TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 14 de dezembro de 2013

CRISTO, SUMO SACERDOTE SUPERIOR A ARÃO


Hebreus 5.1-10: – Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, 2 – e possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza. 3 – E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados. 4 – E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão. 5 – Assim, também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei. 6 – Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. 7 – O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. 8 – Ainda que era filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. 9 – E, sendo Ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem. 10 – chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

Os sumos sacerdotes do Antigo Testamento, apesar de serem santos, eram limitados e imperfeitos. Arão, por exemplo, ainda que grandemente honrado ao ser separado para o ofício de sumo sacerdote, cometeu uma falha indecorosa: levantou um ídolo em forma de bezerro de ouro e levou o povo a pecar.
Mas Cristo, nosso Sumo Sacerdote, é superior a Arão, não somente por sua infalibilidade e perfeição, mas porque cumpriu cabalmente o plano divino de redenção de toda a humanidade.

I. O SUMO SACERDOTE DO ANTIGO TESTAMENTO

1. Características básicas (v. 2).

A.“Tomado dentre os homens”. O sumo sacerdote na Antiga Aliança era uma pessoa comum que, apesar de separada por Deus, levava para o sacerdócio suas virtudes e defeitos. Ele não era tomado dentre anjos ou espíritos, mas “dentre os homens”. E essa é uma característica muito importante.


B. “Constituído a favor dos homens”. O sumo sacerdote não era eleito pelos seus pares, nem pelo povo em geral. Sua investidura no cargo era por nomeação direta da parte de Deus. Hoje, há diversas formas utilizadas na escolha e consagração de um pastor, porém, acima de tudo é indispensável que o pastor seja constituído por Deus.


C. “Nas coisas concernentes a Deus”. O sacerdote falava e agia em nome de Deus, no que concernia à sua expressa vontade. Por outro lado, ouvia os homens e intercedia por eles diante do Altíssimo. Em tudo, a missão sacerdotal era cuidar dos interesses de Deus em relação ao povo e os do povo em relação a Deus. Era um mediador, um representante do Eterno.

2. Funções primordiais. De modo geral as principais funções do sumo sacerdote eram ensinar a lei de Deus e interceder pelo povo.

A. “Oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (v. 1b). Na Antiga Aliança os oferentes não podiam dirigir-se diretamente a Deus. Traziam suas dádivas e ofertas e as apresentavam ao sacerdote. Segundo estudiosos do Antigo Testamento, os dons eram ofertas de cereais e os sacrifícios eram “ofertas de sangue”. No Novo Testamento, Jesus, nosso Sumo Sacerdote quanto a nossa salvação, é tanto o oferente como a própria oferta vicária: “ofereceu-se a si mesmo [por nós] a Deus”.

B. “Compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados” (v. 2). O sumo sacerdote deveria ter simpatia, ou seja, capacidade para compartir as alegrias ou as tristezas das pessoas que lhe procuravam e, ao mesmo tempo, ter empatia, capacidade para se colocar na situação do outro. Só quem tem essas qualidades pode de fato ser um intercessor. Da mesma forma devem proceder os obreiros do Senhor no trato com os que erram por ignorância ou por fraqueza.

II. DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE CRISTO E ARÃO

1. Jesus, sacerdote perfeito. A Lei previa a possibilidade de erro ou pecado por parte dos sacerdotes (v. 3; Lv 4.3). O próprio sumo sacerdote Arão tinha a orientação de Deus para oferecer sacrifícios não só pelo povo (Lv 16.15ss), mas por si próprio (Lv 16.11-14). Enquanto o sumo sacerdote do Antigo Testamento estava sujeito a pecar, Jesus nunca pecou. Ele é perfeito. Satisfez todas as condições para o perfeito sacerdócio. Foi ungido como Rei, como Filho (1º Sm 2.6,7); e Sacerdote Eterno (Sl 110.4); foi enviado por Deus (Jo 5.30); veio em nome do Pai (Jo 4.43), Jesus não se glorificou a si mesmo para fazer-se sumo sacerdote (v. 6). Diante de todas essas qualificações, o Mestre nunca ofereceu sacrifícios por si próprio. Ele deu-se a si mesmo por nossos pecados (Gl 1.4).


2. Sacerdote eterno (v. 6). O escritor aos hebreus faz referência a dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o caráter especial do sacerdócio de Cristo: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és meu filho; hoje te gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4).



III. A MISSÃO TERRENA DE JESUS


1. “Nos dias de sua carne” (v. 1). É uma referência direta à vida humana de Jesus. O escritor já houvera acentuado esse aspecto no cap. 2.14-17. Aqui, mais uma vez, ele demonstra que o nosso Sumo Sacerdote, mesmo provindo de uma linhagem especial, encarnou-se, tomando a forma de homem, como vemos no Evangelho de João (1.14): “E o verbo se fez carne...”. O Verbo refere-se a Jesus Cristo (cf. Ap 19.13).
Os gnósticos ensinavam que o corpo é intrinsecamente mau. Mas Jesus, o Verbo divino, provou o contrário. Ele se fez carne, “e habitou entre nós”, tornando-se homem completo, pleno, perfeito. E não apenas se fez carne, mas tomou a “forma de servo” (Fp 2.7); na semelhança da “carne do pecado” (Rm 8.3), suportou a “paixão da morte” (Hb 2.9).

2. Clamor, lágrimas, orações e súplicas (v. 7). A Escritura diz que Jesus clamou a Deus, com “lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte”. No Evangelho segundo João 11.35 está escrito que Jesus chorou, mas aquela não foi a única vez, como atesta o v. 7. É por isso que Jesus entende de lágrimas e, um dia, como Deus, enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 7.17. 21.4).

3. Aprendeu a obediência (v. 8). Haverá prova mais autêntica da humanidade de Jesus? “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hb 5.8). Ele, sendo divino, obedeceu a Deus. A mente humana é, por vezes, levada a indagar: “Afinal, se Ele era Deus, porque deveria obediência a alguém?”. Esse é um mistério que só a fé pode aceitar.
Jesus como ser humano teve um desenvolvimento humano normal: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52). Como Filho de Deus, Ele obedeceu ao Pai.

4. “Por aquilo que padeceu” (v. 8b). A prova suprema da obediência de Cristo foi a sua paixão e morte. O Diabo tudo fez para que Jesus não executasse o plano da salvação. Na tentação no deserto, seu objetivo era que o Senhor obedecesse suas sugestões (Mt 4.1-11); na crucificação, o inimigo usou alguém para lhe sugerir que “provasse” que Ele era o Filho de Deus, descendo da cruz (Mt 27.40).

5. Trouxe eterna salvação (v. 9). “E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem”. (grifo nosso) Jesus declarou ao Pai: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17.4). Na cruz, no momento supremo de seu sacrifício em favor dos pecadores, Ele exclamou: “Está consumado...” (Jo 19.30).

