; ele é uma nova criatura em Cristo (2ª Co 5.17).

1ª João 3.9 “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.”

3. É uma mudança de mente. Rm 12.2 “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, qual seja a boa e agradável e perfeita vontade de Deus.”

 A regeneração é uma mudança de pensamento ou uma mudança de opinião. E só pode ser verdadeiro se tiver uma genuína conversão e um verdadeiro arrependimento.

Conformar no original suschematizo que quer dizer: conformar-se com a mente e caráter de alguém; ao padrão de outro; moldar-se de acordo com.

Transformar é moldar a nossa mente e caráter segundo a Palavra de Deus, que é nossa regra de fé e de vida. É uma transformação de entendimento, uma metamorfose, ou seja, mudar a maneira de pensar, agir e viver, tendo a mente de Cristo (cf. 1ª Co 2.16). Devemos deixar os preceitos e injustiças do mundo, o pecado e a corrupção e viver segundo os padrões bíblicos.

4. Tornando-se uma nova criatura. 2ª Co 5.17 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”

Ef 4.22-24 “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano. E vos renoveis no Espírito do vosso entendimento. E vos revistais do novo homem, que segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade”.

Ef 2.1 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”. 

Cl 3.10 “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.”

Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).

5. O novo nascimento é uma mudança de coração. Ez 36.25-27 “Então espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardareis os meus juízos, e os observeis”.

Regeneração consiste em uma mudança radical da disposição governante da alma. O coração é uma vida interior com seus pensamentos, sentimos onde sentimos a emoção. É o centro da nossa vida interior e pessoal. É o nosso centro governante (Pv 4.23). O coração do não regenerado é perverso (Pv 12.8; Hb 3.12), rebelde (Jr 5.25), insensato (Rm 1.21), maligno (Pv 26.23) e endurecido (Mt 13.15).

Uma vez que o homem se volta para Deus, o seu espírito, alma e corpo, são restaurados segundo a “imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2ª Co 3.18b), ao propósito original de Deus, em cada pessoa que nasceu de novo.

9. É uma transladação espiritual. Cl 1.13 “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor.”

V. OS RESULTADOS DEFINIDOS DO NOVO NASCIMENTO

1. Estabelecimento da justiça como prática de justiça. 1ª Jo 2.29 “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.”

Um sinal da regeneração é que a pessoa é confirmada à vontade divina e que temos comportamento correto e moral aceitável a Deus.

2. Limpo de coração. Sl 24.3-5 “Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.”

Quem há de permanecer no seu santo lugar? É a pergunta do salmista. O lugar onde Deus está já diz: “santo”, e para permanecer lá deve se santificar. Santidade e regeneração é necessário para ver a Deus (Hb 12.14; Jo 3.3-5). Aquele que é regenerado mostra através de seus atos: “puro, não entrega a sua alma a falsidade (adoração de outros deuses), e nem jura dolosamente”. Importante ressaltar que é necessário ter uma vida digna e conforme a verdade para entrar no lugar santíssimo de Deus.

3. Não peca mais. 1ª Jo 3.9 “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.”

1ª Jo 5.18 “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado.”

O apóstolo João diz que ninguém nascido de novo, deliberadamente e conscientemente, pratica habitualmente o pecado. Ele não pode viver pecando, não porque seja impossível pecar, mas antes “como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6.2).

4. Vitória sobre o mundo. 1ª Jo 5.18 “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge.”

João diz que: “aquele que é nascido de novo está constantemente vencendo o mundo. Isto é deve ser porque a luta está em progresso e o cristão recebe constantemente forças para vencer. Mas também ele diz que “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”, ou mais literalmente: “esta é a vitória que vence o mundo uma vez para sempre, a nossa fé.

Como obter essa fé? Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. A Palavra de Deus, é o instrumento para que tenhamos fé. Pela Palavra Jesus venceu Satanás no deserto. (Mt 4.1-10).

