TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A SUPERIORIDADE DO EVANGELHO



Neste capítulo, Paulo está indignado por saber que o entendimento sobre a morte e a ressurreição de Jesus Cristo foi removido da mente dos Gálatas. Se a lei estava prestes a ser restabelecida na Igreja, a morte de Cristo não havia surtido efeito naquela comunidade. As palavras de Paulo são duras. Ele, que no passado foi grande defensor da lei e que percebeu ser ela um grande empecilho para enxergar a graça de Jesus, se vê agora fazendo o papel oposto: Mostrar que a graça é superior à lei. Quando Paulo apresentou o Evangelho àquela igreja, a igreja creu na sua pregação, agora distante, ouviu rumores sobre “Outro Evangelho”, Paulo confronta os irmãos.

I. INSENSATOS GÁLATAS

Este juízo Paulino a respeito dos adversários em Gálatas nos leva a perguntar qual era a posição adotada pelos judaizantes.

Os judaizantes entenderam a eleição especial a Israel, e isto de um modo bem determinado: o principal é a idéia da eleição divina de Abraão e a sua descendência, o povo das doze tribos como prolongamento genealógico do patriarca. Gentios podem, excepcionalmente, por meio da circuncisão, e a guarda da lei, ser incorporados neste contexto, portanto, como prosélitos (cristãos). Por essa razão, Paulo argumenta severamente com os Gálatas:

“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? Quero apenas saber isto de vós, (Paulo estava irado, irritado com aquela Igreja. Vamos entender), recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? Terá sido em vão que tantas cousas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” O que nós devemos seguir e viver? (Gálatas 3.1-5).

O apóstolo Paulo ficou perplexo com a rapidez com que os crentes gálatas haviam se desviado da fé. Eram filhos da fé de Paulo, foram evangelizados e doutrinados pelo apóstolo. Tão depressa se desviaram para seguir a estranhos, e o pior, um evangelho contraditório.

Paulo começa a defesa de seu evangelho relembrando aos Gálatas de que sua vida cristã, que teve início com Cristo crucificado e foi certificada pelo Espírito Santo, estava completamente separada da lei. Eles seriam tolos de abandonar o caminho de Deus e tentar alcançar a perfeição por seus próprios esforços.

Paulo se lembra dos tempos obscuros do legalismo (período de obras mortas (3.2)). “Começar no Espírito e aperfeiçoar na carne” (3.3), para o Apóstolo Paulo não é um aperfeiçoamento, mas retrocesso; voltar para as obras da lei.

Esse evangelho, cuja ação é questionada, como dom espiritual dos Gálatas (cf. a mesma argumentação em 2.7-9, não foi ele que os libertou da lei? Vocês querem agora concluir carnalmente o que iniciaram espiritualmente? Paulo explica aos Gálatas que sua obediência a lei significa uma recaída na situação que eles há muito haviam superado. A lei, por sua vez, não pode modificar o Evangelho dado por Cristo.

Paulo finaliza esta passagem revelando que o Espírito Santo, que opera milagres, que dá entendimento e que foi concedido mediante a Fé, está isento do cumprimento da lei (3.5). Ainda hoje, há algumas igrejas que têm introduzido práticas legalistas.

Foi muito difícil para a Igreja primitiva, constituída a princípio de judeus, aceitarem também que a porta da fé foi aberta aos nós gentios. Todos os pactos, a adoção de filhos, as alianças, as promessas e etc..., foram dados ao povo judeu: “Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa” (Rm 9.8).

Deus trouxe uma revelação bem clara ao apóstolo Pedro, através daquele lençol que descia do céu, com todo tipo de animais, que para os judeus eram imundos (At 10.9-48), que nós gentios também fomos feitos um com eles (Ef 2.14).

A Bíblia Viva contém a seguinte leitura deste versículo:

“Gálatas insensatos! Quem foi o feiticeiro que os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso? Em outras palavras: “Vocês enlouqueceram? Quem roubou a sua mente”? Paulo estava fora de si. Quem havia hipnotizado os gálatas antes completamente despertos?

“Quem vos fascinou” (v.1). O verbo no original para “fascinar” é baskaino, e só aparece em todo Novo Testamento nesta passagem. Na literatura grega clássica da época tem o sentido de “enfeitiçar”. Os gálatas receberam o Espírito Santo quando creram na mensagem que Paulo pregou, e não pelas obras da lei. Era uma experiência extraordinária do poder transformador de Deus na vida deles. Como agora podiam trocar essa experiência verdadeira cristã por um evangelho espúrio e contrário ao que o apóstolo pregou? Estava agora estupefato com a insensatez (loucura) dos gálatas. Não podia crer que essa gente pudesse ser iludida, como se fosse mentira (Jo 8.44).

Os LEGALISTAS são como feiticeiros do mal, desviando os olhos de suas vítimas da cruz para a lei. Entretanto, os gálatas não têm desculpa, pois Paulo lhes deixou bem claro o significado da cruz. Os judeus consideravam Abraão como seu pai e fonte de suas bênçãos espirituais. Eles acreditavam que a simples ascendência física de Abraão os tornava justo. Paulo mostra que Abraão agradou a Deus pela fé e não por realizar obras da lei, uma vez que a lei não existia na época de Abraão. Ele também insiste que os verdadeiros filhos de Abraão, e herdeiros da bênção prometida, são aqueles que vivem pelo princípio da fé. Paulo apresenta as alternativas da fé (v. 11), e da lei (v. 12) como formas de justificação. Entretanto, ao invés de justificar, a lei mal diz (v. 10), pois faz exigências que ninguém pode cumprir.

O legalismo está fundamentado no uso inadequado da lei. Quando abraçamos o legalismo, abrimos a porta para a feitiçaria entrar nas nossas vidas. O legalismo libera uma feitiçaria, um fascínio demoníaco que se manifesta através da manipulação, da dominação e da intimidação, que roubam nossa sensibilidade e bom senso em relação ao Evangelho.

Ao invés de desenvolver uma comunhão entre os irmãos, o legalismo faz com que os líderes ajam com extrema severidade e sem misericórdia. Na igreja a pessoa legalista se irrita por questões insignificantes e amorais, fazendo com que a igreja se distraia do seu real propósito, e assim por diante.

Qual é o fruto do legalismo? Morte. Por isso, produzir fruto é uma questão de relacionamento e não esforço. Na verdade, o legalismo destrói o relacionamento e a unidade do corpo.

Que intrigante e curioso é esta passagem de gálatas 3. O Apóstolo Paulo chamando uma Igreja, pessoas ditas evangélicas, chamando Ò Gálatas insensatos! Ora, parece uma postura arrogante e provocativa do Apóstolo. A impressão que se tem é que ele estava provocando aquelas pessoas, sendo arrogante, mas não, esta passagem nos mostra o quanto isso indignava Paulo. Ver os gentios que eram selos do seu apostolado vivendo debaixo das obras da lei. Isto indignava o coração desse Apóstolo. Alguém pode me perguntar:

“Uma Igreja que se diz cristã, evangélica pode se tornar insensata, eu achei que todos os lugares que tem placa dizendo igreja são bons. São lugares de Deus, vivem corretamente o evangelho, pode uma igreja se tornar insensata, porque Paulo está dizendo isto a uma igreja, vocês são insensatos, pode uma igreja se tornar ignorante espiritualmente, viver algo que não está correto?”

Claro que pode, tanto pode que isto estava acontecendo com Gálatas, veja o que estava sucedendo; quem é que estava querendo confundir a vida dos gentios, você pode ver.

“Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão” (Gl 3.4).

Será que já não basta o que pessoa sofre no mundo, já não basta o que pessoa sofreu antes de chegar a Igreja. Paulo disse Gálatas, olha, será que foi em vão o que vocês já sofreram, ou no mundo, ou na lei, ou onde quer que seja, vocês são selo do meu apostolado, vocês estão na graça e agora se submetendo as obras, aos sacrifícios. Aquele, pois que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós. Por ventura o faz por obras da lei ou pela pregação da fé. E eu termino lhe perguntando, então, você acha que Deus faz milagres como, pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Porque diz a palavra que Deus faz milagres entre vós pela pregação da fé em nome de Jesus.

A fé nos diz que nós já fomos curados, restaurados, perdoados, a fé nos diz que já somos mais que vencedores, e podemos todas as coisas naquele que nos fortalece, a fé.

Nenhum crente é salvo por mérito ou porque praticou alguma boa obra ou porque observou algum principio da lei, ou porque segue as tradições humanas de seus líderes. Todos os crentes em Jesus foram justificados, isto é, aceito por Deus, mediante a fé em Jesus (Tt 3.5).

II. ABRAÃO O PAI DA FÉ

1. O Exemplo de Abraão – 3.6-14

“É o caso de Abraão que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o Evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os da fé são benditos com o crente Abraão. Todos das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer, para fazê-las” (Gl 3.6-10).

A apresentação de Abraão não é por acaso. Ele representa um personagem do Velho Testamento e é considerado o PATRIARCA DOS JUDEUS, mas Paulo diz que “Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado por justiça” (3.6). Ser filho de Abraão (3.7), não é ser descendente sanguíneo, mas crer como ele creu, ou seja, uma filiação que procede da fé, não do sangue. Em Abraão, Deus preanunciou o Evangelho aos gentios (3.8), demonstrando a universalidade e o papel missionário do Evangelho. Abraão é o Pai da Fé (3.9). A Lei foi criada para condenação, pois o que tropeça na Lei é maldito (3.10), a justificação vem pela Fé.

Isso mostra que Paulo vivia os conceitos da nova religião cristã revelada. Paulo defendia essa doutrina no seu dia a dia tanto como dos gentios como dos judeus. Aqui ele busca uma figura do Antigo Testamento, as Escrituras dos Judeus, para fundamentar sua teologia. Ele prova que Abraão foi justificado pela fé:“E creu ele no SENHOR, e foi imputado isso por justiça” (Gn 15.6).

O patriarca Abraão correspondeu com a exigência da fé e Deus o aceitou nessa base. O argumento do judaísmo, baseado em Gênesis 17, afirma que as bênçãos divinas foram prometidas a Abraão e aos seus filhos. Para se tornar semente de Abraão e ser incluído na sua linhagem, era necessário ser circuncidado. Mas o apóstolo Paulo diz que não; o que importa não é ser filho da carne, mas do Espírito, pela fé. Os filhos da promessa, ou seja, aos filhos de Abraão que haviam começado na lei do Espírito estavam voltando-se para a lei mosaica, acabaram na carne e por isso Paulo faz a seguinte pergunta:

“Aquele que vos dá o Espírito e opera maravilhas faz pelas obras da lei, ou pelas obras da fé?” (Gl 3.5).