Nesse aspecto, é oportuno lembrar que alguns teólogos, baseados no versículo em foco e em outras referências, pregam a doutrina da predestinação absoluta, resumida na sentença “uma vez salvo, para sempre salvo”. Entretanto, o versículo mostra inequivocamente que a salvação não é eterna a priori, mas sim condicional. Ela é eterna para “todos os que lhe obedecem”. Desse modo, exclusivamente é salvo quem crê e segue a Cristo em obediência.


6. Chamado por Deus (v. 10). Jesus pertenceu a uma ordem sacerdotal singular, diferente da de Arão. Nisto, vemos mais uma importante distinção entre o sacerdócio de Cristo e o sacerdócio arônico. Jesus, como diz o v. 10, foi “chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (v. 10).


Como podemos constatar no capítulo cinco de Hebreus, o texto revela com clareza meridiana a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao de Arão. Outro ponto importante diz respeito a humanidade de Cristo: o escritor assevera que Jesus foi humano o suficiente para buscar a Deus, o Pai, em oração, súplicas e lágrimas, sendo obediente como Filho. Trata-se de um exemplo inigualável e uma lição incomparável para nós, mortais, que, às vezes somos relapsos em fazer a vontade do Senhor, em obediência irrestrita.

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CRISTO, SUPERIOR A MOISÉS

Hebreus 3.1-8,12,14. 1 – Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, 2 – sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. 3 – Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. 4 – Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. 5 – E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; 6 – Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim. 7 – Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz. 8 – Não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto. 12 – Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mal e infiel, para se apartar do Deus vivo. 14 – Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até o fim.

O escritor aos hebreus exorta-nos a considerar Jesus Cristo como “Sumo Sacerdote da nossa confissão”. Os israelitas tinham grande respeito aos profetas e sacerdotes da antiga aliança, destacando-se entre eles Moisés e Arão. Na Nova Aliança, Jesus é superior a todos eles, pois encarnou-se tomando a forma humana, ou seja, tornou-se o Emanuel, “Deus entre nós”, concedendo a gloriosa e eterna salvação para todos os que nEle crêem.

I. CONVOCAÇÃO DOS SANTOS À ADORAÇÃO A CRISTO (v. 1)

1. “Irmãos santos”. A palavra santo vem do latim, sanctu, que, originalmente, quer dizer aquele ou aquilo que “era estabelecido segundo a lei”, passando depois a significar aquele ou aquilo “que se tornou sagrado”. No Antigo Testamento, a palavra hebraica para santo é qodesh e seus derivados, que significam santo, santificado, santificar, separar, pôr à parte. No Novo Testamento, a palavra “santo”, no grego hagios, tem sentido semelhante ao da língua hebraica; santos, segundo o ensino bíblico, são somente aqueles que têm comunhão com Deus e com seu Filho, Jesus. Estes são convocados para adorarem a Cristo, separados do mundo.

2. “Participantes da vocação celestial”. Os santos que vivem aqui na terra não são apenas os mártires, ou os que fizeram algum milagre, como ensina o Catolicismo. Os santos são pessoas de carne e osso, “participantes da vocação celestial”, por aceitarem a Cristo como seu Salvador ao ouvirem o seu convite através do evangelho.

3. Cristo, Apóstolo e Sumo Sacerdote. Os santos são convocados para considerar “Jesus, apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão”. Ele foi, de fato, o Apóstolo por excelência. Jesus foi enviado por Deus ao mundo, “não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.17).
No Antigo Testamento, os sacerdotes intercediam pelo povo, tendo que oferecer, por todos os pecadores, sacrifícios com sangue de animais, que apenas encobriam o pecado. Na Nova Aliança, Jesus é o Sumo Sacerdote perfeito, pois ofereceu o seu próprio sangue para nos salvar e nos apresentar a Deus com a nossa confissão.

II. MAIOR GLÓRIA DO QUE MOISÉS

1. Moisés, fiel como servo (v. 5). Moisés foi fiel em sua casa, como acentua o escritor, na condição de servo, sendo o mensageiro que testemunhou das “coisas que haviam de vir”. Ele foi o porta-voz de Deus ao receber as tábuas da Lei no Sinai, transmitindo, com fidelidade, a palavra que de Deus ouviu no monte. Ele nada alterou do que recebeu do Senhor. Foi servo em sua casa, no âmbito do que lhe foi confiado, e desincumbiu-se muito bem de sua tarefa na “casa” de Deus. Por isso, foi considerado um modelo entre os homens (cf. Jr 15.1).

2. Jesus, fiel sobre sua própria casa (v. 6). Jesus foi superior a Moisés. Ele foi servo. Aquele é o Filho, o Sumo Sacerdote constituído por Deus, posição que não foi confiada a mais ninguém. Moisés, mesmo sendo fiel como homem, não foi perfeito. Falhou em algum momento. No episódio em que Deus mandou que ele falasse à rocha pela segunda vez, descontrolou-se emocionalmente e feriu-a, ao invés de falar (Nm 20.11). Jesus, no entanto, nunca falhou. “Em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15).

3. A casa, somos nós (v. 6). Em nossa imperfeição, como poderíamos ser chamados “casa” de Cristo para que Ele, nessa “casa”, fosse sumo sacerdote? Só a graça de Deus pode explicar. A condição para que sejamos “casa” do Senhor, é que tão-somente conservemos “firme a confiança e a glória da esperança, até o fim”. O apóstolo Paulo teve de Deus revelação semelhante. Na primeira Epístola aos 1ª Coríntios 6.19-20, lemos: “OU não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. Diante disso, é grande a nossa responsabilidade para com essa “casa”, em que, ao mesmo tempo, habitam Cristo, nosso Sumo Sacerdote, e o Espírito Santo, nosso intercessor, que nos tem como seu templo.

III. ADVERTÊNCIA QUANTO AO ENDURECIMENTO CONTRA DEUS

1. Ouvindo a voz do Espírito. A advertência é grave e solene: “Portanto, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto...”
(vv. 7,8). Citando o Salmo 95.8-11 o escritor admoesta os destinatários da carta valendo-se de fatos constrangedores, relativos ao povo de Israel. Na advertência, o Espírito Santo os lembra para não fazerem como seus pais, que provocaram a Deus no deserto com graves atitudes: 1) Tentaram a Deus; 2) Provaram a Deus, mesmo tendo visto suas obras por 40 anos (v. 9; Êx 15.22-25; 17.1-7). Esse aviso quanto a ouvir o Espírito Santo é significativo e oportuno para nós em nosso tempo, pois há crentes tão insensíveis, em todos os sentidos, que suas consciências já se encontram irremediavelmente cauterizadas (cf. 1ª Tm 4.2).

2. Não endurecer o coração (v. 8). O povo israelita, não obstante presenciar as maravilhas do poder miraculoso de Deus no deserto, a começar pela passagem do Mar Vermelho, rebelou-se contra o Senhor. Em conseqüência, Deus se indignou. Manifestou a sua ira e decretou seu juízo: “Não entrarão no repouso de Deus”. Daquela geração rebelde, todos os que tinham mais de 20 anos não entraram na Terra Prometida. O endurecimento do coração é um obstáculo para o recebimento da benção de Deus.

