TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS



I.         O DESTINO DOS CRENTES ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO

Com “estado intermediário”, queremos dizer a condição dos mortos no período entre a morte e a ressurreição; isto é, o estado em que o espírito está sem o corpo. A Bíblia ensina que, após a morte, o crente vai imediatamente para onde está o Senhor Jesus. Paulo diz: “Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2ª Co 5.8); “Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1.23). O que Paulo está dizendo aqui é que, no momento em que ele parte ou morre, naquele mesmo instante ele estará com Cristo. Não há demora alguma entre a morte do crente e o seu comparecimento na presença de Cristo; quando ele fecha os olhos neste mundo, abre-os logo no céu. Jesus deu ao ladrão arrependido a jubilosa certeza: “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). À luz de 2ª Co 12.2-4, as palavras “céu” e “paraíso” são simplesmente dois termos para indicar o mesmo lugar. Isto prova, com certeza, que o “seio de Abraão” (Lc 16.22), “o céu” e o “paraíso”, são o mesmo lugar. O destino dos crentes após a morte é um estado de descanso e felicidade sem fim (Ap 14.13); é um estado no qual os crentes estão verdadeiramente vivos e plenamente conscientes (Lc 16.19-31; 1ª Ts 5.10).

II.      O DESTINO DOS ÍMPIOS ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO

O destino dos ímpios é estar eternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se chama a segunda morte: a eterna separação de Deus (Lc 16.26). Devido à sua natureza aterradora, é um assunto muito pouco comentado nos púlpitos das igrejas modernas. Analisemos aqui a passagem de Lc 16.19-31, onde o Senhor Jesus traz um ensino bem claro da vida no além-túmulo:
A) Ao morrer o ímpio (o rico) achou-se no lugar de tormentos; v.23.
B) Ele não estava dormindo; viu Abraão e Lázaro; v.23.
C) O ímpio não estava mudo; falava normalmente; v.24.
D) Ele estava cônscio da sua condição deplorável; pediu misericórdia numa época tardia e à pessoa errada; v.24.
E) Procurou lenitivo para o tormento que estava sentindo; uma ponta de dedo molhado em água seria o suficiente para aliviar parte do seu tormento; v.24.
F) A situação do ímpio foi invertida no além -túmulo; o rico que nunca mendigara na terra, agora implora por socorro como o mendigo implorava as migalhas; v.24.
G) Abraão lembra ao rico que "a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui" (Lc 12: 15); v. 25.
H) Foi lhe dito que aquela situação é irreversível; é impossível sair dali; v.26.
I) O ímpio lembrou de todos os seus cinco irmãos e mostrou o desejo de que eles fossem advertidos, para que evitassem semelhante condenação; w. 27,28. Através deste ensino o Senhor Jesus elimina, assim, a possibilidade de existência do purgatório ou de salvação após a morte.

III.   O EFEITO DO PECADO NO SEU SER

Adão e Eva foram criados inocentes e santos. Agora, tiveram um senso de vergonha, degradação e poluição. Perda da inocência “abriram-se então, os olhos de ambos” (Gn 3.7). A inocência não pressupõe a ausência do conhecimento intelectual do mal. Tal conhecimento inclusive é benéfico e necessário para nós entendermos a natureza do mal. Inocência, porém, quer dizer a ausência do “conhecimento experimental” do mal. Havia algo para esconder. Estavam nus e não podiam aparecer diante de Deus na sua condição caída. Foi este sendo de impropriedade que os levou a fazerem para si vestimentas de folhas de figueira.
As folhas de figueiras de nada serviram para cobrir a nudez do casal. Elas simbolizam o esforço das religiões e das boas obras em favor da salvação do homem, sem levar em conta a justiça de Cristo. Batismo, educação, filosofia, legalismo, dízimos, etc., nada disto repara a terrível queda do gênero humano. Somente a graça de Deus, mediante a morte expiatória de Seu Filho Jesus Cristo, pode salvar o homem que, pela fé, volta-se para Ele (Ef 2.8-9), pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).
Adão e Eva não eram vitimas de um destino inevitável. Eles eram livre, capazes de serem influenciado por motivos e desejos, mas ainda com liberdade perfeita para seguir o caminho que lhes agradasse. Mas, eles permitiram a si mesmos receberem algo que não era de Deus. Não foi qualquer necessidade rigorosa, mas pela escolha determinada de sua própria vontade, uma entrega voluntária dos seus corações à tentação, que os levou a cometer o primeiro pecado.
Devemos lembrar também que como o pecado deveria ser punido, isto é, a maneira e alcance da punição, não é para o homem culpado decidir, mas foi determinado o decreto pelo próprio Deus, (Dt 9.5; Rm 6.23; Mt 25.41).
“Posto à prova, porém, o homem mostrou-se infiel, desprezando a glória de que estava revestido, ao duvidar da bondade e da fidelidade do Senhor, deixando-se seduzir pela mentira ilusória de Satanás (Gn 3.1-19). Assim, ao desobedecer a única proibição imposta por Deus (Gn 2.17), o homem tornou-se pecador, colocando toda a criação debaixo da maldição divina (Gn 3.19).
O pecado e sua consequente maldição causaram (leia Gn 3 e Rm 8.22).
1. Quebra da comunhão com Deus e expulsão da sua presença (Gn 3.23 e 24; Is 59.1,2);
2. A introdução da dor, da fadiga e do sofrimento na Terra (Gn 3.16-19);
3. A morte, geralmente precedida das mais variadas enfermidades sobre o homem (Gn 3.19 e 19; Rm 5.12);
4. O pecado é hereditário e extremamente contagioso, havendo-se disseminado nas formas mais diversas, infames e vis (Rm 1.18-32).
5. O pecado leva o homem ao inferno (Rm 3.23; Gl 5.19-21; Mt 7.23; Ap 21.8).
O homem ao pecar fica separado de Deus e debaixo da maldição (e juízo receberá o castigo).  A Bíblia descreve dois efeitos do pecado sobre o culpado; primeiro, é seguido por consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o decreto da condenação eterna.
Antes da queda, Deus e Adão estiveram em comunhão um com o outro; depois da queda, essa comunhão foi quebrada ou interrompida (Gn 3.8-9). Nossos primeiros pais tiveram o sendo do desagrado de Deus para com eles. Eles haviam desobedecido ao comando explícito de Deus para não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, e foram culpados de um crime. Eles sabiam que haviam perdido sua posição diante de Deus e que se achavam sob condenação. Então, em vez de buscar a comunhão com Deus, tentaram fugir dele, com vergonha (Gn 3.7-10), remorso e medo (Gn 3.10) e culpa, sentimento que nunca experimentaram antes.
Sua consciência não lhes permitiu descanso, então tentaram transferir a responsabilidade. Adão disse que Eva, a mulher que tu me deste, o levou a pecar (Gn 3.12). Eva acusou a serpente (Gn 3.13). Eram culpados, mas tentaram passar a responsabilidade para outros.
A sentença bíblica é sem apelação. No Antigo Testamento diz que a alma que pecar morrerá (Ez 18.4). O salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Por isso, a morte foi uma consequência direta do pecado de nossos primeiro pais (Gn 2.17).
A morte é um castigo, não uma extinção da personalidade, e sim, o meio de separação de Deus. Há três fases desta morte: morte espiritual, enquanto vive, mas não crê em Deus (Ef 2.1; 1ª Tm 5.6); morte física (Hb 9.27); e a segunda morte ou morte eterna, que é a separação e condenação eterna sem Deus (Ap 21.8; Jo 5.28-29).