Abraão nada mais fez para ser aceito por Deus senão exercer a sua fé. Como agora na dispensação da graça os legalistas querem ser justificados pelas obras da lei?

Os falsos mestres judaizantes diziam que só podia alguém ser aceito por Deus se fosse filho d Abraão.

Os judaizantes diziam que filho de Abraão, no sentido espiritual, é todo aquele que apresentar semelhança espiritual com ele, cuja vida seja moldada pela fé. Assim, “os que são da fé são filhos de Abraão” (v. 7). Por isso que o apóstolo Paulo não se cansava de dizer que o verdadeiro israelita é o cristão, independente de sua etnia (Rm 4.12-17; 9.8, 30-32).

Quando recebemos Jesus Cristo em nossa vida, deixamos de ser gentios: (Ef 2.11-22).

A circuncisão como exigência da lei não deve ser vista isoladamente do conjunto entre aliança e lei. Com a observância da lei, o povo responde à aliança de Deus, aceitando-se o principio da Torá.

O discurso de Paulo na sinagoga de Antioquia diz:

“Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés” (At 13.38-39).

Posto que a ressurreição e o perdão dos pecados por Cristo tivessem sido proclamados por Pedro (2.32, 36, 38; 3.15, 19; 5.30, 31; 10.40, 43), há este tempo ninguém tinha pregado tão explicitamente que os homens podiam ser justificados tão somente na base da fé. Obter pela fé posição com Deus que pudesse fazer entrar o indivíduo na posse da segurança da salvação significa que as obras da lei eram inúteis e desnecessárias. Isto significa um avanço novo e ousado na verdade a respeito de Cristo. Acima de tudo, marcou um novo começo no pensamento teológico da Igreja, depois dos acontecimentos desta jornada é que saiu a doutrina paulina da justificação pela fé. Por isso, já não se deve buscar a salvação através das provisões do antigo concerto, nem pela obediência às suas leis e ao sistema de sacrifícios. A salvação agora, tem lugar de conformidade com as provisões no novo concerto, a saber, a morte expiatória de Cristo, a sua ressurreição gloriosa e o privilégio subseqüente de pertencer a Cristo Jesus (Gl 3.27).

Convém analisar a posição de Paulo aos romanos para compreender o sentido dessa seção:

“Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Rm 4.3-5).

Creu Abraão em Deus. A salvação pela fé, e não pelas obras (pela guarda da lei), não é uma doutrina peculiar do NT; é um ensino característico do VT. Paulo retrocede no tempo, para além de Moisés, e toma Abraão como exemplo de fé. Abraão tinha fé em Deus, cultivava um dedicado e leal relacionamento com seu Deus, cria nas promessas (vv.20, 21; Gn 12.1-3; 15;5-6) e havia em obediência ao Senhor (Gn 12.1-4; 22.1-19; Hb 11.8-19; Tg 2.21-22).

A Abraão, a fé foi “imputada” por justiça. “Imputar” no gr. logizomai, significa creditar na conta da pessoa. A fé que Abraão tinha era uma fé genuína, pela qual ele perseverava, cria, confiava, obedecia, fortalecia-se e dava glória a Deus (vv. 16-21). Esse tipo de fé que nos torna filhos de Deus. Isso significa que a fé salvífica do cristão é tida como equivalente à justiça no tocante ao seu efeito.

Paulo fala seis vezes, em Rm 4, de “imputar” ou “atribuir a justiça” ao crente, e, em cada caso Paulo afirma claramente que é a “fé” do crente que lhe é contada ou imputada como “justiça” (vv. 3, 5, 6, 9, 11, 22).

Imputar a fé do crente como justiça não é, porém resultado exclusivo da nossa fé em Cristo ou da nossa entrega a Ele; é acima de tudo, um ato de graça e misericórdia divina (v.16).

Quando Deus vê o coração do crente voltado para Cristo com fé, Ele lhe perdoa, graciosamente, os pecados, imputa-lhe a fé como justiça e aceita-o como seu filho (vv. 5-8).

Na ilustração que Paulo deu a justiça no capítulo 4, ele não declara em parte alguma que a justiça de Deus ou de Cristo é, na realidade, imputada ou comunicada ao crente. Devemos tomar cuidado para não descrever a justificação como decorrente da guarda da lei do AT por Cristo, e daí comunicada por Ele, ao crente. Se a justificação fosse pelos méritos da guarda da lei, transferido ao homem, então não se trata do mesmo tipo de fé que Abraão (v.12), e isso por sua vez, anula a promessa (v. 14) e torna a salvação um resultado do mérito, e não da graça (v. 16). Paulo declara enfaticamente que a justificação e a retidão não decorre da lei (v. 13), mas da misericórdia, graça, amor e perdão de Deus (vvs. 6-9), e que a fé de Abraão (sua crença, sua dedicação a Deus, sua forte confiança e inabalável firmeza em Deus e nas suas promessas), lhe é atribuída como justiça, pela misericórdia e graça de Deus (vv.15-22).

“Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa, porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão” (Rm 4.13-15).

O direito de estar diante de Deus vem somente pela fé. Abraão recebeu à promessa de Deus pela fé, muito antes que a lei de Moisés fosse enviada. A salvação não é obtida mediante a observação da lei. O legalismo muda o foco do poder de Deus, transferindo-o para a habilidade de alguns indivíduos em observar a lei. Com a lei surgiu um crescimento de consciência de pecado e ira de Deus. Por meio da fé é que se concretiza a promessa de Deus (2ª Co 4.6).

Os verdadeiros herdeiros de Abraão são os que recebem a promessa de Deus pela fé, assim como Abraão. Todos os que têm fé em Jesus Cristo são herdeiros da promessa de Deus. Os verdadeiros descendentes de Abraão não são aqueles que estão debaixo da lei, mas aqueles que têm fé (Rm 4.16-25).

A essa afirmação, segundo Paulo, deve acrescentar-se ainda: os que seguem a lei não são somente pecadores, eles também esperam algo falso da lei, pois o próprio Deus estabeleceu na Escritura que somente o que é justo, a partir da fé, alcançará a vida (3.11). Essa citação de Hc 2.4 coincide com a palavra de Deus a Abraão em Gn 15.6 = Gl 3.16. Desse modo, a própria lei indica que para obter a salvação falta ir por cima e para além dela própria. Os judaizantes esperam da lei algo que ela não pode dar. Com isso, Paulo tem o caminho livre para conceber a descendência de Abraão, para quem vale a promessa divina, em sentido exclusivamente cristológica (Gl 3.16), para encontrar o caminho da salvação, na comunidade cristã da fé.

2. FÉ OU OBSERVÂNCIA DA LEI?

1. A extensão da maldição.

“Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição, (claro se eu sou gentio e há uma verdade para eu viver, há um evangelho, há uma revelação, e eu vivo debaixo das obras da lei, eu estou debaixo de maldição), porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las. Ora, a lei não é da fé, mas o homem que fazer estas coisas por ele viverá” (Gl 3.10-12).

Aqui se contrapõe, de início, os que seguem a fé e os que seguem a lei, e estes últimos que constroem sua vida a partir das obras da lei; estão sob maldição, sob a morte (3.13; 1ª Co 15.56), porque nunca conseguiram cumprir todos os preceitos da lei (Gl 3.10).

Se Paulo estivesse exigindo o cumprimento da lei para os Gálatas, estaria nesse sentido conduzindo os cristãos ao pecado, pois pela lei vem o conhecimento do pecado.

Todos os que olham unicamente para as próprias obras como mandamentos de Deus estão, de fato, debaixo da maldição. Aqueles que confiam insensatamente nas obras acreditam que têm dentro de si a capacidade de praticar tudo o que Deus mandar. Todavia, não há maneira humanamente possível de obedecer à lei completamente e o tempo todo. A lei não pode justificar ou salvar; ela pode somente condenar (Dt 27.26). Não é a obra humana, mas a obra de Cristo que salva.

Jesus assumiu os nossos pecados na cruz, Ele se fez pecado por nós (Rm 8.3; 2 Co 5.21) Paulo tirou a expressão “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” de Deuteronômio 21.23. A morte no madeiro era sinal externo da maldição na legislação judaica. Isso, obviamente serve também para morte de cruz ou cruz de Cristo. Às vezes os escritores do Novo Testamento usam a palavra “madeiro” para designar a cruz de ou a cruz de Cristo (At 5.30; 1ª Pe 2.24).

O apóstolo mostra que a maldição foi removida quando Cristo a tomou sobre si, e isso permitiu aos gentios retornarem a fé. Portanto, a “benção de Abraão” (v. 14) significa a justificação pela fé e a posse do Espírito Santo.

Jesus nunca pecou, nunca conheceu pecado, era “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que estão no céu” (Hb 7.26).

Paulo não diz que Jesus é maldição, mas que se fez maldição por nós, para remir da maldição da lei.

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldito por nós, porque está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Para que a benção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo e para que, pela fé nós recebemos a promessa do Espírito.

Abraão experimentou a Fé, Jesus experimentou a Fé. Moisés introduziu a Lei e a sua interpretação errada criou um caos que foi enxergado por Cristo. Paulo então diz: “Cristo nos resgatou da maldição da Lei” (3.13) porque assumiu o caos espiritual do mundo “tonando-se Ele próprio MALDIÇÃO” ao escolher para Si a CRUZ que era nossa (3.13). O Amor demonstrado por Jesus Cristo na Cruz criou uma ponte para que a benção de Abraão chegasse até nós (3.14).

Porque a pessoa acaba por não conseguir praticar toda a lei, nunca ninguém conseguiu cumprir toda lei, por isso nunca aperfeiçoou ninguém, a pessoa fazia tudo certo, tropeçava em alguma coisa, está tudo anulado, ela estava sempre debaixo de maldição e morte.

A confiança em si mesmo traz a queda; a confiança em Deus traz a vida. Estas palavras são citadas três vezes no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.1; Hb 10.38). O homem foi e sempre será salvo pela graça mediante a fé. Todavia, no VT, Deus já alertava o Seu povo através do profeta Habacuque: “... mas o justo viverá pela fé” (2.4).

Do texto bíblico, e à luz de todo o contexto, percebe-se que a lei, embora ordenada para o bem, não conseguiu justificar ninguém, mas mostrou ao homem suas transgressões e culpas e o levou a conhecerem sua miséria e impotência e, partindo daí, a se humilharem diante de Deus, arrependerem-se e serem salvos mediante a fé. Todavia, em si mesma, a lei não tinha poder algum para levar o homem ao Criador:

“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.11).