3. Um coração mau e infiel (v. 12). Outra advertência é dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para que neles não houvesse “um coração mau e infiel”, que viesse afastá-los “do Deus vivo”. O verbo afastar, no texto, é apostenal (gr.), palavra que dá origem ao termo apostasia. No versículo seguinte vem um conselho divino: “Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v. 13). Muitos, por falta de orientação e advertência (exortação), endurecem o coração para Deus, desviam-se e até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se em práticas extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão espiritual” e outras invencionices.

4. Como nos tornamos participantes de Cristo (v. 14). O escritor nos mostra como nos tornamos participantes de Cristo: “Se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é corroborada pelo que Jesus asseverou: “...mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10.22). “Até o fim...”. O homem só alcança a salvação plena quando aceita a Cristo como Salvador e permanece em santidade, até a “redenção do nosso corpo” (Rm 8.23b). Se por um lado é difícil iniciar a carreira cristã, mais difícil ainda é continuar e terminá-la. Porém, todas as promessas futuras na eternidade estão reservadas para os vencedores, os que completam a carreira, como diz o apóstolo Paulo (2ª Tm 4.7).

A superioridade de Cristo em relação a Moisés é incontestável. Moisés era homem imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma missão tão grande. Jesus, nosso salvador, mesmo na condição humana, em face de sua missão salvífica, “em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Nós, cristãos, precisamos honrar a Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote da nossa confissão.

Pr. Elias Ribas




sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CRISTO, SUPERIOR AOS ANJOS



Hebreus 1.4-14; 2.1-3 4 – Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. 5 – Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho? 6 – E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. 7 – E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo. 8 – Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino. 9 – Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu como óleo da alegria, mais do que a teus companheiros. 10 – E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos; 11 – eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, 12 – e, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão. 13 – E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? 14 – Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?

Hebreus 2.1-3 1 – Portanto, convém-nos atentar, com mais diligencia, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas. 2 – Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, 3 – como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram”.

Introdução: Na Antiga Aliança, os anjos eram muito considerados. Na epístola aos Hebreus, o escritor ressalta, de modo enfático, a superioridade de Cristo em relação aos seres angelicais e, ao mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar, fez-se “um pouco menor que os anjos” (Hb 2.9). Nesta lição, estudaremos alguns aspectos importantes dessa superioridade, entendendo esse paradoxo numa análise exegética simples.

I. MAIS EXCELENTE EM SUA NATUREZA E NO SEU NOME

1. Os anjos na Bíblia. Os anjos tiveram papel muito importante entre o povo de Deus no Antigo Testamento. (Ver Gn 19.1,15; 28.12; Êx 3.2; 23.20; Sl 103.20). No Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José, revelando o nascimento sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra do sepulcro de Jesus, após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira idolatria em torno desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl 2.18).
Outras referências demonstram claramente a ação dos anjos, não só em favor de Israel, mas de todos os servos de Deus, em todo o mundo (cf. Sl 34.7).

2. A natureza dos anjos (vv. 7.14). O texto bíblico nos revela alguns aspectos relativos à natureza dos anjos. No v. 7, lemos que Deus “de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo”. É uma citação de Salmos 104.4. Eles são ministros usados por Deus segundo a sua vontade, submissos a cada convocação sua, portanto, ficam muito aquém da natureza e das funções do Filho de Deus. Por maiores que sejam os anjos, em comparação com Cristo são apenas bafos de ventos e fagulhas de fogo. Eles são criaturas. Jesus é Criador, inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v. 14, os anjos são chamados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”.

II. A Superioridade de Jesus em Relação aos Anjos

1. Declarado Filho de Deus, gerado pelo Pai. No v.5, o escritor indaga: “a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?”. Estas perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que Cristo é superior aos anjos, por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente difícil de entender. Sendo Deus, em que sentido Jesus poderia ser gerado? A resposta está no grandioso milagre e ministério da sua encarnação, incompreensível à mente humana, que só entende um pouco das coisas terrenas.

2. O Filho pela ressurreição. O escritor Lucas, no Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32-33). Sem ter deixado jamais de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo publicamente, como Filho de Deus, na ressurreição. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos – Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4). De fato, se Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado, ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como Buda, Maomé, Chrisna, etc.

3. O Filho deve ser adorado pelos anjos (v. 6). “E quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”; “...por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra” (Sl 89.26, 27).

4. Jesus está à direita de Deus (v. 13). Esta é a posição de honra, dada somente a Cristo, e a ninguém mais: “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés?”. Estevão, quando estava sendo martirizado, contemplou Jesus à direita de Deus (cf. At 7.55).

5. Jesus é Rei, Messias e Criador. No v. 8, lemos: “Mas do Filho diz: ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de fato Ele o é, além de ser também Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de retidão. Os anjos não têm poder de reino ou soberania. Nos vv. 9-12, vemos que Jesus é apresentado como o Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como Aquele de quem a terra e “os céus são obra” de suas mãos. O v. 13 prossegue exaltando a superioridade de Cristo como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus pés.

III. A Grande Salvação em Jesus

1. Advertência contra o desvio (v. 1-3). Depois de apresentar o quadro da superioridade de Cristo em relação aos anjos, o escritor aos Hebreus é levado a advertir os destinatários da carta (e a nós, também), quanto “às coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas”
(v. 1). E explica que, se “a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”, indaga solenemente: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...?” (v. 3). Esta salvação, trazida por Jesus Cristo, não foi efetivada por meras palavras, e sim, autenticada por Deus, por meio de “sinais e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo...” (v. 4). Quem se desvia da sua fé em Cristo, corre o risco de perder-se para sempre (v. 3).

2. Jesus, homem, um pouco menor que os anjos (2.7-9). Esse é um aparente paradoxo encontrado na carta aos Hebreus, relacionado à encarnação de Cristo. “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”. A dedução é simples, Jesus, feito homem, despojou-se voluntariamente de parte de seus atributos, e sujeitou-se a morrer, na cruz, para que “provasse a morte por todos”. Nessa condição, em sua natureza humana, tornou-se “um pouco menor que os anjos”. Se não fosse assim, a sua natureza divina não o permitiria morrer, pois Deus não morre.

IV. Jesus, o Fiel Sumo Sacerdote (2.9-18)

1. Tudo existe em função dEle (v. 10a). Para Jesus são todas as coisas, visto que elas existem por Ele e para Ele (Cl 1.16). E assim é, para que Ele traga “os filhos à glória”, e, pelas aflições, se tornasse “o príncipe da salvação deles” (v. 10b). Os filhos, ou seja, os que o receberam, deu-lhes o poder (o direito) de serem feitos “filhos de Deus” (Jo 1.12), e são chamados por Cristo de “irmãos”
(v. 11). É sublime a declaração de Cristo, em relação aos que são salvos por Ele. No v. 13, Ele diz: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu”. Esses são livres do “império da morte, isto é, do Diabo” (v. 14), e da servidão (v. 15).