1.      A morte espiritual. 
A morte espiritual é a separação entre a alma e Deus. O pecado separa o homem de Deus; como consequência do pecado, o homem morreu espiritualmente (Ef 2.1-5). A morte espiritual significa culpa e também corrupção. O castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é primariamente esta morte espiritual (Gn 2.17; Rm 5.21). Por ela, o homem perdeu a presença, a comunhão intima e o desejo por Deus. Por estar morto espiritualmente falando, o homem precisa ser revivido dos mortos (Lc 15.32; 105.24; 8.51).
Foram arruinados moralmente. Deus havia dito a Adão sobre o fruto proibido: “no dia que dele comerdes, certamente morrerás” (Gn 2.17; Rm 6.23). Esta morte, em primeiro lugar, é morte espiritual ou uma separação da pessoa de Deus; ela aconteceu no momento em que pecaram. Isto implica também que se tornaram depravados. A palavra depravados do latim “pravus”, significa torto e literalmente “depravatus” que quer dizer muito torto. Pelo pecado de Adão toda a humanidade ficou sob o domínio de Satanás.
Se o corpo se torna depravado, a mente, então, provavelmente vai ser afetada. O intelecto pode ficar desorientado involuntariamente, por causa da deterioração do corpo físico. Porém, os membros corpóreos se tornam servos da injustiça. O que não pode ser literalmente não santo, pode ser usado de uma forma não santa.
Quanto as emoções, os desejos, apetites e paixões, podem cair em desordem e anomalia involuntária. A humanidade, certamente, está depravada fisicamente. Não existe saúde perfeita do corpo entre todos os seres humanos que vivem neste mundo. Podemos dizer também que os apetites, as paixões e as tendências do homem estão num estado de desenvolvimento doentio.
Só existe uma maneira do homem se tornar puro e buscar a comunhão e a vida eterna com Deus. Deste assunto trataremos nos próximos capítulos.

2.      A morte física.
De acordo com as Sagradas Escrituras, a morte física é o término da vida física pela separação de corpo e espírito. Isto não significa aniquilação. A morte física não é uma cessação da existência, mas, um rompimento das relações naturais da vida. É impossível dizer exatamente o que é a morte em sua essência. A Bíblia a descreve como “dormir” (Dt 31.16; Jo 11:11); deixar este tabernáculo (2ª Pe 1.14); descer ao silêncio (Sl 115.17); expirar (At 5.10); tornar ao pó (Gn 3.19) e partir (Fp 1.23). Convém notar que a morte física, para o crente, deixa de ser uma pena ou castigo, como acontece com o descrente. Para o incrédulo não só indica separação entre o corpo e alma, entre o indivíduo e tudo quanto lhe é querido na terra; mas, sobretudo, significa a separação eterna dele e Deus. Pois, sobrevindo-lhe a morte física, esta sela o seu destino eterno. Do ponto de vista bíblico tanto a morte física, como a morte eterna, é o resultado do pecado (Rm 5.12; 6.23).
Quando Deus disse: “certamente morrerás” para a desobediência do homem, ele também incluiu o corpo. A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Devido ao pecado, veio a morte física. As Sagradas Escrituras nos mostram a morte física como parte do castigo do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Este é o ensino de Gn 3.19; Nm 16.29; 27.3. Este ensino é também encontrado no Novo Testamento (Rm 5.12-21; 6.9-10; 8.3, 10,11; 1ª Co 15.12-23).
Não somente o pecado entrou no mundo, mas “pelo pecado a morte”. O pecado paga aos seus servos; “o salário é a morte”. Também que “o aguilhão da morte é o pecado” (1ª Co 15.5-6), ou “é o pecado que dá a morte o seu aguilhão”. O pecado em geral produz a morte (Tg 1.15; Rm 6.16; Tg 5.10).
A palavra morte do grego é (thonotos) que se refere à morte física (separação do corpo da alma; Hb 7.13), ou a morte espiritual (separação do homem de Deus; Jo 5.24), ou as duas juntas (conforme romanos 5.12).
Deus falou com Adão em Gn 2.17 “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” e em Gênesis 3.19 disse Deus: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás”.
A morte é o efeito ou consequência do pecado: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).
“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. Pela ofensa de Adão veio o julgamento para todos os homens.
Imediatamente depois da transgressão Deus disse a Adão: “tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19). O primeiro casal perdeu o privilégio da imunidade à morte física. Embora eles não morressem no momento em que comeram o fruto proibido, seus corpos ficaram sujeitos a mortalidade (Gn 3.16-19).
Em Gênesis 3.22-24, diz que o casal foi expulso do jardim para não comerem da árvore da vida, porque Deus não quis que os corpos caídos e depravados tivessem imortalidade, que teriam sido uma penalidade mais rubra e mais profunda. A morte física foi uma penalidade do pecado.
“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17). Se pela desobediência de um homem veio a morte, mas pela a obediência de um só, muitos se tornaram justo (gr. dikaiosune). Como resultado do ato de desobediência de Adão, muitos se tornaram pecadores; da mesma forma como resultado do ato de obediência de Cristo, muitos se tornarão justos. Entretanto, para o cristão a morte física não é mais um castigo, pois, Cristo sofreu a morte como castigo do pecado. Para o crente, ela se torna como um sono para o corpo, e como um portal para a alma, através do qual ele entra em plena comunhão com seu Senhor (2ª Co 5.8; Fp 1.21-23; 1ª Ts 4.13-14). Uma outra tradução diz: “Pois assim, como por causa da sua relação com Adão todos os homens morrem, assim também por causa da sua relação com Cristo eles serão trazidos a vida novamente”. Falaremos da morte vicária de Cristo e da vida eterna com Cristo mais tarde.

3.      A morte eterna.
Quando a Bíblia diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20). A consequência do pecado leva a morte física e espiritual. Neste caso a Bíblia refere-se a separação eterna de Deus, ou seja, a condenação eterna pelos atos praticados contra Deus. “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (25.46).
A palavra grega para “eterna” é “aionios” que quer dizer: sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será, nunca termina, eterno. Por outro lado quando a Bíblia fala da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os pecadores existem no inferno.
“Vida” significa viver em comunhão com Deus e no seu favor – comunhão que a morte não pode interromper ou destruir (Jo 11.25-26). É uma vida que proporciona união consciente com Deus, a fonte da vida.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e desgraçada.

A morte eterna é simplesmente o auge, o cume e a consumação da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e Deus, juntamente com o remorso, isto é, a inquietação da consciência por culpa ou crime que se cometeu e castigo eterno (Mt 10.8; 25.1; 2ª Ts 1.9; Ap 14.10-11). O peso total da ira de Deus desce sobre os condenados, isto significa morte no sentido mais terrível da palavra. O homem tem sempre diante de si dois caminhos a escolher: o do bem e o do mal. Tem sempre duas vontades: a própria e a de Deus. Adão escolheu a vontade própria, em vez de escolher a de Deus. Ele fez uma escolha egoísta, em vez de uma escolha altruísta. Escolheu a morte, em vez da vida. Tudo quanto aconteceu a ele próprio e à raça humana são consequências justíssimas da decisão que Adão tomou no Éden. Nenhuma pessoa pode escolher o caminho do egoísmo, e queixar-se depois com os resultados. Ninguém pode escolher a morte e queixar-se quando ela chegar. Não pode escolher o caminho da perdição eterna e queixar-se por não chegar ao céu (Dt 30.11-20; Jr 21.8; Mt 7.13-29).

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A QUEDA DA RAÇA HUMANA

Antes de o homem ser induzido ao pecado, já encontramos outro pecador – “a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás (Ap 12.9 e 20.2), tentando a mulher a duvidar da justiça e da bondade do Criador”.

Algum tempo após o estabelecimento da aliança entre Deus e o homem, Satanás entrou no paraíso, com o objetivo de introduzir confusão naquele ambiente de paz. O ardil usado por Satanás foi dúvida, a qual conseguiu introduzir na mente da mulher através da insinuação maliciosa, “...certamente não morrereis” (Gn 3.1-6).

A queda do homem foi o grande pecado de todos os séculos. Essa condição espiritual e pecaminosa o casal transmitiu à sua posterioridade.