Disse Paulo: “O justo vivera pela fé” Não da Lei, não da religiosidade, não das experiências meramente místicas, mas sim, da fé, que foi entregue pela graça de Deus (Ef 2.8). Sem graça não há fé e sem fé não há salvação.

Mas algumas “igrejas” dizem que não, que o justo tem que viver pelas obras, pois não está vivendo conforme a verdade do evangelho.

Não, estou sendo verdadeiro, é evidente, pela lei ninguém é justificado, o justo viverá pela fé, e diz o: Versículo 13:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito; Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”.

Cristo nos resgatou da lei, Ele pagou o preço por nós, Ele sofreu por nós, Ele cumpriu a lei em nosso lugar, Ele deu fim à lei. Jesus nos livrou e nos resgatou fazendo o sacrifício dos sacrifícios.

Jesus disse para que o meu povo não tenha mais que se sacrificar, Eu vou fazer o sacrifício dos sacrifícios, Eu vou dar a minha vida, Eu vou derramar o meu sangue e vou morrer e vou ressuscitar, ninguém vai conseguir fazer um sacrifício desses. Eu vou fazer um sacrifício, Eu vou me tornar maldição para que o meu povo não viva mais, debaixo de sacrifícios. Ele fez a obra das obras! O que os altares fazem? Trazem a lei com os sacrifícios para a vida das pessoas. Jesus nos resgatou da maldição da lei, e os altares aí fora, trazem lei e obras para a vida das pessoas. É por isso que o evangelho ainda não se tornou o que deveria ser.

Esta persuasão não vem daquele que vos chama! Amado, Deus lhe chamou para viver a verdade, você está aqui para viver a verdade, você não vai ser nunca mais enganado na vida! A graça de Deus está no seu coração! Um pouco de fermento leveda toda massa, então, isso se chama rebelião contra Deus e rebelião é pior que feitiçaria, a pessoa que se mete nas obras da lei que Cristo nos resgatou de lá, mas os altares jogam para a vida das pessoas. Fazer isto, é desprezar a obra de Cristo é anular o que Ele fez na cruz.

“De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (Gl 5.4).

Estão desligados de Cristo! A tradição diz que eu tenho que carregar a minha cruz, não é isso que dizem? É, estão baseados em quê? Vamos ver.

Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes:

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).

E aí você pergunta: “cadê a minha cruz?”

Jesus estava no cumprimento da lei. Nesse momento da história, Jesus ainda não tinha carregado a cruz por nós.

“Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas, não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17-18).

Versículo 18 “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra”.

Então, para que Jesus desse fim à lei, ele tinha que cumprir toda lei. Quando Jesus disse: carregue a sua cruz e me segue, ele estava ali judeu na carne falando a outros judeus, no cumprimento da lei.

“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44).

Tudo tinha que ser cumprido! Mas você se lembra o que ele fez na cruz? Vamos relembrar:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, (eu não tenho mais que carregar a cruz), fazendo-se ele próprio, (Ele já estava ele mesmo, ele próprio fazendo-se o que?), maldição em osso lugar, (então, ele foi o seu substituto, o meu substituto, ele carregou a cruz em seu e em meu lugar, para que nem você, nem eu tenhamos mais que carregar a cruz), maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”. Continua dizendo que “Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido” (Gl 3.13-14).

“Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento” (Rm 10.2).

As pessoas não entendem isso, elas têm zelo por Deus, elas querem carregar a cruz, elas chegam à Igreja e dizem: me dá a cruz mais pesada, eu quero a mais pesada, eu quero sofrer como sofreu Jesus; eu quero andar de joelho pagar promessas etc. Eu vim para esta Igreja para viver a minha via crucis! Você veio para cá para viver sua via crucis, carregando a cruz? Bom Jesus disse carrega a sua cruz, você tem que se negar, carregue bem, mas ele não tinha carregado ainda a cruz por você, diz que no nosso lugar, no meu lugar ele já carregou a cruz.

A preocupação de Paulo determinava que o zelo pode ser mal orientado. O zelo que tinham pela Lei os estava deixando cegos para a liberdade e a verdade encontradas em Cristo. Mas, considerando o falso ensino que havia no meio deles, o apóstolo tem um bom motivo para estar perplexo com a condição espiritual dos gálatas (Gl 4.17, 18). E esta tem sido a preocupação das lideranças de hoje com suas ovelhas.

“Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (Rm 10.3).

Então, se ele já carregou a cruz, se ele já se fez maldição no nosso lugar, eu tenho que entender isso, e eu não posso estabelecer a minha justiça própria, eu tenho que me sujeitar o que vem de Deus.

“Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).

Você crê na justiça que vem de Deus, você crê que Cristo já carregou a cruz no seu lugar, você crê que não há mais maldição na sua vida, e que a benção de Abraão chegou a você. Então, você não tem que carregar a cruz de nada, você é um abençoado, ele carregou de uma vez por todas! Amados, viver carregando um fardo, uma cruz não lhe torna mais santo ou mais amado por Deus. Eu quero a cruz mais pesada eu quero andar uma milha de joelhos para que Deus me ame mais, isso não torna você mais amado ou santo, porque Hebreus 7.19 “(Pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus”.

Esse sacrifício, esse fardo, esse jugo, a cruz, as obras, isso não aperfeiçoa ninguém, isto não lhe torna mais amado por Deus ou mais santo. Mas graças a Deus, que há uma esperança superior, que é a graça. Porque estamos vivendo a palavra da graça, não há mais cruz para carregar.

“Mas, porque que não há mais cruz”?

Porque Jesus já fez isso por nós, mas ele falou, ele estava no cumprimento da lei. Jesus judeu era carne, falando a outro judeu, ele não tinha carregado ainda a cruz no nosso lugar.

“Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre” (Hb 10.14).

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé em Cristo Jesus, (então, tem que ter fé, por isso que o justo viverá pela fé.

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1).

Você tem que ter fé que Cristo já carregou a cruz por você, você tem que ter fé que Cristo já perdoou os seus pecados, já lhe aperfeiçoou para sempre, e que o sangue de Jesus já lhe lavou do alto da cabeça às plantas dos pés, que não há mais condenação para sua vida, que a salvação está garantida, é um eleito de Deus, um predestinado do Senhor, uma ovelha de Cristo, que a benção de Abraão chegou a sua vida, você tem que ter fé que Ele quebrou a maldição na cruz do calvário, você tem que ter fé nisso.

Paulo os chama de “insensatos”, mas no versículo 10 de “malditos”. Paulo passa a mostrar à luz das Escrituras Sagradas, usadas pelos judaizantes, a maldição dos legalistas. Maldição é o contrário de benção. Todos aqueles, pois que são das obras da lei no verso dez, mostra que a maldição não se restringe apenas aos judaizantes. O Espírito Santo está mostrando que esta maldição é extensiva a todos os que procuram se justificar pelas obras da lei, ou aqueles que usam as tradições obrigatórias e primárias as Escrituras.

“E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora a lei não é fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Gl 3.11-12).

Paulo apresenta as alternativas da fé (v. 11) e da lei (v. 12) como formas de justificação. Entretanto, ao invés de justificar, a lei maldiz (v. 10), pois faz exigências que ninguém pode cumprir. A lei do Velho Testamento não vem da fé (13). Para que ninguém se glorie. Cristo cumpriu a lei e através da sua morte livrando-nos desta maldição.

Através da fé, recebemos os benefícios fornecidos por sua morte, incluindo a justificação (v. 11) e a promessa do Espírito.

O apóstolo apresenta outra realidade que os Gálatas deviam conhecer e com ela podiam repudiar os judaizantes. As duas passagens do Antigo Testamento; “O viverá da fé” (Hc 2.4), e “o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Lv 18.5), no vv. 11 e 12, mostram a superioridade do evangelho.

As duas declarações são antagônicas e excludentes entre si mesmas.

A primeira diz que você não precisa fazer nada; Deus já fez; só a fé é suficiente; é pela fé que o justo vive; entretanto, a outra declaração afirma que você precisa fazer algo para viver. Isso neutraliza a graça de Deus e a glória de Cristo é transferida para o homem.

Se não tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da justificação dos pecados pela graça.

Então, o tema da mensagem é: pelas obras da lei ou pela pregação da fé. Eu estou mostrando que é pela pregação da fé. “O homem não é justificado pelas obras da lei e sim mediante a fé. Também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado”.

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado?” (Gl 2.17).

Se eu estou numa Igreja e aceito que o pseudo Pastor me chame de pecador, então, Cristo foi ministro do pecado, ele não ministrou o perdão na cruz, ele não trouxe justificação, ele não nos redimiu de nada, ele estava ali na cruz e disse: eu estou aqui para torná-los pecadores, Não! Estou aqui mentindo por alguns instantes, foi isso que Jesus fez? Eu vou dar o meu sangue, eu vou dar a minha vida, sabe eu já vim lá do trono, desci do trono, deixei o trono vazio me fiz carne, escolhi o ventre de Maria, incubadora, nasci judeu na carne, raiz de Davi, cumpri a lei, sofri, carreguei cruz, espinho, cuspida, chibatada, para agora aqui, olha vocês vão continuar a ser pecadores! Foi isso? Seria uma perda de tempo. O que os altares estão dizendo às pessoas, pregação de hoje, Jesus perdeu tempo, você tem que pagar o preço! Vai pagar caro quem está fazendo isso com o povo de Deus, escravizando, obrigando as ovelhas a viverem como judeus.

O Cristão é ministro do pecado? Certo que não! Em outras palavras, Paulo está dizendo, Gálatas, então mais a frente eu vou chamar vocês de insensatos, vocês vão crer ou não no que Cristo fez? Então você está se submetendo à justiça que vem de Deus, não é a sua própria, não é o seu joelho, não é o lápis enfiado no joelho, rótula cheia de pés aparecendo porque passou a noite toda ralando no milho, não.

Paulo está dizendo vocês vão fazer porque Cristo fez, então, para que ele fez? Esta é a minha pergunta ao sistema legalista, então, para que Jesus fez, se eu tenho que fazer de novo?

Onde é que vocês lavam o pecado dos outros?”

Na cruz do calvário! Glórias a Deus por isso! É pela fé que eu tenho que crer que o sangue de Jesus me lavou dos pecados, porque se não funcionasse, ele foi ministro do pecado, então, se ele não trouxe perdão, ele foi ministro do pecado, onde é que diz isto:

“Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo” (1ª Co 1.17).