Assim a pessoa regenerada goza de certos privilégios, como ser guardado (protegido) por Deus dos ataques do diabo.

5. Ama seu próximo. 1ª Jo 4.7 “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.”

O amor tem sua origem em Deus e pertence à esfera divina. João não está dizendo que qualquer pessoa que mostre amor é um filho de Deus, mas sendo que somos filhos de Deus, devemos estar amando aos outros porque este amor se origina com Deus.

6. Uma fé viva em Cristo. 1ª Jo 5.1 “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.”

Aquele que é nascido (gerado) de Deus, se refere a pessoas transformadas e renovadas pela fé, verdadeiramente crê que Jesus é o Cristo (Messias), e que também ama o que é gerado por Ele. Como todos os filhos de uma família amam seu pai em comum, assim deve ser na grande família da qual Deus é o Cabeça.

VI. OS TRÊS EFEITOS DA NOVO NASCIMENTO

1. Posicionais (adoção). Torna-se filho e beneficiário dos privilégios (Gl 4.1-7).

2. Espirituais (união com Deus). Mediante o Espírito Santo, resulta em novo caráter; crente deve manter contato com Deus, preservando e nutrindo sua vida espiritual (2ª Pe 1.4 e Rm 6.4).

3. Práticos. Pessoa nascida odiará o pecado, 1ª Jo 3.9 e 5.8; em obras de justiça, amor fraternal e vitória que vence o mundo.

Observação: Estamos sujeitos a falhar: (Não podemos habituar com o pecado, mas se pecarmos, não voluntariamente, de forma premeditada, temos o bom advogado (1ª Jo 2.1 e 3.9) Temos que vigiar e orar.

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A DOUTRINA DA CONVERSÃO


O homem sem Jesus está morto em seus delitos, precisa ouvir o evangelho da salvação, precisa crer, arrepender-se e converter-se de seus pecados.

Salvação é obra de Deus para com o homem e não a obra do homem para com Deus. O homem é completamente incapaz e agradar a Deus por si próprio, pois leva sobre si a sentença da “morte espiritual”. Deus tomou a iniciativa da redenção, efetuando a provisão para a salvação, pela morte e ressurreição do Seu Filho, e deste modo ajudou o homem a aceitar esta provisão pelo poder do Seu Espírito Santo.

Somente uma coisa Deus não podia fazer ao promover a salvação: forçar o homem à aceita-la. Vem então a pergunta: “Que devo fazer para ser salvo?” A resposta é voltar-se para Deus com fé, tendo as mãos vazias, e Ele as encherá por sua misericórdia. Essa nossa ida a Deus implica rejeitar todo pecado, sem tentar obter a nossa salvação por esforços humanos. Significa abandonar todos os nossos pecados através de um total e sincero arrependimento. Este ato de rejeitar o pecado e aceitar a Deus como nossa salvação, é chamado conversão.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA CONVERSÃO

“Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19).

A palavra conversão no grego epistrophe, significa literalmente: “volver, voltar-se, virar e retomar; virar para a direção oposta”. É uma mudança voluntária da mente do pecador, qual ele vira para Cristo. De acordo com a Bíblia, esta palavra é usada para descrever a mudança total que ocorre na vida da pessoa que abandona o pecado e vem para Deus, para receber o perdão e libertação dos pecados. Conversão é uma mudança de pensamentos e opiniões, de desejos e vontades, que envolve a convicção de que a direção anterior da vida era insensata e errônea e altera todo o curso da vida. A conversão é o resultado do ato consciente do pecador pelo qual ele, pela graça de Deus, volta-se para Deus com arrependimento e fé (Is 31.6; Ez 14.6; 18.32; 33.9-11; Mt 18.3; At 3.19).