2. Em tudo, foi semelhante aos irmãos (v. 17). Para poder cumprir sua missão salvadora, Jesus, “em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). Assim, “feito um pouco menor que os anjos”, entregou-se a Deus para, como “fiel sumo sacerdote”, expiar os pecados do povo (v. 17).

3. Em tudo foi tentado (v. 18). Em sua condição humana, Jesus, o Filho do Homem, suportou a tentação, “para socorrer aos que são tentados”. Esta é uma afirmação consoladora para nós, os crentes, que durante a caminhada na Terra, somos acossados e ameaçados por várias tentações. Nosso Deus, Jesus, não foi em sua missão um deus alienado dos seus adoradores e fiéis, como prega o deísmo. Pelo contrário, Ele se colocou no meio dos pecadores e, como eles, foi tentado até à cruz para lhes dar vitória sobre as tentações. Na verdade, Ele, “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). Glória a Deus, por isso!

A superioridade de cristo em relação aos anjos excede em muito a ideia distorcida, e difundida entre os incrédulos, de que os seres angelicais têm papel místico, a ponto de serem venerados ou mesmo adorados pelos adeptos das falsas doutrinas.

 Pr. Elias Ribas


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CRISTO, O RESPLENDOR DA GLÓRIA DE DEUS


Hebreus 1.1-6 1 – Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho. 2 – a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. 3 – O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas; 4 – feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. 5 – Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho? 6 – E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.

A epístola aos Hebreus contém alguns enigmas. Não esclarece quem foi seu autor; a quem foi realmente destinada, nem a data em que foi escrita. No primeiro século, os chamados pais da Igreja não esclareceram tais detalhes. Clemente de Alexandria e Orígenes entenderam que Paulo escrevera Hebreus. No Século II, Tertuliano discordava da autoria paulina, e cria que Barnabé era o autor da epístola. Agostinho, de início, julgou que fosse Paulo, mas, depois, afirmou que ela era anônima. Martinho Lutero sugeriu que a carta poderia ter sido escrita por Apolo (At 18.24). Quanto à data, os estudiosos situam-na entre 68 a 70d.C. Com relação aos destinatários da carta, Hebreus deve ter sido inicialmente dirigida a judeus helenistas convertidos ao Cristianismo. O propósito deste comentário não é discutir tais pormenores, pois a resposta só teremos no céu, quando nos encontrarmos com o escritor. É fundamental que nestas lições sobre a Epístola aos Hebreus, vejamos a pessoa de Jesus Cristo como o resplendor da glória de Deus, o Salvador perfeito.

I. DEUS FALOU DE MODO DEFINITIVO

1. A antiga revelação. No versículo primeiro, o escritor assevera que, “antigamente”, Deus falou “muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas”. Moisés foi um profeta especial. No Salmo 103.7, lemos: “Fez notórios seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel”. Na galeria dos profetas, destacam-se Isaías, que recebeu a revelação do nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição do Messias; Jeremias; Ezequiel, Daniel, Joel, Malaquias, e outros foram instrumentos de revelação, não só para Israel, mas para a Igreja e para o mundo. (Ver 1ª Pe 1.12).

2. Deus falou de muitas maneiras (v. 1b). Nas páginas do Antigo Testamento, vemos que Deus não falou de modo uniforme pelos profetas. A uns, como a Moisés, Ele falou direto, “cara a cara”; a outros, como Daniel, falou por sonhos; a Jonas, em voz audível, e por meio do vento, do mar e do peixe. Por esses meios, Deus se revelou de modo progressivo, nas diversas dispensações, até que chegasse “...a posteridade, a quem a promessa tinha sido feita” (Gl 3.19), e a posteridade era Cristo.

3. A última e definitiva revelação. Deus, “a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (v. 1b). Essa afirmação é fundamental para a fé cristã. Primeiro, porque Deus falou. Segundo, porque nos falou “pelo Filho”. A revelação pelos profetas foi divina e progressiva. Eles, com convicção, diziam: “Assim diz o Senhor” (Êx 5.1; Is 7.7; Jr 2.5; Ez 3.11). A revelação pelo Filho, Jesus, é divina e superior, visto ser conclusiva e definitiva. Em Hebreus, vemos a melhor e mais perfeita comunicação do Altíssimo. Ele, nestes “últimos dias”, falou pelo seu próprio Filho, de modo completo, direto e definitivo (cf. Lc 21.33; Mc 13.31). Os ímpios não entenderam esta revelação: os espíritas dizem que o espiritismo é a “terceira revelação”, depois de Moisés e Cristo. Os adeptos da “Nova Era” dizem que virá a “Era de Aquários”, para substituir o Cristianismo. Com esse engodo, o Diabo engana os incrédulos, a fim de que sejam lançados no inferno (cf. Sl 9.17). Jesus é a última e definitiva revelação de Deus aos homens. Ele falou e está falado! “Cale-se diante dele toda a terra” (Hc 2.20). nós cristãos, precisamos estar seguros, fundamentados na Palavra de Deus, para refutar toda e qualquer doutrina falsa, que apresente qualquer outra revelação divina.

II. O PERFIL MAJESTOSO DE CRISTO


1. HERDEIRO DE TUDO E CRIADOR DO MUNDO. No v.2, lemos que Deus constituiu Jesus como “herdeiro de tudo e Criador do mundo”.

A. Todas as coisas foram feitas por Jesus. No evangelho segundo João (1.1), temos uma declaração profunda da divindade de Cristo, quando lemos: “Todas as coisas foram feitas por ele, e nada do que foi feito sem ele se fez”. Ele foi o agente de Deus na Criação, fazendo vir à luz as coisas criadas pelo poder do Espírito Santo.

B. Todas as coisas foram feitas para Ele. Jesus teve do Pai a outorga para criar todas as coisas, e também para ser o herdeiro de todas as coisas criadas. Paulo, escrevendo aos Colossenses, diz: “Tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1.16). O Diabo usurpou parte da criação, mas, na sua vinda, Jesus tomará posse de tudo o que lhe pertence por direito de criação, de autoria e por direito de herança.

2. CRISTO, O RESPLENDOR DA GLÓRIA DE DEUS (v. 3). Esta é uma revelação da maior transcendência. No Antigo Testamento, Deus manifestou a sua glória, em certas ocasiões, de modo terrível e aterrador. Em alguns momentos, a glória de Deus se manifestou sobre o povo de Israel, deixando-o atordoado. Ezequiel viu a glória de Deus junto ao rio Quebar de modo estranho e terrível. E concluiu, dizendo: “Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí sobre o meu rosto e ouvi a voz de quem falava” (Ez 1.1-28). Tudo isso que o profeta viu foi apenas a “Semelhança da glória do Senhor”. Mas em Cristo, Deus revelou “o esplendor da sua glória”.