Claro, eu fiz a circuncisão, guardo sábado, eu não como carne de porco, e por isso eu vou ser salvo! Eu estou anulando a cruz de Cristo.

“Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).

O que Deus aniquilou? O pecado.

“Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).

Aperfeiçoou para sempre, aqueles que hoje vivem uma vida reta porque creem nisto.

“E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito”. “Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei”. “Acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre (porque ele aniquilou o pecado)”. Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado” (Hb 10.15-18).

Então, se Cristo já aniquilou o pecado, já nos lavou não há oferta pelo pecado, eu não tenho que lhe colocar em um batistério, nem jogar água benta na sua cabeça, batismo por aspersão, por imersão, batiza, não, não há batismo aqui das águas, para remissão de pecados não! Precisamos entender que o batismo é uma ordenança de Jesus (Mt 28. 18-20), um ato publico de fé (At 2.41; 8.14-17).

“Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro. (O que ele carregou?), os nossos pecados, (mas a tradição diz que quando você mergulha na água é como se você estivesse morrendo sendo sepultado com Cristo e ressuscitando com ele, ah! Isto tem que ser pela fé, não é nas águas de um batistério, eu tenho que acreditar que fui sepultado, morri e ressuscitei com Cristo, pela fé. Ah! Porque me batizam e dizem agora você está limpo, não é agora, então a água vai levar o seu pecado embora. Porque a pessoa não foi transformada no seu interior, ela está vivendo de símbolos, de rituais. Água não lava ninguém, até lava, mas a sua carne, não lava de pecados! “Para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1ª Pd 2.24).

Então, pela fé eu estou morto para o pecado, porque ele tomou sobre si todos os nossos pecados e enfermidades.

“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado” Tirou ou não tirou o pecado, tirou! Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu” (1ª Jo 3.5-6).

Vamos entender que a pessoa que está na igreja que não largou a vida velha, não é culpa de não ter passado pelas águas ou do irmão ao lado, é porque ela não O viu nem O conheceu, ela se convenceu e não se converteu. Quando você se converte, o seu velho homem é crucificado, você é revestido de Deus, é revestido do homem novo, segundo Deus. Aí você recebeu a palavra, a fé, o perdão, a justificação.

“Mas Jesus foi batizado”.

Sim Jesus foi batizado. O batismo do qual Jesus se batizou, era um ritual judaico da tribo dos Essênios. Só essa tribo batizava. Quem fazia parte dessa tribo era João Batista.

Eu lhe pergunto, Jesus foi batizado ele mesmo não batizava, ele mandava os discípulos a pregarem a Palavra. Jesus foi batizado, quantos pecados Jesus tinha? Nenhum! Então, o batismo não lava ninguém de pecado, Jesus não tinha pecado. Jesus foi batizado, porque ele veio cumprir a lei, e Ele nos trouxe a graça.

Jesus derramou o seu sangue, e ele tomou sobre si, ele aniquilou o pecado, isto é entendido somente pela fé:

“E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mt 3.6).

Em Mateus diz:

“Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará (então a partir de Cristo ele vos batizará com que?), com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11).

“No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

João disse, este Cordeiro de Deus vai tirar todo pecado pelo seu sangue. Eu não preciso seguir os rituais judaicos, porque o sangue de Jesus vai lavar vocês. Então, ele tira o pecado ou as águas tiram o pecado? Ele. Se águas tirassem o pecado chamaríamos Cristo de pecador, porque ele foi batizado no cumprimento da lei. E o ladrão da cruz foi batizado? Não! “Mas Jesus lhes disse: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).

“É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim”. Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água” (Jo 1.30-31).

“Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At 1.5).

“Não me atrevo a falar de nada, exceto daquilo que Cristo realizou por meu intermédio em palavra e em ação, a fim de levar os gentios obedecerem a Deus, pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de Deus” (Rm 15.18).

Aparentemente, isso significa que Paulo falara sobre coisas que Cristo fez através dele, por palavra e ações, isto é, pela proclamação da verdade, por sua demonstração em milagres e respostas poderosas à oração e em seu próprio exemplo de vida semelhante a Cristo. A pregação de Paulo foi confirmada por sinais e prodígios perante os olhos daqueles que o ouviam:

“Por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que, desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo” (Rm 15.19).

“E ele nos contou como vira o anjo em pé em sua casa e que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar Simão, por sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras mediante as quais serás salvo, tu e toda a tua casa. Quando, porém, comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós, no princípio. Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo” (At 11.13-16).

Como, pela palavra, diz que eles acreditaram na palavra e foram batizados pelo Espírito Santo.

Quando nós ouvimos a palavra e recebemos Jesus como Senhor e Salvador, somos batizados.

“Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;” (Ef 1.13).

Então, você ouve o evangelho, você crê, recebe a Jesus, batizado você está. Você precisa usar o sábado como meio de salvação? O sábado é o selo ou é o Espírito Santo que nos sela?

Amados, todos nós que recebemos Jesus e cremos na verdade e o confessamos como Senhor e salvador, fomos batizados, selados, revestidos, ungidos, cheios do Espírito Santo.

Escrevo detalhadamente para lhe mostrar o que é obra da lei, o que é pregação da fé. Na graça de Cristo não há obras, não há maldição, não há sacrifícios tudo nosso está baseado na graça e é através da pregação. A palavra é viva e eficaz (Hb 4.12)

Eu digo, Igreja de Cristo não é para continuar sofrendo! É por fé e graça e não por sacrifícios!

“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” (Gl 3.1).

Quero apenas saber se receberam pela lei ou pregação da fé? Sai dessa lei, sois assim insensatos, começaram no Espírito agora caíram da graça.

Pr. Elias Ribas

pr.eliasribas2013@gmail.com

sábado, 8 de dezembro de 2012

O ÚNICO EVANGELHO - GÁLATAS CAPÍTULO 2


No capítulo 1, observamos que Paulo defende o seu apostolado porque também ele foi ensinado por Jesus e, portanto, tem a mesma autoridade que os outros apóstolos. Questiona a fé dos Gálatas e o cuidado que devem ter com os “falsos irmãos” que querem trazer o judaísmo para dentro do Evangelho de Jesus Cristo. Por fim, declara que seu ministério é voltado para os gentios (1.16).

I. O ENCONTRO DEPOIS DE CATOZE ANOS

1. O Evangelho Para Gentios e Judeus.

“Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito” (Gl 2.1).

Barnabé ainda continuava sendo um grande cooperador de Paulo. Foi ele a primeira pessoa a acreditar na sua conversão e o apresentou aos apóstolos (At 9.27). Tito foi outro cooperador para quem Paulo escreveu uma epístola pastoral. Ele está em Jerusalém, território dos judeus.

“Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o Evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou de ter corrido em vão” (2.2-4).

Deus impeliu Paulo a estar em Jerusalém e expor sua metodologia de pregação do evangelho para os gentios, na sua platéia havia gente influente (2.2). O tema circuncisão volta à tona e Paulo sabe que seu cumprimento remete ao LEGALISMO (2.3), esse desejo de voltar ao legalismo era desejo dos “falsos mestres”. O apóstolo combate o ensinamento dos judaizantes e entende que a volta da circuncisão é contrária à liberdade que o evangelho traz (2.4). Em At 16.3, Paulo consentiu na circuncisão de Timóteo para que o mesmo não perdesse a autoridade enquanto autoridade da igreja.

“Aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram; antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me fora confiado, como a Pedro o da circuncisão” (Gl 2.5-7).

O apóstolo tem grande preocupação com esses falsos mestres. O retorno do legalismo seria um grande perigo para a doutrina da igreja e menciona que tais irmãos são rebeldes (2.5). Também reconhece que homens influentes no passado, não têm autoridade para opinar na pureza e eficácia do Evangelho de Cristo confiado a ele (2.6). Paulo vibra ao falar que o Evangelho da Incircuncisão (gentios) lhe fora confiado e o aceitou como um grande desafio, além de fazer uma grande distinção quanto ao papel de Pedro (2.7).

Cada indivíduo livre, das tradições, que se beneficia da coragem de Paulo, irá continuar vigilante no movimento de resistência formado por ele.

Paulo era tolerante e paciente para com muitas outras coisas (cf. 1ª Co 13-4-7), mas inflexível quando se tratava da “verdade do evangelho”. A revelação que ele recebeu de Cristo (1.12) é o único evangelho que tem poder para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Paulo sabia que não devia transigir com o evangelho, por causa da paz, da união ou de correntes teológicas. Estava em jogo tanto a glória de Cristo, quanto a salvação dos perdidos. Hoje, se abrirmos mão d’alguma parte do evangelho que temos, conforme o NT, começamos a destruir a única mensagem que nos salva da destruição eterna (cf. Mt 18.6).

“E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa, nada me acrescentaram” (Gl 2.6).

Líderes cristãos extremamente respeitados podem nos decepcionar. Deus não considera posições sociais ou qualquer tipo de atuação (Rm 2.11). Líderes devem ser respeitados, mas, nossa fidelidade maior deve ser a Cristo. É possível respeitar o ofício sem reverenciar a pessoa.

Deus não usa de favoritismo com ninguém por causa da tradição, reputação, posição ou sucesso (cf Lv 19.15; Jó 34.19; Dt 10.17; At 10.34; Ef 6.9). Deus vê o coração, o seu interior, e seu favor permanece sobre aqueles que voltam sinceramente para Ele com amor, fé e pureza (cf. 1º Sm 16.7); Mt 22.28; Lc 16.15; Jo 7.24; 2ª Co 10.7; 1ª Co 13.1).

No Concílio Apostólico, por sua vez, os “respeitados” e a delegação de Antioquia, tendo Paulo como porta voz, concordavam que Pedro e Paulo haviam sido chamados por Deus para a edificação das comunidades judeus-cristãos. O evangelho gentio-cristão de Paulo teve, portanto, total aprovação eclesial:

“(Pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios) e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl 2.8-10).

Os judaizantes, erroneamente, não só negavam a origem divina da missão de Paulo, mas também se colocavam contra o consenso eclesial.

Paulo continua a sua defesa ao mencionar que ele tem o mesmo status de Pedro dentro do discipulado de Cristo. A mensagem de Cristo é eficaz para ambos (2.8). Tiago, Cefas (Pedro) e João entenderam que Cristo havia removido a barreira entre judeus e gentios e estendem a ele a “destra da comunhão”, apesar de distintos, ambos os ministérios são co-participantes da mesma Graça (2.9). Pobres e necessitados foram o foco do ministério de Cristo, também entendido por Paulo (2.10).