A conversão está muito relacionada com o arrependimento e a fé, pois andam juntos (At 3.19; 26.10). O arrependimento é a mudança interna, no coração; enquanto que a conversão é o abandono do pecado em relação com o mundo e suas concupiscências (1ª Jo 2.16). Enquanto o arrependimento refere-se à mudança total do homem e sua nova atitude para com Deus, a conversão expressa nova posição para com o mundo e o pecado. O homem que estava andando no caminho do pecado e da perdição (caminho largo), faz uma mudança de direção e passa a andar no caminho estreito que conduz a salvação (Mt 7.13-14). Na primeira pregação do apóstolo Pedro no dia do pentecoste ele disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (At 3.19). E sem está conversão não podemos entrar no reino do céu (Mt 18.3).

O segundo ato da conversão é a pessoa crer em Deus, voltando-se para Ele e abraçando a vida eterna: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.30).

A conversão pode ser ilustrada da seguinte forma: Imagine um homem andando num caminho que leva à destruição e condenação eterna causada pelo pecado. Quando ele é avisado do que vai lhe acontecer em breve, ele reconhece seu erro, e vira-se para a direção oposta. Em busca da justiça e da salvação. Todavia ele é salvo não somente porque deixou o caminho do pecado, mas porque ele se voltou para Cristo. Enquanto seu olhar permanecer na obra redentora de Cristo, ele estará salvo da destruição e condenação eterna: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22). “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.2).

Na parábola do Filho pródigo (Lucas 15.17-20), Jesus deixou um grande exemplo de conversão e arrependimento:

1. O primeiro passo para salvação é reconhecer que é pecador. “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome”.

2. Segundo passo foi sua decisão de retornar a casa se seu pai. “Levantar-me-ei, e irei ter com meu Pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante Ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros”.

3. O último passo foi o de agir, com o coração arrependimento e com fé. Podemos analisar que houve uma conversão sincera, pois ele “levantou-se”, deixou o “chiqueiro” do pecado e “foi para seu pai”, iniciando, uma nova maneira de viver.

Está história nos ensina outra verdade relacionada à conversão. Observe que o filho pródigo achava que seu pai estava zangado com ele e que teria que primeiro obter seu favor e perdão. O filho estava disposto a ser tratado como empregado e servo da família a fim de conseguir, aos poucos, o favor e as boas graças do pai.

Ainda hoje, muita gente faz penitencia, acende velas, cumpre as tradições e dogmas de sua igreja, maltrata seu corpo, procurando aplacar uma suposta ira de Deus. Tal atitude, embora pareça louvável, é realmente um insulto à graça de Deus e à obra consumada do Calvário. Deus já aplacou sua ira contra o pecado quando seu Filho morreu por causa dele (2ª Co 5.19-20). Tudo o que precisamos fazer agora, é irmos a Ele e aceitar o seu amor e perdão.

Observe que o pai do pródigo abraçou e beijou o filho, alegrando-se com sua volta, antes que o filho tivesse oportunidade de pedir um simples emprego (Lc 15.10-21). Afinal de contas ele não teve oportunidade de fazer este pedido, mas a ação de retornar arrependido fez com que o pai se compadecesse dele, restaurado à posição de filho. Fé e arrependimento são os elementos da conversão.

 “... deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1ª Ts 1.9).


“....vos convertestes a Deus...”. Não são os santos que se convertem a si mesmos, no sentido de que se voltam ou se entregam, até que sejam persuadidos pelo Espírito Santo. Deus os converte, no sentido de que Ele de modo eficaz os atrai ou os persuade. Os santos se voltam, no sentido de que essa volta seja um ato próprio de cada um. Deus os converte, no sentido de que Ele os induz ou produz a sua conversão.

Pr. Elias Ribas

sábado, 21 de janeiro de 2017

A DOUTRINA DO ARREPENDIMENTO


A doutrina do arrependimento não é sempre reconhecida em nossos dias como deve ser. Vários evangelistas chamam os não salvos para aceitar a Cristo e crê, sem mostrar ao pecador que ele está perdido e precisa de um salvador.