3. CRISTO, “A EXPRESSA IMAGEM” DE DEUS (v. 3). Essa revelação, no texto, amplia a visão de Cristo, dada ao escritor. Mostra que Ele não é só o resplendor da glória de Deus, mas tem a mesma natureza, o mesmo caráter. O termo, no grego, para “expressa imagem” ou “a expressa imagem de seu ser” é charakter, que dá ideia de um carimbo, uma gravação, de gravura indelével. Sendo o Filho do Homem quanto à sua condição humana, Cristo apresentou-se ao mesmo tempo com a natureza do Pai, divina, Ele disse: “eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).

4. CRISTO SUSTENTA TODAS AS COISAS PELA PALAVRA DO SEU PODER (v. 3). Jesus é o agente da criação de Deus. Sua palavra criadora teve efeito não apenas imediato, mas transformou-se em lei, executada no momento em que, como Deus, Ele disse: “Haja luz”; “haja uma expansão..”; “façamos o homem...” (Gn 1.1-26). O poder da palavra de Deus foi tão grande, que sua eficácia continua por todos os séculos. O salmista diz: “tu coroas o ano da tua bondade, e as tuas veredas destilam gordura” (Sl 65.11). No Gênesis, lemos: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão”.(Gn 8. 22). Devemos agradecer a Deus por todos os dias que despertamos, pois, vendo a luz do sol, sentindo o ar que respiramos, vendo as pessoas à nossa volta, cada animal que nasce, e cada ser humano que vem à luz, constatamos que isso é obra da criação de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo.

5. CRISTO, O SALVADOR, FEZ A PURIFICAÇÃO DOS NOSSOS PECADOS (v. 3). O escritor aos Hebreus recebeu a revelação da obra redentora de Cristo, como aquele que, pelo seu sangue, nos purifica de todo o pecado (cf. I Jo 1.7). As religiões feitas pelos homens e seus líderes não têm esse poder. Pelo contrário, as religiões orientais, como o Budismo, o Hinduísmo e o Islamismo, pregam uma salvação que pretende purgar os pecados, através de reencarnações, dum carma, ou de obras, levando o homem a crer na mentira da salvação efetuada pelo próprio homem. Com Cristo é diferente. Ele é o agente eficaz da salvação, remindo o homem que o aceita como Salvador.

6. ASSENTADO À DIREITA DE DEUS (v. 3). Nos antigos impérios e reinos, o lugar de honra era ao lado do monarca, ou do imperador. A comunicação sobre a posição de Cristo, quando elevado aos céus, evoca essa metáfora. Após sua ascensão, Jesus foi recebido à direita de Deus (Mc 16.19); Estevão viu Jesus à destra de Deus, no momento de seu martírio (At 7.55); (ver ainda Rm 8.34).

Alegremo-nos por não servirmos a um deus qualquer, produto da mente humana, ou da necessidade imanente de se acreditar em algo ou em alguém superior, como os indígenas e outros povos tidos como primitivos. O nosso Deus é o excelso Criador. O nosso Cristo é o Verbo Divino, o Salvador, que, cumprida sua missão, assentou-se “à direita da majestade nas alturas”.

Pr. Elias Ribas




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O QUE SIGNIFICA O TERMO MINISTRO



Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1ª Co 4.1- ARA).

O tema “Falsos Ministros”, que vou abordar, parece polêmico no meio cristão, mas veremos que não é como pensamos, quando usamos por base, corretamente, a Bíblia Sagrada e o uso correto da mesma. A motivação que o ministro precisa ensinar aos seus liderados é sempre a do amor que, por sua vez, liberta-os para a criatividade, para a ação benéfica; que os liberta do medo que sufoca, prende e aliena; que liberta do egoísmo e que permite que a obra de Deus seja realizada sem embaraço e na medida da plenitude do Espírito Santo, na vida de cada seguidor.

[....] O termo “ministros” é a tradução do grego hupêretas. Conforme o Dicionário VINE (2003, p. 791, CPAD), significa literalmente “remador” (da fileira de baixo) (formado de hupo, “debaixo de”, e eretes, “remador”). O termo veio a denotar “qualquer subordinado que age sob a direção de outrem”; em Lc 4.20, “ministro”, quer dizer o assistente à serviço da sinagoga; em At 13.5, é dito acerca de João Marcos “cooperador”; em At 26.16, “ministro”, é dito de Paulo como servo de Cristo no Evangelho. Era a tradução de hazzan ou chazen, um assistente da sinagoga cuja responsabilidade era abrir e fechar o prédio, cuidar dos livros usados no culto, e ajudar aos sacerdotes ou mestre em tudo quanto fosse necessário [cf. CHAMPLIM, 2001, p. 287, v. 4, HAGNOS].

O Dicionário Bíblico Wycliffe (2006, p.1287, CPAD), nos informa que “No AT, a palavra comum para ministro é mesharet. Este é um particípio do verbo Sharat. A expressão pode indicar aquele que assiste uma pessoa de alto escalão, assim como no caso de Josué e Moisés (Êx 24.13, Js 1.1), Elias e Eliseu (1º Rs 19.21). Nos escritos mais recentes este termo se referia aos oficiais reais (1º Rs 10.5; 2º Cr 22.8), e até mesmo aos anjos de Deus (Sl 104.4). Entretanto, o uso mais característico estava relacionado à ministração dos sacerdotes no Templo (Dt 10.8; 17.12; 21.5; Is 61.6; Ez 44.11; Jl 1.9, 13; Ed 8.17; Ne 10.36)”.

“Há uma diferença abismal entre as palavras “ministro” e “mestre”. “Mestre” vem de uma palavra da língua latina, magister, de onde procedem, ainda, “magistério”, “magistrado”, designando alguém que era procurado por ter “algo a mais (magis)”. Era que tinha com que contribuir. “Ministro” vem de minister, procedente de minus, alguém que tem “algo de menos”, o servo, diácono, servidor, serviçal, auxiliar, ajudante.

“O termo diakonos, de onde vem diackonia, o mesmo que serviço, ministério. Essas palavras, no sentido original, estavam sempre voltadas para a ideia de serviço, de servir (Lc 10.40; 17.8; 22.27; At 6.2).

[....] A palavra “ministro”, atualmente, assumiu um outro sentido. Refere-se àquele que é líder na comunidade cristã. Diferencia do diácono propriamente dito, que, na prática é o obreiro que auxilia os dirigentes. Na realidade, nós obreiros do Senhor, devemos ter a mentalidade de diáconos, ou seja, de que não passamos de servos do Senhor a serviço de seus servos, de sua igreja. Neste sentido, nada justifica, para os obreiros do Senhor, sejam pastores, evangelistas, presbíteros, bispos ou diáconos, demonstrar altivez, orgulho, presunção ou jactância, no exercício do ministério (diakonia). Somos todos servos. Nada mais. Não importa o nosso encargo ministerial. Jesus deu o exemplo. Ele não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20.25-28) [RENOVATO. pg. 19].