II. A HIPOCRISIA DE PEDRO

Vejo que a hipocrisia é um doas maiores assassinos da graça divina; e isto está identificado na carta do apóstolo São Paulo aos Gálatas.

“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti -lhe face a face, porque se tornara repreensível. 12 Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar -se, temendo os da circuncisão. 13 E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. 14 Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gl 2.11-14).

Os judeus são escrupulosos ao extremo no Kashrut (leis dietéticas dos judeus), observado até hoje – alimentos considerados puros e impuros). Os cristãos de origem judaica (circuncisão) entendiam ser uma abominação comer com os gentios. O apóstolo Pedro sabia disso e para não ter problemas com os dois grupos, fazia um papel duplo. Paulo, porém, percebeu isso e confrontou a Pedro e sua postura (2.11). Essa falta de entendimento de Pedro, lhe causou uma repreensão da parte de Paulo (2.12). Seu grande amigo e colaborador Barnabé, também foi persuadido por essa interpretação errada da Palavra de Deus (2.13).

Nesse consenso mais uma vez foi colocada em dúvida por ocasião da visita de Pedro a Antioquia (Gl 2.11-21). Mas também, naquela ocasião, Paulo não cedeu um só milímetro da verdade do evangelho e agora, mais ainda, não tem intenção de diante dos judaizantes.

Também Israel, citado na aliança de Abraão, estava condicionado à lei. Contudo, contra argumenta Paulo, assim o Evangelho torna-se um não evangelho (1.6-9), porque desaparece o escândalo da cruz de Cristo, ou seja, Cristo morreu em vão (2.21; 5.11). Assim o Evangelho deixa de ser a graça (1.6; 2.21; 5.4). Por quê? Quem vê a lei como parte integrante da aliança, de tal modo que a eleição da parte gratuita da parte de Deus encontra sua correspondência subseqüente no cumprimento humano da lei, concede à lei um lugar que, segundo Paulo, não lhe corresponde. Essa unidade entre aliança e lei como caminho de salvação para alcançar a vida concede às “obras da lei” uma importância que, conforme a visão do Apóstolo ela não pode ter. Quem assim procede quer ser “justificado pala lei” (2.21; 5.4); pretende apoiar-se em seus êxitos com a lei, e não está disposto a atribuir somente a Cristo a glória da redenção (Gl 6.13s). Não lhe basta “ser “justificado em Cristo” (2.17). Ele não confia unicamente na graça da cruz, mas atribui ao cumprimento da lei parte de sua redenção.

Porque Deus levantou Paulo como apóstolo? Porque o discípulo Pedro, aquele que havia aprendido com mestre Jesus, estava colocando em jogo a pregação do Evangelho.

1. Porque Paulo repreendeu a Pedro? Ele nos conta:

“E chegando Pedro a Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios: mas, depois que chegaram se foi retirando e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão” (vvs. 11-12).

Cefas (que quer dizer Pedro), que tinha experimentado a liberdade que há em Cristo depois da visão em At 10.10-35, começou a comer com os gentios em Antioquia. Quando vieram os judaizantes de Jerusalém, Pedro, hipocritamente deixou de seguir o princípio dado pelo próprio Deus. Será que podemos aceitar este apóstolo mais do que qualquer outro como infalível? Sendo que afirmam alguns que Pedro foi o primeiro papa e era infalível. Se Pedro era infalível, segundo o ensino de alguns, porque Paulo diz no verso 11 que “se tornara repreensível”.

Paulo resistiu na face um apóstolo que foi escolhido por Jesus. Qualquer líder espiritual que se torna culpado de erro e da hipocrisia deve ser confrontado e repreendido pelos colegas de ministério (cf. 1ª Tm 5.19-21). Isso, sem favoritismo; até mesmo uma pessoa de destaque como o apóstolo Pedro, que foi grandemente usado por Deus, necessitou de repreensão corretiva. As Escrituras indicam que Pedro reconheceu a sua falta e aceitou a repreensão de Paulo, de modo humilde e arrependido. Posteriormente, ele refere-se a Paulo “nosso amado irmão Paulo” (2ª Pe 3.15).

Dificilmente um falso líder aceitaria uma correção como Pedro aceitou. Uma repreensão de ministro para ministro não é uma ofensa dentro do presbitério! Errar é humano, falhar todos falham, mas devemos reconhecer o erro e arrepender. Pedro, como um servo de Deus, se arrependeu e aceitou a repreensão do amigo Paulo.

O Apóstolo Pedro estava obrigando os gentios a viverem como judeus, estava introduzindo na Igreja da graça, o selo do apostolado de Paulo, a lei, isto deixava Paulo indignado. E eu vou dizer uma coisa, a insensatez espiritual é a realidade de muitas igrejas evangélicas, e quando nós combatemos isso, não é provocação nem arrogância nossa é porque nos deixam indignados ver a situação que as pessoas vivem. Gentios sendo obrigados a viver como judeus, debaixo da lei, das obras da lei.

Então, qual foi o motivo para uma repreensão tão forte, tão contundente, com o apóstolo Pedro? O motivo foi o legalismo, o judaísmo. O que mais mexia com a paciência de Paulo, o que tirava ele do sério, era ver os gentios vivendo como judeus. Porque ele diz que quando vi que não procediam corretamente segundo as verdades do evangelho, por que isto tirava Paulo do sério? Porque esses gentios que estavam sendo obrigados a viverem como judeus, estavam na verdade, desviados do evangelho revelado, desviados da verdade, desviados da graça de Deus, pessoas se submetendo ao jugo da escravidão da lei. O que é o jugo da escravidão da lei? O que escraviza o homem! São obras mortas, é jugo da lei, e Paulo não aceitou isso e repreendeu Pedro. Paulo disse: Pedro você está enganando os irmãos, porque você é judeu e já conhece a graça, já vive como os gentios e está querendo obrigar os gentios a viverem como judeus, quer dizer graça pra si e lei para os outros.

Portanto, Paulo lançou esses fundamentos da graça aos Gálatas, mas Pedro estava tentando escravizá-los, Pedro estava tentando confundi-los com a lei, porque a lei só confunde as pessoas. Por isso Paulo disse:

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, não vos submetais de novo ao jugo de escravidão” (Gl 5.1).

2. Voltar para a lei é construir aquilo que Jesus destruiu.

“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo. Não anulo a Graça de Deus, pois, se a justiça é mediante a lei segue-se que Cristo morreu em vão (Gl 2.18-21).

A nova vida da ressurreição, a autêntica vida de Cristo, outorgada pelo Espírito Santo, cancela de uma vez por todas a relação com a lei. Se a justiça provém da lei, Cristo morreu em vão, é o que afirma o apóstolo Paulo. Guardar a lei em Cristo é o mesmo que continuar no avião, ao findar a viagem, isto é um absurdo. Partir a lei em duas, ensinar que Cristo cumpriu uma parte e deixou a outra para cumprirmos, é ofender a graça de Deus, entristecer o Espírito Santo, renunciar aos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 2.6) e meter-se debaixo do jugo da servidão.

Tentar encontrar uma posição de retidão diante de Deus através da lei significa “cair da graça”.

“Cristo se tornou totalmente inútil para vós, a vós todos os que sois justificados pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

Vamos, portanto amontoar todas as nossas boas obras numa só pilha, e todos os nossos pecados numa outra – e fujamos de ambas, para a Cruz de Cristo, onde o perdão é oferecido aos penitentes. Pela fé somente em Seu sangue (Rm 3.25) é que podemos ser justificados.

Paulo descreve seu relacionamento com Cristo em termos de união pessoal profunda com seu Senhor e da sua dependência d’Ele. Aqueles que têm fé em Cristo, vivem uma vida em comunhão intima com Ele tanto na sua morte, como na sua ressurreição. Todos os crentes foram crucificados com Cristo na cruz. Morreram para a lei como meio de salvação, e agora vivem para Deus por meio de Cristo (v.19). Por cauda da salvação em Cristo o pecado não tem domínio sobre eles (Rm 6.11; Rm 6.4, 8, 14; Gl 5.14; Cl 2.12, 20).

É mediante o Espírito Santo que a vida ressurreta de Cristo continuamente nos é comunicada (Jo 16.13-14; Rm 8.10-11). Participamos da morte e ressurreição de Cristo pela fé, a crença, a confiança, o amor, a devoção e a lealdade que temos no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós (cf. Jo 3.16). Esse viver pela fé pode ser considerado como viver pelo Espírito (3.3; 5.5; Rm 8.9-11).

III. ENTREGA TOTAL E NÃO UMA MERA FÉ INTELECTUAL

1. Os legalistas e as seitas atuais.

Os judaizantes achavam que além da fé em Jesus, deviam observar a circuncisão, dar esmola, guardar o sábado, observar o kash’rut – leis dietéticas dos judeus etc. A conclusão do apóstolo Paulo é que, segundo essa linha de raciocínio, Jesus teria morrido em vão:

“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; esse viver que (que é o viver do povo desta Igreja e daqueles que crêem na verdade do evangelho), agora, tenho na carne, (como é que eu vivo nas obras da carne? não), vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provem da lei, segue-se que Cristo morreu em vão” (Gl 2.21-22).

As seitas não ensinam a salvação pela fé somente, sempre acrescenta lago a mais.

Porque se nós vamos obrigar os gentios a viverem como judeus, então este viver não é pela fé. Você vive pela fé ou pelas obras da lei? Eu vou mostrar que viver pela fé, e viver pela pregação da fé é viver a Palavra segundo o Novo Concerto. O que desejamos ensinar aos leitores é a pregação pela fé, e não tem o dia do sal, o dia do óleo, dia da vigília, dia do monte, dia do jejum! Aqui, é a pregação da fé, e mais, a pregação da fé e não as obras da lei. Por quê?

“Não anulo a graça de Deus (então quer dizer que tem gente que anula a graça de Deus, como?), pois se a justiça, é mediante a lei, (se eu tenho que viver sacrificando, se eu tenho que viver debaixo da lei, segue-se que morreu Cristo em vão”.

O que representa a morte e a ressurreição de Cristo para as igrejas? Foi em vão, as pessoas choram no dia da ceia, os pregadores frívolos aproveitam para quem está em pecado e quem não está, expulsar, excluir da Igreja, e não se entende o que foi feito na cruz.

Então eu não anulo a graça de Deus, o que os Gálatas estavam fazendo, era anulando a graça de Deus, porque se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão. Qual é o cenário do cristianismo em nossos dias? Fábulas, obras, sacrifícios, mandamentos humanos, tradições e dogmas e se a Igreja diz que não é da lei, que não é tradicional, inventa os nomes, renovada, avivada, até usam graça, mas isso é só na teoria do nome, na prática você encontra fermento, as obras da lei, os sacrifícios e pessoas anulando a graça de Deus.

