TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

AS CONDIÇÕES PARA SALVAÇÃO


As condições da salvação significa o que Deus exige do homem a quem Ele aceita por causa de Cristo e a quem dispensa as bênçãos do Evangelho da graça. As Escrituras apresentam o arrependimento e a fé como condições da salvação e o batismo nas águas é mencionado como símbolo exterior da fé interior do convertido (Mc 16:16; At 22.16; 16.31).

I.         A FÉ PARA SALVAÇÃO

Abandonar o pecado e buscar a Deus são as condições e os preparativos para a salvação. Estritamente falando, não há mérito nem no arrependimento nem na fé, pois tudo quanto é necessário para a salvação já foi providenciado a favor do homem. Mas, pelo arrependimento o homem remove os obstáculos à recepção do dom e pela fé ele aceita o dom da salvação. Qual a diferença entre o arrependimento e a fé? A fé é o instrumento pelo qual recebemos a salvação. O arrependimento ocupa-se com o pecado e a tristeza. A fé ocupa-se com a misericórdia de Deus.

A fé e o arrependimento acompanham o crente durante sua vida cristã: o arrependimento torna-se zelo pela purificação da alma e a fé opera pelo amor e continua a receber as coisas de Deus. A fé é o primeiro passo para a salvação, pois possibilita crer no Senhor, para perdão dos pecados.

O arrependimento e a fé, são doutrinas que não recebem a atenção que merecem. Grande ênfase é colocada sobre a conduta; é dito que o credo do homem é uma questão de indiferença. Mesmo assim, a vida do homem é governada por aquilo que ele crê, e em religião pela pessoa em quem crê. A fé está no próprio centro ou coração do evangelho, pois é o veículo pelo qual podemos receber a graça de Deus.

1.        Definição de fé.
A palavra fé do hebraico heemim”, do grego pisteuodo lat. Fidem”. “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hb 11.1). Fé é a confiança (ou confidência), que depositamos em todas as providências de Deus.

Fé é convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas; é a convicção de que Deus existe e é o Criador e Governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo. Fé é a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a confiança que depositamos em todas as providencias de Deus. É a convicção de que Sua Palavra é a verdade. Fé é crer, acreditar e ter confiança. Para o cristão, tal fé deve estar solidamente fundamentada, na pessoa de Jesus Cristo, o Autor da Fé. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por Seu Filho, no Calvário; fé é o ato de fazer o coração firme, constante e seguro em Jeová.

A fé vem de Deus: Nenhum cérebro humano ou laboratório de pesquisa pode produzir esta fé. Ela emana de Cristo; ninguém pode criá-la a não ser Ele mesmo. Podemos observar nas Escrituras que um dos títulos dados a Jesus, é: “o Autor e Consumador da Fé”.

Todos nós procuramos agradar a Deus; toda a religião tem isso por princípio fundamental, mas a Palavra de Deus diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). A fé é a única condição exigida para obtermos a graça e o favor de Deus. Ela é essencial para uma relação acertada com Deus (Jo 3.36; 3.16-18).

2.        A origem da fé.
A onipotência de Deus é um de Seus atributos e significa poder total (Gn 17.1; Jó 42.2; Mt 19.26). Sua onipotência nunca fará praticar coisas absurdas. A criação é uma manifestação da onipotência de Deus (Hb 11.3). É Deus que sustenta todas as coisas (Cl 1.17).

A fé é uma virtude divina, parte da natureza de Deus que nos atrai para Ele. O sentido da fé na justificação do homem torna-se o primeiro princípio, como é afirmado por Paulo e outros escritores do Novo Testamento: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

Dom no grego “doron”, que significa “dádiva”, “presente de sacrifícios oferecidos por Deus”. Este presente que Deus oferece aos homens é Seu Filho Jesus Cristo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Pela fé um homem encontra o amor de Deus em Cristo. Como explica Paulo: “...porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). Isto acontece pela fé em Cristo. Quando um homem exerce fé em Cristo, ele encontra o amor de Deus. A partir daí, permanece a fé, a esperança e a caridade... (1ª Co 13.13).

Fé nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado mediante o perdão. Essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo. É um tipo de confiança que só pode exercer corretamente em relação a Deus. Salvação do pecador é unicamente obra divina. O pecado é contra Deus e só Deus pode perdoar pecados, mediante a fé.

