TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

AS ROUPAS PARA AS MULHERES À LUZ DE DEUTERONÔMIO - 22-5




Talvez você já estudou a questão dos judaizantes, mas vale a pena salientar que não estamos mais debaixo da lei e, sim da graça. Mas ainda encontramos nos dias de hoje certos cristãos usando versículos isolados do Velho Testamento para tirar a liberdades das mulheres.

Este é um dos pontos mais difíceis entre alguns pentecostais. Sem ferir ninguém, quero interpretar à luz da Palavra. Os nossos renomados mestres em teologia são unânimes em afirmar que estão superadas as normas de Deuteronômio 22.5. Há igrejas que proíbem terminantemente o uso de calças compridas para mulheres, usando este texto:

“A mulher não usará roupa de homens, nem homem vestes peculiar à mulheres; porque qualquer que faz tais coisas é abominável ao Senhor teu Deus” (Dt 22.5).

[....] Igrejas têm usado esta passagem para condenar o uso de calça comprida para as mulheres dizendo que são roupas de homens. Porém, os tais “líderes” não dizem que na época em que este texto foi escrito as roupas eram semelhantes para homens e mulheres. Os judeus (homens e mulheres) usavam vestidos e túnicas. A distinção dos sexos não estava no tipo de roupa, pois todos usavam vestidos no tamanho e cores.

A palavra roupa no hebraica “simlâh”, é a mesma que é traduzida por capa em Gn 9.23. estas palavras significam: capa, manto, envoltório, vestuário, de homem ou de mulher, especialmente uma grande roupa exterior [TREGELLES Samuel Prideuax. Geseniu’s Hebrew and Chaldee. Léxico Grand Rapids: Eerdmans, 1954. p. 791].

[...] Aqueles que servem a Deus simplesmente porque a letra da lei os obriga fazê-lo, ainda estão sob o regime da Velha Aliança. Não aprenderam a respeito da Nova Aliança. A maioria dos cristãos ainda está vivendo no regime da Velha Aliança. Até dizem: “Tentei fazer isto e fazer aquilo”. Vivem sob a condenação da lei. Embora cantem louvor a Deus e sejam do povo de Deus, têm dúvidas terríveis e enfrentam problemas e lutas. Fazem boas coisas na igreja, mas quando vão para casa, sabemos os problemas que tem. Estão vivendo pela Velha Aliança [ORTIZ. P. 163].

Jamais poderíamos usar um versículo isolado para fazer uma doutrina, assim como se critica os que guardam o sábado, deixando outros mandamentos, que não conseguem cumprir. Tanto é verdade, que o mesmo capítulo, que fala sobre vestes, fala também em matar o filho rebelde, não usar roupa de lã com roupa de linho ao mesmo tempo, fazer franja no cobertor de dormir e outros versículos, por exemplo: o homem não podia cortar o cabelo arredondado e nem sequer danificar a barba. Veja o exemplo:

“Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba” (Lv 19.27). “Não farão calva na sua cabeça e não cortarão as extremidades da barba, nem ferirão a sua carne” (Lv 2.5).

A barba para os Judeus era símbolo de dignidade, mas era vergonhoso raspado: “Tomou, então, Hanum os servos de Davi, e lhes rapou metade da barba, e lhes cortou metade das vestes até às nádegas, e os despediu. Sabedor disso, enviou Davi mensageiros a encontrá-los, porque estavam sobremaneira envergonhados. Mandou o rei dizer-lhes: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e, então, vinde” (2º Sm 10-4-5).

“Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17).

A lei aqui é uma referência ao Antigo Testamento, em geral.

Nem mesmo o cumprimento da lei exaltava realmente a Deus, pois Ele veria as pessoas servindo-O apenas por obrigação, por serem compelidas a fazê-lo.

“Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus” (Rm 3.19).

Pela lei vem o conhecimento do pecado: “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20).

O objetivo desta passagem não é só demonstrar a culpa dos judeus e gentios como também julgar os seus sistemas religiosos, todos incapazes de salvar o homem. A lei destina-se a dar conhecimento do pecado (Rm 3.20, 4.15, 5.13, 7.7-11), e, mostrando-nos nossa necessidade de perdão e de nosso risco de condenação para nos conduzir em arrependimento e fé em Cristo (Gl 3.19 - 24). Ninguém será perdoado e aceito por Deus pelas obras da lei.

Somos salvos pela fé não pelas obras. A Bíblia diz em Efésios 2.8-10 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Atos 15.11 diz: “Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram”.

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção” (Rm 3.21-22).

Após ter mostrado a necessidade de ambos judeus e gentios para a justiça de Deus revelada no evangelho (1.16).

Mas “agora” (o tempo da plenitude por causa da vinda de Cristo, v. 26), a justiça de Deus, isto é, a maneira de tornar-se justo que Deus designou. A justiça de Deus vem a realização histórica através de Cristo e Sua obra.

Esta justiça foi testemunhada por vários profetas e pela Lei – ambos o apontam, foi declarada e visionada, mas só na vinda de Cristo e pelo Evangelho esta é revelada e realizada.

Quando entendemos isso, quando reconhecemos nossa condição de miseráveis pecadores, quando nos arrependemos e confessamos nossos pecados, aceitando a Jesus como nosso Salvador, então somos perdoados pela Graça de Deus, com base nos méritos de Jesus, nosso Substituto, e não somos mais devedores da Lei (embora ela ainda continue a existir), mas passamos a viver sob o domínio da Graça. E essa Graça é a fonte da “justiça de Deus” como dom; justificação é o resultado.

Esta justiça não vem por meio da lei nem é a justiça de Cristo pelas obras da lei, mas sim a Justiça de Deus aparte da Lei. Não é uma simples justiça nem é requerida pelos homens, mas sim uma Justiça Divina que é fixa nos homens que acreditam.

A justiça de Deus é exclusivamente para aqueles que têm fé (“não há diferença, porque todos pecaram”), seja judeu ou gentio (1.16, 17).

Na Nova Aliança, a lei é anulada mediante o sacríficio de Jesus Cristo na cruz do calvário.

“Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” (Hb 7.18).

A carta aos Hebreus de escritor desconhecido, destinada aos hebreus convertido ao cristianismo, que estavam misturando as ordenanças da lei com Salvação pela Graça mediante a Fé em Jesus Cristo de Deus. ( Ef 2.8).

Assim como na consciência, Deus gravou sua lei no coração da humanidade.

“Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” (Hb 8.10)

Esta nova aliança supera a antiga em tempo e qualidade. É extensiva aos gentios. Realiza profunda transformação interior, pois não atua de conformidade com a lei, mas com a Graça. Oferece perdão total, pois não se trata de uma cobertura passageira.

O escritor disciplina os irmãos por ainda serem meninos porque já eram pelo tempo de cristão já ser mestre na palavra de Deus, mas estavam precisando ser ensinado de novo as doutrinas básicas da Nova Aliança (Hb 5.12).

A carta tem a finalidade de separar lei da Graça, onde os que tem Salvação pela Graça estão sobre uma superior Aliança, que não foi feita através de sangue animais mais do precioso Sangue de Jesus, mas diante da Nova Aliança, mostra que houve uma mudança de sacerdócio, que não vinha mais da tribo de Levi, e sim da tribo de Judá e com isso mudaria as ordenanças da lei. Logo Jesus se tornou nosso Sumo Sacerdote diante de Deus.

Foi criado um Concilio em Jerusalém, para definir como os cristãos deveriam se comportar como Nova Criatura como Filhos de Deus, já que hebreus que se convertiam insistiam em continuar debaixo da lei, mas os apóstolos se reúnem em defesa do Evangelho de Cristo e definem:

“...Por isso julgo que não se devem perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue” (At 15.1-20).

O apóstolo Paulo, com o Ministério de Apostolo e Doutor entre os gentios, onde recebeu toda revelação para Igreja para que a mesma andasse por ela, que se falou que alguem apresentasse outro evangelho que fosse considerado anátema (Gl 1.6-12).

O legalismo prima pelas regras do Antigo Testamento. Pelas regras criadas pelo homem através das tradições herdadas pelos pais. Como já disse, se pudermos reforçar vigorosamente as regras criadas pelos homens como meio de santidade e salvação, perderíamos o rumo para o céu.

Considero o legalismo, ser o maior e o mais grave dos problemas da religiosidade, onde ela bate de frente com o Cristianismo. Em momento algum os praticantes da religiosidade concebem a atuação divina pela categoria da Graça, como doação e auto-doação divina. Para eles só a graça não basta, tudo tem que ser barganhado e negociado.

Esta concepção legalista anula a Graça, anula o sacrifício de Cristo, anula a redenção proporcionada pela morte de Jesus na cruz. Neste ponto poderíamos traçar um paralelo (ainda que bastante impreciso) com a ação dos judaizantes na Igreja Primitiva, combatida enfaticamente pelo Apóstolo Paulo, na epístola aos Gálatas:

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão”. (Gl 2.16-21).

As seitas não ensinam a salvação pela fé somente, sempre acrescenta lago a mais.

Porque se nós vamos obrigar os gentios a viverem como judeus, então este viver não é pela fé. Você vive pela fé ou pelas obras da lei? Eu vou mostrar que viver pela fé, e viver pela pregação da fé é viver a Palavra segundo o Novo Concerto. O que desejamos ensinar aos leitores é a pregação pela fé, e não tem o dia do sal, o dia do óleo, dia da vigília, dia do monte, dia do jejum! Aqui, é a pregação da fé, e mais, a pregação da fé e não as obras da lei. Por quê?

“Não anulo a graça de Deus (então quer dizer que tem gente que anula a graça de Deus, como?), pois se a justiça, é mediante a lei, (se eu tenho que viver sacrificando, se eu tenho que viver debaixo da lei, segue-se que morreu Cristo em vão”.

Então eu não anulo a graça de Deus, o que os Gálatas estavam fazendo, era anulando a graça de Deus, porque se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão. Qual é o cenário do cristianismo em nossos dias? Fábulas, obras, sacrifícios, mandamentos humanos, tradições e dogmas e se a Igreja diz que não é da lei, que não é tradicional, inventa os nomes, renovada, avivada, até usam graça, mas isso é só na teoria do nome, na prática você encontra fermento, as obras da lei, os sacrifícios e pessoas anulando a graça de Deus.

O Evangelho que Paulo pregava era algo novo tanto para os gentios como para os judeus. A indignação de Paulo não era preocupação com sua posição, ou seu status de apóstolo de Cristo. A preocupação como ele declara duas vezes em Gálatas 2, era a “Verdade do Evangelho”. Em outras palavras, estava em jogo não somente a salvação dos gálatas, mas também o futuro do próprio cristianismo. O que Paulo não queria era um Evangelho misturado com a lei.

A nova vida da ressurreição, a autêntica vida de Cristo, outorgada pelo Espírito Santo, cancela de uma vez por todas a relação com a lei. Se a justiça provém da lei, Cristo morreu em vão, é o que afirma o apóstolo Paulo. Guardar a lei em Cristo é o mesmo que continuar no avião, ao findar a viagem, isto é um absurdo. Partir a lei em duas, ensinar que Cristo cumpriu uma parte e deixou a outra para cumprirmos, é ofender a graça de Deus, entristecer o Espírito Santo, renunciar aos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 2.6) e meter-se debaixo do jugo da servidão.

Tentar encontrar uma posição de retidão diante de Deus através da lei significa “cair da graça”.