O arrependimento é absolutamente essencial para a salvação, e como nós vamos ver, as Escrituras dão ênfase na pregação do arrependimento.

O arrependimento surge após o homem ouvir a pregação do evangelho, e o Espírito Santo desperta a fé no seu interior acordando de um sono espiritual.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA ARREPENDIMENTO

“...Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9.13).
A palavra arrependimento do lat. repoenitere, o mesmo que contrição. No AT encontramos o vocábulo niham que interpreta-se, partindo da ideia de arrepender-se. Já no grego, temos duas palavras disponíveis para analisarmos que são: metanoeo e apostrepfo.

O sentido das interpretações nos dá sempre a mesma ideia e resume-se em voltar-se para longe de, ou em direção de.

Podemos definir o arrependimento como “a mudança produzida na vida consciente do pecador, pela qual ele abandona o pecado”. É uma mudança de mente; é um estado de contrição profunda do coração humano, pela culpa do pecado, e o desejo de abandoná-lo. É dar meia-volta, e seguir na direção oposta ao caminho que seguia. É uma mudança de atitude, como Zaqueu (Lc 19.8), e de rumo, como o filho pródigo (Lc 15.18-20). É a condição para o ser humano alcançar o perdão, quer ele seja um perdido pecador (Lc 13.3; At 2.38; 3.19; 17.30; 2ª Pe 3.9), ou aquele que, mesmo conhecendo a Deus, também pecou (Ap 2.5, 15, 21; 3.3, 19).

Arrependimento envolve uma completa mudança de pensamentos sobre o pecado e a percepção da necessidade de um salvador. O arrependimento faz o homem ficar tão contristado por causa do pecado, que ele aceita com alegria tudo o que Deus requer para uma vida de retidão. O arrependimento então é virar para o Senhor Jesus com todo o ser em obediência à Sua vontade. Este virar requer confiança incondicional nele e é a renúncia de toda a ajuda humana idólatra.

É a tristeza causada pela violação das leis e princípios divinos. “A verdadeira tristeza sobre o pecado, incluindo um esforço sincero para abandoná-lo”. “Tristeza piedosa pelo pecado”. “Convicção da culpa produzida pelo Espírito Santo ao aplicar a lei divina ao coração”.

A importância do arrependimento não é sempre reconhecida em nossos dias como o deveria ser. Os pregadores apelam aos não salvos para aceitarem a Cristo, sem mostrar ao pecador que ele está perdido, caminhando para a perdição e carecendo de um Salvador. Porém as Escrituras dão muito destaque à pregação do arrependimento. Arrependimento era a mensagem dos profetas do Antigo Testamento (Dt 30.1, 2, 8, 10; 2ª Re 17.13; Jr 8.6; Ez 18.30). Foi o princípio fundamental da pregação de João Batista. Inclusive ele começou o seu ministério por chamar os homens ao arrependimento (Mt 3.1,2; Mc 1.4; Lc 3.3-8); Jesus também começou o seu ministério chamando os homens ao arrependimento (Mt 4.17; Lc 13.1-5). Ele mandou Seus discípulos pregar que os homens devia arrepender-se (Mc 6.12). Antes de ser eleva aos céus, Cristo mandou que Seus discípulos evangelizassem o mundo pela pregação do arrependimento (Lc 24.47). Os doze discípulos (Mc 6.12) e de Pedro no dia de pentecostes (At 2.38; 3:19). Era também fundamental na pregação de Paulo (At 20.21; 26.20). E deve ser o conteúdo da mensagem de todos os pregadores (Lc 24.47); porque é uma condição absoluta para a salvação (Lc 13.2-5).

O peso no coração de Deus, e seu mandamento para todos os homens em todo lugar é que deviam arrepender-se (At 17.30; 2ª Pe 3.9). Também, a falha por parte do homem em atender a chamada de Deus para arrepender-se, quer dizer condenação eterna (Lc 13.2-5). Arrependimento, portanto, é obviamente uma condição absoluta para a salvação e é um dos fundamento bíblico (Hb 6.1; Mt 21.32).