I.         A QUEDA DO HOMEM

Sabemos que o homem não foi criado pecador, mas é verdade que o poder do pecado entrou no mundo dos homens através da escolha consciente e voluntária de Adão. O termo “queda” é uma tradução da palavra grega paraptoma, que quer dize: transgressão, violação, passo falso, pecado, um lapso moral pelo qual a pessoa é responsável; decair ao lado de onde a gente devia ter ficado em pé; perder o caminho, fracassar; e é aplicada à transgressão de Adão.

Disso podemos dizer então que a queda do homem é o cair da posição primitiva de favor e de santidade e vida espiritual, por causa do pecado de Adão, para a posição sob o domínio do pecado e da morte.

Como criatura de Deus, foi exigido do homem prestar obediência ao seu Criador, o que reflete basicamente a soberania moral de Deus e a livre agência do homem.

Ao contrariarem provavelmente a primeira ordem de Deus que disse para que não comece do fruto da ciência do bem e do mal; mas o inimigo ciente desta ordem imperativa, antagônico à vontade de Deus disse ao casal que no dia em comessem do fruto se tornaria como Deus, conhecedor do bem e do mal só bastou essas palavras funestas para nascer em Eva um sentimento impaciente e ávido de ser como Deus até que desobedeceu dando início as trágicas consequências para a humanidade.

II.      A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA

O pecado originou na raça humana, devido à transgressão voluntária de Adão no paraíso. O tentador veio com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, tornar-se-ia igual a Ele. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, desobedecendo às ordens de Deus. Com o primeiro pecado, Adão passou a ser escravo do pecado (Jo 8.34). Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes. A tentação de Satanás pode ser resumida como tendo apelado ao homem desta maneira: ele fez o homem desejar TER o que Deus havia proibido; SABER o que Deus não havia revelado; e SER o que Deus não tivera a intenção que fosse (Gn 3.1-24).

1. A essência do pecado de nossos primeiros pais é algo como o que segue:
1.1. Eva não confiou na bondade de Deus; ela acreditou na mentira de Satanás.
1.2. A mulher cedeu ao seu apetite físico.
1.3. Se submeteu a um desejo excessivo pelo belo.
1.4. Cobiçou uma sabedoria que não era da intenção de Deus que tivesse.

Desejar o que Deus proibiu é preferir a si mesmo no lugar de Deus, isto é pecar. O primeiro pecado foi o desejo do coração, a escolha de interesses próprios ao contrário dos interesses de Deus. Adão pecou como pai da raça humana e também como chefe representante de todos os seus descendentes e, portanto, a culpa do pecado é imputada a todos os homens, pelo que todos são merecedores de punição e morte. É nesse sentido que o pecado de Adão é o pecado de todos. É o que o apóstolo Paulo escreve: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram” (Rm 5.12 -ARA). Deus imputa a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como atribui a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma:

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos” (Rm 5.18-19).

O pecado é tanto um ato como um estado. Pecado é uma transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus; é um estado pecaminoso. O pecado traz o mal sobre si, mesmo por suas ações e incorre em culpa aos olhos de Deus.

2. Satanás o agente da tentação.
Quando se fala em Gênesis que a serpente falou a Eva, devemos tomar as palavras no sentido literal. A serpente não designa a figura de Satanás. Nem Satanás tomou a forma de uma serpente. Também a serpente não era um mero nome (Ap 12.9), nem um símbolo para cobiça, para desejo sexual, nem para razão errante. Uma serpente real era o agente da tentação, como é claro daquilo que é dito das características naturais da serpente (Gn 3.1).

Satanás, usando a serpente, lança primeiramente dúvida e a incerteza no coração de Eva. Ele conhece o valor da Palavra de Deus e que se o homem a transgredir, torna-se indesculpável.

Em seguida, dentro da confusão que se estabeleceu em seu coração Eva acrescenta algo à Palavra de Deus, mencionando a proibição de tocar na árvore da ciência do bem e do mal, coisa que não consta da ordem de Deus dada a Adão (veja Gn 2.16-17).

Por último, a serpente desafia a Palavra do Criador e tenta desacreditá-la, afirmando: “Certamente não morrereis”, quando Deus havia dito que morreriam (Gn 3.4; 2.17). Eva deixou entrar uma dúvida quanto à Palavra de Deus e caiu na tentação de comer o fruto proibido.

Se Adão e Eva tivessem dado ouvido à Palavra de Deus e levado a sério a consideração que Ele merece, não teria provocado o caos espiritual. O uso da Palavra de Deus pela serpente poderia ter sido também empregado, em contrapartida, como arma espiritual por Eva, mas ela não o fez. Foi bem diferente o exemplo do último Adão (Jesus Cristo), quando o diabo o tentou no deserto (Mt 4.1-8).

3. Antes da desobediência.
Tudo era harmonia; tudo girava em torno da presença amorosa de Deus; havia paz, havia a facilidade no relacionamento do casal. Eles viviam cada dia para Glória de Deus e um para o outro cumprindo assim o mistério de uma só carne. Depois da queda experimentaram sentimentos jamais vividos anteriormente, tais como: Sentimentos de medo, de angustia, de insegurança, de vergonha, de dor, de culpa, de remorso, de falta de paz e de ódio.

A Bíblia diz em: 1ª Pedro 2.15 e 16: “Porque assim é à vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos; Como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus”.

III.   OS RESULTADOS DA QUEDA

Adão e Eva foram criados inocentes e santos. Agora, tiveram um senso de vergonha, degradação e poluição. Perda da inocência “abriram-se então, os olhos de ambos” (Gn 3.7). A inocência não pressupõe a ausência do conhecimento intelectual do mal. Tal conhecimento inclusive é benéfico e necessário para nós entendermos a natureza do mal. Inocência, porém, quer dizer a ausência do “conhecimento experimental” do mal. Havia algo para esconder. Estavam nus e não podiam aparecer diante de Deus na sua condição caída. Foi este sendo de impropriedade que os levou a fazerem para si vestimentas de folhas de figueira.

As folhas de figueiras de nada serviram para cobrir a nudez do casal. Elas simbolizam o esforço das religiões e das boas obras em favor da salvação do homem, sem levar em conta a justiça de Cristo. Batismo, educação, filosofia, dízimos, etc.... nada disto repara a terrível queda do gênero humano. Somente a graça de Deus, mediante a morte expiatória de Seu Filho Jesus Cristo, pode salvar o homem que, pela fé, volta-se para Ele (Ef 2.8-9), pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).

Adão e Eva não eram vítimas de um destino inevitável. Eles eram livre, capazes de serem influenciado por motivos e desejos, mas ainda com liberdade perfeita para seguir o caminho que lhes agradasse. Mas, eles permitiram a si mesmos receberem algo que não era de Deus. Não foi qualquer necessidade rigorosa, mas pela escolha determinada de sua própria vontade; uma entrega voluntária dos seus corações à tentação, que os levou a cometer o primeiro pecado.

Devemos lembrar também que como o pecado deveria ser punido, isto é, a maneira e alcance da punição, não é para o homem culpado decidir, mas foi determinado o decreto pelo próprio Deus, (Dt 9.5; Rm 6.23; Mt 25.41).

“Posto à prova, porém, o homem mostrou-se infiel, desprezando a glória de que estava revestido, ao duvidar da bondade e da fidelidade do Senhor, deixando-se seduzir pela mentira ilusória de Satanás (Gn 3.1-19). Assim, ao desobedecer a única proibição imposta por Deus (Gn 2.17), o homem tornou-se pecador, colocando toda a criação debaixo da maldição divina (Gn 3.19).

1. O pecado e sua consequente maldição causaram.
1.1. Conhecimento do mal. Antes da queda o homem tinha capacidade para pecar, porém desconhecia os efeitos do pecado. E ao pecar ele adquiriu esse conhecimento, por isso foi lhe proibido comer do fruto da árvore da vida, (Gn 3.22).

1.2. Quebra da comunhão com Deus e expulsão da sua presença (Gn 3.23 e 24; Is 59.1,2). Quebrantando a lei de Deus o homem sentiu-se envergonhado em sua presença. Essa vergonha era o resultado da transgressão cometida.