“Cristo se tornou totalmente inútil para vós, a vós todos os que sois justificados pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

Vamos, portanto amontoar todas as nossas boas obras numa só pilha, e todos os nossos pecados numa outra – e fujamos de ambas, para a Cruz de Cristo, onde o perdão é oferecido aos penitentes. Pela fé somente em Seu sangue (Rm 3.25) é que podemos ser justificados.

Paulo descreve seu relacionamento com Cristo em termos de união pessoal profunda com seu Senhor e da sua dependência d’Ele. Aqueles que têm fé em Cristo, vivem uma vida em comunhão intima com Ele tanto na sua morte, como na sua ressurreição. Todos os crentes foram crucificados com Cristo na cruz. Morreram para a lei como meio de salvação, e agora vivem para Deus por meio de Cristo (v.19). Por cauda da salvação em Cristo o pecado não tem domínio sobre eles (Rm 6.11; Rm 6.4, 8, 14; Gl 5.14; Cl 2.12, 20).

É mediante o Espírito Santo que a vida ressurreta de Cristo continuamente nos é comunicada (Jo 16.13-14; Rm 8.10-11). Participamos da morte e ressurreição de Cristo pela fé, a crença, a confiança, o amor, a devoção e a lealdade que temos no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós (cf. Jo 3.16). Esse viver pela fé pode ser considerado como viver pelo Espírito (3.3; 5.5; Rm 8.9-11).

O legalismo, como disse, é o maior e o mais grave dos problemas deparados pelo apóstolo Paulo na igreja primitiva e que igreja cristã ortodoxa ainda enfrenta.

O legalismo exige que seus seguidores obedeçam a um código externo, mas o perfeccionismo é baseado em uma compreensão deturpada do significado prático da justificação.

Dessa forma, anula-se a fé cristã. Este é o argumento que invalida as considerações de quem avalia a religiosidade como um caminho válido para Deus, legítimo e até melhor do que a fé cristã.

O legalismo tira do coração do crente a alegria do Senhor e com essa ausência vai-se também o seu poder para um culto de adoração ao homem. Nada resta senão uma confissão rígida, sombria, tediosa e indiferente. A verdade é traída e o nome glorioso do Senhor torna-se sinônimo de “desmancha prazeres”. Os cristãos sob a lei não passam de uma triste paródia da realidade.


O autoritarismo farisaico se manifesta na confusão do princípio cristão com insistência em comportamento humano invés de fé e graça. Colocam-se como super espirituais e usam suas experiências e regras similares, e citam frases isoladas para descreverem essas experiências.

O legalista diz na verdade: As coisas que pratico faço para ganhar o favor de Deus. Esquecendo do significado da graça divina “Favor imerecido”.

Devemos compreender que estas coisas não estão expressas nas Escrituras. Elas foram transmitidas ou ditas ao legalista e se tornaram uma obsessão para ele ou ela. Torna-se um cristão papagaio, só diz o que os outros já disseram. O legalismo é austero, exigente e semelhante às leis por natureza. O orgulho que está no âmago do legalismo opera em sintonia com outros elementos motivadores. Como a culpa, medo, vergonha. Ele leva a uma ênfase sobre o que não deve ser, e o que não deve fazer.

No capitulo 3.1 de Gálatas Paulo diz: “Quando eu estava aí, ensinando a vocês a verdade, apresentei um salvador que todo o castigo pelos seus pecados. A sua morte e, subseqüente, ressurreição já foi o pagamento final de Deus pelos nossos pecados. Pagamento total! Tudo o que tem a fazer é crer que ele morreu e ressuscitou dos mortos por você. Ele foi publicamente exibido para que todos vissem, e agora a verdade pode ser declarada para que todos creiam. Vocês creram nisso certa vez e foram gloriosamente libertados. Mas, não agora. Quem levou a mudar da lealdade à glória de Deus para as opiniões humanas, da obra do Espírito para os efeitos da carne?”.

A Bíblia Viva contém a seguinte leitura deste versículo: “Gálatas insensatos! Quem foi o feiticeiro que os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso? Em outras palavras: “Vocês enlouqueceram? Quem roubou a sua mente?”. Paulo estava fora de si. Quem havia hipnotizado os gálatas antes completamente despertos?

Em Gálatas 1.6, num trecho anterior, ele admite o seu espanto: “Maravilho-me de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho”.

O legalismo é uma atitude carnal que se conforma a um código, com o propósito de exaltar a pessoa. O Código é qualquer modelo objetivo aplicável ao tempo; o motivo é exaltar-se a si mesmo e ganhar méritos, ao invés de glorificar a Deus pelo que Ele tem feito; e o poder é a carne, não o espírito, que produz resultados externos somente similares à verdadeira santidade. Os resultados são, na melhor da hipóteses, falsificações e não podem jamais aproximar a santificação genuína, por motivo da atitude carnal e legalista.

“Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem pela morte” (Rm 7.5; Rm 6.13; Gl 5.19); “... vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri” (Rm 7.9).

“Agora, porém, libertos da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7.6).

O motivo de sua nova vida frutificada não vem das demandas da lei, mas do desejo de corresponder ao amor de Deus (v. 4). O Espírito Santo dá o poder de viver uma nova vida com Cristo (v. 6).

A antítese entre o Espírito e a letra (lei), aponta para o novo advento, aquele em que a Nova Aliança de Jeremias é realizada (Jr 31.31-34). A letra significa a concepção de guardar a lei exteriormente com toda a força moral que o homem pode levantar. “Espírito” fala das novas relações e forças produzidas em Cristo Jesus pelo Espírito Santo. Paulo procura mostrar para os cumpridores da lei que ela mata o homem por ser difícil de cumprir. “A letra mata e o Espírito vivifica” (2ª Co 3.6).

Embora já estejamos no século XXI, encontramos grupos de indivíduos “rígidos, sombrios, tediosos e indiferentes, basta visitar algumas das igrejas evangélicas de hoje. É com grande dor no coração e grande desapontamento dizer que as igrejas morrem quando o pastor é legalista, pois são assassinos de almas. Os legalistas, com sua lista inflexível de “faça” e “não faça”, matam o espírito de alegria e espontaneidade daqueles que desejam gozar a sua liberdade em Cristo Jesus. As pessoas estritamente legalistas na liderança tiram toda a vida da igreja, embora afirmem estar prestando um serviço a Deus.

São regras humanas feitas pelos homens com, eu creio, corações bons, querendo ajudar, mas no fim acabou sendo mais um jugo sobre a noiva que não era para ser. Então, ainda temos que responder, “Como nós devemos nos vestir na igreja?”.

Na Bíblia não encontramos nenhum versículo que proíba as mulheres a usarem calça comprida no Novo Testamento, porque não existia nem para homens e nem para mulheres.

Jesus ensinando seus discípulos disse: “A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele” (Lc 16.16).

Usar a lei escrita por Moisés para doutrina de usos e costumes é invalidar a graça de Cristo, adulterar o evangelho segundo Jesus segundo o Novo Testamento.

Porque muitos não compreendem o evangelho da graça? Paulo responde dizendo: “Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado” (2ª Co 3.15-16).

Muitos estão seguindo a Moisés, e não a Cristo. Precisam tirar o véu que os deixa cego para a verdade do evangelho (Jo 8.32).

Paulo, instrui o jovem Timóteo, a combater os falsos ensinos. Por ignorarem tal exortação muitos se entregam a “vãs contendas, querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam” (1ª Tm 1.6-7).

O apóstolo é claro em dizer que são malditos os que seguem a lei de Moisés: Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito:

“Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las” (Gl 3.10). “Ninguém será justificado por Moisés porque o justo vivera da fé em Cristo” (Gl 3.11). “Separados estais de Cristo vós os que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes. Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé” (Gl 5.4-5).

A função da lei não é justificar ninguém. Somos justificados pela fé.

“Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (Gl 2.21); “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13).

No livro de Apocalipse o Senhor Jesus disse para o apóstolo João: “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás” (Ap 2.9).

Foi impressionante a forte influência do farisaísmo nos tempos de Jesus e continua até hoje no meio cristão. É visível o proceder cristão mesclado de farisaísmo nas igrejas de hoje. O mundo nos chama de “crentes”; a religião nos chama de evangélicos; mas o farisaísmo tem predominado entre os evangélicos e católicos e poucos se tocam. Esse rosário de regrinhas não mencionadas na Palavra de Deus que se estabelecem e incomodam os crentes, é farisaísmo.

É extremamente difícil estabelecer quais eram as diferenças entre as vestes masculinas e femininas nos dias de Moisés. Tanto os homens como mulheres usavam indistintamente capa, cinto, casaco e vestidos longos. Muitas vezes as roupas de um homem e de uma mulher eram exatamente iguais. Distinguia-se uma da outra, unicamente, pela finura do tecido usado para confeccionar as roupas das mulheres a cor.

O princípio básico apresentado aqui é de que homens e mulheres devem honrar a dignidade do seu próprio sexo e não tentar adotar aparência ou papel do outro. Esse versículo proíbe claramente o travestismo, que é um desvio do comportamento. Deus reprovou e é abominável a mudança do uso natural do sexo, tanto no Velho como no Novo Testamento. O apóstolo Paulo exortando aos romanos diz: “... porque até as mulheres mudaram o uso natural de suas relações íntimas por outro, contrária a natureza; semelhantemente, os homens também deixaram o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmo, a merecida punição do seu erro” (Rm 1.27-28).

Alguns líderes interpretam o “uso natural” como calça comprida ou abrigo. Mas, o ensinamento de Moisés e de Paulo se refere à mudança de sexo, homem com homem ou mulher com mulher. Não tem nada haver com calça comprida.

O que uma sociedade estabelece como indumentária masculina e feminina não vale necessariamente para outra região geográfica.

Não compete ao Espírito Santo designar quais roupas são masculinas ou femininas. Experimente um homem usar uma bota feminina ou vice-versa. Ou um homem usar uma calça feminina. Não irá servir, porque o estilo masculino e o estilo feminino são diferentes. Isso é convenção cultural, portanto, humana.

Deve se observar que as roupas e tradições também variam de geração para geração. A calça comprida era considerada roupa de homens no início do século passado. Como as mulheres começaram a trabalhar fora de casa e necessitavam de roupas fortes que protegessem suas pernas do frio e dos acidentes de trabalho, o uso acabou sendo inevitável. Inicialmente, causava inquietação e gerava muita polêmica. Mas, logo pode contar com o consentimento da sociedade. Porém, muitos líderes permitem as mulheres usarem a calça comprida no trabalho, mas proíbem a usarem quando vem aos cultos! Isso é uma hipocrisia!

Note que houve uma mudança social e cultural sem atingir a moralidade das pessoas. Houve uma mudança de tradição. Hoje as calças compridas já nem são mais roupas masculinas, e sim neutras em seu gênero, tanto homens como mulheres podem usar.

Como nos tempos de Jesus homens e mulheres usavam vestidões e não havia nenhum pecado, também em nossos dias não há pecado para homens e mulheres usarem calças comprida. Mas, sempre com decência.