Hoje, os nossos cultos estão cheio de sensacionalismo, materialismo, comércio, mas pouco se ensina sobre as doutrinas de salvação. Portanto, devemos lembrar das mensagens dos profetas, de Cristo e de Seus discípulos.

1.      Podemos, portanto, analisar o arrependimento em três aspectos:
1.1.O elemento Intelectual.
Este elemento essencial do arrependimento implica uma mudança de ponto de vista ou mudança de pensamento. Exemplo o retorno do Filho pródigo a casa do pai.

1.2.O elemento Emocional.
Este aspecto essencial do arrependimento implica mudança de sentimento. Envolve tristeza pelo pecado (2ª Co 7.9-10).

1.3.O elemento Evolutivo.
Este elemento implica uma mudança de propósito e disposição. Uma das palavras hebraicas para arrepender-se é “virar”. Este elemento é o virar (ou meia volta) interior de pecado (Jr 25.25).
O filho pródigo disse: “levantar-me-ei.... E, levantando-se foi... (Lc 15.18-20). Ele não somente pensou nos seus caminhos errados e entristeceu-se por causa deles, mas também dirigiu-se para a casa de seu pai. Este elemento, portanto, incluem e implica o elemento intelectual e o elemento emocional, e é portanto o aspecto mais importante do arrependimento.

2.      Arrependimento e salvação.
É Necessário esclarecer o fato de que o arrependimento em si, não é suficiente para a salvação. Judas Iscariotes se arrependeu do mal que tinha feito, mas por não ter exercido a fé, morreu como um perdido pecador. Seu arrependimento não foi verdadeiro nem completo. Na verdade ele sentiu um remorso pela traição cometida, porém não teve fé para arrepender-se e pedir o perdão, mas sim deu cabo a sua vida.

O arrependimento é tão relacionado com a salvação, que não podemos falar da fé sem o arrependimento. Mesmo sabendo que o arrependimento em si não salva, contudo ele produz uma tristeza no homem e move-o a deixar o pecado e a entregar-se à graça salvadora de Deus.  O arrependimento só ocorre quando a pessoa resolve deixar o pecado, reconhecendo que necessita dum salvador.

3.      Há três passos que levam ao arrependimento.
1) reconhecimento do pecado; 2) tristeza pelo pecado; 3) abandono do pecado.
“Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (Sl 51.3-4).

3.1. O primeiro passo do arrependimento é reconhecer o seu pecado com fez Davi. É interessante observar que Davi não limita a sua confissão aos seus “principais”, mas também inclui “outras” transgressões.

3.2. O segundo passo do arrependimento é sentir tristeza pelo pecado. A palavra “contristado” no original significa “metanoeo e significa “ter tristeza pelos pecados”.

“Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniquidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças. Sinto-me encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o dia todo” (Sl 38.3-4, 6).

Davi lamentou suas transgressões; sentiu um pesar da parte de Deus pelos pecados. Davi descreve o viver no pecado não confessado como o oposto do gozo, e compara como se todos os seus ossos estivessem quebrados.

O verdadeiro arrependimento não se preocupa com um só pecado, procurando esconder os demais, mas sente aflição pelo pecado na sua totalidade.

“Agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis” (2ª Co 7.9).

O Espírito Santo leva o homem a sentir tristeza pelo pecado cometido. O homem só sentira gozo e paz quando confessar e se arrepende de seu pecado. Paulo explica sua alegria após ter confessado seu pecado diante de Deus.