1.3. Morreu espiritualmente. O espírito humano é vivificado pela vida que Cristo lhe comunica. (Rm 8.9-16).

1.4. A perversão da natureza moral. No lugar da pureza de coração e da perfeição moral que caracterizavam o homem no Éden, veio o pecado e a perversão moral.

1.5. Doenças e enfermidades. O corpo ficou sujeito as enfermidades que no fim resultaria na morte física e consequente corrupção (Gn 3.16-19).

1.6. A morte, geralmente precedida das mais variadas enfermidades sobre o homem (Gn 3.19 e 19; Rm 5.12).

1.7. Escravo do pecado e de Satanás. Rejeitando a palavra de Deus e aceitando a palavra do inimigo, o homem tornou-se seu escravo. A regência do mundo passou das mãos do homem para as mãos de Satanás (2ª Pd 2.19).

1.8. O pecado é hereditário. O pecado foi disseminado nas formas mais diversas, infames e vis (Rm 1.18-32).

1.9. O pecado leva o homem ao inferno (Rm 3.23; Gl 5.19-21; Mt 7.23; Ap 21.8).
O homem ao pecar fica separado de Deus e debaixo da maldição (e juízo receberá o castigo). A Bíblia descreve dois efeitos do pecado sobre o culpado; primeiro, é seguido por consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o decreto da condenação eterna.

Antes da queda, Deus e Adão estiveram em comunhão um com o outro; depois da queda, essa comunhão foi quebrada ou interrompida (Gn 3.8-9). Eles haviam desobedecido ao comando explícito de Deus para não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, e foram culpados de um crime. Eles sabiam que haviam perdido sua posição diante de Deus e que se achavam sob condenação. Então, em vez de buscar a comunhão com Deus, tentaram fugir dele, com vergonha (Gn 3.7-10), remorso e medo (Gn 3.10) e culpa, sentimento que nunca experimentaram antes.

Sua consciência não lhes permitiu descanso, então tentaram transferir a responsabilidade. Adão disse que Eva, a mulher que tu me deste, o levou a pecar (Gn 3.12). Eva acusou a serpente (Gn 3.13). Eram culpados, mas tentaram passar a responsabilidade para outros.

A sentença bíblica é sem apelação. No Antigo Testamento diz que a alma que pecar morrerá (Ez 18.4). O salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Por isso, a morte foi uma consequência direta do pecado de nossos primeiro pais (Gn 2.17).

A morte é um castigo, não uma extinção da personalidade, e sim, o meio de separação de Deus. Há três fases desta morte: morte espiritual, enquanto vive, mas não crê em Deus (Ef 2.1; 1ª Tm 5.6); morte física (Hb 9.27); e a segunda morte ou morte eterna, que é a separação e condenação eterna sem Deus (Ap 21.8; Jo 5.28-29).

2. O pecado trouxe.
2.1. A morte espiritual.
A morte espiritual é a separação entre a alma e Deus. O pecado separa o homem de Deus; como consequência do pecado, o homem morreu espiritualmente (Ef 2.1-5). A morte espiritual significa culpa e também corrupção. O castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é primariamente esta morte espiritual (Gn 2.17; Rm 5.21). Por ela, o homem perdeu a presença, a comunhão intima e o desejo por Deus. Por estar morto espiritualmente falando, o homem precisa ser revivido dos mortos (Lc 15.32; 105.24; 8.51).

Foram arruinados moralmente. Deus havia dito a Adão sobre o fruto proibido: “no dia que dele comerdes, certamente morrerás” (Gn 2.17; Rm 6.23). Esta morte, em primeiro lugar, é morte espiritual ou uma separação da pessoa de Deus; ela aconteceu no momento em que pecaram. Isto implica também que se tornaram depravados. A palavra depravados do latim “pravus”, significa torto e literalmente “depravatus” que quer dizer muito torto. Pelo pecado de Adão toda a humanidade ficou sob o domínio de Satanás.

Se o corpo se torna depravado, a mente, então, provavelmente vai ser afetada. O intelecto pode ficar desorientado involuntariamente, por causa da deterioração do corpo físico. Porém, os membros corpóreos se tornam servos da injustiça. O que não pode ser literalmente não santo, pode ser usado de uma forma não santa.

Quanto as emoções, os desejos, apetites e paixões, podem cair em desordem e anomalia involuntária. A humanidade, certamente, está depravada fisicamente. Não existe saúde perfeita do corpo entre todos os seres humanos que vivem neste mundo. Podemos dizer também que os apetites, as paixões e as tendências do homem estão num estado de desenvolvimento doentio.

Só existe uma maneira do homem se tornar puro e buscar a comunhão e a vida eterna com Deus que é através de Seu Filho Jesus Cristo.

2.2. A morte física.
De acordo com as Sagradas Escrituras, a morte física é o término da vida física pela separação de corpo e espírito. Isto não significa aniquilação. A morte física não é uma cessação da existência, mas, um rompimento das relações naturais da vida. É impossível dizer exatamente o que é a morte em sua essência. A Bíblia a descreve como “dormir” (Dt 31.16; Jo 11.11); deixar este tabernáculo (2ª Pe 1.14); descer ao silêncio (Sl 115.17); expirar (At 5.10); tornar ao pó (Gn 3.19) e partir (Fp 1.23). Convém notar que a morte física, para o crente, deixa de ser uma pena ou castigo, como acontece com o descrente. Para o incrédulo não só indica separação entre o corpo e alma, entre o indivíduo e tudo quanto lhe é querido na terra; mas, sobretudo, significa a separação eterna dele e Deus. Pois, sobrevindo-lhe a morte física, esta sela o seu destino eterno. Do ponto de vista bíblico tanto a morte física, como a morte eterna, é o resultado do pecado (Rm 5.12; 6.23).

Quando Deus disse: “certamente morrerás” para a desobediência do homem, ele também incluiu o corpo. A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Devido ao pecado, veio a morte física. As Sagradas Escrituras nos mostram a morte física como parte do castigo do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Este é o ensino de Gn 3.19; Nm 16.29; 27.3. Este ensino é também encontrado no Novo Testamento (Rm 5.12-21; 6.9-10; 8.3, 10,11; 1ª Co 15.12-23).

Não somente o pecado entrou no mundo, mas “pelo pecado a morte”. O pecado paga aos seus servos; “o salário é a morte”. Também que “o aguilhão da morte é o pecado” (1ª Co 15.5-6), ou “é o pecado que dá a morte o seu aguilhão”. O pecado em geral produz a morte (Tg 1.15; Rm 6.16; Tg 5.10).

A palavra morte do grego é (thonotos) que se refere à morte física (separação do corpo da alma; Hb 7.13), ou a morte espiritual (separação do homem de Deus; Jo 5.24), ou as duas juntas (conforme romanos 5.12).

Deus falou com Adão em Gn 2.17 “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” e em Gênesis 3.19 disse Deus: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás”.

A morte é o efeito ou consequência do pecado: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. Pela ofensa de Adão veio o julgamento para todos os homens.

Imediatamente depois da transgressão Deus disse a Adão: “tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19). O primeiro casal perdeu o privilégio da imunidade à morte física. Embora eles não morressem no momento em que comeram o fruto proibido, seus corpos ficaram sujeitos a mortalidade (Gn 3.16-19).

Em Gênesis 3.22-24, diz que o casal foi expulso do jardim para não comerem da árvore da vida, porque Deus não quis que os corpos caídos e depravados tivessem imortalidade, que teriam sido uma penalidade mais rubra e mais profunda. A morte física foi uma penalidade do pecado.

“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17). Se pela desobediência de um homem veio a morte, mas pela a obediência de um só, muitos se tornaram justo (gr. dikaiosune). Como resultado do ato de desobediência de Adão, muitos se tornaram pecadores; da mesma forma como resultado do ato de obediência de Cristo, muitos se tornarão justos. Entretanto, para o cristão a morte física não é mais um castigo, pois, Cristo sofreu a morte como castigo do pecado. Para o crente, ela se torna como um sono para o corpo, e como um portal para a alma, através do qual ele entra em plena comunhão com seu Senhor (2ª Co 5.8; Fp 1.21-23; 1ª Ts 4.13-14). Uma outra tradução diz: “Pois assim, como por causa da sua relação com Adão todos os homens morrem, assim também por causa da sua relação com Cristo eles serão trazidos a vida novamente”. Falaremos da morte vicária de Cristo e da vida eterna com Cristo mais tarde.