Há outras vestimentas que também são usados por homens e mulheres e não trazem nenhuma inquietação, como por exemplo: as sandálias havaianas; camisetas de malhas; certos tipos de casacos, usados para nos protegermos do frio; e até mesmo alguns modelos de armação para óculos de grau. Hoje o que designa uma calça masculina ou feminina é o estilo. Sendo assim, quando Deus ordena que a mulher não se vista com roupas de homem, Ele não está escolhendo certo tipo de roupa, mas apenas rechaçando o travestísmo, e a roupa intima de cada ser humano. O ideal de Deus é que os homens queiram ser homens e as mulheres desejem ser mulheres. A mensagem de Deuteronômio 22.5 trata de princípios, e não de uma lei sobre moda.

Outro detalhe é que, se fosse pela diferença entre homem e mulher, nós homens teríamos que voltar ao uso de vestido; se é pelo costume do país que usamos a calça, elas também têm o direito de usar o costume do país, sendo que as mulheres brasileiras também usam a calça, mais que a saia e, muitas vezes, como abrigo contra o frio.

Entendemos que no Novo Testamento temos apenas uma norma, ou seja, a que fala de vestes decentes, conforme 1ª Tm 2.9, e disso não devemos abrir mão, é claro. Por outro lado, não é porque a mulher, por exemplo, está usando vestido comprido, que está obrigatoriamente decente, pois tudo o que chamar a sensualidade é indecente, é lascívia.

Em certas igrejas, para a maioria dos crentes, uma mulher usar calça idêntica a do homem é um pecado mortal, mas não encontramos um texto bíblico que dê sustentação a essa idéia. Ele vem apenas de uma má interpretação e tradição da igreja.

Se fosse indecente, nós os homens, estaríamos sendo indecentes ao usarmos a referida calça, pois o nosso corpo tem as mesmas condições de mostrar indecência. Além disso, usamos roupas modernas e caras (ternos e gravatas), contrariando Lc 7.25 e Mt 11.8. Os ministros não poderão comprar ternos atualizados, pois deverão cumprir Êxodo 39, se quiserem exigir que as mulheres cumpram uma má interpretação de Deuteronômio 22.5.

Se for para manter a distinção entre homem e mulher, existem diversos itens do vestuário que podem caracterizar a mulher, como calçados, cabelo, blusa, bolsa e outros, vistos que as vestes dos tempos bíblicos eram vestidos idênticos para ambos os sexos e a diferença ficava por conta de outros detalhes, como o comprimento do vestido, a textura do tecido. O homem diferenciava-se pela barba e a mulher pelo véu.

Uma mulher com uma calça descente se protege mais do que uma saia, num símbolo de mundanismo como no entendimento de alguns. Se for provado que a coisa material provoca indecência (que é um atributo moral), não se pode afirmar biblicamente que um costume é mau.

Ensinam que a “igreja” tem “regras” (tradições e doutrinas de homens), que foram condenadas por Jesus (Mt 15.1-3, 9) e, sem base bíblica, fecham o reino dos céus para os aflitos e necessitados. Enquanto Jesus tinha compaixão e misericórdia, os fariseus de hoje são petulantes e donos da verdade.

Aprendemos em missiologia que devemos respeitar a cultura de cada país, mas estamos esquecendo que estamos na cultura de nosso próprio país, onde, especialmente, na região sul, com temperaturas negativas; além de costume, é uma necessidade e um direito constitucional do cidadão, tendo inclusive, amparo legal na preservação da saúde. O uso da calça para a proteção contra o frio, na época do inverno, é uma necessidade. É redundante dizer que, se a pessoa questionasse seus direitos morais pela advertência em público, a Igreja teria problemas. Nesse particular, existe um grande obstáculo, que tem levado muitas mulheres optarem por outras igrejas que entendem não ser esse um problema de indecência, nem de preceito bíblico, senão apenas de uma tradição, que deveriam ser mantidas se não causassem a perda de muitas almas.

Temos visto que muitas igrejas brasileiras assistem a confirmação de Deus ao seu trabalho missionário em outros países, sem a tal exigência, mas continuam proibindo aqui, como se Deus fosse mais exigente para os brasileiros.

Porque muitos líderes fazem este tipo de acepção com as mulheres e o Espírito Santo não? Deus não condena uma mulher pela roupa, mas pela sua conduta sem Deus.

Muitos líderes evangélicos já entendem que essa tradição traz mais prejuízo que lucro e resolveram abrir mão, mesmo que se diga que liberaram o mundo dentro da igreja, porém, biblicamente, para entrar o mundo na igreja, pelas vestes, precisamos ser, no mínimo indecentes, o que não é o caso da calça, e, sim, de muita saia curta, justa ou transparente e blusa decotada (que é tida como um erro, mas a calça é vista, por muitos, como um horror do inferno).

Umas das teorias, a que considero a mais equivocada, é aquela que afirma ser a proibição dessa peça do vestuário um dos motivos da integridade, indispensáveis para a igreja manter a sã doutrina e a santidade. Entendo que a igreja é santa porque não abre mão das doutrinas bíblicas e, ficaria melhor ainda, se dispensasse este item que nada tem a ver com a santidade e nem com a diferença do mundo, pois Jesus em João 13.35 nos diz qual é a única característica que faz a diferença do mundo. O único requisito no vestir é a “decência” que procede do amor. A caridade, que é o próprio amor, não se porta com indecência, conforme 1ª Co 13.5 e nada mais que isso pode ser exigido biblicamente.

Quantos pastores ficam envolvidos com a tal proibição, enquanto Satanás vem minando a santidade das igrejas pela mentira, inveja, desonestidade, corrupção, prostituição, adultério, rancor, falta de perdão, enfim, todos os males causados pela falta do amor de Deus nos corações.

È o mundo entrando dentro da igreja e não um figurino de vestuário para manter uma característica da igreja, representada apenas pelas mulheres, assim como nos países muçulmanos, cujas mulheres com o corpo coberto, da cabeça aos pés, representam para o mundo mais desenvolvido, a característica de uma religião atrasada. Este é um exemplo clássico de que manter uma característica, se não tiver fundamento bíblico, só pode representar um atraso, como vem fazendo aquele povo. Com certeza, isso não garante pureza à igreja, nem admiração pelos que deveriam converter-se ao Evangelho. O evangelho que Jesus mandou pregar, não recomenda, uma só vez, tais exigências.

A bem da verdade, o que está acontecendo é que uma boa parte dos crentes só sabem aplicar a dureza da lei da aparência exterior, mas não sabem praticar o amor e a misericórdia, vivem como se fossem os números exatos dos escolhidos, não se importando com o resto do mundo, como se fossem os donos da salvação, e quem não pisar na linha de suas exigências, deve ser eliminado.

A pergunta que faço: Como será o acerto, um dia, dos que trocaram a graça pela obras e dos que evitam o esclarecimento para não contrariá-los? “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1.18).

Se Jesus condenou os fariseus, que aplicavam a lei ao invés do amor, não fará o mesmo com aqueles que mudam a verdade de Deus, ensinando aos descrentes, que a mulher que usar calça, no dia do senhor não poderão entrar no céu? “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci” (Mt 7.22-23).

Outro grande prejuízo é que, na medida em que afirmamos ser pecado intolerável o uso dessa peça do vestuário, os crentes em sua maioria dizem-se cumpridores da sã doutrina e não comparecem ao debate, nas reuniões de ensinamento, para descobrirem que Satanás está minando grandemente, de forma sutil, outras áreas da vida, que declaradamente a Bíblia classifica como pecado.

Podem conferir: os defensores ferrenhos de usos e costumes, geralmente, não se lembram de exercer o que Deus expressamente exige como doutrina, isto é: amor, perdão, misericórdia, bondade, benignidade, paz, mansidão, humildade, pontualidade, a eficiência no ensino e no trabalho, a transparência, a ética, a verdade a qualquer custo, etc. Dizer que a igreja não precisa disto para crescer seria desprezar o valor das almas, que por este impedimento, deixam de entrar no caminho da salvação.

Outro argumento bem conhecido é o de que as igrejas que liberam o tal uso são igrejas frias e mornas. Entendo, no entanto, que o motivo é bem outro, isso é: o que ocorre é que algumas igrejas não se animam a liberar, pensando que sua espiritualidade está nesse detalhe, como a força estava no cabelo de Sansão. Deveriam, antes, conhecer outras igrejas que ensinam a verdade e, no entanto, são portadoras de todas as características bíblicas da salvação em Jesus.

Podem conferir que os tais não conseguem mover a igreja com seus sermões, mas quando notam que estão sem a graça divina, mudam seus sermões para usos e costumes mostrando assim mais espiritualidade.

Sabemos, também, o argumento de que nas igrejas em que se liberou o uso, desta parte do vestuário, desandou a imoralidade e o mundanismo. A esse argumento gostaria de responder como exemplo do que já ouvimos a respeito da televisão, sendo que certos pastores a proíbem, sob esta legação, porém, a prova aí está, que nas igrejas em que foram mantidos os princípios éticos e morais, nada aconteceu por conta da televisão liberada. Não devemos proibir, mas ensinar ver televisão. Sei de pastores que proibiam nas suas igrejas o uso da televisão dizendo que era a caixinha do diabo, mas hoje eles têm uma caixinha na sua casa e não é mais pecado. É interessante que é pecado enquanto o líder não liberar. Quantas pessoas de valor foram sumariamente excluídas da igreja por possuírem aparelho de televisão, hoje, entretanto, os que cometeram tais injustiças possuem o aparelho, tranqüilamente, em suas casas. Descobriram que era ignorância, pois os males procedem do coração e o mundo ao vivo é muito mais perigoso que a tela da TV.

Sabemos que não só as vestes e a televisão usada de forma imoral podem arruinar a igreja, mas todos os demais procedimentos que não estiverem pautados pela decência e moralidade. Se em algum lugar a coisa descambou, foi por falta dessas características e não pelo uso de uma peça de roupa que não pode alterar a integridade de uma pessoa.

Portanto, o que preocupa é ter de defender, sem argumentos convincentes, aquilo que não encontra na Bíblia. Ouvimos a explicação: na Bíblia não está escrito, mas deve ser obedecido e, se quiser explicação, fale com o Pastor, porque é o único autorizado a tocar no assunto.

Não acredito que pastores apóiem essa idéia, pois se assim fosse, seria o mesmo que admitir que a palavra do pastor esteja acima do preceito bíblico e, por isso mesmo, o assunto não poderia ser discutido; deveria apenas ser cumprido.

Interessante que os legalistas dessa exigência com a veste feminina querem cumprir um mandamento da lei e não se importa em cumprir o que está no Novo Testamento (Rm 16.16; 1ª Co 16.20), que manda saudar os irmãos com beijos e (1ª Tm 5.10), que manda lavar os pés uns dos outros.

O motivo pelo qual existe rivalidade entre os crentes é que os mais esclarecidos sabem que certos usos são apenas tradições, enquanto que a maioria pensa que é um mandamento, escrito em algum texto da Bíblia. Para quem governa é mais fácil assim; os membros menos esclarecidos pensam que está escrito e, além de cumprirem, exigem dos demais que cumpram também, criando uma pressão psicológica naqueles que entendem a verdade.

A Palavra de Deus não admite meia verdade. Se não pudermos esclarecer o que é doutrina e o que é tradição, é porque não estamos preocupados com a divisão e o descontentamento entre os crentes, e sim, preocupados em manter certos usos ou costumes arcaicos através de uma estratégia de desinformação.

Quando dizemos que não podemos facilitar o tal uso, porque iria escandalizar a maior parte dos crentes, não devemos esquecer que eles só se escandalizam porque foi o próprio ministério da igreja que sempre ensinou ser um pecado horrível.