3.3. O último passo é o abandono do pecado. “Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário” (Sl 51.9-12).

Davi era um homem segundo o coração de Deus. Primeiro: porque ele reconhecia seus pecados; segundo: porque ele abandonava o pecado, e, assim Deus usava de misericórdia com sua vida devolvendo a alegria e a paz de espírito. Davi estava disposto a abandonar todo pecado em sua vida. Também, ao mesmo tempo, ele reconheceu sua incapacidade de conseguir isto pelos seus próprios esforços. O seu arrependimento o levou ao Salvador, que unicamente podia criar nele um novo coração, dando-lhe vitória sobre seus pecados pelo poder do Espírito Santo.

No lado divino, o arrependimento é um dom ou uma obra de Deus; Ele é o autor do arrependimento, e inspira e capacita o homem (At 11.18; 5.30-31; 3.23; 2ª Tm 2.24-26; Sl 80.3, 7, 19). O arrependimento então, não é algo que o homem possa originar dentro de si mesmo, ou possa produzir por si mesmo, isto é, por esforço próprio; é dom de Deus. É resultado da graciosa operação de Deus na alma do homem, devido à qual ele dispõe a essa mudança; Deus é quem lhe concede o arrependimento.

A finalidade do mandamento de nos arrependemos é, que reconheçamos a nossa necessidade de obter auxílio fora de nós mesmos, também o fato de que dependemos inteiramente da misericórdia e da graça de Deus; e por isso devemos pedir que ele efetue em nossos corações aquilo que não podemos fazer sozinhos. O homem natural quer fazer tudo por si; somente quando compreendermos a sua fraqueza pedirá auxílio de Deus.

O poder de arrepender-se é gerado pelo Espírito de Deus, causando dentro de nós tristeza pelo pecado cometido, mas o próprio ato em si é do homem; à luz disso, se ele não se arrepender, é porque escolhe não fazer.

4.       Os meios que efetuam o arrependimento.
4.1. Por meio do ministério da Palavra.
“Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.37-41).

A pregação do evangelho é que leva a pessoa ao arrependimento. Um exemplo no V. T. é a pregação de profeta Jonas ao povo de Nínive (Jn 3.5-10). Quando ouviram a pregação da Palavra de Deus por Jonas, creram na mensagem e abandonaram suas iniquidade.

Não qualquer mensagem, mas o evangelho é o instrumento que Deus usa para produzir esta finalidade desejada. Além disso, a mensagem precisa ser pregada na autoridade do Espírito Santo (1ª Ts 1.5-9; Lc 16.30-31).

4.2. Por meio da benignidade de Deus para Suas criaturas.
“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4).

O propósito da bondade de Deus, em seus tratos para com os homens, tem em vista dissuadi-los de prosseguir no caminho do pecado e conduzi-los à vida de justiça.

4.3. Por meio da correção (repreensão ou castigo) do Senhor.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). “Se pois zeloso, e arrepende-te” (Hb 12.5-11)
O propósito da severidade de Deus em seu trato com os homens tem em vista produzir neles os frutos pacíficos de retidão através do verdadeiro arrependimento.

4.4. Por meio da tristeza segundo Deus.
“Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo), agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que defesa, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vindita! Em tudo destes prova de estardes inocentes neste assunto” (2ª Co 7.8-11).

Deus tem motivos benevolentes na tristeza que ele permite que venha sobre as vidas, tanto de seus filhos como de outros, e esse motivo é levá-los ao arrependimento.

O arrependimento para a salvação faz algo que o apóstolo Paulo não podia, trazer pesar. Somente Deus pode causar este pesar para o arrependimento.

4.5. Por meio da percepção da santidade de Deus.
“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6).

Em resumo, o arrependimento é um dom de Deus, proporcionado por meio de várias instrumentalidades. Deus aplicando estes meios (no coração do homem) que leva o homem a tomar uma posição. O lado divino é isso e é mostrado nas ordens dadas ao homem para arrepender-se (Mt 3.2; 4.17; At 2.38; 3.19; 26.20; Ap 2.5, b16, 21, 22; 3.3, 19).