3.        Como obter a fé.

3.1. Pela Palavra de Deus. “De sorte que a fé vem pelo o ouvir, e o ouvir da Palavra de Deus. Pois quem é rico de conhecimento das Escrituras Sagradas, possuí uma fé viva e poderosa” Rm 10.17). A Palavra de Deus pregada e lida é o instrumento que produz fé no coração do homem.

3.2. Por Cristo. “Olhando firmemente para Jesus, o autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do Trono de Deus” (Hb 12.2).

A pergunta pode surgir “por que então se fé é obra de Deus, nós não somos responsáveis por tê-la” (Mt 14.18-31). Deus quer operar fé nas suas criaturas. E para obter esta fé é necessário lançar-nos a nós mesmo sobre Ele para produzir esta fé.

Quando então, alguém se aproxima de Cristo em fé, ele está cônscio de que encontra a Deus. A obra de Cristo, então, em salvar, é a mesma obra de Deus. É submissão a Ele como Senhor. A autoridade salvadora e o senhorio de nosso Senhor são inseparáveis. A fé do Novo Testamento envolve o reconhecimento do senhorio de Jesus e submissão a essa autoridade. Paulo fala da obediência da fé (Rm 5.1). Fé, então, é não somente receber Cristo como Salvador, mas dar de si mesmo a Cristo, ou seja, crer e obedecer.

3.3. Pelo Espírito Santo. “Mas nós pela fé aguardamos mediante o Espírito da Justificação pela qual esperamos” (Gl 5.5).

Quando ouvimos, aceitamos a verdade escrita através da Palavra e arrependemos de nossos pecados, o Espírito agem em nosso ser criando uma nova criatura. E, assim nos tornamos filhos de Deus e então, a semelhança de Deus é restituída em nós. “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2ª Ts 2:13).

4.        A fé se manifesta sobre vários aspectos.
Quero falar um pouco sobre a fonte. Existe, como arrependimento, um lado divino e um lado humano. Todas as pessoas possuem fé, e está localizada no espírito humano.

1.1.  A fé natural.
Todas as pessoas possuem fé, e está podemos chamar de fé natural. A fé está localizada no espírito do homem. É a fé intelectual, a capacidade humana, exercitada nas atitudes comuns do dia-a-dia, como tomar um ônibus, um avião, crendo que vai chegar ao destino. Todo mundo tem fé natural, crentes e descrentes. Esta confiança ou crença é possuída em graus diversos, a qual se fundamente sobre coisa materiais e sobre evidências aparentemente digna de fé. Entretanto, é insuficiente para satisfazer as necessidades morais e espirituais do homem ou as exigências de Deus.

1.2. A Fé para a Salvação.
A fé para salvação ou fé espiritual, é aquela crença ou confiança possuída pelos crentes regenerados, em diversos graus, a qual se fundamente sobre o conhecimento de Deus e de sua vontade, obtido por meio de revelação e experiência pessoal. A nossa fé é assegurada pelo uso de certos meios.

Está trabalha no campo da salvação. Quando você creu em Cristo como o seu e Senhor e Salvador, exercitou a fé que salva: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16.31). “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).

Neste texto, salientamos o ensino bíblico que diz que todo o pecador pode ser salvo somente pela fé. É condição indispensável para o homem perdido, arrepender-se e confessar-se um pecador, neste exato momento a fé opera uma situação de aproximação do homem com seu Salvador, então ele sente-se perdoado e crê de fato que isto aconteceu. Esta fé deve acompanhar o salvo por toda vida. “Pois, por meio da fé em Cristo Jesus, todos vocês são filhos de Deus” (Gálatas 3.26).

Fé nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado mediante o perdão. Essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo. É um tipo de confiança que só se pode exercer corretamente em relação a Deus.

A fé é essencial à vida cristã: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17). A justiça de Deus é eficientemente conhecida para a justificação somente pela fé e que é invariavelmente operativa para este fim, no caso de todos os que creem. A fé é o princípio da vida cristã em Deus, por isso que o apóstolo Paulo explica aos romanos que o justo viverá pela fé, a saber, pela fé somente.

O ser humano só obterá esta fé, quando entender que ele necessita de Deus para se salvar, e precisa reconhecê-Lo como soberano e Senhor de sua vida.