2.3. A morte eterna.
Quando a Bíblia diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20). A consequência do pecado leva a morte física e espiritual. Neste caso a Bíblia refere-se a separação eterna de Deus, ou seja, a condenação eterna pelos atos praticados contra Deus. “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (25.46).

A palavra grega para “eterna” é “aionios” que quer dizer: sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será, nunca termina, eterno. Por outro lado quando a Bíblia fala da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os pecadores existem no inferno.

“Vida” significa viver em comunhão com Deus e no seu favor – comunhão que a morte não pode interromper ou destruir (Jo 11.25-26). É uma vida que proporciona união consciente com Deus, a fonte da vida.

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e desgraçada.

A morte eterna é simplesmente o auge, o cume e a consumação da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e Deus, juntamente com o remorso, isto é, a inquietação da consciência por culpa ou crime que se cometeu e castigo eterno (Mt 10.8; 25.1; 2ª Ts 1.9; Ap 14.10-11). O peso total da ira de Deus desce sobre os condenados, isto significa morte no sentido mais terrível da palavra. O homem tem sempre diante de si dois caminhos a escolher: o do bem e o do mal. Tem sempre duas vontades: a própria e a de Deus. Adão escolheu a vontade própria, em vez de escolher a de Deus. Ele fez uma escolha egoísta, em vez de uma escolha altruísta. Escolheu a morte, em vez da vida. Tudo quanto aconteceu a ele próprio e à raça humana são consequências justíssimas da decisão que Adão tomou no Éden. Nenhuma pessoa pode escolher o caminho do egoísmo, e queixar-se depois com os resultados. Ninguém pode escolher a morte e queixar-se quando ela chegar. Não pode escolher o caminho da perdição eterna e queixar-se por não chegar ao céu (Dt 30.11-20; Jr 21.8; Mt 7.13-29).

IV.   O EFEITO DO PECADO EM RELAÇÃO A DEUS

1.      Perversão.
Com a prática do pecado, todas as faculdades humanas tornaram-se moralmente pervertidas, como explicou Paulo em Romanos 1.29-32.

2.      Juízo.
Com o advento do pecado, produzido pela quebra das leis de Deus, a raça humana se tornou condenável diante de Deus (Rm 3.19). O juízo de Deus veio imediatamente após o pecado.

3.      Sofrimento sobre a mulher.
Além das consequências desastrosas sobre o casal em sentido geral, a mulher sofreu uma tríplice maldição.  A concepção multiplicada, o aumento de dores durante a maternidade e sujeição ao domínio do homem.
“E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16).

4.      Maldição sobre a serpente.
“Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida” (Gn 3.14).
A serpente recebeu a pior maldição que qualquer animal, pois foi condenada a rastejar-se sobre o ventre e comer o pó da terra.

5.      A expulsão do Éden (Gn 3.23).
Na verdade foi por misericórdia que Deus expulsou Adão e Eva do Éden e proibiu sua aproximação da árvore da vida, pois se tivessem comido dessa árvore amargariam uma existência eterna no triste estado em que se encontravam.

Embora o ato de expulsar o casal pecador do Jardim tenha significado um forte e doloroso juízo divino sobre Adão e Eva, na verdade ele também ressalva um ato de misericórdia e graça do Criador.

V.      A CULPA DE ADÃO

A Bíblia nos ensina que Adão introduziu no mundo o pecado e transmitiu a natureza pecaminosa ao gênero humano, de sorte que todos que chagam a idade de fazer a sua escolha, inevitavelmente escolhem o pecado que conduz à morte.

1.        Desfiguração da imagem divina.
O Homem não perdeu completamente a imagem divina, porque ainda em sua posição decaída é considerado uma criatura a imagem de Deus, (Gn 9.6). Apesar de não estar inteiramente perdido, a imagem divina no homem encontra-se muito desfigurada. Jesus Cristo veio ao mundo tornar possível ao homem a recuperação completa da semelhança divina por ser recriado a imagem de Deus (Gl 3.10).

2.        Pecado Original.
O Efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu aos seus descendentes a tendência ou a inclinação para pecar (Sl 51.5).

Esse impedimento espiritual e moral o qual os homens nascem é conhecido como pecado original.

Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade da plena responsabilidade do homem são conhecidos como pecado atual. Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda (Rm 5.12-21).

Ainda que Adão tivesse se reconciliado mais tarde com Deus, a morte física continuaria de acordo com o decreto estabelecido pelo Criador.

“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).

“Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5).

Somente um ato de redenção e de recriação o homem teria outra vez o direito a árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada a alma, a qual a ressurreição, é reunida a um corpo glorificado:

“Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1ª Co 15.22).

Este versículo diz noutras palavras, o seguinte: “Assim como Adão trouxe a possibilidade de morte para todos, assim Jesus trouxe também a possibilidade da vida para todos”. É evidente que cada indivíduo tem que tomar a decisão de aceitar ou rejeitar a Cristo e a vida eterna; e igualmente tem que tomar a decisão de seguir o pecado e a consequência morte espiritual. Por isso Paulo escreve na epístola aos romanos dizendo:

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

Assim, o pecador já estava morto em ofensa e pecados e no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve “indignação e ira, tribulação e angustia” (Rm 2.7-12).

3.      A culpa Universal.
Salomão o homem mais sábio que já existiu, observou que não havia homem algum que não necessitasse de salvação: “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Ec 7.20). Paulo na carta aos romanos compartilha dizendo: “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).

Muitos chamam a si mesmo justos, simplesmente porque vivem uma vida melhor, mais aceitável do que outros. Porém trata-se de uma comparação baseada no padrão humano de julgamento. Devemos compreender que Deus não nos avalia comparando com o nosso próximo, mas pelo seu padrão de justiça:

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (Is 64.6).
“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm 7.18).

“Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Este texto porém, carece de uma boa interpretação para não criarmos uma “heresia”. Uma ala cristã usa este texto para afirmar que as crianças já nascem em pecados e precisam ser batizadas para purificação. Porém, não se pode criar uma doutrina com base em apenas um texto isolado. Primeiro porque o livro dos Salmos é um livro de cânticos e não de doutrinas. Devemos notar que o salmista escreveu em uma linguagem poética. Segundo Davi, ele emprega a primeira pessoa “eu nasci”, isto é a ele e não aos outros.

Se tomarmos este texto literalmente, estaremos falando de bebês desencaminhados, pecaminosos, que não sabem falar. Nenhum bebezinho fala ao nascer, pois são inocentes.

Davi está dizendo que depois que nascem, as pessoas se inclinam para a direção errada. Nós sabemos que isto é verdade. O homem nasce em um corpo sujeito ao pecado, e esta natureza pecaminosa é uma herança que todo o homem recebe através de Adão. O pecado de Adão introduziu a morte no mundo e implantou no homem uma natureza pecaminosa, colocando assim toda a criação sob o julgamento de Deus.

Não nascemos já pecaminosos, nem culpados. A existência de culpa implica em escolha moral. A culpa significa que agimos erradamente com base em nosso direito de escolha, com base em nossa responsabilidade. Uma criancinha não nasce em pecado, só haverá na criança a qualidade moral, depois que ela aprender a distinguir entre o certo e o errado. Lembramos que o texto de Dt 1.39 ensina que as criancinhas não possuem conhecimento de bem e do mal. Como elas não sabem a diferença entre um e outro não podem ser responsabilizadas.

Se uma criancinha fosse um pecador e se o batismo purifica alguém, certamente Jesus teria deixado esta doutrina. Portanto nos Seus ensinos Ele diz:

“Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor” (Mt 21.16). “Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10.13-14).