5.        Arrependimento um caminho para vitória.
A Bíblia diz que todo homem pecou e carece da glória de Deus (Rm 3.23). Só existe uma maneira de chegar-se a Deus, trilhar pelo caminho do arrependimento.

A parábola do filho pródigo nos dá uma clareza em como conquistar o amor do Pai. O jovem se arrepende. Admite que pecou contra os céus e perante o pai “levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho, faze-me como um dos teus trabalhadores” (Lc 15 18-19).

Com isto o jovem obteve:
Garantia de aceitação – Sl 51. 17, Lc 15.20.
Garantia de reconstituição do caráter - trazei de pressa a melhor roupa, vesti-o
(Lc 15. 22).
A aliança renovada - ponde um anel no dedo (Lc 15. 22).
Garantia de proteção - ponde uma sandália nos seus pés (Lc 15.22).

6.       O verdadeiro arrependimento gera.
5.1. Cancelamento de pecados. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos par que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos de refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19).
Jesus pregou o arrependimento. “Disse Jesus: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1.15). Jesus diz: “E que em Seu nome se pregasse arrependimento para remissão dos pecados a todas as nações começando por Jerusalém” (Lc 24.47). Em Atos 2.38 O apóstolo Pedro falando a uma grande multidão disse: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo”.

5.2. Gera frutos. O arrependimento (metanoeo) denota uma mudança de mente, afeição, tristeza, convicção e propósito.

Fruto digno de arrependimento não deve ser confundido com metanoeo que é a mudança de vida, isto é o resultado do arrependimento.

Como uma árvore deve produzir fruto, também uma pessoa arrependida deve produzir frutos ou resultados que concordam com a mudança de coração. João Batista, falando aos fariseus e aos saduceus disse: “Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.7-8).

O verdadeiro arrependimento nos mostra então, que a fé e o arrependimento autênticos são acompanhados pela mudança de vida, e sem isso a confissão de pecados e o batismo não têm valor. Lucas 3.8-10, acrescenta detalhes à história e ilustra os frutos de arrependimento como:
A. Generosidade (filantropia) ajuda aos necessitados (Lc 3.12).
B. Honestidade no manuseio do dinheiro (Lc 3.12-13).
C. Tratamento justo e misericordioso para com os outros (Lc 3.14).
D. Respeito às autoridades.
E. Satisfação nas coisas materiais (Lc 3.14).
          
Em outras palavras qualquer indivíduo pode realizar coisas boas, mas somente o homem convertido a Deus produz frutos dignos de arrependimento.

Outros frutos como resultado de arrependimento:
A. Boa conduta moral (Lc 6.45; Gl 5.22-23; Ef 5.9; Fp 1.11), que inclui um bom falar (Mt 12.34-37). É conduta digna de um coração mudado e que aborrece o pecado.
B. Trabalho de evangelização (Jo 4.35-38), profissão pública de fé em Cristo (Rm 10.10; Mt 10.32-33).
C. Restituição (Lc 19.8).
D. Serviço e seguimento a Cristo, desprezando a vida pelo amor Cristo (Jo 12.24-26).
F. Oração respondida (Jo 15.5-8, 16).

7.        Aquele que se arrepende odeia o pecado.
Davi ao pecar contra Deus (2ª Sm 11), arrependeu-se em lágrimas, de coração e com tristeza. Ao e escrever o Salmo 51, disse: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos” (Sl 51.4). O Filho pródigo disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.18).

Aquele que se arrepende odeia os pecados (Sl 97.10) pelos quais se entristece, (2ª Co 7.9). Se verdadeiramente contemplar o seu pecado face a face, há de sentir tristeza de coração de acordo com o que Paulo dia aos Coríntios: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2ª Co 7.10).