“Em todas as situações a ideia é sempre a de alguém que “serve”. Em nossos dias, muitos ministros agem e vivem como alguém que foi chamado para “mandar”. Alguns esmurram púlpitos e mesas de reunião esbravejando: “aqui quem manda sou EU!”.

Se acham donos da igreja e proprietário das ovelhas. Os tais consideram os seus cooperadores como empregados à sua inteira disposição, para atender todos os seus caprichos.

Outros são verdadeiros ditadores e opressores, prontos para cortar a qualquer momento a “cabeça” (e o salário) de quem não se submete às suas “ordens” e “determinações”. São verdadeiros “terroristas” da fé.

A tribuna das igrejas onde presidem manifestam através do luxo e da ostentação o seu espírito arrogante, prepotente e orgulhos. Seu “trono” é o grande destaque, sobressaindo-se aos demais assentos. São herdeiros de uma mentalidade imperialista.

Estes precisam aprender com o servo dos servos, o ministro dos ministros:

Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve” (Lc 22.14-27).

“Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes” (Jo 13.13-17, ARA).

O segundo termo em destaque no versículo acima é “despenseiro”. Conforme VINE, idem, p. 800), traduzido do grego oikonómos, “denotava primariamente o “administrador de uma casa ou propriedade” (formado de oikos “casa”, e nemo, “arranjar, organizar”), “mordomo”, que normalmente era um escravo ou liberto (Lc 12.42; 16.1,3,8; 1ª Co 4.2).

Rienecker e Rogers (1985, p. 293, VIDA NOVA) apontam os seguintes significados: “administrador, mordomo, dirigente de uma casa, frequentemente um escravo de confiança que era encarregado de todos os negócios do lar. A palavra enfatiza que a pessoa recebe uma grande responsabilidade, pela qual deve prestar contas”.

Moulton (2007, p. 296, CULTURA CRISTÃ), acrescenta as seguintes possibilidades: depositário  (Gl 4.2); procurador público, tesoureiro(Rm 16.23); mordomo espiritual, aquele que é encarregado de uma comissão de servir o Evangelho (1ª Co 4.1; Tt 1.7; 1ª Pe 4.10)”.

Mais uma vez a ideia de serviço é destacada. O mordomo não é o proprietário dos bens, dos serviços ou das pessoas que lhe são confiadas. Não é maior do que o seu Senhor. É alguém investido de autoridade, com base na soberania, graça e confiança de quem o chamou.
Como ministros, no sentido de oficiais da igreja, ser mordomo não é para quem quer, mas para quem Deus chama:

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre”(2ª Tm 1.9-11 - ARA).

Ministério não se compra, não se vende e nem se troca. Não é um chamado para dominar ou tirar vantagens pessoais:

“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (1ª Pe 5.1-4) - ARA).

[....] Os princípios aqui expostos, se aplicam também a todos que na Igreja do Senhor foram investidos de autoridade em cargos e funções de confiança. Chamados para servir.

Está chegando a hora da grande prestação de contas. É preciso estar preparado.
Aquele que precisa se converter, que se converta. O que precisa se arrepender, que se arrependa” [GERMANO Disponível: http://www.estudosbiblicos.org/tag/licoes-biblicas/ - acesso dia 23/09/2009].

“Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja” (1ª Tm 3.1). A palavra grega “episkopes” designa uma supervisão pastoral. Paulo não fala de um episcopado monárquico, que se desenvolve mais tarde. E quem deseja este ministério “excelente obra deseja”. Mas, quais são estes ministérios de que Paulo está falando? Dos dons ministeriais dado por Cristo: “E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do ministério, para edificação do corpo de Cristo. Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados por qualquer doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia induzem ao erro” (Ef 4.11-14).

No ensino doutrinário descrito pelo apóstolo Paulo, sobre os dons ministeriais, em harmonia e hierarquia, trazem grandes proveitos para casa de Deus e juntos contribuíram para edificação do corpo de Cristo. Os cincos ministérios são importantes para termos uma igreja bem edificada e para que deixemos de ser meninos inconstantes, levados por qualquer doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia induzem ao erro. “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a Cabeça, Cristo” (Ef 4.15).

Ministério não é profissão e nem carreira, ministério é dom de Deus. Os ministros são escolhidos por Deus para ministrar a boa obra em favor daqueles que irão herdar a salvação.

Todo membro do corpo de Cristo tem uma função a desempenhar para o bem conjunto. Toda a responsabilidade e poder são recebidos de Cristo, que concede os dons à igreja para seu aperfeiçoamento, o que resulta não só em crescimento em número, como também em varonilidade.

“O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1.28).

A responsabilidade do ministério perante aos homens: Anunciar a Cristo; Advertir contra o erro doutrinário e moral; ensinar toda a vontade de Deus (cf. Mt 28.20); Preparar todo o homem para ser apresentado perante Deus.

Pastores e mestres são dois aspectos de um só ministro e ambos têm a responsabilidade de trazer um ensino correto e perfeito para a igreja cristã. Se fôssemos ensinar matemática ou português tudo bem, mas é algo sério, a Palavra do próprio Criador. Nós não estamos portanto, tratando de um mero ensino humano.

Se cada um membro tem uma função diferente no corpo de Cristo, cabe ao mestre, com ensinamento, sua vocação, fidelidade e humildade, esmiuçar a Palavra e trazer para os nossos corações segundo a vontade de Deus. Paulo, ao escrever para a igreja em Éfeso, diz: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados. Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4.1).

O ensinador deve ter vocação e ensinar com humildade, mansidão e amor, sem mudar o sentido da Palavra e sem tirar proveito próprio, deve ter idoneidade no ensino. O Senhor Deus deixou Sua Palavra como bússola, para mostrar o caminho certo. Ignorá-la nos leva a um caminho de morte.

Para a igreja de Éfeso Paulo declara: “do qual fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder” (Ef 3.7).

Ministros, segundo a Palavra de Deus, são aqueles que são escolhidos para ser embaixadores de Cristo, mediadores entre Deus e o povo, pois são ofícios daqueles que ministram as Boas Novas de salvação ao mundo sem Deus. Porém, os falsos ministros são aqueles que o Diabo usa para corromper o sentido da Palavra de Deus, para seu próprio benefício. Em nosso mundo existem “ministros” que acrescentam, outros tiram e mudam algo na Bíblia Sagrada para não contrariar as suas opiniões, como se a religião fosse algo banal, profissional e sem importância.