O Evangelho que Paulo pregava era algo novo tanto para os gentios como para os judeus. A indignação de Paulo não era preocupação com sua posição, ou seu status de apóstolo de Cristo. A preocupação como ele declara duas vezes em Gálatas 2, era a “Verdade do Evangelho”. Em outras palavras, estava em jogo não somente a salvação dos gálatas, mas também o futuro do próprio cristianismo. O que Paulo não queria era um Evangelho misturado com a lei.

Paulo viu através da duplicidade e expôs a hipocrisia em Pedro. Com efeito, ele repreendeu: Pedro você foi hipócrita diante dos judeus e depois diante dos gentios. Você está falando de liberdade, mas não vive essa liberdade. Pedro, deixe de ser legalista, e viva a verdade do evangelho. Os outros judeus também dissimularam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar sua dissimulação.

“E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procedia corretamente segundo a verdade do Evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, porque obrigas os gentios a viverem como judeus” (Gl 2.13-14).

2. Paulo duramente confronta Pedro.

“Se, sendo tu judeu, vive como gentio e não como judeu, porque obrigas os gentios a viverem como judeus?”

O Evangelho da Salvação não aceita hipocrisia, ele confronta nosso comportamento, Cristo combateu os fariseus, doutores em hipocrisia (ver a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14).

Porque Paulo disse palavras tão fortes? Porque as pessoas costumam seguir os líderes. As ovelhas seguem os seus pastores, mesmo que eles estejam errados. Se você disser que é pecado comer sem lavar as mãos eles vão acreditar e obedecer. O líder é o espelho da igreja. Se você for um fariseu legalista os seus seguidores também irão ser, a menos que alguém lhe exponha a verdade.

Antes de começar a pensar que jamais cometerá o crime da hipocrisia, que você está acima dessa tentação, lembre-se do que Paulo expôs em sua carta aos Gálatas. Um líder espiritual tão forte e estável quanto Pedro caiu nela. E com muitos outros, “o próprio Barnabé”.

O legalismo é sutil, é insidioso. Descobri que ele representa especialmente uma tentação para aqueles cujo temperamento tende a agradar as pessoas, o que nos leva de volta à maravilhosa passagem em Gálatas 1.10 que nos liberta:

“Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”.

O verdadeiro ministro é aquele que defende o Evangelho de Cristo, pois Deus não nos deu um espírito de temor, mas de fortaleza, por isso devemos batalhar pelo Evangelho. A Bíblia diz que Jesus veio purificar para si um povo zeloso e de boas obras.

Zeloso: que tem cuidado da doutrina – que segue o evangelho sem mistura (farisaísmo, dogmatismo, legalismo, filosofias etc.).

Boas obras: Que tem fruto do Espírito (Gl 5.22-23), evangelismo, assíduo no trabalho de Deus no tocante aos cuidados dos órfãos e viúvas. Estas boas obras nos diferenciam do mundo e não um fanatismo obscuro.

Precisamos urgentemente rever os ensinos da igreja primitiva:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42-47).

A igreja primitiva praticava a verdadeira doutrina, eram homens de oração, tinham comunhão uns com os outros, no partir do pão, no amor, no perdão, unidade, temor a Deus e a verdadeira adoração.

A igreja primitiva estava fundamentada na doutrina dos apóstolos. Eles não priorizavam os costume e culturas da época. Deus não está preocupado se nos saudamos com ósculo santo ou não, mas precisamos da oração e do estudo correto da Palavra de Deus que nos faz crescer em Cristo.

IV. A JUSRTIFICAÇÃO PELA FÉ

A carta aos Gálatas é o mais antigo testemunho da mensagem da justificação por parte do apóstolo. Por isso, as teses sobre a justificação adquirem uma importância em sua parte central.
A carta aos Gálatas é o mais antigo testemunho da mensagem da justificação por parte do apóstolo. Por isso, as teses sobre a justificação adquirem uma importância em sua parte central.


É surpreendente que a idéia de justificação, em sua forma tipicamente paulina, tinha como base a teologia, eleição e a teologia da cruz e, em momentos centrais, isso só ocorre, nas cartas anteriores a Gálatas, somente em passagens típica que contenham afirmações tradicionais, e muito esporadicamente.

Na questão sobre a origem da mensagem da justificação, também se deve deixar de considerar que Paulo somente recorre a ela em contextos altamente polêmicos contra os judaizantes, ou seja, em Gálatas e Filipenses, antes de desenvolvê-la aos romanos, também com uma apresentação mais objetiva.

A visão de conjunto de Gálatas mostra que seus textos sobre a justificação se restringe ao discurso contra Pedro em Gl 2.14-21. O discurso contra Pedro, com isso, assume a tarefa de introdução e apresentação dos pontos decisivos contra o legalismo.

O que Paulo afirma sobre a justificação do pecador em concreto? Afirma algo que não pode surpreender o leitor de Gl 3s, a justificação acontece “sem lei” (Rm 3.21). É uma reiteração de Rm 3.20, 28


1. A lei não justificou o homem diante de Deus.

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor” (2.16-18).

Paulo descreve o crente justificado como tendo sido crucificado com Cristo (v.20), como sendo espiritualmente vivo (Rm 7.4, 6), como alguém que vive em Cristo (Gl 2.20; Jo 14.20; Cl 1.27), que vive uma vida de fé (Gl 2.20; Rm 1.17); e que sabe quem tornou essa vida possível. Paulo aponta, então, que a justificação pelas obras (“a lei”) é oposta a justificação pela graça mediante a fé. Ele também afirma que demais obras são, no final das contas obras (Gl 4.19-31). Se a salvação pode ser conquistada, então Deus está meramente dando o que é conquistado ou merecido, o que declara a graça nula e invalida; e nesse caso, Cristo teria morrido em vão. Ninguém jamais foi salvo guardando a lei. Paulo, assim como todos os crentes, teve de morrer para si mesmo (Rm 7.6).

2. A justificação precisa ser recebida pela fé.

Assim também, somente pela fé, vive um cristão (Cl 2.6-7; Gl. 3.2-9). A união com Cristo pela fé inicia com aqueles que crêem no domínio do Espírito, onde a verdadeira liberdade reina (2ª Co 3.17). É o espírito que ilumina a lei à luz de Cristo, desse modo, transformando a perversão do legalismo em liberdade genuína. Tornando-se membros do corpo de Cristo, aos crentes é concedida a possibilidade de obedecer às ordens do Mestre.

O legalismo exige que seus seguidores obedeçam a um código externo, mas o perfeccionismo é baseado em uma compreensão deturpada do significado prático da justificação.

De forma realística, a justificação pela fé transforma muito mais do que a condição de culpado do crente diante de Deus. Ela o ressuscitou da morte com Cristo para um compromisso contínuo de fé com o Senhor, que orienta suas decisões pelo Espírito Santo. Pela virtude deste relacionamento, Paulo escapara das limitações da lei para estar sob as exigências legais de Cristo (1ª Co 9.21).

Paulo envereda pelo caminho prático do Evangelho: Obras é o resultado da fé. A vida cristã é dinâmica e cheia de obras e frutos (Gl 5.22-23), o verso 16 está em concordância com Rm 1.17, que, aliás, foi o texto que trouxe Lutero para o Evangelho de Jesus. Se não é pelas obras da Lei que somos justificados (2.17), a circuncisão não pode ser um mandamento de Cristo. O apóstolo tem em mente que o período da dispensação da Graça chegou e que não somos merecedores da salvação. Nada que venha da parte do homem pode ser aproveitado para que se torne merecedor da salvação. A parte que cabe ao homem é somente crer no sacrifício de Cristo e arrepender-se de seus pecados (2.16-17). O homem possuidor desse entendimento não pode, em hipótese alguma, retornar à prática que o tornava escravo da Lei e transgressor da mesma (2.18).

A lei para Paulo foi boa para o levá-lo ao entendimento, mas uma vez que o entendimento o alcançou, a lei não tem mais função para ele, ela foi um “AIO” (Gl 3.24). Cristo, como seu SENHOR, tem primazia sobre as suas vontades, a ponto de confundir se é ele Paulo que vive ou Cristo que vive em seu lugar. O autor desta epístola nos convida a confundir pessoas com o nosso viver santo, como sendo a vida do próprio Cristo (2.20). A Lei veio como aio para compreensão da JUSTIÇA e se a Lei ainda vigorar, a morte de Cristo foi é vã (2.21).

Negar a eterna segurança do crente é desafiar o caráter eterno da grandeza da graça divina, e admitir que o próprio Filho de Deus, no qual nós estamos firmes pudesse cair.

Mas quando você toma a decisão de crer no Senhor Jesus Cristo, você entra em um sistema que depende inteiramente de Deus. É por isso que Ef 2.8-9 diz que é pela graça que você é salvo através da fé e não por você mesmo, é presente de Deus, não por obras para que nenhum homem se gabe.

Graça significa que depende inteiramente de Deus. Graça significa que Deus não está se expondo desnecessariamente quando dá a você algo, independente do seu mérito, independente da sua habilidade, independente de suas obras. Portanto graça se torna a questão principal na doutrina da eterna segurança.

Da mesma forma, vamos considerar Rm 11.6: “Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça”.

A justificação pela fé, que ás assusta até aos crentes em Jesus, pela maneira simples de o homem ser salvo pela graça de Deus, pois a tendência humana é complicar o que Deus simplificou, revela uma entrega total e irrestrita a Deus. Não se trata de uma fé intelectual e superficial, mas algo que torna a pessoa em nova criatura por um milagre de Deus – o novo nascimento (2ª Co 5.17), produzindo frutos de arrependimento como decorrência da salvação (Gl 5.22).

Se não tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da justificação dos pecados pela graça.

Então, o tema da mensagem é: pelas obras da lei ou pela pregação da fé. Eu estou mostrando que é pela pregação da fé. “O homem não é justificado pelas obras da lei e sim mediante a fé. Também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado”.

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não” (Gl 2.17).

 

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O EVANGELHO ANÁTEMA


A epístola aos Gálatas foi escrita para salvar o cristianismo do legalismo judaico. Seu assunto continua atual, pois em qualquer época há sempre o risco de alguém, ou um segmento da igreja se inclinar para o legalismo religiosos.


I. O APOSTOLADO DE PAULO


“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” (Gl 1.1).


Paulo começa a sua epístola com as saudações de costume (ver Rm 1.1-7 e a Introdução às Epístolas).