Não acho válido, também, o argumento de que a igreja tem o poder de estabelecer normas e regras, mesmo sem base bíblica, pois se assim fosse, a Igreja Católica estaria certa em todas as tradições e dogmas que ela criou.

Um princípio é válido quando não trouxer prejuízo ao Evangelho, nem discordar da vontade de Deus, pois do contrário, pode se enquadrar nos textos de Dt 4.2; Pv 30.6 e Ap 22.18, que proíbem acrescentar um til às Sagradas Escrituras e automaticamente à doutrina da salvação, em qualquer tempo ou circunstância, Eu, particularmente, não quero assumir esta culpa.

Não consigo entender a total tranqüilidade de alguns obreiros, argumentando que não podem perder tempo com descrentes que querem exigir que a igreja se adapte às suas tradições. Dizem que os de fora é que têm de mudar e devem viver de acordo com a Palavra e com nossas regras. Muito bem, mas onde está escrito a tal palavra e onde está escrito as tais regras? Enquanto ficamos brigando e ensinando as regras, as outras igrejas estão enchendo e tua está se esvaziando. E, o mais triste, aqueles que têm o ministério do ensino estão ficando no banco para não ensinarem as verdades bíblicas.

Outro aspecto é a repercussão moral: Saia comprida é roupa social, que exige coerência dos pés a cabeça, mas como menos favorecidos não podem acompanhar este estilo, andam por aí, de forma ridícula, criando um péssimo visual; fazendo com que os descrentes tenham a impressão de que somos um povo atrasado. Isso é prejuízo na certa.

Daí argumentar que para os salvos pouco importa o que o mundo pense, e que a aparência não vale, é no mínimo desconhecer certos textos bíblicos, por exemplo: (1ª Co 14.23), onde Paulo preocupa-se com a impressão que podemos causar aos descrentes, prejudicando a conversão de almas. Nós que deveríamos estar preocupados com os não crentes e perguntar a nós mesmos se não estamos impedindo a sua entrada; e não nos darmos ao luxo de dizer: se quiserem é assim, ou, então, procurem outra igreja! Pois, assim era o tratamento dos fariseus nos dias de Jesus agiam sem amor e sem misericórdia.

Igrejas que recebem todos os dias, pessoas transferidas de outras localidades, não sentem a necessidade do crescimento por conversão, talvez por isso não se importem com o entrave e ainda dizem que a igreja está crescendo, quando, na verdade, as conversões são menores que as exclusões.

Considero desonesto da parte de certos líderes, antes de serem consagrados ao cargo, tinham essa interpretação, porém, assim que subiram ao poder, mudaram de opinião e passaram a defender o contrário, para merecerem a simpatia do povo. Que falta de personalidade e seriedade com o santo ministério.

É fácil perceber que tudo isso é falta de conhecimento bíblico, que infelizmente herdamos de nossos antepassados e que vem dando enorme prejuízo na conversão de almas. Será que apenas as igrejas que as irmãs não podem usar a calças que irão se salvar? Não deveríamos desconfiar que estamos sozinhos neste modelo atrasado? Pior que isso é dizerem que é uma tradição e um modelo que Deus nos deu e que a igreja vem crescendo desta forma. Como alguém pode provar que foi Deus quem deu? Se não fossem estas regras humanas e ridículas as igrejas poderiam ter crescido muito mais? Só os menos esclarecidos podem aceitar estas regras, pois quem conhece a verdade tem a mente de Cristo.

Lamento a ignorância daqueles que, ao invés de abordarem os candidatos ao batismo, perguntado se entenderam bem e estão dispostos a praticar o amor e as doutrinas bíblicas, que contêm a receita completa do caminho estreito, tratam de proibir o uso de certas roupas, jóias e corte de cabelo, etc.

Entendo que muitos que se batizam não permanecem porque são edificados na areia e não na rocha. Na primeira luta espiritual, tentação, calúnia ou perseguição, o crente vai cair, pois ele foi ensinado a valorizar um figurino material e não o conhecimento espiritual da salvação.

Como seria bom se todas as igrejas deixassem de olhar apenas para o passado baseando-se na tradição, e passassem a praticar um arrependimento diário acompanhado de vigilância constante; tenho certeza de que não seriam atingidas por falsas concepções de cristianismo; improdutivo, apenas nominal e indigente do fervor do Espírito Santo. Pelo contrário haveria um avanço real e sem falsificação. Seriam gerados verdadeiros cristãos dispostos a doar-se em favor do próximo e da causa da verdade. Infelizmente porque o sectarismo torna-se envolvente nas massas humanas poucos param para pensar que placa denominacional não alimenta a alma do ser humano e nem sequer alivia a consciência.

Não queremos com isto dizer que organizações religiosas deveriam estudar propostas de unificação, mas sim que cada discípulo em particular seguisse fielmente a unidade de um corpo cuja cabeça é Cristo.

Vamos olhar para os grandes homens do passado como Martino Lutero, João Calvino, João Huss e outros que sem medo começaram a denunciar a miséria do proceder humano diante do Seu criador. A explosão monetária pela venda de indulgências e de imagens esculpidas, a corrupção moral, as perseguições empreendidas contra os guardiões da fidelidade e mesmo o sangue inocente daqueles que foram lançados às feras ou decapitados, nada disso podia ficar esquecido na obscuridade.

Desta forma o cristianismo estava-se reavivando e as consciências dos homens passavam a ser acordadas, quando o combate da fé empregava não mais a força das armas, nem tribunal de inquisição, mas a Palavra de Deus (Ef 6.10). Considere-se o porte de vida destes grandes pregadores; quais eram as suas mensagens, quais eram seus ideais, a que tipo de povo falava e qual o resultado que colheram e ter-se-á a convicção de que Deus cuidou, cuida e cuidará sempre a sua obra gloriosa.

Infelizmente, desde a reforma implantada com eficientes resultados o ápice alcançado pelo cristianismo pouco a pouco foi novamente cedendo a espaço ao avanço rápido de novas filosofias e tradições arranjadas através de conglomerados de idéias que desvirtuaram paulatinamente a verdadeira fé. Introduziu-se na mentalidade humana uma nova “cultura” religiosa e os grupos que haviam sido avivados retornaram as tradições modificadas pela cultura e o humanismo secular, desentoando as verdades bíblicas. Hoje muitos destes têm sido obrigados por força da religiosidade presente confessar o seu desvio e o declínio sofrido.

As estatísticas confirmam a constante queda tanto em números como em diligência espiritual de denominações que há bem pouco tempo eram prósperas nas atividades do reino de Deus. Entretanto aquelas igrejas que tem solidificado sua fé nas doutrinas bíblicas continuam firmes e vitoriosas em caminho da cidade santa. Enquanto que outras estão desmoronando-se, pois construíram a base de sua religião (doutrina de homens), na areia e não na rocha.

Cristo veio ao mundo com a finalidade de tornar os homens cidadão do Seu reino (Mc 1.14-15). Por conseguinte, o cristão é um cidadão do Reino de Deus (Cl 1.13), onde é diferente (Jo 18.36), principalmente na maneira de pensar (1ª Co 18.36). Logo, o meu modo de ser já não importa. Devemos ver tudo sob a perspectiva do Reino. O Rei dos reis exorta-nos a buscar o Reino de Deus e a sua justiça, a fim de que as demais coisas nos sejam acrescentadas (Mt 6.33). Portanto, o comer, o vestir-se, o ter um teto para abrigar, embora importante á nossa sobrevivência, são pontos em segundo plano.

O cristianismo judaizante é remendo novo em vestidos velhos (Mt 9.16). A salvação é pela fé em Jesus (Gl 2.16; Ef 2.2-10; Tt 3.5). O cristianismo é religião de liberdade no Espírito e não um conjunto de regras. O verdadeiro cristianismo enfatiza o nosso relacionamento com Cristo ressuscitado (Gl 2.20), e isto é suficiente para crescermos na graça e no conhecimento de Deus.





Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Blumenau - SC

FONTE DE PESQUISA


1.       ANTÔNIO GILBERTO, Usos e costumes, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
2.       ANTÔNIO GILBERTO, Manual da Escola Dominical, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
3. BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD, Rio de Janeiro, RJ
4. BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
5. BÍBLIA PENTECOSTAL, Trad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ. 
.BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida.
6. DUTRA IZAQUE . Apostila de estudo Bíblico. A verdade sobre usos e costumes - Panambi RS.
7. GONDIM, RICARDO É Proibido, 15ª Edição 2008. Editora, Mundo Cristão. São Paulo – SP.
8.       MUROE MYLES, em busca da liberdade, Editora Atos.
9.   TREGELLES Samuel Prideuax. Geseniu’s Hebrew and Chaldee. Léxico Grand Rapids: Eerdmans, 1954.
10. STRONG, J. & Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil. 2002, 2005.



terça-feira, 8 de novembro de 2011

USO DO VÉU E CABELOS SEGUNDO 1ª CORÍNTIOS 11


Umas das regras da hermenêutica para se fazer uma interpretação bíblica correta é estudar o contexto histórico, o período, a cultura e os costumes de quem escreveu, etc. Porém, quem não teve esse privilegio não sabe definir como foi escrita, ou por que foi escrita, a quem foi endereçada e comete o erro grosseiro de defender o uso do véu e o cabelo comprido para as mulheres como doutrina bíblica.
Algumas igrejas estão mais para o Islamismo, cheia de leis e morte, bem diferente da Igreja de Jesus Cristo, livre e operante. Por isso vamos estudar este tema analisando o sentido do véu e o cabelo para mulheres.

Porque as mulheres judaicas usavam o véu? E as Helênicas não usavam? E porque era proibido as mulheres contemporâneas do Apóstolo Paulo de terem os cabelos rapados?

Transliteração.
PROS KORINTHIOYS A PASA DE GYNE PROSEYCHOMENE HE PROPHETEYSA AKATAKALYPTO TE KEPHALE KATAISCHYNEI TEN KEPHALEN AYTENS;

Tradução literal.
“Toda mulher orando ou profetizando descoberta com a cabeça desonra a cabeça dela” (1ª Co1.5).
Neste trecho o vocábulo mais discutido é sobre a questão do uso do véu; o que o apóstolo Paulo quis nos ensinar? Seria este um ensino de valores eternos ou circunstanciais? E qual a utilização do uso do véu hoje?

Primeiro: À luz do contexto. O escritor fala sobre uma hierarquia na criação (1ª Co 11.3), ordem na criação (1ª Co 11.7-9).
“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo” (1ª Co 11.3).
Paulo está se referindo à “cabeça” no sentido natural. Para a mulher, cabeça descoberta significa: Estar sem a cobertura da autoridade do homem ou de Cristo.
Para nós o ensino prático é que o texto fala de submissão da esposa ao seu esposo e que isto sim é honroso diante de Deus. O texto em questão, dirige-se as mulheres casadas e não a todas as mulheres da igreja, sim pois, “o marido é a cabeça da esposa”, Paulo não está tratando aqui das mulheres solteiras.