O todo da nossa salvação - passado, presente e futuro, é dependente da fé. Nossa salvação aceitação de Cristo (Jo 1.12), nossa justificação (At 26.18); nosso guardar (1ª Pe 1.5), de fato, a nossa salvação toda do começo até o fim é dependente de fé. Essa fé emana de Deus mediante o homem aceitar o Senhorio de Cristo na sua vida. (Ap 3.20). Se qualquer indivíduo, porém, quer abrir a porta do seu coração e ouvir a chamada de Cristo, então Ele entrará para dirigir sua vida e lhe oferecer Sua convivência. Assim fica claro que é Cristo quem salva, não a sua igreja. A igreja é o local de cultuar a Deus; o pastor tem a função de aplicar a Palavra Divina (Bíblia) e o Espírito Santo, é quem convence o homem da justiça e do juízo.

1.5. A fé salvadora é o único meio de salvação.
Quando alguém acrescenta alguma coisa como meio de salvação, além da fé em Cristo, aí já não é Deus que salva, mas o homem tentando salvar-se a si mesmo (Rm 4.1-6). O homem não pode fazer nada para merecer a sua salvação. Nem a fé é uma obra para se ganhar a salvação, mas simplesmente um meio, pelo qual Deus manifesta a sua abundante graça na vida do pecador para salvá-lo. Pois agora sabemos que não é a fé que salva, mas Cristo que salva através da fé.

A fé que salva não se dirige a um credo religioso ou crença doutrinária, mas a uma pessoa Cristo Jesus que é o Autor da fé. Não basta ao homem aceitar as verdades sobre a salvação, se ele não se render a Cristo como seu salvador pessoal e não cultivar uma comunhão intima com Ele (Tg 2.14).

O fato da nossa fé ter Cristo como seu objeto se vê nas expressões bíblicas como: “crê no Senhor Jesus...” (At 16.31), e “n’Ele crer” (Jo 3.16). Observamos que nunca somos admoestado a crer em um fato para ser salvo. “E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 ª Tm 2.15).

Grupos religiosos que tem sua fé dirigida a uma igreja, a um credo, dogma, tradição, ou a um padrão humano, ignora o verdadeiro relacionamento da pessoa salva, com Cristo. Para preencher esta lacuna, eles apresentam algo como substitutivo para tentar unir a brecha existente entre Deus e esses pretensos seguidores dele, tais como uma igreja, intercessores, sacramentos, ritos, santos, espíritos e regras humanas etc.

Fé salvadora não é uma simples confissão ou seguimento ritualístico, mas uma entrega completa a pessoa de Jesus Cristo. Ainda que não podemos contribuir com nada diante de Deus para receber nossa salvação, a fé salvadora requer uma entrega total a Deus de tudo o que temos.

“Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo” (Lc 9.24-25).


Tal entrega a Cristo não pode ficar oculta diante dos outros. Ela resulta numa vida transformada, o que se torna evidente em nosso modo de viver (2ª Co 5.17). Se a fé de alguém não resulta em sua transformação, tal fé está longe de ser a fé viva que salva (Tg 2.16-17).

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A GRAÇA DE DEUS


I.         DEFINIÇÃO DE GRAÇA

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e bondade.

A palavra grega traduzida por graça “Charisno hebraico hessed, e no latim; gratia”, tem um sentido de ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”, concedido por Deus à humanidade. Esta envolve outros assuntos tais como: o Perdão; a Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o Amor de Deus. É traduzida centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade, longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor desmerecido da parte de um superior a um inferior, ou seja é a benevolência de Deus em favo do homem.

Imerecido, porque, na verdade, por causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem qualquer mérito humano, mas unicamente, pela sua graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.

Graça é um favor imerecido ou algo concedido livremente por DEUS, estendido livremente a pecadores indignos de recebê-lo, ou seja, para aquela pessoa que não merece. A graça é oferecida a todos nós por meio de Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual. Podemos dizer que graça é o amor de DEUS agindo em nosso favor, dando-nos livremente o seu perdão, a sua aceitação e o seu favor (imerecido) e sua misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo amor e misericórdia de DEUS para conosco, e não por causa de dignidade ou merecimento de nossa parte.

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

A graça é a resposta divina a toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através de salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.