Neste versículos, Paulo se apresenta-se como apóstolo (= enviado), como em todas as sua outras epístolas, deixando claro que foi nomeado como tal por Jesus Cristo e por Deus Pai (cf. At 9.3-6; 26.15-18). Portanto, a mensagem que anuncia não é invenção humana. (Cf. também Gl 1.11-12).


Este é o prefácio da defesa de seu ministério que será defendido nos capítulos 1 e 2. Havia um questionamento sobre o seu ministério ser menor que o do apóstolo Pedro. Os 12 apóstolos tiveram contato direto com Cristo, Paulo não. Porém, o Cristo que se encontrou com Paulo já estava ressurreto. Quando esteve com os discípulos, Jesus era homem e Deus, com Paulo, era somente Deus!


II. A DEFESA DE PAULO


Paulo alega que seu ministério “não tem parte com homens” e “nem por intermédio de homens”. Com isso, ele se defende de uma acusação (1.10). É necessário que Paulo utilize da autoridade do nome de Cristo e de Deus Pai, que são formulações de fé, para combater seus os inimigos do evangelho.


É comum: “apóstolo de Jesus Cristo” ou “apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus” (1ª Co 1.1), ou “como servo de Jesus Cristo” (Fl 1.1). Sua fé está totalmente baseada no sacrifício de Jesus Cristo (1.34), chamando a todos que entender os benefícios desse sacrifício a dar-LHE “Glória pelos séculos dos séculos”.


Paulo começa a defesa de seu ministério, apresentando a defesa de sua fé. Paulo tem certeza que o seu ministério é bem sucedido porque está totalmente fundamentado no sacrifício vicário de Jesus: Ele agrada a Deus por ser servo de Cristo (1.10).



A grande maioria dos líderes labuta para defender seus cargos, seus interesses, suas tradições. Os ministros foram chamados para uma vocação santa e digna, mas para ministrar as Verdades da Santa Palavra de Deus e defender a Noiva de Cristo contra os ataques do diabo e de seus ministros. Todavia, isto não é priorizado se as mensagens são apenas bajulações de comodismo, deixando de lado a pregação genuína do Evangelho.


III. O ESPANTO DE PAULO

“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (1.6-9).


Paulo apresenta o motivo de sua carta: havia um grupo de irmãos que estava perturbando (1.7) o pleno entendimento do Evangelho de Cristo. Esses “falsos irmãos” eram considerados judaizantes porque defendiam que o Evangelho, para ser perfeito deveria praticado juntamente com a Lei de Moisés, ou seja, retornar ao LEGALISMO, e assim pregavam outro evangelho (1.6). Paulo tem uma clara constatação: Os gálatas ainda estavam agindo como bebês na fé, tal qual um neófito, inconstantes na fé que receberam.


Paulo está admirado com a susceptibilidade dos gálatas aos argumentos dos oponentes. Eles também foram chamados para o evangelho de Cristo, mas tão depressa mudaram para “outro evangelho”, isto é, um evangelho adulterado. A Bíblia afirma claramente que há um só Evangelho, “O Evangelho de Cristo”, e esse Evangelho nos veio pela revelação de Jesus, e pela inspiração do Espírito Santo. Mas alguns vos inquietam vos perturbam, e querem mudar o Evangelho. O Evangelho é definido e revelado na Bíblia, a Palavra de Deus. Evangelho quer dizer: “Boas Novas de Salvação”.


Deus “chamou” os gálatas, por meio do Evangelho de Cristo para o novo estado salvício (1.6s; 5.8), para o estado da “graça de Cristo” ou de “Deus” (1.6; 2.21; 5.4). Este estado fundamenta-se unicamente na “cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (6.14). Agora, contudo, existe o perigo de que os gálatas já tivessem caído dessa graça (1.6; 5.4), pelo fato de serem seduzidos pelos judaizantes (1.7; 3.1; 5.10), terem eliminado o escândalo da cruz (5.11), crendo que o evangelho ensinado por Paulo, precisasse de um complemento (5.3; 6.12).


Paulo advertiu os Gálatas que o evangelho que os pregadores estavam ensinando era “outro” (gr. allos) “um outro tipo, diferente”, “o qual não é outro”. O verdadeiro evangelho, que vem de Deus, segundo Cristo, e não casado com a lei.


Este evangelho diferente consistia não somente em crer em Cristo, mas também ligar-se à fé judaica mediante a circuncisão (5.2), as obras da lei (3.5) e a guarda dos dias judaicos (4.10).


Paulo, então, faz duas declarações:


A. Ainda que um anjo venha do céu e diga algo além do que ele pregou, seja anátema (maldito).


B. Se alguém fizer semelhante ao anjo, também seja anátema. Ou seja, ser humano ou celeste não tem supremacia sobre o que Cristo ensinou e Paulo que retransmitiu na íntegra.


A palavra “anátema” (gr. anathema) significa alguém que está sob maldição divina, condenado à destruição e que será alvo da ira divina e da condenação eterna. Aqueles que corrompem o evangelho, Paulo chama-os de “Anátema”, ou “maldito”. O fato de o apóstolo amaldiçoar duas vezes esses hereges mostra a seriedade do assunto. Estavam propagando outro evangelho, privando os cristãos da liberdade com que Jesus nos libertou, transferindo para o homem a honra e a glória que pertence exclusivamente a Deus, oferecendo a salvação por meio de recursos humanos. Eis porque Paulo foi tão contundente com esses hereges.


Malditos (“anátema”) são todos que pregam um evangelho contrário à mensagem que Paulo pregava de acordo com a revelação que Cristo lhe dera (vv. 11-12). Quem acrescenta ou tira algo do evangelho original e fundamental de Cristo e dos apóstolos, ficam sujeitos à maldição divina: “Deus tirará a sua parte do livro da vida” (Ap 22.18-19).


Deturpar o Evangelho é uma forma de iniqüidade, e é abominável, anátema, condenável à perdição eterna.


O apóstolo Paulo, inspirada pelo Espírito Santo, revela a atitude, de julgamento e indignação para com aqueles que procuram perverter o evangelho original de Cristo (v. 7) e mudar a verdade do testemunho apostólico. Igual atitude evidenciava-se Jesus Cristo contra os falsos líderes religiosos que rejeitavam em parte a Palavra de Deus, substituindo a revelação divina por suas próprias idéias e interpretações (Mt 23; Mc 7.6-9).


Os Gálatas eram filhos na fé de Paulo e, além disso, o apóstolo amava de verdade. Paulo estava lidando com algo muito nocivo à igreja. Diante disso ele precisava realmente ser muito duro com eles. Aqui ele deixa claro que não tinha nada pessoal contra eles; o assunto tinha a ver com a verdade do evangelho.


Os fariseus estavam perturbando a outros e distorcendo a verdade enquanto espalhavam heresias doutrinárias. Sua mensagem herética era que os gálatas cristãos deviam permitir que Moisés terminasse o que Cristo havia começado. Em outras palavras, a salvação não vem pela fé apenas ela exige obras. O empreendimento humano deve acompanhar a fé sincera antes que você possa ter certeza da sua salvação. Continuamos a ouvir esse “evangelho diferente” até hoje e ele é uma mentira. A teologia que defende a salvação apoiada no desempenho humano não representa boas novas, e sim, um engano. É heresia. Atingiu o ponto crucial do problema: a situação de distanciamento do Evangelho em que se encontrava a Igreja.


O Evangelho que Paulo apresenta aos Gálatas (1.9), é o tema central apresentado na forma concreta do evangelho ensinado por Cristo Jesus.


Paulo no capítulo 1.11-12, ele volta com o assunto dos versículos 1.8-9: O apóstolo deixa claro que ele não é um anátema. Faz-nos lembrar que seu encontro com Cristo no caminho de Damasco, At 9.2-3, foi o início de um grande período de aprendizado. Ele relembra que, como judeu, foi um praticante improdutivo e perseguidor da igreja (1.13).

Jesus Cristo fez um único e perfeito sacrifício por todos um! E muitos coloca sua fé em obras, tradições e coisas materiais etc. Estão desfazendo o que o Eterno fez no Filho a salvação! A única coisa de que precisamos é: sermos merecedores dessa vitória já conquistada por Cristo! E não em dias, homens que são idolatrados, coisas materiais e etc. Tudo o que está aí vai desaparecer! A única coisa que é eterna é a nossa nefesh (alma) e o nosso rûah (espírito) e isso levamos conosco: A nossa bondade ou ruindade em ações e pensamentos do “coração”! Por isso mesmo não devemos mudar a salvação que já nos foi dada! Devemos sim sermos mais do que merecedores dessa salvação! Pois a fé é misturada a coisas materiais desse mundo é um engano.

O apóstolo Paulo deixa claro que a igreja primitiva já enfrentava os mesmos problemas com falsos obreiros, ou seja, com pregadores do outro evangelho. Há um conflito entre a luz (verdade) e as trevas (mentira) as trevas são representada por pessoas e grupos religiosos que têm nome de que vive, mas, entretanto estão mortas. São pseudo-servos de Cristo, que pregam uma doutrina estranha a aquela que o Senhor Jesus trouxe do céu.

Quando se coloca a tradição acima da Bíblia ou em pé de igualdade com ela a tradição assume uma conotação negativa. Muitas vezes é usada simplesmente para camuflar nossos pecados. O problema dos fariseus e de algumas igrejas é justamente por receber a tradição como Palavra de Deus. Disse alguém: “Tradição é a fé viva dos que agora estão mortos, e tradicionalismo é a fé morta dos que agora estão vivos”.

Para os reformadores, somente a Escritura Sagrada tem a palavra final em matéria de fé e prática: Sola fide – fé somente.

A salvação que começa com amor de Deus estendendo-se à humanidade perdida e é em prática pela morte e ressurreição de Cristo resulta em todo o louvor sendo dado a Deus. Mas, a salvação que inclui ritos e práticas humanas, trabalho árduo, esforço pessoal e até mesmo rito religiosos distorce as boas novas porque o homem recebe a glória e não Deus. O problema é que ela apela para a carne.


Deus ordena os crentes a defender a fé (Jd 3), a corrigir os errados com amor (2ª Tm 2.25-26) e a separarem-se dos falsos mestres, que na igreja negam as verdades bíblicas fundamentais ensinadas por Jesus e os apóstolos (Rm 16.17-18); 2ª Co 6.17). Essas verdades incluem: a salvação pela graça mediante a fé em Cristo como Senhor e Salvador efetuada pela expiação através de sua morte e do Seu sangue (Rm 3.24-25; 5.10).