Segundo: Discorrendo no contexto cultural, observamos que, a cidade de Corinto era estrategicamente estabelecida; foi uma autêntica metrópole, abrigando judeus, gregos e romanos. Portanto, havia uma miscigenação de raças e de culturas. A Carta do apóstolo Paulo foi primeiramente endereçada aos irmãos da cidade de Corinto, na Grécia. Corinto é até hoje uma cidade portuária muito importante, pois recebe embarcações de todas as nações através do Mar Mediterrâneo. Corinto foi uma autêntica metrópole, abrigando gente de todas as culturas antigas. A cidade oferecia aos viajantes, mais divertimento e opções culturais que outros portos. Lá ficava o único anfiteatro (uma construção romana) da Grécia com capacidade para mais de 20.000 pessoas. Naqueles dias, havia um culto a uma deusa chamada Afrodite, que era tida como a deusa da fertilidade. E nesses cultos havia a presença de prostitutas culturais, que tinham relações sexuais durante a cerimônia. A maioria delas tinha a cabeça raspada. O seu templo abrigava mais de 1000 prostitutas. A cidade tornou-se símbolo da promiscuidade e decadência moral. Este culto passou ser uma tradição da cidade e infelizmente existe até hoje na Grécia. A cultura judaica era diferente dos costumes de Coríntios. As mulheres gregas vestiam-se de modo diferente das judias. Os judeus jamais comeriam uma comida vendida em mercado, principalmente sacrificada a ídolos. Um judeu de modo algum permitiria que as mulheres falassem nas sinagogas, mas na cultura helênica, contanto que cobrisse a cabeça, as mulheres receberiam permissão para orar, pregar (profetizar) e exercer alguns ministérios. A cultura hebraica se chocava com a cultura de Coríntios.

Muitas judias que normalmente não cobrem a cabeça, o fazem durante a oração. “O site judaísmo 101”, menciona que, nas culturas orientais, cobrir a cabeça é um sinal de respeito e se isso for feitio durante a oração, mostra-se respeito por Deus.

Na tradição judaica ao cobrir o cabelo, a mulher casada faz uma declaração: “Não estou disponível, não estou aberta ao público. Até o meu cabelo, a parte mais óbvia e visível de mim, não é para os seus olhos.”

Por volta do ano 50 Paulo morou nesta cidade por um período de 18 meses (At 18.11), onde ensinou o evangelho, e mesmo debaixo de perseguição deixou ali uma igreja implantada. Depois que partiu, Paulo escreveu uma carta, hoje perdida (1ª Co 5.9). Talvez em resposta a essa carta, os crentes lhe redigiram algumas perguntas inquietantes. A contestação de Paulo sobre os problemas de divisão (1.11), a imoralidade entre os irmãos (cap. 5; 6.9-20) e as perguntas concernentes a casamento, alimentos, adoração e ressurreição, provocaram a composição de primeira Coríntios.

Terceiro: O uso do véu. Para os judeus era um costume antigo, que representava a decência das mulheres (cf Gn 24.36). Submissão das mulheres.

Quarto: No caso de Corinto, temos um costume das prostitutas (sacerdotisas do templo de Afrodite) terem a cabeças rapada, e também as mulheres gregas que não se prostituíam tinham o cabelo comprido, porém não usavam o véu. Então concluímos; numa cultura a não utilização do véu poderia ser motivo para o divórcio, também poderia ser uma forma de lamento, ter a cabeça rapada, ou indicar uma mulher culpada de adultério, seria também norma rapar a cabeça.
As sacerdotisas do templo de Afrodite raspavam a cabeça e conforme um costume local, elas teriam que se entregar a algum desconhecido sexualmente, uma vez por ano (havia em Corinto mil prostitutas – sacerdotisas de Afrodite).

Quinto: Enfatizamos, que Paulo não ensinava nesta passagem bíblica, princípios morais eternos, e assim circunstanciais, ou seja, cultural. O ensino era que, por uma questão de coerência, aqueles que quisessem manter a tradição do uso do véu hebraico deveriam também preservar o uso dos cabelos compridos presentes na cultura helênica.

O véu não é símbolo do cabelo, as mulheres judias tinham por costume usar véu sobre a cabeça, então houve uma certa dúvida com as mulheres que se convertiam, se elas eram obrigadas a usarem o véu, então Paulo escreveu que as igrejas de Cristo, não tinham este costume, pois o cabelo foi dado em lugar de véu, como sinal de honra sobre a própria cabeça.

Se analisarmos profundamente este capítulo, Paulo apenas deseja manter o costume judaico da utilização do véu (v. 5) numa cultura que já o substituíra pelo uso dos cabelos. Ele sugere que, por uma questão de coerência, aqueles que quisessem manter a tradição do uso do véu hebraico deveriam também preservar o uso do cabelo comprido presente na cultura helênica.

O véu era uma tradição judaica.

“De fato eu vos louvo porque em tudo lembrais de mim, e retendes as tradições assim como vos entreguei” (1ª Co 11.2).

As mulheres da igreja de Coríntios viviam em meio a duas tradições distintas: “...retendes as tradições assim como vos entreguei”. [Tradição do original grego paradosis - paradosis] que significa transmissão preceito, particularmente a lei tradicional dos judeus – ordenança, tradição [dicionário Strong, P. 2339].

Paulo, por ser judeu, propunha a manutenção do costume hebraico; logo, a questão do uso do véu ou cabelos compridos era apenas penitente aquele contexto cultural. A mulher usava o véu por submissão e, da mesma forma, ela deve usar o cabelo comprido por submissão. Mas, no Japão o fato de uma mulher cortar ou não o cabelo não contém nenhum valor ético e moral, mas andar à frente do esposo sim, pois sua cultura ensina assim.

Quinto: Enfatizamos, que Paulo não ensinava nesta passagem bíblica, princípios morais eternos, e assim circunstanciais, ou seja, cultural. O ensino era que, por uma questão de coerência, aqueles que quisessem manter a tradição do uso do véu hebraico deveriam também preservar o uso dos cabelos compridos presentes na cultura helênica.

Segundo o escritor Ricardo Gondim “Isto porque, da mesma forma que uma mulher sem o véu era considerada prostituta pelos judeus, uma mulher com a cabeça rapada era tida como meretriz pelos gregos”.

A decência nesta questão não seria o comprimento do cabelo, nem tão pouco o uso do véu. E sim a decência com que a mulher se apresentava na igreja e na sociedade.

É possível, encontrar ainda hoje, em pleno século XXI, seguimentos religiosos diversos que respaldando-se na sua cultura, cosmovisão religiosa ou na interpretação de trechos bíblicos sem considerar o seu contexto, criam normas, regulamentos para legitimar nos seus seguidores mecanismos de controle. Doravante, é preciso pois, respeitar os costumes de cada seguimento religioso, ou seja, aqueles que proíbem por exemplo: o corte de cabelo para as mulheres, ou o uso de calças compridas, sem contudo condicionar ou até mesmo atrelar a salvação de uma alma a observância irrestrita aos mesmos. Pois, conforme o conceito paulino “não vem das obras para que ninguém se glorie”.

Segundo a Hermenêutica Bíblica, devemos interpretar o texto dentro dos contextos: Histórico, geográfico, sintático, gramatical, lexicológico, teológico e doutrinal. Portanto, a lei geral diz: “Que um texto fora do seu contexto, servi de pretexto”.

Não há qualquer restrição bíblica, hoje quanto ao corte de cabelo ou a proibição do uso de calças compridas para mulheres. Deve-se respeitar o contexto religioso e cultural que o seguidor(a) estão inseridos. Entretanto, salientando sobretudo que, nenhuma tradição, norma cultural está acima das Escrituras sagradas.

Naqueles dias os homens jamais cobriam a cabeça para orar a Deus; somente as mulheres. Séculos depois, esse costume judaico mudou. Quando um homem entrava na sinagoga recebia o talith, um xale de quatro pontas para ser posto sobre sua cabeça. Os romanos, antes do aparecimento do talith judaico, já costumavam entrar em seus templos com a cabeça coberta. Os gregos, todavia, tradicionalmente oravam e adoravam com a cabeça descoberta. Traduzindo essa argumentação grega, Paulo argumenta que o homem deve orar assim porque ele é a imagem de Deus na terra e esta imagem não pode ser encapuzada.

“Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu” (v. 6).

Neste versículo apóstolo Paulo propõe duas alternativas: ou “coberta”, ou “sem cabelo” (rapada), mas não admite que esteja sem cabelo. Paulo faz uma analogia para mostrar que uma mulher sem o véu simboliza, na cultura judaica, o mesmo que a mulher com a cabeça rapada simboliza na sociedade grega. Prostituta ou infiel. O motivo maior que levou Paulo a escrever este assunto para a igreja de Corinto, foi para proteger as irmãs helenitas que tinham cabelos curtos de serem confundidas com as prostitutas culturais. Isto porque, da mesma forma que uma mulher sem o cabelo era considerada prostituta pelos judeus, uma mulher com a cabeça rapada era tida como meretriz pelos gregos. Só não faziam uso do véu aquelas que se encontrasse em período de luto ou as que fossem esposas infiéis. Desta última, o véu lhes era tirado e o cabelo lhes era rapado, afim de que exibissem o seu opróbrio (vergonha). É este o único motivo de Paulo pedir que as irmãs usassem o véu. Pois não há motivo para o uso do véu se o próprio cabelo foi dado no lugar do véu. Além disso, o apóstolo não menciona o uso do véu em nenhuma outra igreja em que passou. Será que ele esqueceu desse mandamento? Não, pois era somente em Corinto que havia necessidade do uso do véu para separar as irmãs das mulheres prostitutas da cidade.

O uso do véu ou do cabelo em 1ª Coríntios não se refere à doutrina da salvação, e sim objeto de uso e costume tradicionais na época dos gregos e palestinos. Jesus Cristo não quer aparência e sim humildade, amor, dedicação para com seu santo Evangelho. Cobrir a cabeça é uma prova de humildade? Eu creio que não. Humildade é esvaziar-se si mesmo.

Seria um absurdo imensurável, líderes, exigirem que seus membros adotem essa prática, já que as mulheres não estão inseridas na cultura dos judeus, tampouco na da Grécia Antiga. É impossível tomar compatíveis, hoje, os costumes da igreja do primeiro século. Jamais conseguíramos aproximar dos usos e costumes daquela época. A tentativa é absurda, e as interpretações dadas por aqueles que seguem à risca estes preceitos (tradições) são desonestos ou baseados na falta de conhecimento próprio, além disso, serão reprovados por Deus, aqueles que usam a tradição do véu e do cabelo como meio de salvação.

O que se entende por cobertura? Tapar, esconder, ilizar, guardar etc. As igrejas que ensinam o uso do véu para as mulheres não obedecem ao costume judaico num todo. As mulheres judias cobriam toda a cabeça, e não só parte do cabelo. A cabeça é formada por toda a parte superior do corpo, então o que deveria acontecer era o mesmo que ocorre com as mulheres islâmicas, que realmente cobrem toda a cabeça. Da forma feita em algumas igrejas, não conseguem seguir nem mesmo o que mais defendem.

Em certas igrejas Cristãs as irmãs usam um véu de nylon que é totalmente transparente, não tapa nada, nem mesmo o cabelo, quanto mais a cabeça, tornando assim inútil e contrário ao próprio texto de 1ª Coríntios.

O apóstolo Paulo é bem objetivo: ele manda a mulher cobrir a cabeça toda. Em nenhum lugar nas Escrituras Sagradas, encontramos mandamento obrigando a mulher a cobrir a cabeça. Eles negam o texto Bíblico, impondo uma “doutrina” totalmente errada a suas fiéis.