A graça é o amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em vez de castigo pelos nossos pecados. A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.      A GRAÇA É IMERECIDA

1. A graça de Deus não está associada aos nossos méritos.
Na epístola aos Romanos o apóstolo Paulo diz: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6).

2. Igualmente, a graça não depende da obediência da lei.
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

3. Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21).
“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).

III.   GRAÇA É ETERNA

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2ª Tm 1.9).

A graça de Deus se originou na Eternidade, antes da criação do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós, o tempo de Deus. É um tempo sem dimensão onde Deus habita. A graça se originou ali, além do controle humano.

IV.   A GRAÇA SALVADORA

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça e a misericórdia tem duas distinções importantes. Primeiro, a misericórdia é universal, a graça salvadora é particular. A misericórdia se baseia no mandamento universal de Deus para que se arrependamos (At 17.30). Mediante a este mandamento conclui-se que o pecador arrependido será perdoado. Existe uma oferta divina de misericórdia a toda a humanidade. Por esta razão, Deus nunca pode ser acusado de injusto por que alguns alcançaram a graça especial. Deus nunca rejeita um pecador arrependido.

A graça não é uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.

É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um ponto que bem completamente a ideia da benção de Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas (pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre os orientais.

V.      GRAÇA COMUM

Jesus trouxe uma palavra que exemplifica muito bem o significado da graça comum: “porque Ele [Deus] faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mateus 5.45). O estado de pecado do ser humano o faz não merecedor de nenhuma bênção de Deus. Se Deus não derramasse sequer uma bênção sobre o ser humano não estaria sendo injusto e nem mau. Porém, observamos que não é assim que Deus age. Observamos claramente que Deus age com sua graça mesmo entre os maus como disse Jesus. Mas Deus faz muito mais do que fazer o sol nascer e a chuva cair para abençoar justos e injustos! A graça comum de Deus é muito amplamente derramada no mundo.

A graça comum é vista basicamente em três aspectos:
1. Provisão graciosa de Deus nas coisas naturais, tais como sequência das estações, semeadura e colheita (Mt 5.45).
2. Governo ou controle divino da sociedade humana como poder restrito do mal (Rm 13.1ss).
3. A consciência interna no homem entre o certo e o errado, entre a falsidade e a verdade, entre a justiça e a injustiça A graça comum ou geral ou universal é assim chamada porque toda a humanidade a recebe em comum. Seus benefícios são usufruídos pela totalidade da raça humana, sem distinção entre uma pessoa e outra.

Devido a natureza depravada do homem, ele é incapaz de por si mesmo procurar ou agradar a Deus. Por este motivo, Deus tem concedido a graça universal a todo o homem. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 211).

Esta “graça comum” não salva automaticamente o homem, mas revela-lhe a bondade de Deus e restaura a cada ser humano a capacidade de responder favoravelmente ao amor de Deus. À luz desta graça comum, correspondemos que nenhum homem pode se esconder atrás da desculpa de que ele não teve oportunidade de um encontro com Deus.

“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4).

“Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se lhes o coração insensato” (Rm 1.19-21).

A “graça comum” concede a cada homem a capacidade de buscar a Cristo. A medida que o homem responder afirmativamente a esta graça que o atrai a Deus, ele concede aquela pessoa uma “graça especial”, que o ajuda a chegar cada vez mais perto dele. Então podemos dizer que nenhuma pessoa pode vir ao Pai sem este poder adicional (esta graça especial), que vence a escravidão decorrente da sua natureza humana depravada. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44).

Entretanto, devemos deixar claro que esta graça especial não garante a decisão da parte do homem, quanto à sua comunhão com Deus. A aproximar-se de Deus o homem recebe mais graça que o encoraja e o incentiva a aceitar a salvação. Uma experiência paralela temos na cura dos dez leprosos, mencionada em Lucas 17.14. A Bíblia declara: “Indo eles, foram purificados”. Assim opera a graça. Quanto mais o homem responde à graça de Deus. Porém a qualquer momento, o homem pode escolher resistir à graça de Deus, que naturalmente cancela a provisão de mais graça (At 7.51).

A quantidade de graça que o homem recebe, depende totalmente da sua própria decisão, e não do interesse ou vontade de Deus, (que já é manifesta).  Por esta razão, o apóstolo Pedro diz:


“Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pe 3.18).

Pr. Elias Ribas