IV. O EVANGELHO QUE PAULO RECEBEU E PREGOU

“Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (vvs. 10-12).

Falsos mestres foram aos gálatas, procurando persuadi-los a rejeitar os ensinos de Paulo e aceitar “outro evangelho”. Os judaizantes, um grupo de judeu legalista da Igreja Primitiva, (que não respeitaram o concílio de Jerusalém At 15), tentavam casar a mensagem da salvação em Cristo com o contexto da lei mosaica (Dt 4.2). Cristãos imaturos criam nos ensinos distorcidos dos judaizantes. Esses ensinos envolviam outros ensinos além da justificação pela fé. Falsos ensinos continuam sendo muito persuasivos.

Na falta de entendimento do sentido do evangelho, por outro lado, cria-se uma igreja imatura que dificilmente experimentará um crescimento normal não sendo capaz de transmitir o evangelho de forma que faça sentido ao restante do grupo. Um dos grandes desafios que temos perante nós hoje é aprender com o nosso passado e pregar um evangelho que faça sentido na sociedade.

A falta de critério sadio e benéfico no corpo de Cristo tem trazido sérios prejuízos á Igreja, pois estão deixando de lado a Palavra de Deus para seguir suas regras, conceitos pessoais e denominacionais.

Os acusadores do apóstolo diziam que Paulo procurava agradar aos gentios pregando-lhes uma mensagem e, da mesma forma, aos judeus, pregando outro evangelho. O apóstolo declara que seu compromisso era com Deus, e não com os homens (v. 10).

“Aquilo que anunciamos a vocês não se baseia em erros ou em má intenção; e também não tentamos enganar ninguém. Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções” (1ª Ts 2.3-4 - NTLH).

A mensagem de Paulo era fiel, verdadeira e sem engano. A sua doutrina era sã, pura e inalienável, pois seu compromisso era com Deus e não com os homens.

Uma grande falha da igreja nos dias de hoje, é a tendência de algum líder que procura acomodar o evangelho as doutrinas humanas (tradições) como meio de salvação. O apóstolo Paulo sabia que isto acabaria destruindo a mensagem de Cristo. Paulo esforça-se para mostrar aos crentes que o simples evangelho é suficiente para suprir as necessidades deste mundo. É tudo que o ex-fariseu Paulo tem usado em qualquer ocasião no estabelecimento do reino de Deus. Ele prega nada mais do que Jesus Cristo crucificado, morto, mas ao terceiro dia ressurreto.

Uma situação semelhante existe hoje. Há pregadores que aceitam as hipóteses e as especulações tradicionalistas ou filosóficas tais como humanismo, legalismo, liberalismo de doutrina, sem questioná-las, colocam o Evangelho dentro de suas idéias. A mistura deste todo não é Evangelho, mas sim, uma distorção da verdade, feita pelos homens. O Evangelho de Cristo não deve ser de modo algum, acomodado a qualquer sistema humano.

Todo e qualquer movimento religioso que põe a revelação particular e a experiência pessoal acima da revelação divina através da Bíblia Sagrada, cai em graves erros de interpretação da doutrina cristã. É o que está acontecendo com determinadas igrejas cristãs nos dias atuais. Vão além do que está escrito: Paulo estava percebendo que a exigência de guardar a lei na igreja dos gálatas estava além do Evangelho, isto é, adulterando o Evangelho genuíno de Jesus Cristo. Quaisquer ensinamentos, doutrinas ou idéias originados em pessoas, ou revelações, que não estejam expressos e mediante a Palavra de Deus, não podem ser incluídas no Evangelho. Misturá-los com o conteúdo original do Evangelho é transtornar ou adulterar o Evangelho, e esses não herdarão o reino de Deus. (1ª Co 6.9-10).

Por isso que o apóstolo Paulo comenta dizendo:

“Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a Palavra de Deus; antes recomendamos à consciência de todo o homem na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2ª Co 4.2).

“Ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, decaiais da vossa própria firmeza” (2ª Pe 3.16-17).

A segunda carta de Pedro foi escrita para avisar do perigo de divisões na igreja, causado por falsos mestres, que nela viriam introduzir-se no futuro.

“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até a ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmo repentina destruição” (2ª Pe 2.1).

O diabo falhou ao tentar a igreja primitiva por ataque externo através das injúrias, injustiças e abusos das autoridades pagãs do Império Romano. Agora, o apóstolo prediz uma tentativa de destruição interna, quando escreve: “haverá entre vós falsos mestres”.

O grande apóstolo, antes do seu martírio em 68 a.D., numa última tentativa, escreveu à igreja despertando-a ao dever de guardar a sã doutrina. Pedro não desejava pregar uma nova doutrina, mas simplesmente exortá-los a estarem vigilantes e bem armados para que ninguém viesse arrastá-los pelo erro destes insubordinados, levando-os a cair da alcançada graça em Cristo, (2ª Pe 3.17). Para evitar este perigo eles precisam “crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (3.18).

O crente deve ter um bom conhecimento da Palavra de Deus, para não ser vítima de heresias. Por isso, cada crente deverá estudá-la com amor e dedicação, de modo sistemático, com a ajuda do Espírito Santo.

V. O MESTRE BÍBLICO DE PAULO


Saulo era um jovem judeu da cidade de Tarso da Cilícia, criado aos pés de Gamaliel, um dos maiores rabinos da sua época (At 22.3). Com o seu profundo conhecimento nas Escrituras do Antigo Testamento, estava preparado para defender o antigo sistema de fé de seus pais. Depois de Yahveh ter revelado que Jesus o Messias prometido nas Escrituras, no caminho de Damasco, ele passou a pregar a Cristo segundo as profecias do AT. O Senhor mostrou-lhe a relação entre a lei e o evangelho quanto à salvação unicamente através da fé em Jesus Cristo.

Paulo era um ardoroso defensor da fé judaica antes de se tornar um defensor da fé cristã.

“Porque não recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (v.12).

Ninguém pregou para Saulo de Tarso; foi o próprio Jesus quem apareceu a ele (At 9.3-6, 15). É isso que ele quer dizer, quando diz que não recebeu e nem aprendeu de homem algum. Aqui ele faz uma demonstração da declaração feita em Gl 1.1. Ele reivindica com muito vigor e propriedade a origem divina do evangelho completo que pregava e ensinava.

VI. SUA CONDUTA NO JUDAÍSMO

“Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava. E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (vvs. 13-14).

Ele lembra aos seus leitores a sua origem. Era praticante fervoroso do judaísmo, religião dos judeus. Era inimigo implacável de Jesus Cristo; consentiu na morte de Estevão. Perseguiu ferozmente os cristãos não só de Jerusalém, pois estava a caminho de Damasco, no enlaço dos discípulos de Jesus (At 8.1-3; 9.1-2). Assim mostra o seu zelo pelo judaísmo e a sua disposição para exterminar a igreja de Jesus Cristo. No entanto foi alcançado pela graça de Deus. Um homem radical assim, não seria transformado em outro homem com outro conceito de teologia, com outra visão de mundo, se Deus não estivesse nesse negócio. Era impossível ser essa doutrina originada no judaísmo.

Porém o diabo é astuto, como ele havia perdido o seu maior discípulo nessa guerra, passou então usar os falsos mestres para misturar o genuíno evangelho com a Lei de Moisés o qual não é diferente hoje.


VII. PAULO UM VASO ESCOLHIDO

“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça”. (v. 15).

Quando Jesus se revelou a Saulo disse que ele era um vaso escolhido (At 9.15). O apóstolo afirma, muitos anos depois de sua conversão, que já fora escolhido por Deus para esse ministério desde o ventre de sua mãe.

Paulo reconhece a onisciência de Deus ao separá-lo antes de nascer para a obra da salvação (1.15).


VIII. “NÃO CONSULTEI NEM CARNE E NEM SANGUE” (V.16)

É uma referência a seu encontro pessoal com Jesus no caminho de damasco e que não procurou os apóstolos, para ser doutrinado por eles.


“Nem tronei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco. Depois de três anos, fui a Jerusalém para ver Pedro e fiquei com ele 15 dias. E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor” (Gl1.17-19).

Ele foi para a Arábia por um longo tempo e daí voltou a Damasco. Paulo não estava com isso menosprezando a autoridade dos demais apóstolos; o que ele estava dizendo é que tinha a mesma autoridade deles. Ele não esteve três anos e meio com o Senhor Jesus no Seu ministério terreno, como os apóstolos em Jerusalém, mas recebeu diretamente do Senhor o seu evangelho. Ele diz: “nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos”.

Deus usou esse homem mais que qualquer um dos apóstolos (1ª Co 15.10). Sua sabedoria sua espiritualidade, seu talento, sua criatividade, seu ímpeto, seu zelo e disposição no trabalho. Somando a isso sua bagagem cultural, o extraordinário conhecimento do Antigo Testamento, com a graça de Deus e a inspiração do Espírito Santo, são a causa da sua teologia.


IX. COMO PAULO SOUBE DE TUDO ISSO? É ISSO QUE ELE EXPLICA EM GÁLATAS 1.11-24

Paulo sabia que os gentios eram o foco de seu ministério. Por isso ele não subiu a Jerusalém (local dos judeus). Lá já havia Pedro e outros para pregar a eles. Está intrínseco que a obra de Deus não era mais restrita aos judeus que por terem a primazia, se tornaram arrogantes e totalmente irresponsáveis com a eleição que lhes foi concedida desde Abraão.

“Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; e não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor. Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. Depois, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo” (Gl 1.18.-22).

Por ter Paulo consciência do seu ministério gentílico, só pisou em território judeu após 3 anos de ministério e lá encontrou Tiago, irmão de Jesus. O relato dos versos 18 e 19 têm Deus como testemunha. Era importante para Paulo dizer isso porque ele estava sendo um apóstolo focado e obediente. Na verdade, as igrejas da Judéia não o conheciam (1.22), mas sabiam da fama daquele homem que solicitou cartas para perseguir a igreja (At 9.1-2) e consentiu na morte de Estevão (At 8.1).

X. PAULO UMA TESTEMUNHA VIVA DO PODER DE DEUS

“Ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir. E glorificavam a Deus a meu respeito” (Gl 1.23-24).

Paulo era uma testemunha viva do poder de Deus. Sua vida pregressa foi transformada pelo poder Daquele que agora ele apregoava, sendo assim, os gálatas não poderiam duvidar do poder da Palavra que eles estavam abandonando, porque o próprio apóstolo era um testemunho vivo desse poder e assim, os que conheceram a sua história “Glorificavam a Deus” a seu respeito (1.24).

Pr. Elias Ribas
Igreja Assembleia de Deus