O verdadeiro líder deve conhecer e refutar as heresias e aberrações através da Santa Palavra, por isso, o Senhor Jesus e os apóstolos deixaram-nos ensinos de advertência e ensinamento para a igreja não ser enganada, o qual iremos trazer detalhadamente para os nossos leitores.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

FONTE DE PESQUISA


1.      BÍBLIA PENTECOSTAL. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Corrigida - Edição 1995, CPAD, Rio de Janeiro RJ.
2.      BÍBLIA SHEDD. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil – 2ª Edição, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri - SP.
3.      BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Corrigida 1995. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri - SP.
4.      CLAUDIONOR CORRÊA DE ANDRADE. Dicionário Teológico. 8ª Edição. Editora CPAD. Rio de janeiro - RJ.
5. Dicionário VINE 2003, p. 791, CPAD. Rio de janeiro - RJ.
O Dicionário Bíblico Wycliffe 2006, p.1287, CPAD. Rio de janeiro - RJ.
5.      ELIENAI CABRAL. Lições Bíblicas - 1º trimestres de 1997. Editora CPAD - Rio de Janeiro, RJ.
6.      ELINALDO RENOVATO. A Defesa de um ministério Frutífero. Lições Bíblicas 3º Trimestre. Editora CPAD - Rio de Janeiro, RJ. 
7.  FRANCISCO DA SILVEIRA BUENO, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11 ª Edição, FAE, Rio de Janeiro RJ.
8.  GERMANO Disponível: http://www.estudosbiblicos.org/tag/licoes-biblicas/ -acesso dia 23/09/2009
14.  RAIMUNDO OLIVEIRA, Lições Bíblicas, 1º Trimestre de 1986, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
15. Rienecker e Rogers [1985, p. 293, VIDA NOVA].
15.  S.E. Mc NAIR, A Bíblia explicada, 4ª edição, 1985, CPAD, Rio de Janeiro RJ.






sábado, 2 de novembro de 2013

A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO


I.        O SIGNIFICADO DO TERMO

A palavra igreja no original grego é ekklesia quer dizer “uma reunião de pessoas chamadas para fora”, ou seja, um grupo de pessoas que saíram de dentro do mundo (espiritual e não fisicamente), para seguirem a Cristo.

Os que formam a Igreja são chamados, pela Bíblia, de crentes, irmãos, cristãos, santos, eleitos e os do caminho que creem em Cristo Jesus como único Salvador.


Os escritores sagrados empregam esta palavra para designar uma comunidade que reconhece o Senhor Jesus Cristo como supremo legislador, e que congregam para adoração religiosa, Mt 16: 18; 18: 17; At 2: 47; 5: 11; Ef 5: 23, 25.

Todos os crentes espalhados pelo mundo formam a Igreja. Ela não está restrita a uma área geográfica e nem a um único povo da Terra. É o seu lado invisível e universal. Embora a palavra “igreja" seja empregada, em primeiro lugar, para descrever a totalidade de crentes que vivem em todo o mundo, você pode usá-la também para se referir aos cristãos de um determinado lugar, isto é, a “igreja local”.

II.     JESUS, CABEÇA DA IGREJA


Cristo e a Igreja formam o Cristo total, corpo e cabeça unidos pelo Espírito Santo. Jesus não está mais presente entre os homens, de forma física, mas em cada pessoa que o recebe, em qualquer parte do mundo, Ele introduz a sua vida, para formar um corpo.

Por ter a vida em Cristo, a Igreja não é um simples ajuntamento de pessoas, uma associação ou clube. É um organismo, algo que tem existência tal como o corpo humano que é composto de muitos membros e órgãos que funcionam em prol de uma vida comum. Da mesma forma que o ser humano é um, mas, tem milhões de células vivas, assim também é a Igreja. Um só corpo, mas constituído por milhões de pessoas nascidas de novo, por intermédio do Evangelho de Jesus.

O Senhor Jesus é o Cabeça da Igreja (Ef. 5:23), que é o Seu Corpo. Esta doutrina precisa tornar-se uma realidade. Não é uma doutrina para ser apenas crida; deve também ser vivida pela Igreja. Para que isso possa ocorrer é preciso que a Igreja se disponha a ouvir o Senhor falar, não apenas quando o Senhor toma a iniciativa de dar uma orientação. A Igreja precisa também tomar a iniciativa de buscar o conselho do Senhor, pedir suas orientações, consultando o Senhor em tudo o que for importante para a realização da Obra de Deus.

Para ter hoje experiências semelhantes, a Igreja precisa entender que o Senhor Jesus deve tornar-se na prática – e não apenas em teoria - o Cabeça da Igreja. Por meio da Sua Palavra escrita temos a doutrina e as orientações gerais para a edificação da Igreja. Mas aplicações específicas da doutrina, orientações que se aplicam a uma igreja em particular com conselhos práticos para os pastores e para o cotidiano da Igreja, o Senhor nos transmite por meio dos dons ministeriais. Dessa forma, o Senhor Jesus revela Seu projeto para a edificação da Igreja.

A Palavra de Deus mostra que os membros do Corpo de Cristo devem estar unidos entre si, pois “há somente um Corpo e um Espírito” (Ef 4.4). Em sua oração sacerdotal o Senhor Jesus intercedeu junto ao Pai para que seus discípulos fossem um assim como Ele e o Pai são um (Jo 17.11). Em João capítulo 10, versículo 16, o Senhor Jesus mostra como chegaria um tempo em que haveria um só rebanho e um pastor.
Freqüentemente, as descrições da igreja no Novo Testamento mostram a relação que existe entre o Senhor e sua igreja. A igreja pertence a Deus, e é, muitas vezes, chamada “a Igreja de Deus” (veja At 20.28; 1ª Co 1.2; 10.32; Gl 1.13; 1ª Tm 3.5,15). Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja. Portanto, Paulo falou de “Igrejas de Cristo” (RM 16.16) e Jesus falou de sua própria igreja (Mt 16.18). O povo de Deus pode ser corretamente descrito como a “igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12.23).

III.  IGREJA COMO CORPO É INDIVISÍVEL

Corpo que ultrapassa as duas barreiras: tempo e espaço. Em qualquer tempo ou espaço em que a pessoa se converte, ela passa a pertencer ao Corpo de Cristo. Ninguém pode colocá-la nem tampouco tirá-la, pois é obra unicamente de Deus. Nada pode afetar esta unidade do Corpo de Cristo. O problema do ecumenismo é tentar trazer esta união para a terra.

Nada pode afetar o Corpo de Cristo no sentido universal (1ª Co 12.12-13; Rm 6.3-5). O Senhor conhece os que Lhe pertencem.

A crítica de que as denominações dividem o Corpo de Cristo é inverídica, pois, na esfera universal, mesmo que queiram, as denominações não podem dividir o Corpo de Cristo.

O excluir no tratamento, crentes de outros grupos evangélicos, é atitude condenável
(1ª Co 11.20-26). Mas, mesmo o não reconhecimento do outro como irmão em Cristo não causa divisão na Igreja universal.