Na Bíblia Deus tem revelado seu padrão, na Lei, para vivermos uma vida justa; porém, homem algum foi capaz de alcançá-lo perfeitamente. O padrão de vida, exposto por Deus, nunca foi destinado a ser o caminho da salvação para ninguém; nem nos tempos do Antigo Testamento, nem nos dias de hoje.

Teoricamente, uma pessoa poderia obter salvação através da sua perfeita obediência à Lei durante a sua vida, porém ninguém exceto Cristo foi capaz de guardar toda a lei. Podemos compreender com mais clareza o propósito de Deus em dar a lei, se pensarmos nela como se fosse um espelho. Um espelho pode refletir um rosto sujo, mas não pode limpa-lo. Igualmente, a lei pode mostrar ao homem quão pecaminoso ele é, mas não pode salva-lo do seu pecado:


“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.11). A lei simplesmente mostra a incapacidade do homem salvar a si mesmo, uma vez que ele é incapaz de guardá-la.

Pr. Elias Ribas

domingo, 24 de abril de 2016

A DOUTRINA DO PECADO


I.  A DEFINIÇÃO DO PECADO

Pecado do hebraico hattah; do grego harmartia e do latim peccatum. O pecado é um mal moral; é violência, corrupção. Errar ou desviar-se do caminho de retidão e honra, fazer ou andar no erro. Pecado significa “errar o alvo”, como um arqueiro que atira, mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. É também “errar o caminho” como um viajante que sai do caminho certo. Pecado é uma falta de integridade e retidão, uma saída da vereda designada. É uma revolta ou uma recusa de sujeição à autoridade legítima, uma transgressão da lei divina. O pecado é uma fuga ímpia e culposa da lei de Deus; é também culpa, infidelidade, falsidade, engano, dívida, desordem, iniquidade, queda, obstinação, desobediência, falta, derrota, impiedade, erro, morte; pecado, uma ofensa, uma violação da lei divina em pensamento ou em ação etc. (Gn 6.11; Êx 20.1-17; Sl 1.1; 12.2; 24.4; 37.38; 41.6; 51.13; 58.3; Pv 1.22; 19.5, 9; Is 14.13,14; 53.12; Ez 7.23; Mt 6.2; 7.26; Jo 8.44; Rm 1.18; 2ª Tm 2.16; Hb 2.1-3; 3.13; 1ª Jo 3.4).

O pecado nos separa de Deus. O pecado nos tira do meio em que devemos viver. O pecado converte luz em trevas, a alegria em tristeza, o céu e no inferno, a vida: em morte. Pecado é violar a lei moral de Deus. O pecado é o maior e o mais terrível inimigo da alma humana. Ele destrói as promessas, mata as esperanças, dá-nos serpentes em vez de peixes, pedra em lugar de pão, tormento em lugar de prazer. O pecado sempre destrói e nunca edifica; promete, mas nunca cumpre a promessa. Como dizem as Escrituras: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). O autor da epístola aos Hebreus nos exorta a estarmos sempre vigilantes sobre “o pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1). Existe o pecado por comissão (Tg 1.15) e o pecado por omissão (Tg 4.17).

II. O PECADO ORIGINOU-SE NO MUNDO ANGÉLICO

Para se conhecer a origem do pecado, devemos retomar a queda do homem descrita em Gn 3; e olhar atentamente algo que aconteceu no mundo dos anjos. O Senhor Deus criou um número enorme de anjos e todos estes eram bons (Gn 1.31). Porém, Lúcifer e legiões deles rebelaram contra Deus, pelo que caíram em condenação. A época exata dessa queda não é indicada na Bíblia, mas em Jo 8.44, o Senhor Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio. O apóstolo João, na sua primeira epístola diz que “o diabo peca desde o princípio” (1ª Jo 3.8). Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Mas, quando da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, “para que não se ensoberbeça e caia na condenação do diabo” (1ª Tm 3.6-AEC).

Atualmente há milhões de pessoas que ousam negar a existência do Diabo. A bíblia porém ensina que ele é real; é um ser pessoal e maligno (Ap 12.10; 1ª Pe 5.8; Is 27.1; Ap 20.2; 2ª Co 4.4).

Podemos concluir com toda convicção, que foi o pecado do orgulho (soberba), de desejar ser como Deus em poder e autoridade (Is 14.12-15).

III.   O HOMEM FOI CRIADO UM SER SANTO

O homem foi criado com um caráter moral e foi lhe dado a capacidade de se tornar santo ou ímpio. O homem foi criado um ser livre e racional. Ele era justo e não injusto, santo, mas não pecador. Ele tinha simplesmente a capacidade de continuar santo ou desobedecer a ordem divina e tornar um pecador. Sendo dotado com razão e livre arbítrio, seu caráter dependia do uso que ele faria daqueles dotes. Se agir certo, ele era justo, mas se agir errado se tornaria injusto. O homem, quando foi criado era certamente inocente de erro. A Bíblia diz em Eclesiastes 7.29: “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.

Deus criou o homem “reto” (yaschar), que quer dizer: moralmente bom, e possuindo a capacidade de escolher e seguir o que é justo e reto.

Adão era um ser reto e possui vida espiritual reta, isto é, era nascido do alto. Deus soprou o fôlego de vida nele que envolveu com vida espiritual. A Bíblia diz que no dia em que ele pecou morreu espiritualmente (Gn 2.15-17). Ao desobedecer a Deus deixou de desfrutar de união espiritual com Deus. E para que ele morresse espiritualmente, era necessário que possuísse vida espiritual, que seu espírito fosse ligado a Deus.

Durante o período indeterminado no qual Adão viveu antes da queda, ele cumpriu a vontade de Deus. Por isso ele estava envolvido espiritualmente com Deus (Gn 2.15). Adão recebia conselho e direção de Deus (Gn 3.8). Mas uma proibição foi imposta a ele: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Na realidade isto foi numa proporção extremamente inferior a todas as graciosas instruções que vieram de Deus.

Os resultados seriam: ou o favor continuo de Deus, por motivo da sua obediência; ou a imposição da penalidade da morte por motivo de sua desobediência.

Adão estava no começo do caminho, e não possuía os privilégios mais altos que Deus tinha para ele. Eles nunca haviam confrontado uma situação ética onde estava clara a necessidade de escolher entre o bem e o mal. Ele ainda não estava acima da possibilidade de escolher entre o bem e o mal. Foi lhe dado um teste exterior e visível que podia determinar se estava disposto a obedecer a Deus em tudo. Ele podia crescer em santidade, maturidade e ter o gozo dessa vida.

A penalidade infligida a ele se transgredisse o mandamento positivo de Deus mostra que ele podia experimentar a morte física, espiritual e eterna – separação da sua fonte de vida, Deus, e a resultante miséria e tristeza. Mas por outro lado, Adão só podia desfrutar da vida espiritual com Deus, se continuasse na obediência a Sua palavra.

IV.   A NATUREZA DO PECADO

1.      O pecado separa o homem de Deus.
O pecado tira o homem do meio em que deve viver. O pecado converte luz em trevas, a alegria em tristeza, a vida em morte. O pecado é o maior e mais terrível inimigo do homem. Ele destrói as promessas, mata as esperanças, dá serpentes ao invés de peixes, pedra em lugar de pão, tormento em lugar de prazer. O pecado sempre destrói e nunca edifica; promete e jamais cumpre a promessa. Como dizem as Escrituras: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

O autor da epístola aos Hebreus exorta à vigilância sobre “o pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1). Existe o pecado deliberado (Tg 1.15) e o pecado por omissão (Tg 4.17).

Infelizmente existem seitas que induzem a prática da imoralidade dizendo que: “a prostituição purifica a alma e o espírito”. Pecar significa transgredir, ferir a lei moral imposta por Deus, ferir a santidade do Criador.

2.      Satanás é quem seduz o homem a pecar.

Satanás é quem seduz o homem ao pecado. Ele é o agente da tentação (Gn 3.1-6). Teologicamente o pecado pode atingir estas três dimensões humanas: corpo, alma e o espírito. Adão ao pecar corrompeu as três partes do homem.