Tristeza sem esperança pode ser remorso ou desespero, então não é arrependimento. O remorso é tristeza em vista das consequências do pecado. Mas a tristeza segundo Deus, faz-nos tornar do pecado para Deus. O arrependimento verdadeiro consiste em nos sentirmos tão triste por causa do pecado que resolvemos abandoná-lo e voltarmos para Deus, que nos dá força para vivermos para ele.

Todo o pecado é contra Deus, contra sua natureza, sua vontade, sua autoridade, sua lei, sua justiça e sua bondade; e o mal do pecado está principalmente no fato de que é oposição a Deus e desarmonia com seu caráter. O mal do pecado, cometido conta Deus, é o elemento que dá ao verdadeiro penitente uma ansiedade e uma preocupação especiais. Ele justifica a Deus e condena a si mesmo. O filho perdido disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.21). Temos de confessar a Deus aquele pecado que esperamos que ele perdoe e apague.

Também devemos confessar às pessoas a quem temos ofendido com nossos pecados. (Mt 5.23-24; Tg 5.16; Lc 19.8-9). Muitos crentes vivem afastados dos seus irmãos por causa de pecados que foram confessados a Deus, mas não aos que foram prejudicados por eles. Estes pecados constituem um obstáculo constante, impedindo que irmãos trabalhem juntos em amor. Porém muita prudência deve ser empregada em tais casos, para que a confissão não cause mais prejuízo do que o próprio pecado. Os pecados conhecidos por outra pessoa devem ser confessados a essa pessoa, mas os pecados não conhecidos por aquele contra quem foram cometidos, não devem ser confessados a ele, caso tal confissão o faria pecar por tomar uma atitude errada para com a pessoa que confessa. Se um irmão ofendido não souber de certo pecado que você já tenha confessado a Deus, mas souber que alguma coisa veio interromper a comunhão entre vocês dois, esse pecado deve ser confessado ao irmão, para que seja restabelecida a comunhão do Senhor (1ª Jo 1.7).

8.      No abandono do pecado.
Abandonar o pecado significa deixa-lo para nunca mais voltar, nem contemplá-lo na sua lembrança (Hb 10.17). Se pudéssemos ver o pecado, por exemplo, como a serpente astuta que é, não hesitaríamos em abandoná-lo de uma vez, a fim de ser ele apagado pelo sangue de Jesus Cristo, que “nos purifica de todo pecado” (1ª Jo 1.7).
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9.       Na volta para Deus.
Deixar o pecado não adiantaria nada se você não voltar para Deus através de Seu Filho Jesus (Jo 14.6). Paulo fez lembrar aos tessalonicenses que eles se haviam convertido dos ídolos a Deus (1ª Ts 1.9). Quando Paulo testifica perante o rei Agripa, contou como Jesus lhe tinha falado numa visão no caminho de Damasco, dizendo que converteria a muitos da “potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados.... pela fé em mim” (At 26.18).

10.   Os três resultados do arrependimento.

10.1.        Alegria ou gozo no céu.
“Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.7-10).

Há alegria na presença dos anjos e de Deus, tanto quanto em seu próprio coração pelo arrependimento dos pecadores.

10.2.      Perdão dos pecados.
“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55.7).

O arrependimento é uma condição necessária para obtermos o perdão divino. O homem verdadeiro arrependido é uma condição sente que seu arrependimento não é mérito algum; ele reconhece que seu pecado merece punição. As condições de perdão conforme Pv 28.13 são confissão e arrependimento (Mt 18.15-17; Lc 17.3). Também quem não quer perdoar não pode ser perdoado (Mt 6.14-15).

Se o homem abrir o seu coração, o Espírito Santo o convencerá do pecado (Jo 16.3), e mostrará a necessidade do arrependimento.

10.3.      Recepção do Espírito Santo.
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).

O arrependimento faz parte essencial do requisito subjetivo que visa à outorga do Espírito. É justamente isso que põe a alma em atitude receptiva.

Resumindo, então, o pecador arrependido alegra o céu, recebe o perdão e o Espírito Santo.

Pr. Elias Ribas