IV.  EM CARÁTER DETERMINANTE NADA PODE JUSTIFICAR DIVISÃO NA IGREJA LOCAL (1ª Co 1.10-13; 3.3-9).

Aqui, quando Paulo fala em divisão, está falando de uma igreja local (Corinto). Uma igreja local pressupõe união. Na igreja local não pode haver divisão, mas mesmo neste sentido as denominações não dividem o Corpo de Cristo. Na Igreja universal cristã não deve e nem pode haver divisão. Basicamente, as denominações não causam mal ao Corpo de Cristo, tanto no aspecto espiritual como no material. A crítica às denominações vem de pessoas que não querem compromisso com ninguém. As denominações não foram originadas para brigar entre si, ou serem contra outros que pensam de outra maneira. Mesmo no caso de exclusão, não afeta a Igreja universal; simplesmente o que se faz é separar aquele que não é parte do Corpo de Cristo (“considerar gentio e publicano”).

V.     A LIVRE ESCOLHA PARA SERVIR A DEUS

Só podemos justificar nossa retirada dum determinado grupo de crentes (local ou denominacional) quando o mesmo impede a enunciação e/ou prática de nossas convicções, ficando evidente que não podemos mais contribuir para a edificação deles.

Partindo do princípio bíblico de comunhão, temos que chegar ao critério de separação. O que une: a salvação e o senhorio de Cristo. Isto nos dá comunhão. Separação: 1) disciplina (temporário); 2) serviço - trabalhar juntos - o critério de serviço é não tanto de aproveitar da denominação, mas de servi-la. Não em buscar, mas me dar. Como é que posso servir à minha Igreja? Procure todas as maneiras possíveis de cooperar com a denominação, sem ferir suas convicções. Ex: Jesus foi rabino, mas isso não quer dizer que Ele concordava com eles. Ele ficou ali até eles O expulsarem. Lutero não saiu da Igreja Católica, e ele ficou ali até a igreja o expulsar.

Se a nossa denominação estiver errada, vamos contribuir para ajudá-la. O critério não é onde eu recebo mais, mas, onde eu posso contribuir mais.

VI.  AS DENOMINAÇÕES EXISTEM PARA CONCENTRAR FORÇAS

1. A preservação de doutrinas características - Ex: os valdenses: o ajuntamento deles era simplesmente para preservar as doutrinas, e até hoje estas doutrinas foram preservadas.

2. O agrupamento dos que concordam com pontos básicos e secundários - eu não sou juiz de ninguém. Há lugar para diferentes opiniões, mas é inevitável uma separação. Não estão se separando por discordarem em pontos básicos. Há, portanto, a possibilidade de diferenças de opiniões, porém a mesma doutrina.

3. A identificação com grupos étnicos, sociais e psicológicos de tendências semelhantes - cada denominação tem um acesso diferente a grupos diferentes socialmente.

4. A história das denominações por si mesma justifica a sua existência.

- Processo cíclico pelo qual toda obra de Deus passa uma ou mais vezes:

Deus chama um homem para ser fiel à Ele e começar um movimento. Temos que tomar cuidado para que este movimento não torne-se uma máquina  (uma organização, apenas), pois, sendo assim, com o  passar do tempo, sem a visão atual, fazendo só porque sempre se fez,  torna-se então, um monumento.

Homens trabalhando sem ter a mesma visão de quem iniciou. Isso não passa de um monumento com muita atividade, não com aquela visão inicial que a Igreja primitiva começou. Sua ideia foi totalmente deturpada.

As denominações clássicas começaram por homens que deram a sua vida. É inevitável que hajam as denominações. O cuidado é para que a coisa não deturpe. Devemos preservar o que é certo, reformar o que é errado e dar algo novo.

A Igreja deve funcionar na base da unanimidade. Geralmente é a maioria absoluta (metade mais um), mas não deveria ser assim, e sim, unânimes. A disciplina se refere a pecados, a uma conduta reprovável, indigna a filhos de Deus. Não se refere a conselhos, regras humanistas e tradições, etc... A Igreja não tem autoridade quanto a isso. Este tipo de caso só trás constrangimento para Igreja.

O pastor deve zelar para que na Igreja haja um espírito que não suporte o pecado. O pecador não deveria sentir-se bem na Igreja estando em pecado. O ambiente na Igreja deve constrangê-lo a se arrepender.

VII.        A IGREJA DEVE RECONHECER OS MINISTÉRIOS QUE DEUS INSTITUIU, NOMEANDO-OS COMO TAIS

“...Ele mesmo concedeu, instituiu...” (Ef 4.11).
At 20.28; 14.23 - Deus dá os líderes, mas a Igreja tem que identificá-los. Em todas as Igrejas existem homens que Deus escolheu. Basicamente a liderança que Deus providenciou está na Igreja, mas ela ainda não descobriu. Ex: a péssima tradição de que, quem trabalha na Igreja é só o pastor. Isto mata a liderança da Igreja. Ninguém pode e deve trabalhar sozinho na Igreja. Deus tem um ministério na Igreja para você, mas não somente para você. Temos que procurar descobrir os homens que Deus já escolheu para trabalhar conosco. Em todas as Igrejas existem esses homens líderes, mas talvez estejam “abafados”.

E talvez, os que estão na liderança não são aqueles que Deus escolheu. A Igreja tem líderes e não um líder.

VIII.     A IGREJA DEVE SUBMETER-SE AOS ENSINAMENTOS DOS PRESBÍTEROS COMO LÍDERES ESPIRITUAIS

O que a Igreja deve fazer para com os presbíteros:

1. Julgá-los: 1ª Co 14.29; 1ª Ts 5.21; 1ª Pe 4.11 - quando nós ouvimos um sermão, por exemplo, não devemos aceitar só porque foi dito, mas devemos questionar ver se de fato é bíblico aquele ensinamento. Não devemos “engolir” tudo passivamente. Não deve ser uma atitude crítica, mas “julgar todas as coisas e reter o que bom”.

2. Imitá-los: 1ª Co 4.16-17; 11.1; Fp 3.17; 1ª Ts 1.6; 2.14; 2ª Ts 3.7; Hb 13.7; 2ª Tm 3.10-11,14; Fp 4.9 - muitas vezes ouvimos: “Não olhe para mim, mas para Jesus”. É muito bonito, mas não é certo. Devemos ser exemplos para sermos seguidos. A nossa vida deve refletir aquilo que falamos. “Faça o que eu faço além do que eu digo”. Temos que levar o povo a fazer o que nós fazemos e não só o que falamos.

3. Acatá-los: 1ª Ts 5.12-13; 1ª Pe 1.12; Hb 13.17 - acatar o que é bom como sendo de Deus. Devemos ir à Igreja com humildade esperando ouvir a Deus através do pastor.


Os crentes não devem “engolir” tudo o que o pastor diz. mas devem fazer como os bereanos (At 17.11) fizeram. Devemos julgá-los segundo a Palavra de Deus. Temos que julgar e acatar o que é bom. Você tem a responsabilidade de conferir tudo que ouve com a Palavra. Só o que conferir for verdade deve acatar.

Pr. Elias Ribas