A experiência somente confirma o testemunho das Escrituras: “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1ª João 2.16).

1. Nos apetites malignos da carne - a concupiscência da carne.
2. No materialismo avarento e transitório - a concupiscência dos olhos.
3. No orgulho da vida sem Deus - a soberba da vida.

Concupiscência da carne: Qualquer pecado da carne; desejo da carne: paixões carnais, imoralidades, glutonaria, bebedice, materialismo manifesto pelos prazeres extravagantes, pelos sentimentos, pelo endeusamento das gratificações mundanas e perversas (Gl 5.19-21).

Concupiscência dos olhos: Cobiça, avidez, ambição desenfreada por riquezas, desejo incontido por aquilo que vê, convicto que ficará plenamente satisfeito quando tiver o objeto da sua avareza, sendo isso um engano.

Soberba da vida: Arrogância de viver, orgulho, jactância, insolência, presunção; o homem que pensa e fala muito de si mesmo e seus bens e benefícios, suas riquezas, seus feitos, sendo estes quase sempre falatórios e exageros seus; um petulante convencido e vaidoso.

Analisamos o texto de Gênesis 3.6, veremos os danos que o pecado causou no ser humano.
“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu”.

1. No Corpo: “... a concupiscência da carne...”. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer...”.
2. Na alma: “... a concupiscência dos olhos...”. “... agradável aos olhos...”.
3. No espírito: “... e a soberba da vida...”. “... e árvore desejável para dar entendimento...”.

O Filho de Deus quando estava nesta Terra também foi tentado foi tentado pelo diabo. Tentando no ESPÍRITO, ALMA, E CORPO, mas venceu o pecado e o tentador. Compare a tentação de Jesus:

Lc 4.1-13                                                                     1ª Jo 2.16
Pedras em pães                                                           “Cobiça da carne”.
 Reinos da terra                                                           “Concupiscência dos olhos”.
Pináculo do templo                                                     “Orgulho da vida”.

A causa da alta média de fracassos dentre os líderes cristãos é que estes pensam ser imunes ao pecado. Todo líder sábio que não exercitar o autocontrole poderá cair numa armadilha. Estes são, sem dúvida, alguns dos pecados que tão de perto envolvem os ministros do Senhor (Hb 12.1).

De acordo com 1ª João 2.15, a falta de amor para com Deus abre espaço para que se desenvolva amor pelo mundo, que deixa o crente especialmente vulneráveis a áreas de ataque do inimigo. Se caminhar com fé e firmeza na Palavra, não sentirá inseguro, conseguirá evitar as armadilhas do pecado sexual, da cobiça, e do orgulho. Estas três áreas de pecados acontecem quando há insegurança, falta de fé e confiança no Senhor.

3.      O homem é tentado pela cobiça.

“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. “Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz ao pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1.13-15).

Na queda do homem Satanás usou a sedução. A sedução é sempre querida e determinada por um inimigo que deseja o mal. Eva declara ter seduzida pela sombria serpente (Gn 3.13; 1ª Tm 2.14). Nesse sentido, a sedução possui a intenção de desviar alguém da obediência devida a Deus (Dt 13.6; Ef 5.6).

Influenciado por ela, o homem pode enganar-se a si mesmo (Jr 17.9) e deixar seduzir põe seu próprio coração, pelo amor ao dinheiro, pela cobiça, pelo orgulho e por outros males grosseiros (Mt 13.22; Hb 3.13; Tg 1.26; 1ª Jo 1.8). A sedução deve ser relacionada com a cobiça, por ocasião do tropeço, com o escândalo: destino de tudo isso é a “queda”; o “mal” daquele que assim avisa.

As três áreas de queda de qualquer cristão são: o amor pelo sexo oposto (imoralidade sexual), o amor pelo dinheiro (o desejo de se tornar rico), e o amor por posições e proeminência (orgulho).

A. Amor pelo dinheiro.

No grego clássico Pleonexia Pleonexia, significa “uma ganância arrogante”, e o espírito que procura tirar proveito do seu próximo. O verbo correspondente, pleonektein, significa “defraudar” ou “burlar”, é um pecado que o N.T., condena sem poupá-lo, repetidas vezes. A palavra ocorre em Mc 7.22; Lc 12.15; Rm 1.29; 2ª Co 9.5; Ef 4.19; 5.3; Cl 3.5; lª Ts 2.5; 2ª Pe 2.3, 14. A “tradução regular da ARC é” “Avareza”. Uma vez, em Ef 4.19, a ARC a traduz por “avidez”. A ARA mantém “avareza” na maioria das passagens, mas traduz por “avidez” em Ef 4.19, “cobiça” em Ef 5.3, e “intuito ganancioso” em lª Ts 2.5. Tem “cobiça” em Lc 12.15, mas sua tradução regular é “concupiscência”, que usa em sete das passagens. Uma vez, em lª Ts 2.5, usa “egoísmo”. A BV traduz Mc 7.22: “desejo de possuir o que pertence aos outros”.

Políbío, o historiador grego, tem um uso sugestivo da palavra. Pleonexia está ligada com conduta “totalmente desavergonhada”, com “ambição que se excede”, com “violência”, com “injustiça”, com “cupidez” pela qual o homem nos seus melhores momentos sentirá tristeza, com a “capacidade” de um oficial desonesto que está resoluto no sentido de despojar o distrito sobre o qual tem autoridade.

Os moralistas latinos o definem como amor sceleratus habendi, “o maldito amor de possuir”. Teodoreto, o comentarista primitivo, descreve-a assim: “sempre visando obter mais, procurando apanhar as coisas que não são apropriadas ao homem possui”. Cícero definiu avaritia, que é o equivalente latino, como injuriosa appetitio alienorum, “o desejo ilícito pelas coisas que pertencem aos outros”.

Em Lc 12.15 é o pecado do homem que avalia a vida em termos materiais, que pensa que o valor da vida acha-se no número de coisas que o homem possui, o homem cujo único desejo é obter e que nunca sequer pensa em dar.


Em Cl 3.5 é identificada com a idolatria. Pleonexia é a adoração aos objetos em lugar de Deus. Uma moeda é um objeto pequeno, mas se for colocada diante do olho cobrirá a vastidão do sol. Quando um homem tem pleonexia no seu coração, ele perde Deus de vista num desejo louco de obter.
Os moralistas latinos o definem como amor sceleratus habendi, “o maldito amor de possuir”. Teodoreto, o comentarista primitivo, descreve-a assim: “sempre visando obter mais, procurando apanhar as coisas que não são apropriadas ao homem possui”. Cícero definiu avaritia, que é o equivalente latino, como injuriosa appetitio alienorum, “o desejo ilícito pelas coisas que pertencem aos outros”.

Em Lc 12.15 é o pecado do homem que avalia a vida em termos materiais, que pensa que o valor da vida acha-se no número de coisas que o homem possui, o homem cujo único desejo é obter e que nunca sequer pensa em dar.

Em Cl 3.5 é identificada com a idolatria. Pleonexia é a adoração aos objetos em lugar de Deus. Uma moeda é um objeto pequeno, mas se for colocada diante do olho cobrirá a vastidão do sol. Quando um homem tem pleonexia no seu coração, ele perde Deus de vista num desejo louco de obter.

B. O amor por posições e proeminência.


Em lª Ts 2.5 e em 2ª Pe 2.3 descreve o pecado do homem que usa sua posição por vantagem própria, para aproveitar-se das pessoas a quem deve servir, o homem que vê seus vizinhos como criaturas a serem explodidas e não como filhos de Deus que devem ser servidos.

Pleonexia é o pecado do homem que deu livre vazão ao desejo de ter o que não deve, que pensa que seus desejos, apetites e concupiscências sãos as coisas mais importantes do mundo, que vê outras pessoas como objetos a serem explorados, e que não tem outro deus senão ele próprio e os seus desejos.