Para as mulheres judias cobrir a cabeça era um costume, uma tradição e uma obrigação, como também o é entre árabes e por todos os países controlados pelo islamismo nos dias de hoje. Lá as mulheres trazem a cabeça coberta como ato de subordinação ao marido e aos pais. São proibidas de mostrarem seus rostos a estranhos, podendo ficar sem a cobertura dentro de suas casas, mas quando chegar alguém estranho são obrigadas a irem recebê-los com a cabeça coberta, não podendo mostrar nem seus rostos. Elas realmente cobrem a cabeça. A partir da adolescência elas já não podem falar mais com os homens, exceto os parentes mais próximos. São impedidas de trabalhar e estudar, só saem às ruas por motivo justificado, assim mesmo acompanhadas de um parente e cobertas da cabeça aos pés.

Mas para que a igreja que tem o costume de usar o véu, as mulheres não cobrem por completo, portanto, não obedecem (1 ª Co 11.5-6). E se elas cobrissem a cabeça não seria um verdadeiro escândalo para nós que somos latinos e não árabes?

A primeira igreja a usar o véu transparente foi à igreja Católica no ano de 1854, pela ordem católica das irmãs de Maria, quando feito o coronário de Maria como “mãe de Deus”. Esse véu foi criado para fazer distinção entre as irmãs de Maria e as demais ordens da igreja Católica. Portanto é um objeto idólatra, nada tendo a ver com a doutrina apostólica.

O véu, portanto, que algumas igrejas Cristãs herdaram não tem absolutamente nenhuma ligação com as Sagradas Escrituras.

“E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar de véu” (1ª Co 11.15).

Para aquelas que tinham os cabelos crescidos, não havia razão para pôr o véu sobre a cabeça. Aqui Paulo fez diferença entre a igreja de Coríntios e as demais igrejas, mostrando perfeitamente que o uso do véu não era doutrina e sim uso de costume, para as outras o cabelo foi dado em lugar do véu. O tema principal deste bloco escriturário é exatamente a posição da mulher em relação ao homem e, consequentemente, como ela deve apresentar-se diante de Deus.

O véu era sinal de poderio do marido sobre a esposa: compare 1ª Co 11.10 com Gn 24.65. Era assim que acontecia entre os judeus no contexto cultural do Velho Testamento. Quando Rebeca recebeu Isaque como esposo, ao saber que era ele que se aproximava dela, cobriu-se com o véu. Sinal de que aceitava o poderio do marido sobre ela (Gn 24.65). Dizemos nesta passagem que esse “sinal de poderio” não significa uma posição inferior da mulher, pois Paulo procura mostrar nos versos 11 e 12, que a mulher e o homem são interdependentes, chegando a admitir que, assim como a ela provém do homem, ele também provém da mulher (no sentido de nascer de uma mulher).

O símbolo do véu, na mulher e não no homem, era um costume judaico e de alguns povos antigos. Paulo estava reforçando esse ensino para que a mulher cristã não causasse escândalo aos pagãos. Nos dias de hoje, não temos este costume entre nós. O problema é humano e não divino. Para trazer o costume judaico para a mulher cristã de hoje, teremos que fazer a mesma coisa para os homens. Antes de tudo, eles não poderiam usar calças, nem gravata, nem bigode, porque são costumes modernos. Eles teriam que andar de vestidos grandes e largos e, como era honroso diante de Deus, teriam que ter barbas longas (2º Sm 10.1-5; 1ª Cr 19.1-5; Sl 133).

Pelo que se nota, em nenhum lugar Paulo proíbe cortar um pouco do cabelo ou tê-lo mais curto ou mais comprido. O que ele ensina é: ou tem cabelo ou rapa a cabeça por completo. Mas, não fala de cortar um pouco do cabelo. Afinal, a cobertura poderia ser mais curta ou mais comprida. Se não fosse assim, seria difícil para as mulheres africanas serem puras, no uso do cabelo como véu, cujo cabelo é geralmente, muito curto, e lá tanto as mulheres como os homens têm o cabelo curto.

“Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu” (v. 15).

A palavra “véu” no verso 6, quando trata da mulher em ato de culto diante de Deus, não é a mesma aqui no verso 15, que algumas traduções vertem por “mantilha”. Aqui, quando fala de cabelo comprido, não refere-se ao véu para o ato de orar ou profetizar no culto. Portanto, trata-se apenas de uma questão de “honra” ou “glória”, contrastando com a situação do homem, para quem é desonroso ter cabelos compridos (v. 14). Paulo cita o cabelo como exemplo e declara que o comprimento do cabelo do homem e da mulher deve ser tal, que haja uma distinção entre eles. O cabelo da mulher deve ser, no entanto, mais longo e o cabelo do homem curto. Nos tempos de Paulo, o cabelo longo masculino era vergonhoso entre os homens e repudiados pelos judeus, bem como pelo povo de Corinto no século I. Usar este contexto e obrigar as irmãs usar véu ou proibi-las de cortar um pouco de seus cabelos para cultuar a Deus, é tornar-se um legalista, fariseu e radical. É forçar a Bíblia dizer o que ela não diz.

Qual seria o tamanho de cabelo ideal para caracterizar a submissão de uma mulher? Muitas têm os cabelos que se arrastam pelos pés, mas não têm respeito e submissão pelo seu marido. E qual é o ensino de Paulo para as mulheres: “As mulheres, sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor” (Ef 5.22).

Os versículos escritos pelo apóstolo Paulo à igreja de Corinto, tratando sobre os cabelos de homens e mulheres, são largamente ensinadas por algumas igrejas para consubstanciar (concretizar) seus ensinos que proíbe as mulheres de sequer aparar as pontas dos cabelos. A postura de Paulo neste capítulo é tão enfática e clara, pois ele fala da natureza do homem e da mulher. Portanto, quando ele fala de natureza em Romanos capítulo primeiro verso 26, refere-se à mudança de sexo (homossexualismo e lesbianismo) e não a cabelo. “Ou não ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, se tratando da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo foi dado em lugar do véu (ou como o de véu)” (vvs. 14-15).

Se o cabelo foi dado em lugar do véu, porque então se usar o véu? É porque havia na igreja de Corinto irmãs que não tinham o cabelo longo e somente para estas havia a necessidade do uso do véu para não serem confundidas com as prostitutas culturais.

A questão dos cabelos crescidos para as mulheres e curtos para os homens é meramente cultural. Para que o homem e a mulher não viessem a perverter a natureza do sexo. O princípio básico apresentado aqui é de que homens e mulheres devem honrar a dignidade do seu próprio sexo e não tentar adotar aparência ou papel do outro.

Finalmente, todo o véu foi tirado do cristianismo. Quando Jesus morreu na cruz o véu que separava o Santo dos Santos e impedia as pessoas de olharem para aquilo que representava a presença de Deus, rasgou-se de alto a baixo, acabando com aquela barreira. Agora a presença de Deus está aberta a todos, indistintamente. Por outro lado, falando aos mesmos cristãos de Corinto, Paulo comenta que Moisés, quando veio do monte Sinai, seu rosto brilhava e tiveram que cobri-lo com um véu. Paulo fala da lei, mas quando se converte o véu é tirado.

“Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é tirado. Ora, o Senhor é Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”. (2ª Co 3.15-18). “Mas, todos nós, com cara descoberta, refletindo como espelho a glória do Senhor” (2ª Co 3.7-18).

Onde está o Espírito do Senhor, isto é, a Nova Aliança, há liberdade: a liberdade oferecida pelo Senhor não é legalista, oprimente, que sufoca, entristece e mata através de suas “doutrinas”. Se ele fala: “Todos nós com cara descoberta”, fala da mulher também.

Se o diabo não consegue fazer algumas igrejas a usarem o véu, ele ensina que a salvação é pelo cabelo e as mulheres ficam proibidas de sequer emparelhar seus cabelos.

Com base neste versículo, algumas igrejas que ensinam que o texto “cara descoberta” refere-se à barba ou bigode, proibindo os homens de usá-los. Entretanto, o contexto não fala de barba e nem de bigode, mas refere-se ao véu.

“Nós com o rosto descoberto ou desvendado” (sem o véu), refletimos a glória de Deus. Portanto, não há necessidade do uso do véu para as mulheres. “Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é tirado”.

Também não se trata de barba e nem de bigode para homens como algumas seitas interpretam.
Por causa de todo este radicalismo, há muitos descontentes com as doutrinas humanas, com líderes, com os cultos e principalmente com a visão de que são os únicos que serão salvos. Criou-se um fanatismo que leva o medo e terror a todos os que se opõem aos dogmas impostos.

Todo o líder deve ser coerente e sabe que não devemos acrescentar nada nas Escrituras Sagradas, pois ela é clara quando diz: “se alguém fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro. E se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da arvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro” (Ap 22.19-20).

Os membros da igreja do véu têm medo de ir as outras igrejas, são proibidos de participar ou mesmo assistir cultos em qualquer outra igreja. E se infringir essa regra, são ameaçados de ir para o banco dos pecadores, onde serão envergonhados e desprezados.

Hoje, a mulher deve portar-se decentemente, dentro dos melhores padrões da nossa cultura. O sinal do poderio do homem sobre a mulher não está nos cabelos, mas no coração e na sua vida de respeito. E não há mais véu de separação entre nós e a presença de Deus. Portanto, temos que nos aproximar de Deus com “rosto descoberto” (sem o véu), vida limpa e pura diante de Deus, tanto homens como mulheres. Ensinar as mulheres de hoje a viver como as do tempo de Paulo, ou de cinquenta anos atrás, é falta de cultura, e o mais ridículo é ensinar que faz parte da salvação.

Infelizmente as irmãs indefesas são as que mais sofrem. Em muitas igrejas elas andam como trogloditas, cabeludas e desajeitadas. Mas, para os homens é diferente andam com seus bons ternos, cabelos pintados, perfumes importados, etc. Para muitos as mulheres não têm valor, pois são mulheres e o lugar delas é na cozinha e pronto. Mas muitos não sabem que no coração deles está a cobiça, avareza, orgulho e o poder.

Precisamos defender a dignidade da mulher e ensinar que elas têm muito valor para o Senhor e para Sua obra. O que seria da igreja se não existisse as mulheres de oração?

Nas igrejas quem mais sofre são as mulheres, porque as lideranças evangélicas são masculinas e a maiorias das proibições visa as mulheres. Revoltadas, mas sem poder para contestar, elas sofrem humilhações públicas. Nos púlpitos, os pregadores vociferam acusando-as de vaidosas e de Jezabel. Em muitas ocasiões esses pastores, trajando um terno caríssimo e ostentando uma bela gravata de seda importada (quase sempre presa por um grampo de ouro), exigem simplicidade no trajar das mulheres. As pobres irmãs, enojadas com tanta hipocrisia, anseiam por liberdade espiritual. Se Jesus entrasse hoje em uma dessas igrejas, iria chamá-los de hipócritas, raça de víboras e assassinos.

Tanto o homem como a mulher deve estar dentro da vontade de Deus, vestindo descentemente, com modéstia, com aparência e devida conduta. Vestir-se de modo correto e descente é um princípio bíblico de validez permanente.

O verso 13 também deve ser analisado: “Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu”.

Quem era para julgar? Eram somente os irmãos de Coríntios, pois a eles foi endereçada a carta, e nas outras não havia o problema que existia em Corinto.