            Estes pecados entristecem e afastam o Espírito Santo do ser humano. Onde há concupiscência e soberba no coração, não há lugar para o amor do Pai. O homem terá de escolher um ou outro. A mensagem de João é: se alguém ama o mundo, o amor do pai não está nele (Jo 2.15).

C. O Orgulho: A essência do pecado.
Sintomas do orgulho. Os sutis sintomas do orgulho são bem fáceis de perceber, eis alguns exemplos:

 Sou mais importante: Achar que certas pessoas, ou tarefas estão abaixo da sua dignidade, ou pensar que você é o mais importante que os outros porque você tem uma posição de liderança.

Quero ser servido: Aceitar uma honra especial como líder e ser servido pelos outros, ao invés de dedicar-se a servi-los.

 Sou melhor: Paulo exorta conta o “considerarmo-nos mais importante do que deveríamos” (Rm 12.3). O orgulho começa a nos dominar quando se consideramos mais importante do que devíamos.
Deus odeia o orgulho porque ele é a essência do pecado. Satanás caiu por causa do orgulho (Ez 28.17).
  • D. O pecado sexual.
“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt 5.27-28).

Adulterar para o judeu, observando-se a letra de Êx 20.14, seria deitar com a mulher do próximo. Mas no tempo da graça, é isto e ainda mais. Se apenas tiver um pensamento impuro é adultério, embora não se pratique o ato (Mc 7.22; Rm 1.29; Ef 4.19; 5.3; 2ª Pe 2.14).

 Aqui está à própria essência da palavra. A essência não é o pecado sexual. A essência é o desejo de ter aquilo que é proibido, o desejo de tomar aquilo que não se deve tomar, o não refrear os apetites e desejos contrários às leis de Deus e dos homens.

E. O que levou o rei Davi pecar no seu palácio?
No livro de 2º Samuel a Bíblia relata o pecado de Davi dizendo: “E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista. E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu? Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou ela para sua casa. E a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e disse: Pesada estou”. (2º Sam 11.1-5).

O que levou Davi ao pecado foi: A concupiscência dos olhos, a ociosidade e a concupiscência da carne. Davi era o rei de Israel, era casado, mas quando olhou para a beleza da mulher, não se preocupou em saber como era sua vida se era casada ou não e sim em satisfazer o desejo de seus olhos e de sua carne; e fez com que ela viesse á sua presença e deitou-se com ela, e cometeu adultério.

O pecado de Adão e Eva; de Davi e do próprio Lúcifer e muitos outros que a Bíblia relata, são pecados da concupiscência da carne, dos olhos e da soberba da vida.

4. O pecado é um tipo específico de mal.

Nos dias atuais fala-se muito do mal, e relativamente lemos e ouvimos muito pouco a respeito do pecado; esta é uma verdade enganosa. Apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo o que consideramos mal é pecado. Não se deve confundir o pecado com o mal físico que produz prejuízos e calamidades. Existem muitas coisas neste mundo que os homens consideram um mal e que não é pecado. Os ciclones, furacões, as enchentes, os terremotos, as nevasca, secas, etc., são males, mas nenhum deles é pecado. Da mesma maneira, dizemos de animais selvagens, lunáticos perigosos, crianças malvadas, sem querer dizer que são pecadores (Jo 9.1-3). Nossa definição limita o pecado à criatura racional. Como o homem é uma criatura racional, ele sabe que quando faz o que não deveria fazer, ou é o que não deveria ser, é culpado de pecado. O pecado não é uma calamidade que sobreveio inesperadamente ao homem, que envenenou sua vida e arruinou sua felicidade; mas é uma direção que o homem decidiu seguir deliberadamente e que leva consigo miséria inacreditável. Essencialmente, o pecado, não é uma coisa como uma fraqueza, um defeito ou uma imperfeição pela qual não podemos ser responsabilizados, mas é uma verdadeira oposição a Deus. É uma verdadeira transgressão da lei de Deus, constituindo culpa. O pecado é o resultado de uma escolha livre, porém má, do homem. Este ensino é claramente exposto nas Sagradas Escrituras (Gn 3.1-24; Is 48.1-8; Rm 1.16-32).

Nós nos tornamos culpados quando pecamos conscientemente, quando sabemos que certo ato é pecado e ainda assim o praticamos. A Bíblia afirma categoricamente que todos os homens optam pelo pecado (Is 53.6), quando todos decidem fazer o mesmo que Adão fez (Mt 7.13-14). Todos nós, logo que atingimos a idade do discernimento, pecamos voluntariamente. Em outras palavras, nós endossamos o pecado de Adão, pecando. Tornamos-nos voluntariamente transgressores da lei, e conseqüentemente nos achamos sob condenação. Ninguém é condenado pelo pecado de Adão. Isso não seria justo, e Deus não pode ser acusado de injustiça. Ser tentado não é pecado, mas quando cedemos à tentação é que nos tornamos transgressores voluntariamente, e nos colocamos sob condenação. Nós mesmos somos responsáveis pelos nossos pecados e não podemos culpar a ninguém mais. Alguns chegam ao ponto de dizer que nós somos pecadores porque pecamos, mas eu acho que nós pecamos porque cedemos ao pecado.

5. O pecado sempre é dirigido contra Deus.

Não se pode ter uma correta concepção do pecado sem vê-lo em relação com a vontade e a pessoa de Deus. Compreendendo assim, o pecado pode ser interpretado como “falta de conformidade com os preceitos de Deus”. Esta é, sem dúvida, uma correta definição formal do pecado. A grande e central exigência da lei é o amor a Deus. E se, a santidade consiste em amar a Deus, o mal moral, isto é, o pecado consiste no oposto. Pecado é a separação de Deus, a oposição a Deus, o ódio a Deus, e isto se manifesta em constante transgressão da lei de Deus, em pensamentos, palavras e atos. A Bíblia vê o pecado em relação a Deus e sua lei (Rm 1.32; 2.12-14; Tg 2.9; 1ª Jo 3.1).

6. O pecado e essencialmente egoísmo.

A Bíblia Sagrada ensina que a essência da santidade é amar a Deus; o oposto se consiste em que a essência do pecado é amar ao próprio ego. Adão primeiro se inclinou para seu próprio ego, ao invés de obedecer a Deus. O que queremos dizer, é um amor próprio exagerado, que coloca os interesses próprios acima dos interesses de Deus. O egoísmo é a essência do pecado, isto é evidenciado pelo fato de que todas as formas de pecado podem ser traçadas até o egoísmo, que é sua fonte. Assim, os apetites naturais do homem, sua sensualidade, ambições e paixões egoístas brotam de seu ego. O Senhor Jesus ensinou o verdadeiro altruísmo: “Não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou” (Jo 5.30-ARA). Paulo disse que Cristo “morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2ª Co 5.15-ARC). A Bíblia ensina que nos últimos dias os homens seriam “egoístas” (2ª Tm 3.2-ARA). Quando o egoísmo é considerado como uma preferência indevida de nossos interesses aos interesses de Deus, temos no egoísmo à essência do pecado.

Esse juízo teológico implica uma experiência e uma compreensão prévia geral de diversos aspectos do pecado. No capítulo primeiro aos romanos, Paulo pressupõe a desordem humana como experiência antropológica fundamental. O discurso paulino supõe, pois, como óbvio, que todos conhecem a diferença entre o que deve ser e o que é. Paulo esclarece esse ponto, acrescentando dois fenômenos especial impressionantes: apresenta a consciência como o lugar onde se detectam as falhas da conduta humana; onde a acusação subseqüente a falta (“eu não devia”) e a reação de defesa (“não posso ser acusado disso…”) (Rm 2.15). Ao lado dessa experiência interna, ele coloca a experiência interpessoal, segundo a qual o homem usa imagens hostis para si, exaltando a si mesmo e rebaixando os demais. Isso ocorre, por exemplo, quando se mede o outro a partir de uma forma, que recusa aplicar a si mesmo (Rm 2.17-24).

Pr. Elias Ribas