O véu que certas mulheres usam, ou a proibição de emparelhar os cabelos por algumas igrejas, é meramente um fardo colocado pela liderança destas igrejas e que não traz nenhum benefício ou edificação em Deus, senão confusão e discórdia (1ª Tm 6.3-5). O ponto mais perigoso de tudo isso, são certos “líderes espirituais” que estão colocando a salvação das mulheres pelo véu ou pelos cabelos a ponto de proibirem as mulheres de sequer emparelhar, pintar ou cuidar de seu cabelo e até mesmo proíbem as mulheres de fazerem depilação dizendo que estão mudando a natureza que Deus deixou. Um ministro que usa este tipo de ensino cai no mesmo erro dos judaizantes que defendiam a circuncisão, mas deixavam de lado o mais importante: manifestar a glória de Deus e testemunhar do amor de Deus (Jo 3.16).

O apóstolo Paulo nos escreve ainda que: “ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me seria aproveitará” (1ª Co 13.3). Só o amor é o fundamental da perfeição. Infelizmente algumas igrejas se firmam em dogmas, tradições ou formalismos, como doutrina. Podemos alcançar a salvação por meio da nossa fé, pela graça de Jesus Cristo, servindo-o de todo o coração com sã consciência. Devemos ser fiéis a Ele por convicção e amor, não servindo de manequins, desfilando nas igrejas. Seria hipocrisia, não levando em conta o mais importante que é a nossa fé que salva e nos dá vitória sobre todas as coisas do mundo.

Será que Deus está contente com o jugo que colocam sobre as mulheres de usar o véu ou sequer emparelhar o cabelo? Eu creio que não. O verdadeiro ministro deve ensinar sua igreja dentro do bom senso sem comprometer a salvação pela graça para não caírem no pecado dos fariseus (Mt 15.1-3).

“Contudo se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (v. 16).

O problema é que certos irmãos usam textos que se referem a usos e costumes, que dominamos Didaquê, e os aplicam como se fossem doutrinas importantes como a salvação, a ressurreição, perdão etc, que a chamamos de Kerigmatica.

Aqueles que querem ser contenciosos, que gostam de criar problemas usando regras e leis no tocante a usos e costumes, usando como doutrina, Paulo é explícito: “não temos tal costume, nem as igrejas de Deus”.

Devemos tomar uma posição digna para defender o evangelho de Cristo e dizer o que Paulo falou para Timóteo: “E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram confusão” (2ª Tm 2.23).

Será que eu preciso dizer mais alguma coisa? O uso do véu era um problema localizado somente em Corinto. Nem Jesus e nem um outro apóstolo abordou este assunto, por quê? Porque era uso e costume e não havia este problema entre o povo judeu, senão apenas na igreja em Corinto.
Quando Paulo emprega a expressão: “por causa dos anjos” em 1ª Co 11.10, ele está querendo dizer: se a mulher tem poderio do marido e não demonstra pelo símbolo do véu ou do cabelo no culto, ela está mentindo diante da congregação, e os anjos estão vendo isto e eles não gostam de mentira (Ec 5.6).

Ainda mais, certos ensinos de Paulo eram muito particulares e não constituíam mandamento do Senhor. Em 1ª Co 7.6, ele ensina algo por permissão e não por mandamento; em 7.12, ele declara: “Digo eu, não o Senhor”, em 7.25, ele diz: não tenho mandamento do Senhor, ele dá o seu “parecer”, em 1ª Tm 2.12, ele diz: “não permito, porém, que a mulher ensine...”. Eram ensinamentos pessoais de Paulo, naturalmente baseados em situações meramente culturais, e não constituíam ensinamentos permanentes para o povo de Deus. Usar o parecer de Paulo como doutrina em nossa cultura atual estaríamos caindo da graça e seremos taxados de radicais.

Mas, para alguns o cabelo comprido da mulher é sinal de santidade. Fazem de um costume uma doutrina. Sim é claro que é doutrina, mas doutrina de homens e não de Deus (Mt 15.8-9).

Certa vez uma mãe dirigiu-se ao gabinete pastoral da igreja para confessar o pecado de prostituição que sua filha cometera e após relata o assunto ao pastor ela disse: “Pastor, eu ainda fico feliz com minha filha pelo menos ela não cortou o cabelo”. E o pobre “pastor” em vez de ensinar a verdade para a irmãzinha fez o mesmo relato para igreja no culto.

Como se o pecado de prostituição não fosse tão grave como emparelhar os cabelos. Isto é uma hipocrisia, uma falsa religiosidade, colocar o cabelo acima da lei moral.

A prostituição é um ato imoral e reprovável por Deus, pois ficarão de fora do reino de Deus (Gl 5.19-21). A Bíblia não diz que as irmãs que cortam o cabelo ficarão fora do reino de Deus, mas diz que, aqueles que acrescentam ou tiram algo das Escrituras, receberão sua recompensa (Ap 22.18-19).

A Bíblia é a Palavra de Deus, e não deve ser menosprezada, retalhada ou profanada nas mãos dos homens. Deus está insatisfeito com este tipo de líder que sobe no púlpito para pregar cabelo de mulher como meio de salvação. Mas, onde está a falha deste tipo de líder? A falha está na falta de preparação ministerial, esta, de forma substancial estendida a uma grande parte de obreiros.

Deus não nos avalia pela roupa que usamos, mas pelos atributos morais divinos. Se nossas vestes foram lavadas no precioso sangue de Jesus e se nossas obras foram aprovadas por Ele, não precisamos de dogmas e preceitos humanos para chegar até Ele.

Você acha que Deus está contente com estes santarrões assassinos que levam centenas de almas para o mundo pensando que estão agradando a Deus? De modo nenhum!

Gostaria de todo o meu coração que certos líderes acordassem para a Verdade do Evangelho em sua totalidade e alcançassem o fundamento da graça e da fé. É justo dizer que há entre eles muitos fiéis a Cristo, precisamos de alimento na Palavra, e beber do Manancial de Águas Vivas.

Sempre que se faz uma abordagem radical da Bíblia gera-se erro doutrinário. Uma falha desse tipo deve ser combatida porque é doutrina de homens (Mt 15.1-3, 7-9).

É verdade que errar na compreensão dos textos bíblicos é uma possibilidade a que todos estamos sujeitos; porém, quem tem compromisso com a verdade não pode tolerar inexatidão.

Todo o cristão deve aceitar sua falibilidade, porquanto ninguém é perfeito. Nossos processos de aprendizagem e compreensão da verdade têm sido maculados pela queda original. Ninguém deve espantar-se porque há diversas interpretações sobre os ensinos da Bíblia. Cada pessoa filtra o que lê através de sua cultura, preconceitos e ensinos que lhe foram passados por outras pessoas. Não sendo Deus autor de confusão (1ª Co 14.33), sabemos que a falha por não compreender corretamente o texto, não é d’Ele ou da Bíblia, a falha é nossa; simplesmente usamos nossas lentes da tradição e de nosso preconceito. Usamos os usos e costumes como santidade. Lemos a Bíblia e interpretamos como queremos, mas não como o autor sagrado, e o próprio Espírito Santo gostaria que lêssemos.


Quem lê a Bíblia pode encontrar milhares de aplicações para um determinado texto, mas deve achar apenas uma interpretação. Deus não concede a ninguém o direito de torcer o significado da Escritura. Essa ciência de compreensão e interpretação corretamente o texto chama-se hermenêutica. Quando se violam as regras de hermenêutica, dependendo da gravidade da infração, geram-se erros ou heresias. Pela falta de fidelidade à Hermenêutica, muitos textos da Bíblia são lidos e comumente distorcidos para se moldarem à doutrina de uma denominação. Às vezes violam-se regras básicas e, quando fica óbvio demais a ponto de não ser possível o uso da Bíblia para autenticar doutrinas humanas, advogam-se que esta advêm da tradição da igreja. E como é difícil tirar uma tradição ou um ensino errado. Por quê? Porque falta humildade e respeito com a Palavra de Deus. Porque aprendi assim e vou ficar assim. Porque os pais da igreja (denominação) nos ensinaram assim. Porque a nossa igreja tem “doutrina” - tradição e devemos obedecer ao líder. Esquecemos da era das trevas em que a igreja intitulou os papas como representante de Deus.

Pr. Elias Ribas

sábado, 8 de outubro de 2011

O MAU USO DA AUTORIDADE CONFERIDA

Saul foi ungido como rei do povo de Israel (1º Sm 10.1). Não obstante as perseguições, Davi o respeitou como autoridade (1º Sm 24.6). Davi reconhecia a unção de Deus sobre Saul (1º Sm 24.10). O rei Saul, fazendo mau uso da sua autoridade , perseguia a Davi e aos seus homens, sem se importar com as conseqüências de sua atitude (1º Sm 18.18 e 1º Sm 19.10). A autoridade delegada ao rei Saul foi tornada sem efeito no momento em que ele fazendo mau uso, no tocante às devidas limitações com relação à autoridade do profeta ao tentar tomar o lugar deste (1º Sm 15.26).

I. O REINADO DE ADONI-BEZEDEQUE

“Adoni-Bezeque, porém, fugiu; mas o perseguiram e, prendendo-o, lhe cortaram os polegares das mãos e dos pés. Então, disse Adoni-Bezeque: Setenta reis, a quem haviam sido cortados os polegares das mãos e dos pés, apanhavam migalhas debaixo da minha mesa; assim como eu fiz, assim Deus me pagou. E o levaram a Jerusalém, e morreu ali” (Jz 1.6-7).

A palavra Adoni é “Senhor” e Bezeque significa “disseminação” ou “massificaçao”, podendo ser interpretada como uma distorção sutil e ao mesmo tempo grotesca do crescimento. Quando um líder, em nome do crescimento, idolatra um método de crescimento em detrimento dos princípios e da mensagem do Evangelho, ocorre-se o risco de engessar as pessoas dentro de um sistema ministerial rígido que boicota a singularidade, a diversidade e a convicção vocacional das pessoas, gerando um confinamento espiritual em massa.

No contexto de Adoni-Bezedeque, o crescimento pode ser definido como uma “robotização” da membresia, que acontece como conseqüência da disseminação do espírito de controle e idolatria de uma liderança, transformando uma visão em uma “viseira.”. Cada pessoa no corpo de Cristo precisa ter a liberdade de se expressar na sua legítima identidade através da diversidade de dons, ministérios e diversidades de operações, sabendo que o Espírito é o mesmo, o Senhor é o mesmo e também é o mesmo Deus que opera em todos (1º Co 12.4-6).

1. A mutilação do polegar.





“... setenta reis, que tiveram seus polegares cortados....”

Pessoas que fora, induzidas a se anular. Desta forma, nunca poderão ameaçar a autoridade do líder ou comprometer com o “sucesso” dele. Foram impiedosamente decepadas na sua identidade pelo espírito de egocentrismo e controle reinante.

Abriram mão de quem elas são em Deus e se subordinaram a realizar uma outra pessoa sem também se sentirem realizadas. São chamados de filhos, mas não são tratados como filhos. Se viciaram numa mentalidade de escravos. Este padrão abusivo de liderança que opera pelo engano, produz frustração e esterelidade.

No oficio sacerdotal, os polegares tem um significado relevante. São os pontos de contato da redenção (sangue) e da unção (óleo). A mutilação do polegar estabelece as conseqüências espirituais deste perfil controlador de autoridade.

O dedo polegar da mão e o principal ícone da identidade. Todo líder controlador é traumatizador. O controle na liderança impede que as pessoas desenvolvam a sua identidade e convicções.

O relacionamento será marcado por situações de stress, choques traumáticos de personalidade e retaliações impiedosas aos que discordam de uma virgula sequer. Os resultados são destruidores e a área atingida acaba sendo a identidade da pessoa.

Sem o polegar dos pés, estes reis não podiam perseguir seus inimigos e muito menos fugir deles. Estavam literalmente imobilizados no campo da batalha. O dedo polegar é o dedo mais forte do pé, as pessoas passam a cambalear na vida. A capacidade de andar nos caminhos de Deus seguindo outros líderes que são autênticos seguidores de Cristo é mutilada. Esta mutilação produz ferida e marcas que alimentam uma rebelião crônica que desajusta as pessoas em relação a discernir e andar nas pegadas abertas pelo Filho de Deus.

Um rei, sem o polegar das mãos, estaria simplesmente incapacitado para entesar o arco e segurar sua espada. Sem a firmeza necessária para golpear com suas armas, estes reis estavam neutralizados. O polegar é o dedo mais forte da mão que nos possibilita agarrar as promessas de Deus, manejando a Palavra do Espírito, combatendo o bom combate da fé. O polegar superior é, também, um símbolo de firmeza e perseverança ministerial.

A mutilação do polegar se traduz espiritualmente numa debilidade ministerial crônica que pode aleijar o destino desta futura geração de líderes. Castrados na identidade e subtraídos da destreza de manejar a Palavra de Deus com integridade, revelação e coerência, muitos ministros tem perdido a mensagem pregando um evangelho cada vez mais humanista e inimigo da cruz de Cristo.

2. Os cães de Adono-Benezer.

“Então, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos” (Mt 15.26-27).

Gostaria de traduzir, resumidamente, o terrível legado dos cananeus que foi de maneira interessante e muito sabiá confrontado por Jesus no famoso episódio da mulher siro-finícia (cananéia). Os cananeus eram descendentes de Canaã, filho de Cão, o qual descobriu a nudez de seu pai Noé quando este estava bêbado. Sendo desonrado pelo seu filho Cão, Noé amaldiçoa o filho deste, que era Canaã. Ou seja, o mesmo desprezo que Noé sentiu em relação ao seu filho Cão, Cão também sentiria em relação ao seu próprio filho Canaã. Portanto, a essência da maldição dos cananeus é uma disjunção geracional do princípio da autoridade.

Este estigma de desonra e desprezo passou a seguir as sucessivas gerações de Canaã. O famoso ditado hebraico advertindo sobre não lançar pérolas aos cães e aos porcos estava contextualizando com a constante insubmissão e dureza dos povos cananeus em relação ao governo do Deus de Israel.

Sob esta ótica, podemos ter uma perspectiva melhor acerca de Adoni-Bezeque que foi um dos mais terríveis reis da terra de Canaã, que por fim foi tratado da mesma forma como tratou aqueles reis que viviam debaixo da sua mesa. Ele mesmo disse: “.... assim como eu fiz, assim Deus me pagou” (Jz 1.6-7).

Inspirado pela forma como Israel julgou Adoni-Bezeque, Jesus, estranhamente, tratou a mulher cananéia, confrontando este mesmo principado maligno que agia entre os cananeus, promovendo um relacionamento com o principado de autoridade do tipo “dono e cachorro”. Era exatamente desta maneira arrogante e controladora, que o famoso rei cananeu Adoni-Bezeque tratava aqueles setenta reis.

Isto pode parecer um pouco forte, mas reflete a verdade sobre a forma como alguns líderes relacionam-se com seus discípulos.

O sintoma da infiltração deste espírito pode ser discernido quando o sucesso do líder baseia-se no rebaixamento dos libertados. Na verdade alguns Adoni-Bezedeque cortam os dedos de seus liderados interpretando uma ameaça. A insegurança e o ciúme privam o líder de formar um outro líder que o supere, comprometendo gravemente a nova safra de líderes e o futuro da igreja.

3. Pessoas rebaixadas na sua suficiência e autonomia.
“... apanhavam migalhas...”.

São pessoas que, também, nunca poderão estar espiritualmente á altura do seu líder. Jamais estarão à mesa em pé de igualdade sendo respeitadas na sua maturidade ou expostos à grandes oportunidades. São privados e até impedidos de aprender de outras fontes. Sempre terão que viver das migalhas.

4. Pessoas rebaixadas na sua dignidade.
“... debaixo da minha mesa...”.

A mesa do líder, ou seja, seu sucesso medíocre e egocêntrico é o teto que nunca poderá ser ultrapassado pelos discípulos.

Uma atitude franca de superioridade serve para que se intimidem e permaneçam numa postura ministerial de dependência e inferioridade. Sendo tratados com inferioridade, são inspirados a desenvolver o mesmo espírito mutilador de liderança.

5. Identificando o espírito de Adoni-Bezeque.


Na verdade, Adonai-Bezeque e uma tipologia de um espírito de liderança tirano e controlador. Toda pessoa controladora é essencialmente insegura e usa a posição de liderança para compensar suas feridas e frustrações. Inspirados nestes textos podemos alistar algumas características deste perfil maligno de autoridade:

É o líder que quer todos aos seus pés como cachorrinhos e anões. Ele não investe na liderança das pessoas. Ele prende as pessoas a ele limitando e até mesmo cortando o polegar, ou seja, o potencial delas. Ele não compartilha o que ele tem recebido com as pessoas. Na verdade, as pessoas passam a viver das migalhas que caem da sua mesa. Sua motivação não é abençoar, mas estar por cima.

É o líder que se coloca com “rei” e não como servo. Sua motivação é apenas ser servido. Frequentemente usa a posição e o título que possuí como arma para se impor.

É o líder que faz seus discípulos súditos e não amigos. Exige dos discípulos uma submissão doentia e possessiva que desrespeita a individualidade, agride a liberdade e abate a auto-estima.

É importante pensar nestes setentas reis mutilados em contraste com os setentas discípulos que Jesus enviou para o campo. Adonai-Bezeque é um principado que se levanta para mutilar a vida ministerial da emergente geração de líderes. Entra a miséria espiritual. Estes reis vivem de migalhas. Pessoas mutiladas na identidade, perdem o equilíbrio, a firmeza e o espírito empreendedor.

Ao invés de serem liderados para o seu destino em Deus, ficam debaixo da mesa, postados numa situação espiritual de subjugamento. Tudo isto, muitas vezes em nome da “submissão”, que servem de pretexto para a imposição deste principado.

6. Audição mutilada.


No contexto eclesiástico existe uma certa tendência do líder assumir a posição do Espírito Santo na vida das pessoas. Esta tem sido uma terrível herança imposta pela igreja Católica Romana onde “a voz do Papa é a voz de Deus”, visto que este é tido como infalível.

O aspecto que desejo enfatizar é que este tipo de conduta no discipulado conspira contra a responsabilidade pessoal e vital de conhecer a Deus e aprender dEle. Na ditadura evangélica, atônica na propagação do Evangelho não é buscar o conselho de Deus, mas se fundamenta na opinião irredutível do líder. É quando a voz do pastor está acima da voz de Deus. Neste caso cria-se na cadeia de comando uma ligação espiritual entre almas baseadas na superioridade do líder e não na dependência divina.

Isto é muito sutil e pode acontecer com líderes bem intencionados, porem mal orientados. Quando o líder sonega ao discípulo o direito e o dever de discernir pessoalmente a voz de Deus, a liberdade em Cristo é abafada por espírito de controle. O aspecto mais relevante do espírito de Jezabel é que ele não apenas odeia o ministério profético, mas odeia, na verdade, a voz de Deus.

Este tipo de distorção castra a audição espiritual da Igreja, produzindo surdez na vida dos discípulos. Uma deficiência na audição tem como efeito colateral uma deficiência na fala, inibindo a fé, emudecendo o ministério profético, decepando a criatividade e as novas iniciativas do ministério apostólico.
Desta forma, multiplicamos uma igreja formada por surdos-mudos, sujeita a todo tipo de corrupção, onde a voz de Deus não é ouvida e nem proferida. “Não havendo profecia (Palavra profética) o povo se corrompe” (Pr 29.18).

Nesta brecha entra um espírito de religiosidade sacramentando ritos e práticas que aparentam espiritualidade, mas que na verdade renegam a intimidade com Deus. Sem a voz de Deus inspirando e dirigindo a vida devocional de cada pessoa, celebra-se o funeral da Igreja.

II. O ESQUEMA JEZABEL

“Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele. Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou. Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria” (1º Rs 16.30-32).

A história de Jesabel na Bíblia começa quando um rei de Israel chamado Acabe, num ato de jugo desigual a desposa. Jezabel era filha de Etbaal, rei de Sidom, uma nação considerada inimiga de Israel. Jezabel não só era adoradora de Baal, como também tornou-se a maior responsável pela expansão do seu culto na sua geração.

Acabe era um líder espiritual volúvel e de caráter fraco. Influenciado por sua esposa, começou também a adorar a Baal, levando a nação à idolatria. De posse de uma posição estratégica (esposa do rei), procurando manter-se no controle, Jezabel investe contra a única coisa que poderia ameaçá-la: a voz de Deus. Assim sendo, começou a perseguir os verdadeiros profetas. Muitos foram literalmente mortos e mais de sete mil refugiam-se.

Assim como Adoni Bezeque se levanta contra o ministério apostólico, Jezabel ataca o ministério profético. Quando as pessoas não têm mais liberdade de ouvir a voz de Deus é sinal que Jezabel está por perto.

1. Discernindo o perfil de Jezabel.

“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras” (Ap 2.20-23).

Como vemos, o próprio Jesus confrontou este espírito que residia na igreja em Taitira. No V. T., Jezabel era literalmente uma mulher, de carne e sangue, mas no N. T., primeiramente ela é revelada nosso Evangelhos através dos Herodias, um título imperial que demonstra seu poder de imposição e intimidação e depois no livro de Apocalipse ela aparece como um espírito infiltrado na igreja, usando técnica que iam desde o misticismo (falsas profecias até a imoralidade).

O objetivo é seduzir impiedosamente líderes e leigos a ficar a disposição de seus interesse. Lógico que ela não vai revelar isto claramente, antes vai ensinar que eles estão fazendo a “vontade de Deus” para as pessoas através de seus ensinos sedutores e suas profecias controladoras. Sua principal estratégia de manipulação é a religiosidade.

Ela defende ferozmente seu pequeno reino e fomenta uma dependência extremada nos seus seguidores. Uma das principais características de Jezabel é que quando ela é confrontada desenvolve um ódio destruidor da pessoa que a confrontou.

Suas reuniões são, na verdade, encontros de manipulação e “feitiçaria religiosa”, mas naturalmente, Jezabel vai disfarçando a verdadeira natureza destas reuniões, e disseminado seus ensinos.

Pr Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com.

FONTE DE PESQUISA:
1. CÉSAR CASTELLANOS DOMINGUEZ, Liderança de Sucesso, 4ª edição, 2005, Editora Palavra da Fé.
2. JOSÉ GONÇALVES. Davi e sua Equipe de Liderados. Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2009. Editora CPED. Rio de Janeiro RJ.
3. WORLD MAP. O Cajado do Pastor. (SeçãoA3 - pgs. 98-118; Seção C7 -pg 63-65).